Esforço da ADSE é 5,5 vezes superior a cada euro gasto numa consulta

  • ECO
  • 13 Abril 2021

Em entrevista ao Público, a líder da ADSE calculou que, por cada euro de esforço de um beneficiário, o subsistema tem um esforço 5,5 vezes superior.

A ADSE faz um “esforço” 5,5 vezes superior a cada euro que um beneficiário gaste numa consulta. O número foi avançado pela presidente do conselho diretivo do subsistema de saúde, Maria Manuela Faria, numa entrevista ao Público (acesso condicionado).

A responsável mostrou-se ainda certa de que a nova tabela de preços do regime convencionado entre em vigor no segundo semestre, afirmando que teve “grandes melhorias”. “Os benefícios são muitos. Trata-se de uma correção geral da tabela que tinha vinte e tal anos, tem atos médicos novos, tem possibilidade de recurso a técnicas de ponta, há uma maior previsibilidade de custos para os beneficiários, continuamos a financiar a 100% a quimioterapia e radioterapia e este é um fator diferenciador”, explicou.

Maria Manuela Faria afirmou também que, em 2020, a ADSE melhorou o seu saldo significativamente, tendo gastado menos 25% a 30% por causa da pandemia. Este ano, contudo, a atividade regressou a um nível próximo do normal.

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Exportações da China aumentaram mais de 30% em março

  • Lusa
  • 13 Abril 2021

Empresas exportadoras da China beneficiaram com a reabertura precoce da sua economia, enquanto outros governos continuam a adotar medidas de contenção contra a Covid-19.

As exportações da China aumentaram em março 30,6%, face ao ano anterior, devido ao aumento da procura global, numa altura em que o país asiático é a única grande economia a funcionar sem restrições.

Segundo a Administração Geral das Alfândegas da China, as exportações subiram para 241,1 mil milhões de dólares (quase 203 mil milhões de euros). As importações aumentaram 38,1%, em relação ao mesmo mês do ano anterior, para 227,3 mil milhões de dólares (cerca de 191 mil milhões de euros).

“É um sinal positivo de que a atividade económica e comercial global está a recuperar e que a confiança do mercado está a aumentar”, apontou o porta-voz das alfândegas, Li Kuiwen, em conferência de imprensa.

Li alertou que a situação “económica mundial ainda é complicada e severa”.

Os exportadores da China beneficiaram com a reabertura precoce da sua economia, enquanto outros governos continuam a adotar medidas de contenção contra a Covid-19, que limitam os negócios e o comércio.

Nos primeiros três meses de 2021, as exportações dispararam 49%, em relação ao ano anterior, para 710 mil milhões de dólares (597 mil milhões de euros). As importações cresceram 28%, para 593,6 mil milhões de dólares (499 mil milhões de euros).

As comparações homólogas do comércio chinês, no primeiro trimestre do ano, produzem números particularmente sonantes, já que no início de 2020 a China encerrou fábricas e isolou cidades inteiras devido ao novo coronavírus, resultando numa queda acentuada do comércio externo.

As exportações para os 27 países da União Europeia ascenderam aos 36,6 mil milhões de dólares (30,7 mil milhões de euros), enquanto as importações chinesas de produtos europeus fixaram-se nos 27,5 mil milhões de dólares (23,1 mil milhões de euros).

As exportações para os Estados Unidos subiram 53,6%, em março, para 38,7 mil milhões de dólares (32,5 mil milhões de euros), apesar de as taxas alfandegárias punitivas que continuam a vigorar sobre vários bens produzidos na China, na sequência da guerra comercial lançada pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump.

As importações de produtos norte-americanos pela China, que também foram punidos com um aumento das taxas alfandegárias, em retaliação, aumentaram 74,7%, para 17,3 mil milhões de dólares (14,5 mil milhões de euros).

Biden, que assumiu o cargo em janeiro passado, não deu ainda indicação de que pode retirar as taxas punitivas que deflagraram o maior conflito comercial global de sempre.

Também não existe data para um encontro entre os principais representantes do comércio dos dois países.

O superavit comercial da China diminuiu 30,6%, em março, em relação ao ano anterior, para 13,8 mil milhões de dólares (11,6 mil milhões de euros).

O superavit com os Estados Unidos cresceu 39%, para 21,4 mil milhões de dólares (18 mil milhões de euros).

O Partido Comunista China estabeleceu uma meta de crescimento económico para este ano acima dos 6%, o que deve impulsionar a procura por petróleo, minério de ferro, alimentos, bens de consumo e outras importações.

A China é o maior cliente do petróleo angolano. Em 2020, o país asiático foi o destino de mais de 27% dos produtos exportados pelo Brasil, segundo dados oficiais.

