UGT perplexa com ameaça de denúncia do acordo tripartido pelas confederações patronais

  • Lusa
  • 23 Fevereiro 2023

A central sindical refere que as alterações à legislação laboral contempladas na Agenda do Trabalho Digno constituem "um avanço na proteção" de milhares de trabalhadores.

A UGT manifestou-se esta quinta-feira perplexa perante as “ameaças de denúncia” do acordo assinado em Concertação Social pelas confederações patronais devido à aprovação da Agenda do Trabalho Digno, recusando a alegação de que a Agenda interfere no acordo.

Numa resolução aprovada por unanimidade, a UGT refere que as alterações à legislação laboral contempladas na Agenda do Trabalho Digno constituem “um avanço na proteção” de milhares de trabalhadores, salientando o reforço das compensações por despedimento, a presunção de laboralidade nas plataformas digitais ou a consagração do poder de avaliar a denúncia das convenções.

“Esse novo quadro, que potencia que a negociação coletiva se desenvolva de forma mais equilibrada, poderá dar um impulso decisivo para a concretização do Acordo para a Melhoria dos Rendimentos, dos Salários e da Competitividade, celebrado em 9 de outubro de 2022”, refere a central sindical liderada por Mário Mourão.

Neste contexto, salienta ser “com perplexidade” que a UGT assiste “à pressão política por parte das confederações patronais, com ameaças de denúncia do Acordo tripartido assinado, em virtude da aprovação da Agenda do Trabalho Digno”.

Uma perplexidade que resulta do facto “de se alegar” que as alterações aprovadas na Agenda “interferem com o Acordo assinado”, refere a UGT, acentuando que as mesmas ou “concretizam medidas desse mesmo Acordo” ou “em nada interferem com o mesmo ou apenas potenciam os seus objetivos”.

“A UGT refuta assim a análise, sobretudo economicista, que está a ser feita pelas confederações patronais e devemos deixar claro que consideramos que quem, a coberto de um não acordo (na Agenda do Trabalho Digno), resultante em grande parte da sua própria inação, vem ameaçar com a denúncia de outro acordo, não está a prestar um bom serviço ao diálogo social que afirma defender e à confiança que o deve reger”, refere a mesma resolução.

A UGT aborda ainda o programa “Mais habitação”, aprovado pelo Governo na semana passada, considerando-o positivo, mas insuficiente e que adia as respostas perante a urgências das famílias.

Sem prejuízo das medidas apontadas, a UGT considera que o programa passa ao lado de alguns dos problemas vivenciados pelos portugueses, apontando o facto de apostar em medidas de resposta centradas essencialmente no arrendamento “ignorando completamente” a realidade da generalidade das famílias ter um crédito para compra de casa.

Num contexto de subida de taxas de juro, como o atual, “as únicas medidas que visam fazer face a este problema gritante — a obrigação dos bancos oferecerem taxa fixa e a proteção na subida das taxas de juro — são manifestamente insuficientes e desadequadas”, refere a resolução.

A resolução aborda ainda o ano passado sobre o início da guerra na Ucrânia, reiterando a sua profunda solidariedade para com o provo ucraniano.

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SATA converte 62 milhões em capital social até maio

  • Lusa
  • 23 Fevereiro 2023

O plano de reestruturação previa "a injeção pelo acionista, em 2022, de 62 milhões de euros, para serem posteriormente convertidos em capital.”

A conversão em capital social dos 62 milhões de euros que o Governo dos Açores transferiu para a SATA vai ter lugar “até 31 de maio de 2023”, disse esta quinta-feira à Lusa fonte da empresa.

Questionada pela Lusa, na sequência de uma conferência de imprensa do PS/Açores, realizada na quarta-feira, em Ponta Delgada, a empresa contextualiza que o plano de reestruturação, aprovado pela Comissão Europeia (CE), a 07 de junho de 2022, “previa, entre outras medidas, a injeção pelo acionista, em 2022, de 62 milhões de euros, para serem posteriormente convertidos em capital.”

A Região Autónoma dos Açores, representada pelo Governo Regional, é a única acionista do grupo SATA. Segundo a operadora aérea, estes valores “foram transferidos, pelo Governo Regional dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM), em tranches, entre 30 de agosto de 2022 e 09 de novembro de 2022, à medida das necessidades de tesouraria, perfazendo o total definido no plano de 62 milhões de euros”.

“Os valores transferidos foram registados em empréstimos acionistas, no balanço da SATA Air Açores”, frisa a empresa. Na conferência de imprensa do PS/Açores, o deputado Carlos Silva apontou que o executivo açoriano assumiu o compromisso, através de uma Resolução de 2022, de avançar com uma injeção de capital na SATA Air Açores de 114,5 milhões de euros, 82,5 milhões dos quais “através da conversão de um empréstimo concedido à essa empresa em capital social, e 62 milhões através da entrada em dinheiro”.

