Lucros do Crédito Agrícola caem 9% em 2022, para 144,3 milhões de euros

  • Lusa
  • 16 Março 2023

Grupo bancário justifica com o aumento dos gastos gerais e do custo do risco e com o facto de em 2021 ter tido resultados extraordinários em operações financeiras que não se repetiram no ano passado.

O Crédito Agrícola teve lucros de 144,3 milhões de euros em 2022, menos 9,1% do que em 2021, divulgou esta quinta-feira o grupo bancário, que o ano passado concluiu quatro operações de fusão de Caixas de Crédito Agrícola Mútuo.

Em comunicado, o grupo Crédito Agrícola justificou a queda nos lucros com o aumento dos gastos gerais e do custo do risco (visível nas imparidades e provisões) e com o facto de em 2021 ter tido resultados extraordinários em operações financeiras que não se repetiram no ano passado (o que faz diminuir os lucros).

No ano passado, do lado da receita, a margem financeira aumentou 17,7% para 368,4 milhões de euros, devido à evolução das taxas Euribor, enquanto as comissões líquidas subiram 18,5% para 146,2 milhões de euros, com aumento das transações de clientes e da carteira de crédito.

Já as imparidades e provisões constituídas foram de 57,4 milhões de euros, quando em 2021 tinha havido mesmo reversão (de 2,2 milhões de euros). A maior parte, 39,4 milhões de euros, foram para imparidades de crédito.

Os custos de estrutura aumentaram 7,6% para 400,9 milhões de euros, sendo que os gastos com pessoal subiram 5,9% justificando o banco com o impacto da atualização salarial e com o apoio extraordinário aos trabalhadores atribuído no final de 2022 (entre 20 e 750 euros). Os gastos gerais administrativos cresceram 12% para 129,7 milhões de euros.

O crédito subiu 2,2% para 12 mil milhões de euros. O rácio de crédito malparado (rácio bruto de ‘Non Performing Loans’) fixou-se em 5,5%, abaixo dos 7,3% de final de 2021. Já os depósitos bancários subiram 6% para 20,4 mil milhões de euros.

Quanto ao ‘resultado de operações financeiras’, em 2022 foi negativo em 3,3 milhões de euros, quando em 2021 o banco tinha tido ganhos de 63 milhões de euros.

Em 2022, o grupo reduziu de 75 para 71 o número de Caixas de Crédito Agrícola Mútuo ao concluir quatro operações de fusão de caixas, informou também esta quinta-feira.

Em maio do ano passado, no Fórum Banca, o presidente do Crédito Agrícola, Licínio Pina, disse que o grupo quer fazer a fusão de 19 caixas (as com menor ativo) em cinco anos, passando a menos de 60 caixas, um processo que deveria ter acontecido mas cuja complexidade e a pandemia fizeram atrasar.

O grupo Crédito Agrícola é composto pelas Caixas de Crédito Agrícola Mútuo e pela Caixa Central.

Em conjunto, no final de 2022, tinha 617 agências, menos sete face a 2021. Continua a ser maior rede bancária em Portugal, à frente da rede da Caixa Geral de Depósitos. Os trabalhadores eram 4.110, mais 17 do que em 2021.

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“Tentar fixar preços é querer prateleiras vazias”, diz Cláudia Azevedo

Dona dos supermercados Continente defende apoios aos produtores para enfrentarem aumentos de preços e ajudas para subir rendimento das famílias, que estão a comprar menos e bens de menor valor.

Os preços dos produtos nos supermercados foram o foco da conferência de imprensa de resultados anuais da Sonae. A atribuição de ajudas aos produtores e às famílias por parte do Estado é uma das medidas proposta pela líder da dona do Continente, Cláudia Azevedo, para enfrentar a inflação alta nestes bens. A gestora manifestou-se também contra todas as medidas que interfiram na formação de preços nas prateleiras das lojas, depois de um ano em que o Continente teve uma margem de lucro líquido de 2,7%.

Tentar fixar preços dá sempre mau resultado: um produtor português que tem de melhorar os seus fatores de produção não vai querer vender a uma cadeia portuguesa com os preços fixos. Vai vender para fora. Um produtor estrangeiro não vai vender a Portugal com margens tão baixas. O resultado final de uma política dessas é ter as prateleiras vazias. Isso ninguém quer”, atacou a presidente executiva do grupo Sonae, Cláudia Azevedo, durante a apresentação de resultados. A medida, de caráter temporário, tem sido defendida pelos partidos Chega, PCP e Bloco de Esquerda.

Cláudia Azevedo, presidente executiva do grupo SonaeRicardo Castelo/ECO

O grupo Sonae garante que não tem estado a ganhar com a inflação alta e deu como exemplo a margem de lucro líquido de 2,7% do Continente (isto é, assumindo que o volume de negócios é igual a 100%, descontando desse valor os custos das mercadorias; os custos com pessoal; os custos com transportes, limpeza e segurança; custos de energia; e amortizações, juros e impostos, sobra uma margem de 2,7% para a empresa). A descida deste desempenho deveu-se, sobretudo, ao aumento de 45,6% nos custos da energia, no montante de mais 30 milhões de euros, detalhou o responsável financeiro da Sonae, João Dolores.