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Hoje nas notícias: ADSE, IRS e raspadinhas

  • ECO
  • 13 Abril 2021

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

A ADSE acabou por ter menos despesas em 2020 e viu o seu saldo melhorar. A entrevista à presidente do conselho diretivo, Maria Manuela Faria, destaca-se esta terça-feira na imprensa nacional. Foco ainda no vício das raspadinhas, um problema que tem crescido em Portugal: há cada vez mais pessoas a pedirem ajuda aos hospitais, centros de apoio a toxicodependentes e até a clínicas privadas.

Esforço da ADSE é 5,5 vezes superior a cada euro gasto numa consulta

A presidente do conselho diretivo da ADSE garante que cada euro gasto por um beneficiário numa consulta representa um esforço 5,5 vezes superior por parte do subsistema de saúde. Numa entrevista ao Público, Maria Manuela Faria considera ainda que a nova tabela de preços do regime convencionado teve “grandes melhorias” e deverá entrar em vigor no segundo semestre deste ano. A responsável disse ainda que, em 2020, a ADSE melhorou o seu saldo significativamente, tendo gastado menos 25% a 30% por causa da pandemia.

Leia a entrevista completa no Público (acesso condicionado).

Assistentes sociais vão ser vacinados com professores no fim de semana

No fim de semana vão ser vacinadas cerca de 190 mil professores e funcionários das escolas, o primeiro “teste” às estruturas de vacinação em massa. Entre este número encontram-se 32 mil trabalhadores das “respostas sociais”, como serviços de apoio domiciliário, creches e amas. Serão 120 os centros de vacinação, ao invés dos 150 primeiramente anunciados. Nestes centros serão vacinadas cerca de 600 pessoas diariamente.

Leia a notícia completa no Público (acesso condicionado).

Primeiros reembolsos de IRS chegam já esta quarta-feira

Na quarta-feira, 14 dias depois do início da campanha de IRS, vão começar a chegar os primeiros reembolsos aos portugueses. O valor a distribuir pelos contribuintes ronda os quatro milhões de euros. A partir de sexta-feira, as Finanças poderão começar a processar maiores reembolsos de uma só vez.

Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago).

Aumentam pedidos de ajuda para tratar vício das raspadinhas

Há cada vez mais pessoas a pedirem ajuda para tratar o vício de jogar nas raspadinhas. A maioria dos pedidos é feita junto de hospitais e Centros de Apoio a Toxicodependentes, que têm experiência no tratamento de comportamentos aditivos. Mas as clínicas privadas também já registam um crescimento do flagelo. Segundo um estudo feito há um ano, em média, cada português gasta 160 euros por ano em raspadinhas, 10 vezes mais do que o verificado em Espanha.

Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (ligação indisponível).

Camiões da Fuso chegam à Oceania

A fábrica da Fuso, no Tramagal (Ribatejo), vai exportar para dois novos mercados a uma grande distância: Austrália e Nova Zelândia. Em causa está o modelo eCanter, que já chegou à Austrália com as suas primeiras unidades num projeto-piloto. Nos próximos meses serão entregues mais unidades neste país os primeiros veículos na Nova Zelândia. Este modelo é produzido em Portugal e no Japão, mas foi escolhida a fábrica portuguesa pela semelhança que estes veículos têm com os britânicos, para os quais já exporta.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

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Operadoras vão informar de “melhores preços” uma vez por ano

Proposta de transposição de lei europeia, apresentada pelo Governo, prevê que as operadoras informem os consumidores dos "melhores preços" que praticam, uma vez por ano.

Todos os anos, as operadoras de telecomunicações vão ter de informar os clientes sobre “os melhores preços” praticados. A medida está na proposta do Governo para transposição do Código Europeu das Comunicações Eletrónicas (CECE).

“Pelo menos uma vez por ano, as empresas [que prestam serviços de comunicações eletrónicas] prestam informações sobre os melhores preços aos utilizadores finais”, lê-se na proposta de lei enviada na sexta-feira à Assembleia da República (AR).

A proposta de lei não é clara quanto à forma como será prestada a informação anual, sendo que ainda pode sofrer alterações no Parlamento. No entanto, a medida deverá servir para manter os consumidores informados das melhores ofertas por parte da respetiva operadora, até porque surge na sequência de outros pontos que versam sobre a prorrogação automática de contratos.

“Antes da prorrogação automática do contrato, as empresas informam os utilizadores finais, de forma clara, atempada e num suporte duradouro sobre a data do fim do período de fidelização e sobre os meios disponíveis para denunciar o contrato [sic] sobre os melhores preços aplicáveis aos seus serviços”, versa também a proposta de transposição apresentada pelo Executivo.

A transposição do CECE, que está atrasada desde 21 de dezembro de 2020, inclui ainda outras medidas em benefício dos consumidores. Entre elas está a implementação de uma espécie de ficha de informação normalizada para o setor das telecomunicações e a criação de um serviço universal de internet de banda larga.

