Hospitais privados fizeram quase 30% dos partos em Lisboa e Vale do Tejo em 2021

  • ECO
  • 21 Junho 2022

Os hospitais privados estão a ganhar terreno aos do SNS também no que toca aos partos realizados. No Cuf Descobertas e na Luz Saúde, em Lisboa, nasceram mais bebés em 2021 do que na Alfredo da Costa.

Os hospitais privados estão a fazer cada vez mais partos comparativamente aos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Este fenómeno é notório, sobretudo, na região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT), onde, em 2021, as unidades dos três grandes grupos privados de saúde localizadas na capital e na Amadora fizeram 28,5% do total de partos, considerando a vasta área que se estende desde as Caldas da Rainha até Setúbal.

De acordo com números concedidos ao Público (acesso condicionado), o Hospital CUF Descobertas (Lisboa) fez 2.916 partos no ano passado, enquanto o da Luz Saúde, também na capital, celebrou um recorde 2.898 nascimentos nas suas instalações. Na unidade lisboeta do grupo Lusíadas Saúde nasceram 2.452 bebés, e, na da Amadora, 1.077.

Já os números dos 13 hospitais do SNS na região mostram um total de 23.408 partos em 2021. Olhando para os números de cada unidade individualmente, os privados fizeram já mais partos do que a Maternidade Alfredo da Costa (onde no ano passado nasceram 2.866 bebés), que os hospitais de Almada (Garcia de Orta), Amadora-Sintra (Fernando da Fonseca), o de Loures (Beatriz Ângelo), o hospital de Santa Maria e o de São Francisco Xavier, na capital.

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Hoje nas notícias: hospitais privados, Ucrânia e ISP

  • ECO
  • 21 Junho 2022

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

Os hospitais privados fizeram quase 30% dos partos na região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT) em 2021. Ursula von der Leyen diz que o estatuto de candidato à União Europeia concedido à Ucrânia é “outra manifestação política” do apoio de Bruxelas a Kiev. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) alerta para o agravamento das disparidades entre trabalhadores a “nível global”. Conheça as notícias em destaque na imprensa nacional esta terça-feira.

Hospitais privados fizeram quase 30% dos partos em Lisboa e Vale do Tejo em 2021

No ano passado, na região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT), as unidades dos três grandes grupos privados de saúde localizadas na capital e na Amadora fizeram 28,5% do total de partos, mesmo considerando toda a vasta área que se estende desde as Caldas da Rainha até Setúbal. Só o Hospital CUF Descobertas (Lisboa) fez 2.916 partos em 2021, enquanto o da Luz Saúde, também na capital, celebrou um recorde 2.898 nascimentos nas suas instalações. Já na unidade lisboeta do grupo Lusíadas Saúde nasceram 2.452 bebés, e, na da Amadora, 1.077. Os números dos 13 hospitais do Serviço Nacional de Saúde na região mostram um total de 23.408 partos em 2021.

Leia a notícia completa no Público (acesso condicionado)

Estatuto de candidato da Ucrânia “é outra manifestação política do nosso apoio”, diz Von der Leyen

A presidente da Comissão Europeia afirma que o estatuto de candidato à União Europeia (UE) concedido à Ucrânia “é outra manifestação política” do “total apoio” de Bruxelas a Kiev, numa altura em que o país “precisa” desse apoio. Contudo, Ursula von der Leyen salienta: “para entrar na UE, [a Ucrânia] precisa muito claramente de preencher todos os critérios”.

Leia a entrevista completa no Público (acesso condicionado)

CAP diz que não há razão para cobrar ISP aos agricultores

O secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) apela ao Governo para ouvir “o grito de desespero do mundo rural”, considerando que deve abdicar da receita fiscal que arrecada com ISP cobrado sobre o gasóleo agrícola, tal como fez para o setor das pescas. Em entrevista ao Negócios, Luís Mira diz que está a ser preparado um documento, a ser entregue à ministra da Agricultura, no qual estarão plasmadas, além desta necessidade, a de uma intervenção no mercado na área da fruta “com fundos europeus”.

Leia a entrevista completa no Jornal de Negócios (acesso pago)

Selecionador português ganha jackpot de 30 milhões de euros

Ao ser ouvido na segunda-feira no Centro de Arbitragem Administrativa (Caad), no âmbito do processo tributário em que o Fisco exige o pagamento de 4,5 milhões de euros em impostos, Fernando Santos disse que ganhou 30 milhões de euros este ano num negócio com uma empresa de brindes. Na audição, o selecionador português explicou que, em 2013, ficou com 30% da Paul Stricker, SA, quota que vendeu em abril deste ano. Fernando Santos negou ainda ter constituído empresa – a Fermacosa – para pagar menos impostos no contrato com a Federação Portuguesa de Futebol (FPF).

Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago)

“Nas últimas décadas, a nível global, as disparidades entre trabalhadores acentuaram-se consideravelmente”, diz OIT

O diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT) alerta para o agravamento das disparidades entre trabalhadores a “nível global” nas últimas décadas. Em entrevista ao Diário de Notícias, Guy Ryder admite que mudanças como “a aceleração da globalização, inovação tecnológica ou alterações climáticas” provocaram um “impacto diversificado” nos trabalhadores, ameaçando o objetivo “coletivo” de uma recuperação sustentável e centrada no ser humano. “A OIT, que tem acompanhado as mudanças do passado, quer desempenhar um papel importante no futuro do trabalho”, sublinha.

Leia a entrevista completa no Diário de Notícias (acesso pago)

 

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Preço do petróleo recupera com receios de escassez de oferta

Preocupações económicas globais estão a ser compensadas com perspetiva de maior procura por parte dos Estados Unidos e da China no curto prazo, numa altura em que a oferta imediata é mais escassa.

Os preços do petróleo estão a subir 1% esta terça-feira, recuperando das perdas registadas a semana passada. Um desempenho que pode ser explicado pelo facto de os investidores estarem preocupados com a baixa oferta de matéria-prima e não tanto com uma possível recessão que prejudicará a procura no futuro.