O custo das mercadorias teve um agravamento de 10,6%. Sem detalhar os produtos onde houve maiores subidas na compra aos fornecedores, o responsável financeiro apontou para as categorias de alimentos “de base agrícola, nos frescos e em bens essenciais. Para tentar equilibrar as contas, houve alimentos em que a Sonae teve ganhos “abaixo da margem média, tentando compensar noutros produtos para corresponder às necessidades dos clientes portugueses”.

Tentar fixar preços dá sempre mau resultado: um produtor português que tem de melhorar os seus fatores de produção não vai querer vender a uma cadeia portuguesa com os preços fixos. Vai vender para fora. Um produtor estrangeiro não vai vender a Portugal com margens tão baixas. O resultado final de uma política dessas é ter as prateleiras vazias. Isso ninguém quer

Cláudia Azevedo

Presidente executiva da Sonae

Apesar de o volume de negócios da Sonae MC ter aumentado 9,6% em número comparável de lojas, a inflação alimentar foi de 13%. Com menos rendimentos nas famílias, a empresa assume que há uma “queda de volumes e uma mudança no conjunto de produtos vendidos”, efeito sentido com ainda mais força no início de 2023. “Os clientes estão a restringir os produtos consumidos“, indicou João Dolores. Os consumidores estão a apostar mais em bens de marca própria e em artigos de menor valor.

“As nossas pessoas dedicam todo o seu tempo a trabalharem para termos preços mais baixos e descontos em cartão. A crise é séria e estamos a fazer tudo o que conseguimos para ajudar as famílias”, sinalizou Cláudia Azevedo.

Apoios a famílias e controlo “acima da ASAE”

Insistindo que a distribuição não é culpada pelo aumento de preços, a líder da Sonae defende que a cadeia alimentar “tem tido uma atitude muito responsável” e que “faz sentido [introduzir] medidas do lado dos produtores, com fertilizantes e energia, e das famílias, para aumentar o poder de compra”.

Ainda sobre o Estado e o reforço inspeções da ASAE sobre os supermercados, Cláudia Azevedo dirige-se ao Governo sobre a atribuição de responsabilidades pelo aumento de preços: “fazemos muito mais controlo do que a ASAE e até beneficiamos mais o cliente. Somos um país em que mais dos 50% dos produtos são comprados com promoção”. Para a líder da Sonae, culpados da inflação alta “serão o Presidente da Rússia, a China e a seca”.

Responsável financeiro da Sonae, João DoloresRicardo Castelo/ECO

A Sonae fechou as contas do ano passado com lucros de 342 milhões de euros, 27,7% acima do registado no ano anterior. No entanto, o resultado líquido atribuível aos acionistas excluindo os itens não recorrentes diminuiu quase 17%, para 179 milhões de euros. Ainda assim, a empresa admite vir a pagar um “valor marginal” do imposto extraordinário sobre eventuais lucros excessivos do setor da distribuição.

Nós não reconhecemos o conceito de lucros excedentários. Se são lucros de uma empresa que investe no país, que cria emprego, que abre novas lojas, como é o nosso caso, sinceramente, não nos parece correto estar a considerar esses lucros como lucros excedentários. Nos últimos quatro anos abrimos, no retalho alimentar, mais de 200 lojas em Portugal, investimos mais de 800 milhões de euros em Portugal, criámos mais de 5.000 empregos. Investindo, é natural que os lucros também subam, do ponto de vista absoluto. Estar a penalizar quem investe no país parece-nos um mau princípio”, avaliou João Dolores.

Na visão de Cláudia Azevedo, esta contribuição é um “novo imposto sobre o crescimento”, que “só existe” em Portugal e na Hungria, país com o qual a gestora “não gostava de estar em muitas categorias”

Plano de abertura de lojas mantém-se

Apesar do contexto inflacionista e da diminuição das margens de negócio, o grupo da Maia vai manter o plano de abertura de 20 novos supermercados para 2023. A principal aposta será nas lojas Bom Dia, de maior proximidade junto dos consumidores, “expandindo a rede de forma mais capilar”, sinalizou o responsável financeiro.

Sobre um eventual abrandamento da taxa de inflação, embora haja expectativa “é difícil saber quando é que vai acontecer”. João Dolores adianta: “Tudo vamos fazer, enquanto a inflação estiver neste nível, para tentar absorver parte dessa inflação e proteger as famílias portuguesas desse impacto.”

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Governo vai aprovar novas medidas de apoio às famílias para a semana

Primeiro-ministro revela que o Governo vai aprovar novas medidas de apoio às famílias na semana que vem. A dimensão vai depender dos números finais da execução orçamental de 2022.