Pelo menos uma vez por ano, as empresas [que prestam serviços de comunicações eletrónicas] prestam informações sobre os melhores preços aos utilizadores finais.

Proposta de lei que transpõe o CECE

Fidelização máxima mantêm-se nos 24 meses

Se há muita coisa que muda, há também artigos que prevalecem. A proposta de transposição do Governo, agora conhecida, não prevê alterações no prazo máximo de fidelização, que se manterá nos 24 meses (dois anos), salvo alterações que venham a ser introduzidas pelo Parlamento.

A preverem-se quaisquer alterações, este seria o momento, pois a Lei das Comunicações Eletrónicas tem vindo a sofrer várias alterações ao longo dos últimos anos. Uma delas visou, precisamente, obrigar as operadoras a disponibilizarem ofertas com outros prazos de fidelização, mas as empresas foram posteriormente acusadas de violarem o espírito da lei, ao cobrarem centenas de euros pela instalação numa oferta sem fidelização.

Em de fevereiro deste ano, Pedro Mota Soares, secretário-geral da Apritel, a associação setorial, defendeu no ECO a manutenção das atuais regras das fidelizações. O responsável considerou as regras “totalmente justificadas e equilibradas” e assumiu não estar “à espera de mudanças nesta matéria”.

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Lei vai prever travão para evitar surpresa na fatura das telecomunicações

A Anacom pode vir a ter poder para impor travões financeiros (ou de volume) nos tarifários de telecomunicações, para que os clientes mais distraídos não tenham surpresas na fatura ao final do mês.

A proposta de transposição do Código Europeu das Comunicações Eletrónicas (CECE) prevê que a Anacom possa definir limites de consumo para evitar que os clientes tenham surpresas na fatura ao final do mês. Estes poderão ser de volume, mas também financeiros.

“As autoridades competentes em coordenação, quando pertinente, com a ARN [entidade reguladora nacional, isto é, a Anacom] podem definir limites de consumo, financeiros ou de volume, a incluir pelas empresas […] nas condições dos respetivos tarifários”, lê-se na proposta de lei entregue pelo Governo à Assembleia da República (AR).

Atualmente, um cliente mais distraído, que não conheça exatamente as condições do serviço que contratou, pode ser surpreendido com faturas de largas centenas de euros ao final do mês, se tiver realizado consumos extraordinários ou fora das condições do contrato. A medida poderia servir para aplicar um travão quando a utilização superasse um determinado montante, como já acontece com os limites de tráfego (os clientes são avisados pela operadora quando estão a aproximar-se do fim do plafond de dados).

Além disso, a proposta de lei também determina que, “caso os serviços” de telecomunicações “sejam faturados com base no tempo ou nos volumes de consumo, as empresas que os oferecem disponibilizam aos consumidores um mecanismo para acompanhar e controlar a utilização de cada um desses serviços, permitindo o acesso a informações atempadas sobre o nível de consumo dos serviços incluídos no plano tarifário do utilizador final”. Isto já acontece com a generalidade das operadoras.

Portugal é um dos Estados-membros da União Europeia que ainda não transpôs o CECE. O prazo terminou a 21 de dezembro de 2020 e o país foi alvo de um processo de infração da Comissão Europeia. A transposição do CECE proposta pelo Governo, cujo teor é agora conhecido, prevê ainda a instituição de uma ficha de informação normalizada para as comunicações eletrónicas e um novo serviço universal de internet de banda larga.

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Com Rt acima de 1, desconfinamento fica sem efeito? Especialistas dizem que deve avançar, mas lutas serão “muito mais locais do que nacionais”

Travagem do desconfinamento poderá ser feita a nível local, dizem especialistas. Mas critérios deveriam ser adaptados, principalmente para pequenos concelhos.

Depois de dois meses de confinamento, as restrições para travar a pandemia têm vindo a ser levantadas, sendo que o Governo desenhou uma matriz de risco para acompanhar o desconfinamento, definindo “zonas” consoante a situação. Com o índice de transmissibilidade (Rt) acima de 1, o país entra no quadradinho que diz que devemos parar e analisar. O que quer isto dizer para as próximas fases do plano? Especialistas ouvidos pelo ECO dizem que o desconfinamento nacional deve avançar, pelo menos em parte, mas deverão ser aplicadas medidas a nível local.

A incidência tem tido uma tendência decrescente, sendo que esteve sempre a cair até ao final de março, tanto na média nacional como do continente. No início deste mês, com o efeito do desconfinamento, o indicador já oscilou para rondar os 70 casos por 100 mil habitantes. Esta segunda-feira, situava-se em 70 casos de infeção por 100 mil habitantes a nível nacional, e 67,4 casos por 100 mil habitantes no Continente.

