“Temos de fazer mais para incorporar o risco de catástrofe na forma como vivemos”

  • ECO Seguros
  • 27 Abril 2022

Desde 1980, só 40% do prejuízo causado por catástrofes tem seguro. Nas regiões mais pobres do mundo a cobertura é quase zero, assinala o último relatório da ONU sobre Redução do Risco de Desastres.

Novo relatório da ONU para a Redução do Risco de catástrofes reforça alertas para um cenário de autodestruição da Humanidade. Nas duas últimas décadas aconteceram 350 e 500 desastres de média e grande dimensão por ano e prevê-se que a frequência dos eventos catastróficos aumente para 1,5 por dia, em 2030, com o número de desastres naturais a alcançar 560 por ano, colocando milhões de vidas em risco, antecipa o Global Assessment Report on Disaster Risk Reduction (GAR2022), acabado de publicar pelo gabinete das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres (UNDRRUN Office for Disaster Risk Reduction).

“A atividade humana está a contribuir para o aumento do risco de catástrofes no mundo“, alertam os autores do estudo. Apesar de alguns progressos, “a espiral de risco avança mais do que se reduz a ameaça de um colapso global”.

A questão central a que o GAR2022 procura responder é como podem os sistemas de governação evoluir para melhor enfrentar os riscos sistémicos do futuro? No mundo atual, sobrepovoado e interligado, “as catástrofes têm um impacto cada vez maior, em cascata, atravessando geografias e setores, que se vê à medida que a pandemia de coronavírus (COVID-19) e as alterações climáticas aceleram as evidências,” nota o documento. Os sistemas globais estão cada vez mais ligados e, por conseguinte, mais vulneráveis a um cenário de risco incerto para as cadeias alimentares, cadeias de abastecimento e serviços sociais. As catástrofes, os prejuízos económicos (danos segurados + danos não segurados) e as vulnerabilidades subjacentes que geram o risco, tais como a pobreza e a desigualdade estão a aumentar na mesma medida em que habitats e bioesferas enfrentam risco de colapso, coincidem os especialistas internacionais participantes na elaboração do relatório que se constitui como um balanço a meio termo do Quadro de Sendai (objetivos globais de redução de risco definidos no Japão, para o período 2015-2030).

O mundo precisa de fazer mais para incorporar o risco de catástrofes na forma como vivemos, construímos e investimos, que é o que nos está a colocar numa espiral de autodestruição”, frisou Amina Mohammed, Secretária-Geral Adjunta da ONU, na apresentação do relatório, em Nova Iorque. Sem uma ação reforçada que construa resiliência ao risco sistémico, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas “não poderão ser alcançados”, adverte o relatório com subtítulo “Our World at Risk: Transforming Governance for a Resilient Future” salientando que:

  • A emergência climática e os impactos sistémicos da pandemia de Covid-19 apontam para uma nova realidade;
  • Compreender e reduzir o risco num mundo de incerteza é fundamental para alcançar um desenvolvimento genuinamente sustentável;
  • A melhor defesa contra choques futuros é transformar os sistemas agora, construir resiliência na abordagem às alterações climáticas e reduzir a vulnerabilidade, exposição e desigualdade que propiciam desastres.

O documento de 236 páginas elenca formas de envolvimento da indústria seguradora para mostrar como, além da criação de novas soluções (como adaptar seguro paramétrico à agricultura, promover pools de risco e participar em fundos de contingência), as companhias de (re)seguro podem ajudar a consciencializar comunidades (incluindo governos e entidades privadas), contribuir com as suas competências (tecnologia de modelação) para fortalecer a resiliência e influenciar processos de decisão no sentido da redução de desastres, sugere o documento.

O relatório também apresenta exemplos particulares (de vários lugares do mundo) de subvalorização da necessidade de cobertura e de recusa de contratação de seguros, comportamentos que o UNDRR atribui a uma perceção errada do risco e da utilidade do seguro. Estes casos, que qualifica de otimismo, “amnésia” e complacência, entre outros comportamentos, devem ser substituídos por um esforço de ação coletiva para inverter a frequência dos desastres e até reduzir a sua ocorrência.

O GAR 2022 cita dados sigma (série de estudos da Swiss Re), segundo os quais, das perdas resultantes de catástrofes a nível mundial em 2020 apenas metade estavam segurados (aproximadamente 89 mil milhões de dólares de um valor estimado em 202 mil milhões de dólares de prejuízos económicos). Isto ultrapassou a média anual anterior de 71 mil milhões de dólares em perdas seguradas, indicou o Swiss Re Institute, em 2021. Entre 1980 e 2018, em média, só cerca de 40% de todas as perdas relacionadas com desastres estavam seguradas, acrescenta o estudo da UNDRR referindo dados da resseguradora Munich Re. No entanto, “os seguros estão esmagadoramente concentrados nos países mais ricos,” observa.

