Finanças verdes são “apenas motor moderado de sustentabilidade”

Um relatório que se debruça sobre os pontos fulcrais a discutir na COP27 indica que é necessário um maior escrutínio das finanças sustentáveis, para que estas tenham um verdadeiro impacto.

“As práticas de finanças sustentáveis do setor privado não estão ainda a catalisar a profunda e rápida transformação que é necessária para atingir as metas climáticas”, lê-se no relatório 10 Novos Temas de Ciência Climática, que é apresentado esta quinta-feira, na 27.ª Conferência das Partes (COP27), e se debruça sobe os temas considerados “cruciais” para serem abordados na conferência do clima que está a decorrer no Egito.

As finanças verdes são um desses tópicos essenciais. Neste documento, os autores consideram que as finanças sustentáveis são para já “apenas motores moderados de sustentabilidade”, sendo que uma larga fatia das práticas financeiras “não tem um forte impacto” no redirecionamento de capitais para a causa climática. “Estão desenhadas para se encaixarem nos modelos de negócio existentes em vez de mudarem substancialmente a alocação de capital”, defendem os autores.

As iniciativas globais do setor financeiro, que são focadas no clima, estão “finalmente a ajudar a mudar a direção das atividades económicas”, mas “as finanças climáticas precisam de se mexer mais rapidamente”. Numa nota mais positiva, os cientistas registam alguma evolução: na última COP foi criada a Glasgow Financial Alliance for Net Zero, a maior coligação de instituições financeiras comprometida com a transição para uma economia de zero carbono, a qual gere 130 biliões de dólares em ativos. O número de signatários dos Princípios para o Investimento Sustentável aumentou de 63 em 2006 para os 1.715 em 2018 e a dívida sustentável chegou aos 1,6 mil milhões de dólares em 2021.

No entanto, os cientistas apontam para a “falta de evidências” que suportem as alegações no que toca às práticas de sustentabilidade das empresas. Neste sentido, deixam três recomendações de políticas dirigidas ao setor financeiro. Por um lado, deve-se “melhorar significativamente” a transparência e qualidade da medição dos impactos climáticos dos investimentos. Em segundo lugar, desenvolver estratégias para que os fluxos de capital estejam alinhados com as metas de Paris e, finalmente, que tenham “impactos reais” nas emissões e resiliência das economias, tanto no curto como no longo prazo.

Os apelos aos legisladores vão exatamente no mesmo sentido: que sejam desenvolvidas políticas que exijam altos níveis de transparência e correção nos relatórios de emissões associados aos investimentos e à atividade económica, especialmente no setor da banca e dos mercados de capitais, “tendo em conta o elo estreito entre concessão de crédito e atividade económica”. Consideram essencial prevenir o greenwashing e que também seja imposto o alinhamento do investimento com as metas do acordo de Paris, criando os incentivos necessários para que o financiamento recaia sobretudo sobre soluções climáticas.

Estas conclusões dizem apenas respeito a um dos 10 pontos cruciais que são destacados pelos autores, num estudo que foi encomendado por duas redes de cientistas, a Future Earth e a The Earth League, assim como pelo World Climate Research Programme (WCRP).

Além das falhas em termos de finanças sustentáveis, os cientistas que assinam o estudo alertam que “o potencial para nos adaptarmos às alterações climáticas não é ilimitado”, logo “os esforços de adaptação não podem substituir uma mitigação ambiciosa”. Contam 1,6 mil milhões de pessoas que vivem em regiões altamente vulneráveis às alterações climáticas, e dizem que este número pode duplicar até 2050. Ao mesmo tempo, a saúde global está ameaçada. Mortalidade relacionada com as temperaturas elevadas, incêndios (que ameaçam tanto a vertente física como a psicológica) e surtos de doenças infecciosas são agravados num contexto de aquecimento global. Na sequência de fenómenos climáticos vão verificar-se novos fluxos migratórios, e aqueles que não tiverem possibilidade de se deslocar serão especialmente prejudicados. Neste sentido, atuar nas perdas e danos é “urgente” e “um imperativo”, uma vez que já se verificam e têm tendência a aumentar.

Todas estas questões, que no fundo visam a segurança climática, estão ligadas à segurança dos territórios e populações, na medida em que as alterações climáticas podem aumentar o risco de conflito, ao afetar condições socioeconómicas, ressalvam ainda os autores. Defendem que são precisas decisões inclusivas, que abranjam atores de diferentes escalas e contexto e que se quebrem barreiras estruturais associadas à atual economia intensiva em recursos, sugerindo por exemplo a revisão de como o progresso é medido, no sentido de reforçar a ação climática.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Intercalares foram um “bom dia para a democracia”, diz Biden

  • ECO
  • 9 Novembro 2022

Presidente norte-americano congratulou o facto de a "onda vermelha gigante" não ter acontecido, tal como se previa, referindo-se aos republicanos.

Foi um “bom dia para a democracia” dos Estados Unidos, disse esta quarta-feira Joe Biden, um dia depois das eleições intercalares, que inclinaram o Congresso para lado republicano mas sem a “onda vermelha” – cor dos republicanos – para a qual as sondagens apontavam.