O deputado ressalvou que, de acordo com a página do Ministério da Justiça relativa a registos e publicações de atos societários, “contrariamente ao que foi anunciado pelo Governo Regional, em 2022, a SATA Air Açores não teve qualquer aumento de capital social, mas sim contraiu dois novos empréstimos, sob a forma de obrigações”, de 65 e 60 milhões de euros.

“Apenas em fevereiro deste ano, foi registado um único aumento de capital social, por conversão de empréstimo já existente, e não por entrada de dinheiro, no valor de 102.75 milhões de euros”, salvaguardou Carlos Silva. De acordo com posição assumida hoje pela SATA, “no âmbito da reorganização societária em curso, que também está prevista, estão a ser realizados um conjunto de passos para o reconhecimento em capital das várias medidas incluídas no plano”.

A calendarização da conversão em capital dos 62 milhões de euros “está definida, de acordo com trabalho conjunto com os auditores, ocorrer até 31 de maio de 2023”, aponta a empresa. Questionada sobre se a SATA está a cumprir com as diretivas da CE no âmbito do plano de reestruturação, a empresa refere que “os seus quadros, como pessoas de bem, estão a cumprir na íntegra o que ficou acordado”.

“A SATA está obrigada a dar reportes regulares à Comissão Europeia de todos os passos acordados e a responder a todas as questões, o que tem feito com diligencia”, concluiu a empresa. A CE aprovou, em junho de 2022, nos termos das regras da União Europeia, em matéria de auxílios estatais, os planos do governo português para conceder um auxílio à reestruturação da SATA no montante de 453,25 milhões de euros.

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Ana Rita Frazão é a nova diretora-geral da One

A gestora vai apoiar a marca na consolidação do seu posicionamento em Portugal, bem como a crescer no digital e além-fronteiras.

A One acaba de anunciar a contratação de Ana Rita Frazão para assumir o cargo de diretora-geral. A gestora chega à marca para apoiá-la na consolidação do seu posicionamento em Portugal, bem como na ambição de crescer no digital e além-fronteiras.

“Ao longo destes anos de carreira, acompanhei grandes empresas portuguesas e internacionais no desenvolvimento das suas estratégias. Agora, é com grande entusiasmo e sentido de responsabilidade que assumo este cargo e entro na equipa One, uma marca de assinatura nacional que tem feito um trajeto incrível. Venho com uma grande vontade de continuar o excelente percurso que tem vindo a ser feito e levar a marca cada vez mais longe”, afirma Ana Rita Frazão, em comunicado.

Natural de Leiria, a nova responsável estudou Gestão na Universidade Católica de Lisboa, tendo realizado um MBA na London Business School, no Reino Unido, e na Universidade Columbia, em Nova Iorque, nos Estados Unidos da América. Durante a sua carreira, esteve envolvida, sobretudo, nos setores da banca e do retalho, tendo passado dez anos na McKinsey & Company. No seu percurso constam também experiências em empresas de moda e e-commerce de luxo, como a Yoox, Net-a-Porter e Farfetch.

“Temos grandes ambições, que incluem também uma estratégia de crescimento e, neste sentido, a sua experiência e conhecimento serão uma enorme mais-valia para alcançarmos os nossos objetivos”, considera Manuel Bento de Sousa, administrador da One.

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Vila Nova de Paiva requalifica edifício afeto à GNR com cerca de 600 mil euros

  • Lusa
  • 23 Fevereiro 2023

Edifício municipal afeto à GNR de Vila Nova de Paiva vai ser requalificado num investimento na ordem dos 600 mil euros. Saiu em DR a portaria que autoriza MAI a assumir os encargos orçamentais.

O presidente da Câmara de Vila Nova de Paiva, Paulo Marques, avançou esta quinta-feira que o edifício municipal afeto à GNR será requalificado, com obras avaliadas em cerca de 600 mil euros, e que os militares deverão regressar daqui a dois anos.

“O edifício onde a GNR, sempre esteve instalada, está muito degradado e a precisar de muitas obras. O meu antecessor já tinha retirado os militares para um espaço provisório, tendo em conta a falta de condições do quartel”, afirmou Paulo Marques.

À agência Lusa o autarca de Vila Nova de Paiva, no distrito de Viseu, esclareceu ainda que o edifício em causa é propriedade do município e o projeto de requalificação “já está a ser trabalhado há algum tempo”. Ocorreram alguns contratempos.

“O projeto esteve com algumas dificuldades para aprovação da arquitetura, entre o Ministério [da Administração Interna] e os nossos serviços, mas conseguimos fechar essa questão, no ano passado, e atualizámos os valores da requalificação”, adiantou.

O projeto esteve com algumas dificuldades para aprovação da arquitetura, entre o Ministério [da Administração Interna] e os nossos serviços, mas conseguimos fechar essa questão, no ano passado, e atualizámos os valores da requalificação.

