Juízes debatem em congresso reforma da justiça sem esperança em consensos políticos

  • Lusa
  • 16 Março 2023

Manuel Soares, presidente da ASJP, não acredita que algum dia se chegue a um consenso sobre a reforma da Justiça, porque ninguém consegue identificar a causa da crise em que a Justiça está mergulhada.

Os juízes iniciam esta quinta-feira um congresso para olhar para fora, para as ameaças ao Estado de Direito no mundo, mas também para dentro, debatendo a sua agenda da reforma da Justiça, mas sem esperança em consensos, sobretudo políticos.

O tema da reforma da Justiça parece eternizar-se e Manuel Soares, presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses (ASJP), não acredita que algum dia se chegue a um consenso sobre o tema, desde logo porque ninguém consegue identificar a causa da crise em que todos dizem que a Justiça está mergulhada “e não havendo quem identifique o problema, naturalmente torna-se muito mais difícil dizer o que é que se reforma, para que é que se reforma e como é que se reforma”.

É também um setor em que “os partidos políticos são mais dados a controvérsias do que a consensos” com “forças partidárias mais interessadas em destruir do que em construir”, e em relação ao qual “os governos e as oposições e as maiorias atuam a pensar nos cinco anos seguintes e não nos 10 ou 20”, considerou o organizador do congresso à Lusa.

A possibilidade de algum dia haver um consenso que permita dizer que a reforma da justiça que é necessária fazer é esta e todos estamos de acordo essa probabilidade é mínima, se é que existe. Portanto, o que é que resta daqui? Que quem tem responsabilidade de definir as políticas públicas de justiça são os parlamentos e os governos”, disse, recordando que isso mesmo foi lembrado pelo Presidente da República no discurso de abertura do ano judicial.

Manuel Soares entende que “é excessivo” pedir aos juízes ou às restantes profissões da Justiça que assumam a responsabilidade da reforma, até porque, “a bola está do outro lado”, do lado do Governo, sendo que a Agenda da Reforma da Justiça em debate no XII Congresso dos Juízes Portugueses, impulsionada pela ASJP, é o contributo destes magistrados para apresentar propostas e “procurar influenciar a agenda política”.

“Não somos nós que aprovamos as leis e portanto também não podemos forçar um Governo que parece não querer fazer reformas, não somos capazes de forçar a abertura do processo de reforma“, disse o juiz desembargador que preside à ASJP.

Manuel Soares criticou um sistema de Justiça que continua a funcionar com base nos pressupostos com que foi criado na década de 1980 e que “já não dá resposta para alguns problemas”, que precisa de adaptações e de preparar o futuro.

Há de haver um momento em que se as coisas baterem no fundo a reforma se há de impor por força das circunstâncias, mas aí provavelmente de maneira menos refletida. Pode acontecer o que aconteceu na Hungria, na Polónia, noutros países, em que o sistema colapsa, deixa de funcionar, deixa de estar à altura das expectativas, aparece um Governo autoritário, aproveita o ambiente favorável à introdução de roturas e faz uma Justiça à sua maneira, que depois já só tem o nome de Justiça e é outra coisa qualquer”, alertou.

Prioritária será a justiça administrativa, a qual “já é um foco de graves problemas há 20 anos e para o qual tardam soluções”, disse Manuel Soares, afirmando que duvida que o pacote legislativo para este setor específico anunciado pelo Governo para os próximos meses.

Não tenho nenhuma dúvida de que é a área mais importante neste momento de ineficiência e que precisa de uma resposta. Resposta essa que não vai resolver o problema em dois ou três anos”, disse, recordando que a ASJP apresentou uma proposta com um custo de cerca de 10 milhões de euros para melhorar o funcionamento da justiça administrativa no prazo de seis anos.

Manuel Soares referiu-se ainda a “outra área de ineficiência”, sem “expressão numérica”, mas com impacto na confiança dos cidadãos, a dos processos mediáticos.

Não há nenhum processo com um arguido famoso que se resolva rapidamente. Andam para cima, para baixo, de tribunal em tribunal, da esquerda para a direita, de incidente em incidente, para a frente e para trás de escusa de juiz e demoram anos e anos a chegar ao fim, quando chegam. E há alguns que acho que não vão chegar sequer ao fim. A pergunta é: ninguém está a ver isto? Ninguém percebeu ainda que há um problema com estes processos?”, criticou Manuel Soares.

O presidente da ASJP defende que se deve olhar para esses processos para retirar lições, perceber onde estão “os fatores de bloqueio” e as “cascas de banana processuais” que tentam julgamentos e levar à prescrição.

Sem nomear processos ou arguidos, Manuel Soares criticou que seja possível interpor 20 incidentes de recusa de juiz num mesmo tribunal, apenas porque se pode pagar as custas judiciais inerentes.

“Isto é apenas uma manobra processual para levar o processo para a prescrição enquanto depois a pessoa que está nesse processo vai poder continuar a dar entrevistas a dizer que foi vítima da lentidão da justiça. Isto assim parece uma brincadeira, não é?”, disse.