“Enquanto a imprensa e os especialistas previam uma onda vermelha gigante, isso não aconteceu“, disse o Presidente dos EUA, em conferência de imprensa, notando, contudo, que muitos resultados importantes ainda estão a ser apurados.

O Presidente notou que estas foram as “melhores intercalares desde 1986”, saudando os “jovens eleitores” que compareceram às urnas para impulsionar os democratas e os progressistas. Joe Biden fez ainda uma homenagem a Maxwell Frost, um jovem de 25 anos da Florida, que se tornou o primeiro membro da “Geração Z” a chegar ao Congresso.

Biden sublinhou o compromisso com o combate às alterações climáticas, uma preocupação que muitos democratas tinham demonstrado. “Estou preparado para trabalhar com os meus colegas republicanos e o povo americano deixou claro que espera que os republicanos estejam preparados para trabalhar comigo também”, disse o Chefe de Estado dos Estados Unidos.

“Estou otimista. Estamos apenas a começar, a aquecer os motores”, continuou.

O Presidente foi ainda questionado pelos jornalistas sobre as declarações do líder republicano Kevin McCarthy, em que este afirmou que os republicanos assumirão o controlo da Câmara – os “vermelhos” seguem na frente. Biden disse que os democratas ainda têm a possibilidade de manter o controlo da Câmara e que falará com McCarthy “ainda hoje”.

Questionado sobre como estes resultados poderão impactar a sua reeleição, Joe Biden respondeu: “A nossa intenção é concorrer novamente. Essa tem sido a nossa intenção, independentemente do resultado destas eleições”. Uma decisão final será tomada “no início do próximo ano”, disse.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Resultados eleitorais republicanos foram “de certa forma dececionantes”, diz Trump

  • Lusa
  • 9 Novembro 2022

O ex-presidente disse que "de certa forma, as eleições de ontem foram algo dececionantes", embora tenha esclarecido que, do seu ponto de vista "pessoal", foram um triunfo.

O ex-presidente norte-americano Donald Trump admitiu esta quarta-feira que os resultados do seu partido foram “de certa forma dececionantes” por não terem produzido a “onda vermelha” (a cor dos Republicanos) no Congresso que algumas sondagens previam.

Numa mensagem na sua rede social, a Truth Social, o ex-presidente disse que “de certa forma, as eleições de ontem foram algo dececionantes”, embora tenha esclarecido de imediato que, segundo o seu ponto de vista “pessoal”, foram um triunfo.

Os Republicanos anteciparam para estas intercalares uma grande “onda vermelha” que lhes devolveria o poder no Congresso, mas a sua vantagem na Câmara de Representantes, e um impasse no Senado, esvaziaram as expectativas e colocaram em causa tanto a sua força, quanto a de Trump. Esse ‘tsunami’ vermelho’, previsto pelo senador do Texas Ted Cruz e algumas sondagens, tornou-se numa leve onda.

De acordo com as últimas projeções da imprensa, a futura maioria no Senado será decidida em três estados-chave: Arizona, Nevada e Geórgia, onde os resultados das eleições demorarão a serem conhecidos, e prolongarão a incerteza até dezembro.

De momento, segundo as projeções da rede CNN, os Democratas têm 48 das 100 cadeiras na câmara alta do país, contra 49 dos republicanos, permanecendo apenas por determinar os resultados do Arizona, Nevada e Geórgia. Mesmo assim, ainda há meios de comunicação como The New York Times ou The Washington Post que dão empate no Senado, com 48 cadeiras para os Democratas e 48 para os Republicanos, porque ainda não terminaram as suas estimativas para o Alaska, onde a CNN projetou uma vitória Republicana.

Em relação à Câmara dos Representantes, com 435 cadeiras em jogo e a contagem de votos ainda em andamento, as projeções colocam os Republicanos à frente: a CNN concede-lhes 203 cadeiras e 187 aos democratas, enquanto o New York Times estima 204 cadeiras para os primeiros e 176 para os segundos.

As eleições intercalares que decorreram na terça-feira determinarão qual o partido que controlará o Congresso norte-americano nos dois últimos anos do mandato do Presidente Joe Biden, estando também em jogo, entre outros cargos, 36 governos estaduais.

Em disputa estão todos os 435 lugares na Câmara dos Representantes, onde os democratas atualmente têm uma estreita maioria de cinco assentos, e ainda 35 lugares no Senado, onde os democratas têm uma maioria apenas graças ao voto de desempate da vice-presidente, Kamala Harris.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Caso EDP. Mulher de Pinho vai continuar com contas bancárias arrestadas

  • Lusa
  • 9 Novembro 2022

Depois do arresto da pensão de reforma de 17 mil euros líquidos de Manuel Pinho, a Relação decidiu a favor de Carlos Alexandre e não reverteu o arresto das contas bancárias da mulher, Alexandra Pinho.

O Tribunal da Relação de Lisboa (TRL) rejeitou o recurso de Alexandra Pinho, mulher do ex-ministro Manuel Pinho, que pretendia reverter o arresto de bens e apreensão de contas bancárias, decretados pelo juiz Carlos Alexandre.