Paulo Marques

Presidente da Câmara de Vila Nova de Paiva

Segundo um comunicado do Ministério da Administração Interna (MAI), foram publicadas, em Diário da República, portarias que autorizaram a secretaria-geral do MAI a assumir os encargos orçamentais relativos à construção e reabilitação de várias infraestruturas da PSP e GNR.

Assim, especificou o comunicado, estas portarias, entre outras, permitirão a reabilitação de dois postos territoriais da GNR, um em Oliveira do Bairro (distrito de Aveiro) e outro em Vila Nova de Paiva (Viseu).

“Para a concretização destes investimentos, num valor global superior a 8,5 milhões de euros, a Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna assinará, muito em breve, contratos interadministrativos com os municípios para a promoção das empreitadas”, de acordo com o mesmo documento.

Neste sentido, Paulo Marques afirmou que espera a assinatura do contrato com o MAI para avançar para o concurso e, depois, seguir para a obra. O autarca estima que “em dois anos os militares possam regressar ao quartel onde sempre estiveram”.

Segundo o edil, esta “é uma empreitada de 590.518 euros, mais IVA, que vai requalificar quase na totalidade o edifício” de onde os militares da GNR “saíram há mais de dois anos, já por falta de condições e que, com o tempo, tem-se deteriorado”.

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Altice recusa atrasos no 5G

"Este será um dos maiores anos de investimento para cumprirmos com as obrigações do 5G", adianta a CEO da Altice Portugal.

“Vamos cumprir com os nossos compromissos no 5G. Até agora não tem havido nenhum atraso“, garante Ana Figueiredo, CEO da Altice, durante a apresentação da estratégia da operadora até 2030, esta quinta-feira no Altice Arena, num encontro com jornalistas.

A dona do Meo já cobre 90% da população portuguesa com rede 5G, adianta a responsável. “Cobrimos 285 municípios e no próximo mês vamos estender essa cobertura 5G a Pedrógão Grande”, revela, acrescentando que, até ao final do ano, a companhia conta cobrir 95% da população com esta rede móvel.

Este será um dos maiores anos de investimento para cumprirmos com as obrigações do 5G”, adianta a CEO da Altice Portugal, sem revelar o montante de investimento previsto já que a empresa está prestar a lançar as contas anuais. Em média a operadora investe anualmente cerca de 500 milhões de euros.

Altice “a acompanhar” possíveis remédios da fusão Vodafone e Nowo

A operadora está a acompanhar a fusão da Vodafone e da Nowo, sobretudo, no que toca a potenciais remédios que venham a ser aplicados no que refere ao espectro comprado pelas duas empresas no leilão de 5G. A Anacom já admitiu que assumiu que a imposição de condições (remédios) à operadora é “uma conclusão possível”.

“No leilão do 5G foram leiloadas dois tipos de frequências de espectro, um deles restrito a novos entrantes no mercado, e o outro, do 3.6 MHZ tinha um cap associado, em que nenhum operador podia adquirir mais do que 100 MHZ”, começa por reagir a responsável quando questionada pelo Eco sobre o tema. “Estamos a acompanhar curiosamente sobre como vai ser os remédios que serão aplicados relativamente ao espectro e como esse espectro foi adquirido no leilão 5G, o que vai ser definido nessa matéria.”

Em causa estão, sobretudo, os 20 MHz comprados pela Nowo na faixa dos 1.800 MHz, uma das reservadas às empresas que ainda não têm rede móvel própria.

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Lucros da Corticeira Amorim crescem 32% e vendas superam mil milhões

  • ECO
  • 23 Fevereiro 2023

Empresa de Mozelos registou vendas superiores a mil milhões de euros pela primeira vez na sua história. Subida de preços e consolidação da compra do grupo Saci contribuem para desempenho de 2022.

A Corticeira Amorim aumentou os seus lucros em 31,6% face a 2021. A empresa liderada por António Rios Amorim registou um resultado positivo de 98,4 milhões de euros, segundo os números divulgados nesta quinta-feira. As vendas da companhia de Mozelos superaram pela primeira vez a fasquia dos mil milhões de euros: foram 1.021 milhões de euros, mais 21,9% do que em 2021.

Apesar de a empresa referir que “as pressões inflacionistas continuaram a penalizar os resultados”, os resultados antes de juros, impostos, amortizações e depreciações (EBITDA) aumentaram 22%, para 164 milhões de euros. A situação contribui para um rácio EBITDA/vendas de 16,1%, mais 0,1 pontos percentuais do que em 2021, refere comunicado divulgado junto da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.

Todas as unidades de negócio da Corticeira Amorim conseguiram melhorar as suas vendas, mesmo com o “agravamento significativo dos preços de energia e de algumas matérias-primas”, além do “aumento dos custos com pessoal”:

  • As vendas da unidade de rolhas cresceram 27,1% face a 2021, para 754 milhões de euros. Esta unidade “beneficiou particularmente da melhoria do mix de produtos e da subida de preços implementada no início do ano, bem como do impacto favorável da valorização cambial”;
  • Nos revestimentos, a subida foi de 7,1%, para 132 milhões de euros, “refletindo melhorias do mix de produto, com uma evolução particularmente favorável dos produtos lançados recentemente, e subidas de preços”;
  • Nos aglomerados compósitos, a melhoria foi de 6,7%, para 124,6 milhões de euros, por conta de uma “evolução positiva do mix de produto”;
  • Nos isolamentos, as vendas cresceram 9,8% (16 milhões de euros, “apesar dos menores níveis de atividade decorrentes de paragens programadas nas suas duas unidades industriais”.

