Novas regras para pandemia publicadas em DR não alteram apoios sociais

  • Lusa
  • 29 Setembro 2021

Novas regras para o combate à pandemia foram publicadas em Diário da República esta quarta-feira. Decreto-lei que não altera, para já, quaisquer apoios sociais em vigor.

As novas regras para o combate à pandemia foram publicadas em Diário da República esta quarta-feira, num decreto-lei que não altera, para já, quaisquer apoios sociais em vigor e que revoga legislação específica para a covid-19 já obsoleta.

O diploma que altera as medidas excecionais e temporárias relativas à pandemia da doença covid-19, promulgado na terça-feira pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e hoje publicado em Diário da República, contempla as medidas já anunciadas em Conselho de Ministros na passada semana para vigorar a partir de 01 de outubro, como o uso obrigatório de máscara em espaços fechados e transportes públicos.

Em declarações à Lusa, o secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, André Moz Caldas, sublinhou que nesta fase em que se começa a rever a legislação em vigor relativa à gestão da pandemia se optou por ainda não fazer alterações relativamente aos apoios sociais em vigor.

“Definimos aqui um conjunto de prioridades do ponto de vista da limpeza deste ordenamento jurídico. Uma primeira opção é não mexer em regras relativas a apoios. Essa matéria será, obviamente, revisitada noutro momento. Neste momento todas as matérias referentes a apoios mantêm-se tal como estavam em vigor até aqui”, disse.

"Definimos aqui um conjunto de prioridades do ponto de vista da limpeza deste ordenamento jurídico. Uma primeira opção é não mexer em regras relativas a apoios. Essa matéria será, obviamente, revisitada noutro momento. Neste momento todas as matérias referentes a apoios mantêm-se tal como estavam em vigor até aqu.”

André Moz Caldas

Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros

Entre as novidades do diploma está, por exemplo, a prorrogação do direito ao subsídio de doença em caso de contrair covid-19 até 31 de dezembro, uma medida que vigorava apenas até ao final de setembro.

Mas estabelece-se também que pessoas imunossuprimidas ou com filhos ou dependentes a cargo com deficiência ou doenças crónicas têm direito a estar em teletrabalho, sempre que aplicável, sem que para isso seja necessário acordo com o empregador.

Os doentes imunossuprimidos que precisem de uma terceira dose da vacina contra a covid-19 podem ainda justificar faltas ao trabalho desde que apresentem atestado médico e que não possam estar em teletrabalho ou desempenhar funções de qualquer outra forma.

Elencam-se ainda as situações em que a máscara ou viseira é de uso obrigatório, como espaços comerciais, incluindo centros comerciais, com área superior a 400m2, as Lojas do Cidadão, as escolas, exceto nos recreios, salas de espetáculos e eventos, recintos desportivos, estabelecimentos de saúde, lares de idosos ou para pessoas com deficiência, unidades de cuidados integrados, transportes públicos, incluindo táxis e TVDE e outras situações em que o uso seja determinado pela Direção-Geral da Saúde (DGS).

No caso dos locais de trabalho, a obrigatoriedade do uso pode ser decidida pelas empresas e nas escolas o uso é obrigatório em espaços fechados a partir dos 10 anos ou a partir do 2.º ciclo de escolaridade independentemente da idade.

Nos bares e restaurantes, os trabalhadores têm que usar máscara, assim como em qualquer estabelecimento comercial em que haja contacto físico com clientes, isentando-se do uso apenas nos casos em que pela natureza da atividade se torne impraticável.

O diploma oficializa também a decisão de abrir as Lojas do Cidadão e o Departamento de Identificação Civil- Balcão Lisboa-Campus de Justiça aos sábados, entre as 0h00 e as 22h00, de forma ininterrupta, até ao final do ano, para “todos os atendimentos” ou apenas para “fazer face à pendência acumulada”.

Sobre testes de despiste à covid-19 nas respostas sociais, determina-se que “constitui despesa do subsistema de ação social, independentemente da natureza jurídica das instituições destinatárias, a que for realizada pelo Instituto da Segurança Social, I. P., até 31 de dezembro de 2021, com a aquisição de serviços de realização de testes de diagnóstico de SARS-CoV-2, a efetuar, nos termos das normas da Direção-Geral da Saúde, aos trabalhadores afetos às às respostas sociais de apoio a pessoas idosas, a pessoas com deficiência e à infância”.

Há ainda determinações relativas a apoios específicos do setor do desporto, no âmbito da medida Reativar Desporto, e outras relativas ao processo de reutilização de manuais escolares no presente ano letivo e distribuição gratuita de manuais novos aos alunos do 1.º ciclo, “ficando dispensada a devolução, por não reutilização, dos manuais distribuídos para este ciclo no ano letivo anterior”.

O decreto-lei hoje publicado, que pretende ser “uma espécie de programa Revoga+” da legislação específica da covid-19 já obsoleta, não revoga ainda o diploma com as regras para acesso às praias e aproveita para acrescentar normas que determinam a obrigatoriedade de manter uma distância física de um metro e meio em todas as zonas de circulação e acesso até ao final da época balnear.

André Moz Caldas explicou à Lusa que o que é revogado são diplomas com vigência ultrapassada, regimes excecionais de funcionamento, como os criados para a administração pública ou apenas algumas normas como aquela que mantinha bares e discotecas encerrados desde o início da pandemia e que agora voltam a ter autorização para abrir.

A título de exemplo das revogações que constam deste decreto-lei, o secretário de Estado referiu o diploma que atribuía prioridade no acesso à internet durante os períodos de confinamento a todas as entidades públicas necessárias à gestão e combate à pandemia, como o Serviço Nacional de Saúde, a Proteção Civil ou as Forças Armadas.

Com a normalização da atividade e o progressivo abandono do teletrabalho, assim como o regresso das crianças às escolas, este diploma deixou de fazer sentido.

