Zona Franca da Madeira continua a aceitar novas empresas por mais um ano, mas com mudanças

O PSD e o PS chegaram a acordo para que a Zona Franca da Madeira continue a aceitar empresas durante mais um ano, mas há mudanças no regime para ir ao encontro das preocupações da Comissão Europeia.

Com o Bloco, o PCP e o PAN contra a existência da Zona Franca da Madeira, o PS não teve alternativa a entender-se com o PSD, prorrogando o regime atual por mais um ano, mas com mudanças que pretendem responder às preocupações da Comissão Europeia. Esta quarta-feira foi aprovada uma versão final da legislação pelos socialistas e os sociais-democratas na comissão de orçamento e finanças que clarifica conceitos e regras.

A polémica estalou no início de dezembro, após anos de análise, com a Comissão Europeia a determinar que as empresas que receberam benefícios fiscais ilegais ao abrigo do regime da Zona Franca da Madeira teriam de os devolver. A investigação de Bruxelas concluiu que “as reduções fiscais foram aplicadas a empresas que não representaram qualquer valor acrescentado para o desenvolvimento da região“, em “desrespeito das condições das decisões e das regras de ajudas estatais europeias”.

Em reação, o Governo prometeu que na prorrogação do regime atual da Zona Franca da Madeira, previsto no Estatuto dos Benefícios Fiscais, já ia dar respostas às lacunas identificadas pela Comissão Europeia. A proposta de lei entregue pelo Executivo foi duramente criticada pelo Governo Regional da Madeira e pelo PSD no Parlamento, tendo os social-democratas apresentado uma proposta alternativa. Após o diálogo entre os dois partidos, foi alcançada uma versão final que foi aprovada esta quarta-feira.

Desde logo, o PSD recuou na intenção de prorrogar o regime atual por três anos, ficando definido que o prolongamento é por um ano tal como estabelecia a proposta do Governo/PS. Ou seja, a possibilidade de serem concedidas novas licenças na Zona Franca para mais empresas vai manter-se até ao final de 2021 e não até ao final de 2023. Entretanto, o Executivo já anunciou que pretende fazer uma análise de custo-benefício do regime para tomar decisões no futuro.

Quanto à tributação de IRC a 5%, há uma nuance que é acrescentada para que sejam considerados apenas os lucros “gerados” na região (versão do PSD) e não os lucros “obtidos” (versão do Governo). A diferença de linguagem é cirúrgica, mas a interpretação é que a versão do Governo limitaria o benefício a empresas regionais enquanto a do PSD, que vingou na versão final, permite captar empresas internacionais, sendo esse o propósito do Centro Internacional de Negócios (o nome oficial da Zona Franca), cujo regime de ajuda estatal é autorizado pela UE por ser uma região ultraperiférica.

Fica também estabelecido que “consideram-se gerados, suportados ou realizados na Região Autónoma da Madeira os rendimentos e ganhos, bem como os gastos e perdas, imputáveis à atividade realizada pela entidade licenciada através de uma estrutural empresarial adequada localizada na Região Autónoma da Madeira”. Ao que o ECO conseguiu apurar, um dos requisitos para a estrutural empresarial seja “adequada” é que a administração da empresa esteja sediada na região.

Em relação à contabilização dos postos de trabalho, há uma série de regras que mudam. Não passa a ser obrigatório que todos os trabalhadores dessas empresas tenham morada fiscal na Madeira, como pretendia o Governo, abrindo a porta a não residentes desde que a sua atividade seja exercida no arquipélago. Além disso, abre-se uma exceção para os tripulantes de navios ou embarcações de recreio registados no Registo Internacional de Navios da Madeira.

Acresce que os trabalhadores a part-time não serão contabilizados na mesma dimensão dos trabalhadores a tempo inteiro, sendo a contabilização feita proporcionalmente. Com esta nova legislação, passa a excluir-se desta contabilização os trabalhadores que pertençam a várias empresas (havia vários casos de empresas com a mesma morada e o mesmo trabalhador único) e os trabalhadores cedidos por empresas de trabalho temporário.

Ao ECO, Sara Madruga da Costa, deputada do PSD eleita pelo círculo eleitoral da Madeira, garante que o partido tentou “adequar” a proposta “aos contributos dados ao longo das audições”, sendo que os deputados ouviram várias entidades da região autónoma sobre a importância da Zona Franca. “O que aconteceu hoje é positivo para todos”, argumenta Sara Madruga da Costa, assinalando que “passa a existir regras mais objetivas e claras para a atribuição do regime fiscal”.

As novas regras aplicam-se não só às empresas que entrarem em 2021 pela primeira vez na Zona Franca, mas também para as empresas que já se encontram neste regime e que querem continuar a beneficiar do mesmo. Além disso, irão aplicar-se de forma retroativa a 1 de janeiro. O ECO não conseguiu apurar se a Zona Franca continua ou não a permitir o registo de novas empresas desde o início deste ano, ainda que a prorrogação não tenha entrado em vigor até ao momento.

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Brisa adia eleição de novos órgãos sociais para 23 de abril

  • Lusa
  • 24 Março 2021

A eleição dos novos órgãos sociais da Brisa Concessão Rodoviária para o período 2021-2023, e respetivas remunerações, só serão decididas em 23 de abril.