Já o Rt, que mede quantas pessoas um infetado contagia, em média, tem vindo consistentemente a aumentar, sendo que atingiu a fasquia de 1 no Continente a 5 de abril, enquanto em Portugal se fixava nos 0,98. Dois dias depois, o índice de transmissibilidade era de 1,01 em Portugal e 1,02 no Continente. Já na sexta-feira, dia 9 de abril, era de 1,02 em ambos, subindo mais uma vez esta segunda-feira, para 1,04 nacionalmente e 1,03 no Continente.

Bernardo Gomes explica ao ECO que, “com incidências baixas da doença, o Rt flutua com mais facilidade”. O que acontece quando há menos casos, exemplifica, é que se um caso dá origem a 10, é que “rapidamente o Rt sobe com muita facilidade”. “Mas assim como sobe, se houver controlo efetivo dos surtos também tem tendência a estabilizar ou descer”, aponta.

Desta forma, “com incidência baixa e Rt pouco acima de 1 temos ainda janela de oportunidade para controlar as coisas sem que ganhem proporções”, diz o médico de saúde pública. A “matriz anunciada acaba por dar expressão visual em que há zona de transição verde amarelada, há circunstância em que temos que observar progressão antes de tomar decisões, sobretudo de foro nacional”, sinaliza.

Matriz de risco a 12 de abril:

De facto, é possível verificar que, apesar de entrar no quadrado da “zona laranja”, o país situa-se ainda na zona de transição. O próprio primeiro-ministro admitiu que o Rt passar o 1 não é necessariamente sinal para travar. “Se passarmos o 1, como sempre dissemos, as medidas serão progressivas. Uma coisa é chegarmos a 1,01, outra coisa é termos 1,5 ou 1,2. Temos de graduar devidamente as medidas, agora o esforço que temos de fazer é mantermo-nos no quadrante verde”, indicou António Costa, após a reunião do Conselho de Ministros, a 1 de abril.

O primeiro-ministro adiantou, ainda assim, que existiam concelhos em risco de verem o desconfinamento congelado. Isto se se verificar uma incidência acima de 120 casos por 100 mil habitantes em duas avaliações consecutivas, sinalizando que existiam 19 concelhos (no Continente) em risco de tal acontecer.

Estamos com lutas muito mais locais do que nacionais.

Bernardo Gomes

Médico de saúde pública

Bernardo Gomes aponta assim que “estamos com lutas muito mais locais do que nacionais”, ou seja, para a próxima decisão para o plano de desconfinamento, em 19 abril, “é quase certo que possam ter que haver ajustes a nível local ou sub-regional”. “É possível que o Rt também traduza fenómenos a nível localizado que possam pedir prudência”, admite o especialista.

Outra alternativa é “mediante o cardápio e menu de medidas previstas, possa-se cooptar coisas para mais tarde”, sugere o especialista. Para o médico de saúde pública, é assim provável que o Governo decida, para a próxima fase de desconfinamento, adiar parte das medidas nacionais ou então considerar a hipótese de “congelar desconfinamento a nível parcelar”.

Ricardo Mexia também aponta, ao ECO, que “a disseminação da doença não é a mesma em todas regiões, por isso poderá haver decisão em função das áreas em que esteja menos controlada”. Os especialistas têm vindo a dizer que as “medidas podem e devem ser ajustadas” ao contexto regional, recorda o médico de saúde pública.

Já o infecciologista António Silva Graça admite que “decidir localmente poderá ser forma de tentar controlar situação”, mas alerta que as medidas deverão ter uma maior abrangência, em declarações ao ECO. O “país não é grande e continente e regiões autónomas são mais de 300 concelhos”, recorda, pelo que “se analisarmos cirurgicamente” há alguns problemas.

Por um lado, pela aplicação do critério nos concelhos mais pequenos. Como falamos na incidência por 100 mil habitantes, com poucos casos um concelho com população pouco elevada pode ter níveis de incidência muito elevados sem que a situação seja preocupante, exemplifica. “O critério tem alguns problemas”, reitera.

Tem existido alguma discórdia sobre a aplicação dos critérios aos concelhos mais pequenos, com autarcas destes locais a sinalizar a necessidade de adaptações. Bernardo Gomes também apontou que, nestes municípios, é “importante a questão qualitativa”, ou seja, “perceber se é um surto em que se conhece ligações e está controlado ou transmissão comunitária” em que não se conhecem as origens. A nível concelhio temos que ter uma vertente qualitativa para tomar decisões, defende o médico de saúde pública.

Noutra perspetiva, como há um número de concelhos muito elevado, e alguns são reduzidos não só em população mas também em área, “qualquer intervenção não poderá ser só num concelho, mas numa região maior do ponto vista geográfico e populacional”, sublinha o infecciologista Silva Graça. Defende por isso que a “atuação cirúrgica a nível do concelho não parece prática”, pelo que para que possa ser eficaz, “terá de ter abrangência maior”, até possivelmente indo para regiões.