“Limpamos do ordenamento jurídico tudo o que não é necessário e que estimamos que não volte a ser necessário”, disse André Moz Caldas.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Nomad Homes capta 20 milhões para acelerar expansão. Quer entrar em Portugal

Um dos objetivos da startup tecnológica é utilizar o financiamento para acelerar a sua expansão na Europa, nomeadamente para Portugal.

A Nomad Homes acaba de concluir uma ronda de financiamento Série A no valor de 20 milhões de dólares (mais de 17 milhões de euros). A ronda de investimento foi liderada pelo 01 Advisors e pela The Spruce House Partnership. Um dos objetivos da startup tecnológica é utilizar o financiamento para acelerar a sua expansão, nomeadamente em Portugal.

“A Nomad Homes desenvolveu uma plataforma incrível que está a moldar o futuro do mercado imobiliário na região EMEA. O que a equipa está a construir é o acréscimo da liquidez do mercado e a simplificação da experiência do consumidor. Temos vindo a investir em empresas transformadoras semelhantes nos EUA e estamos entusiasmados com a parceria com estes fundadores e com toda a equipa à medida que fazem a sua expansão”, afirma Dick Costolo, managing partner da 01 Advisors, em comunicado.

Fundada por três amigos, Helen Chen, Dan Piehler e Damien Drap, a Nomad combina tecnologia com especialistas locais em serviço ao cliente para proporcionar aos compradores a confiança necessária para comprarem a sua melhor casa, resultando no processo de compra de casa mais simples e personalizado, desde a pesquisa até ao financiamento e assinatura do contrato.

“A compra e a venda de imóveis residenciais é especialmente difícil em toda a região EMEA, onde não existem Serviços de Listagem Múltipla (MLS). Apesar dos imóveis representarem mais de US $20 biliões na região, o mercado ainda está repleto de listagens falsas e duplicadas e sem informação de preço para se perceber o verdadeiro valor de uma casa. O processo de compra de uma casa permanece offline e sem agentes do lado da compra, deixando os potenciais compradores sem representação ou apoio no que provavelmente será o maior ativo financeiro do consumidor”, detalha a startup.

“Estabelecemos a missão de simplificar a decisão pessoal e financeira mais importante da sua vida. Acreditamos que a combinação de tecnologia e uma experiência do consumidor personalizada capacita os nossos clientes para a compra da sua casa com extrema confiança. Grande parte desta confiança vem do MLS (Serviços de Listagem Múltipla) que a Nomad está a criar, que proporciona aos compradores de imóveis os dados e a transparência para tomarem essa decisão de forma consciente e segura. Somos como uma Zillow transacional, mas na região EMEA”, explica Helen Chen, CEO da Nomad.

Atualmente, a Nomad Homes opera em Paris e no Dubai e irá usar o novo financiamento para acelerar a sua expansão em toda a região EMEA, especificamente no sul da Europa, incluindo Portugal e Espanha. A empresa irá também continuar a investir na sua tecnologia e na oferta de produtos e de serviços adicionais.

“Estamos entusiasmados com a parceria com a Nomad Homes. Vimos, em primeira mão, a oportunidade de digitalizar outras grandes indústrias offline e acreditamos que existe a mesma oportunidade no setor imobiliário residencial. Conhecemos a Helen há anos e estamos confiantes de que a Nomad é a melhor equipa para aproveitar esta oportunidade em toda a região EMEA”, finaliza Zachary Sternberg, general partner da The Spruce House Partnership.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Antigo acionista chinês da TAP propõe plano para liquidar 40% da sua dívida

  • Lusa
  • 29 Setembro 2021

Um administrador pediu a um tribunal para confirmar que a empresa é obrigada a pagar 21 mil milhões de euros ou cerca de 40% dos 52 mil milhões), reclamados por 4.915 credores.

O conglomerado chinês HNA Group, antigo acionista da TAP, propôs esta quarta-feira um plano para liquidar 40% do equivalente a 52 mil milhões de euros em títulos de dívida vendidos a milhares de credores.

A HNA, cujo principal negócio é o setor da aviação, alertou em comunicado que enfrenta possível liquidação devido à “má gestão e desordem nos investimentos”.

Na sexta-feira, o grupo disse que o seu presidente, Chen Feng, e o diretor-executivo, Tan Xiangdong, foram detidos pela polícia por “suspeita de crime”, sem avançar com mais detalhes.

A empresa, que opera a Hainan Airlines e outras companhias aéreas, comprou hotéis, uma participação no banco alemão Deutschebank AG e outros ativos no exterior, a partir de 2014, financiados por empréstimos bancários e vendas de títulos de dívida.

Esta enfrentava já dificuldades financeiras, até que a paralisação das viagens a nível global, no ano passado, devido à pandemia de Covid-19, devastou o seu negócio de aviação.

O governo da província de Hainan, no sul do país, assumiu o controlo, em fevereiro de 2020.

O plano de reembolso, divulgado pela subsidiária de capital aberto Hainan Airlines Holding Co., refere que um administrador pediu a um tribunal para confirmar que a empresa é obrigada a pagar 161,2 mil milhões de yuans (21 mil milhões de euros), ou cerca de 40% dos 397,2 mil milhões de yuans (52 mil milhões de euros), reclamados por 4.915 credores.

Os credores receberiam ações da Hainan Airlines e não mais do que 100.000 yuans (cerca de 13.300 euros), em dinheiro, para liquidar um terço da dívida, segundo o plano.

O HNA Group e empresas relacionadas vão ser responsáveis por liquidar dois terços da restante dívida.