A assembleia-geral (AG) da Brisa Concessão Rodoviária foi esta quarta-feira suspensa e irá ser retomada em 23 de abril para votar a eleição dos novos órgãos sociais para o período 2021-2023, segundo um comunicado enviado ao mercado.

Na nota publicada pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a concessionária indicou que todos os outros pontos foram aprovados.

“Em relação ao último ponto da ordem de trabalhos “proceder à eleição dos novos órgãos sociais para o exercício 2021-2023 e fixação das respetivas remunerações, nos termos da alínea (i) do nº 2 do artigo 16.º dos estatutos” a reunião foi suspensa, para retomar os seus trabalhos no dia 23 de abril de 2021 e deliberar sobre esta matéria”, lê-se no comunicado.

Os acionistas votaram favoravelmente “relatório integrado do exercício de 2020” bem como sobre “a proposta de aplicação de resultados”.

Além disso, os titulares de posições na Brisa levaram a cabo “a apreciação geral da Administração e Fiscalização da Sociedade” no ano passado e a “declaração do Conselho do Administração sobre a política de remunerações dos órgãos de administração e fiscalização”.

Por fim, os acionistas deliberaram favoravelmente uma alteração de estatutos.

No dia 03 de novembro do ano passado, António Pires de Lima foi oficialmente designado para o cargo de presidente da Brisa Concessão Rodoviária, depois de uma reunião do Conselho de Administração da concessionária, segundo um comunicado à CMVM.

Na mesma nota, o grupo informa que, “em reunião do Conselho de Administração da Sociedade, devidamente convocada e realizada no dia 02 de novembro de 2020 foi por unanimidade deliberado, para o preenchimento das vagas resultantes das renúncias apresentadas pelos senhores Vasco Maria Guimarães José de Mello, João Pedro Stilwell Rocha e Melo, João Pedro Ribeiro de Azevedo Coutinho e Michael Gregory Allen, cooptar os senhores António de Magalhães Pires de Lima, Eduardo António da Costa Ramos, Marta Brugnini de Sousa Uva Martinha e Luís Eduardo Brito Freixial de Goes, para completarem o mandato atualmente em curso, que é o de 2018-2020”.

Nesse mesmo encontro, “António de Magalhães Pires de Lima, foi ainda designado presidente do Conselho de Administração”, sendo assim estas cooptações “objeto de ratificação”.

Vasco de Mello e vários vogais renunciaram no dia 13 de outubro aos cargos na empresa, no mesmo dia em que o consórcio liderado pela APG concluiu a aquisição de 81,1% do capital da Brisa Concessão Rodoviária.

O consórcio liderado pela APG prevê investir 1,2 mil milhões de euros na empresa portuguesa, em 15 anos, segundo um comunicado divulgado no mesmo dia.

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Pedro Miguel Cabral é o novo sócio da SPS Advogados

O novo sócio da SPS Advogados, Pedro Miguel Cabral, centra a sua prática nas áreas de Contencioso, Bancário & Financeiro, Valores Mobiliários, Societário e Comercial.

A SPS Advogados nomeou Pedro Miguel Cabral a sócio de indústria. O advogado integrou a firma, enquanto estagiário, em 2009, tendo passado a associado em 2010 e em 2019 promovido a associado coordenador.

Ao longo de 12 anos, Pedro Miguel Cabral tem centrado a sua atividade nas áreas de Contencioso, Bancário & Financeiro, Valores Mobiliários, Societário e Comercial.

“A SPS Advogados aposta, desde sempre, no capital humano valorizando o caminho de aprendizagem e know-how desenvolvido, assim como o espírito de equipa e dedicação, razão pela qual a grande maioria dos seus sócios iniciaram a sua carreira na SPS como advogados estagiários”, refere a sociedade.

Segundo a SPS, a nomeação de Pedro Miguel Cabral a sócio sublinha o “crescimento orgânico” e a “meritocracia” que sustentam os valores da firma, premiando também a sua resiliência em alturas menos favoráveis, como a do momento presente.

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Grupo Olivier está à procura de mais de 100 novos talentos. Quer recrutar 20 para Portugal

Os principais requisitos são experiência prévia, conhecimento de inglês, responsabilidade, trabalho de equipa e disponibilidade para trabalhar por turnos e folgas rotativas.

A preparar a reabertura dos vários restaurantes liderados por Olivier da Costa, o grupo Olivier está à procura de mais de 100 novos talentos para reforçar a equipa em diversas áreas e localizações. Para já, 20 pessoas serão recrutadas para Portugal, mas este número pode vir a aumentar consoante o avançar da pandemia.

“Prevemos contratar mais de 100 pessoas a nível nacional e internacional, mas ainda estamos dependentes da evolução da pandemia. Em Portugal iremos contratar, no imediato, cerca de 20 pessoas, mas este número irá aumentar significativamente a médio prazo, tendo em conta a retoma gradual da operação”, avança Joel Pires, commercial and marketing director do Grupo Olivier Restaurantes, à Pessoas.