Em causa no recurso apresentado pela defesa de Alexandra Pinho está a reversão da decisão do juiz de instrução Carlos Alexandre, que já depois das medidas de coação anunciadas após a audição da mulher do ex-ministro em dezembro de 2021, acabaria por decretar o arresto de três imóveis e a apreensão de saldos de contas bancárias.

Manuel Pinho também está, provisoriamente, sem o valor total da pensão líquida de 17 mil euros (cerca de 30 mil euros brutos) que recebe enquanto ex-administrador do BES. O arresto foi decidido também pelo juiz Carlos Alexandre por promoção dos procuradores Carlos Casimiro e Hugo Neto, titulares do caso EDP.

Alexandra Pinho foi constituída arguida no chamado caso EDP, sendo suspeita de branqueamento de capitais e fraude fiscal.

Manuel Pinho foi constituído arguido no verão de 2017, por suspeitas de corrupção e branqueamento de capitais, num processo relacionado com dinheiros provenientes do Grupo Espírito Santo (GES). No processo EDP/CMEC, o MP imputa aos antigos administradores António Mexia e Manso Neto, em coautoria, quatro crimes de corrupção ativa e um crime de participação económica em negócio.

No recurso, a defesa, agora assegurada por Manuel Magalhães e Silva, contestava a existência de indícios da prática dos crimes que lhe são imputados, um fundado receio da perda de garantia patrimonial que justifique o arresto, a legalidade do arresto dos imóveis de que a mãe de Alexandra Pinho é usufrutuária, alegando ainda uma violação da impenhorabilidade das contas bancárias.

Na decisão, datada de 08 de novembro, a Relação de Lisboa afirma que “se verifica que existem efetivamente indícios da prática pela recorrente dos crimes em apreço”, considerando que independentemente do regime de bens no casamento e da existência de contas bancárias separadas, Alexandra Pinho “vivia com o arguido Manuel Pinho em economia comum, beneficiou dos montantes recebidos pelo seu marido”, sendo também titular de contas que receberam transferências “indicadas na decisão recorrida”.

O coletivo de juízes, presidido pela desembargadora Carla Francisco, defende ainda que Alexandra Pinho não tem interesse direto em alegar a ilegalidade do arresto de imóveis de que a mãe é usufrutuária, precisamente por não ser titular do usufruto, não tendo por isso “nenhum interesse direto em se defender de agressões relativamente a esses direitos”, acrescentando ainda o acórdão que a mãe da arguida poderá, se quiser, recorrer à justiça em defesa dos seus direitos.

O caso EDP está relacionado com os Custos de Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC) no qual os antigos gestores António Mexia e Manso Neto são suspeitos de corrupção e participação económica em negócio para a manutenção do contrato das rendas excessivas, no qual, segundo o MP, terão corrompido o ex-ministro da Economia Manuel Pinho e o ex-secretário de Estado da Energia Artur Trindade.

O processo tem ainda como arguidos João Conceição, administrador da REN e antigo consultor de Manuel Pinho, e Artur Trindade, ex-secretário de Estado da Energia de um governo PSD.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Binance desiste de fusão com a FTX. Criptomoedas afundam mais de 10%

Plataforma de criptomoedas desistiu do negócio com a FTX após uma revisão da estrutura e das contas da empresa.

A Binance desistiu do acordo que tinha para uma fusão com a FTX. Em comunicado enviado esta quarta-feira, um dia depois de ter sido anunciado o acordo entre ambas, a empresa dá um passo atrás neste negócio, justificando com fundos “mal administrados” e “investigações”.

“Como resultado da due diligence corporativa, bem como das últimas notícias sobre fundos de clientes mal administrados e supostas investigações de agências dos Estados Unidos, decidimos não continuar com a potencial aquisição da FTX.com“, refere a Binance, primeiro em comunicado e depois na rede social Twitter.

“No início, a nossa esperança era poder oferecer suporte aos clientes da FTX para lhes dar liquidez, mas os problemas estão além do nosso controlo ou capacidade de ajudar“, continua a empresa de Changpeng Zhao, referindo que “sempre que um grande player falha, os consumidores sofrerão”.

“Nos últimos anos, o ecossistema de criptomoedas tem vindo a tornar-se mais resiliente e acreditamos que, com o tempo, os valores discrepantes que abusam dos fundos dos utilizadores serão eliminados pelo mercado livre. À medida que as estruturas regulatórias são desenvolvidas e a indústria continua a evoluir em direção a uma maior descentralização, o ecossistema vai fortalecer-se”, lê-se.

Esta terça-feira, o CEO da Binance, Changpeng Zhao, anunciou no Twitter que tinha chegado a um acordo não vinculativo com a FTX, de Sam Bankman-Fried, para a compra dos negócios fora dos Estados Unidos, resgatando, assim, a empresa de uma crise de liquidez. No início do ano, diz a CNBC, a FTX foi avaliada em 32 mil milhões de dólares por investidores privados.

