5 coisas que vão marcar o dia

INE divulga índice de confiança dos consumidores e do clima económico. Função Pública discute a Tabela Remuneratória Única com o Governo. DGO atualiza síntese de execução orçamental.

Termina hoje o fórum anual sobre a banca central em Sintra, cujo tema central se foca nos desafios da política monetária num mundo em mudança. O Banco de Portugal divulga o balanço dos empréstimos e depósitos bancários. E o Instituto Nacional de Estatística (INE) lança os resultados dos Inquéritos de Conjuntura às Empresas e aos Consumidores. Estas são algumas das coisas que vão marcar o dia desta quarta-feira.

Termina fórum de banqueiros centrais em Sintra

Encerra esta quarta-feira o fórum anual de banqueiros centrais em Sintra, organizado pelo Banco Central Europeu (BCE). O tema desta edição centrou-se nos desafios da política monetária num mundo em mudança. Ontem, Christine Lagarde insistiu que o BCE irá até “onde for preciso” para domar a inflação na Zona Euro.

Como está a execução orçamental?

A Direção-Geral do Orçamento (DGO) vai divulgar a síntese de execução orçamental referente a maio de 2022, depois das Administrações Públicas registarem um défice de 781,7 milhões de euros no final de abril, uma melhoria de 4.272,4 milhões de euros em termos homólogos. Nesse mesmo mês, as receitas cresceram em 15%, evidenciando uma recuperação da atividade económica e do mercado de trabalho, face a 2021. Houve também uma diminuição da despesa de 1,8%, embora a despesa com a aquisição de bens e serviços tenha aumentado 8,1%.

INE avalia clima económico

O INE vai lançar um conjunto de dados relativos ao indicador de confiança dos consumidores e do clima económico, bem como as estimativas mensais de emprego e desemprego. Em abril e maio, a confiança dos consumidores aumentou após uma diminuição acentuada em março, enquanto os indicadores de confiança diminuíram em maio na Indústria Transformadora, no Comércio e ligeiramente nos Serviços, ao passo que aumentou na Construção e Obras Públicas.

Função Pública reúne com Governo

A secretária de Estado da Administração Pública, Inês Ramires, vai reunir com os sindicatos representantes dos trabalhadores da Administração Pública, nomeadamente a Frente Sindical da Administração Pública (FESAP), a Frente Comum dos Sindicatos da Função Pública, e o Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE). Inês Ramires irá ainda prestar declarações no final da reunião. As estruturas sindicais consideram prioritário a revisão da Tabela Remuneratória Única, aumentos salariais que recuperem o poder de compra e a revisão do sistema de avaliação e das carreiras.

Evolução dos empréstimos e depósitos

O Banco de Portugal vai divulgar dados relativos aos empréstimos e depósitos, bem como o balanço das instituições financeiras monetárias referente ao mês de maio. No mês anterior, os empréstimos ao consumo verificaram o crescimento mais elevado desde abril de 2020, sendo que no final de abril de 2022, as empresas portuguesas pediram empréstimos no valor de 76,4 mil milhões de euros. Em termos homólogos, isto representa um crescimento de 3,1%.

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Grupo Montepio regista perda de 15,6 milhões com duas empresas russas

Montepio detinha 21,5 milhões em dívida de uma empresa de gás e outra de metalomecânica russas. Guerra obrigou a imparidades de 15,6 milhões que grupo espera reverter, pelo menos parcialmente.

O grupo Montepio registou uma perda de cerca de 15,6 milhões de euros com a exposição a duas empresas russas, uma de gás e outra metalomecânica, na sequência da guerra da Rússia na Ucrânia, iniciada há mais de quatro meses.

Em causa está um investimento que se encontrava avaliado em 21,5 milhões de euros no final do ano passado, mas que, “após o início da guerra e após a aplicação de várias medidas sancionatórias por parte dos países do ocidente à Rússia”, passou a valer apenas 5,9 milhões em maio, com o grupo mutualista liderado por Virgílio Lima a reconhecer uma perda de perto de 73% do justo valor, segundo indica no relatório e contas consolidado de 2021.

Ao ECO, a Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) esclarece que aquela exposição “está distribuída por duas entidades do grupo, mas não no Banco Montepio” e espera, “pelo menos parcialmente”, poder recuperar parte do valor das imparidades que foram constituídas.

Assegura ainda que as duas entidades do grupo “têm estado a ser recebidos os juros devidos”, ou seja, ainda não há incumprimento do serviço da dívida da parte das duas empresas russas que não foram identificadas. Além do banco, o seu principal ativo, a AMMG é dona das seguradoras Lusitânia e Lusitânia Vida e de outras sociedades.

A exposição do sistema financeiro português à Rússia e Ucrânia é “negligenciável”, “sendo pequena a exposição das instituições de crédito a empresas com relações comerciais com estes dois países”, segundo sinalizou o Banco de Portugal no Relatório de Estabilidade Financeira divulgado na sexta-feira.

O Novobanco é o banco nacional mais exposto: entre crédito a clientes e obrigações, a exposição à Rússia totalizava os 48,1 milhões de euros. Acresciam-se ainda exposições de 209 mil euros à Bielorússia (outro interveniente da guerra) e de 938 mil euros à Ucrânia, em ambos os casos, relativos a créditos a clientes, de acordo com o relatório e contas do banco liderado por António Ramalho.