O grupo está a contratar cozinheiros, empregados de mesa e barmen, “com foco na prestação do melhor serviço ao cliente”, lê-se em comunicado. Além disso, e já a pensar numa das grandes inaugurações deste ano, estão também abertas as candidaturas para sushiman. Os interessados devem enviar a sua candidatura para este correio eletrónico: [email protected].

Os principais requisitos para as vagas são experiência anterior nas funções, conhecimento da língua inglesa, sentido de responsabilidade, capacidade de trabalho de equipa, excelente capacidade de comunicação, dinamismo, resistência ao stress, bem como disponibilidade para trabalhar por turnos e folgas rotativas. Joel Pires salienta, ainda, que o grupo está à procura de pessoas que partilhem da missão do grupo: “oferecer momentos gastronómicos únicos”.

Apesar da situação de pandemia no país e no mundo, o grupo Olivier mantém a sua capacidade de investir em Portugal e por todo o mundo. Em 2017, iniciou a expansão internacional, com a abertura do primeiro restaurante da marca SEEN, em São Paulo (Brasil), e, atualmente, possui também espaços em Bangkok e Ko Samiu, sob a mesma insígnia.

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Mortalidade na Suécia subiu menos que na UE. Arquiteto da estratégia sueca critica confinamento

Dados preliminares do Eurostat mostram que, em 2020, a mortalidade excessiva provocada pelo novo coronavírus na Suécia foi de 7,7%. Em Espanha e na Bélgica, foi de 18,1% e de 16,2%, respetivamente.

A Suécia fica conhecida, a nível europeu, pela forma diferente como enfrentou a pandemia de Covod-19. Ao contrário do que aconteceu em muitos Estados, o país evitou confinamentos rigorosos da população. Ainda assim, a Suécia apresenta-se com um dos países da Europa que registaram menores aumentos na sua taxa de mortalidade em 2020, avança a Reuters.

Dados preliminares do Eurostat e que foram analisados pela agência noticiosa mostram que, no ano passado, o país nórdico registou um aumento nos óbitos globais na ordem dos 7,7%, comparando com a média dos quatro anos anteriores. Em países como Espanha e Bélgica, que optaram por restringir severamente as atividades de empresas e mobilidade dos cidadãos, a mortalidade excessiva provocada pelo novo coronavírus alcançou os 18,1% e os 16,2%, respetivamente.

Fazendo as contas, 21 dos 30 países englobados nesta análise acabaram mesmo por sofrer um aumento mais expressivo neste indicador do que a Suécia. Deste modo, Anders Tegnell, epidemiologista responsável pela estratégia de contenção da pandemia nesse Estado, acredita que estes dados são capazes de levantar algumas dúvidas acerca do recurso a confinamentos rigorosos para combater a pandemia.

“Penso que as pessoas irão provavelmente pensar com muito cuidado acerca destes confinamentos generalizados, sobre como eles eram realmente bons”, adianta à Reuters. Referindo que esta estratégia pode “ter tido um efeito a curto prazo”, sustenta que este se torna “mais duvidoso” quando analisando todo o período da pandemia.

Com população idêntica, a Suécia teve menos óbitos que Portugal por Covid-19, de acordo com os dados mais recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS). Desde o início da pandemia, a Suécia registou, até ao dia 21 de março, um total de 13.262. Em Portugal, onde existiram já dois pesados confinamentos globais do país, as mortes totais identificadas eram, na mesma data, 16.762.

Porém, olhando para o caso dos vizinhos nórdicos, a situação identificada na Suécia é menos positiva. A Noruega não registou, no ano passado, qualquer aumento na sua taxa de mortalidade. Na Dinamarca e na Finlândia, o excesso de mortalidade foi, respetivamente, de 1,5% e 1,0% – bastante abaixo dos 7,7% na Suécia.

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Quedas de mais de 2% do grupo EDP e REN arrastam Lisboa para o vermelho

As quedas de mais de 2% das cotadas ligadas ao setor energético, com a família EDP à cabeça, pressionaram o PSI-20.  Nem os ganhos do BCP e da Galp Energia permitiram escapar às perdas.

A bolsa de Lisboa terminou a sessão em terreno negativo, contrariando os ganhos ligeiros da maioria das praças europeias. Na praça nacional, as quedas de mais de 2% das cotadas ligadas ao setor energético, com a família EDP à cabeça, pressionaram o PSI-20. Nem os ganhos do BCP e da Galp Energia permitiram a Lisboa escapar às perdas.

Na Europa, o Stoxx 600 avançou 0,1%, enquanto o britânico FTSE 100 subiu 0,2% e o espanhol Ibex-35 ganhou 0,6%. Em contrapartida, o alemão DAX desvalorizou 0,4% e o francês CAC-40 manteve-se inalterado, numa altura em que se adensam as preocupações relativamente ao avançar da pandemia pelo Velho Continente e apesar dos dados da atividade da Zona Euro terem revelado um crescimento em março pela primeira vez em seis meses.

Lisboa contrariou os ganhos ligeiros da Europa, com o PSI-20 a fechar abaixo da “linha de água” ao recuar 0,68% para os 4.844,82 pontos, numa sessão em que 10 das 18 cotadas fecharam em terreno negativo, sete no “verde” e uma inalterada. A pressionar o índice de referência nacional estiveram as cotadas ligadas ao setor energético, com o grupo EDP à cabeça. A EDP Renováveis recuou 2,25% para os 17,36 euros por ação, enquanto a “casa-mãe” cedeu 2,43% para os 4,9020 euros. Ao mesmo tempo, a REN caiu 2,88% para os 2,36 euros.