A nível regional, a percentagem mais elevada de perdas económicas ocorre na Ásia e na região do Pacífico, onde os países perdem, em média, 1,6% do pib em consequência de catástrofes naturais. África é a segunda região mais afetada, com uma média de perdas económicas relacionada com catástrofes a corresponder a 0,6% da economia (produto interno bruto).

“A boa notícia é que as decisões humanas são as que mais contribuem para o risco de desastres, por isso temos o poder de reduzir substancialmente as ameaças que pendem sobre a Humanidade e, especialmente, sobre os mais vulneráveis. Os desastres podem prevenir-se, mas só se os países investirem tempo e os recursos necessários para compreender e reduzir os seus riscos,” nota Mami Mizutori, Representante Especial do Secretário-Geral das Nações Unidas para a redução do Risco de Catástrofes e Chefe do UNDRR.

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Lisboa “pintada” de vermelho, Galp Energia trava perdas

A bolsa de Lisboa arrancou a sessão desta quarta-feira pintada de "vermelho". Os títulos do BCP recuam mais de 3%, mas Galp Energia trava perdas mais expressivas. 

A bolsa de Lisboa arrancou a sessão desta quarta-feira em terreno negativo, com quase todas as cotadas em terreno negativo e fortemente penalizada pelo setor financeiro. Os títulos do BCP recuam mais de 3%, mas Galp Energia trava perdas mais expressivas.

Enquanto o Stoxx 600 cai 0,41%, o francês CAC-40 cai 0,4% e o alemão DAX perde 0,37%. Em Lisboa, o PSI recua 0,72%, para 5.819,510 pontos, com apenas duas das 15 cotadas em terreno positivo e uma inalterada.

A penalizar o índice de referência nacional está o setor financeiro. As ações do BCP caem 3,03%, para 14,72 cêntimos, depois de banco polaco do BCP ter anunciado na terça-feira que registou resultado líquido negativo equivalente a 26,4 milhões de euros no primeiro trimestre deste ano.

Pelo setor energético, nota para as quedas dos títulos do grupo EDP e da REN. No grupo EDP, a subsidiária EDP Renováveis cede 1,19%, para 22,40 euros. Já a EDP recua 0,89%, para 4,413 euros. Ao mesmo tempo, a REN cai 0,87%, para 2,86 euros por ação.

Nas perdas, destaque também para os títulos dos CTT, que cedem 0,83%, para 4,195 euros, assim como os da Jerónimo Martins, que caem 0,52%, para 20,32 euros.

Em contraciclo, e a travar mais expressivos do PSI, estão os títulos da Galp Energia. As ações da petrolífera portuguesa somam 0,79%, para 10,82 euros, beneficiando da subida das cotações de petróleo nos mercados internacionais. O Brent, de referência europeia, valoriza 0,93% para 105,58 dólares, enquanto o WTI, cotado em Nova Iorque, avança 0,81% para 102,52 dólares.

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Brent sobe quase 1% para 105 dólares por barril

O preço do petróleo está a subir nos mercados internacionais, com o barril a cotar nos 105 dólares em Londres e nos 102 dólares em Nova Iorque.

O preço do petróleo volta a subir esta quarta-feira, ainda que menos de 1%. O desempenho está relacionado com o alívio dos receios de uma redução na procura por parte da China, o maior importador de petróleo do mundo.

Perto das 8h em Lisboa, o barril de Brent, que serve de referência às importações nacionais, valorizava 0,93%, para 105,58 dólares. Enquanto isso, o WTI subia 0,81%, para 102,52 dólares.

Evolução do preço do Brent em Londres:

Esta recuperação do preço da matéria-prima acontece depois de o Banco Central da China ter afirmado esta terça-feira que vai manter uma liquidez “razoavelmente ampla” nos mercados financeiros, o que aliviou as preocupações dos investidores quanto à diminuição da procura por parte de Pequim, devido ao confinamento apertado em Xangai nas últimas semanas.

“Os traders de petróleo estão a ultrapassar os receios de um confinamento em Pequim e, em vez disso, concentram-se nos estímulos vindos da China“, diz Phil Flynn, analista do Price Futures Group, citado pela Reuters.

Nas últimas horas, a presidente do Parlamento Europeu defendeu um “embargo total” da União Europeia ao petróleo, gás e carvão russo. “Fomos a primeira instituição a começar a falar sobre um levantamento dos bancos russos [a sancionar] e depois, é claro, chegando ao ponto de dizer que precisamos de avançar com um embargo total ao petróleo, gás e carvão“, disse Roberta Metsola, em entrevista à Lusa.

Também o ministro de Economia e Energia alemão afirmou que a Alemanha pode ficar independente do petróleo russo numa questão de dias e não só no final do ano, como foi afirmado anteriormente. “Hoje, posso dizer que é possível a Alemanha fazer um embargo” ao petróleo russo, disse Robert Habeck na terça-feira, realçando que a independência alemã do petróleo russo está “muito, muito próxima”.

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Jornal Económico alvo de ataque informático com envio de “phishing”

  • Lusa
  • 27 Abril 2022

O Jornal Económico anunciou que foi alvo de um ataque informático, com o “envio de phishing através de endereços de e-mail semelhantes aos utilizados pelo jornal".