Já a exposição direta da Caixa Geral de Depósitos (CGD) à Rússia é aproximadamente de quatro milhões de euros e à Ucrânia de um milhão de euros. O banco público adianta que “estes valores dizem respeito, na sua maioria, a crédito hipotecário concedido pela Caixa a cidadãos russos e ucranianos a residir em Portugal e cujo colateral se situa igualmente em Portugal”. Revela ainda que tem uma exposição a empresas não financeiras que se refere “a uma transação de factoring numa exportação de um cliente português e encontra-se parcialmente coberta por seguro”.

Outro banco português com exposição à Rússia é o BCP. Sem revelar valores, o CEO do banco, Miguel Maya, disse tratar-se de “uma exposição absolutamente imaterial quer a partir de Portugal quer a partir das operações estrangeiras” em dívida de empresas russas, pelo que, “do ponto de vista de risco de crédito, não há qualquer motivo para preocupação”.

Apesar da reduzida exposição direta à Rússia, o regulador antecipa impactos de segunda e terceira ordem do conflito no setor bancário, como o aumento dos preços e a travagem da economia a colocarem as empresas e famílias sob maior pressão.

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Estas são as cidades onde o custo de vida é mais alto para expatriados. Lisboa cai 26 posições

Lisboa fica a meio da tabela (109.º) das cidades europeias mais caras, atrás de cidades como Madrid (90.º) ou Barcelona (78.º). A cidade europeia mais barata para expatriados é Sarajevo (209.º).

Hong Kong é a cidade mais cara para se viver a nível global e Zurique — seguida de Genebra, Basileia e Berna — lidera o “top 5” das metrópoles europeias mais caras para os trabalhadores expatriados. Lisboa surge na 109.ª posição, uma queda de 26 lugares face ao ano anterior, mas isso não significa que se tornou “mais barata”, num ano em que o aumento do trabalho remoto e flexível, a guerra na Ucrânia e a taxas de câmbio e inflação estão a pressionar os pacotes remuneratórios das companhias na luta pelo talento, alerta o estudo “Custo de Vida 2022”, lançado pela consultora Mercer.

Num ano, Lisboa caiu 26 posições no ranking das cidades mais caras para viver. Boas notícias para os trabalhadores expatriados? Nem por isso. “Uma descida de Lisboa no ranking não deve ser interpretada como a constatação que se tornou uma cidade mais ‘barata’ em termos absolutos, mas sim que, em comparação com outras cidades a nível global, Lisboa desceu 26 posições neste indicador de custo de vida”, explica Tiago Borges, business leader de career da Mercer Portugal, à Pessoas.

Lisboa recua no custo de vida: as razões

E o que explica este recuo de Lisboa? “O facto de a inflação ter atingido algumas geografias relevantes antes de Portugal até à data de realização do trabalho de campo do estudo (março de 2022), apesar de entretanto a inflação em Portugal/Lisboa ter-se nivelado com as altas taxas de inflação já verificadas em outras geografias (em maio a inflação em Portugal atingiu os 8% o valor mais elevado desde 1993). Por outro lado, as taxas de câmbio também têm impacto nesta análise relativa, e o Euro sofreu desvalorizações face a algumas moedas importantes (Dólar, Libra, Franco Suíço), o que afetou o custo de vida relativo face a cidades fora da Zona Euro)”, elenca o responsável da Mercer.

O estudo classifica o custo de vida de 227 cidades do mundo para expatriados a partir da análise dos custos comparativos de mais de 200 itens, como habitação, transporte, alimentação, vestuário, produtos domésticos e entretenimento, sendo concebido para ajudar multinacionais e governos a determinar estratégias de compensação para os seus expatriados.

Independentemente de o ranking ter mostrado este ano uma descida relativa de Lisboa, isto não significa que os salários das organizações não se encontrem sob pressão, que será cada vez mais evidente à medida em que exista um afastar da taxa de incrementos salariais e da inflação entretanto verificada.

Tiago Borges

Business leader de career da Mercer Portugal

E será que esta descida comparativa de Lisboa pode vir a ter impacto nos pacotes de remuneração oferecidos aos quadros que se instalem em Portugal? Terá a pressão salarial reduzido?

Tiago Borges afasta esse cenário. “Independentemente de o ranking ter mostrado este ano uma descida relativa de Lisboa, isto não significa que os salários das organizações não se encontrem sob pressão, que será cada vez mais evidente à medida em que exista um afastar da taxa de incrementos salariais e da inflação entretanto verificada”, diz.

Mais: “Olhando para uma tendência mais estrutural, os nossos estudos demonstram que alguns itens relevantes (energia, habitação) têm subido em Lisboa a uma taxa superior a outras geografias. Assim, é natural que as empresas tenham que continuar a efetuar um esforço de adaptação dos pacotes salariais a apresentar aos quadros que queiram instalar em Portugal, se quiserem continuar a ser competitivos e a ter poder de atração para os mesmos”, reforça.