O grupo vendeu vários dos seus ativos, nos últimos dois anos, incluindo a participação que detinha na TAP, através da Atlantic Gateway, num negócio avaliado em 48,6 milhões de euros.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

BCP vai pagar juro acima de 2% na emissão de dívida sustentável. Procura supera os 850 milhões

Procura por dívida sustentável do BCP já superou os 850 milhões de euros. Indicações iniciais apontam para uma taxa de juro acima de 2% que o banco terá de pagar pela emissão.

O BCP BCP 0,00% deverá pagar uma taxa de juro acima de 2% na emissão de dívida sustentável que já recebeu ordens de compra acima dos 850 milhões de euros, de acordo com o site de informação financeira IFR.

A operação ficará fechada ainda esta quarta-feira, ou seja, ainda hoje o banco liderado por Miguel Maya dará os detalhes finais desta emissão de títulos sociais e verdes (ESG), designadamente o montante do financiamento e a taxa de juro final.

Segundo o IFR, a emissão contará com uma taxa superior a 200 pontos base acima da taxa midswap do euro, que está entre os -0,04% (7 anos) e -0,11% (6 anos).

Para já sabe-se que as obrigações têm o prazo de 6,5 anos, com maturidade em abril de 2028, mas o BCP fica com a opção de recompra antecipada dos títulos no final dos 5,5 anos, em abril de 2027. Os fundos obtidos com esta emissão vão ajudar o banco a financiar projetos sociais (recuperação da Covid-19, microcrédito, PME de regiões desfavorecidas) e amigos do ambiente (eficiência energética, mobilidade sustentável, economia circular ou gestão sustentável de recursos hídricos e resíduos).

O banco sondou o apetite do mercado na segunda-feira, num roadshow realizado nas praças europeias e que contou com a ajuda de seis bancos de investimento: Barclays, Credit Agricole, JPMorgan, Millennium BCP, Natixis e Unicredit. Os títulos sustentáveis vão contar um rating de Ba1, BB e BBBL pela Moody’s, Fitch e DBRS, respetivamente.

O BCP é o segundo banco português a avançar com uma emissão de dívida sustentável, depois de a Caixa Geral de Depósitos (CGD) ter conseguido a taxa mais baixa de sempre (0,375%) ao levantar 500 milhões de euros em obrigações sustentáveis a seis anos.

(Notícia atualizada às 11h49 com mais informação)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Fuga de Rendeiro. Conselho Superior da Magistratura diz que juízes não obedecem a “ordens”

Conselho Superior da Magistratura envia ao ECO as conclusões das averiguações feitas por João Paulo Batalha e Paulo Morais, relativa à demora de entrada do condenado para cumprir pena.

O Conselho Superior da Magistratura (CSM) – órgão que disciplina e fiscaliza os magistrados judiciais — encontra-se em silêncio desde que foi conhecida a fuga de João Rendeiro para fora da Europa, depois de mais uma condenação (a terceira) a prisão efetiva.

Porém, questionado pelo ECO, o CSM enviou as conclusões tiradas a 9 de setembro relativo à demora do cumprimento da pena por parte do ex-banqueiro.

O ECO já tinha questionado — duas antes do aviso de fuga do ex-líder do BPP — sobre os elementos que teriam sido analisados a propósito da demora da prisão de João Rendeiro, condenado a penas de 10, cinco e três anos de prisão efetiva. Uma delas (a de cinco anos e oito meses de prisão efetiva por falsidade informática e falsificação de documento), já transitada em julgado.

Isto porque a 24 de agosto, o CSM garantia que iria reunir informação” sobre o processo e a alegada demora no cumprimento da pena condenatória do ex-banqueiro João Rendeiro, após um pedido de João Paulo Batalha e Paulo Morais.

E o que o CSM faz agora — já com João Rendeiro em parte incerta — é divulgar ao ECO as conclusões desse pedido. “O CSM pode apenas fiscalizar se os juízes nos processos cumprem os deveres funcionais, designadamente o dever de diligência, nunca podendo dar ordens ou instruções aos juízes quanto às questões a julgar e decidir mas também quanto à marcha e gestão do processo”. Frisando ainda que os magistrados judiciais são “independentes”.

Na altura, o gabinete de imprensa do CSM adiantou que o requerimento do ex-presidente da Transparência e Integridade João Paulo Batalha e do ex-autarca, professor e antigo candidato presidencial Paulo Morais sobre o processo e a alegada demora no cumprimento da condenação imposta ao antigo banqueiro do BPP João Redeiro “já deu entrada” naquele órgão de gestão, administração e disciplina dos juízes.

Os dois signatários pediam ao órgão da magistratura judicial “um esclarecimento público urgente, cabal e definitivo” sobre o processo de cumprimento da pena condenatória aplicada a João Rendeiro, por se tratar de “matéria tão inquietante”.

O requerimento sublinhava que “é do conhecimento geral que o cidadão João Rendeiro, figura pública, ex-banqueiro (do BPP), foi condenado pelo Tribunal da Relação de Lisboa, em julho de 2020, a cinco anos e oito meses de prisão efetiva, por crimes de falsificação de documentos e falsidade informática” e que “à época, a comunicação social divulgou profusamente esta informação, tendo mesmo inculcado na opinião pública a ideia (errónea, mas generalizada) de que João Rendeiro viria a ser detido em breve, em 2020”.

Ainda nesse pedido, é dito que “a não detenção de João Rendeiro “provoca mesmo justificado alarme social”, sobretudo quando comparada com a celeridade com que são aplicadas sentenças em processos penais que não envolvem condenados com “a visibilidade mediática e o capital social de João Rendeiro”.

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Continente considera os colaboradores Heróis com uma missão

Sonae MC chamou os colaboradores a dar a cara e o exemplo na mais recente ação de responsabilidade social do retalhista dono do Continente. Heróis Missão Continente arranca a 1 de outubro.