Entre os “pesos-pesados”, a Nos recuou 0,96% para os 3,0960 euros, enquanto a Jerónimo Martins recuou 0,85% para os 13,395 euros.

Em contraciclo, no setor energético, a Galp Energia destacou-se pela positiva, ao valorizar 1,73% para os 10,0650 euros. A petrolífera portuguesa beneficia, assim, da subida das cotações de petróleo nos mercados internacionais. O Brent, de referência europeia, avança 5,74% para os 64,28 dólares, ao passo que o WTI está a ganhar 5,78% para os 61,11 dólares, em Nova Iorque.

Nota positiva ainda para os ganhos do BPC e dos CTT. O banco liderado por Miguel Maya ganhou 1,55% para os 11,79 cêntimos, ao passo que a empresa de correios valorizou 1,26% para os 3,22 euros.

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Despesa do SNS cresce a “ritmo recorde”, dizem as Finanças. Salta 10,5% no arranque deste ano

A despesa do Serviço Nacional da Saúde cresceu a um "ritmo recorde" em janeiro e fevereiro de 2021, aumentando 10,5% face ao mesmo período do ano passado.

A despesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS) cresceu 10,5% em janeiro e fevereiro deste ano, em comparação com o mesmo período de 2020, no qual ainda não havia o impacto da pandemia. O Ministério das Finanças diz que este crescimento está a acontecer a um “ritmo recorde”, assinalando que nunca houve tantos profissionais de saúde no SNS.

Em antecipação da divulgação da execução esta quinta-feira pela Direção-Geral do Orçamento (DGO), fonte oficial do Ministério das Finanças revela ao ECO que a “despesa do SNS está a crescer a um ritmo recorde, em consequência da pandemia Covid-19″. Em janeiro e fevereiro, um período marcado por uma pressão enorme no SNS por causa dos números da pandemia, a despesa do SNS cresceu 10,5%, tendo atingido os 1.876 milhões de euros.

Com base nos dados da DGO, não é possível, contudo, saber se este crescimento está acima ou abaixo do previsto no Orçamento do Estado para 2021 (OE 2021).

Dentro da despesa do SNS, o destaque, segundo as Finanças, vai para o “crescimento muito elevado das despesas com pessoal” na ordem dos 10%, mais 77,7 milhões de euros face ao mesmo período do ano passado. A subida dos gastos com salários reflete o aumento do número de profissionais de saúde, “que atingiu o valor mais alto de sempre, incluindo no número de médicos”.

Os números facultados pelo Ministério das Finanças indicam que houve um reforço de 10.786 trabalhadores (+8%) no SNS no período de um ano, dos quais 3.504 são enfermeiros (+7,7%) e 3.934 são assistentes operacionais (+14,6%). A única categoria a registar uma queda é a dos técnicos superiores de saúde com menos 716 trabalhadores (-41,6%).

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PS manifesta o seu “apoio” à renovação do estado de emergência. Leia as reações dos partidos

Esta quarta-feira, o Presidente da República vai receber mais quatro dos partidos com assento parlamentar, a propósito da renovação do estado de emergência. O regime vigora até 31 de março.

Marcelo Rebelo de Sousa vai propor que o estado de emergência se prolongue por mais 15 dias e, a este propósito, tem-se vindo a reunir, entre terça e quarta-feira, com os partidos com assento parlamentar. Esta quarta-feira será a vez do PCP, Bloco de Esquerda, PSD e PS serem ouvidos pelo Presidente da República sobre o assunto.

Na terça-feira, o chefe de Estado reuniu-se com o Iniciativa Liberal, o Chega, o PEV (Partido Ecologista “Os Verdes”), o PAN e o CDS-PP. O Chega mostra-se contra um eventual prolongamento deste regime de exceção, enquanto o Iniciativa considera “excessivo” que Marcelo diga que será necessário prolongar o estado de emergência até “meados de maio”. Por sua vez, o PEV diz que este já não é o momento para se “discutir mais estados de emergência”.

Contrariamente, CDS e PAN disseram já que vão votar favoravelmente à proposta do Presidente da República. Francisco Rodrigues dos Santos diz que, neste momento, a “prioridade” deverá ser “salvar vidas”, defendendo a “máxima prudência na reabertura”. Já André Silva, do PAN, destaca que o plano que está agora a ser aplicado ao país ainda “carece de medidas” que são “legitimadas pela cobertura legal e constitucional” oferecida por este regime excecional.

PS manifesta o seu “apoio” à renovação do estado de emergência

Em declarações proferidas através da sua conta no Facebook, após o encontro com o chefe de Estado, o PS indicou ter manifestado “o seu apoio à renovação do estado de emergência” por mais 15 dias. Na base desta posição está a perspetiva de que o “desconfinamento tem de continuar a ser feito” com “gradualismo” e “ponderação”, para não colocar em causa o “esforço” que tem sido feito pelos portugueses.