Trabalho remoto e o repensar de prioridades

Depois da pandemia, que levou a um aumento do trabalho à distância, empresas e colaboradores enfrentam agora os efeitos da inflação e das taxas de câmbio que afetam diretamente o poder de compra de quem está a trabalhar fora do seu país de origem, levando à reconsideração de prioridades e até escolha de local de residência. Um contexto que poderá ter de levar as empresas a repensar as suas estratégias de mobilidade — e ganhando espaço na luta pelo talento — e de compensação.

“O aumento da inflação, embora afete o poder de compra dos pacotes de remunerações, acaba por ser um fenómeno global. Neste sentido, uma empresa deter um pacote de benefícios robusto, que possa responder às várias fases do ciclo de vida de um colaborador, acaba por constituir-se uma ferramenta fundamental de retenção dos colaboradores”, comenta Tiago Borges.

“Temas como os benefícios pós-reforma, as ofertas na área do bem-estar, o pilar da saúde, a própria flexibilidade vista como benefício, acabam por ser pedra angular de qualquer proposta de valor, particularmente se tiverem uma formatação flexível que permita que os colaboradores os adaptem da forma mais próxima possível às suas necessidades”, aponta o responsável da Mercer.

Custo de vida e a atração de talento e investimento

O custo de vida poderá ainda ter um papel relevante na atratividade de uma cidade como destino para os talentos se instalarem — num mundo cada vez mais global sob o impulso do trabalho remoto — e influenciar as decisões das organizações na hora de expandir a sua pegada geográfica.

Lisboa já está a sofrer impactos das dinâmicas trazidas pelos novos modelos de trabalho, e particularmente pela ascensão do trabalho remoto. Esse impacto manifesta-se através do cada vez maior interesse que Lisboa (e Portugal em geral) gera como alternativa de relocalização de quadros especializados nos mais diversos domínios, e nesse sentido, vemos um movimento de relocalização de quadros altamente qualificados de diversas geografias, algumas com uma preponderância mais recente (EUA, por exemplo).

Tiago Borges

Business leader de career da Mercer Portugal

De que modo Lisboa poderá tirar partido? “Lisboa já está a sofrer impactos das dinâmicas trazidas pelos novos modelos de trabalho, e particularmente pela ascensão do trabalho remoto. Esse impacto manifesta-se através do cada vez maior interesse que Lisboa (e Portugal em geral) gera como alternativa de relocalização de quadros especializados nos mais diversos domínios, e, nesse sentido, vemos um movimento de relocalização de quadros altamente qualificados de diversas geografias, algumas com uma preponderância mais recente (EUA, por exemplo)”, comenta Tiago Borges.

“Estes quadros beneficiam de efeitos positivos ao nível da qualidade de vida percecionada e de um custo de vida que, quando comparado com o que existe nas localizações de origem, é mais baixo. Nesse sentido, as empresas portuguesas e mesmo as internacionais que queiram investir em Portugal acabam por ser beneficiadas pela existência de um ecossistema de talento cada vez mais diversificado e multinacional“, destaca o responsável da consultora.

Mas essa capacidade de atração de Lisboa também tem outros efeitos, nem sempre tão positivos para os trabalhadores residentes. “Este movimento acaba por trazer pressão sobre os preços de alguns itens relevantes (como por exemplo habitação), que tendem a tornar-se cada vez mais desalinhados com a procura e poder de compra local, para estarem mais alinhados com o poder de compra global, o que coloca desafios significativos, em particular para as novas gerações”, alerta o responsável da Mercer.

E também para as empresas. “Outro fenómeno que ainda se verifica é a cada vez maior dificuldade das organizações portuguesas em reter talento em funções que podem ser exercidas remotamente, pois a oferta de emprego alargou-se e tornou-se global com a ascensão do trabalho remoto (fenómeno particularmente evidente em funções de índole tecnológico/digital)”, refere ainda Tiago Borges.

Na Europa, Zurique é a cidade mais cara para viver — segunda posição no ranking global depois de Hong-Kong — seguida de Genebra, Basileia e Berna, Copenhaga (11.º lugar no ranking global), Londres (15.º), Viena (21.º), Amesterdão (25.º), Oslo (27.º) com Munique (33.º) a fechar o “top 10” das cidades europeias mais caras para expatriados.

Lisboa fica agora a meio da tabela (109.º) das cidades europeias mais caras, atrás de cidades como Madrid (90.º) ou Barcelona (78.º). A cidade europeia mais barata é Sarajevo (209.º).

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Wall Street inverte e cai 2%. Recuperação perde força

Mercado não conseguiu manter a recuperação dos últimos dias. Inverteu a tendência de abertura e encerrou no vermelho.

Os principais índices dos Estados Unidos caíram esta terça-feira, anulando os ganhos no arranque desta sessão, já que o mercado não conseguiu manter a recuperação das baixas dos últimos dias.

O índice de referência financeiro, S&P 500 encerrou a perder 2%, para 3.822,20 pontos, acompanhado pelo industrial Dow Jones, que recuou 1,56%, para 30.946,99 pontos. Pelo mesmo caminho seguiu o tecnológico Nasdaq, ao perder 2,98%, para 11.181,54 pontos.