Às 7h35 de Lisboa, o barril de brent, negociado em Londres e que serve de referência às importações nacionais, está a valorizar 0,82% para 115,07 dólares. Na semana passada, a perda acumulada foi de 7,3%, naquela que foi a primeira queda semanal em cinco semanas. Enquanto isso, o WTI, cotado em Nova Iorque, avança 1,81% para 109,95 dólares, depois de ter registado uma perda acumulada de 9,2% na semana passada.

“Depois dos preços terem caído durante o fim de semana prolongado nos Estados Unidos, devido à recessão e às preocupações com a destruição da procura por combustível, os preços do petróleo estão a subir novamente“, diz Stephen Innes, sócio-gerente da SPI Asset Management, citado pela Reuters.

“Essas preocupações económicas globais são aparentemente compensadas pelas perspetivas de maior procura por parte dos Estados Unidos e da China no curto prazo, numa altura em que a oferta imediata é mais escassa”, acrescenta.

As preocupações com a oferta de ouro negro estão a impulsionar o mercado, quando as sanções ocidentais sobre o petróleo russo continuam, levantando dúvidas sobre como a produção russa poderá cair devido a essas sanções, afirmam os analistas. “Os comerciantes estão a avaliar a oferta apertada e a desaceleração no crescimento económico global, levando a sessões voláteis”, diz Tina Teng, analista da CMC Markets.

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Costa apoia Ucrânia candidata à UE. Zelensky agradece

O Presidente da Ucrânia e o primeiro-ministro português falaram esta terça-feira ao telefone e António Costa confirmou que Portugal vai apoiar a concessão do estatuto de candidato da Ucrânia à UE.

Após alguns avisos, o primeiro-ministro confirmou que Portugal vai apoiar a concessão do estatuto de candidato da Ucrânia à União Europeia, no Conselho Europeu desta semana. O presidente ucraniano já reagiu, referindo que agradece o apoio de Portugal.

A Alemanha, que anunciou um recurso acrescido ao carvão para compensar a baixa dos fornecimentos de gás russo, prometeu que esta solução vai ser temporária e reafirmou o objetivo de abandonar este combustível fóssil em 2030. Os Países Baixos seguiram as mesmas pisadas e também anunciaram o levantamento das restrições de produção elétrica a carvão para compensar uma queda no fornecimento de gás russo.

“O gabinete decidiu suspender imediatamente as restrições de produção para centrais a carvão de 2022 a 2024”, disse o ministro do Clima e da Energia neerlandês, Rob Jetten, em conferência de imprensa. “Isso significa que as centrais a carvão podem funcionar em plena capacidade novamente, em vez do máximo de 35%”, acrescentou.

A decisão dos Países Baixos surge no dia seguinte à da Alemanha de usar mais carvão para compensar o declínio nas entregas de gás da Rússia. “A saída do carvão em 2030 não está de modo algum comprometida (…)”, garantiu na segunda-feira um porta-voz do Ministério alemão da Economia e do Clima. O calendário é mesmo “mais importante do que nunca”, acrescentou este porta-voz, Stephan Gabriel Haufe.

No terreno, a vice-ministra da Defesa ucraniana afirmou que o Kremlin ordenou aos militares russos que conquistassem toda a região de Lugansk, no leste da Ucrânia, até domingo. Em comentários transmitidos pela televisão ucraniana, Hanna Maliar disse que, “sem exagero, batalhas decisivas estão a ocorrer” na região, onde as forças da Ucrânia estão a tentar evitar serem cercadas, apesar de as tropas russas a controlarem cerca de 95% de Lugansk, foco da ofensiva russa nas últimas semanas.

 

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Numa década, salário dos portugueses com ensino superior caiu 11%

De 2011 e 2019, os salários dos portugueses com ensino superior caíram 11%, e 15% no caso dos jovens recém-graduados. Produtividade não acompanha aumento de qualificações.

Mais educação continua a garantir salários mais elevados, mas o diferencial tem vindo a diminuir. Na última década, entre 2011 e 2019, os salários dos portugueses com o ensino superior caíram 11% e o valor cresce para 15% no caso dos jovens recém-graduados, o grupo mais prejudicado. Os únicos salários que aumentaram durante esse período, em cerca de 5%, foram os das pessoas com menos qualificações, revela o relatório “Estado da Nação sobre Educação, Emprego e Competências em Portugal”, de 2022, elaborado pela Fundação José Neves (FJN), divulgado esta terça-feira. A produtividade tem vindo a regredir, revela ainda o estudo. “Em Portugal, para que haja um efeito positivo na produtividade os jovens qualificados têm de ter um peso de, pelo menos, 40% na força de trabalho da empresa.

“Portugal é um dos países da União Europeia com os rendimentos mais baixos. Na última, década os salários dos portugueses com o ensino superior caíram 11%, sendo que os únicos salários que aumentaram foram os salários das pessoas menos qualificadas. E ainda bem. Mas aumentaram por via do aumento do Salário Mínimo Nacional. Aquilo que se vê é uma compressão entre o salário mínimo e os salários médios”, começa por dizer Carlos Oliveira, presidente executivo da Fundação José Neves, à Pessoas.

Na maioria dos níveis de escolaridade, os ganhos salariais dos portugueses mais qualificados face aos menos qualificados continuam a ser consideráveis — por exemplo, em 2019, uma licenciatura resultava, em média, num ganho salarial de 50% face ao ensino secundário; já com o mestrado esse ganho ascendia aos 59% — no entanto, a diferença têm vindo a encurtar.

“Precisamos de inverter esta tendência de compressão dos salários”, continua. Caso contrário, o risco que o país corre é alto e o cenário seria “terrível”, antevê o líder da FJN. “O país tem de assegurar que consegue resolver o tema do aumento dos salários médios, para que as pessoas possam ter um futuro melhor e que o investimento que fazem em educação seja devidamente recompensado.”