A dívida líquida da Corticeira Amorim triplicou para 129 milhões de euros – face aos 48 milhões de euros do final de 2021. As razões são a compra de 50% do capital da Saci por 49 milhões de euros; a aquisição de 50% da sociedade que detém partes da Herdade do Rio Frio, dos aumentos do investimento em ativos fixos, das necessidades de fundo maneio e do pagamento de dividendos.

Apesar da situação, a Corticeira Amorim vai propor em assembleia geral a distribuição de um dividendo bruto de 20 cêntimos por ação, o mesmo montante aplicado em 2021.

(Notícia atualizada às 17h30 com mais informação)

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Da compra de edifícios à isenção de IMI e IMT, as medidas de Lisboa para a habitação

  • Mariana Marques Tiago
  • 23 Fevereiro 2023

Autarquia da capital diz estar a "tentar tudo". O plano para os próximos 10 anos contempla medidas como a compra de edifícios a privados, isenção de IMT e IMI para os jovens e mais apoio às rendas.

A Câmara Municipal de Lisboa quer aplicar um plano nos próximos dez anos que tem como objetivo erradicar a pobreza, fixar famílias e tornar a capital mais sustentável. A Carta Municipal de Habitação define três prioridades: aumentar e melhorar a oferta de habitação, reduzir as assimetrias no acesso à mesma e regenerar a capital.

A proposta do “maior proprietário do país” surge poucos dias depois de o Governo apresentar um pacote para a habitação sem consultar as autarquias – uma iniciativa criticada por Carlos Moedas e pelo autarca do Porto, Rui Moreira. As medidas propostas são apresentadas na próxima reunião de conselho municipal a 6 de março.

Aumentar e melhorar a oferta

O autarca de Lisboa defende que a oferta habitacional só aumenta se existir envolvimento dos privados. “A política municipal de Lisboa não é ideológica; inclui cooperativas, construção municipal e privados”, sublinhou. Atualmente, o património do município é de 23.692 habitações, sendo que mais de metade delas diz respeito a situações de habitação indigna. No total, a câmara tem um potencial estimado de 9.624 habitações: 7.322 para construir e 2.302 para reabilitar. À data, estavam a ser construídas 862.

Será, assim, implementado o Sistema Municipal de Habitação, que assenta nos três pilares base referidos por Moedas:

  • Cooperativas

“É uma ideia antiga, mas que vamos relançar“, anunciou Moedas. A ideia é “dar um terreno a um grupo de pessoas que queira construir aí”. A consequência, explicou, é conseguir habitação mais barata para determinado grupo de pessoas que se candidatou ao terreno. Haverá, então, construção privada em terrenos municipais que serão “entregues a 90 anos”. Até este mês foram lançados quatro concursos públicos de projeto para construção de 194 fogos habitacionais, 18 dos quais para cooperativas.

  • Público

Além da construção e reabilitação de património, a CML vai comprar património privado (como edifícios devolutos), reabilitá-lo e colocá-lo à disposição da população. “Olhámos para o dinheiro do PRR e percebemos que não vamos poder construir tudo, mas vimos que há casas e prédios na cidade que podemos comprar“, explicou o presidente. Avisou, contudo, que o lançamento de programas de compra de habitação não vai interferir com o direito de propriedade.

A vereadora do pelouro da Habitação, Filipa Roseta, acrescentou que será possível dar um “uso mais rápido ao PRR se forem compradas frações devolutas“. Segundo a vereadora, a CML vai indagar quais são os proprietários interessados em vender para depois apresentar ofertas para comprar. “Vamos lançar em hasta pública. Estamos a tentar tudo”, garantiu.

  • Privado

Para incentivar o envolvimento dos privados nestas medidas, a CML vai avançar com medidas de apoio à renda, incentivos fiscais e instrumentos regulamentares. Carlos Moedas explicou que é necessária a “colaboração dos privados”, mas que “estes só contribuem se tiverem rentabilidade”.

A autarquia avançou inicialmente com o modelo das concessões, no qual os privados não tinham retorno. Mas “vamos voltar a fazê-lo em Benfica e no Parque das Nações”, assegurou. Questionado pelos jornalistas, o autarca social-democrata explicou que, no caso das concessões para construção de renda acessível em Benfica e no Parque das Nações, não houve interesse por parte dos privados porque o modelo desenhado não foi o correto. “Desenhou-se um modelo que os privados não quiseram, por isso vamos fazer novas concessões. Temos de redesenhar o modelo para que seja mais atrativo”, elucidou.