“A solução possível e única que eu encontro é o juiz deparando-se com o abuso do direito processual dizer: muito bem, o processo principal vai ao fim até ao julgamento. Essas questões todas dos incidentes, das cascas de banana, das recusas, vamos discutir aqui à parte num outro processo. Quando chegarmos ao fim do principal e houver recurso logo se vai ver se houve aqui algum problemazito que devia ter sido melhor resolvido. Pronto”, concluiu.

O XII Congresso dos Juízes Portugueses decorre entre 16 e 18 de março, no Funchal, Madeira, subordinado ao tema “Democracia, Direitos, Desenvolvimento”, prevendo-se a participação de cerca de 600 juízes, com os direitos humanos e a agenda da reforma da Justiça no programa.

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Savannah atualizou projeto de exploração de lítio na mina em Boticas e espera licença ambiental em 2024

  • Lusa
  • 16 Março 2023

A empresa garante que as atualizações ao projeto permitiram encontrar formas de reduzir ainda mais o impacto no ambiente e na população local.

A Savannah anunciou esta quinta-feira que apresentou a revisão do relatório ambiental e do plano de lavra para o projeto de lítio em Boticas, solicitada pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), esperando obter a licença ambiental em 2024.

A Savannah Resources, empresa que quer explorar a mina de lítio em Covas do Barroso, concelho de Boticas, distrito de Vila Real, disse que, após a submissão dos documentos, o prazo para a emissão da Declaração de Impacte Ambiental (DIA) é “31 de maio de 2023” e que espera que o projeto obtenha a sua licença ambiental em 2024.

A empresa informou, no início de julho de 2022, que foi notificada pela APA para reformular o projeto, antes da emissão da DIA.

O Estudo de Impacte Ambiental (EIA) da mina do Barroso esteve em consulta pública entre abril e julho de 2021.

Dale Ferguson, editor executivo (CEO) da Savannah, afirmou esta quinta-feira, citado em comunicado, que a entrega dos documentos (relatório ambiental e plano de lavra) revistos para o projeto lítio do Barroso aconteceu antes do “prazo original”.

Após a apresentação do EIA atualizado, a APA terá um máximo de 50 dias úteis para realizar a sua análise e emitir a sua decisão da DIA, designadamente “31 de maio de 2023”.

“Acreditamos que as revisões que fizemos abordam os pontos-chave que nos foram destacados sobre como encontrar formas de reduzir ainda mais o impacto do projeto no ambiente e na população local, criando ao mesmo tempo benefícios socioeconómicos que podem ser partilhados localmente e a nível nacional”, salientou o responsável.

Dale Ferguson disse ainda esperar que o relatório ambiental e documentos associados sejam tornados públicos pela APA, o que, juntamente com os detalhes adicionais fornecidos pela Savannah, permitirá aos ‘stakeholders’ a oportunidade de ver e compreender o projeto e as mudanças propostas.

“Hoje atingimos um marco importante para a Savannah e espero que os próximos meses sejam um período decisivo para a empresa e para Portugal, uma vez que desempenhamos o nosso papel no desenvolvimento de uma cadeia direta de valor de lítio na Europa”, sublinhou.

A empresa disse que, após a publicação dos documentos pela APA, também tornará públicos “mais detalhes da revisão do design, funcionamento e propostas de acompanhamento em torno da partilha dos benefícios socioeconómicos do projeto”.

Referiu ainda que “já iniciou reuniões com alguns grupos de ‘stakeholders’ locais, e irá procurar continuá-las durante o período de avaliação de 50 dias úteis que está agora em curso”.

E, se a APA emitir uma DIA favorável e a empresa aceitar “as condições estabelecidas na decisão”, a Savannah referiu que “o processo de licenciamento ambiental poderá então continuar em paralelo com o estudo de viabilidade definitiva do projeto”.

A mina do Barroso situa-se em área das freguesias de Dornelas e Covas do Barroso e está prevista uma exploração de lítio e outros minerais a céu aberto. A área de concessão prevista é de 593 hectares.

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Ricardo Codeço reforça equipa de fiscal da JPAB

Após quase três anos ao serviço da Cuatrecasas, Ricardo Codeço regressa à JPAB, enquanto associado sénior, reforçando a equipa de direito fiscal.

A JPAB – José Pedro Aguiar Branco reforçou a equipa de fiscal com a integração de Ricardo Codeço, enquanto associado sénior. O advogado transita da Cuatrecasas.

Segundo o escritório, este integração “insere-se na estratégia de crescimento da sociedade”. “Trata-se de um advogado com ampla experiência e que vem reforçar a capacidade de dar uma resposta, de qualidade, às solicitações crescentes na área do Direito Fiscal”, sublinham.