Esforço esse que tem tido, tal como avança o secretário-geral adjunto do PS resultados positivos – como a “redução do número de casos”, do “recurso aos cuidados intensivos” e aos “cuidados hospitalares. Relativamente a uma eventual extensão do regime de exceção até maio, José Luís Carneiro adiantou que o Presidente fez conhecer que “uma nova decisão” relativamente a mais um prolongamento apenas ocorrerá após se realizar outra “reunião do Infarmed”.

No que toca às medidas económicas e sociais, aprovadas em sede de Parlamento na semana passada, José Luís Carneiro revelou que estas já “foram promulgadas pelo Presidente da República”, garantindo que “continuarão a existir” apoios “robustos” neste âmbito.

PSD aprovará estado de emergência “sempre que necessário”

Após o encontro com Marcelo Rebelo de Sousa, por videoconferência, Rui Rio diz que o PSD pretende dar “sempre que necessário” a “base legal” requerida para se imponham restrições à população, de forma a conter a propagação da pandemia – ou seja, o estado de emergência.

De forma a controlar a situação sanitária em Portugal, o líder do PSD apela a que o Governo “controle as fronteiras”, relatando que o “perigo” passa por uma eventual “importação das novas estirpes”, nomeadamente das do “Brasil” e da “África do Sul”. Prosseguir com a vacinação “o mais rapidamente possível” e uma aposta na “testagem massiva” dos cidadãos deverá ser, também, outra das prioridades do Executivo.

Relembrando, assim, que os indicadores, nomeadamente a incidência do vírus e o índice de transmissibilidade, abrem portas a que se desconfine “mais um pouco”, apela aos portugueses para que cumpram “as regras” ainda em vigor. Isto porque, “se não cumprirem”, a situação será “pior”.

“Se os números permitem desconfinamento, o estado de emergência deixa de ser necessário”, diz BE

Catarina Martins, relativamente a um eventual prolongamento do estado de emergência, sustentou que “se os números permitem o desconfinamento, o estado de emergência deixa de ser necessário”, esperando que esta seja “a última” renovação, “pelo menos nesta fase”. Defendendo que este regime excecional não deve ser encarado como o “estado normal do país”, a líder bloquista sustentou que um “prolongamento” desnecessário pode ter um “efeito perverso”, nomeadamente sobre a “economia”.

Abordando a temática das moratórias da Associação Portuguesa de Bancos, que chegarão ao fim no final deste mês de março, a deputada alertou para o facto de “uma em cada cinco” famílias ter uma moratória que irá terminar “este mês”. Alertando para uma “bomba-relógio de crédito malparado” nas famílias e empresas, o Bloco de Esquerda defende que se faça uma “passagem” das moratórias que agora findam “para as moratórias públicas”, de forma a garantir que estas são estendidas “até setembro”, pelo menos.

PCP identifica a testagem e os rastreios como “prioridades”

Após ter estado reunido com o Presidente da República, Jerónimo de Sousa referiu que as “prioridades” do Governo devem passar, neste momento, por uma priorização da “testagem” e dos “rastreios” à Covid-19. Para tal, destaca a necessidade de haver um “reforço das estruturas e das equipas de saúde pública” que ofereçam “condições” para que isso aconteça.

Além do mais, o secretário-geral do PCP reivindicou, em declarações transmitidas pela RTP3, a necessidade “de medidas económicas e sociais” neste momento difícil vivido pelo país. Jerónimo de Sousa acrescenta ainda que a “não concretização das verbas disponíveis para o apoio social” é uma medida que está à “responsabilidade” do Governo.

(Notícia atualizada às 19h21 com mais informação)

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Os consumidores mudaram. A sua seguradora adaptou-se?

  • ECOseguros + EY
  • 24 Março 2021

Sérgio Ferreira, Executive Director EY, Business Design & Transformation Services, partilha insights revelantes para as seguradoras no âmbito de um estudo sobre o impacto da pandemia nos consumidores.

No final do ano passado de 2020 conduzimos mais um inquérito a nível global, envolvendo mais de 2700 consumidores e de 1200 pequenos empresários, para compreender como a pandemia da COVID-19 impactou as nossas vidas.

O mesmo revelou um conjunto de insights que julgo relevantes partilhar hoje convosco neste artigo, uma vez que representam claras oportunidades, baseadas nas prioridades em mudança destes consumidores e clientes:

  1. Os consumidores estão a tentar restaurar o seu bem-estar financeiro e a sua segurança, com mais de metade dos inquiridos a dizerem que planeiam poupar mais em resultado da COVID-19;
  2. Aqueles que mais sofreram financeiramente com a pandemia dizem pretender minimizar o risco financeiro e a incerteza futura;
  3. Os consumidores mais afetados estão muito preocupados com as causas da justiça social e dizem valorizar nas suas decisões de compra os esforços de responsabilidade social das empresas de seguros.

Estes insights revelam um momento único de oportunidade para que as seguradoras se tornem relevantes para a vida dos seus clientes e consumidores, desenvolvendo produtos que se alinham com as suas necessidades e criem valor tangível nos seus momentos e experiências de vida.