O primeiro-ministro anunciou esta quinta-feira que na próxima semana serão lançadas novas medidas de apoio às famílias. A dimensão vai depender dos números finais da execução orçamental de 2022.

“Para a semana, quando tivermos os números finais da execução orçamental do ano passado, teremos noção de qual a margem para podermos apoiar mais as famílias e a economia em função das necessidades e da situação”, disse António Costa no final de um Conselho de Ministros em que aprovou a bonificação dos juros passar a abranger créditos à habitação até 250 mil euros e o subsídio ao pagamento das rendas e à prestação da casa de 200 euros ter efeitos retroativos a janeiro.

Em resposta às perguntas colocadas pelos jornalistas, o primeiro-ministro disse que “no próximo Conselho de Ministros adotará um outro conjunto de medidas que não tem a ver com habitação e cujo desenho final está dependente dos dados finais sobre a execução orçamental de 2022″, que só serão conhecidos na próxima semana.

O anúncio do primeiro-ministro surge na semana em que o ministro das Finanças, Fernando Medina, disse ser necessário recalibrar os apoios para passar a ajudar, sobretudo, os mais vulneráveis: “Temos de fazer uma adequação das medidas que definimos face à nova realidade com que estamos defrontados. A realidade hoje não é de preços da energia como aqueles que tínhamos há seis ou sete meses. É diferente para melhor. Os preços estão mais baixos. E hoje os apoios podem ser melhor calibrados, concentrando-se mais nos públicos mais vulneráveis, naqueles que mais necessitam, e menos em medidas de âmbito transversal, em que, no início desta crise, foi onde o Governo decidiu investir para apoiar de forma mais forte toda a economia”, apontou.

Se assim for, o Governo vai encontro da recomendação da Comissão Europeia no sentido de retirar os apoios desenhados para mitigar os efeitos do aumento dos preços da energia. Além disso, na semana passada, o comissário com a tutela da Economia, Paolo Gentiloni, citou um estudo que concluiu que os apoios no âmbito da energia na União Europeia teriam custado menos 75% se fossem dirigidos apenas aos mais carenciados.

António Costa não levantou a ponta do véu relativamente às medidas a apresentar e optou por falar de resultados: redução de 3% da tarifa da eletricidade no mercado regulado anunciada na quarta-feira pela ERSE, as medidas adotadas em dezembro permitiram conter a inflação a eletricidade nos 2%, com as medidas adotadas em conjunto com Espanha pela solução ibérica existe um diferencial diário do preço do megawatt hora da eletricidade face a todos os países da União Europeia. Tendo em conta que a inflação dos bens alimentares é muito superior ao do índice geral, o primeiro-ministro considera que é possível “tirar as ilações relativamente à importância de haver instrumentos de política pública para permitir uma melhor gestão do impacto desta situação”.

No encontro com Pedro Sánchez, no dia anterior, António Costa sublinhou que, relativamente a outros setores, se tivesse existido o mesmo quadro regulatório forte que se aplica em relação à energia, “seguramente a inflação hoje estaria mais controlada do que aquilo que está”.

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Empregos “verdes” dão salário 20% acima, mas escassez de talento trava progresso

Desde o início da pandemia, as ofertas de emprego na OCDE publicadas online para funções nesta indústria aumentaram mais 30 pontos percentuais, comparativamente às vagas para outro tipo de trabalho.

A procura pelas chamadas green skills, competências na área da sustentabilidade, está a aumentar à medida que trabalhamos no sentido de um futuro com zero emissões de carbono. No entanto, a escassez de perfis com este tipo de competências está a travar o progresso, alerta a OCDE no mais recente relatório Bridging the Great Green Divide”. Salários nesta área são 20% acima da média de outros profissionais e, em Portugal, as mulheres já representarem cerca de 32% dos profissionais nas áreas da sustentabilidade.

Desde o início da pandemia, as ofertas de emprego na OCDE publicadas online para funções nesta indústria aumentaram 30 pontos percentuais a mais do que as vagas que dizem respeito a qualquer outro tipo de trabalho, noutra área. No entanto, continua a faltar talento para concretizar as estratégias ‘verdes’.

Fonte: OCDE

Segundo um inquérito do ManpowerGroup de dezembro do ano passado, mais de oito em cada dez organizações portuguesas revelam já estar a desenvolver ou planeiam desenvolver estratégias ESG. No entanto deparam-se com um problema: escassez de pessoas. Cerca de 90% das empresas carecem do talento necessário para implementar os seus objetivos. Dificuldades transversais ao nível geográfico, já que, a nível global, 94% das empresas confirmaram estar a enfrentar dificuldades em encontrar talento para trabalhar as áreas de sustentabilidade.

Isto apesar de enveredar por uma carreira na área da sustentabilidade trazer algumas recompensas. Segundo a OCDE, estes trabalhadores são mais instruídos e gozam de um salário 20% superior comparativamente aos restantes profissionais.

Já no que toca à questão de género, as áreas da sustentabilidade estão ainda sub-representadas, com as mulheres a ocuparem apenas 28% do total dos empregos ‘verdes’ na OCDE.