O índice de confiança do consumidor nos EUA caiu para 98,7, abaixo dos 103,2 de maio, de acordo com o The Conference Board. Os dados surgiram quando os receios de uma recessão aumentaram, à medida que a Fed tenta combater a inflação crescente com aumentos agressivos das taxas de juro.

“De momento, estamos num ponto de inflexão da economia, onde os gastos reais e a atividade económica ainda são positivos, no entanto, a confiança do consumidor e as condições financeiras (especialmente as taxas de juros) estão a indicar uma desaceleração“, diz Chris Zaccarelli, diretor de investimentos da Independent Advisor Alliance, citado pela CNBC.

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Horta Osório recomenda mais poupança e menos dívida às famílias

Horta Osório aconselha famílias a apertarem o cinto e as empresas a terem também "prudência", porque "estamos num período de grande incerteza e as taxas de juro só têm um caminho, que é a subida".

“O meu conselho às famílias portuguesas, dependendo da capacidade de cada uma, é de prudência; se possível poupar um pouco mais, reduzir a dívida“, aconselhou o chairman da Bial, António Horta Osório, na sessão de abertura do QSP Summit, no Teatro Rivoli, no Porto. E se para as famílias o melhor é apertar o cinto e não se endividarem mais, para as empresas o gestor sugeriu: “Devem tentar alongar prazos de financiamento a taxas fixas se possível, ter os spreads o mais possível fixos por um período mais longo, porque estamos num período de grande incerteza e as taxas de juro só têm uma direção que é a de subida.”

Face à elevada inflação, à incerteza económica e à expectativa da subida das taxas de juro, o gestor avisou que “a palavra [de ordem] é de prudência“, porque não se sabe o que o futuro reserva. Avizinham-se, por isso, tempos difíceis e de “grande incerteza”, tendo em conta, alertou, que a grande “questão [que se coloca] é a intensidade dessa subida das taxas de juro”.

A conjuntura económica mundial não é favorável ao país, sobretudo quando, defendeu, “Portugal é uma pequena economia aberta e está muito dependente do que se passa no mundo”. Ora, explica, está-se a viver, a nível mundial, “uma conjugação de vários fatores negativos: o aumento do preço da energia e da comida, assim como a interrupção das cadeias de produção devido à guerra na Ucrânia e desglobalização, e o aumento das taxas de juro”. Horta Osório deixou, por isso, um recado: “Todos esses fatores obviamente contribuem para um aumento de inflação e diminuição do poder de compra dos portugueses”.

Face à elevada inflação e à consequente diminuição do poder de compra das famílias mais necessitadas, o gestor sugeriu que o Governo aumente as ajudas monetárias. “O Governo já tomou essa iniciativa e deu um apoio de 60 euros que atingiu um milhão de famílias e que me parece muito positivo”, sublinhou Horta Osório.

O conhecido banqueiro chamou, contudo, “a atençãopara a necessidade “desse apoio ter de ser revisto, na segunda metade deste ano, porque [o que existe] poderá vir a revelar-se insuficiente, dependendo do comportamento da inflação“. O gestor alertou, por isso, que “a inflação está a ir para além das expectativas e o impacto que isso tem nos rendimentos das famílias mais desfavorecidas em Portugal”. Aliás, frisou, “o Governo tem capacidade para [aumentar os apoios], caso o ache adequado“.

Continuo a insistir que estamos a falhar há muito tempo como país. Temos um salário médio de 1100 euros por mês, quando um espanhol tem 50% a mais e um irlandês tem três vezes mais.

Horta Osório

Presidente da Bial

Na realidade, notou o gestor, “a inflação subiu bastante mais e mais depressa do que era espectável, quer em Portugal, quer nas outras economias mundiais e isso implica uma atenção muito especial, sobretudo devido ao aumento do preço da energia e da alimentação que pesam muito mais do que o índice da inflação no cabaz das famílias mais desfavorecidas”. Portanto, reiterou, “é muito importante ter em atenção este fenómeno”.

O gestor também criticou os baixos salários dos portugueses face a alguns países europeus. “Continuo a insistir que estamos a falhar há muito tempo como país. Temos um salário médio é de 1.100 euros por mês, quando um espanhol tem 50% a mais e um irlandês tem três vezes mais”. Aliás, questionou: “Porque é que estamos ‘satisfeitos’ com essa situação?”. E exortou o Estado “a fazer um plano que possa levar ao crescimento, aumento da produtividade e consequente aumento dos salários”.

Para o gestor, há “ainda muito por fazer. E o país e os portugueses precisam disso”.

O gestor referiu ainda que a pandemia poderia ter tido consequências macroeconómicas extremamente negativas e não teve devido à intervenção dos governos e bancos centrais mundiais”. E elogiou “as medidas [tomadas] que foram decisivas, corajosas e tiveram impacto, pois atravessámos a pandemia de uma forma muito melhor”.

Por fim, Horta Osório alertou para a urgência de serem tomadas medidas para contrariar a descida e o envelhecimento da população portuguesa. Só há três soluções, na sua opinião: aumentar a natalidade, trazer os emigrantes portugueses de volta e atrair imigrantes que tragam “capacidades que o país precisa em termos de formação para Portugal evoluir”.