No que respeita aos seguros de vida e de reforma, os consumidores inquiridos demonstraram que as suas maiores preocupações estão centradas nos impactos que a pandemia teve na saúde e nas suas finanças, onde o medo de perder um ente querido é, de longe, a maior preocupação, seguida do bem-estar financeiro. Neste sentido, o estudo diz-nos que os consumidores estão mais interessados em produtos que cubram a perda de rendimentos, contas de cartões de crédito e outros compromissos financeiros que têm nas suas vidas.

Dada a sua acrescida ansiedade financeira e a sua concentração no bem-estar financeiro, os consumidores procuram alternativas de seguros rentáveis, como apólices com prémios mais baixos.

A pandemia levou a que os consumidores passem mais tempo casa, criando novos riscos onde as preocupações com a fraude cibernética, como resultado do aumento do tempo online, passou a ser uma preocupação central, logo seguida do pagamento do seguro do carro, o qual está a ser menos utilizado. Os consumidores demonstram ainda maior interesse em seguros baseados na utilização e em produtos de proteção domiciliária.

Uma vez que, mesmo com o desconfinamento, se espera que o trabalho híbrido passe a ser o “novo normal” para muitos trabalhadores, as seguradoras devem desenvolver produtos adequados a esta nova realidade, como a proteção domiciliária e políticas baseadas na utilização.

"Existe uma oportunidade clara de criação de valor mútuo para as seguradoras que se ligarem de forma proativa com estes clientes, comunicando o valor do seguro e oferecendo soluções de proteção num momento de necessidade, ajudando este segmento a recuperar ao mesmo tempo que criam com eles a base para relações de longo prazo.”

Sérgio Ferreira

Executive Director EY, Business Design & Transformation Services

O inquérito mostra-nos também de forma clara uma oportunidade para envolver, educar e oferecer soluções de proteção para os mais necessitados. Aqueles que sofreram o maior impacto financeiro estão inclinados a planear baseados na incerteza financeira futura e estão mais propensos a desenvolver um plano de emergência, a falar com um consultor financeiro, a aumentar as contribuições para as contas de pensões e de reforma e a adquirir novas formas de seguro.

Apesar do maior foco deste grupo no planeamento financeiro, desde o início da pandemia, a maioria (60%) desta demografia disse que não foram contactados pela sua seguradora. A maioria (63%) disse-nos também que não compreende completamente a extensão da sua cobertura de seguro de vida.

Existe uma oportunidade clara de criação de valor mútuo para as seguradoras que se ligarem de forma proativa com estes clientes, comunicando o valor do seguro e oferecendo soluções de proteção num momento de necessidade, ajudando este segmento a recuperar ao mesmo tempo que criam com eles a base para relações de longo prazo.

"A pandemia fala-nos assim do próprio propósito dos seguros: proteger pessoas, famílias, empresas e comunidades contra desastres e imprevistos.”

Sérgio Ferreira

Executive Director EY, Business Design & Transformation Services

O ambiente apresenta assim oportunidades únicas para as seguradoras se envolverem com os clientes e os apoiarem em tempo de necessidade, demonstrando compreender e entender os seus momentos de vida e fazerem-no com um propósito de preocupação corporativa e social. O desafio para as seguradoras é fornecer produtos e soluções verdadeiramente centrados no cliente, adaptados à evolução das suas necessidades e orçamentos. Os produtos devem também ser entregues através de canais que reflitam a mudança para o digital.

A pandemia fala-nos assim do próprio propósito dos seguros: proteger pessoas, famílias, empresas e comunidades contra desastres e imprevistos. As seguradoras devem ser arrojadas e dinâmicas na vivência do seu propósito e demonstrar valor tangível a partir dos seus produtos e soluções. Acreditamos que as seguradoras que estão a mudar as suas estratégias durante e após esta crise, alinhadas com as mudanças de comportamento e necessidades dos consumidores, surgirão como as vencedoras.

Se tiver interesse, subscreva aqui as comunicações da EY Portugal (convites, newsletters, estudos, etc).

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Novo Banco nasceu nos “cuidados intensivos” e sem meios para ser cuidado, diz ex-administrador

Após a resolução do BES, em 2014, o ex-administrador José Honório disse que recebeu "um paciente em cuidados intensivos, mas sem os mecanismos para reabilitar". Falava do Novo Banco.

O então governador do Banco de Portugal Carlos Costa convenceu José Honório a integrar o conselho de administração do BES, em julho de 2014, depois de lhe ter assegurado que o banco, já em dificuldades, poderia recorrer a linha de capitalização pública da troika se tivesse algum percalço. Honório aceitou o convite, mas acabou surpreendido com a medida de resolução aplicada a 3 de agosto e que criou o Novo Banco numa situação muito delicada. “Deram-nos um paciente em cuidados em intensivos mas sem os mecanismos para reabilitar”, disse esta quarta-feira o ex-administrador do banco na comissão de inquérito, com críticas duras à forma como se aplicou a resolução.

Depois das audições de João Moreira Rato e Vítor Bento, os deputados inquiriram agora outro antigo membro da equipa do BES que transitou para o Novo Banco: José Honório. O responsável começou por contar que aceitou a “missão patriótica” de ir para o BES depois de o governador o ter tranquilizado em relação a eventuais problemas no banco naquela altura pois poderia sempre recorrer à linha disponibilizada pela troika de 12 mil milhões para recapitalizar a banca. Carlos Costa vai ser ouvido pelo Parlamento depois da Páscoa.