“Para criar um futuro mais equitativo e sustentável, precisamos de abordar esta lacuna e capacitar as mulheres para entrar em campos ‘verdes'”, alerta a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico.

Neste campo, Portugal, ainda que longe da igualdade, está, contudo, ligeiramente acima da média, com as mulheres a representarem cerca de 32% dos profissionais nas áreas da sustentabilidade.

A Lituânia (42%) é o país da OCDE que está mais perto de um cenário equitativo, seguida da Letónia (40%) e Estónia (39%).

Na ponta oposta, Itália (20%), República Checa (22%) e Hungria (23%) são os países, por esta mesma ordem, com as maiores desigualdades de género.

Desigualdade entre regiões

“A geografia da transição verde é desigual em toda a OCDE. Há uma convergência crescente entre países, mas uma divergência crescente dentro dos países na criação de oportunidades de emprego verde”, alerta o secretário-geral adjunto Yoshiki Takeuchi, em comunicado.

Capitais como Paris, Estocolmo e Madrid têm, normalmente, uma maior concentração de trabalhadores altamente qualificados, com os empregos nas áreas da sustentabilidade a rondarem os 30%, mas a percentagem pode cair até aos 5% quando olhamos para regiões mais remotas. “Esta diferença corre o risco de exacerbar uma fratura social”, aponta.

Fonte: OCDE

Em Portugal, a Região Autónoma dos Açores, com o menor número de empregos nestas áreas, contrasta com o norte de Portugal, que apresenta o maior número de empregos ‘verdes’. A diferença é de cerca de dez pontos percentuais. Significativa, mas inferior, por exemplo, à registada nos Estados Unidos, onde mais e 15 pontos percentuais separam o South Dakota do District of Columbia.

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Bonificação dos juros passa a abranger créditos à habitação até 250 mil euros

O Governo aprovou dois decretos-lei para mitigar a subida do custo de vida através de um subsídio ao pagamento das rendas e de um apoio à prestação do crédito à habitação. Medidas valem 460 milhões.

O Governo aprovou esta quinta-feira em Conselho de Ministros dois decretos-lei que visam apoiar as famílias no pagamento de rendas e da prestação do crédito à habitação. Ambos os documentos “de caráter extraordinário e de natureza temporária” estiveram em consulta pública até 13 de março, no âmbito do pacote “Mais Habitação“.

De acordo com informação avançada pelo primeiro-ministro, em conferência de imprensa, o decreto-lei de apoio ao arrendamento não teve alterações significativas face à proposta inicial. No entanto, no apoio ao pagamento da prestação do crédito habitação houve mudanças: abrange agora créditos inicialmente contratados até 250 mil euros e não 200 mil euros, como inicialmente tinha sido estabelecido, e contratos realizados até ao dia de ontem.

Assim, no apoio ao arrendamento, o Governo aprovou um decreto-lei que visa conceder um subsídio de renda (denominado “novo apoio extraordinário à renda”) entre 20 e 200 euros para ajudar as famílias com taxas de esforço superiores a 35%, e será atribuído aos contratos celebrados até 15 de março de 2023, registados na Autoridade Tributária e Aduaneira.

O pagamento mensal deverá arrancar em maio ou junho, prevê o primeiro-ministro, será realizado de forma automática e será atribuído a famílias com rendimentos até ao sexto escalão de IRS (38.632 euros) pelo prazo de cinco anos, prazo em que o Governo acredita ser possível “normalizar o mercado de arrendamento”. E a medida terá efeitos retroativos a janeiro deste ano”, referiu o primeiro-ministro.

Segundo o decreto-lei que entrará em vigor, este subsídio mensal suportará a diferença entre o valor da renda mensal contratualizada e o valor resultante da aplicação ao rendimento do agregado habitacional de uma taxa de esforço máxima de 35%.

Na prática, isto significa que, por exemplo, um agregado familiar com rendimentos de 1.500 euros que esteja a pagar uma renda de 650 euros (incorrendo numa taxa de esforço de 43%) irá receber um subsídio de 125 euros, porque a renda a que corresponde uma taxa de esforço máxima de 35% é 525 euros (650 euros – 525 euros = 125 euros).

No apoio às famílias com crédito à habitação, o Governo aprovou um decreto-lei que concede uma bonificação dos juros do crédito à habitação num valor global de 720,65 euros por ano (60 euros por mês), o equivalente a 1,5 Indexante de Apoios Sociais (IAS), para todos os contratos celebrados até ao dia de ontem.

Como já tinha sido referido por Fernando Medina, ministro das Finanças, a bonificação dos juros abrangerá todos os contratos de crédito à habitação em vigor, desde que o crédito inicialmente contraído não tenha excedido os 250 mil euros e caso as famílias aufiram rendimentos anuais até 38.632 euros (até ao sexto escalão de IRS) e não apresentem poupanças superiores a 62 vezes IAS, o equivalente a 29.786 euros. Neste apoio estão também incluídos os créditos contraídos para a construção de habitação própria permanente.