No ano passado, por exemplo, com o avançar do desconfinamento surgiu um número de casos elevado na capital, o que motivou regras diferentes para a Área Metropolitana de Lisboa. Houve a “possibilidade de circunscrever área metropolitana”, sendo esta uma das formas de “juntar vários concelhos difíceis de separar uns dos outros”, aponta.

Não há razão para pensar neste momento em alterar planeamento de desconfinamento

António Silva Graça

Infeciologista

Apesar de admitir que tal possa acontecer, António Silva Graça aponta que “não há razão para pensar neste momento em alterar planeamento de desconfinamento”. “Sempre que se alivia as medidas que reduzem os contactos entre as pessoas, vírus circula na comunidade e aumenta-se probabilidade de transmissão”, nota, pelo que o Rt “vai acompanhando dinâmica de transmissão”. “Este aumento, desde que seja controlado, é expectável”, concede o especialista.

“Se verificarmos a evolução, este aumento do Rt não tem ultrapassado os 10% ou 12% em relação aos sete dias anteriores: é controlado”, salienta o especialista.

Já no final de março, a ministra da Presidência sinalizou que “há zonas verdes, para lá do 1 [Rt], quando as incidências estão muito baixas, e há zonas verdes acima de 120 [casos por 100 mil habitantes], quando o Rt é menor do que 1″. Assim, com incidências muito baixas, “temos mais margem de viver com pequenas alterações ao Rt do que se tivéssemos incidências grandes”, disse Mariana Vieira da Silva.

António Costa também apontou que “há um efeito puramente matemático em que quanto mais o número de casos vai diminuindo, o ritmo de transmissão vai naturalmente ficando maior. Por isso é que os dois critérios têm de ser sempre lidos em conjunto”, disse, no início do mês.

É assim ainda incerto o que irá avançar, já que dependerá do conjunto de dados. “Se passarmos para o lado da parte laranja de risco, temos que fazer reflexão sobre condições para progredir”, em função dos indicadores, aponta Ricardo Mexia.

Esta semana discute-se também a renovação do estado de emergência, que termina a 15 de abril e, se renovado, irá até ao final do mês. Marcelo Rebelo de Sousa já sinalizou que desejaria que fosse o último, mas é ainda incerto já que a última fase do plano está prevista arrancar a 3 de maio, e o estado de exceção dá cobertura a algumas restrições.

Recordando as fases previstas no plano de desconfinamento, para 19 de abril está planeada a reabertura e o regresso de:

  • Ensino secundário e ensino superior;
  • Cinemas, teatros, auditórios e salas de espetáculos;
  • Todas as lojas e centros comerciais, e lojas de cidadão com atendimento presencial por marcação;
  • Restaurantes, cafés e pastelarias (máximo 4 pessoas ou 6, por mesa, em esplanadas) até às 22h ou 13h ao fim-de-semana e feriados;
  • Modalidades desportivas de médio risco, atividade física ao ar livre até 6 pessoas e ginásios sem aulas de grupo;
  • Eventos exteriores com diminuição de lotação e casamentos e batizados com 25% de lotação.

Já para 3 de maio, a última fase delineada no plano do Governo, prevê-se:

  • Restaurantes, cafés e pastelarias (máximo 6 pessoas ou 10, por mesa, em esplanadas) sem limite de horários;
  • Todas as modalidades desportivas, atividade física ao ar livre e ginásios;
  • Grandes eventos exteriores e eventos interiores com diminuição de lotação e casamentos e batizados com 50% de lotação.

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Prova dos 9: Rendimentos ilícitos têm de pagar IRS?<span class='tag--premium'>premium</span>

Afinal, os rendimentos obtidos de forma ilícita têm ou não de ser declarados em sede de IRS? Sócrates não será pronunciado pelo crimes de fraude fiscal. O que dizem os especialistas em direito fiscal?

José Sócrates não será pronunciadopelos três crimes de fraude fiscalde que estava acusado, uma vez que, segundo explicou o juiz Ivo Rosa, não existe qualquer norma legal no ordenamento jurídico português que imponha a um cidadão a obrigação de "declarar em sede de IRS ganhos provenientes da prática de um crime". Os especialistas em direito fiscal ouvidos pelo ECO sublinham, contudo, que não há dúvida de que mesmo os rendimentos obtidos de forma ilícita devem ser sujeitos a tributação.Nas 118 páginas da sua decisão, o juiz Ivo Rosa começa por questionar porque foram apontados três e não dez crimes de fraude fiscal, um por cada ano em que o arguido não declarou esses rendimentos ilícitos, entre 2006 e 2015. Sócrates terá recebido esse dinheiro, em luvas, do Grupo Espírito Santo, do

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Número de estudantes com bolsas de estudo aumenta para 75 mil

  • Lusa
  • 13 Abril 2021

Já foram atribuídas 74.809 bolsas de estudo a estudantes do ensino superior, o que representa um aumento de mais cerca de 2.600 bolsas do que no último ano.