Este tema já tinha sido abordado nas outras audições, tendo sido explicado que o Governo não terá autorizado o acesso à linha. “Na conversa que tivemos com o governo [no Ministério das Finanças no final de julho de 2014] ficou claro para nós que não ia tomar nenhuma decisão“, confirmou José Honório. Seguiu-se a resolução do BES com a criação do Novo Banco, acontecimento que apanhou de surpresa toda a equipa de Vítor Bento, incluindo José Honório. E aqui entram as críticas à forma como o processo foi conduzido, em particular à criação do Novo Banco.

“Pergunto aos senhores deputados se queriam ter uma conta num banco de transição? O banco tinha um prazo de vida de dois anos. (…) Qual é a empresa credível que quer ter conta num banco com dois anos de vida?”, questionou José Honório.

Era um nado morto ou um morto vivo, em que estávamos a empurrar a maca sem os meios e sangue…“, disse. “Por alguma razão deixou de se fazer resoluções como a do BES”, apontou.

José Honório também confirmou aquilo que os seus ex-colegas da administração disseram: que a capitalização inicial de 4,9 mil milhões de euros era insuficiente para os riscos do banco (como as operações de crédito duvidoso que apresentavam sinais “contabilidade criativa”) e que a reestruturação da instituição nunca poderia ser feita em dois anos.

Tínhamos a certeza, com sete anos de avanço, que a história do Novo Banco ia acabar mal“, notou José Honório. “Se não tínhamos cinco anos, se não tínhamos capital, a história ia correr mal. Era como vender apartamento que não tem as janelas, o chão está empolado e as paredes têm humidade. Eu não tenho dinheiro para recuperar o apartamento, mas tenho de o vender”. Honório disse que a história do que aconteceu a seguir lhe veio dar razão, “com muito pesar”.

Em relação à garantia angolana de 5,7 mil milhões ao balanço do BES Angola, que foi revogada no dia a seguir à resolução do BES o ex-administrador do Novo Banco estranhou que o Governo português não tivesse envolvido. “Dada a intervenção pessoal do Presidente angolano, dado o montante, acho que o tema era de importância política”, sublinhou. “Não nos iludamos: estes três ou quatro mil milhões de euros… quem acaba por ser penalizado é o povo português, não é mais ninguém. Porque o dinheiro sai de algum lado, não é? Nós não somos um país rico para poder passar uma fatura destas e não olhar para trás“, disse, reclamando uma maior intervenção de Lisboa junto de Luanda.

José Honório também considerou que se fez um mau negócio ao vender o Novo Banco ao fundo Lone Star em 2017 nas condições em que foi feito. Em causa está o mecanismo de capital contingente que obrigou o Fundo de Resolução, que ficou com 25% do banco e sem estar no conselho de administração, a injetar 3.000 milhões de euros. “Se alguém me propusesse ficar com 25% de uma empresa nestas condições, pensaria que estaria a passar-me um atestado de menoridade“, disse.

(Notícia atualizada às 19h52)

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APA apurou que o valor das barragens da EDP aumentou até 33 vezes desde 2007

Para a diretora de Recursos Hídricos da APA, que assinou o parecer, trata-se de uma avaliação inflacionada, suficiente para travar a venda à francesa Engie. A EDP contestou estes valores.

De acordo com o parecer intermédio da Agência Portuguesa do Ambiente, o valor definido para o equilíbrio económico e financeiro das três barragens da EDP situadas no Douro Internacional — Miranda, Picote e Bemposta — deu um salto de 78,1 milhões em 2007 para um valor atual de 1,7 mil milhões.

Contas feitas, as três barragens do Douro Internacional valem hoje muito mais: 13 vezes mais no caso de Miranda do Douro (de 29,5 milhões para 390 milhões de euros), 33 vezes mais no que diz respeito à barragem de Picote (de 21 milhões para 689 milhões) e 23 vezes mais na Bemposta (de 27,3 milhões para 643 milhões), de acordo com a análise da APA de julho.

Uma avaliação inflacionada que, na visão da diretora de recursos Hídricos da APA, que assina o parecer em questão, seria suficiente para travar a venda à francesa Engie, o que não aconteceu. O negócio acabou por avançar no final de 2020 precisamente com luz verde da APA e da REN.

“Esta é uma questão que não pode deixar de ser muito preocupante e que obriga a uma avaliação jurídica e económica aprofundada, avaliando também a necessidade de se dar conhecimento ao Ministério Público“, escrevia a diretora de Recursos Hídricos da APA no seu parecer de julho de 2020.

EDP rejeita sobrevalorização e diz que perdeu dinheiro com o negócio

Na sequência deste parecer, a APA pediu esclarecimentos à EDP e obteve-os em setembro de 2020, numa reunião entre as duas partes.

Contrariamente ao parecer da APA, na visão da elétrica o valor da venda das barragens no Douro à francesa Engie em 2020 por 2,2 mil milhões de euros alegadamente não compensa totalmente o valor incorrido pela empresa com a regularização das concessões do Douro Internacional em 2007, no âmbito do processo de extensão do Domínio Público Hídrico.