O Jornal Económico anunciou na terça-feira que foi alvo de um ataque informático, com o “envio de phishing através de endereços de e-mail semelhantes aos utilizados pelo jornal (com a extensão @jornaleconomico.pt)”.

“Os e-mails em questão contêm links para sites ou ficheiros maliciosos, que não devem ser abertos”, adiantou aquele órgão de comunicação social numa nota publicada na sua página na Internet.

O Jornal Económico pede a todas as pessoas que recebam estes e-mails que os apaguem imediatamente”, alertou.

Na nota, divulgada durante a tarde de terça-feira, o jornal adiantou que a equipa informática estava a “averiguar a origem do ataque, bem como a extensão dos prejuízos causados”.

Pedindo desculpa por “quaisquer incómodos provocados” aos leitores, parceiros e anunciantes, bem como a outras pessoas e instituições que receberam os ‘emails’, o Jornal Económico referiu que conta que “a situação fique normalizada nos próximos dias”

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O dermatologista receitou-me uma pomada. Posso deduzir a fatura como despesa de saúde?

Para os contribuintes que ainda não entregaram o IRS e têm dúvidas sobre este processo, o ECO escolheu 20 dicas do Guia Fiscal da Deco para o ajudar. Será partilhada uma dica por dia.

A campanha do IRS já arrancou, no primeiro dia do mês, mas há quem tenha ainda dúvidas sobre a entrega desta declaração. Alguns têm o trabalho facilitado, estando abrangidos pelo IRS automático, alargado no ano passado, mas mesmo assim certos aspetos poderão ainda estar por esclarecer. A resposta às perguntas mais frequentes dos contribuintes pode ser encontrada no Guia Fiscal 2022, da Deco Proteste.

Agora, os “recibos verdes” já têm acesso ao IRS automático, e os mais novos podem optar pelo IRS Jovem. Entre as novidades deste ano, onde já se vai sentir o efeito das novas tabelas de retenção na dimensão do reembolso, encontra-se o IVA dos ginásios, que passou a ser possível descontar no IRS.

Assim, o ECO selecionou 20 das dicas disponibilizadas pela Deco para ajudar a esclarecer todas as dúvidas. Será partilhada uma diariamente ao longo deste mês.

O dermatologista receitou-me uma pomada. Como esta tem uma taxa de IVA de 23%, posso deduzir a fatura como despesa de saúde?

Sim, desde que tenha uma receita médica a prescrevê-la. Por ter IVA de 23%, a despesa fica pendente no e-Fatura, até que o contribuinte indique se dispõe ou não de receita médica que a justifique. Se não o fizer, o Fisco não a terá em conta.

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Governo quer acabar com declaração mensal de remunerações

  • ECO
  • 27 Abril 2022

Ministra do Trabalho espera que o fim da obrigação mensal de entregar a declaração de remunerações pelas empresas possa avançar antes de 2026.

O Governo quer acabar com a declaração mensal de remunerações, um documento que as empresas têm de entregar, “independentemente de haver alterações ou não ao contrato, ao salário, ou à assiduidade”. Ao Jornal de Negócios (acesso pago), a ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, aponta para o fim dessa obrigação antes de 2026.

A medida faz parte de um projeto de digitalização da Segurança Social, financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), com o horizonte de 2026. “A lógica é deixar de ser uma necessidade mensal de entrega das declarações de todos os trabalhadores e passar existir o princípio de que só é preciso haver alguma comunicação à Segurança Social quando há alguma alteração da situação“, disse Ana Mendes Godinho ao jornal.

No futuro, nos casos em que não houver alterações salariais, por exemplo, as declarações poderão passar a ser feitas, no limite, apenas uma vez por ano. Isto porque, em contrapartida, a Segurança Social vai passar a pedir mais informações às empresas no momento das admissões. De acordo com a ministra do Trabalho, há “400 mil empresas a fazer oito milhões de declarações” por ano.

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Metsola admite nova emissão de dívida conjunta na UE para enfrentar picos de preços

  • Lusa
  • 27 Abril 2022

A presidente do Parlamento Europeu defende ainda um “embargo total” pela UE ao petróleo, gás e carvão russo, devido à guerra na Ucrânia, considerando que o apoio europeu “ainda não é suficiente”.

A presidente do Parlamento Europeu não exclui nova emissão de dívida conjunta na União Europeia (UE) para responder aos picos de preços causados pela guerra da Ucrânia e investir em defesa, embora preferindo utilizar “fundos não gastos”.

Digamos que não excluímos nada, mas eu também olharia para todos os fundos não gastos e onde poderíamos realmente utilizar o que temos e também olhava para a flexibilidade dos instrumentos que nos pareceu necessária durante a Covid-19 […] e que ainda pode continuar a ser utilizada”, afirma Roberta Metsola em entrevista à agência Lusa, em Bruxelas, um dia antes de completar 100 dias no cargo.