Apresentação da Carta Municipal de Habitação de Lisboa - 23FEV23
Apresentação da Carta Municipal de Habitação de LisboaHugo Amaral/ECO

Facilitar o acesso à habitação

A segunda grande prioridade da CML consiste na redução das assimetrias no acesso à habitação, já que na última década as rendas subiram 64% e os rendimentos apenas 22%. Em foco estão quatro grandes grupos: trabalhadores com baixos rendimentos, jovens, trabalhadores deslocados e universitários. Além disso, procura-se ainda incentivar a co-governação.

  • Trabalhadores com baixos rendimentos

“Identificámos um segmento da população que ficou abandonada”, começou por notar Moedas. O autarca referia-se a quem regista rendimentos mensais entre 500 e 760 euros, um intervalo que impossibilitava receber qualquer ajuda. O objetivo é que, até ao final deste ano, sejam atribuídas 90 casas através deste novo programa. Para tal, a CML vai lançar dois concursos extraordinários de renda acessível.

  • Jovens

A medida não é nova, mas será uma vez mais levada a reunião de câmara, anunciou o autarca. Trata-se da isenção do imposto municipal sobre as transmissões onerosas de imóveis (IMT) e do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) na compra da primeira habitação por jovens até 35 anos. A isenção vai aplicar-se a habitações no valor máximo de 250 mil euros, o preço médio das transações registadas em Lisboa.

“Dizer que os jovens não podem ter isenção do IMT é tão injusto que a vou apresentar novamente em reunião de câmara. É uma proposta essencial para os nossos jovens”, justificou Carlos Moedas.

  • Trabalhadores deslocados

A Câmara de Lisboa vai apoiar o pagamento das rendas por parte das famílias com menos rendimentos e também dos profissionais deslocados. Segundo Moedas e Filipa Roseta, a CML vai pagar 1/3 deste encargo. O apoio inclui pessoas que recebam entre 760 e 2500 euros brutos por mês. Os interessados devem candidatar-se até dia 28 de fevereiro, apresentando o IRS e o contrato de arrendamento.

“Assim, chegamos a todas as famílias sem sorteio e o apoio chega a todos de forma mais equitativa”, sintetizou a vereadora do pelouro da Habitação.

  • Universitários

Para quem frequenta a universidade, as soluções da CML passam pela criação de mais camas. O objetivo é garantir mais 320 até ao final do ano, mas, no total, serão criadas mais 900 camas. “Há uma solução a ser construída na Alameda.”

Em parceria com a Universidade Nova de Lisboa, será também criada uma plataforma que vai cruzar interesses de senhorios e estudantes, facilitando a procura de quartos e casas.

  • Co-governação

Serão criados dois gabinetes que apoiem e facilitem a governação da cidade: o Gabinete de Apoio de Bairros de Intervenção Prioritária por freguesia (GABIP) e o Gabinete de Apoio de Intervenção Prioritária à escala metropolitana.

Medidas para facilitar o acesso à habitação. CML

Regenerar a cidade

A terceira prioridade da autarquia lisboeta passa por incentivar a requalificação das habitações. Para tal, foram identificadas “zonas esquecidas da cidade”, frisou Filipa Roseta.

Foram identificados até ao momento 13.150 situações municipais de habitação indigna, o que se traduz em mais de 2.000 famílias nestas condições. A autarquia pretende incluir as carências habitacionais destes bairros na Estratégia Local de Habitação de Lisboa, prevendo um investimento na ordem dos 160 milhões de euros.

Em conjunto com esta medida, a CML vai propor que as soluções de habitação sejam promovidas por entidades públicas, privadas e cooperativas, mobilizando todo o setor e permitindo o acesso a financiamento no âmbito de programas como o PRR.

“Os privados podem concorrer ao PRR se ligados à CML, e nós vamos facilitar isto. Identificámos que não nos podíamos candidatar com os bairros da Gebalis (empresa responsável pela gestão do arrendamento da habitação municipal da cidade)”, explicou a vereadora da Habitação.

As famílias em bairros municipais e sem condições dignas de habitação localizam-se, essencialmente, nas freguesias Santa Clara, Lumiar, Carnide, Benfica, Ajuda, Alcântara, Estrela, Alvalade, Marvila, Beato e Penha de França.

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Número de novos imigrantes portugueses no Reino Unido caiu 41% em 2022

  • Lusa
  • 23 Fevereiro 2023

Até ao fim de 2022 contabilizavam-se 462.490 candidaturas de portugueses para obter uma autorização de residência, obrigatória no regime pós-'Brexit'.

O número de novos imigrantes portugueses no Reino Unido caiu 41% em 2022 para 7.941 em relação ao ano anterior, segundo dados oficiais publicados esta quinta-feira, confirmando a tendência decrescente acentuada desde a saída britânica da União Europeia.