O número de estudantes de universidades e politécnicos que beneficiam de bolsas da ação social aumentou 4%, face ao total de 2020, atingindo perto de 75 mil alunos, anunciou hoje a Direção-Geral do Ensino Superior (DGES).

Segundo um comunicado da DGES, até 09 de março foram atribuídas 74.809 bolsas de estudo a estudantes do ensino superior, o que representa um aumento de mais cerca de 2.600 bolsas do que no último ano.

Depois de garantir que a implementação das medidas para compensar os estudantes dos efeitos da Covid-19 tem sido “prosseguida de forma sistemática”, a direção-geral do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES) avançou que estão ainda contratualizadas 5.225 bolsas ao abrigo do programa +Superior, o que significa um aumento de 18% em relação a 2020.

Este programa pretende incentivar e apoiar a frequência de instituições de ensino superior por estudantes economicamente carenciados que residem noutras regiões, com o objetivo de contribuir para a coesão territorial.

De acordo com a DGES, foram também atribuídos 24 auxílios de emergência a alunos durante este ano letivo, no âmbito das medidas de minimização dos efeitos da pandemia.

Até ao final de março, a DGES tinha efetuado o pagamento de 73.185 bolsas, mais 08% que no mesmo mês do ano anterior.

Relativamente, às bolsas de frequência destinadas a estudantes com necessidades educativas especiais, a DGES assegurou que estavam pagas 1.025 bolsas a alunos com incapacidade igual ou superior a 60%.

Até ao dia 09 de abril, encontram-se submetidas 1.102 candidaturas às Bolsas de Estudo para Frequência no Ensino Superior de Estudantes com incapacidade igual ou superior a 60%.

“Considerando que a atual crise pandémica veio aprofundar dificuldades de ordem social, pedagógica e de saúde existentes, especialmente na comunidade estudantil, o MCTES recomendou que as instituições de ensino superior desenvolvam programas próprios de mitigação e compensação dos efeitos da Covid-19 nos seus estudantes”, refere ainda o comunicado.

Nesse sentido, as atividades letivas à distância e a retoma das atividades presenciais previstas para 19 de abril “devem ser acompanhadas por uma particular atenção aos estudantes, devendo ser garantido, sempre que necessário, o apoio psicológico e o acompanhamento do estado da saúde mental da comunidade académica, em estreita articulação com as associações e federações de estudantes”, adiantou a direção-geral.

A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 2.937.355 mortos no mundo, resultantes de mais de 135,9 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 16.918 pessoas dos 827.765 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

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5 coisas que vão marcar o dia

No dia em que o Presidente da República ouve os partidos quanto a um prolongamento do estado de emergência, o Conselho de Finanças Públicas publica previsões macroeconómicas.

Esta terça-feira é dia de o Presidente da República ouvir os partidos com assento parlamentar sobre uma eventual renovação do atual estado de emergência, momentos depois de uma nova reunião do Infarmed. Destaque ainda para as estatísticas que serão publicadas pelo Conselho de Finanças Públicas.

Marcelo reúne com partidos para discutir estado de emergência

O Presidente da República vai reunir-se esta terça-feira com os partidos com assento parlamentar para os ouvir sobre uma eventual renovação do atual estado de emergência, tendo em conta a evolução da situação epidemiológica nos últimos dias. Recorde-se que o país está em estado de emergência até dia 15 (quinta-feira), mas Marcelo Rebelo de Sousa deverá renová-lo por mais 15 dias, ou seja, até ao final de abril.

Decorre nova reunião do Infarmed

Vai decorrer esta terça-feira de manhã mais uma reunião do Infarmed, que será relevante para decidir o que fazer com a terceira fase do plano de desconfinamento, que vai arrancar a 19 de abril. Dependendo das conclusões que saiam desta reunião, e depois de ouvir todos os partidos, o Presidente da República vai decidir se renova, ou não, o estado de emergência. A decisão final será tomada no dia seguinte no Parlamento.

Ministro da Economia de visita à Efacec

O ministro da Economia vai visitar esta terça-feira à tarde a Efacec, em Matosinhos. Recorde-se que a reprivatização dos 71,73% da Efacec era para acontecer no ano passado, tendo acabado por ser adiada para o primeiro semestre deste ano. Contudo, de acordo com o Expresso, o processo poderá voltar a derrapar para depois do verão. A lista dos candidatos finais deveria estar fechada até 23 de março, mas isso não aconteceu.

Ex-secretário de Estado ouvido na comissão de inquérito ao Novo Banco

Sérgio Monteiro, ex-secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações (durante o mandato de Pedro Passos Coelho) vai ser ouvido esta manhã na comissão de inquérito ao Novo Banco, depois de ter trabalhado com o Banco de Portugal no processo de venda do Banco Espírito Santo. Este ex-governante é um dos muitos que estão e vão ser chamados ao Parlamento para prestar esclarecimentos sobre este tema.