Numa altura em que a UE enfrenta uma acentuada crise energética, com aumentos significativos nos preços do gás e da luz, e que lida com impactos no setor alimentar devido aos problemas nas cadeias de abastecimento, devido à guerra da Ucrânia causada pela invasão russa, os Estados-membros discutem ideias como uma nova emissão de dívida comum para financiar a independência energética face à Rússia e o reforço das capacidades militares.

Por estes dias, os países da UE lidam com milhares de milhões de euros em despesas imprevistas para apoiar os refugiados ucranianos e as empresas e famílias europeias devido ao pico dos preços da energia e das matérias-primas.

Sem rejeitar uma nova emissão de dívida como a acordada para responder à crise da Covid-19 e que deu origem ao Mecanismo de Recuperação e Resiliência, Roberta Metsola prefere antes destacar, na entrevista à Lusa, a necessidade de analisar “o montante de dinheiro que foi atribuído para a recuperação, como será gasto e onde será gasto”. “E, segundo lugar, se existem fundos estruturais não gastos e os fundos de coesão não gastos que possam ser reorientados”, acrescenta.

Para Roberta Metsola, é ainda urgente “começar a olhar para o Quadro Financeiro Plurianual [orçamento a sete anos] como algo que já não é o modelo que [a UE] deve ter”.

“Agora trabalhamos de ano para ano ou de mês para mês e as coisas podem mudar de dia para dia e, portanto, precisamos de olhar longa e duramente para a nossa capacidade orçamental e para os nossos objetivos orçamentais, mas também garantir que estamos equipados para financiar as gerações futuras”, salienta a líder da assembleia europeia.

Prestes a completar 100 dias no cargo, a presidente do Parlamento Europeu fala em “decisões sem precedentes” aprovadas na UE para apoiar a Ucrânia, nomeadamente a mobilização de mil milhões de euros para apoiar as capacidades das forças armadas ucranianas devido à guerra.

Para financiar a recuperação europeia pós-crise da Covid-19, a Comissão Europeia decidiu contrair, em nome da UE, empréstimos nos mercados de capitais até 750 mil milhões de euros a preços de 2018 – cerca de 800 mil milhões de euros a preços correntes.

Presidente do PE defende “embargo total” ao petróleo, gás e carvão russo

A presidente do Parlamento Europeu (PE), Roberta Metsola, defende um “embargo total” pela União Europeia (UE) ao petróleo, gás e carvão russo, devido à guerra na Ucrânia, considerando que o apoio europeu a Kiev “ainda não é suficiente”.

“Fomos a primeira instituição a começar a falar sobre um levantamento dos bancos russos [a sancionar] e depois, é claro, chegando ao ponto de dizer que precisamos de avançar com um embargo total ao petróleo, gás e carvão”, vinca Roberta Metsola, em entrevista à agência Lusa, em Bruxelas.

Prestes a completar 100 dias no cargo, a presidente do Parlamento Europeu salienta à Lusa que “a democracia não tem preço”, criticando que a UE tenha “ignorado todos os sinais” e se tenha tornado “demasiado dependente do Kremlin” devido à dependência energética europeia face aos fornecedores russos.

O que já fizemos [em termos de sanções aprovadas contra Moscovo] está a aproximar-se bastante de um embargo total ao carvão e o petróleo é uma situação diferente no sentido de como o fazemos”, afirma Roberta Metsola, quando questionada se a UE está em condições de avançar com esse veto.

Por seu lado, “quando olhamos para a dependência do gás russo, cada país [europeu] tem a sua própria realidade individual e precisamos de reconhecer isso, mas a menos que digamos que o objetivo final tem de ser a dependência zero da Rússia em relação ao gás, então nunca o conseguiremos”, adverte a presidente da assembleia europeia. E vinca: “Agora é o momento de o dizer porque já ficou provado […] que, neste momento, não se pode ter um interlocutor como a Rússia”.

Em meados de abril, o Conselho da UE adotou o quinto pacote de sanções à Rússia pela sua contínua agressão militar contra a Ucrânia e “atrocidades” cometidas pelo exército russo, que incluiu a proibição de importação de carvão e novas limitações aos bancos russos.

A aprovação surgiu após a Comissão Europeia ter proposto uma proibição de importação pela UE de carvão russo, que vale à Rússia quatro mil milhões de euros por ano, e de ter admitido sanções adicionais a serem tomadas, incluindo sobre importações de petróleo.

A Rússia é responsável por cerca de 45% das importações de gás da UE, bem como por cerca de 25% das importações de petróleo e por 45% das importações de carvão europeias.

Em média, na UE, os combustíveis fósseis (como gás e petróleo) têm um peso de 35%, contra 39% das energias renováveis, mas isso não acontece em todos os Estados-membros, dadas as diferenças entre o cabaz energético de cada um dos 27 Estados-membros, com alguns mais dependentes do que outros.