Recorde-se que, na proposta inicial do Governo, o montante inicial abrangido para a bonificação dos juros era de 200 mil euros, “com o intuito de abranger mais famílias”, referiu o primeiro-ministro.

Segundo António Costa, a bonificação dos juros será aplicada mediante os rendimentos das famílias:

  • Para famílias até ao quarto escalão: a bonificação será no valor de 75% do aumento da prestação da casa criada pela subida das taxas de juro, face à prestação que teria com a aplicação da taxa de juro “stressada” (3 pontos percentuais acima da taxa contratualizada) pelos bancos aquando da celebração do contrato.
  • Para famílias do quinto e sexto escalão: a bonificação será no valor de 50% do aumento da prestação da casa criada pela subida das taxas de juro, face à prestação que teria com a aplicação de uma taxa de juro de 3%.

Os dois decretos-lei seguem agora para o Presidente da República, para serem promulgados e, posteriormente, publicados em Diário da República, entrando nessa altura em vigor.

Segundo António Costa, as duas medidas terão um custo de 460 milhões de euros – cerca de metade dos 900 milhões da despesa total prevista para o pacote Mais Habitação. Com base nos contratos de arrendamento registados na Autoridade Tributária estão abrangidos no novo apoio extraordinário à renda cerca de 150 mil contratos.

Os restantes diplomas que compõem o pacote legislativo proposto pelo Governo — os três projetos-lei onde constam as medidas mais polémicas, como o arrendamento coercivo, o fim dos vistos gold, a suspensão das novas licenças para o alojamento local até 2030 ou o travão dos condomínios às licenças do alojamento local — estão em consulta pública até dia 24 de março. Os documentos serão aprovados em Conselho de Ministros no dia 30 de março e seguem, posteriormente, para o Parlamento.

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Cabaz de bens essenciais volta a atingir recorde e supera 234 euros

Deco revela que preço de um cabaz de produtos essenciais aumentou cerca de quatro euros na última semana, superando já os 234 euros. Preço sobe há três semanas consecutivas.

O preço de um cabaz de produtos essenciais voltou a subir pela terceira semana consecutiva. Só na última semana, o custo deste cabaz aumentou cerca de quatro euros, superando já os 234 euros, segundo as contas realizadas pela Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (Deco).

Em fevereiro, a inflação abrandou para 8,2%, isto é, o quarto mês consecutivo de abrandamento de preços. Contudo, a taxa de inflação dos produtos alimentares não transformados voltou a subir em fevereiro pelo terceiro mês consecutivo, fixando-se em 20,09%. É o valor mais elevado em 38 anos. Há nove meses que os preços dos alimentos estão nos dois dígitos.

Esta tendência é, aliás, sinalizada pela Deco que adianta esta quinta-feira que o cabaz de bens alimentares aumentou 4,09 euros (1,77%) na última semana, para 234,84 euros, isto é, um recorde desde o início da monitorização (a 5 de janeiro de 2022), que acompanha a evolução do preço de 63 produtos alimentares.

Se compararmos com há um ano atrás (a 16 de março de 2022) este cabaz ficou 43,26 euros mais caro, isto é, um aumento de 22,58%. Já se a comparação for feita com o início da guerra na Ucrânia (a 23 de fevereiro de 2022) a diferença é ainda maior: encareceu 51,21 euros, o que representa um aumento de 27,89%.

No que toca especificamente à última semana, isto é, entre 8 e 15 de março, o bacalhau foi o produto que mais subiu de preço: a 8 de março um quilo de bacalhau custava 12,62 euros, ao passo que na quarta-feira já custava 14,49 euros. Contas feitas, trata-se de um aumento de 15% em apenas uma semana. Segue-se o café torrado moído (subiu 14%), as massas espirais (12%), a perna de peru (10%), o pão de forma sem côdea, o óleo alimentar vegetal, a pescada fresca (ambos 8%), a cebola e o azeite (7%) e o fiambre perna extra (6%).

Certo é que, de semana para semana, os preços destes produtos variam, aumentando ou reduzindo o custo total do cabaz. Assim desde o início da guerra na Ucrânia e a passada quarta-feira, as frutas e legumes foram a categoria de produto que mais aumentou de preço — uma cesta destes produtos disparou 32,33% (mais 7,63 euros) para 31,24 euros. Segue-se o peixe que aumentou 29,66% (mais 17,89 euros) totalizando já os 78,20 euros; a mercearia que disparou 27,47% (mais 11,58 euros) para 53,72 euros; os laticínios que aumentaram 27,46% (mais 3,15 euros) para 14,63 euros; a carne que aumentou 26,87% (mais 8,66 euros) para 40,91 euros; e por fim os congelados, cujo aumento foi de 12,63% (mais 2,30 euros) para 16,15 euros.