Conselho de Finanças Públicas publica previsões macroeconómicas

O Conselho de Finanças Públicas vai divulgar esta terça-feira um conjunto de pareceres, entre os quais previsões macroeconómicas subjacentes ao Programa de Estabilidade 2021-2025. Além disso, será ainda conhecida a evolução orçamental das Administrações Públicas em 2020, num ano que foi marcado pela pandemia.

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Finanças não anunciaram mas também enviaram auditoria do Novo Banco à PGR

Há duas semanas, o Ministério das Finanças anunciou ter enviado a auditoria da Deloitte ao Novo Banco ao Parlamento e Tribunal de Contas. Também a Procuradoria-Geral da República recebeu o relatório.

O relatório da auditoria especial da Deloitte ao Novo Banco foi enviado à Assembleia da República, ao Tribunal de Contas e também, não disse o Ministério das Finanças há duas semanas, à Procuradoria-Geral da República (PGR).

“Confirma-se a receção na Procuradoria-Geral da República do relatório da auditoria em referência”, adiantou fonte oficial da PGR numa declaração escrita enviada ao ECO.

De acordo com a mesma fonte, o relatório “será alvo de análise e sequência” no âmbito das competências do Departamento Central de Contencioso do Estado e Interesses Coletivos e Difusos (DCCEICD) e do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP). Isto é, o Ministério Público vai analisar o relatório na defesa dos interesses financeiros do Estado e também no apuramento de eventuais implicações em matéria criminal.

No dia 1 de abril, o Ministério das Finanças anunciou ter enviado o documento ao Parlamento, assim como à comissão de inquérito ao Novo Banco que está em curso, e também ao Tribunal de Contas, “atendendo ao seu conteúdo e à sua eventual relevância para a auditoria em curso”. Mas não fez qualquer referência à PGR, isto apesar de ter enviado (e anunciado o seu envio) o primeiro relatório da auditoria especial da Deloitte, concluído em setembro do ano passado, “considerando as competências constitucionais e legais do Ministério Público”. O ECO contactou as Finanças por mais do que uma vez mas não obteve resposta.

No mesmo dia, o Banco de Portugal referiu que partilhou o relatório ao Banco Central Europeu (BCE) e com os outros dois reguladores financeiros: a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e Autoridade dos Seguros e Fundos de Pensões (ASF).

Entre outros pontos, a Deloitte referiu na auditoria que o Novo Banco (ao abrigo da lei 15/2019 e na sequência da injeção de 1.035 milhões do Fundo de Resolução no ano passado) vendeu carteiras de malparado e de ativos imobiliários ao melhor preço, mas não tinha regras para analisar contrapartes e conflitos de interesse, a qual só veio a criar em junho do ano passado, já depois de ter realizado transações de grandes portefólios.

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Fundo de Resolução pediu ao Novo Banco para analisar suspeitas de gestão danosa por parte dos grandes devedores

Comissão de acompanhamento analisou Nata II e levantou suspeitas de "subtração dolosa" de património pelos grandes devedores. Após venda da carteira, banco deixou de poder ir para tribunal.

O Fundo de Resolução pediu ao Novo Banco para analisar suspeitas de gestão danosa e de outros comportamentos ilícitos por parte dos grandes devedores do banco, isto depois de a comissão de acompanhamento ter dado conta “de perdas enormes” para a instituição causadas por situações de “subtração dolosa de ativos do património do devedor” para dificultar a recuperação dos créditos e de “flagrante má-fé negocial”.

Nesse contexto, o fundo liderado por Máximo dos Santos pediu no ano passado à instituição financeira para avaliar a hipótese de iniciar processos-crime ou ações de responsabilidade contra os autores das condutas que “levaram a tão pesados prejuízos”.

Contudo, como muitos destes créditos considerados “single name” acabaram por ser vendidos em pacote a um fundo internacional no final de 2019, numa operação que deu perdas milionárias que tiveram de ser cobertas pelo Fundo de Resolução, a instituição liderada por António Ramalho perdeu a possibilidade de avançar para o tribunal e de apurar responsabilidades.

Contactado pelo ECO, o banco diz que não “divulga eventuais processos” e acrescenta que “o dever fiduciário do banco é recuperar crédito, que é assunto cível e não criminal”. Salienta ainda que vender o crédito é uma solução de recuperação “mais eficiente” do que a via do tribunal. Também o Fundo de Resolução foi contactado, mas não respondeu até à hora de publicação do artigo.

Comissão de acompanhamento levantou suspeitas

Esta situação vem relatada na auditoria especial da Deloitte ao Novo Banco, cujo relatório anonimizado foi tornado público pelo Parlamento na passada sexta-feira.