“A Ucrânia está essencialmente a combater a nossa guerra, está a combater uma invasão brutal de um país que tem um regime autocrático e que decidiu questionar a integridade territorial e a soberania de um país que olha para a Europa como a sua casa […] e, portanto, se não nos esquecermos disso, então o nosso apoio à Ucrânia pode continuar a ser tão forte como unido, tão vocal e tão corajoso como tem sido até agora”, diz ainda Roberta Metsola à Lusa.

Após ter estado em Kiev no final de março para se reunir com dirigentes ucranianos, a primeira líder de uma instituição europeia a fazê-lo, a responsável admite que a resposta dada pela UE “absolutamente que não é suficiente”.

Roberta Metsola foi eleita, em meados de janeiro passado, presidente do Parlamento Europeu na segunda metade da atual legislatura, até à constituição da nova assembleia após as eleições europeias de 2024. Aos 43 anos, Roberta Metsola é a presidente mais jovem do Parlamento Europeu, após ter chegado a eurodeputada em 2013, pelo Partido Popular Europeu.

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Hoje nas notícias: Defesa, Rendeiro e declarações mensais

  • ECO
  • 27 Abril 2022

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

Os sociais-democratas vão apresentar três propostas de alteração ao Orçamento de Estado para 2022 para reforçar o orçamento da Defesa. O Governo compromete-se a acabar com as declarações mensais de remunerações. No ano passado, um milhão de agregados doou 26,3 milhões de euros em IRS. A marcar o dia está ainda a notícia de que o relatório sobre doença cardíaca de Rendeiro foi assinado por um psiquiatra.

PSD vai propor reforço do orçamento para Defesa

O PSD vai apresentar três propostas de alteração ao Orçamento de Estado para garantir o “reforço que o PS não fez” na área da Defesa, diz Carlos Eduardo Reis, coordenador do grupo parlamentar do PSD na Comissão de Defesa Nacional. Para tal, o partido defende a criação de um quadro permanente de praças nas Forças Armadas (FA) e no Exército, excecionar cativações na compra de dispositivos médicos para deficientes das FA e aproximar os vencimentos dos militares das FA e dos serviços de segurança. Esta intenção surge depois de o Presidente da República ter defendido um reforço dos recursos para a Defesa, no discurso das comemorações do 48.º aniversário do 25 de abril.

Leia a notícia completa no Público (acesso condicionado).

Governo quer acabar declaração mensal de remunerações

O Governo tenciona acabar com a obrigatoriedade de as empresas entregarem mensalmente a declaração de remunerações de todos os trabalhadores. O objetivo é que esta necessidade passe a ser exigida apenas quando “é preciso haver alguma comunicação à Segurança Social quando há alguma alteração da situação”, incluindo a nível de remunerações variáveis, disse a ministra do Trabalho e da Segurança Social ao Jornal de Negócios.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

Um milhão de agregados doou 26,3 milhões de IRS

Em 2021, nas declarações de IRS referentes ao ano anterior, os portugueses consignaram mais 3,2 milhões de euros do que no período transato, num total de 26,3 milhões. Um valor doado por “cerca de um milhão de agregados familiares” e um novo máximo. São mais cerca de 100 mil novos agregados quando, na consignação de 2020, relativa ao imposto de 2019, aquele número havia aumentado em 50 mil.

Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (acesso pago).

Parque Escolar sem contas aprovadas durante seis anos

Entre 2016 e 2021, a empresa pública criada durante o Governo de Sócrates em 2007 para requalificar as escolas públicas não recebeu “luz verde” do Ministério das Finanças para nenhum dos seus relatórios de contas anuais. A Parque Escolar ficou, assim, seis anos sem ver publicado qualquer relatório de contas anual, como previsto no Regime Jurídico do Setor Público Empresarial. Entre 2007 e 2010, a dívida da empresa ascendia a 1.150 milhões de euros.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

Relatório sobre doença cardíaca de Rendeiro foi assinado por um psiquiatra

A defesa de João Rendeiro, que está detido em África do Sul desde dezembro de 2021, vai alegar que o ex-banqueiro padece de uma doença cardíaca para que aguarde a decisão do processo de extradição em liberdade. Mas o relatório médico que chegou ao processo é assinado por José Vasconcelos Villas Boas, um psiquiatra que a Ordem dos Médicos tentou expulsar.

Leia a notícia completa no Público (acesso condicionado).

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Gazprom já fechou torneira do gás à Polónia e Bulgária. Preço dispara 13% na Europa

Estatal russa confirmou esta quarta-feira que já suspendeu o fornecimento de gás natural à Polónia e à Bulgária. Futuros de referência do gás na Europa disparam 12,5%, mas já estiveram a subir 20%.

A Gazprom confirmou esta quarta-feira que os abastecimentos de gás natural à Polónia e Bulgária foram interrompidos, justificando a decisão com o não pagamento dos contratos com rublos, a moeda russa. A decisão faz escalar de forma significativa as tensões entre Moscovo e o Ocidente, no contexto da invasão russa à Ucrânia, e está a impulsionar os preços deste combustível na Europa.