A Sonae MC considera que os colaboradores da dona do Continente são “heróis” com uma missão e chamou-os a dar a cara pela mais recente ação de responsabilidade social da retalhista alimentar. “Acreditamos que ao partilharmos estas histórias, dos nossos Heróis, vamos inspirar outras a participar de uma forma mais ativa nas suas comunidades e na proteção do planeta”, adianta Nádia Reis, diretora de comunicação e responsabilidade social do Continente, à Pessoas.

“Aos nossos olhos, os colaboradores da Sonae MC já são verdadeiros heróis: distribuem os seus superpoderes entre a família, o trabalho e são os primeiros a aderir e a apoiar as causas da Missão Continente. Algumas das histórias de ligação destes nossos colaboradores à Missão Continente serão partilhadas no site missao.continente.pt ao longo das próximas semanas, pois queremos celebrar e homenagear o seu espírito solidário”, explica Nádia Reis

O projeto Heróis Missão Continente — cuja plataforma fica disponível a partir de 1 de outubro — conta com “testemunhos de colaboradores da Sonae MC, que se disponibilizaram a partilhar iniciativas solidárias que já faziam parte do seu dia-a-dia, e que assim mostram como podemos apoiar o próximo”, diz a responsável da retalhista. Testemunhos que, inspirados no modelo de grass roots, procuram mobilizar “as pessoas a replicar ações da Missão Continente na sua comunidade local com o objetivo de gerar participação e envolvimento e promover a proximidade entre os membros de cada freguesia, vila, bairro, etc.”

“A ideia base desta iniciativa é que, por vezes, basta realizar pequenas boas ações para se conseguir fazer uma grande diferença na vida dos que nos rodeiam. E se conseguirmos influenciar positivamente outros a também contribuírem com pequenos gestos, criaremos um efeito dominó e uma onda de mudança positiva e solidária entre todos”, reforça Nádia Reis.

Os testemunhos dos colaboradores são, assim, a chama inicial. “O contributo destes colaboradores é essencial para mostrar o caminho aos Heróis do futuro. Acreditamos que ao partilharmos estas histórias, dos nossos Heróis, vamos inspirar outras a participar de uma forma mais ativa nas suas comunidades e na proteção do planeta”, diz.

Heróis com uma missão

“Queremos plantar sementes de espírito solidário nas comunidades, mas também dar visibilidade aos muitos heróis anónimos que já existem pelo país, que não só merecem esse reconhecimento, mas também porque as suas ações poderão inspirar e motivar novos heróis”, argumenta.

A ideia base desta iniciativa é que, por vezes, basta realizar pequenas boas ações para se conseguir fazer uma grande diferença na vida dos que nos rodeiam. E se conseguirmos influenciar positivamente outros a também contribuírem com pequenos gestos, criaremos um efeito dominó e uma onda de mudança positiva e solidária entre todos.

Nádia Reis

As missões que os ‘heróis’ irão desempenhar estão relacionadas com os três eixos de atuação da Missão Continente: alimentação, pessoas e planeta. “Cada participante poderá acompanhar as missões propostas, selecionar as que quer completar e assim tornar-se um verdadeiro herói. Cozinhar refeições saudáveis para a família, ajudar vizinhos em situações mais vulneráveis, partilhar excedentes alimentares e reduzir o desperdício, são alguns dos exemplos de missões a desempenhar”, exemplifica.

À medida que vão completando as missões propostas, os ‘heróis’ vão recebendo crachás comemorativos que assinalam o seu esforço. Ao concluírem certas missões mais desafiantes, podem inclusive ganhar prémios reais.

Missões e cultura corporativa

Esta é uma das iniciativas que a Missão Continente tem realizado envolvendo os colaboradores da Sonae MC, reforçando a cultura corporativa. Cada colaborador, defende Nádia Reis, é o principal embaixador deste projeto de responsabilidade social da companhia.

“A Missão Continente somos todos nós, todos os dias. Ajudando positivamente a transformar o dia a dia das comunidades, sensibilizando e mobilizando para fazer as melhores escolhas, estando junto dos que mais precisam nos momentos difíceis e respeitando a alimentação, as pessoas e o planeta”, considera. E exemplifica. “Combatemos o desperdício alimentar todos os dias em conjunto. As áreas sociais das lojas e entrepostos disponibilizam produtos alimentares excedentes aos colaboradores, que os poderão consumir durante o horário laboral. Assim, evitamos o desperdício de alimentos em boas condições para consumo, permitindo ainda a poupança de custos aos nossos colaboradores”, diz.

A Escola Missão Continente, que inicia agora a sua 6ª edição, é outro exemplo. “Uma das atividades anuais que proporcionamos às turmas participantes é a organização de uma aula diferente, dedicada a conteúdos sobre alimentação saudável e consumo consciente, ministrada por um colaborador da Sonae MC (que recebe uma formação de preparação). Todos os anos convidamos os nossos colegas da Sonae MC a juntarem-se como embaixadores da Escola Missão Continente, ministrando estas aulas diferentes e tão divertidas, por escolas de todo o país”, refere.

A ação arranca numa altura em que no concorrente Pingo Doce avançam as votações para o programa Bairro Feliz nas mais de 2.000 candidaturas, que mobilizaram perto de 500 grupos de vizinhos e 1.500 instituições, para ações que visem a melhoria do bairro ou apoiar um projeto da comunidade da área ambiental à alimentar. Os moradores votam — têm acesso a uma Moeda Bairro Feliz por cada compra igual ou superior a 10 euros — e a cadeia apoia a causa mais votadas pela comunidade de cada bairro com até mil euros.

Nádia Reis traça as diferenças entre os projetos. “Os Heróis Missão Continente são pessoas que, através de pequenos gestos e praticando boas ações, conseguem gerar um impacto positivo na sua vida e na dos outros, além de deixar uma pegada positiva no planeta. Esta iniciativa não envolve instituições de nenhuma espécie, não requer contributos individuais através de compras em loja, não pressupõe a premiação e/ou reconhecimento de uma causa em detrimento de outra“, diz.