Na sequência deste recuo por parte da Binance, as criptomoedas estão a afundar. A Bitcoin está a cair 11,4% para 16.093,7 dólares, enquanto o Ethereum recua 12,34% para 1.150,40 dólares. A Cardano recua 10,16% para 0,3308 dólares e a Dogecoin desvaloriza 10,2% para 0,078679 dólares.

(Notícia atualizada às 21h10 com mais informação)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Denúncia do Acordo de Empresa da TAP será considerada “ato de hostilidade” pelo Sitava

  • Lusa
  • 9 Novembro 2022

Sitava diz que a denúncia do acordo será considerado um ato de grande hostilidade que, pela atitude chantagista que lhe está associada, poderá trazer graves problemas a uma negociação livre e justa.

O Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava) disse que nas negociações para a revisão do Acordo de Empresa (AE) da TAP a opção pela renúncia será vista como um “ato de grande hostilidade”.

“Não é verdade que, para iniciar um processo negocial de revisão de um Acordo de Empresa, seja imperativo denunciá-lo”, indicou a estrutura, referindo que “é ainda menos verdade que o ATE [acordo temporário] que subscrevemos tenha previsto tal coisa. Como a TAP bem sabe, ou deveria saber – porque está a pagar a vários escritórios de advogados – para iniciar um qualquer processo de revisão, basta que uma das partes faça uma proposta para tal, cabendo à outra parte fazer uma contraproposta no prazo de um mês, e assim se iniciará uma negociação”, destacou.

“Isto é o que diz a lei, e já fizemos saber à TAP, que a adoção de outra qualquer prática, por exemplo a denúncia, será pelo Sitava considerado um ato de grande hostilidade que, pela atitude chantagista que lhe está associada, poderá trazer graves problemas a uma negociação livre e justa”, garantiu o sindicato.

O Sitava disse ainda que “seria também muito útil para todos que a TAP lesse e percebesse que no articulado do ATE” que assinaram “não consta qualquer referência ao tal plano de reestruturação” da companhia, acrescentando que “se o ATE que foi publicado no Boletim de Trabalho e Emprego é lei para a TAP continuar a fazer os cortes salariais, então tem que valer para resto”.

O Sitava recordou que “está claramente descrito, e logo no preâmbulo, o seguinte: ‘… aceitam voluntariamente a alteração das condições de trabalho, nomeadamente mediante a suspensão e alteração parciais do Acordo de Empresa, para fazer frente exclusivamente aos constrangimentos provocados pela covid-19’”.

O sindicato referiu que “a TAP apresentou as suas contas do terceiro trimestre e, mais uma vez, quando tudo aumenta, a única rubrica que continua a aparecer negativa é a conta do pessoal”, destacando que “parece continuar a ser desígnio único da empresa, baixar os custos de pessoal”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

PS quer alargar “direitos fundamentais” na revisão constitucional

  • Lusa
  • 9 Novembro 2022

"Há caminho para termos uma Constituição da República mais progressista, consolidando e alargando o catálogo de direitos fundamentais, sobretudo no domínio social”, indica um dirigente do PS à Lusa.

O PS vai apresentar um projeto de revisão constitucional para consolidar e alargar “direitos fundamentais”, além das questões já analisadas com o PSD sobre a lei de emergência sanitária e acesso a metadados na investigação criminal.

Membros da direção dos socialistas referiram à agência Lusa que o trabalho interno em torno da revisão constitucional começou “há algum tempo” e os princípios base do futuro projeto serão apresentados na reunião da Comissão Política Nacional do PS, esta quinta-feira.

“Não iremos pelo caminho de uma revisão constitucional cirúrgica, limitada a uma ou duas questões. Há caminho para termos uma Constituição da República mais progressista, consolidando e alargando o catálogo de direitos fundamentais, sobretudo no domínio social”, declarou um dirigente do PS.

Do ponto de vista político, o projeto de revisão constitucional pretende traçar “uma linha de demarcação clara” face ao Chega, o partido que desencadeou este processo na Assembleia da República, “mas constitui também um desafio em relação ao PSD”.

Em matérias institucionais, o projeto do PS não deverá conter quais propostas de alteração, embora, durante o trabalho de discussão interna, se tenham identificado questões relacionadas com as autonomias regionais, as quais, no entanto, para já, não avançam.

Além das matérias de âmbito dos direitos fundamentais, tal como se esperava, o PS incluirá no seu projeto a questão do acesso a dados de comunicações eletrónicas – os chamados metadados – por parte das forças de segurança em processos de investigação criminal e a lei de bases de emergência sanitária. Estes dois temas foram objeto de conversa genérica entre o primeiro-ministro, António Costa, e o presidente do PSD, Luís Montenegro.

Na questão dos metadados, por duas vezes, PS e PSD aprovaram na Assembleia da República projetos para procurar aumentar os meios de investigação das forças policiais e de segurança, mas por duas vezes os seus diplomas foram chumbados pelo Tribunal Constitucional.