Fonte: FJN

Como? “Só com o aumento da produtividade das empresas e do país é que é possível resolver o problema crítico de Portugal: os salários muito baixos”, responde. E os números falam por si: em 2019, os portugueses mais qualificados ganhavam menos do que as pessoas com qualificações ao nível do ensino superior em 13 países da União Europeia. E ainda mais dramático: havia cinco países da UE em que os seus trabalhadores menos qualificados ganhavam, em média, mais do que os trabalhadores portugueses com uma licenciatura.

“São indicadores que mostram a importância do aumento da produtividade e da competitividade da nossa economia, para, assim, podermos dar um futuro melhor aos portugueses”, considera Carlos Oliveira.

Ritmo das qualificações não acompanha evolução da produtividade. Porquê?

Apesar de mais educação dar origem, normalmente, a empresas e países mais produtivos, em Portugal essa correlação não se está a fazer sentir. Se temos a geração mais qualificada de sempre, há aqui um paradoxo, pois não se está a refletir na produtividade. Sabemos que o país tem aumentado ligeiramente a sua produtividade, mas está a divergir da média da UE, porque estamos neste momento na casa dos 66% da UE, mas já estivemos em 70%”, recorda o presidente executivo da FJN.

Na produtividade, pesam tanto as qualificações dos trabalhadores como a dos seus gestores. Num país em que 47,5% dos empregadores não terminaram o ensino secundário, temos aqui um grande desafio. Já agora este número (47%) é três vezes superior à média europeia. Temos um nível muito elevado de empregadores com baixas qualificações.

Carlos Oliveira

Presidente executivo da Fundação José Neves

Os motivos podem ser vários. Carlos Oliveira destaca alguns. “Pesam tanto as qualificações dos trabalhadores como a dos seus gestores. Num país em que 47,5% dos empregadores não terminaram o ensino secundário, temos aqui um grande desafio. Já agora este número (47%) é três vezes superior à média europeia. Temos um nível muito elevado de empregadores com baixas qualificações.”

Fonte: FJN

A juntar-se a isso, a aposta das empresas na formação dos seus colaboradores, que também deveria contribuir para aumentar a produtividade, continua baixa. Em Portugal, apesar de haver uma obrigação legal, apenas 16% das empresas dá, realmente, formação às suas pessoas. “Precisamos também de um aumento muito significativo desses rácios”, alerta Carlos Oliveira.

Outro das razões destacadas no “Estado da Nação” prende-se com a representatividade dos jovens qualificados numa empresa. “Descobrimos que, em Portugal, para que haja um efeito positivo na produtividade os jovens qualificados têm de ter um peso de, pelo menos, 40% na força de trabalho da empresa.” Ou seja, não é suficiente ter um pequeno número de jovens qualificados para ter um efeito imediato positivo na produtividade da organização.

Em Portugal, para que haja um efeito positivo na produtividade os jovens qualificados têm de ter um peso de, pelo menos, 40% na força de trabalho da empresa.

Carlos Oliveira

Presidente executivo da Fundação José Neves

Além disso, relatório sugere que uma parte do emprego que está a ser criado tem sido em setores pouco produtivos e pouco escaláveis. “Entre 2013 e 2019, a produtividade na maioria dos setores de atividade aumentou, mas este efeito foi atenuado por uma realocação do emprego para os setores menos produtivos, como as atividades imobiliárias e as atividades de alojamento e restauração. O resultado é um aumento muito ligeiro da produtividade, que poderia ser intensificado com uma realocação do emprego dos setores menos produtivos para os mais produtivos”, lê-se no relatório.

Se, por um lado, estas competências e qualificações mais elevadas dos portugueses não estão a ser aplicadas nos setores que têm, de facto, um potencial maior de aumentar a produtividade do país, por outro lado, não se estão a aproveitar, originando uma sobrequalificação. Apesar do aumento do número de profissões que requerem trabalhadores mais qualificados, em 2019, um pouco menos de um em cada cinco trabalhadores em empresas (21,7%) possuía qualificações superiores ao mais frequente entre aqueles que desempenhavam a sua profissão.

Fonte: FJN

Os trabalhadores mais jovens são desproporcionalmente mais atingidos por esse desajustamento: em 2019, essa era a realidade de 36% dos jovens com menos de 35 anos, mas apenas de 14% dos trabalhadores com 50 ou mais anos.

“Há também trabalhadores com qualificações inferiores à adequada à profissão que desempenham (subqualificação) e, neste caso, a prevalência por faixa etária inverte-se. Em 2019, cerca de metade dos trabalhadores com 50 ou mais anos possuía qualificações aquém do adequado ao exercício da profissão, o que compara com 16% para os trabalhadores mais jovens”, esclarece a FJN no “Estado da Nação”.

Em qualquer um dos dois tipos de desajustamento, seja sobre ou subqualificação, existe uma “utilização desadequada das qualificações dos trabalhadores” que, por sua vez, resultam numa menor produtividade das empresas.

No final de 2021, 26% dos jovens recém-graduados não tinha emprego

Além de os trabalhadores mais jovens serem os mais atingidos por este desajustamento, são também a camada geracional cuja entrada no mercado de trabalho está, agora, mais dificultada, em grande parte devido à pandemia da Covid-19, que deixou sequelas que tardam em desaparecer. Durante a pandemia, o emprego jovem foi o mais afetado e, no final de 2021, ainda não tinha recuperado. Havia uma perda de 27.500 empregos face ao final de 2019.

No final do ano passado, 26% dos jovens recém-graduados não tinha emprego, um aumento acentuado face a 2019, que significou o interromper de um ciclo positivo que se vinha a verificar desde 2012. Nos adultos, a situação já estava mais regularizada, tendo havido uma recuperação mais rápida.

A taxa de emprego dos recém-diplomados continua acima dos que terminaram o secundário. Compensa sempre estudar, mas houve aqui um recuo em termos de taxas de empregabilidade para quem tem o ensino superior.