“Damos a cada pessoa o poder de inspirar os outros ao seu próprio ritmo e vontade, através das ações que considerem pertinentes, consoante a sua realidade e possibilidades, sem etapas ou processos formais a cumprir. O que desejamos é que, simplesmente, sejam ativos na sua comunidade local (no seu prédio, no seu bairro, na sua família, no trabalho, na escola dos filhos, entre outros). Em troca, parabenizamos a sua atitude positiva e contributo, com uma presença destacada na plataforma e, ocasionalmente, prémios”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Taxa de desemprego volta a cair e fixa-se em 6,4%

O desemprego voltou a cair. Em agosto, a taxa fixou-se em 6,4%%, menos 0,2 pontos percentuais do que no mês anterior.

A taxa de desemprego baixou para os 6,4%, em agosto. Recuou 0,2 pontos percentuais (p.p.) face ao mês anterior, de acordo com os dados divulgados, esta quarta-feira, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Também em comparação com o mesmo período de 2020, verificou-se uma quebra.

“A taxa de desemprego foi 6,4%, valor inferior em 0,2 p.p. ao do mês anterior, em 0,6 p.p. ao de maio de 2021 e em 1,8 p.p. ao de agosto de 2020″, diz o INE, adiantando que a “população desempregada, estimada em 325,9 mil pessoas, diminuiu 4,1% (13,9 mil) em relação ao mês anterior, 9,9% (35,7 mil) relativamente a três meses antes e 20,9% (86,3 mil) por comparação com o período homólogo de 2020″.

Apesar da quebra no número de pessoas desempregadas, o número das que têm emprego “correspondeu a 4.798,9 mil pessoas, uma diminuição de “0,6% (27,8 mil) em relação ao mês precedente“. Contudo, “aumentou 0,5% (21,9 mil) relativamente a três meses antes e 3,8% (176,7 mil) comparativamente a um ano antes”.

Segundo o INE, a “taxa de emprego situou-se em 62,5%, tendo diminuído 0,4 p.p. em relação ao mês anterior e aumentado 0,3 p.p. relativamente a maio de 2021 e 2,2 p.p. por comparação com agosto de 2020”.

Relativamente à subutilização do trabalho, esta “situou-se em 667,8 mil pessoas” no mês de agosto, o que corresponde a um decréscimo de 1,1% (7,2 mil) em relação a julho de 2021, de 1,6% (10,8 mil) relativamente a maio de 2021 e de 18,0% (146,2 mil) por comparação com agosto de 2020.

“Por seu lado, a taxa de subutilização do trabalho, estimada em 12,6%, manteve-se inalterada relativamente ao mês anterior e diminuiu em relação a três meses antes (0,2 pp) e a um ano antes (2,9 p.p.)”, nota o INE.

Em julho de 2021, mês em que a taxa de desemprego foi de 6,6%, “a subutilização do trabalho abrangeu 675,0 mil pessoas”. Neste mês, e em relação ao mês anterior, “a população ativa aumentou (10,8 mil) e a população inativa diminuiu (9,2 mil)”, remata o gabinete de estatísticas.

(Notícia atualizada às 11h15 com mais informação)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Economia, Confiança, Sociedade e Cibersegurança

  • ECO + EY
  • 29 Setembro 2021

Paulo Rosado, Senior Manager EY, Cybersecurity, Consulting Services, explica que para existir confiança, empresas e reguladores precisam de elevar a cibersegurança a outro patamar.

Para atrair investimento e incentivar a transformação digital nas empresas, é preciso confiança nos serviços prestados, mas os números e os casos mais recentes mostram que ainda há um longo caminho a percorrer.

Se por um lado a pandemia teve e continua a ter um impacto negativo na forma como vivemos e interagimos hoje, por outro, foi o grande catalisador de uma transformação digital que provavelmente de outra forma não iria acontecer de forma tão rapidamente nas organizações.

Numa altura em que se prevê que 65% do PIB global das nações em 2022 (fonte IDC) seja composto por empresas que prestam serviços digitais, é fundamental que estas garantam a segurança dos seus produtos, melhorem os seus processos internos para a gestão dos ciber-riscos de forma a criar uma relação forte de confiança com os seus clientes. A adoção do teletrabalho e a migração rápida de alguns serviços para a cloud, fez com que por vezes não se avaliassem bem os riscos e fossem tomadas as precauções devidas.

"A tendência e perceção do aumento do número de incidentes de cibersegurança diz-nos que as entidades públicas e privadas têm de continuar a investir na segurança e resiliência dos serviços prestados, de forma a não causar disrupções inesperadas que levem à quebra da confiança dos utilizadores nos seus produtos.”

Paulo Rosado

Senior Manager EY, Cybersecurity, Consulting Services

De acordo com o Relatório Anual de Segurança Interna1 (RASI) de 2020, observou-se um considerável aumento do número de incidentes de cibersegurança influenciados de acordo com a publicação pela pandemia por COVID-19 e dos respetivos e sucessivos estados de emergência. No novo relatório de Riscos & Conflitos 2021 emitido pelo Centro Nacional de Cibersegurança indica que os “Cibercriminosos e os Agentes Estatais foram os agentes de ameaças mais ativos no ciberespaço de interesse nacional durante 2020”.

A tendência e perceção do aumento do número de incidentes de cibersegurança diz-nos que as entidades públicas e privadas têm de continuar a investir na segurança e resiliência dos serviços prestados, de forma a não causar disrupções inesperadas que levem à quebra da confiança dos utilizadores nos seus produtos.

A criação e e manutenção desta confiança traduz-se depois numa maior adoção dos serviços digitais a longo prazo com impactos diretos na economia através do fomento do desenvolvimento tecnológico, criação de novos modelos de negócio e aproximação entre as pessoas e organizações. Hoje é inegável o impacto positivo que alguns serviços têm no nosso dia-a-dia, desde as prescrições digitais de medicamentos à entrega online do IRS.