Já sobre a lei de emergência sanitária, as vagas de covid-19, entre 2020 e 2021, de acordo com os socialistas, permitiram detetar a limitação do atual texto constitucional no que respeita a possibilitar uma maior amplitude das respostas de emergência em situações de pandemia.

Ainda de acordo com fontes socialistas, o processo de coordenação do projeto de revisão constitucional foi entregue ao presidente do partido, Carlos César, ao secretário-geral do PS, ao seu secretário-geral adjunto, João Torres, e ao líder parlamentar, Eurico Brilhante Dias.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Greenvolt aumenta emissão obrigacionista para 150 milhões

  • ECO
  • 9 Novembro 2022

A Greenvolt anunciou esta quarta-feira um aumento de 50% do montante da operação pública de subscrição de obrigações que tem a decorrer para o retalho até 15 de novembro.

A Greenvolt anunciou esta quarta-feira um aumento de 50% do montante da operação pública de subscrição de obrigações verdes que tem a decorrer até 15 de novembro para os pequenos investidores. Em vez dos 100 milhões de euros anunciados a 25 de outubro, a empresa liderada por João Manso Neto pretende agora angariar 150 milhões de euros com a emissão de 300 mil obrigações, de acordo com comunicado ao mercado.

De acordo com o prospeto das obrigações, os títulos pagarão uma taxa de cupão de 5,2% nos próximos cinco anos e exigem um investimento mínimo de 2.500 euros, o equivalente a cinco obrigações. O período da operação pública de subscrição (OPS) das “Obrigações Verdes Greenvolt 2027” arrancou a 2 de novembro.

A empresa revela ainda no prospeto da emissão que pretende utilizar o montante angariado para “financiar e/ou refinanciar projetos novos e/ou existentes de energias renováveis e de eficiência energética”.

As últimas contas da Greenvolt mostram uma empresa com uma estrutura financeira orientada para um ambicioso plano de expansão para os próximos anos, sustentado por vários projetos em pipeline com capacidade de produção de 6,8 gigawatts, o equivalente à produção energética de cerca de 2.400 turbinas eólicas, sendo que 43% destes projetos entrarão em atividade no próximo ano.

No plano de investimento da empresa estão contabilizados investimentos entre 3,8 mil milhões e 4,2 mil milhões de euros até 2026 que, segundo a empresa, serão realizados através de um “aumento moderado da dívida financeira”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Governo cria grupo de trabalho para avaliar fim dos vistos gold

Depois das declarações do primeiro-ministro, ministro da Economia e do Mar anuncia grupo de trabalho para avaliar fim do regime para residentes não-habituais.

O Governo prepara-se para criar um grupo de trabalho que vai avaliar o fim do regime dos vistos gold. O anúncio foi feito pelo ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, durante audição na especialidade relativa ao Orçamento do Estado para 2023. A criação do grupo de trabalho é adiantada uma semana depois de o primeiro-ministro, António Costa, ter referido que o Governo está a reavaliar esta medida, em vigor desde outubro de 2012.

Está a ser criado um grupo de trabalho com os ministérios dos Negócios Estrangeiros, Economia e Administração Interna. Vamos tentar que seja avaliada esta política”, adiantou o ministro da Economia e do Mar aos deputados. Na semana passada, o ministro da Administração, José Luís Carneiro, já tinha falado numa avaliação da medida mas sem mencionar a constituição de um grupo de trabalho.

Na semana passada, o primeiro-ministro admitiu que “já não se justifica mais manter” o regime de Autorização de Residência para Atividade de Investimento, que possibilita a cidadãos estrangeiros a obtenção de um visto para entrar em Portugal.

A medida é particularmente atrativa porque também permite circular pelo espaço Schengen e trazer a família. Para o obter, o candidato deve realizar um investimento em Portugal que preencha certas condições, como a transferência de capitais no montante igual ou superior a 1,5 milhões de euros ou a aquisição de imóveis avaliados em mais de meio milhão de euros, por exemplo.

Desde que os vistos gold foram criados – em 2012 com o Governo de coligação PSD/CDS, era Miguel Macedo titular da pasta da Administração Interna – foram investidos quase sete mil milhões de euros (6,54 mil milhões). A sua grande maioria (cerca de 90%) no mercado imobiliário. Segundo dados avançados pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), na tutela do MAI, no total dos dez anos de vida do programa, oficialmente chamado de Autorização de Residência para Investimento (ARI), foram registados 11.180 investidores e 18.368 familiares beneficiados.

Os investidores foram quase 50% de chineses, seguidos de brasileiros, turcos, sul-africanos e, por último, norte-americanos. Mas há também vistos concedidos a angolanos e russos.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Lucros da Sonae sobem 33% até setembro, mas travam durante o verão

Dona do Continente lucrou 210 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, com vendas de 5,5 mil milhões de euros. Cláudia Azevedo diz que grupo “apoia as famílias, mantendo preços competitivos".

A Sonae registou 210 milhões de euros de lucro nos primeiros nove meses deste ano, um crescimento de 32,6% face a igual período de 2021, por ter beneficiado do “desempenho positivo do portefólio, do [período] comparável afetado pela pandemia e do contributo para o resultado indireto da reavaliação dos ativos da Sierra e do portefólio da Bright Pixel”.