Licenciado pela Faculdade de Direito da Universidade do Porto, pós-graduado em Fiscalidade e mestre em Ciências Jurídico-Administrativas e Tributárias, Ricardo Codeço conta com mais de 12 anos de carreira, tendo iniciado o seu percurso profissional na Jorge Carneiro & Associados. Entre 2016 e 2020, o novo associado sénior integrou a JPAB e, entre 2020 e 2023, a Cuatrecasas.

Ricardo Codeço desenvolveu a sua especialização em Direito Fiscal, estando particularmente vocacionado para acompanhar assuntos no âmbito do contencioso tributário e aduaneiro, imobiliário, estruturação e gestão fiscal, em Portugal e no estrangeiro, planeamento e gestão patrimonial desde a fase administrativa até às instâncias judiciais.

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Caso Tancos: MP pede nulidade do acórdão da Relação de Évora na parte dos metadados

  • Lusa
  • 16 Março 2023

O MP pediu junto do Tribunal da Relação de Évora a "nulidade parcial" do acórdão do caso de Tancos alegando que houve insuficiência de fundamentação ao invalidar a utilização dos metadados.

O Ministério Público (MP) pediu junto do Tribunal da Relação de Évora (TRE) a “nulidade parcial” do acórdão do caso de Tancos alegando que houve insuficiência de fundamentação ao invalidar a utilização dos metadados.

No requerimento apresentado pela procuradora-geral adjunta Ana Mendes de Almeida, a que a Lusa teve acesso, o MP refere que “a arguição de nulidade resulta, desde logo, da incerteza decorrente dos próprios termos da decisão, quanto aos metadados que o tribunal de recurso (TRE) entende consubstanciarem uma utilização de prova proveniente de meio de obtenção de prova proibida” no processo do furto das armas dos Paióis Nacionais de Tancos.

O MP considera que alguns dos metadados em causa estão relacionados com escutas telefónicas “em curso ao momento da investigação”, em resultado de decisões judiciais anteriores tomadas ao abrigo do regime resultante do Código de Processo Penal (CPP) em “nada abrangidos pelos efeitos da decisão do Tribunal Constitucional que decidiu sobre dados preservados e conservados e sua transmissão”.

O MP entendeu também que a decisão do TRE foi omissa relativamente a várias questões sobre os metadados e não fundamentou devidamente tais questões de forma “necessária e suficiente”, quando tal necessidade se impunha ainda com “maior premência”, devido à complexidade do caso de Tancos, da gravidade dos crimes em causa e impacto social”.

Assim, o MP considera que a nulidade deve ser declarada e ser o acórdão parcialmente declarado nulo, na parte em que decide sobre os meios de prova metadados”, e substituído por nova decisão. Em 28 de fevereiro, o TRE declarou nulo o acórdão do julgamento do processo de Tancos, que, em janeiro de 2022, condenou 11 dos 23 arguidos.

Na ocasião, os juízes desembargadores do TRE decidiram “declarar a nulidade do acórdão, por omissão de pronúncia, e determinar que o Tribunal de 1.ª Instância [Santarém] se pronuncie sobre a incompetência funcional e material do Juiz de Instrução Criminal e a violação do princípio constitucional do juiz natural”.

O TRE entendeu também que, “não sendo permitida a utilização de prova obtida por metadados, não resta senão concluir que a factualidade considerada como provada” em vários pontos se encontra “irremediavelmente afetada e que deve ser reequacionada, expurgando-se, na formação da convicção do Tribunal, o que possa ser resultante de prova obtida por metadados”.

Sobre a utilização de prova obtida através de metadados, o TRE recordou o acórdão proferido pelo Tribunal Constitucional, em abril de 2022, que declarou a inconstitucionalidade do acesso a dados para investigação criminal. Esta decisão do TRE resultou dos recursos apresentados por 20 dos 23 arguidos após o acórdão do Tribunal de Santarém sobre o caso do furto de armas dos paióis de Tancos.

O julgamento do processo do furto e recuperação de material militar dos Paióis Nacionais de Tancos terminou com os autores materiais dos crimes a serem condenados a prisão efetiva.

Foram condenados a penas de prisão efetivas o autor confesso do furto, João Paulino, com a pena mais grave, e os dois homens que o ajudaram a retirar o material militar dos PNT na noite de 28 de junho de 2017, João Pais e Hugo Santos.

O furto das armas foi divulgado pelo Exército em 29 de junho de 2017 com a indicação de que ocorrera no dia anterior, tendo a recuperação de algum material sido feita na região da Chamusca, Santarém, em outubro de 2017, numa operação que envolveu a PJM em colaboração com elementos da GNR de Loulé.

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Tribunal de Contas chumba baterias para navios da Transtejo e envia conclusões para o Ministério Público

Empresa fluvial do Tejo comprou dez embarcações elétricas mas fez ajuste direto para as baterias. "É como comprar um automóvel sem motor", entende o Tribunal de Contas.

O Tribunal de Contas chumbou o contrato para a compra de baterias para nove dos dez novos navios da Transtejo. O negócio foi declarado como ilegal e o relatório do Tribunal de Contas vai ser enviado para o Ministério Público para “eventual apuramento de responsabilidade financeira e/ou de responsabilidade criminal”, escreve nesta quinta-feira o Público.