Carlos Oliveira

Presidente executivo da Fundação José Neves

“Obviamente que há aqui o efeito da pandemia, onde a empregabilidade diminui, e a queda foi ainda mais acentuada para os que terminaram um curso superior”, comenta Carlos Oliveira. Mas salienta: “Ainda assim, a taxa de emprego destes recém-diplomados continua acima dos que terminaram o secundário. Compensa sempre estudar, mas houve aqui um recuo em termos de taxas de empregabilidade para quem tem o ensino superior”, admite o presidente executivo da FJN.

Fonte: FJN

Há, ainda, outro fator que preocupa Carlos Oliveira e que fica evidenciado na edição deste ano do relatório “Estado da Nação”: a questão das aprendizagens. “Há um risco de alguma irreversibilidade nestas perdas de aprendizagem se nada for feito, podendo originar efeitos negativos, não só comprometendo o futuro profissional dos indivíduos e trabalhadores, mas também o próprio crescimento económico do país. Isto porque o ensino à distância levou a perdas de aprendizagem, foi um indutor de desigualdades sociais. E também foi desigual entre o ensino público e o ensino privado, tendo sido detetadas mais perdas no ensino público“, considera o ex-secretário de Estado do Empreendedorismo, Competitividade e Inovação.

Metas para 2040

No “Estado da Nação, a Fundação José Neves apresenta, ainda, um conjunto de metas para 2040. Uma delas, que Carlos Oliveira considera fundamental, é que, até ao final desse ano, Portugal esteja entre os dez países da União Europeia com mais emprego em tecnologia e em conhecimento. “Aí temos boas notícias. De 2019 para 2021, passámos da 19.ª posição para a 16.ª, uma evolução muito positiva. Agora, temos de perceber se isto se vai manter ou se foi apenas porque outros países, concorrentes diretos neste ranking, registaram um comportamento menos positivos durante a pandemia.”

Esse é um dos objetivos propostos pela FJN. Outro é aumentar, para um em cada quatro portugueses, a participação na educação e formação ao longo da vida. E aqui há mais um sinal animador: Portugal passou de 10,5% para os atuais 13%.

Outra meta destacada por Carlos Oliveira é alcançar os 90% de jovens recém-formados com emprego. Este indicador é atualmente menos positivo: neste momento, é de apenas 74,2%, tendo havido uma queda de 3,3 pontos percentuais relativamente a 2019.

O relatório de 2022 “Estado da Nação sobre Educação, Emprego e Competências em Portugal” vai ser apresentado esta tarde, pelas 15h00, no evento anual da Fundação José Neves, que conta com a presença de António Damásio, Nataly Kogan, Durão Barroso, António Horta-Osório e Alanis Morissette.

Acompanhe aqui o direto:

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5 coisas que vão marcar o dia

INE analisa conjuntura económica portuguesa no mês de maio. TeamViewer inaugura novo escritório no Porto. Setor automóvel nacional contesta números da OIT.

A easyJet vai dar uma conferência de imprensa onde deverá abordar a recente decisão da Comissão Europeia de ceder 18 slots da TAP à companhia aérea. O primeiro-ministro vai estar presente, com o comissário europeu Thierry Breton, na apresentação dos resultados da segunda fase do concurso das agendas mobilizadoras.

Governo apresenta resultados das agendas mobilizadoras

O primeiro-ministro marca presença esta manhã na apresentação pública dos resultados da segunda fase do concurso das agendas mobilizadoras do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Com António Costa vai estar o comissário europeu Thierry Breton, numa sessão que arranca às 9h30 no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa. Foram escolhidos 51 consórcios que pode conhecer aqui.

EasyJet fala sobre cedência de slots da TAP

A companhia aérea easyJet promove uma conferência de imprensa esta terça-feira, às 9h30, onde se deverá pronunciar sobre a recente cedência de 18 slots da TAP no aeroporto de Lisboa. O anúncio da Comissão Europeia é válido a partir de 30 de outubro, data em que a transportadora low-cost poderá operar novas rotas na capital portuguesa, após concluído com a TAP o acordo para a transferência das slots.

INE faz síntese da conjuntura em maio

O Instituto Nacional de Estatística (INE) vai divulgar dados referentes à conjuntura económica portuguesa no mês de maio. Em abril o INE anunciou uma continuação da trajetória ascendente nos preços, tendo o preço médio do barril de petróleo atingido os 96,7 euros, um aumento de 78,7% em termos homólogos. Já considerando os dados disponíveis de maio, nos primeiros 13 dias do mês, o preço do barril de Brent registou um valor médio de 103,4 euros. Por sua vez, o PIB nacional em termos reais verificou uma variação homóloga de 11,9% no primeiro trimestre de 2022.

TeamViewer instala novo escritório no Porto

A TeamViewer chegou a Portugal no ano passado, através da instalação de um centro de investigação em realidade aumentada (RA) e internet das coisas (IoT). Agora, a tecnológica inaugura um novo escritório no Porto, numa cerimónia ao final da tarde que contará com a presença do CTO, Mike Eissele, e do presidente da Aicep, Luís Castro Henriques. A TeamViewer comercializa um software com o mesmo nome que permite controlar computadores à distância.

Setor auto contesta estudo da Organização Internacional do Trabalho

A Associação Automóvel de Portugal (ACAP), Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA), e o Cluster Automóvel MOBINOV vão realizar às 11h uma conferência conjunta onde irão contestar os números apresentados pelo mais recente estudo realizado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). O estudo encomendado pelo Governo português registou que o setor automóvel nacional é caracterizado pelo controle de custos através da supressão salarial, elevado conteúdo de elementos importados nas exportações, dependência em tecnologias assentes em motores de combustão, e ainda uma elevada participação estrangeira nas empresas.

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Startup Portugal tinha 70 vagas para missões no estrangeiro. Usou menos de 60

Ciclo de quatro missões internacionais de negócios Business Abroad termina esta semana no Canadá. Houve startups que participaram em mais do que uma feira.