"Portugal criou a Carta Portuguesa de Direitos Humanos na Era Digital 5 (Lei n.º 27/2021 de 17 de maio) que consagra no seu Artigo 15.º o Direito à cibersegurança, algo inovador na nossa legislação.”

Paulo Rosado

Senior Manager EY, Cybersecurity, Consulting Services

Esta visão sobre a confiança nos serviços alinha-se com os pontos em agenda das organizações que têm metas definidas para a sustentabilidade e que integram os critérios Ambiental, Social e de Governança em todas as suas decisões estratégicas ao longo da sua cadeia de valor, onde claramente a cibersegurança tem uma importância de relevo nos processos de gestão do risco, diferenciação e fidelização de clientes.

Alinhado com as iniciativas de cibersegurança que a União Europeia está a desenvolver através da ENISA, dentro do seu programa de Estratégia Digital, Portugal criou a Carta Portuguesa de Direitos Humanos na Era Digital 5 (Lei n.º 27/2021 de 17 de maio) que consagra no seu Artigo 15.º o Direito à cibersegurança, algo inovador na nossa legislação.

Se chegados até aqui conseguimos compreender no papel a importância do tema da cibersegurança enquanto pilar essencial no futuro da economia e sociedade, é necessário que as instituições e entidades reguladoras sejam depois capacitadas para acompanhar e monitorizar o cumprimento dos objetivos traçados e façam cumprir a lei e regulamentos. Da análise ao relatório de atividade 2019-2020 da CNPD, facilmente compreendemos que não há capacidade instalada para monitorizar no terreno o cumprimento do Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados. Em 2020, por exemplo, foi aplicada uma única coima por infração do RGPD, enquanto em período homólogo a congénere espanhola AEPD aplicou 134. Estes sinais de falta de resposta ou de confiança nas instituições, como no caso do tratamento de dados pessoais do processo CENSOS 2021 ou da transferência ilegal de dados do município de Lisboa, minam depois a confiança da sociedade nos serviços digitais prestados.

Existe e sente-se a vontade de querer inovar e de trazer a cibersegurança para outro patamar, seja nos serviços públicos ou privados, mas tem de haver um modelo de governança forte que faça doutrina e que seja aplicado e adotado por todos sem exceção. Que esse caminho comece nestes meses que faltam até ao fim do ano!

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Ministério Público acusa Ivo Rosa de “distorcer” a acusação na Operação Marquês

Recurso do MP relativo à instrução de Ivo Rosa já está na Relação de Lisboa. São quase duas mil páginas em que Rosário Teixeira pede que os arguidos sejam julgados pelos crimes acusados em inquérito.

O Ministério Público acusa Ivo Rosa de “menosprezar” a acusação feita em fase de inquérito e de não compreender “o trabalho de recolha de prova”. Mais: acusa Ivo Rosa de forçar lacunas na tese da acusação e de distorcer o trabalho do DCIAP no processo Operação Marquês.

O tom crítico acompanha as quase duas mil páginas de recurso, a que o ECO teve acesso, em resposta à não pronúncia de Ivo Rosa da maioria dos crimes e dos arguidos. “A pronúncia manifesta uma preocupação principal em forçar a existência de lacunas e contradições na acusação e de encontrar pretensas omissões de diligências em inquérito”.

O recurso do MP face à decisão instrutória de Ivo Rosa — divulgada a 9 de abril — já foi entregue. Agora cabe ao Tribunal da Relação que aprecie esse recurso. Se der razão ao procurador Rosário Teixeira, os julgamentos de Salgado (cujo julgamento está a decorrer), o de Sócrates (ainda não marcado) e ainda a condenação de Armando Vara poderão ficar sem efeito. E toda a instrução idem.

MP insiste que Santos Silva foi “personagem tampão” em corrupção com Sócrates

O Ministério Público insiste que o empresário Carlos Santos Silva foi um “personagem tampão” no esquema de corrupção que envolveu o antigo primeiro-ministro José Sócrates.

Segundo o recurso, a que a agência Lusa teve hoje acesso, e que será analisado pelo Tribunal da Relação de Lisboa, foi através de personagens de proteção que foram recebidos os pagamentos das vantagens indevidas, tendo sido identificados planos para fazer circular fundos e para os fazer chegar, “de forma oculta ou justificada diretamente ou diluída no pagamento de despesas” à José Sócrates.

O MP pretende reverter a decisão instrutória e quer levar Sócrates, Carlos Santos Silva e a maioria dos restantes arguidos por crimes que não constam da pronúncia, após terem sido desconsiderados pelo juiz.

Além de Carlos Santos Silva, o MP aponta também como personagens de proteção do ex-primeiro-ministro o seu primo José Pinto de Sousa, considerando que estes terão servido para “diluir, esconder, justificar e até distribuir”, a obtenção de vantagens ilícitas através de contratos e negócios forjados, mas com a aparência de conduta comercial e pessoal normal daquele empresário.

Ao invés do entendimento do juiz, os procuradores consideram que a subserviência de Carlos Santos Silva a Sócrates leva a que o primeiro seja utilizado para o recebimento de montantes, correspondentes a vantagens indevidas, sem que o mesmo tenha qualquer tipo de proximidade com corruptor ativo, “como acontece” quanto ao arguido Ricardo Salgado e ao GES [Grupo Espírito Santo].

“O arguido Carlos Santos Silva não se encontra assim, do lado ativo da corrupção, como se evidencia claramente nos casos das vantagens pagas com origem no Grupo Vale do Lobo ou com origem em entidades integradas de facto no GES”, realça o MP, numa posição oposta à do juiz.