“A Gazprom suspendeu totalmente os fornecimentos de gás à Bulgargaz e PGNiG, por causa da falta de pagamentos em rublos”, anunciou a empresa estatal russa, referindo-se às empresas de gás da Bulgária e Polónia, citada pela Reuters.

O Kremlin tinha feito um ultimato ao Ocidente no final de março para que os abastecimentos de gás fossem pagos em rublos, a moeda local, o que chocaria com as sanções aprovadas contra Moscovo. Por isso, os traders estão a avaliar a possibilidade Moscovo fechar a torneira a outros países europeus, à medida que os prazos para pagamento se vão aproximando.

Esta quarta-feira, pelas 7h10, os futuros do gás TTF para entrega em maio, o contrato de referência na Europa, disparavam 21,11%, para 125 euros por MWh (megawatt-hora), de acordo com dados da Barchart, um máximo desde o início deste mês. Entretanto, já depois do anúncio da Gazprom, o preço aliviou para 116,105 euros, ainda assim uma subida intradiária de 12,5%.

Cerca de metade do gás natural consumido pela Polónia tem origem na Rússia, bem como nove décimos do combustível consumido pela Bulgária. Alemanha e Hungria são outros dos países com alguma dependência do gás russo.

“Cortar o fornecimento de gás é uma violação de contrato e a PGNiG reserva o direito de pedir compensação e vai usar todos os meios contratuais e legais para esse efeito, disse fonte oficial da importadora de gás polaca. Andriy Yermak, chefe de gabinete do Presidente da Ucrânia, também já reagiu, dizendo que “começou a chantagem do gás [pela Rússia] à Europa”.

O anúncio do corte de abastecimento surge numa altura em que a descida das temperaturas no continente europeu ameaçam impulsionar o preço do gás, devido ao aumento da procura. Além da produção elétrica, o gás é usada por muitas famílias europeias para aquecimento das habitações.

Na terça-feira, Portugal e Espanha chegaram a um acordo político com a Comissão Europeia que vai permitir aos dois países imporem um limite temporário de, em média, 50 euros por MWh no preço do gás natural. O mecanismo vai poder ser usado por cerca de 12 meses e visa desassociar o preço da eletricidade no mercado grossista ibérico do preço do gás nos mercados internacionais.

(Notícia atualizada às 8h42 com anúncio da Gazprom)

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5 coisas que vão marcar o dia

Mais um dia ocupado no Parlamento com a audição da ministra da Trabalho por causa do OE2022 e a audição de Francisco Assis, candidato a presidente do CES.

Esta quarta-feira será marcada pela discussão do Orçamento do Estado para 2022 (OE 2022), cuja proposta do Governo foi entregue há duas semanas. De manhã há a audição à ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho. Neste mesmo dia, o CFP vai divulgar a sua análise mais aprofundada ao documento. De tarde, no Parlamento, Francisco Assis tem uma audição para o cargo de presidente do CES.

Ministra do Trabalho no Parlamento

A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, vai esta quarta-feira às 9h à Assembleia da República para discutir com os deputados a proposta do OE2022 entregue pelo Governo há duas semanas. A proposta inclui a atualização extraordinária das pensões até dez anos para os pensionistas até 1.108 euros. A sessão dá-se no rescaldo da audição do ministro das Finanças, Fernando Medina.

CFP analisa proposta de Orçamento do Estado

O Conselho das Finanças Públicas (CFP), que no primeiro parecer endossou as previsões macroeconómicas do Governo, vai revelar uma análise mais completa à proposta do OE2022. O CFP prevê que o PIB cresça 4,8% este ano, menos uma décima do que o Governo, e que o défice orçamental fique em 1,6%, abaixo dos 1,9% previstos pelo Executivo. Contudo, é de notar que estas previsões do Conselho são em políticas invariantes, isto é, não contemplam os eventuais efeitos do Orçamento na economia e nas contas públicas.

Assis recandidato ao CES ouvido no Parlamento

À tarde, o ex-eurodeputado do PS, Francisco Assis, vai ser ouvido no Parlamento enquanto recandidato ao Conselho Económico e Social (CES), após um curto mandato de menos de dois anos por causa da dissolução da Assembleia da República no final do ano passado. O Partido Socialista decidiu reconduzi-lo na função de presidente do CES e a sua eleição não deverá ser difícil, uma vez que os socialistas têm maioria absoluta.

Como estão a ser avaliadas as casas?

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga o inquérito à avaliação bancária na habitação relativo a março. No mês anterior, o valor mediano a que a banca avaliou os imóveis para efeitos de concessão de crédito subiu pelo sexto mês consecutivo, atingindo um novo máximo histórico: 1.314 euros. Entre janeiro e fevereiro, o valor mediano subiu 1,7%, com o maior aumento a registar-se no Alentejo (2,6%) e a única descida na Madeira (-0,2%).

