Depois de reforçar na EDP, fundo de pensões do Canadá entra na corrida ao malparado do Montepio
O Canada Pension Plan Investment Board foi um dos investidores que apresentou proposta firme para comprar uma carteira de crédito de 260 milhões do Banco Montepio.
O fundo de pensões do Canadá acabou que reforçar na EDP, onde já tem uma posição de 5% avaliada em mais de 900 milhões de euros, mas quer investir mais dinheiro em Portugal. É um dos investidores que estão na corrida para comprar uma carteira de crédito malparado de 260 milhões do Banco Montepio, segundo as informações recolhidas pelo ECO.
Os interessados no chamado “Projeto Gerês” tiveram de submeter as ofertas vinculativas até esta quarta-feira. Fontes do mercado adiantaram ao ECO que o Canada Pension Plan Investment Board (CPPIB), um fundo de 500 mil milhões de dólares, apresentou uma binding offer, mas tem concorrência de pelo menos mais dois investidores: a Arrow e a Tilden.
O “Projeto Gerês” contempla uma carteira de crédito em incumprimento granular. Chegou ao mercado no final de outubro e está a caminho da reta final. A operação de venda está a ser gerida pela KPMG. O montante de 260 milhões diz respeito ao valor dos créditos em termos brutos, isto é, não inclui as imparidades registadas pelo banco para este conjunto de contratos de empréstimos.
O Banco Montepio tem sido pressionado pelo Banco de Portugal para resolver o seu problema com ativos problemáticos. Banco e o seu acionista, a Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG), estão a estudar a viabilidade de uma operação de grande envergadura que visa retirar uma carteira de mais de mil milhões de euros em malparado e imobiliário para um veículo especializado.
O presidente da mutualista, Virgílio Lima, afirmou em entrevista ao ECO que espera que a operação seja concretizada pois permitiria “uma recapitalização implícita do banco”, diminuindo as fragilidades da instituição financeira. Adiantou ainda que muitos investidores estão a olhar para a transação.
O Banco Montepio chegou a setembro com um rácio NPE (non performing exposures) de 9,3%, um dos mais elevados do sistema nacional, onde a média se encontra abaixo dos 5%. Por causa disso tem sido alvo de reparos da parte das agências de rating.
Contactado pelo ECO sobre a venda do “Projeto Gerês”, o banco não quis fazer qualquer comentário.
Esta semana, o banco anunciou uma operação de venda de 40 mil contratos de crédito ao consumo performing no valor bruto de 360 milhões de euros, através de uma operação de titularização de créditos colocada junto de investidores internacionais. Esta operação, que envolveu a participada Montepio Crédito, permitirá reduzir o volume de ativos ponderados pelo risco em cerca de 265 milhões de euros e reforçar os rácios de capital.
O Banco Montepio registou um prejuízo de 14,2 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, com o resultado a ser sobretudo penalizado pelos custos com a reestruturação em curso.
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