De acordo o Ministério do Trabalho britânico, em 2021 tinham-se inscrito 13.551 portugueses na Segurança Social, um requisito para poder trabalhar ou receber apoios sociais no país e um indicador usado para calcular os fluxos demográficos para o país. Apesar de marcar o fim da liberdade de circulação dos europeus no Reino Unido e a entrada em vigor de novas regras mais rígidas para a imigração, o ano de 2021 registou um aumento relativamente a 2020.

No ano de 2020, marcado por sucessivos confinamentos em Portugal e Reino Unido devido à pandemia de covid-19, registaram-se na Segurança Social britânica apenas 6.664 portugueses. Desde 2016, ano em que 52% dos eleitores britânicos votaram num referendo a favor da saída do Reino Unido da União Europeia (‘Brexit’), que a imigração europeia decresceu acentuadamente de um pico de 32.301 inscrições em 2015.

Atualmente, os cidadãos europeus estão sujeitos a um novo sistema de imigração que exige visto de trabalho e certas condições, como um contrato, salário mínimo e conhecimentos mínimos de língua inglesa. Estima-se que a comunidade portuguesa no Reino Unido ronde as 400 mil pessoas, a maioria estabelecidas nos anos 2010 como resultado da vaga de emigração causada pela crise financeira.

Estatísticas do Ministério do Trabalho britânico mostram que cerca de 226.000 portugueses registaram-se entre 2011 e 2019 na Segurança Social britânica. Números atualizados esta quinta pelo Ministério do Interior sobre o Sistema de Registo de cidadãos da União Europeia (EU Settlement Scheme, EUSS) contabilizam 462.490 candidaturas por cidadãos portugueses até ao fim de 2022 para obter uma autorização de residência, obrigatória no regime pós-‘Brexit’.

Destes, 256.570 portugueses receberam um título de residência permanente (‘settled status’), 165.820 um título provisório (‘pre-settled status’) e 40.290 tiveram os processos rejeitados ou invalidados. O número de candidaturas não é equivalente ao número de portugueses residentes no Reino Unido, pois algumas são repetidas devido à necessidade de recurso ou para passar do estatuto provisório a permanente.

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Os desafios para o setor segurador em 2023

  • Conteúdo Patrocinado
  • 23 Fevereiro 2023

Vivemos numa época de constante evolução e o setor segurador não foge à regra. Os novos paradigmas sucedem-se rapidamente, sendo o desafio adaptar-nos à mesma velocidade.

O cenário global atual não é, de facto, o mais animador em termos de estabilidade social em vários países, o que afeta de modo direto a aceitação de riscos nessas regiões. A situação é volátil e nem os especialistas conseguem delinear uma previsão de como estaremos ao longo deste ano em relação a estes conflitos.

O setor segurador não foge à regra e 2023 deverá ser um ano de alguns aumentos significativos de prémios de seguro, devido à atual conjuntura de aumento de preço de matérias-primas, inflação alta e subida do custo do valor de substituição em novo. Por muito que seja num contexto de aumentos generalizados, a verdade é que, por vezes, é uma conversa difícil a ter com os clientes.

E isso traz-nos a outra das tendências no setor segurador para 2023: o papel cada vez mais importante dos mediadores de seguro de explicar as novas realidades que afetam coberturas, prémio e alteram as necessidades do cliente final. O cliente é cada vez mais exigente e quer saber mais para além do habitual resumo que está nas condições particulares ou nos folhetos publicitários. Os mediadores são indispensáveis para a cada vez mais exigente realidade dos seguros.

Mafalda Costa, Gestora de Rede

E é uma realidade mais exigente porque surgem novos riscos cada vez mais complexos e com ligações entre si, no seio de uma conjuntura global que pode impactar e muito os riscos empresariais e a cadeia de distribuição de produtos. Estamos também cada vez mais vulneráveis às alterações climáticas e isso não traz só implicações a nível empresarial, mas também à realidade dos clientes privados.

Em 2023 as apólices têm que incluir novas coberturas que respondam a estas exigências, já que empresas e particulares procuram cada vez mais paz de espírito numa conjuntura um tanto ou quanto turbulenta. E agilidade, flexibilidade e garantia de proteção dos seus dados confidenciais.

A proteção de dados pessoais continua em voga e há uma legislação complexa à qual é necessário responder, não descurando que é uma realidade sempre muito ligada ao mundo tecnológico.

Num mundo cada vez mais digital, o setor segurador terá de disponibilizar ferramentas de suporte para operações ágeis e que excluam completamente o formato físico. Os pedidos de cotação, emissão, disponibilização da documentação e de esclarecimentos, entre outros, têm que ser digitais, simplificados, diretos e transparentes.

No novo ano que nos impulsiona a todos a evoluir, ultrapassar e prosseguir, temos desafios robustos e cabe ao mercado segurador dar as suas respostas.

Mafalda Costa, Gestora de Rede

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Ações da Bacalhôa à venda em leilão por mais de um milhão após BCP executar Berardo

Banco avançou no mês passado com a execução de duas sociedades de Berardo, a Associação de Coleções e a Metalgest. Agora as ações da Bacalhôa vão a leilão, pedindo-se mais de um milhão de euros.