No final de 2020, a Transtejo escolheu os espanhóis da Astilleros Gondán, por 52,44 milhões de euros, para fornecer dez novos barcos elétricos para fazer as ligações fluviais de Lisboa com Cacilhas, Montijo e Seixal. No entanto, nove dos navios foram comprados sem baterias, que seriam compradas num concurso em separado por serem um “custo operacional”

Na altura, a situação levou os Estaleiros Navais de Peniche, que ficaram em segundo lugar, a impugnarem o concurso. A empresa portuguesa propunha vender as embarcações já com as baterias incorporadas, por um total de 64,405 milhões de euros. Neste cenário, a proposta espanhola custaria 66,825 milhões de euros, refere o acórdão. Os estaleiros portugueses perderam e o Governo, em março de 2022, validou a compra dos navios espanhóis.

Ora, para o Tribunal de Contas, “não se pode sequer falar em navios sem as baterias, como não se pode falar, por exemplo, em navios sem motor ou sem leme. Isto porque elas constituem uma parte integrante desses navios”. Esta foi uma das razões para chumbarem o ajuste direto de 15,5 milhões de euros para a compra das baterias para nove dos 10 navios da Astilleros Gondán.

O Tribunal de Contas vai mais longe. Em 2021, a Transtejo informou este tribunal de que iria lançar um novo concurso público para comprar as baterias em falta. Porém, o contrato que entregou no final de 2022 é um ajuste direto à mesma empresa espanhola à qual tinha encomendado as embarcações, que iria comprar o material a outra empresa, o operador Corvus Energy.

O Tribunal de Contas não percebe o que impede o operador de vender as baterias diretamente à Transtejo, mas não à Gondan. “A resposta só pode ser uma: havendo um intermediário, aumenta o preço”, apontam os juízes, que declaram que, a ir por diante, este ajuste direto seria manifestamente ilegal, escreve o mesmo jornal. O argumento da transportadora de que ficou na dependência da primeira empresa para o fornecimento das baterias, não colheu junto do tribunal, que quer que seja aberto novo concurso para o efeito.

Os juízes consideram também que a transportadora enganou o tribunal deliberadamente no concurso para a compra dos novos barcos. “Tinha perfeito conhecimento de que estava a faltar à verdade ao tribunal quando disse que iria recorrer a um concurso autónomo para o fornecimento das baterias, induzindo-o em erro”. E foi graças a isso, lamentam, que conseguiram que o contrato para a aquisição dos catamarãs em causa fosse visado. “Os pressupostos em que o tribunal tomou a decisão de concessão de visto foram incorretos. Se tivessem sido prestadas ao tribunal as informações corretas – como deveria ter sido feito – a decisão do tribunal poderia ter sido a de recusa do visto”.

A Transtejo alegou razões técnicas e financeiras para ter feito um concurso autónomo: a nível financeiro, não havia fundos europeus do programa operacional Poseur para a compra das baterias e tentou-se o seu aluguer, por nove milhões de euros, o que também provou-se não ter financiamento; a nível técnico, “não era entendimento da Transtejo que as baterias só podiam vir a ser fornecidas pelo fabricante dos navios”. Só em julho de 2022 se apercebeu disso e ficou refém da proposta da Astilleros Gondán.

Neste momento, a Transtejo apenas recebeu um navio elétrico, o único que já tem as baterias incluídas. Estava previsto que primeiras quatro embarcações elétricas começariam a navegar no final deste ano entre o Cais do Sodré e Seixal; em 2024, chegariam mais quatro; as últimas duas só transportariam passageiros em 2025.

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Portugal e Espanha assinam memorando de entendimento sobre digitalização e inteligência artificial na Justiça

O memorando de entendimento sobre digitalização e inteligência artificial na Justiça vai "fortalecer" e "promover" a cooperação bilateral no que respeita ao uso de tecnologias digitais.

Portugal e Espanha assinaram um memorando de entendimento sobre digitalização e inteligência artificial na Justiça. Este documento foi assinado pelas ministras da Justiça, Catarina Sarmento e Castro e Pilar Vilella Llop, no âmbito da Cimeira Luso-Espanhola.

“Portugal e Espanha vão ser parceiros no desenvolvimento de soluções tecnológicas que reforcem as respostas da Justiça nos dois países“, refere o Ministério da Justiça (MJ) em comunicado.

Este memorando de entendimento vai “fortalecer” e “promover” a cooperação bilateral no que respeita ao uso de tecnologias digitais e ferramentas de inteligência artificial na justiça. O reforço da cooperação vai ser feito em três áreas: “potenciar o recurso à presença online em julgamentos transfronteiriços“; “desenvolver e utilizar recursos de Inteligência Artificial em conjunto“; e “recorrer à comunicação eletrónica, no âmbito das linhas de trabalho e das experiências que estão a decorrer na UE“.