No entanto, os resultados do terceiro trimestre mostram uma quebra na rentabilidade “devido aos esforços para suportar os custos inflacionários e garantir a competitividade das ofertas”, além do efeito da mais-valia com a venda da Maxmat à cimenteira do grupo BME, registada no ano passado. O lucro de 92 milhões de euros entre julho e setembro ficou 4,3% abaixo do que tinha registado no verão do ano anterior.

Num contexto de elevados custos de energia e níveis crescentes de inflação e de taxas de juros, os vários negócios “conseguiram, mais uma vez, aumentar os níveis de investimento, reforçar as propostas de valor e apoiar as famílias a enfrentar estes desafios, nomeadamente mantendo preços competitivos e respondendo às novas necessidades dos consumidores”, salienta Cláudia Azevedo, notando que a conquista de quota de mercado no último trimestre é “um reconhecimento claro” dos clientes.

“A rentabilidade foi naturalmente afetada pelos custos recorde de energia e transporte, pelos preços de abastecimento mais elevados e pelos movimentos de migração para produtos de gama e preço inferiores (trading down). No entanto, os resultados consolidados demonstraram uma forte resiliência e a nossa posição financeira manteve-se muito sólida”, resume a presidente executiva do grupo nortenho, citada num comunicado enviado à CMVM esta quarta-feira.

A rentabilidade foi naturalmente afetada pelos custos recorde de energia e transporte, pelos preços de abastecimento mais elevados e pelos movimentos de migração para produtos de gama e preço inferiores.

Cláudia Azevedo

CEO da Sonae

Entre janeiro e setembro, o volume de negócios rondou os 5,5 mil milhões de euros, mais 10,4% do que no período homólogo, dos quais 4,3 mil milhões foram realizados pela MC, dona do Continente. Aliás, o crescimento no conjunto dos negócios foi superior (15%) no terceiro trimestre, em particular, “sustentado pelos sólidos ganhos de quota de mercado dos negócios de retalho”, assinala a Sonae, descrevendo um desempenho positivo “transversal aos formatos alimentares e não alimentares”.

Em termos de desempenho operacional, a MC está a “enfrentar fortes pressões na sua estrutura de custos, dado os elevados custos recorde de energia, juntamente com as medidas implementadas para proteger os seus clientes e reforçar a competitividade, suportando parte dos custos inflacionários”. Por exemplo, os custos de energia até setembro ficaram cerca de 40 milhões de euros acima dos níveis de 2021, sendo apontado como “o principal fator explicativo da queda da margem”.

O EBITDA subjacente diminuiu 0,6 pontos percentuais (pp) no trimestre e 0,3 pp no conjunto dos primeiros nove meses do ano, no qual atingiu os 440 milhões de euros. “Os elevados custos de energia e os preços na produção foram parcialmente suportados pelos negócios de forma a combater a inflação e apoiar as famílias, pressionando a estrutura de custos e conduzindo a uma redução das margens”, justifica. As vendas na vertente internacional cresceram mais de 40% este ano, destacando-se aí o contributo das insígnias de desporto da ISRG (Iberian Sports Retail Group), joint-venture da Sonae com a JD Sports que detém a marca SportZone.

No relatório enviado à CMVM, o grupo sediado na Maia calcula ter investido 579 milhões de euros nos últimos 12 meses, incluindo a aquisição de 10% na Sierra (ramo imobiliário), a participação adicional na Nos (telecomunicações) e os vários investimentos da Bright Pixel (antiga Sonae IM), capital de risco nas áreas tecnológicas, tanto em novas empresas como no reforço das participações.

“A dívida líquida do grupo situou-se em 1.022 milhões de euros e a estrutura de capitais do grupo manteve-se sólida, com rácios de alavancagem e níveis de liquidez muito confortáveis (mais de mil milhões de euros de liquidez disponível), estando o grupo totalmente financiado até ao início de 2024 e com um custo médio de financiamento de cerca de 1%”, assegura a Sonae aos investidores.

Worten “refresca” vendas e moda cresce 8%

No retalho de eletrónica, as vendas da Worten atingiram 315 milhões de euros no terceiro trimestre (+10,6% em termos homólogos”, sustentadas pelas categorias de venda sazonais devido às temperaturas elevadas no verão. No setor imobiliário, a Sierra regista uma valorização de 9% dos seus ativos, superando os mil milhões de euros, com os centros comerciais a dispararem 25,2% as vendas entre julho e setembro.

Por outro lado, o negócio da moda (Zeitreel) aumentou as vendas em 8%, para 102 milhões de euros, com o contributo de todas as marcas que explora: MO, Salsa, Zippy e Losan. A ISRG cresceu mais de 40% e reforçou o peso no online para 19%, a valer quase uma em cada cinco euros vendidos por este negócio do ramo desportivo. Nos restantes setores, destaque ainda para o Universo (serviços financeiros) que regista mais de um milhão de clientes e aumenta produção em 16%; e para a Nos, que cresceu 4,1% no terceiro trimestre e reforçou o contributo para os resultados da Sonae.

