Pagamentos com cartões contactless disparam 163% em ano de pandemia
A pandemia veio provocar mudanças nos hábitos de utilização do cartão por parte dos portugueses, segundo um relatório do Banco de Portugal.
A chegada da pandemia a Portugal teve o impacto na economia, no consumo, mas também na forma os portugueses fazem pagamentos. O Relatório dos Sistemas de Pagamentos de 2020, divulgado esta quinta-feira pelo Banco de Portugal, mostra que o uso da tecnologia contactless foi potenciado em grande escala, tendo também havido um crescimento nas compras online em 2020.
No ano passado, registou-se uma mudança nos hábitos de utilização do cartão por parte dos portugueses, com as compras contactless a terem crescido exponencialmente (+163%). Também as compras online passaram a ser mais frequentes, tendo subido na ordem dos 32% em comparação com 2019.
A pandemia apresenta-se como a razão por detrás destas tendências. O Banco de Portugal mostra-nos como, nos primeiros dois meses do ano passado, apenas 10% das compras com cartão eram feitas online. Por sua vez, 12% das compras com cartão eram contactless, com cada compra desta natureza a envolver um valor médio de 14 euros.
Mas vendo-se impedidos, por muitas vezes, de fazerem compras presencialmente, os portugueses tiveram de arranjar novas formas de as fazer. Em abril, mês que se seguiu à identificação do primeiro caso de Covid-19 em Portugal e em que o país estava confinado, os valores associados a cada uma destas modalidades de pagamento cresceram automaticamente: 15% das compras com cartão passaram a ser online, com outros 17% a terem passado a ser contactless.
No último mês de 2020, em que o país estava desconfinado, mas em que a pandemia continuava a ser uma preocupação a nível nacional, as transações com cartão por via do online reduziram face a abril (13%), mas os portugueses tornaram-se ainda mais fãs da tecnologia contactless. Em dezembro, já 32% das transações com cartão eram feitas com recurso a esta metodologia, numa altura em que cada transação ascendia já ao valor médio de 24 euros.
E se, em fevereiro de 2020, se esperava um ano positivo no campo dos pagamentos de retalho, com estes a crescerem 11% face ao período homólogo, a pandemia veio alterar o cenário. Em abril, houve uma quebra de 38% neste indicador, que recuperou depois no final do ano. Em dezembro, o decréscimo no número de pagamentos de retalho foi de apenas 7% face ao último mês de 2019.
Portugueses preferem instrumentos de pagamento eletrónicos
Os dados divulgados esta quinta-feira pelo Banco de Portugal vieram ainda mostrar que os portugueses continuaram a preferir os instrumentos de pagamento eletrónicos — cartões, débitos diretos, transferências a crédito e transferências imediatas — para a realização de transações. Excluindo o numerário, estes métodos foram usados em 99,3% dos pagamentos de retalho efetuados, correspondendo a 87,9% do montante transacionado em 2020.
Porém, a pandemia veio trazer ainda mais mudanças, ao ter provocado um aumento nos pagamentos através de métodos à distância e uma diminuição dos pagamentos ditos físicos. Efetivamente, registou-se um maior recurso às transferências imediatas (+81%), como é o caso das realizadas, por exemplo, através do MB Way. Também as transferências a crédito aumentaram face a 2019, mas em menor escala (+8%).
Contrariamente, houve uma diminuição drástica no recurso ao cheque para a realização de transações (-28%). E os débitos diretos (-5%) e as operações com cartão (-11%) também foram menos expressivos. Mas apesar das transações com recurso ao cartão terem baixado face a 2019, este continuou a ser o método de pagamento privilegiado dos portugueses. Este foi utilizado em 85% das transações, se desconsiderado o caso do dinheiro em “formato físico”. O número de levantamentos de numerário também diminuiu, na ordem dos 21%.
Contas feitas, 2020 foi um ano de menos despesa para os portugueses, com estes a terem gasto menos 4% nos pagamentos quotidianos em comparação com o ano anterior. Foram menos 501 mil milhões de euros, indica o Relatório dos Sistemas de Pagamentos de 2020 do Banco de Portugal.
O que esperar para 2021?
Algumas das tendências identificadas desde que a pandemia chegou a Portugal viram-se reforçadas nos primeiros três meses deste ano. O recurso ao contactless mostrou-se ainda mais expressivo nas compras com cartão (37%), ao passo que 17% das transações com cartão eram já feitas online.
Porém, indicadores positivos devem ser destacados no campo dos pagamentos de retalho, com estes a crescerem face ao período homólogo (+9%). Se olharmos para os mesmos meses de 2019, vemos que o cenário não é assim tão promissor, com a quebra a existir e a ser na ordem dos 9%.
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