INE divulga dados sobre o turismo dos portugueses

O gabinete de estatísticas revela ainda os dados sobre a procura turística dos residentes no quarto trimestre de 2021. A procura interna — ou seja, de portugueses — pelo turismo nacional tem sido um dos motores da recuperação do setor durante estes dois anos de pandemia, numa altura em que as viagens internacionais estiveram significativamente limitadas. Mais recentemente, com a retoma do turismo internacional, os turistas estrangeiros devem ter tido uma maior preponderância.

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Falhas no fornecimento já são a principal ameaça às empresas portuguesas

Pandemia e alterações climáticas começam a sair do radar de preocupações dos empresários. Antes da guerra, acesso a matérias-primas e componentes já era maior risco para 2022, mostra estudo da Marsh.

A escassez e a subida de preços das matérias-primas e de outros materiais essenciais para o funcionamento das empresas, como é o caso dos semicondutores em algumas indústrias, entrou na lista de preocupações diárias das empresas portuguesas durante o ano passado, ainda na ressaca das disrupções produtivas e logísticas provocadas pela pandemia de Covid-19. E tão cedo não vai sair do léxico empresarial.

Num estudo que será divulgado esta quarta-feira pela consultora Marsh Portugal, as falhas na cadeia de fornecimento surgem precisamente no topo da lista de riscos identificados pelos empresários nacionais, sendo apontadas por 58% dos inquiridos. Na tabela de 2021, este tópico surgia apenas no 9º lugar (16%) e há cinco anos não passava sequer da 21.ª posição.

Este problema, que já levou inclusive algumas fábricas a interromper a produção, como foi o caso da Bosch Car Multimédia, em Braga, relegou para a segunda posição o risco de ataques cibernéticos, que tinha encabeçado esta lista nos quatro anos anteriores. “São dois riscos com um peso muito importante na forma como o negócio local e global terá de ser repensado desde já”, sublinha o relatório.

O pódio fecha com outro “clássico”: a instabilidade política ou social (45%), que ao longo de oito anos consecutivos de estudo figurou sempre entre as três primeiras posições. As empresas foram auscultadas em dezembro de 2021 e janeiro de 2022, em plena campanha eleitoral para as legislativas antecipadas. No plano externo, o especialista da Marsh, Fernando Chaves, avisa que “não [é] de estranhar que, pelas repercussões do conflito na Ucrânia, continue entre os principais riscos” nos próximos anos.

http://videos.sapo.pt/yNahInKc6qqOGoDKKBRL

A pandemia tropeça do 2º para o 4º posto, com uma percentagem muito inferior face à registada em 2021 (36% vs. 53%). “Acaba por ser natural, sendo agora mais determinantes outros riscos naturalmente interconectados. Não podemos deixar de relacionar este risco com o da falha na cadeia de fornecimento e lembrar que, apesar de em Portugal e na Europa os indicadores convidarem a um regresso à ‘normalidade’, noutros pontos do globo, [como na China], o prolongar dos confinamentos pode gerar falhas na cadeia de valor a nível mundial, o que só reforça a ideia de interconexão e efeito dominó entre os riscos”, lê-se no relatório.

Este questionário foi respondido antes do início da guerra na Ucrânia, a 24 de fevereiro, mas já numa altura de tensão latente com a Rússia. Uma altura, porém, já “bastante afetada” pela pressão em matéria de estrangulamento dos portos, escassez de matérias-primas, acentuado aumento dos materiais, da energia e da logística. Assim como por outros aspetos políticos, além da instabilidade mundial, como o “tempo de indecisão política nacional forçada pelas eleições e [pelo atraso na] tomada de posse de um novo Governo”.

Talento a subir e clima a “derreter”

Outro “risco crónico” para os gestores nacionais, com impacto ao nível da competitividade das empresas, é a retenção de talento (34%). Na última década não saiu dos dez primeiros lugares nem ficou abaixo dos 20%. Após um interregno de um ano (6º lugar em 2021), volta a figurar no top 5, com os autores do estudo a declararem ser igualmente “um risco a rever para o futuro, por força da adaptação das organizações às novas formas de trabalhar, em especial ao trabalho remoto”.

“Certamente recordados da crise de 2008-2009 e da vaga de emigração jovem, do aumento da competitividade tecnológica das empresas e ainda para mais com a mudança que veio para ficar no que respeita ao trabalho remoto, as empresas portuguesas voltam a destacar o risco de retenção, sendo igualmente um sinal para a urgência na resposta que esperam, a montante, no campo da formação escolar de base e nas soluções de formação contínua para adaptação às novas necessidades”, resumem.

Em sentido contrário, os temas relacionados com a ação climática parecem estar a perder fulgor: primeiro no meio de uma crise sanitária e agora num contexto de instabilidade internacional que está a arrasar as cadeias produtivas e logísticas. Os eventos climáticos extremos descem uma posição (6º lugar, 24%), a falha na mitigação e adaptação às alterações climáticas também passou de 16º para a 20º lugar, apenas selecionada por 7% dos inquiridos. E as catástrofes naturais, que em 2021 recolhiam a atenção de 9%, em 2022 estão na lista de apenas 4%.