Mais de 1,3 milhões de ações da Bacalhôa, empresa de vinhos de Joe Berardo, estão em leilão por mais de um milhão de euros, após o BCP ter avançado para a execução, no mês passado, de duas sociedades ligadas ao empresário madeirense, a Associação de Coleções e a Metalgest, por conta de uma dívida de dois milhões. Nem o banco nem Berardo comentam.

Em causa está uma participação que corresponde a menos de 2% do capital da Bacalhôa, com sede na região de Setúbal. Os títulos, com um valor base de 1,32 milhões de euros, estão na posse da Associação de Coleções, de acordo com o portal E-Leilões, onde está a ter lugar o leilão. Ainda não há licitações. O fim do leilão está previsto para o dia 22 de março.

Há um aviso aos potenciais interessados para um risco judicial: as ações em leilão estão relacionadas com um processo em que “se encontram pendentes embargos”.

Como o ECO escreveu em janeiro, o BCP avançou para a penhora de bens das duas sociedades do universo de Joe Berardo, por via de uma ação de execução no valor de dois milhões de euros. Com a ação, o banco pode proceder de imediato à penhora de bens de ambas as sociedades sem precisar da autorização do juiz do processo, pois já há uma sentença em julgado. E só depois da penhora é que os executados são citados para se oporem, se quiserem.

Nos últimos anos, não só o BCP como também a Caixa Geral de Depósitos (CGD) e o Novobanco têm avançado com várias ações contra empresas ligadas ao comendador por dívidas passadas.

Na ação mais relevante, os três bancos tentam, em conjunto, executar a principal coleção de obras de arte de Joe Berardo – detida pela Associação Coleção Berardo – por conta de uma dívida de cerca de mil milhões de euros. Segundo a última avaliação pedida pelo comendador, a coleção encontra-se avaliada 1,8 mil milhões de euros.

Em maio do ano passado, Joe Berardo contra-atacou os bancos, reclamando em tribunal 900 milhões de euros, dos quais 800 milhões se destinam a compensar a fundação por se ter visto “despojada” do seu património para cobrir as dívidas contraídas junto dos bancos, enquanto outros 100 milhões visam para ressarcir o comendador por danos morais.

Bacalhôa com vendas de quase 50 milhões em 2021

Os interessados naquela participação de quase 2% da Bacalhôa poderão consultar no portal de leilões, e já depois de devidamente registados, vários documentos relativos à sociedade, incluindo as contas de 2021, os estatutos e o registo comercial. Há uma nota no portal E-Leilões de que é da “exclusiva responsabilidade dos interessados proponentes, a análise e interpretação da documentação disponibilizada, sem prejuízo das diligências que entendam efectuar na avaliação do bem a adquirir, assegurando-se que corresponde às expectativas”.

Com 300 trabalhadores, a empresa que tem explorações vitivinícolas nas principais regiões do país, incluindo o Douro, Dão, Bairrada, Azeitão e Alentejo, fechou 2021 com vendas de quase 50 milhões de euros, um acréscimo de 17% face ao ano anterior. Os lucros ascenderam a 2,1 milhões de euros, mais 25% em relação a 2021. A sociedade explica a melhoria das contas com a reabertura da economia após as restrições impostas pelas autoridades por conta da pandemia. A dívida líquida caiu quase 10% para 30,8 milhões de euros.

Liderada por Renato Berardo, filho de Joe Berardo, a Bacalhôa apostou em 2022 no crescimento nos mercados externos, nomeadamente na Europa, América e Ásia, do desenvolvimento do enoturismo e, no plano financeiro, na racionalização de custos, reforço dos capitais próprios e diminuição e diversificação da dívida.

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Sánchez confirma seis tanques enviados por Espanha para a Ucrânia e admite mais quatro

  • Lusa
  • 23 Fevereiro 2023

Pedro Sánchez confirmou, em Kiev, que Espanha enviará seis tanques Leopard 2 para a Ucrânia e poderá aumentar a ajuda para dez unidades.

O presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, confirmou esta quint-feira em Kiev, perante o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que a Espanha enviará seis tanques Leopard 2 para a Ucrânia e poderá aumentar a ajuda para dez unidades. “Vamos enviar seis tanques Leopard 2 A4”, disse Sánchez, citado pela agência espanhola EFE.

Sánchez disse que a intenção do seu Governo é “aumentar o número de tanques que a Espanha vai entregar à Ucrânia de seis para 10 nas próximas semanas e meses”. Além de confirmar o envio dos tanques, que foi anunciado na quarta-feira pela ministra da Defesa, Margarita Robles, Sánchez recordou também que a Espanha irá treinar soldados ucranianos na operação destes veículos de guerra.