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TOP 20: Sabseg ultrapassa MDS como maior sociedade corretora em Portugal

  • ECO Seguros
  • 28 Junho 2022

Há uma mudança no ranking das sociedades corretoras. A Sabseg ultrapassou a MDS em volume de negócios. Seguramos cresceu mais em vendas e lucros. Veja as TOP20.

Ricardo Pinto dos Santos, CEO da MDS Portugal, o maior grupo, Miguel Machado, CEO da Sabseg, a maior corretora, e Mário Ramos, CEO da Seguramos, a sociedade de corretagem que mais cresceu em 2021.

A corretora de seguros Sabseg passou a ser a ser a maior sociedade corretora em Portugal, ultrapassando a MDS Corretor de Seguros SA em volume de negócios, atingindo uma faturação total de 31,42 milhões de euros. Este valor é superior em 1,4%, cerca de 420 mil euros, ao volume de negócios da MDS Corretor de Seguros.

Já a diferença no resultado líquido é expressiva. A Sabseg obteve um lucro superior a seis milhões de euros, enquanto a MDS não chegou aos dois milhões.

Ainda assim, enquanto Grupo, a MDS atingiu, só em Portugal e em 2021, receitas agregadas na corretagem e mediação de seguros no valor de 42,4 milhões de euros, um valor 13% superior aos 37,5 milhões obtidos em 2020. Ou seja, o grupo que agora é detido pelo grupo britânico Ardonagh considera as suas receitas adicionando a faturação de outras sociedades de mediação, garantindo a ECOseguros que não existem vendas recíprocas entre sociedades do grupo, o que torna esta adição numa consolidação de contas informal.

Já a Sabseg não apresenta contas adicionando participadas em mais de 50%, por isso assume-se em comunicado como “o maior corretor de seguros em Portugal”. Em 2021, incorporou duas mediadoras, mas detém posições importantes, por exemplo, em empresas de seguros em parceria com clubes desportivos que não estão refletidas nas contas Sabseg Corretor de Seguros.

As corretoras globais em Portugal conservaram as suas posições com uma aproximação da Marsh, quarta maior em Portugal à AON, terceira maior. A Verlingue, ex-Luso-Atlantica manteve a 5ª posição, mas a WTW (ex-Willis) subiu uma posição por troca com a Villas Boas ACP que sofreu uma redução de 8% na faturação, embora tenha crescido 4% nos lucros.

F.Rego (+4% vendas), Costa Duarte (+1%) e Melior (-5%) mantiveram os 8º, 9º e 10º lugares respetivamente, mas o grande salto classificativo, de 15º para 11º, aconteceu com a Seguramos. A corretora de Mário Ramos registou o maior crescimento do top20, mais 41% para 4,4 milhões de euros de vendas e mais que duplicando os resultados.

No sentido oposto a Verspieren, a finalizar a arrumação após a fusão da Mercator e da Credite-EGS, baixou vendas em 10% e perdeu 3 lugares para 14º enquanto Corbroker baixou a 16º lugar do ranking por ter registado uma quebra de 9% na faturação. A Sosel trocou de posição com a João Mata nos 12º e 13º lugar e a Universalis ganhou uma posição ao subir 16% a sua faturação.

Empremedia, Diagonal e Cegrel e Secose mantiveram-se nas últimas posições das 20 maiores entre 67 corretoras que atuam em Portugal.

Conjunto das TOP20 cresceu vendas e lucros acima dos 7%

Adicionando todas as contas as 20 maiores corretoras atingiram um volume de negócios de quase 180 milhões de euros, mais 7,7% que o obtido no primeiro ano de pandemia. Os resultados cresceram 7,1% para 28 milhões de euros.

Em relação à faturação, 9 das top 20 cresceram vendas acima da média, 4 decresceram negócio e 6 cresceram, mas abaixo da média das 20 maiores.

Já quanto a resultados líquidos, 7 subiram acima da média de 7,1%, 9 baixaram lucros e 3 aumentaram mas abaixo de média. Nenhuma das Top 20 apresentou prejuízos, todas registaram resultados líquidos confortavelmente positivos.

Veja aqui o ranking:

Notícia atualizada às 11h45 com dados da Secose.

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Saúde de José Eduardo dos Santos agravou-se nas últimas horas

  • Lusa
  • 28 Junho 2022

Ex-Presidente angolano está internado numa clínica em Barcelona e encontra-se em coma depois de ter sofrido uma queda e já depois de ter recuperado de uma infeção de Covid.

O ministro das Relações Exteriores de Angola viaja quarta-feira de manhã para Barcelona para acompanhar o estado de saúde do ex-presidente José Eduardo dos Santos, cuja situação de saúde se deteriorou nas últimas horas, disse fonte oficial à Lusa.

“A situação clínica agravou-se e o senhor ministro foi enviado para Barcelona pelo Presidente” João Lourenço, que se encontra em Lisboa, para participar na Cimeira dos Oceanos, disse fonte oficial da diplomacia angolana.

José Eduardo dos Santos está internado numa clínica em Barcelona e encontra-se em coma depois de ter sofrido uma queda e já depois de ter recuperado de uma infeção de covid-19. “A situação está a ser acompanhada de perto por Angola ao mais alto nível”, acrescentou a mesma fonte.