“Esta aparente perda de importância não deixa de ser contraditória face à exposição a eventos cada vez mais recorrentes e mais destrutivos. O planeta vive uma urgência climática e queremos acreditar que estes números apenas revelam uma perceção mais urgente para os efeitos imediatos que alguns riscos de curto prazo podem ter nas empresas, mas que, ainda assim, não caíram por terra as medidas que cada organização deve manter e até aumentar para cumprirmos com as metas do Protocolo de Paris, reforçadas em 2021, em Glasgow, na COP26”, avisa a consultora liderada em Portugal por Rodrigo Simões de Almeida.

O planeta vive uma urgência climática e queremos acreditar que estes números apenas revelam uma perceção mais urgente para os efeitos imediatos que alguns riscos de curto prazo podem ter nas empresas.

Estudo “A Visão das Empresas Portuguesas sobre os Riscos 2022”

Marsh Portugal

O estudo nacional, que faz a ponte com o Global Risks Report 2022, desenvolvido pelo Fórum Económico Mundial, e que será analisado esta manhã no evento “Raio-X aos Riscos 2022”, questiona igualmente as empresas portuguesas sobre os riscos que o mundo vai enfrentar em 2022. A cibersegurança (51%) e a pandemia / propagação rápida de doenças infecciosas (48%) repetem os lugares cimeiros do ano passado. Mas os dois seguintes são novas entradas, associados à atual conjuntura: os choques nos preços dos produtos (commodities), com 47%; e a inflação, com 45%.

Sejam internos ou externos, a gestão dos riscos continua a figurar no rol de preocupações das empresas portuguesas – “suficiente” no caso de 44% dos inquiridos e “elevada” para 42%. Ainda assim, no espaço de um ano subiu de 9% para 14% a percentagem dos que respondem que é dada pouca importância a esta matéria nas suas empresas, aproximando-se desta forma dos valores prévios ao surgimento do coronavírus na China.

Em contrapartida, sublinha a Marsh Portugal, os valores orçamentados para esta rubrica são semelhantes ou até superiores ao dos dois anos anteriores: 37% aumentou a verba em 2022 e só 1% admite que diminuiu. “Esta não deve ser uma área a descurar, mesmo em períodos de crise, dado que poderia ser até contraproducente para as organizações baixarem as suas linhas de defesa em alturas em que podem estar mais expostas às muitas ameaças internas e externas”, conclui o estudo.

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“Famílias estão razoavelmente preparadas” para a subida dos juros, diz CEO do Santander Totta

Pedro Castro e Almeida considera que as famílias portuguesas estão "razoavelmente preparadas" para enfrentarem a subida da prestação da casa nos próximos tempos.

O CEO do Santander Totta considera que as famílias portuguesas “estão razoavelmente preparadas” para lidar com a subida dos encargos com o empréstimo da habitação, admitindo, porém, que poderão ter de lidar com problemas de desemprego em caso de uma recessão.

“As famílias vão pagar mais pela prestação da casa, mas não é passar para uma taxa de 1% que vai fazer grande diferença”, afirmou Pedro Castro e Almeida em declarações ao ECO, no dia em que o banco anunciou uma subida de 350% dos lucros para 155,4 milhões de euros no primeiro trimestre do ano.

O responsável lembrou que os particulares aumentaram muito as poupanças durante a pandemia e essa almofada poderá ser importante para conter o impacto da subida dos juros do banco central.

Por outro lado, explicou que as regras do crédito à habitação estão hoje mais robustas do que na anterior crise de 2011. “Quando fazemos o cálculo da prestação, olhamos para o rendimento disponível e já se ‘stressa’ a Euribor a 3%”, adiantou, rematando: “Pelo efeito de subida das taxas não vejo grande tema”.

O Banco Central Europeu (BCE) está sob pressão para começar a subir os juros para conter a escalada da inflação na Zona Euro e há cada vez mais responsáveis do banco central a apontar para subidas – a primeira numa década — já a partir da reunião de julho. Mas há uma ala que defende maior prudência no aperto das condições financeiras para não colocar em causa a economia, perante um período de enorme incerteza com a guerra na Ucrânia e as sanções económicas à Rússia.

Pedro Castro e Almeida aponta para “um arrefecimento do crescimento económico”, não pondo de lado uma recessão. “Aí pode haver desemprego e, nos clientes particulares, o desemprego é o que gera maiores problemas do crédito malparado”, alertou.

Spreads em mínimos até 2024

O CEO do banco disse ainda que não vê as taxas de spread do crédito aumentarem nos próximos anos, apesar do aperto financeiro do banco central.

“Não me parece que nos próximos anos isto vá mudar. Temos muitos bancos em Portugal e muita liquidez ainda. Em 2023 e 2024 não vejo um alargar dos spreads”, indicou.

Castro e Almeida lembrou que, dentro do grupo Santander, o banco de Portugal é o que tem os spreads mais baixos no mercado europeu. “No crédito à habitação temos spreads de 0,9% e nas empresas de 1,5%, são os mais baixos do mercado europeu”, disse.

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