No recurso é criticado que o juiz num “ato de fé cego” tenha acreditado e tomado decisões com base em testemunhos, transformando os juízos sobre a prova “em meras proclamações intuitivas, baseadas apenas nas perceções íntimas do julgador”.

“A decisão instrutória revela ser o fruto de uma apreciação dos indícios suportada na intuição e em crenças pré-adquiridas, revelando incapacidade de uma análise cruzada e global dos indícios, o que implicou o cometimento de erros lógicos e mesmo o cair em falsidades empíricas”, lê-se no documento.

Neste contexto, o MP alega que o magistrado desvalorizou indícios e depoimentos, utilizando, para o efeito, expressões tais como “por si só” (repetida 50 vezes ao longo do texto), “que nos permita” (repetida 30 vezes) e “não é possível” (utilizada 182 vezes) e, de modo a forçar respostas negativas para questões de suficiência da prova, repete, pelo menos por 20 vezes, a conclusão de a prova ser “manifestamente insuficiente”.

Outras das críticas a Ivo Rosa reside em que este tenha desvalorizado o valor probatório de alguns indícios da acusação, nomeadamente os interrogatórios dos arguidos e os circuitos financeiros.

A título de exemplo, entende o MP que não é atribuída a devida ponderação aos interrogatórios judiciais de Carlos Santos Silva e Joaquim Barroca, tendo este último, em declarações espontâneas admitido ter pago apenas um montante total de 1,8 milhões de euros ao empresário, como compensação extraordinária pelo seu alegado contributo na internacionalização do Grupo Lena, contrariando Carlos Santos Silva que diz ter recebido oito milhões.

Se o juiz “tivesse compreendido a lógica negocial entre os arguidos e o narrativo da acusação teria constatado que o que se indicia é a existência de uma soma de entendimentos parcelares”, incluindo o acerto entre Sócrates e Carlos Santos Silva para o estabelecimento de um novo circuito financeiro para receber futuras vantagens, a que se seguiu o acordo entre o empresário e Barroca “para que este último deixasse passar fundos pela sua conta”.

Ricardo Salgado está a ser julgado por três crimes de abuso de confiança. Sócrates será julgado (ou não) pelos seis crimes de branqueamento de capitais e falsificação de documentos pelo qual é indiciado. E Armando Vara foi condenado em julho por lavagem de dinheiro a dois anos de prisão efetiva.

A 9 de abril, após dois anos e sete meses do início do debate instrutório, o juiz Ivo Rosa, responsável pela fase de instrução, apresentou o veredicto final desta fase processual: José Sócrates, ex-primeiro-ministro e o principal arguido, não iriam a julgamento por qualquer dos casos de corrupção de que era acusado pelo Ministério Público.

Foram só cinco os arguidos da Operação Marquês que o juiz Ivo Rosa pronunciou para julgamento: o ex-primeiro-ministro José Sócrates, o seu amigo Carlos Santos Silva, o banqueiro Ricardo Salgado, o ex-ministro Armando Vara e ex-motorista de Sócrates, João Perna. O Departamento Central de Investigação e Ação Criminal (DCIAP) tinha acusado 28 arguidos, entre eles nove empresas.

O documento — assinado por quatro magistrados do MP — admite ainda que a decisão instrutória omitiu os factos relacionados com os movimentos financeiros, “que ocupam uma parte significativa da acusação, apesar de os admitir como indiciados”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Liberty Digital Way vale à seguradora distinção “Great Place to Work”

  • ECO Seguros
  • 29 Setembro 2021

O modelo implementado na Liberty Seguros, desde março, permite aos colaboradores trabalharem de qualquer lugar, com opção de passar até dois dias por semana no escritório.

A adoção do novo modelo digital de teletrabalho, implementado na Liberty Seguros em março de 2021, explica o reconhecimento como uma das melhores empresas para trabalhar, atribuída pela “Great Place to Work”. Esta é a primeira vez que a companhia celebra o galardão simultaneamente nos quatro mercados europeus em que opera (Portugal, Espanha, Irlanda e Irlanda do Norte), salienta a seguradora.

Com cerca de 2 000 colaboradores na Europa, a seguradora “alcançou este marco depois de ter trabalhado em conjunto com os colaboradores no desenvolvimento e implementação de um novo modelo de trabalho alinhado com a estratégia global da empresa de se tornar uma empresa 100% baseada na cloud pública”.

Através de inquéritos e de procedimentos de escuta ativa, os colaboradores deixaram claro que não queriam voltar ao modelo de trabalho presencial.

Com o Liberty Digital Way, modelo de trabalho à distância – adotado como definitivo cerca de um ano depois da chegada da pandemia (Covid-19) à Europa -, os colaboradores, incluindo cargos de gestão, passaram a trabalhar à distância, com opção de passar até dois dias por semana no escritório, em atividades específicas ou reuniões presenciais. Este modelo “baseia-se numa cultura de confiança, liberdade e flexibilidade“, permitindo aos colaboradores a liberdade de viver e trabalhar em qualquer lugar dentro do seu país. “Mais de 99% da força de trabalho apoiou o modelo desde o seu lançamento,” reforça a companhia.

“Estamos orgulhosos por obter este reconhecimento nos quatro países em que estamos presentes, pois demonstra a importância da escuta ativa e do diálogo contínuo com os colaboradores quando se trata de tomar decisões estratégicas, tais como a implementação da Liberty Digital Way”, diz Juan Miguel Estallo, CEO da Liberty na Europa. “Esta certificação é o resultado de meses de trabalho com os colaboradores cujo principal objetivo passou por satisfazer e responder às suas necessidades de bem-estar emocional e desenvolvimento profissional na nossa empresa”, concluiu Juan Miguel.