Assim, o MJ explica que o objetivo de ambos os países é permitir que os cidadãos possam ter acesso a serviços públicos de justiça com “mais qualidade”, “mais ágeis” e com “maiores garantias de segurança jurídica”.

“Deste memorando podem resultar projetos-piloto comuns, trocas de informação no âmbito da cooperação entre os dois países, atividades de formação comuns, seminários, conferências, workshops e reuniões técnico-científicas, entre outras ações”, refere o MJ.

O memorando entre os dois Países surge no seguimento do desenvolvimento pela Justiça portuguesa de um trabalho de partilha de boas práticas internacionais na área da digitalização, com vários países e entidades internacionais, como a OCDE. Estão em curso diversas iniciativas de cooperação e a participação em vários fóruns de debate internacional, em que Portugal tem sido apontado como um exemplo da modernização no setor da Justiça.

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Consórcio reforça empreendedorismo na região de Aveiro

Municípios, associações comerciais e Universidade de Aveiro unem-se para arrancar com projeto INOV@IERA - Inovação no apoio ao empreendedorismo na região.

Fomentar o empreendedorismo e a inovação empresarial, mediante a criação de empresas e a atualização e desenvolvimento do tecido empresarial já existente para se posicionarem num mercado cada vez mais competitivo. É este o grande propósito do projeto INOV@IERA – Inovação no apoio ao empreendedorismo na região de Aveiro, que faz ainda a ponte entre o tecido empresarial e empreendedores, assim como estimula a criação e a “concretização de soluções inovadoras e mais eficazes, eficientes e sustentáveis”.

Com um custo elegível na ordem dos 407 mil euros, o projeto conta com cofinanciamento dos programas CENTRO 2020 e Portugal 2020, através do Fundo Social Europeu. Alicerçado em cinco eixos de intervenção — empreender, conectar, inovar, comunicar e gerir –, o projeto INOV@IERA resulta de uma parceria entre a AIDA – Câmara de Comércio e Indústria do Distrito de Aveiro, a CIRA – Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro e a Universidade de Aveiro.

O consórcio pretende, assim, “promover o empreendedorismo qualificado e criativo” nos 11 municípios que integram o âmbito territorial abrangido pela CIRA. Entre eles estão Aveiro, Ovar, Albergaria-a-Velha, Águeda, Anadia, Estarreja, Ílhavo, Murtosa, Oliveira do Bairro, Sever do Vouga e Vagos.

O INOV@IERA foi criado para reforçar o apoio prestado aos empreendedores da região de Aveiro, apostando numa abordagem inovadora, não só ao nível da sensibilização e capacitação, mas também através da cooperação com empresas recém-criadas e já existentes.

Fernando Paiva de Castro

Presidente da AIDA

Envolver entidades regionais de diversas esferas, desde instituições de Ensino Superior, passando por incubadoras e associações industriais até ao Parque de Ciência e Inovação de Aveiro, é outro dos trunfos deste projeto.

“O INOV@IERA foi criado para reforçar o apoio prestado aos empreendedores da região de Aveiro, apostando numa abordagem inovadora, não só ao nível da sensibilização e capacitação, mas também através da cooperação com empresas recém-criadas e já existentes, contribuindo para a sua adaptação à mudança,” descreve o presidente da AIDA CCI, Fernando Paiva de Castro.

Entre os vários objetivos a cumprir estão a internacionalização da economia regional, a valorização do ecossistema de inovação regional, além da implementação de políticas públicas integradas e direcionadas para o emprego.

O projeto visa ainda reter talentos na região assim como “facilitar o acesso a canais de suporte financeiro para novos negócios e projetos”. A criação de novos produtos, serviços e negócios sociais, assim como estimular a articulação entre agentes e mercados, e incentivar a aprendizagem colaborativa, interdisciplinar e inclusiva são mais algumas das metas a cumprir neste projeto.

Atividades a desenvolver no projeto INOV@IERA:

  • Dotar os empresários de conhecimento mais aprofundado relativamente a um conjunto de temáticas fundamentais para o aumento da competitividade regional.
  • Identificar os principais problemas/necessidades do tecido empresarial e encontrar soluções, através do diálogo entre empresas e entidades do ecossistema empreendedor da região.
  • Criar um portefólio digital de ideias de negócio para a região.
  • Promover interações entre empreendedores e empresas, com o objetivo de fomentar novas oportunidades de cooperação e internacionalização.
  • Reforçar a promoção da marca “Aveiro Região Empreendedora”.
  • Reconhecimento da região de Aveiro, a nível nacional, como ecossistema empreendedor e impulsionador do estímulo empresarial e do desenvolvimento económico.

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Juízes portugueses em funções são quase 1.800 com uma média de idades dos 32 aos 63 anos

No dia em começa o XII Congresso dos Juízes Portugueses, no Funchal, com o tema “Democracia, Direitos, Desenvolvimento", a Advocatus fez um retrato dos juízes portugueses.