O ministro Téte Antonio estava também em Lisboa integrando a delegação angolana à cimeira das Nações Unidas e deverá chegar a Barcelona na manhã de quarta-feira. Segundo informações recolhidas pela Lusa junto de fontes próximas, o antigo Presidente permanece nos cuidados intensivos, no Centro Médico Teknon, em Barcelona, Espanha, e foi sujeito a um coma induzido.

Ao longo dos últimos meses, tem estado acompanhado por alguns dos seus filhos. O ex-presidente, de 79 anos, tem problemas de saúde há vários anos e tem sido acompanhado em Barcelona desde 2006.

Eduardo dos Santos governou Angola entre 1979 e 2017, tendo sido um dos Presidentes a ocupar por mais tempo o poder no mundo e era regularmente acusado por organizações internacionais de corrupção e nepotismo.

Em 2017, renunciou a recandidatar-se e o atual Presidente, João Lourenço, sucedeu-lhe no cargo, tendo sido eleito também pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que governa no país desde a independência de Portugal, em 1975.

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EIOPA divulga resultados de supervisão

  • ECO Seguros
  • 28 Junho 2022

O supervisor europeu salienta, no seu relatório respeitante a 2021, o apoio que deu à indústria seguradora confrontada com o impacto da pandemia e o que fez pela convergência da supervisão.

O relatório anual sobre as atividades de supervisão em 2021 da Autoridade Europeia de Seguros e Pensões Complementares (EIOPA) faz um balanço de 2021, com destaque para os efeitos da pandemia que “levou a enormes perturbações sociais e desafios económicos sem precedentes”, salientando que a entidade de supervisão continuou a apoiar a indústria, um apoio traduzido, por exemplo, na publicação de duas Declarações de Supervisão respeitantes à avaliação do risco e solvência das próprias empresas e aos casos de incumprimento do requisito de capital de solvência.

“Na área da Solvência II, na sequência das lições aprendidas com as práticas de supervisão, bem como com o trabalho realizado em relação à revisão da Solvência II, a EIOPA reviu as Orientações sobre Provisões Técnicas e Limites Contratuais para promover a convergência da supervisão na supervisão do cálculo das provisões técnicas, um elemento-chave dos balanços das empresas”, refere a EIOPA.

A convergência da supervisão, um dos objetivos de eleição da supervisão europeia, ocupou também um lugar central em 2021, abrangendo novas áreas como os riscos ambientais, sociais e de governanças, tecnologia de supervisão e supervisão de carteiras de run-off.

A EIOPA acompanhou ainda a implementação do alerta sobre questões de produtos de seguro de viagem, na sequência da Revisão Temática sobre Questões de Defesa do Consumidor no Seguro de Viagem.

A entidade supervisora reconhece que, ao longo de 2021, “a condução e supervisão das empresas exigiu mais atenção, incluindo o uso dos poderes de intervenção nos produtos da EIOPA e uma série de ferramentas de supervisão e supervisão, bem como o envolvimento ativo e visitas a autoridades nacionais competentes e partes de países terceiros”.

Para este ano já se encontra publicado o Plano de Convergência de Supervisão da EIOPA, que as linhas de reforço da supervisão ao nível europeu,

A EIOPA, atualmente presidida por Petra Hielkema, está no centro da supervisão do mercado de seguros e fundos de pensões na UE e funciona como um órgão consultivo independente da Comissão Europeia, do Parlamento Europeu e do Conselho da União.

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Conselho de Estado defende urgência da ação climática sem recuos devido à conjuntura

  • Lusa
  • 28 Junho 2022

Foi reconhecida a "urgência da ação climática, do restauro da biodiversidade, da aposta na transição energética justa e na proteção dos oceanos".

O Conselho de Estado, que se reuniu esta terça-feira com o enviado presidencial especial norte-americano para o Clima, John Kerry, defendeu a urgência da ação climática rejeitando recuos devido à atual conjuntura.

Esta posição consta de um comunicado divulgado no fim da reunião do órgão político de consulta do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que decorreu no Palácio da Cidadela de Cascais, no distrito de Lisboa, durante cerca de três horas, e teve como tema “as perspetivas, os desafios e as oportunidades do combate às alterações climáticas e da transição energética”.

“No contexto das intervenções foi reconhecida a urgência da ação climática, do restauro da biodiversidade, da aposta na transição energética justa e na proteção dos oceanos“, lê-se no comunicado publicado no sítio oficial da Presidência da República na Internet.

Na mesma nota, defende-se que “estes desafios têm de ser enfrentados através de um compromisso concertado e ambicioso, do reforço da cooperação multilateral e, sobretudo, agindo com o envolvimento de todos, estados, instituições, sociedade civil” e que “nem a guerra, nem a atual pressão inflacionista não podem, nem devem, justificar recuos nesta matéria”.

Segundo o comunicado, nesta reunião “foi, ainda, assinalado que Portugal já aprovou, em 2021, a Lei de Bases do Clima, em linha com a Lei Europeia do Clima, que constitui um instrumento fundamental para o cumprimento dos objetivos do Acordo de Paris e da Declaração multilateral assinada em Glasgow no âmbito da COP26, bem como assumiu o compromisso da neutralidade carbónica em 2050”.