No último mês, algumas das maiores feiras mundiais de indústria e tecnologia contaram com a participação de startups portuguesas. Com as missões Business Abroad, a associação Startup Portugal pretendia acelerar o crescimento internacional das jovens empresas. Contudo, das 70 vagas disponibilizadas, apenas 56 foram ocupadas.

Ao participarem nas missões internacionais, as startups acederam, por exemplo, a eventos paralelos, consultoria das equipas da AICEP nos países de destino e a sessões de apresentação aos investidores (pitch). As empresas escolhidas também tiveram direito a despesas pagas de deslocação.

Contudo, para algumas das startups selecionadas, não valia a pena estar a participar em feiras internacionais. Além disso, também houve “imprevistos de última hora e motivos de saúde” que justificaram a ausência de alguns participantes, esclareceu fonte oficial da Startup Portugal já depois da publicação deste artigo.

Neste ano, foram escolhidas as feiras Hannover Messe (Hannover, Alemanha), South Summit (Madrid, Espanha), Viva Technology (Paris, França) e Collision (Toronto, Canadá).

No caso da Collision, cimeira tecnológica organizada pela equipa da Web Summit, a deslocação ao Canadá, para apresentação ao mercado da América do Norte, não estava nos objetivos de crescimento das startups, segundo apurou o ECO.

Isso explica porque apenas participaram 30 das 40 startups inicialmente contempladas na missão a Toronto. A viagem ao Collision era um dos benefícios do programa Road 2 Web Summit, iniciativa para promover as startups nacionais na Web Summit.

Em outras duas missões também houve menos startups portuguesas a participarem do que inicialmente previsto: em Hannover, foram ocupadas nove das dez vagas disponíveis; em Paris, dos dez lugares em aberto, três ficaram vazios. Apenas a participação em Madrid seguiu à risca as previsões, com dez startups a bordo.

Participação na South Summit, em Madrid, na missão da Startup Portugal

Houve mesmo três startups que acabaram por participar em mais do que uma feira: Infinite Foundry, Tonic App e Enline. O próprio regulamento assim o permitia.

Ainda assim, fonte oficial da Startup Portugal defende ao ECO que “houve várias startups que não integraram oficialmente a comitiva, mas que beneficiaram do apoio durante as participações nas feiras”.

A Startup Portugal, entretanto, já está a preparar as deslocações para o próximo ano. Considerado um “mercado prioritário”, o Brasil será uma das missões para 2023, no ano em que a Web Summit vai ter um evento próprio na cidade de Rio de Janeiro: a Web Summit Rio.

Estas foram as startups que participaram em cada uma das missões internacionais:

Hannover Messe:

  • Enline
  • Fractal Mind
  • INDX
  • Infraspeak
  • MICE
  • Omniflow
  • Progrow
  • Vawlt
  • Water Wise System

South Summit

  • Agri Marketplace
  • CBR Genomics
  • EMOTAI
  • Infinite Foundry
  • LOQR
  • Reatia
  • Spotlite
  • Equal Food
  • Tonic App
  • Virtuleap

VivaTech

  • Ablute
  • DocDigitizer
  • Enline
  • Ihcare
  • Infinite Foundry
  • OneCare
  • Réclame ICI
  • Tonic App

Collision

  • AI Alfred
  • API Suite
  • BLUdocc
  • Builtrix
  • Dhabibic
  • Diffuse.TV
  • Doley
  • EVA
  • Field
  • Getboarded
  • Hollow
  • Infinite Foundry
  • Inlife
  • MedLive
  • Mellody
  • MUUV
  • ngKloud
  • OLKIN
  • openworld domains
  • Planless
  • Reckon.ai
  • Safecheck-in
  • SensoMatt
  • Splink
  • Swonkie
  • Tokenwised
  • Vawlt
  • Wikinight
  • WSCarTracker
  • YouShip

(Notícia atualizada pelas 12h15 de 23/06/2022 depois do esclarecimento enviado pela Startup Portugal e da correção sobre as despesas incluídas na missão)

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Farmacêutica americana Alnylam aposta nos ensaios clínicos em Portugal

Com um medicamento já aprovado e outros dois em avaliação no Infarmed, a biofarmacêutica de Boston quer “fortalecer” investigação clínica no país, garantindo receitas e acesso à inovação terapêutica.

A biofarmacêutica Alnylam, que há dois anos viu aprovado o primeiro medicamento em Portugal, desenvolvido para o tratamento da chamada “doença do pezinho”, está apostada em “fortalecer a presença no país em termos de investigação clínica”. Em entrevista ao ECO, o diretor-geral frisa que esta é “uma área essencial para o desenvolvimento das terapêuticas” nesta empresa que se dedica à investigação para fazer chegar moléculas inovadoras ao mercado.

“Nós, equipa local, estamos a tentar junto da casa-mãe reforçar o compromisso com Portugal, [para] podermos ser um dos países que contam. É uma boa parte do meu trabalho. E temos sido bem-sucedidos. Já participámos em cinco ensaios clínicos – quatro deles ainda estão a decorrer – e está tudo a correr tudo bem. A empresa sente que pode confiar e que pode apostar” no país, resume Francisco Nunes, calculando que mais de 50 doentes portugueses já estiveram envolvidos nestes ensaios.

O gestor recorda que os primeiros ensaios arrancaram em 2013, precisamente por essa doença rara também conhecida como Paramiloidose Familiar, pela prevalência que tem em Portugal – cerca de 2.000 dos 10.000 casos na Europa – e que “aí criaram-se as bases para que hoje seja um país que conta”. Nessas investigações têm participado os Centros Hospitalares Universitários (CHU) do Porto e de Lisboa Norte, embora esteja agora a contemplar outros hospitais, como o de Guimarães.