Existem quase 1.800 juízes em funções nos tribunais portugueses e a média de idades, dependente do grau, vai de 32 anos a 63 anos. No dia em começa o XII Congresso dos Juízes Portugueses, no Centro de Congressos do Funchal, com o tema “Democracia, Direitos, Desenvolvimento”, a Advocatus apresenta um retrato desta classe.

Atualmente, encontram-se colocados em efetividade de funções 1.790 juízes, revelou ao ECO o Conselho Superior de Magistratura (CSM). Destes, 41 em regime de estágio, 1.301 juízes de direito (na primeira instância), 392 nos Tribunais da Relação e 56 no Supremo Tribunal de Justiça.

Apesar do crescimento consistente entre 1991 e 2013, desde 2014 que o número de juízes nos tribunais de primeira instância e superiores tem vindo a diminuir muito ligeiramente. Segundo dados do Pordata, em 2021 existiam em funções 1.735. O ponto mais alto dos últimos anos foi em 2013 com 1.816 juízes.

Relativamente à média de idades dos juízes em funções, varia de grau para grau. A média de juízes em regime de estágio é de 32 anos, de juízes de direito é de 47 anos, nos tribunais da Relação é de 58 anos e no Supremo Tribunal de Justiça de 63 anos, revelou o CSM.

Mas vamos por partes. Segundo os dados do Relatório Justiça 2015-2021 do Ministério da Justiça, entre 2015 e 2021 verificou-se um aumento no número de juízes nos Tribunais Superiores.

Já o número de juízes nos tribunais judiciais de 1.ª instância reduziu entre 2015 e 2021. Segundo o relatório, a escassa admissão de magistrados entre 2011 e 2015 e o grande número de saídas por jubilação contribuiu para este decréscimo.

Em termos do número de magistrados por 100 mil habitantes, Eslovénia é o país com maior número e a Irlanda o menor. Comparativamente aos restantes países da União Europeia, Portugal encontra-se a meio da tabela.

Por outro lado, o número de juízes nos Tribunais Administrativos e Fiscais aumentou em 27% entre 2015 e 2020. Segundo os dados do Relatório Justiça 2015-2021, no mesmo período o número de magistrados do Ministério Público afetos a essa jurisdição conheceu uma redução de 8%. Em 2021 manteve-se a mesma evolução.

Relativamente às despesas com pessoal, a maior fatia é para os magistrados, cerca de 249.359.400,84 euros, sendo que 131.998.739,84 euros é referente aos juízes de 1ª instância e 117.360.661 euros referentes aos magistrados do MP. O valor da despesa com remuneração dos magistrados aumentou consideravelmente entre 2019 e 2020, tendo reduzido em 2021 a referente aos juízes do MP.

A despesa total do Estado português com o sistema judicial, em percentagem do PIB, diminui ligeiramente entre 2018 e 2019. Os tribunais são o setor da justiça com uma maior alocação de despesa. Segundo os dados do Relatório Justiça 2015-2020 do Ministério da Justiça, Bulgária é o país da Europa em que a despesa é maior e no Chipre a menor. Em termos comparativos com os restantes países europeus, Portugal encontra-se a meio da tabela, sendo a variação da despesa total do Estado muito pouco entre 2017 e 2019.

A Advocatus questionou o CSM sobre o estado da saúde mental dos juízes, mas este órgão revelou que não têm essa informação uma vez que os Certificados de Incapacidade Temporária não referem o tipo de doença.

Ainda assim, informou que Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, através do Observatório Permanente da Justiça, está a desenvolver o “Estudo sobre o Desgaste Profissional, Saúde e Bem-estar dos Juízes Portugueses”, numa parceria com o CSM, a Associação Sindical dos Juízes Portugueses, o Supremo Tribunal de Justiça e os Tribunais da Relação de Coimbra, Évora, Guimarães, Lisboa e Porto.

Recorde-se que uma das propostas previstas nas 209 conclusões de um Think Tank, composto por um grupo de juízes e membros da sociedade civil, era a de uma avaliação psicológica dos juízes, de forma a garantir que todos os magistrados que queiram estar nos tribunais têm condições psicológicas e emocionais para exercer a função jurisdicional. Este grupo pretende uma reflexão “profunda” na área da Justiça e já enviou as propostas ao Governo e Presidente da República que compõem a “Agenda da Reforma da Justiça”.

Juízes reformados podem voltar aos tribunais, desde que não ganhem mais

O Orçamento do Estado para 2023 voltou a prever que os magistrados possam continuar nos tribunais, mesmo depois de jubilados, ou seja reformados, mas sem compensação extra. Uma possibilidade que já estava contemplada no Estatuto dos Magistrados Judiciais (EMJ) desde 2020 mas que tem tido pouca adesão dos juízes. Desde 2021 até a outubro de 2022, apenas 26 juízes pediram para continuar ao serviço dos tribunais e apenas para terminar “trabalho pendente” durante alguns meses.