“Também foi sublinhado o papel liderante de Portugal na proteção dos ecossistemas marinhos e a defesa da biodiversidade, dispondo hoje da maior área de reserva protegida oceânica e a maior reserva integral, de proteção total, da Europa”, acrescenta-se.

Não estiveram presentes no Palácio da Cidadela de Cascais os conselheiros Lídia Jorge, António Damásio, Leonor Beleza, o presidente do Tribunal Constitucional, João Caupers, e o primeiro-ministro, António Costa – em sua representação, participou na reunião a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva.

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Goldman Sachs investe na corretora Clear Group

  • ECO Seguros
  • 28 Junho 2022

A corretora, responsável por mais de 382,5 milhões de euros de prémios emitidos, vai aplicar os novos recursos a aquisições de corretores de qualidade.

A corretora de seguros, sediada no Reino Unido, Clear Group, garantiu um investimento da Goldman Sachs Asset Management, embora o montante não tenha sido divulgado.

A corretora, que detém uma carteira de prémios brutos num valor superior a 330 milhões de libras (mais de 382,5 milhões de euros ao câmbio corrente) vai aplicar os recursos obtidos na operação na sua estratégia de aquisições de corretores “bem administrados” e com “elevada qualidade”. A tecnologia, a inovação e a equipa também serão áreas que o investimento da Goldman Sachs permitirá reforçar.

As duas empresas emitiram uma declaração conjunta em que o chefe de private equity de serviços financeiros da Goldman Sachs, Michele Titi-Cappelli, e o diretor administrativo Mihir Lal, afirmam que “o Clear Group tem uma forte reputação no mercado e um histórico de parceria com corretores com ideias semelhantes”.

“Estamos ansiosos para alavancar o nosso extenso histórico de investimentos em negócios de seguros e serviços financeiros, bem como os especialistas operacionais, setoriais e digitais do Goldman Sachs Value Accelerator para apoiar a equipa na próxima fase de crescimento, mantendo a cultura única do Clear Group e a sua proposta de valor”, acrescentam.

Por outro lado, para o CEO do Clear Group, Mike Edgeley, “este acordo sinaliza a confiança nos nossos negócios, a nossa estratégia, a nossa ambição e a orientação de longo prazo do setor de mercado em que operamos. O Goldman Sachs reconheceu o valor da nossa empresa e está ansioso por nos apoiar, isto enquanto pomos no terreno a próxima fase da nossa estratégia.”

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Discussão do acordo de rendimentos “levará o tempo que for necessário”, diz secretário de Estado

  • Lusa
  • 28 Junho 2022

Secretário de Estado do Trabalho diz que acordo de rendimentos "levará o tempo que for necessário" para que haja aproximação das partes.

O Governo mantém a meta de fechar o acordo de rendimentos na Concertação Social no outono, mas o processo “levará o tempo que for necessário” para que haja aproximação das partes, disse esta terça-feira o secretário de Estado do Trabalho.

Miguel Fontes falava em declarações à Lusa, na véspera de uma reunião da Comissão Permanente da Concertação Social (CPCS) que, ao contrário do previsto, não inclui na ordem de trabalhos a discussão do acordo de rendimentos. “O senhor primeiro-ministro [António Costa] falou num acordo no outono e é para isso que estamos a trabalhar e essa data é conhecida de todos os parceiros sociais“, começou por afirmar o secretário de Estado.

Para o governante, o acordo de rendimentos e competitividade “tem tudo a ganhar em ser [aplicado] mais cedo do que tarde”, mas “tratando-se de um acordo, esta é uma responsabilidade que tem de ser partilhada entre o Governo e os parceiros sociais”. A conclusão do acordo “não dependerá única e exclusivamente da vontade do Governo. Essa é conhecida e foi expressa pelo senhor primeiro-ministro, que é ter esse acordo por alturas do outono”, reforçou.

Miguel Fontes referiu que o tema foi levado à Concertação Social em maio, altura em que foi proposta a criação de um grupo de trabalho entre o Governo e os parceiros sociais, que se reuniu pela primeira vez na semana passada. Nessa reunião, o Governo solicitou aos parceiros sociais que fizessem chegar as suas propostas com vista a iniciar-se a discussão do acordo, mas este é “um processo que levará o seu tempo”, frisou o governante.

O grupo de trabalho irá reunir-se ao longo do mês de julho, interrompendo os trabalhos em agosto e retomando em setembro e só quando houver “matéria que justifique”, será apresentado um ‘draft’ do acordo na CPCS. “Ainda estamos numa fase que ainda está longe disso”, disse Miguel Fontes, acrescentando que neste momento os parceiros e o executivo estão ainda a definir “o âmbito do acordo, sobre que matérias ele deve incidir” e os compromissos que cada parceiro social entende que são pioritários.

Segundo sublinhou, “não se trata de uma iniciativa legislativa do Governo à qual os parceiros sociais reagem, mas de uma proposta que tem de ser construída pelas três partes, pelo Governo e pelos parceiros sociais, seja do lado dos trabalhadores seja das entidades patronais”. O calendário é “exigente” e haverá “tantas reuniões quanto as que forem necessárias”, pelo que o Governo não se compromete com uma data para apresentar o primeiro ‘draft’.