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Atingimos o pico dos juros? Se cenário base se mantiver, “temos mais caminho pela frente”, aponta Lagarde

BCE voltou a subir juros em 50 pontos base apesar da desconfiança em relação ao setor financeiro. Lagarde adiantou que, se o cenário base se mantiver, haverá mais subidas nos próximos meses.

Depois de o Banco Central Europeu (BCE) ter voltado a subir as taxas de juro em 50 pontos base, a presidente Christine Lagarde adiantou que, se o cenário base se mantiver quando a incerteza baixar, haverá mais subidas nos próximos meses. “Sabemos que temos caminho pela frente”, adiantou a francesa, mas sem se comprometer. Apenas disse que as próximas decisões serão dependentes dos dados económicos.

Recupere aqui a conferência de imprensa de Christine Lagarde.

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Apesar da turbulência, BCE volta a aumentar juros em 50 pontos base

Banco central prometeu e cumpriu: juros de referência voltam a dar um salto de 50 pontos base, apesar da turbulência na banca. BCE diz que está atento e pronto a agir para assegurar estabilidade.

Tal como tinha prometido, o Banco Central Europeu (BCE) voltou a subir as taxas de juro de referência em 50 pontos base, e isto apesar da turbulência que os mercados financeiros assistiram nos últimos dias com a falência de bancos americanos e com o caos em torno do Credit Suisse, que deixou os investidores a pensar que o banco central poderia ser mais comedido no aperto monetário.

Em comunicado, o conselho de governadores adiantou que está a “acompanhar de perto as atuais tensões no mercado” e diz que “está preparado para responder conforme necessário, no sentido de preservar a estabilidade de preços e a estabilidade financeira na área do euro”.

Mais: deu uma palavra de tranquilidade aos investidores e clientes dos bancos, ao garantir que “o setor bancário da área do euro é resiliente, apresentando posições de capital e liquidez fortes”, depois das dúvidas que se geraram em torno do setor com a queda do Silicon Valle Bank e Signature Bank nos EUA, e o caos em torno do Credit Suisse que levou a um autêntico vendaval bolsista na banca europeia esta quarta-feira.

Em conferência de imprensa, Christine Lagarde não se comprometeu em relação a decisões futuras, mas sublinhou que “se cenário base persistir quando a incerteza reduzir, sabemos que temos terreno pela frente”.

Esta é uma grande ressalva — se o nosso cenário base persistir”, reforçou, notando que é impossível neste momento dar orientações sobre o rumo futuro da política monetária tendo em conta a elevada incerteza.

Assumindo muita cautela, o guidance do BCE baseia-se em três elementos “novos”, de acordo com Lagarde, e que vêm elencados no comunicado: “O nível elevado de incerteza reforça a importância de uma abordagem dependente dos dados nas decisões do conselho do BCE sobre as taxas diretoras, que serão determinadas pela avaliação do mesmo das perspetivas de inflação, à luz dos dados económicos e financeiros que forem sendo disponibilizados, da dinâmica da inflação subjacente e da força da transmissão da política monetária“.

As tensões nas bolsas levaram os investidores a pedir um abrandamento na subida das taxas de juro, mas o BCE ignorou esse pedido. Com este aumento de 0,50 pontos percentuais, a principais taxas ficam assim:

  • a taxa de facilidade permanente de depósito sobe 3,00%;
  • a taxa de facilidade permanente de cedência de liquidez avança para 3,75%;
  • e a taxa das operações principais de refinanciamento aumenta para 3,50%.

BCE revê em alta crescimento para 2023

As novas projeções do staff técnico do banco central apontam para o regresso da inflação ao objetivo em 2025: a taxa de inflação deverá baixar para 5,3% em 2023, e descendo para 2,9% em 2024 e 2,1% em 2025, revistas em baixa em relação às estimativas de dezembro.

Já a inflação excluindo preços dos produtos energéticos e dos produtos alimentares continuou a subir em fevereiro deverá situar-se nos 4,6% em 2023, valor que é mais elevado do que o avançado nas projeções de dezembro, devendo recuar para 2,5% em 2024 e 2,2% em 2025, “com o desvanecimento das pressões em sentido ascendente geradas pelos anteriores choques da oferta e pela reabertura da economia e com a maior restritividade da política monetária a atenuar cada vez mais a procura”.

A dar força à decisão de subir as taxas de juro novamente em 50 pontos base estará a revisão em alta das projeções para o crescimento em 2023, para um média de 1%, “em resultado quer da descida dos preços dos produtos energéticos quer da maior resiliência da economia à conjuntura económica internacional difícil”.

Os anos seguintes também serão de expansão económico, mas abaixo do que era previsto anteriormente, devido ao impacto da “restritividade da política monetária. A Zona Euro deverá com taxas de crescimento de 1,6% tanto em 2024 como em 2025, “apoiado por um mercado de trabalho robusto, pela melhoria da confiança e por uma recuperação dos rendimentos reais”, projetam os especialistas do banco central.