Antes de 2020, o Estatuto dos Magistrados Judiciais previa que os juízes conselheiros jubilados pudessem continuar a prestar serviço judicial mediante autorização expressa. Com a alteração em 2020, o EMJ passou a prever o alargamento desta possibilidade também a juízes de direito e a juízes desembargadores, os da primeira instância e dos tribunais da Relação.

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Não conseguiu verificar as faturas? Já pode ver valores das deduções à coleta no IRS e reclamar

Se não concordar com os valores que o Fisco está a considerar para as deduções no IRS, pode reclamar até ao final do mês. Em alternativa, poderá corrigir manualmente na entrega da declaração.

Já pode consultar no Portal das Finanças a lista de todas as despesas que o Fisco irá contabilizar para fins de dedução à coleta de IRS. Os contribuintes podem verificar as informações na página pessoal, sendo que poderão reclamar sobre incorreções nestes valores até ao final do mês.

Vários portugueses tiveram problemas a validar as faturas no último dia do prazo devido a falhas no Portal das Finanças, pelo que têm agora até dia 31 de março para consultar as despesas a deduzir no IRS e reclamar, se não concordarem com os valores apurados, ou optar por preenchê-los manualmente na declaração de IRS.

Para consultar as deduções que o Fisco está a considerar para efeitos de IRS basta consultar a área referente às deduções à coleta no Portal das Finanças, seguindo este link. Coloque os dados de acesso à plataforma e poderá, depois, ver as despesas, sendo de salientar que “o valor da dedução foi calculado individualmente sem atender à composição do agregado familiar nem ao regime de tributação (separada ou conjunta)”, como notam as Finanças.

Se não concordar com os valores, pode reclamar, mas apenas relativamente às despesas gerais familiares e às referentes à dedução de IVA por exigência de fatura. Para as outras deduções, terá de fazer as correções na entrega do IRS, que ocorre entre 1 de abril e 30 de junho.

Para quem não concorda com os valores apurados pelo sistema em termos de despesas de saúde, formação e educação, encargos com imóveis e encargos com lares, pode “manualmente efetuar essa correção no Anexo H da declaração do IRS, no respetivo campo”.

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“Não se justifica o pânico”, diz maior acionista do Credit Suisse

  • ECO
  • 16 Março 2023

Banco Nacional Saudita, com 9,9% do capital do Credit Suisse, afasta ligação entre queda do Silicon Valley Bank e uma potencial nova crise financeira.

O Banco Nacional Saudita, o maior acionista do Credit Suisse, diz que a turbulência sentida na quarta-feira “não se justifica”. O comentário foi transmitido horas depois depois de a instituição ter obtido um empréstimo de até 50 mil milhões de francos (cerca de 51 mil milhões de euros) por parte do Banco Nacional da Suíça.

“Se olharmos para a forma como ontem [quarta-feira] todo o setor bancário caiu em bolsa, infelizmente, muitas pessoas só estavam a tentar arranjar desculpas. Houve um pouco de pânico, que acredito que não teve justificação, independentemente de ser o Credit Suisse ou todo o setor bancário”, referiu o presidente do conselho de administração do Banco Nacional Saudita, Ammar Al Khudairy, em declarações à estação CNBC.

O responsável afastou ainda qualquer correlação entre a falência do Silicon Valley Bank e a crise financeira de 2008. “Tivemos uma falha na semana passada mas não tem nada, mesmo nada a ver, com o que vimos em 2008. Foi apenas um incidente isolado, com os reguladores a cortarem qualquer hipótese de contágio”, acrescentou.

Ammar Al Khudairy garantiu ainda que não vai reforçar a posição no Credit Suisse, atualmente nos 9,9%.

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Dona do Continente insiste que baixou margens para “suportar parte da pressão inflacionista”

Cláudia Azevedo assume que negócios do retalho estão a absorver parte da inflação para que famílias não paguem ainda mais nas idas ao supermercado.

A dona do Continente garante que está a baixar as margens de negócio para absorver parte da subida da inflação no preço dos alimentos. A líder da Sonae, Cláudia Azevedo, volta a responder às declarações do Governo, que na última semana tem levantado o cenário de especulação de preços nos supermercados.

Em 2022, o grupo Sonae teve mais 27,7% de lucros, para 342 milhões de euros. Contudo, no negócio dos supermercados, sob a marca Sonae MC, os resultados positivos caíram 17,8%, para 179 milhões de euros, e a margem de EBITDA recuou 1,3 pontos percentuais, para 9,5%.

“Para evitar uma maior sobrecarga nos orçamentos familiares, os nossos negócios de retalho suportaram parte da pressão inflacionista, à custa da sua própria rentabilidade”, refere Cláudia Azevedo na mensagem que consta da apresentação dos resultados relativos a 2022.