Chamada a dar o seu parecer à venda da carteira de malparado Nata II, a comissão responsável por fiscalizar o acordo de capital contingente chamou a atenção para a “existência de casos de perdas enormes para o Novo Banco devidas a situações de gestão danosa, de subtração dolosa de ativos do património do devedor para dificultar qualquer hipótese de recuperação dos créditos, de flagrante má-fé negocial“.

Para estas situações, recomendou a comissão de acompanhamento, na altura presidida por José Rodrigues de Jesus, “no caso de existirem fatores claramente indiciadores de comportamentos ou condutas ilícitas com o propósito de prejudicar o Novo Banco, este deve considerar a hipótese de iniciar processos-crime ou ações de responsabilidade civil contra os autores de tais atos e condutas que levaram a tão pesados prejuízos na instituição”.

Face a isso, a 14 de fevereiro de 2020, o Fundo de Resolução enviou uma carta ao banco solicitando que se “pronunciasse e procedesse à necessária averiguação relativamente a este tema identificado pela comissão de acompanhamento”.

De acordo com a Deloitte, “não foram realizadas comunicações formais de resposta ao Fundo de Resolução”, sendo que o Novo Banco deu seguimento desta matéria com a comissão de acompanhamento, segundo os esclarecimentos prestados à auditora.

O banco informou então que o contrato de compra e venda “não previa a possibilidade de o Novo Banco interpor processos-crime e/ou ações de responsabilidade cível relativos a exposições alienadas na carteira Nata II após o contrato de compra e venda, passando tal decisão para a esfera do comprador”. Além de que os “resultados de processos judiciais sobre exposições incluídas na transação e que estivessem em curso à data da alienação seriam integralmente devidos ao comprador, sendo este um fator ponderado e refletido no valor proposto de compra”, adiantou ainda a instituição.

Seis créditos excluídos

Em causa estava uma carteira de créditos de grandes devedores com fraca qualidade e que acabou por ser alienada ao fundo americano Davidson Kempner no final de 2019 e com um desconto de 90% face ao valor bruto contabilístico (desconto de 35% face ao valor líquido).

O Fundo de Resolução acabou por retirar meia dúzia de créditos por considerar que o comprador ofereceu um preço baixo, pedindo ao Novo Banco que apresentasse estratégias com vista à maximização do valor. Como revelou o ECO na altura, foram retirados os seguintes créditos: Ongoing, Prebuild, Grupo Tiner, Investifundo, Grupo Tricos e Fundo Tavira.

Isto levou à redução do perímetro da carteira para 45 grupos económicos, correspondendo a um valor bruto e um valor líquido contabilístico de 1.454,2 milhões de euros e 241,9 milhões de euros respetivamente. Em termos de valor líquido contabilístico, 96% dos grupos económicos correspondem a exposições cuja data de entrada em balanço do BES/Novo Banco é anterior à resolução de agosto de 2014.

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Ativos tóxicos do Novo Banco cobertos pelo FdR deram juros de 100 milhões

Ativos problemáticos do Novo Banco, que estão no perímetro do acordo de capital contingente, geraram juros de 101 milhões, que serviram para abater ao montante coberto pelo Fundo de Resolução.

Os ativos problemáticos do Novo Banco que estão no perímetro do acordo de capital contingente (CCA) geraram, em 2019, proveitos com juros no valor de 101 milhões de euros, que serviram para abater ao montante coberto pelo Fundo de Resolução, segundo o relatório de auditoria especial da Deloitte.

“De acordo com as informações disponibilizadas pelo Novo Banco, o valor acumulado líquido dos juros gerados pelas operações de crédito abrangidas pelo CCA entre 1 de julho de 2016 e 31 de dezembro de 2019 ascendeu a 464 milhões de euros, dos quais 101 milhões de euros gerados em 2019“, revela a auditoria que foi tornada pública na sexta-feira pelo Parlamento numa versão rasurada.

“De referir que, nos termos do CCA, os juros recebidos pelo Novo Banco são deduzidos no cálculo do valor de referência dos ativos relevante para a determinação do montante coberto pelo mecanismo“, acrescenta a auditoria.

A Deloitte refere ainda que os juros recebidos nestes ativos problemáticos “são igualmente contabilizados para o cálculo que, nos termos do CCA, será feito na maturidade do contrato e que prevê uma potencial devolução ao Fundo de Resolução da diferença, se positiva, entre esses juros ao longo da execução do contrato e as perdas líquidas não utilizadas“.

Por outro lado, em relação a estes mesmos ativos do CCA, que totalizavam os 2,3 mil milhões de euros no final de 2019, quando os juros não são liquidados pelos devedores, eles são acrescidos ao seu valor líquido contabilístico dos créditos.

“Como tal, poderão ser sujeitos ao registo de imparidade que por sua vez será considerado no apuramento das perdas líquidas geradas no âmbito do CCA”, considera a Deloitte.

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