(Notícia atualizada às 15h05)

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Espanha e Portugal juntam-se para lançar Centro para a Economia e Inovação Social na Guarda

A cerimónia de lançamento deste centro, que tem como objetivo a capacitação das entidades da economia social, está agendada para abril. 

Os governos de Portugal e Espanha vão cooperar para lançar o Centro para a Economia e Inovação Social, que ficará na Guarda, segundo o acordo assinado na 34.ª Cimeira Luso-Espanhola. A cerimónia de lançamento deste centro, que tem como objetivo a capacitação das entidades da economia social, está agendada para abril.

O novo centro, que resulta de uma parceria entre o Instituto do Emprego e Formação Profissional, a Cooperativa António Sérgio para a Economia Social, a Confederação Portuguesa de Economia Social, o Centro de Estudos Ibéricos e o Instituto da Segurança Social, vai desenvolver a “formação de quadros para as IPSS e o reconhecimento, validação e certificação de competências”, indica o Ministério do Trabalho em comunicado.

Ana Mendes Godinho e António Costa juntam-se aos homólogos espanhóis para assinar o acordo para a cooperação no CEISClara Azevedo

O lançamento do centro protocolar ainda não tem data marcada, mas está agendado para abril, contando com a presença da ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social de Portugal, Ana Mendes Godinho, e da segunda vice-presidente do Governo e ministra do Trabalho e Economia Social de Espanha, Yolanda Díaz.

O CEIS vai contar com a colaboração de várias entidades espanholas, nomeadamente a Fundação Estatal para a Formação no Emprego, nos termos do acordo celebrado esta quinta-feira.

“O Governo de Espanha promoverá ainda a participação de organizações como a Confederação Empresarial Espanhola da Economia Social (CEPES), o Centro Internacional de Investigação e Informação em Economia Pública, Social e Cooperativa (CIRIEC) e as escolas espanholas de Economia Social”, indicam.

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Sumol+Compal a recrutar para operações. Tem mais de 100 vagas

A empresa vai realizar dois Open Day de recrutamento em Almeirim e Pombal para reforçar as equipas operacionais.

A Sumol + Compal vai realizar a 23 e 30 de março Open Days de recrutamento nas suas instalações em Almeirim e Pombal para preencher mais de 100 vagas em vários departamentos da empresa.

“Este tipo de eventos permite um contacto próximo com a comunidade local, possibilitando a divulgação das ofertas de emprego disponíveis, bem como a aproximação dos candidatos à operação da nossa empresa, reforçando a oportunidade de integrar uma das empresas mais importantes no setor”, diz Sara Leite Santos, HR business partner de operações da S+C, citada em comunicado.

Durante os dois dias, os candidatos terão a “oportunidade de conhecer as instalações da empresa, as características do processo produtivo e os detalhes das vagas disponíveis in loco através de um acompanhamento personalizado dos especialistas em recrutamento da Multitempo by Jobandtalent”, informa nota de imprensa.

Os Open Day exigem inscrição prévia, podendo ser feita online, no caso do evento de Almeirim até 21 de março, e no de Pombal, até dia 28.

A empresa procura vários perfis como Operador de Armazém, Operador de Produção, Operador de Manutenção, Motorista de Pesados Articulados e Analista de Qualidade Alimentar, sendo valorizada “experiência profissional nas áreas indicadas, a disponibilidade para trabalhar em regime de turnos, meio de transporte próprio e escolaridade mínima ao nível do 9.º ano.”

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Rui Moreira prefere Lufthsansa e Air France para compra da TAP

  • Lusa
  • 16 Março 2023

O presidente da Câmara do Porto prefere companhias com 'hubs' mais distantes para a compra da TAP. Diz que só privatização mudará forma de olhar para a região Norte.

O presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, considerou hoje que a estratégia da TAP só mudará se a companhia aérea for privatizada, porque a nova administração vai seguir “os desígnios” do Governo.

“A TAP deixou de ser relevante para nós. É um tema que a mim passa completamente ao lado. Acredito que as coisas possam mudar se houver uma privatização, se a TAP for vendida a um operador internacional que olhe para o país como um mercado e não olhe apenas para um destino dentro de Portugal”, afirmou Rui Moreira, à margem do evento imobiliário internacional MIPIM, que decorre em Cannes, França.

Questionado sobre a nova administração da companhia aérea nacional, o autarca afirmou que esta vai seguir as “recomendações” e “desígnios” do Governo.

Já quanto às três companhias aéreas que terão demonstrado interesse em comprar a TAP, Rui Moreira defendeu que a estratégia nacional deve ter em consideração “a companhia [aérea] que tenha ‘hubs’ mais distantes”.

“Quem é que nos convém que compre a TAP? Ou a Lufthansa, ou a IAG (proprietária da British Airways e a Iberia), ou Air France-KLM. Destes, naturalmente pelo que disse, já expliquei qual é a minha preferência, é quem tenha ‘hubs’ mais distantes”, afirmou.