As contas do grupo Sonae revelam uma subida de 10,9% do volume de negócios para mais de 7,7 mil milhões de euros, como resultado de ganhos de quota de mercado das suas operações, mas também dão nota de uma queda de 41 pontos base da margem EBITDA subjacente (margem de lucro operacional) de 8,6% para 8,2%, “com os negócios a suportarem parte da pressão inflacionária e do aumento significativo de custos, nomeadamente de energia, e a investir para garantir a competitividade das suas ofertas.”

Para evitar uma maior sobrecarga nos orçamentos familiares, os nossos negócios de retalho suportaram parte da pressão inflacionista, à custa da sua própria rentabilidade.

Cláudia Azevedo

Presidente executiva da Sonae

Esta é a segunda vez que Cláudia Azevedo se pronuncia sobre os preços nos alimentos. Há uma semana, poucas horas depois de ouvir o ministro da Economia falar num “comportamento completamente dissonante” na evolução dos preços nos supermercados, a presidente executiva da Sonae, que detém o Continente, descreveu que está em curso “uma campanha de desinformação sobre as causas da inflação alimentar, com danos gravosos para a reputação do setor da distribuição alimentar”.

“Sendo certo que o nível de inflação dos produtos alimentares tem sido mais elevado do que a inflação média geral, a verdade é que se trata de um fenómeno global e com causas bem identificadas e associadas às cadeias de produção. Os culpados da inflação não são os hipermercados / supermercados”, escreveu Cláudia Azevedo na missiva enviada aos trabalhadores.

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Credit Suisse dispara 32% e anima bolsas europeias. PSI recupera 1% com BCP a comandar ganhos

Apoio do banco central ao Credit Suisse, reforçando a liquidez da empresa, está a dar algum alento aos investidores. Ações chegaram a disparar 32%, impulsionando a banca e animando bolsas europeias.

As bolsas europeias abriram em forte alta esta quinta-feira, no rescaldo de uma sessão negra que tirou 1,4 mil milhões de euros de valor de mercado ao português PSI. Os investidores digerem os últimos desenvolvimentos em torno das preocupações com a estabilidade da banca, em particular do Credit Suisse, mas também o que poderá ser a decisão do Banco Central Europeu (BCE) cujo anúncio está marcado para esta quinta-feira e que deverá conduzir a mais uma subida das taxas de juro diretoras. Neste contexto, os juros da dívida inverteram a tendência de quarta-feira e sobem na generalidade do continente europeu.

As ações do Credit Suisse disparam 32%, superando novamente a fasquia dos dois francos, segundo a Reuters, depois de o banco ter assegurado um empréstimo de quase 51 mil milhões de euros do banco central da Suíça que acalmou, pelo menos para já, os receios de uma nova crise financeira global. No entanto, o banco chegou a registar um ganho de 40% no arranque das negociações esta quinta-feira, o maior na sua história, refere a Bloomberg. Na sessão anterior, tinha perdido mais de 24% e tocado mínimos históricos, abaixo de dois francos.

Outros bancos também recuperam algum fôlego neste início de dia. O BNP Paribas soma 3,4%, depois de ter afundado 10,1% na sessão anterior, e o Credit Agricole ganha 3,2%, na sequência de uma queda de 5,2%, segundo a Reuters. O índice setorial europeu Stoxx 600 Banks avança 3,3%, sinalizando a recuperação das ações da banca nesta sessão.

Na Europa, o Stoxx 600 valoriza-se em 1,2% e as principais praças registam ganhos que vão desde 1,4% no britânico FTSE 100 a 2,3% no espanhol IBEX-35. O português PSI recuperava mais de 1%, para 5.875,57 pontos, por volta das 8h12, com o BCP em particular a comandar as subidas, recuperando 2,33%, para 19,75 cêntimos.

Além da recuperação do BCP, também a Galp ganha 1,48%, para 9,856 euros, contribuindo para a subida do principal índice português. Este desempenho dá-se numa altura em que os preços do petróleo nos mercados internacionais negoceiam em alta. O Brent, referência para as importações nacionais, soma 0,9%, para 74,35 dólares.

Entre as cotadas de maior peso da bolsa, é de destacar ainda o ganho de 1,09% da EDP, a subida de 0,64% da EDP Renováveis e o avanço de 1,28% dos CTT, que apresentam resultados esta quinta-feira, após fecho das bolsas.

Quem também apresentou resultados esta quinta-feira, antes da abertura, foi a Sonae. No caso, a empresa que manda nos hipermercados Continente perde 0,29%, para 1,03 euros. Em concreto, revelou esta manhã que os lucros em 2022 subiram quase 28%, para 342 milhões de euros, mas que a margem operacional encolheu.

Enquanto isso, os juros da dívida soberana estão a subir de forma generalizada no continente europeu. A yield de referência das bunds alemãs sobe quase 13 pontos base, para 2,245%, enquanto os juros da dívida italiana no mesmo prazo sobem 6,2 pontos base, para 4,155%. Em Portugal, a taxa das obrigações a dez anos avança cerca de oito pontos base, para 3,178%, segundo dados da plataforma Investing.

(Notícia atualizada pela última vez às 8h44)

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