“Tomaremos o tempo que for necessário para que as partes se possam aproximar”, reforçou o secretário de Estado. A CPCS reúne-se na quarta-feira à tarde, mas na ordem de trabalho não consta o acordo de rendimentos e competitividade, como chegou a ser referido pelos parceiros, estando prevista a discussão sobre acordos de mobilidade de trabalhadores.

Em 11 de maio, o Governo apresentou na Concertação Social um documento sobre o acordo de rendimentos, onde indicava que pretendia avaliar com os parceiros sociais a fixação anual de um referencial para atualização dos salários por setor. No documento, o Governo colocava “à consideração dos parceiros sociais retomar a discussão do acordo” de rendimentos, tendo por base a “valorização dos salários” baseada numa metodologia “de fixação anual de referencial para atualização dos salários, por setor, tendo em conta a evolução esperada e os ganhos de produtividade e inflação”.

Entre as áreas temáticas para a discussão com os parceiros sociais, o Governo indicava ainda a valorização dos jovens qualificados, os rendimentos não salariais, a formação profissional, a fiscalidade e financiamento, a inovação e desenvolvimento, a simplificação administrativa e redução dos custos de contexto, bem como a conciliação profissional e familiar. A discussão sobre um acordo de rendimentos e competitividade chegou a estar na mesa da Concertação Social antes da pandemia de covid-19, mas ficou, entretanto, suspensa.

A conclusão do acordo de rendimentos estava inicialmente prevista para julho pelo atual Governo, mas o primeiro-ministro, António Costa, indicou que afinal só no outono deverá ficar fechado.

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PCP insiste com propostas para controlar preços de bens alimentares essenciais

  • Lusa
  • 28 Junho 2022

PCP vai reapresentar propostas que acabaram chumbadas na discussão do Orçamento do Estado para 2022, como a criação de preços de referência para produtos alimentares.

O PCP vai reapresentar propostas que acabaram chumbadas na discussão do Orçamento do Estado para 2022, como a criação de preços de referência para produtos alimentares e a restrição dos custos dos combustíveis utilizados na agricultura e pesca.

Depois de dois dias de auscultação da população e dos trabalhadores da Península de Setúbal, no âmbito das Jornadas Parlamentares do PCP, o partido concluiu que as propostas apresentadas aquando da discussão do Orçamento do Estado para 2022 estão mais atuais do que nunca.

As iniciativas do PCP acabaram chumbadas pelo PS durante a discussão na especialidade, no final de maio, mas o partido insiste nos mesmos projetos.

“Se o PS continuar a recusar [as propostas do PCP] fica com a responsabilidade de contribuir para o agravamento das condições de vida. É responsável pelo agravamento da pobreza, é responsável pelo agravamento das desigualdades e isto fica, naturalmente, sob a sua opção”, sustentou a líder parlamentar comunista, Paula Santos, na conferência de imprensa de apresentação das conclusões das jornadas, em Palmela.

Entre as propostas que o partido reedita, Paula Santos referiu uma iniciativa legislativa para definir “um preço de referência para cada um dos produtos alimentares sujeitos à taxa reduzida de IVA de 6%, com base nos custos reais e numa margem não especulativa”.

Esta proposta pretende proibir a venda destes produtos “a um preço superior sem justificação atendível”, completou a dirigente comunista, “pondo um travão às estratégias de maximização de lucro dos grupos económicos do setor da grande distribuição”.

A líder da bancada comunista explicou que esta iniciativa visa ajudar os portugueses que “não aguentam tamanha escalda dos preços” dos bens alimentares.

Ainda no âmbito das medidas para contrariar os efeitos da inflação nas famílias, Paula Santos disse que o PCP vai reapresentar o projeto-lei que suspende os efeitos “de denúncia de contrato de arrendamento” feita pelo senhorio, “bem como a caducidade do contrato de arrendamento” ou a execução de uma hipoteca sobre um imóvel que seja primeira habitação.

A agricultura e a pesca estiveram entre as prioridades destas jornadas e nesse sentido o PCP propõe “restringir os custos dos combustíveis utilizados nas atividades agrícolas, silvícolas e na pesca, nomeadamente no que respeita ao custo do gasóleo agrícola”.

Ainda no plano da agricultura e face ao reconhecimento pela parte do Governo, na segunda-feira, de uma situação de seca severa e extrema no continente, Paula Santos anunciou uma iniciativa para criar um Plano Nacional para a Prevenção Estrutural dos Efeitos da Seca, sem especificar o que contemplará.

Ladeada pelos deputados Alma Rivera e Bruno Dias, e pelo dirigente Armindo Miranda, a líder parlamentar do PCP referiu que vai ser entregue na Assembleia da República um projeto para criar um plano plurianual de apoios para renovação da frota de pesca, e vai insistir no regime que possibilita o escoamento de pescado proveniente de pesca local e costeira de baixo valor em lota.

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, não esteve presente na apresentação das conclusões das primeiras jornadas parlamentares desta legislatura.

As jornadas comunistas realizaram-se entre segunda-feira e hoje na Península de Setúbal e tinham como propósito ouvir a população sobre o aumento do custo de vida e os problemas na saúde.

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