O anúncio a 6 de março da demissão da CEO, Christine Ourmières-Widener, e do chairman, Manuel Beja, depois de anunciados os resultados da auditoria da Inspeção-Geral das Finanças (IGF), concluindo que o acordo para a saída de Alexandra Reis é nulo e a indemnização de perto de meio de milhão de euros terá de ser devolvida.

Na segunda-feira, o ministro das Finanças, Fernando Medina, disse que a decisão de demitir os dois executivos foi tomada na sequência do relatório da IGF, “muito claro do ponto de vista da ilegalidade relativamente à forma como tudo aconteceu” no processo de cessação de funções da antiga administradora Alexandra Reis.

Medina apontou que “haverá uma assembleia-geral, haverá o pronunciamento dos próprios, haverá nova assembleia-geral, e já está em tempo apontado e do conhecimento de todos quem será o novo CEO da empresa, para que não se gere nenhuma ambiguidade nem nenhum interregno, e a TAP regressará ao normal funcionamento dos seus órgãos de administração muitíssimo em breve, com uma situação que já é conhecida”.

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Bruxelas quer acelerar extração e processamento de matérias-primas críticas até 2030

Bruxelas definiu que até 2030 quer que 10% das matérias-primas críticas, como o lítio ou o colbato, sejam extraídas em solo europeu, e definiu acordos estratégicos com os EUA e países africanos.

Perante a realidade de que a procura por matérias-primas críticas, como lítio ou magnésio, deverá aumentar até ao final da década, a Comissão Europeia (CE) desenhou uma estratégia que visa reduzir a dependência e proteger o bloco europeu de uma possível escassez que possa comprometer a produção em setores estratégicos, desde painéis solares e turbinas eólicas, a bombas de calor, baterias ou semicondutores.

Nesse sentido, a Comissão Europeia quer, até 2030, que, pelo menos, 10% das matérias-primas críticas utilizadas na União Europeia sejam extraídas em solo europeu, tais como o lítio ou cobalto. “Isto significa que pelo menos 90% da capacidade terá que ter origem fora da UE“, sublinhou o comissário europeu para o Comércio, Valdis Dombrovskis, esta quinta-feira, durante uma conferência de imprensa.

As nossas necessidades no âmbito dos materiais críticos são muito claras. A procura vai começar a crescer na próxima década“, apontou Dombrovskis. A título de exemplo, o responsável revela que a procura por materiais metálicos para a produção de turbinas eólicas deverá crescer até seis vezes até 2030, e sete vezes até 2050. Já a procura por lítio, necessário para a produção de baterias de carros elétricos, deverá crescer 12 vezes até 2030, e 21 vezes até 2050.

A nossa produção doméstica é apenas capaz de dar resposta a uma fração das nossas necessidades. Não é um modelo sustentável. Precisamos de diversificar“, referiu Dombrovskis.

Nesse sentido, anunciou que o bloco europeu assinou parcerias estratégias para o fornecimento de matérias-primas críticas com países como o Canadá, Cazaquistão, Ucrânia e Namíbia, e está a ser estudada a possibilidade de alargar estas parcerias com países como a Noruega, Argentina e as repúblicas democráticas do Congo e Ruanda.

Ainda no âmbito da estratégia da Comissão Europeia, o executivo quer assegurar cerca de 40% do consumo anual da UE para processamento e refinação, 15% para reciclagem e assegurar que não mais de 65% do consumo anual de cada matéria-prima estratégica, em qualquer fase relevante da transformação, seja proveniente de um único país terceiro. Esta última consideração é relevante visto que, atualmente, cerca de que 98% destas matérias-primas proveem de países fora do bloco europeu.

Por exemplo, 97% do lítio e 93% do magnésio na UE tem origem na China, enquanto 98% do boro que chega à UE, utilizado nas tecnologias eólicas, nos ímanes permanentes e na produção de semicondutores, provém da Turquia. Por outro lado, a África do Sul é responsável por fornecer 71% das necessidades da UE em relação a metais de platina.

Ao mesmo tempo que procura desvincular-se da dependência chinesa, a UE procura construir um Clube de Alianças de Matérias-Primas Críticas, procurando fazer parcerias com os Estados Unidos e o Canadá, “e outros países que possam beneficiar desta estratégia”, explicou o responsável.

Na comunicação divulgada esta manhã, o executivo comunitário sublinha que “a UE nunca será autossuficiente no fornecimento de tais matérias-primas e continuará a depender das importações para a maioria do seu consumo“, valorizando por isso o papel do comércio internacional para apoiar a produção global e assegurar a diversificação do abastecimento.

Em causa estão matérias-primas como o lítio e o cobalto, necessárias para setores estratégicos no bloco europeu como as energias renováveis, a mobilidade, o aerospacial e o digital. Da lista de matérias-primas que devem ser consideradas estratégicas consta o bismuto, boro, cobalto, cobre, lítio, magnésio metal, grafite natural, níquel, metais de platina, terra raras, silício metálico e titânio metálico.

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