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Pilotos da TAP escolhem valores por acordo com companhia em vez dos definidos pelo Supremo

  • Lusa
  • 9 Novembro 2022

Os pilotos da TAP abdicaram de receber os valores assegurados por um acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, depois de terem assinado um acordo com a empresa.

Os pilotos da TAP abdicaram de receber os valores assegurados por um acórdão do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), que lhes deu razão num processo contra a companhia, depois de terem assinado um acordo com a transportadora.

Segundo o que está estabelecido neste acordo, a que a Lusa teve acesso, a TAP pagou, até 29 de setembro, uma quantia – rasurada no documento – “em resultado da transação a celebrar” no processo que corria no STJ em que o tribunal deu razão ao sindicato num processo sobre um erro no cálculo de vencimentos e subsídios de férias. O valor estava previsto apenas para os filiados no Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC), mas a TAP, de acordo com o comunicado interno da Comissão Executiva a que a Lusa teve acesso, alargou este acordo a todos os pilotos.

O acordo estabelece ainda que “o valor será pago a cada piloto contra a assinatura de declaração de quitação e remissão abdicativa individual relativamente a qualquer crédito que direta ou indiretamente possa resultar do referido acórdão”. O documento estabelecia depois outro valor, “adicional”, que dependia “da data em que vier a ser celebrado um novo Acordo de Empresa na TAP”.

No mesmo comunicado interno, por sua vez, a companhia sublinhou que, graças a este acordo, o subsídio de aterragem e o ‘per diem’ (ajuda de custo complementar) “revestem a natureza de ajudas de custo afetivas, não integrando o conceito de retribuição”. Além disso, o subsídio de aterragem e o ‘per diem’ “não são considerados para efeitos de retribuição de férias, subsídio de férias e subsídio de Natal”.

Em agosto, o SPAC confirmou que foi notificado pelo STJ que decidiu a seu favor numa ação judicial que custaria mais de 50 milhões de euros à TAP. No dia 16 de setembro, os pilotos aprovaram este acordo que previa o pagamento de uma compensação extraordinária, bem como a eliminação do corte adicional no salário destes profissionais, a partir de 01 de janeiro de 2023.

Em comunicado, o SPAC adiantou que promoveu “em Lisboa, uma Assembleia de Empresa TAP, cujo ponto único da ordem de trabalhos foi a apreciação, discussão e votação de alteração de uma nova proposta pela TAP, que foi aprovada por 593 votos, ou seja, 92,8% dos 639 pilotos presentes ou representados por procuração”.

Assim, de acordo com essa nota, a proposta prevê que a TAP entregue “a cada um dos pilotos associados do SPAC, até ao dia 29 de setembro de 2022, um valor individual, apurado em função do seu perfil de piloto TAP, que será pago a título de compensação extraordinária”.

Esta proposta resultou das negociações “entre a direção do SPAC, a administração da TAP e o ministro da tutela, Pedro Nuno Santos, realizadas no âmbito do Acórdão Interpretativo do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) do início de julho de 2022, e que é favorável aos pilotos, relativamente ao computo da retribuição de férias e do subsídio de férias pela TAP, há mais de uma década”, realçou o sindicato.

Questionado pela Lusa, o SPAC não revelou os valores envolvidos, mas disse que “foi um bom acordo para ambas as partes” e que “os pagamentos já foram efetuados na data prevista”. A Lusa questionou a TAP, mas não obteve resposta até ao momento. O sindicato também não esclareceu se estes valores ficaram abaixo ou acima dos 50 milhões de euros previstos depois do acórdão do STJ.

Segundo a mesma fonte, “todos os associados TAP foram abrangidos pelo acordo, desde que tenham assinado a quitação, incluindo alguns que saíram para a PGA”, adiantando ainda que “apenas alguns pilotos TAP que fizeram RMAs (rescisões por mútuo acordo) não foram abrangidos, tal como alguns reformados cuja aposentação se deu há mais de um ano (é de lei)”.

“Foi um acordo que beneficiou as duas partes e, mais importante, permitiu dar o pontapé de saída para o início das negociações no âmbito do novo Acordo de Empresa, também desejado por ambas as partes”, rematou o SPAC.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

EUA resistem a maré republicana. As eleições intercalares em 5 pontos

  • Joana Abrantes Gomes
  • 9 Novembro 2022

A prevista "onda vermelha" ainda não deu à costa. Mas os republicanos seguem na frente para reconquistar a maioria na Câmara dos Representantes. O Senado deverá continuar uma incógnita até dezembro.

As sondagens das últimas semanas apontavam para uma “onda vermelha” do Partido Republicano e um desempenho desastroso dos democratas nas eleições intercalares de terça-feira. Mas, até agora, não se verifica nenhum dos cenários, numa altura em que ainda estão a ser contados os votos em vários estados norte-americanos.