Francisco Nunes, diretor-geral da Alnylam Portugal

“A empresa tenta ter uma presença de ensaios clínicos em diferentes países. A heterogeneidade das populações que são incluídas é muito importante. A Europa é muito importante no seu todo e Portugal tem cumprido muito bem quando é chamado a participar. Os centros que participaram revelaram-se comprometidos e as coisas correram muito bem”, retrata o responsável da empresa fundada em 2002 por cinco cientistas nos Estados Unidos.

Em 2021 foram apresentados 175 pedidos de ensaios clínicos e o Infarmed autorizou 144, o que coloca Portugal no 17º lugar entre os países da União Europeia. Já no primeiro trimestre deste ano, a autoridade nacional na área do medicamento e produtos de saúde aprovou 39 dos 48 pedidos que recebeu (taxa de 81%), com o tempo médio de decisão a rondar os 44 dias úteis. A maioria destas iniciativas é da indústria farmacêutica, que usa estes ensaios para fins comerciais, sendo cada vez menor o peso relativo dos ensaios académicos, promovidos por estabelecimentos de ensino e de investigação.

Os ensaios clínicos são uma fonte importante de rendimento para as unidades hospitalares, uma forma de se capitalizarem porque há um pagamento associado à participação.

Francisco Nunes

Diretor-geral da Alnylam Portugal

O diretor-geral da Alnylam Portugal lembra que estes ensaios clínicos são “uma fonte importante de rendimento para as unidades hospitalares, uma forma de se capitalizarem porque há um pagamento associado à participação”, além de terem também “acesso antecipado à inovação terapêutica”. Aos hospitais é exigida “uma estrutura que vá além da atividade assistencial normal”, completa Francisco Nunes, com “unidades de investigação clínica capacitadas com médicos, enfermeiros e investigadores que acompanhem os doentes na administração das terapêuticas e na monitorização” dos resultados.

Mais dois medicamentos em lista de espera

Presente em 16 países, a Alnylam diz ser a empresa líder a nível mundial na tradução do RNA de interferência (RNAi) numa nova classe inovadora de medicamentos para doentes que dispõem de opções de tratamento limitadas ou inadequadas. A aprovação do primeiro fármaco RNA interferiu por parte dos reguladores norte-americano (FDA) e europeu (EMA) foi conseguida ao fim de mais de década e meia de trabalho.

No mercado português, depois de ter conseguido a aprovação do Patisiran no primeiro ano da pandemia de Covid-19 — este medicamento de frio, com especificidades na distribuição, está já disponível nos dois centros de referência para tratamento da “doença do pezinho”: CHU Porto e Lisboa Norte –, a multinacional espera concluir a avaliação e a aprovação para comercialização dos fármacos para duas doenças raras genéticas, progressivas e fatais, que “têm, pela primeira vez, uma terapêutica específica que vai à raiz do problema”: para as porfirias hepáticas agudas (Givosiran) e para a hiperoxalúria primária (Lumasiran).

Sede da Alnylam em Cambridge, na área metropolitana de Boston (Massachusetts)

A biofarmacêutica iniciou operações em Portugal e Espanha em março de 2018, nomeando nessa altura Alicia Folgueira como diretora-geral para os dois mercados ibéricos, decidindo, entretanto, reestruturar as operações na Europa. Os Big 5 (Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Espanha) passaram a ter organizações independentes; e foi criada uma estrutura interna para os mercados médios, como Portugal, Suíça, Áustria, Holanda, Luxemburgo e Bélgica, que é comandada por um vice-presidente do grupo.

A estrutura portuguesa, liderada por Francisco Nunes, soma atualmente seis colaboradores no quadro, estando metade delas integradas no departamento médico de uma empresa “muito orientada à ciência”. E depois contrata várias empresas nacionais para prestarem apoio externo em várias áreas de especialização, nomeadamente para o acesso ao mercado, na preparação e adaptação dos dossiês de produto para a submissão ao regulador ou na área da contratação pública.

Esta terça-feira, o Governo e a indústria farmacêutica assinaram um acordo que renova o compromisso de sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para este ano, tendo em vista garantir o acesso a medicamentos. Este acordo, que foi assinado em 2016 e já permitiu uma poupança de cerca de 900 milhões de euros ao SNS, foi prorrogado “nos mesmos termos e condições que vigoraram em 2021″, por forma a “continuar a garantir elevados padrões de acessibilidade dos doentes às melhores terapêuticas”, referiu o Ministério da Saúde em comunicado.

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Pensões mais baixas com aumentos de 7% em 2023

O primeiro-ministro anunciou que a regra de atualização das pensões é para manter mesmo com inflação elevada. E falou num “aumento histórico”. As pensões mais baixas podem ter aumentos de 6,9%.

Está desfeita a dúvida. Mesmo com a inflação em valores recorde, o Governo garante que não vai mexer na regra de atualização das pensões, o que quer dizer que as pensões abaixo dos 947 euros podem vir a ter aumentos “históricos”, de 6,9% no próximo ano. Numa pensão de 947 euros, são mais 65 euros por mês.

Com a inflação em valores elevados, os alarmes começaram a soar no Ministério das Finanças já que a lei prevê atualizações acentuadas nas pensões caso o PIB e a inflação aumentem muito. Ainda este fim de semana, o Correio da Manhã noticiava que o ministro das Finanças, Fernando Medina, terá feito “alertas nas reuniões do Conselho de Ministros sobre o impacto da inflação nas pensões”.

O primeiro sinal de que a regra de atualização não seria alterada foi dado em meados de maio pelo secretário de Estado da Segurança Social, Gabriel Bastos, que foi ao Parlamento dizer que as regras seriam para manter.

Esta segunda-feira ficaram desfeitas as dúvidas. O primeiro-ministro participou no programa O Princípio da Incerteza, da CNN Portugal e foi claro: “Essa lei significa que, para o ano, vamos ter um aumento histórico das pensões pela conjugação de termos este ano um valor anormalmente alto do crescimento, muito por efeito da base comparativa do ano passado, e um aumento histórico muito significativo também da taxa de inflação. Estes dois efeitos conjugados vão gerar um aumento das pensões de reforma no próximo ano”.