A Ucrânia há muito que pedia o envio de tanques para fazer frente às forças russas, nomeadamente os Leopard 2 alemães, mas o processo só foi desbloqueado em 25 de janeiro, quando a Alemanha concordou em fornecê-los a Kiev e autorizou outros países que os usam a fazer o mesmo. Sánchez chegou esta quinta de manhã a Kiev para um encontro com Zelensky, na véspera do primeiro aniversário do início da guerra contra a Ucrânia, desencadeada com a invasão russa de 24 de fevereiro do ano passado.

Durante a visita, a defesa antiaérea ucraniana derrubou um ‘drone’ de reconhecimento russo quando o aparelho aéreo não tripulado sobrevoava a região de Kiev, ativando os alertas da capital da Ucrânia. Trata-se da segunda visita de Sánchez a Kiev desde que a Rússia começou a guerra contra a Ucrânia.

O primeiro-ministro espanhol é o terceiro líder internacional a visitar Kiev esta semana, depois do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e da chefe do Governo de Itália, Giorgia Meloni, na segunda e na terça-feira, respetivamente. Sánchez prometeu a Zelensky apoiar as aspirações europeias da Ucrânia durante a próxima presidência espanhola do Conselho da União Europeia (UE).

Espanha está pronta a apoiar o processo de concretização das legítimas aspirações da Ucrânia a tornar-se membro de pleno direito da UE”, disse Sánchez. Zelensky respondeu que a Ucrânia conta com o apoio espanhol para “cumprir o seu objetivo estratégico de plena integração no espaço euro-atlântico”. A Espanha exercerá a presidência rotativa do Conselho da UE no segundo semestre deste ano.

Sánchez salientou também a necessidade de unidade na UE para continuar com as sanções contra a Rússia, enquanto Moscovo não cessar a sua agressão contra a Ucrânia. “Estamos perante um caso claro de imperialismo”, disse Sánchez sobre a invasão russa da Ucrânia, antes de advertir contra qualquer equidistância entre o agressor e o país atacado.

“Todo o apoio militar que oferecemos é para defender a Ucrânia, não para atacar a Rússia”, declarou o chefe do Governo espanhol, em linha com outros líderes ocidentais que insistiram nos últimos dias que não querem desmembrar ou atacar a Rússia. Sánchez salientou a importância de a UE continuar a apoiar a Ucrânia financeira e economicamente, e disse que Madrid está a trabalhar com Kiev e a comunidade internacional para assegurar que os crimes que os russos tenham cometido durante a guerra não fiquem impunes.

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Ministério Público quer Vara a cumprir cinco anos e meio de prisão

  • Lusa
  • 23 Fevereiro 2023

O Ministério Público pediu cinco anos e meio de prisão, em cúmulo jurídico, para o antigo ministro Armando Vara, das penas recebidas nos processos Face Oculta e Operação Marquês.

O Ministério Público (MP) pediu esta quinta-feira cinco anos e meio de prisão, em cúmulo jurídico, para o antigo ministro Armando Vara, das penas que lhe foram aplicadas nos processos da Face Oculta e da Operação Marquês.

Armando Vara tinha sido condenado a uma pena de prisão de cinco anos no âmbito do processo Face Oculta, por três crimes de tráfico de influências, tendo sido libertado do Estabelecimento Prisional de Évora em outubro de 2021, após cumprir dois anos e nove meses, devido à aplicação das medidas excecionais relacionadas com a pandemia de covid-19.

Entretanto, em julho de 2021, viu o tribunal aplicar-lhe uma pena de dois anos de prisão por branqueamento de capitais no processo Operação Marquês.

Na audiência de cúmulo jurídico realizada no Juízo Central Criminal de Lisboa, o procurador-geral adjunto Vítor Pinto defendeu que o perdão aplicado ao ex-ministro sobre a pena do caso Face Oculta deveria “ficar sem efeito”.

“O MP entende que este cúmulo deve ser efetuado sem consideração do perdão anteriormente concedido, pelo que uma pena agora única a rondar os cinco anos e seis meses de prisão será adequada. Nessa pena única a fixar pelo tribunal terá de ser descontada a prisão já cumprida nesse processo, sendo certo que não haverá que descontar qualquer perdão concedido”, afirmou.

Segundo esta interpretação, os quase três anos que Armando Vara cumpriu na prisão de Évora teriam de ser descontados aos cinco anos e meio de prisão, restando assim mais dois anos e seis meses de prisão para o antigo ministro, quando este havia sido condenado a apenas dois anos no julgamento do processo separado da Operação Marquês.

“Qualquer coisa acima dos cinco anos só tem o efeito prático de o arguido passar pelo calvário de voltar a entrar no sistema. O que é que se ganha com isso? A humilhação deste homem? Uma nova sujeição ao sistema prisional?”, questionou o advogado Tiago Rodrigues Bastos, que reiterou que os factos foram praticados entre 2006 e 2009 e que Armando Vara teve sempre um “cumprimento exemplar para com o sistema de justiça”.

A decisão do tribunal ficou marcada para 9 de março, às 14:00.

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