Foi precisamente o envolvimento nesta extensão do domínio hídrico que tornou o ex-ministro da Economia Manuel Pinho e o ex-CEO da EDP, António Mexia, arguidos num processo judicial a decorrer no Ministério Público, acusados crimes de corrupção ativa e participação económica em negócio.

De acordo com a EDP, o valor pago em 2007 abrangia apenas as centrais originais do Douro Internacional — Miranda, Picote e Bemposta — com uma capacidade instalada de 781 MW, enquanto o valor a pagar agora pela Engie em 2020 abrange também os reforços de potência (1235 MW), que resultaram dos investimentos realizados entre 2008 e 2012 em duas das barragens.

Documentos a que o ECO teve acesso mostram que em 2007 as três barragens foram avaliadas por bancos independentes, no total, em 891 milhões de euros, sendo que apenas 661 milhões foram de facto pagos pela EDP para ver as concessões que lhe tinham sido atribuídas estendidas até perto de 2030. Caso a empresa realizasse investimentos nas mesmas, tal como aconteceu, essa extensão aumentaria por mais alguns anos: até 2042 no caso de Miranda Douro; até 2063 no Picote; e até 2056 na Bemposta.

No entanto, frisa a elétrica, apesar dos 661 milhões pagos, para os registos contabilísticos ficaram apenas os 78 milhões referidos no parecer da APA. “Em termos reais, é possível demonstrar que o preço a receber não permite à EDP compensar na totalidade o custo suportado com as concessões do Douro Internacional, e que este é claramente superior ao valor a receber por parte do comprador”, refere a elétrica num documento a que o ECO teve acesso.

Preços de energia, tarifa social e CESE provocaram perdas no valor das concessões, diz EDP

A empresa diz que o motivo que justifica a “perda de dinheiro” está relacionado com os preços de venda de energia elétrica previstos em 2007: 64 euros/MWh entre 2014 e 2025, quando na realidade não foram além de uma média de 46 euros/MWh.

Além disso, a EDP frisou ainda que a nível regulatório a situação se complicou com a introdução da Tarifa Social, CESE, mecanismo clawback, que não estava incluídos na avaliação feita pelos bancos independentes em 2007.

Estes três aproveitamentos hídricos do Douro Internacional estão neste momento ainda associados a processos judiciais em curso, tanto a nível nacional e comunitário, precisamente face ao valor definido para o equilíbrio económico e financeiro, na sequência da prorrogação dos prazos.

Este foi um dos principais entraves identificados pelo parecer da Agência Portuguesa do Ambiente de 30 julho de 2020 para que não avançasse a venda das seis barragens do Douro pela EDP à Engie. Por esta razão, a diretora de recursos Hídricos da APA concluiu na altura que “não estavam reunidas as condições para autorizar as transmissões dos aproveitamentos hídricos” e pedia “um parecer jurídico” que avaliasse se ficava “garantido o interesse público com a transmissão de cada uma” dessas concessões.

No mesmo parecer, a responsável frisava ainda os problemas na implementação das medidas ambientais nos aproveitamentos hídricos de Foz Tua e Baixo Sabor. Quanto a este último, sublinhou também “a atribuição sem qualquer seleção por concurso, sem qualquer contrapartida para o Estado por utilização privativo de bens do domínio público e que agora foram avaliados em 222 milhões de euros, estando a ser alvo de processos judiciais”.

Duas conclusões que, na opinião da líder bloquista, Mariana Mortágua, provam que o Governo devia ter travado a venda das seis barragens do Douro à francesa Engie, que acabou por se concretizar em dezembro de 2020 com luz verde da APA e da REN.

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Índia deteta nova variante do coronavírus com dupla mutação

A nova variante do coronavírus identificada na Índia junta duas mutações. Autoridades de saúde estão a analisar se é mais contagiosa.

Foi detetada uma nova variante do coronavírus em amostras na Índia, que será uma “dupla mutação”, juntando duas mutações no mesmo vírus. As autoridades ainda estão a analisar se esta nova variante é mais infecciosa e se será menos afetada pelas vacinas atualmente utilizadas contra a Covid-19.

As mutações nos vírus são comuns, mas a maioria delas não causa grandes alterações. Ainda assim, algumas variantes, como aquela identificada no Reino Unido, podem tornar o vírus mais infeccioso e, em alguns casos, mais mortal. O virologista Shahid Jameel explicou que uma mutação dupla “pode aumentar esses riscos e permitir que o vírus escape ao sistema imunológico”, em declarações citadas pela BBC (acesso livre, conteúdo em inglês).

Ainda assim, a possibilidade de esta variante ser mais contagiosa ainda está a ser analisada. Apesar desta nova variante “dupla mutante” ter sido encontrada na Índia, bem como outras variantes, “não foram detetados em números suficientes” para estabelecer uma relação ou explicar o rápido aumento de casos em alguns estados do país, adiantou o Ministério da Saúde, em comunicado.

A Índia aumentou os esforços de sequenciamento de genoma devido a preocupações sobre a chegada da variante do Reino Unido ao país em dezembro, referindo que os especialistas continuam a analisar a situação.

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