CNN Portugal Summit - 20JUN22
O primeiro-ministro participou ontem no programa ‘O Princípio da Incerteza’, da CNN Portugal.Hugo Amaral/ECO

E que “aumento histórico” é esse?

A lei atual faz depender a atualização das pensões de dois fatores económicos:

  1. O crescimento real do PIB, correspondente à média da taxa do crescimento médio anual dos últimos dois anos, terminados no 3.º trimestre do ano anterior àquele a que se reporta a atualização ou no trimestre imediatamente anterior, se aquele não estiver disponível à data de 10 de Dezembro;
  2. E a variação média dos últimos 12 meses do IPC, sem habitação, disponível em dezembro do ano anterior ao que reporta a atualização, ou em 30 de novembro, se aquele não estiver disponível à data da assinatura do diploma de atualização.

A conjugação de um crescimento acentuado previsto no PIB e da inflação garante aos pensionistas uma atualização expressiva nas pensões pagas a partir de janeiro de 2023.

Vamos às contas. Em relação ao PIB, cresceu 4,9% em 2021 e o Governo prevê um crescimento idêntico este ano. Para efeitos da fórmula de cálculo das pensões, a média dos dois anos anteriores a 2023 será, naturalmente, de 4,9%.

Para a inflação, o Governo apontou para uma taxa média de 3,7% e uma inflação harmonizada de 4% para 2022, valores que o Conselho das Finanças Públicas entretanto já veio dizer estarem desajustados face à escalada de preços de bens e serviços na economia. O Governo tem seguido de perto as previsões do Banco de Portugal, que na semana passada atualizou a previsão de inflação prevista para este ano para 5,9%, face aos anteriores 4%.

Mantendo-se em vigor a regra de atualização, como confirmou ontem o primeiro-ministro, e usando as previsões do Banco de Portugal para a inflação, isto significa que as pensões de reforma mais baixas terão aumentos de 6,9% em 2023 (ver tabela em baixo). Nos cálculos, o ECO assumiu o valor do IPC, sem habitação, igual ao valor do IPC com habitação, sendo que os dados do INE relativos a maio mostram que nesse mês o valor do IPC sem habitação até foi superior ao IPC total.

Os aumentos mais acentuados nas pensões vão sentir-se nas reformas mais baixas, abaixo de 2 IAS (Indexante de Apoio Social). Mas o valor do próprio IAS vai aumentar com a inflação e com o aumento do PIB. Usando as mesmas previsões para o PIB e para a inflação (os 5,9% previstos pelo Banco de Portugal), o IAS no próximo ano também vai aumentar, dos atuais 443,2 euros para os 474 euros.

Isto quer dizer que, estando corretas as previsões do Banco de Portugal para a inflação, todas as pensões abaixo dos 947 euros (2 vezes o valor do IAS) vão ter aumentos mensais de 6,9% (ver tabela em cima). Para uma pensão de 947 euros, isto quer dizer em janeiro um aumento de 65 euros, ficando o pensionista a receber 1.012 euros por mês.

Para os cofres públicos isto representa um rombo em termos de despesa, mas uma fonte governamental explicou ao ECO que o peso das pensões no PIB não vai aumentar tanto porque o próprio PIB nominal vai ter um grande impulso por causa da inflação. E as receitas do Estado, sobretudo pela via do IVA que sobe com a inflação, vão ajudar a equilibrar as contas.

Este ano, as pensões mais baixas (até 886,40 euros) tiveram um aumento em janeiro de apenas 1%, sendo que a partir de julho, com a entrada em vigor do Orçamento do Estado, os pensionistas com reformas até 1.108 euros vão receber um bónus extraordinário de forma a que o aumento total no valor da pensão perfaça os 10 euros. Por exemplo, quem em janeiro teve um aumento ordinário de 6 euros no valor da pensão, em julho vai receber mais 4 euros extra, com retroativos a janeiro.

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Simulador da lluni exclusivo para mediadores arranca com Liberty

  • ECO Seguros
  • 20 Junho 2022

O simulador permite aos mediadores profissionais realizarem comparativos de cotações de várias companhias para os seus clientes de modo automático e imediato. Liberty já está a bordo.

A lluni e a Liberty Seguros acabam de disponibilizar o primeiro simulador online integrado com um ERP para a distribuição de seguros em Portugal. Para além da simulação, é possível também a emissão online da apólice sem recorrer ao portal Liberty Connect, o que representa “um passo inovador e significativo quanto à integração de dados das seguradoras nos ERP de gestão de seguros utilizados pela mediação e corretagem”, afirma Leandro Fernandes, CEO da lluni, empresa tecnológica, sedeada em Braga, especializada no desenvolvimento de soluções para o mercado da Mediação de Seguros e focada na “automatização de processos burocráticos de forma imediata”, como diz a empresa.

Leandro Fernandes, CEO da lluni, considera que o novo simulador Integrado entre o mediador e a seguradora “inicia uma nova fase na distribuição de seguros”.

O interface do novo simulador desenvolvido pela lluni (WiP – Web Insurance Platform) vai permitir a integração de cotações de outros produtos e seguradoras, já que para os distribuidores multimarcas “será indispensável agregar todos os parceiros obtendo as suas cotações online, para uma conversão automática em propostas personalizadas simples ou comparativas”, acrescenta a lluni.

O simulador disponível agora no software de gestão de seguros lluni, foi desenvolvido a partir de webservices e disponibiliza nesta primeira fase cotações Automóvel, “produto que implica um esforço substancial do back office das empresas de distribuição de Seguros no tratamento e registo da informação nas várias plataformas e bases de dados”, refere a empresa.

Este projeto conjunto começou recentemente e uniu a Liberty e a lluni a partir do pressuposto que “a informação partilhada em tempo real na triangulação de processos entre seguradora, mediador e cliente é a solução para uma resposta rápida na apresentação de propostas de seguro com ganhos de eficiência inegáveis”, afirma a tecnológica.