Em jogo estavam a totalidade dos 435 lugares na Câmara dos Representantes e 35 dos 100 lugares no Senado, bem como a eleição dos governadores em 36 estados, procuradores-gerais em 39 estados e secretários estaduais em 37 estados. Houve ainda 6.300 eleições para parlamentos estaduais (em 46 estados), a eleição de 27 tesoureiros estaduais, várias presidências de câmara e alguns referendos.

Os resultados finais podem demorar a ser conhecidos, sobretudo face à elevada polarização nos EUA. Os republicanos deverão reconquistar a maioria na câmara baixa do Congresso, enquanto no Senado ainda é cedo para tirar conclusões. Que certezas há até ao momento?

1) Republicanos à frente na Câmara dos Representantes

Neste momento, a contagem do The New York Times atribui 206 congressistas ao Partido Republicano e 181 ao Partido Democrata, faltando apurar 48 da totalidade de 435 lugares da Câmara dos Representantes. A maioria atinge-se com pelo menos 218 membros.

Os democratas dominam atualmente a câmara baixa do Congresso com uma estreita maioria de cinco assentos, mas, por enquanto, os republicanos seguem em vantagem, confirmando as sondagens das últimas semanas, que davam como quase certa a vitória do GOP (Grand Old Party). Ainda que mude de cor, a diferença não parece que vá ser tão grande quanto se esperava.

2) Luta renhida no Senado

Segundo a contagem do jornal nova-iorquino, os democratas têm garantidos 48 senadores, e os republicanos já conseguiram outros tantos. O Senado tem 100 assentos, mas nas intercalares estavam em disputa apenas 35. Em caso de igualdade (50-50), o Partido Democrata tem vantagem graças ao voto da vice-presidente, Kamala Harris – um cenário que já se verifica atualmente.

É de destacar a vitória de John Fetterman frente ao famoso médico e apresentador de televisão Mehmet Oz, que deu aos democratas um lugar no estado da Pensilvânia que pertencia aos republicanos. Para assumirem o controlo do Senado, os republicanos têm de ganhar pelo menos duas eleições entre Nevada, Arizona e Geórgia. Nestes dois últimos, são os candidatos democratas que seguem na frente, mas algumas projeções apontam para uma segunda volta na Geórgia, a realizar-se em 6 de dezembro.

3) Vitória de Ron DeSantis abre eventual disputa com Trump para 2024

Entre as corridas para o cargo de governador em 36 estados, destaca-se a reeleição, já esperada, de Ron DeSantis na Florida. O republicano aumentou bastante a sua votação em relação a 2018, ano em que ganhou as eleições com o apoio de Donald Trump. Esta vitória reforça a ideia de que deverá concorrer contra o ex-presidente para ser o candidato republicano nomeado para a corrida presidencial de 2024.

Nos chamados swing states (estados onde tanto vence o Partido Democrata como o Republicano), o republicano Brian Kemp venceu na Geórgia contra a democrata Stacy Abrams, enquanto o Wisconsin (Tony Evers), o Michigan (Gretchen Whitmer) e a Pensilvânia (Josh Shapiro) registaram triunfos dos candidatos democratas.

4) Aborto foi a votação em três estados

Nestas intercalares, estão também em jogo referendos em 37 estados, que vão de temas como a legalização do uso recreativo da canábis a leis relacionadas com a interrupção voluntária da gravidez, depois de o Supremo Tribunal ter revogado, em junho, o acórdão Roe vs. Wade.

Os eleitores de Maryland e do Missouri aprovaram a legalização da canábis, o que significa que o uso recreativo desta droga leve já é legal em 21 estados norte-americanos. Em contrapartida, no Arkansas e na Dakota do Norte as propostas foram rejeitadas, enquanto na Dakota do Sul ainda não é possível aferir o resultado.

Outros três estados foram a votos para proteger o direito ao aborto. No Michigan e na Califórnia, este direito foi consagrado nas respetivas constituições estaduais. Em Vermont, os eleitores aprovaram uma emenda à constituição do Estado que os defensores do direito ao aborto acreditam que irá proteger “o direito de cada pessoa a tomar as suas próprias decisões reprodutivas”.

Já os eleitores do Tennessee, Alabama, Oregon e Vermont aprovaram em referendo o fim de quaisquer formas de escravatura, enquanto uma proposta semelhante foi rejeitada no Louisiana.

5) Lusodescendentes vencem na costa leste

Dos vários luso-americanos e lusodescendentes que concorreram a cargos nestas eleições intercalares, pelo menos três já garantiram vitórias nas suas corridas eleitorais na costa leste dos EUA.

Com mais de 80% dos votos apurados, a democrata Lori Loureiro Trahan, cujas raízes remontam ao Porto e aos Açores, garantiu a sua reeleição para um terceiro mandato na Câmara dos Representantes pelo 3.º distrito congressional de Massachusetts. Lisa Boscola, também democrata e filha de emigrantes minhotos, conseguiu o seu sétimo mandato como senadora estadual na Pensilvânia.

Jack Martins, advogado de origem portuguesa que concorria pelo Partido Republicano para o 7.º Distrito do Senado Estadual de Nova Iorque, venceu na noite de terça-feira a rival democrata, regressando assim a um cargo que já ocupou.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.