Esta já não é a primeira vez que a Liberty é reconhecida “Great Place to Work,” uma distinção anual dos melhores empregadores internacionais e constitui também nomeação de prestígio no campo da gestão de pessoas em organizações, acrescenta a companhia lembrando que, em Portugal, por exemplo, a seguradora foi considerada um bom local para trabalhar de 2006 até 2010.

O processo de certificação dos Great Place to Work resulta de estudos de opinião e avaliação feitas pelos colaboradores das empresas sobre diferentes aspetos da organização, na ótica da confiança e capacidade de atrair e reter talentos.

Para a atribuição das distinções, explica a Liberty, a empresa de consultoria global utiliza uma ferramenta de diagnóstico chamada Trust Index, um questionário com 60 declarações que determina o nível de confiança que os colaboradores têm na organização. Cada resposta analisa três tipos de relação, com os seus gestores/empresa, com outros colaboradores e com o próprio trabalho.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Fectrans diz que escassez de camionistas em Portugal está identificada “há alguns anos”

  • Lusa
  • 29 Setembro 2021

O presidente da Fectrans apontou problemas como os salários praticados em Portugal, os elevados custos de formação de camionistas e o preço da carta de condução, que pode chegar aos 6.000 euros.

O presidente da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans) disse à Lusa que a escassez de camionistas, que está a causar problemas de abastecimento de combustível no Reino Unido, é uma questão identificada “há alguns anos” em Portugal.

“É uma questão que está identificada já há alguns anos […]. Os patrões já naquele período de 2018, 2019, quando negociámos a nova convenção coletiva, uma das coisas que a associação patronal muitas vezes referia era a dificuldade de recrutar trabalhadores”, apontou José Manuel Oliveira.

Para o dirigente sindical, um dos problemas “era o tipo de salários que eram praticados em Portugal”.

José Manuel Oliveira apontou ainda os elevados custos de formação de camionistas, bem como o preço da carta de condução, que pode chegar aos 6.000 euros.

Quanto à situação no Reino Unido, o presidente da Fectrans diz não ter noção se há muitos camionistas portugueses a trabalhar naquele país e que possam agora vir a ter problemas, mas adiantou que a federação de sindicatos está “a acompanhar” a questão.

O Governo britânico colocou, na segunda-feira, dezenas de militares de prontidão para prestar auxílio, no sentido de resolver os problemas de abastecimento de combustível provocados pela falta de camionistas, uma situação que gerou pânico na aquisição de gasolina em todo o país.

A escassez de combustível no Reino Unido deve-se ao abastecimento desencadeado pelo “pânico”, afirmou o presidente da Associação de Postos de Gasolina (PRA) britânica, tendo o Governo recorrido ao Exército para ajudar.

A PRA tinha alertado no domingo para que cerca de dois terços dos quase 5.500 pontos de venda independentes filiados estavam sem combustível e que os restantes estavam “parcialmente secos ou prestes a esgotar”.

A corrida ao abastecimento acelerou nos últimos dias, depois de várias petrolíferas terem anunciado o encerramento de alguns postos devido à dificuldade em abastecê-los, problema que atribuíram à falta de camionistas para conduzir os tanques desde as refinarias.

Numa declaração conjunta, empresas do setor, como a Shell, ExxonMobil e Greenergy, vincaram que as dificuldades no abastecimento estão a ser causadas por “picos temporários na procura do cliente – não uma escassez nacional de combustível”.

Nos últimos dias, o Governo tem apelado à calma e à consciência dos automobilistas para que comprem apenas a gasolina ou gasóleo de que precisem, mas no fim de semana foi forçado a tomar medidas, anunciando 5.000 vistos para camionistas estrangeiros.

No pacote de várias medidas incluem-se também a suspensão das regras da concorrência, para que as petrolíferas possam partilhar recursos no abastecimento de postos com maior necessidade, o envio de cartas a urgir camionistas para voltarem à profissão e o envolvimento de militares para acelerar a realização de exames de condução de veículos pesados.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Residência universitária de 13 milhões abre 220 suites com cinema no Porto

Localizado no polo da Asprela, junto à Faculdade de Economia da Universidade do Porto, a Studyou inclui jardim com barbecue e promete “preços pensados para os orçamentos das famílias portuguesas”.

O principal polo universitário do Porto, com cerca de 30 mil alunos, tem uma nova residência privada para estudantes, com um total de 220 suites e a promessa de “preços pensados para os orçamentos das famílias portuguesas”.

Resultado de um investimento de 13 milhões de euros, a Studyou abriu portas em setembro na zona da Asprela, a poucos metros das faculdades de Economia (FEP) e Engenharia (FEUP) da Universidade do Porto. No site oficial está a publicitar tarifas mensais desde 339 euros.

Promovido pela Dormistuda, sociedade criada em 2019 e que tem acionistas e gestores ligados à arquitetura, engenharia, promoção imobiliária e finanças, o projeto tem a assinatura do gabinete Ventura + Partners, liderado pelo arquiteto Manuel Ventura. O edifício construído no número 401 da Rua Dr. Júlio de Matos tem oito pisos e está dividido em alas, num total de 5.400 metros quadrados.

Além dos quartos individuais – equipados com cama de casal, roupeiro, secretária, cadeira, casa de banho privativa, frigorifico e aquecimento –, a residência oferece também cozinhas comunitárias, zonas de estudo, salas de jogos e de cinema, um jardim com barbecue, lavandaria self-service e estacionamento interior.

Este é apenas o mais recente projeto privado de alojamento para estudantes naquela zona da cidade Invicta, pertencente à freguesia de Paranhos, que nos últimos anos tem atraído vários promotores imobiliários nacionais e estrangeiros.

É o caso da BigCity e da Reditum Capital, que estão a investir 30 milhões de euros numa residência com 12 andares e 241 camas. O BigCity Asprela está a ser construído pela Teixeira Duarte e deve estar concluído em julho de 2022, antes do início do próximo ano letivo.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.