O lançamento de um simulador Integrado entre o mediador e a seguradora “inicia uma nova fase na distribuição de seguros, abrindo espaço para o desenvolvimento de modelos mais criativos, mais eficientes e mais rentáveis na dinamização do negócio”, conclui a lluni.

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Serviço ao cliente é fator mais valorizado na compra de seguros

  • ECO Seguros
  • 20 Junho 2022

Portugueses e norte-americanos mostram-se mais satisfeitos com as suas seguradoras do que britânicos e os neozelandeses. Em Espanha, consumidores queixam-se de falta de comunicação das companhias.

Um inquérito junto de dois mil consumidores de seguros de não Vida, em diversos países, mostra que o serviço ao cliente é, para mais de 50% dos inquiridos o fator que mais pesa no momento de comprar um seguro do que, por exemplo, o preço que pagam pelo prémio.

Uma das conclusões do estudo é que a geografia tem influência na perceção que os segurados têm das suas seguradoras. Em Portugal e nos EUA, os consumidores mostram-se mais satisfeitos com o tratamento das seguradoras do que os inquiridos no Reino Unido e na Nova Zelândia, comentou Karen Scott, Head of Insight na consultora Research in Finance.

Em Espanha, por exemplo, 95% dos consumidores de seguros queixam-se de falta de comunicação por parte das seguradoras, nomeadamente no acompanhamento de sinistros, e pedem que as companhias utilizem, por exemplo, os canais digitais para serem mais interativas na matéria. Globalmente, 37% dos consumidores consideram a experiência de compra de seguros como “muito boa,” mas a preferência pelo contacto personalizado sobrepõe-se à comunicação por email, página web ou através de chat, indica o relatório.

De facto, 64% dos espanhóis prefere contacto direto com um funcionário no momento de interagir com a seguradora. Para 53% dos inquiridos, o serviço ao cliente é o aspeto mais valorizado durante o processo de compra, seguindo-se “facilidade de compra” (22%) e “ausência de problemas” (12%). Sobre a falta de comunicação por parte das seguradoras, o estudo revela que 14% dos inquiridos, também no mercado espanhol, queixa-se de não receber informação a avisar da renovação da apólice e 1/3 dos respondentes disse não que não recebe notícias da seguradora durante um ano.

O estudo também sugere que as seguradoras aproveitem os recursos baseados em dados de forma mais eficiente. A tecnologia pode ajudar a melhorar canais de distribuição e criar interações que permitem antecipar as preferências dos clientes, nota.

Em relação a novos produtos, como é o caso dos seguros on demand (soluções desenhadas à medida, com coberturas flexíveis que podem ser ativadas ou desativadas conforme necessidade do cliente) que, considera o estudo, trata-se de oportunidade estratégica para o setor, 58% dos consumidores mostram-se interessados e o indicador sobe aos 77% entre os consumidores mais jovens.

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Sócrates diz que é “ilegal” ser chamado pelo MP para explicar viagens ao Brasil

Esta segunda-feira, o MP disse que queria interrogar novamente José Sócrates a propósito das viagens que este tem feito ao Brasil para um eventual agravamento das medidas de coação.

José Sócrates — arguido na Operação Marquês — considera (através do advogado de defesa) que é “ilegal” voltar a ser ouvido pelo Ministério Público (MP) para um eventual agravamento das medidas de coação.

Esta segunda-feira, o MP disse que queria interrogar novamente José Sócrates a propósito das viagens que tem feito ao Brasil, sem ter avisado as autoridades como manda a lei para quem está sujeito a Termo de Identidade e Residência (TIR).

Pedro Delille, advogado do ex-governante, diz que este pedido é ilegal, já que o processo “está suspenso devido aos recursos pendentes”. E insistiu que o seu cliente “não tem Termo de Identidade e Residência” em qualquer processo.

O advogado considerou ainda que o ex-primeiro-ministro já explicou publicamente as viagens ao Brasil e defendeu que esta iniciativa do MP visou passar “uma ideia errada e falsa de que José Sócrates esteja na iminência de ser julgado”. Na verdade, o arguido espera só a decisão do recurso pendente na Relação para que as primeiras sessões de julgamento comecem a ser marcadas.

Disse ainda ser “absolutamente ilegal”, uma vez que esta medida de coação não permite que se interrogue alguém para obter esclarecimentos sobre viagens. “Caso contrário, estaríamos num estado policial”, sublinhou o advogado à Lusa.

O TIR prevê que um arguido saiba da obrigação de não mudar de residência nem se ausentar por mais de cinco dias sem comunicar essa situação ao tribunal.

Sócrates está prestes a ser julgado por falsificação e branqueamento de capitais, crimes extraídos da instrução da Operação Marquês. O objetivo dos magistrados do MP pode passar por pedir a substituição do atual TIR do arguido por uma medida mais gravosa, como a apreensão de passaporte.

José Sócrates já tinha acusado a Justiça portuguesa de abuso, em entrevista à SIC, por exigir justificações sobre as viagens que o ex-primeiro-ministro tem feito ao Brasil desde abril do ano passado. E afirmou que responde às questões da juíza “se forem feitos com bons modos”.

A juíza responsável pelo processo — que entretanto pediu transferência — mandatou o SEF e a Interpol para investigar as viagens do ex-primeiro-ministro ao Brasil. Depois de ter sido recebida a resposta da Interpol, que detalhou as viagens de Sócrates ao Brasil no último ano, a resposta da Justiça é a de ouvir novamente o arguido.

José Sócrates foi acusado no processo Operação Marquês pelo MP, em 2017, de 31 crimes, designadamente corrupção passiva, branqueamento de capitais, falsificação de documentos e fraude fiscal, mas na decisão instrutória, em 9 de abril de 2021, o juiz Ivo Rosa decidiu ilibar José Sócrates de 25 dos 31 crimes, pronunciando-o para julgamento por três crimes de branqueamento de capitais e três de falsificação de documentos.

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