Operação Influencer: Morais Leitão deixa a defesa de Rui de Oliveira Neves

O advogado Tiago Félix da Costa, sócio da Morais Leitão, deixou de ser a defesa de Rui de Oliveira Neves na Operação Influencer. Miguel Santos Almeida é o novo advogado do arguido.

O advogado Tiago Félix da Costa, sócio da Morais Leitão, deixou de ser a defesa do arguido do processo Operação Influencer Rui de Oliveira Neves. Segundo avança o Jornal Económico, do lado do arguido está agora o sócio da Sérvulo Miguel Santos Almeida.

Segundo explica o Jornal Económico, tanto Rui de Oliveira Neves como a firma de advogados Morais Leitão, da qual o arguido fazia parte até ao “rebentar” deste processo e era sócio até ser suspenso, quiseram cortar “quaisquer relações no que a esta operação diz respeito”. Em causa não estão conflitos de interesses.

“Terminada a urgência da detenção, foi escolhido Miguel Santos Almeida para defender o Rui de Oliveira Neves. Esperamos que este processo termine o mais rapidamente possível, confirmando a inocência do Rui de Oliveira Neves”, disse fonte oficial da Morais Leitão à Advocatus.

Miguel Santos Almeida, o novo advogado de Rui de Oliveira Neves, é sócio dos departamentos de Contencioso e Arbitragem e Direito do Desporto da Sérvulo & Associados desde 2013. O advogado centra a sua prática no contencioso penal e civil, acompanhando processos de natureza criminal e contraordenacional, bem como litígios de natureza civil e comercial, tanto em tribunais judiciais como arbitrais.

Miguel Santos Almeida, sócio da Sérvulo

Paralelamente, acompanha litígios desportivos e assessora clubes, federações e agentes desportivos em matérias diversas relacionadas com direito do desporto. Miguel Santos Almeida é ainda árbitro do Tribunal Arbitral do Desporto de Portugal, membro da Comissão Disciplinar da Federação Internacional de Judo.

Iniciou a sua carreira na Carlos Pinto de Abreu & Associados, entre 2009 e 2013 e é associado do Fórum Penal – Associação de Advogados Penalistas e da Associação Portuguesa de Direito Desportivo.

O Ministério Público (MP) já anunciou que vai recorrer das medidas de coação decididas pelo juiz no processo da Operação Influencer — que resultou na demissão do primeiro-ministro, António Costa — já que ficaram muito aquém do que os procuradores esperavam.

Os cinco arguidos detidos ficaram todos sujeitos a medidas de coação não privativas da liberdade. A decisão do juiz de instrução Nuno Dias Costa ficou muito aquém do pedido de promoção do MP, que queria a prisão preventiva para Diogo Lacerda Machado e Vítor Escária (os dois homens próximos de Costa), cauções de 200 mil euros para Afonso Salema e 100 mil para Rui Oliveira Neves (os administradores da Start Campus), e a suspensão do mandato do autarca de Sines, Nuno Mascarenhas.

O juiz Nuno Dias Costa considerou ainda que não existia indiciação de qualquer crime relativo ao presidente da Câmara Municipal de Sines, Nuno Mascarenhas. E não validou os crimes de prevaricação e de corrupção ativa e passiva que estavam imputados a alguns arguidos. Segundo o comunicado do Tribunal Central de Instrução Criminal, o juiz considerou que Lacerda Machado e Vítor Escária estão “fortemente indiciados” em co-autoria e na forma consumada de um crime de tráfico de influência.

Mas isso não implica que o MP não “chame a si’” de novo, os crimes. Ou seja, esta decisão do juiz serviu apenas para justificar a decisão das medidas de coação. O que implica que, numa eventual acusação do MP, os crimes de corrupção e prevaricação podem voltar a estar na imputação aos arguidos.

Esta decisão do juiz Nuno Dias Costa é uma machadada no trabalho do MP, que tinha pedido a prisão preventiva para Diogo Lacerda Machado e Vítor Escária. Já para Rui de Oliveira Neves e Afonso Salema foi pedido o pagamento de uma caução, 100 mil e 200 mil euros, respetivamente, bem como a proibição de contactos.

Para Nuno Mascarenhas, o MP pediu a suspensão do seu mandato na Câmara de Sines, a proibição de contactos, bem como a proibição de entrar nas instalações da autarquia.

O MP tinha ainda pedido ao juiz de instrução que aplicasse uma caução como medida de coação à empresa Start Campus, promotora de um mega centro de dados em Sines. Um valor, aliás, recorde, de 19,5 milhões de euros, que ficaria “retido”, e que, caso a empresa persistisse na atividade criminosa, perturbasse o inquérito ou destruísse provas, teria de pagar esse valor. A caução decidida pelo juiz foi de 600 mil euros.

A operação do dia 7 de novembro do Ministério Público assentou em pelo menos 42 buscas e levou à detenção de cinco pessoas para interrogatório: o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária; o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas; dois administradores da Start Campus, Afonso Salema e Rui Oliveira Neves; e o advogado Diogo Lacerda Machado, amigo de António Costa.

No total, há nove arguidos no processo, entre eles o ministro das Infraestruturas, João Galamba; o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta; o advogado e antigo porta-voz do PS, João Tiago Silveira; e a empresa Start Campus.

O primeiro-ministro demitiu-se na semana passada, depois de se saber que o seu nome tinha sido citado por envolvidos na investigação do MP a negócios do lítio, hidrogénio e do centro de dados em Sines, levando o Presidente da República a dissolver a Assembleia da República e convocar eleições legislativas para 10 de março.

(Notícia atualizada às 09h45 com declaração da Morais Leitão).

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Número de utentes sem médico de família aumenta há quatro meses

No mês passado, 1.677.858 utentes não tinham médico de família atribuído, isto é, um aumento de 24.434 face aos 1.653.424 registados em setembro. Ainda assim, está abaixo do "pico" registado em maio.

O número de utentes sem médico de família atribuído está a aumentar há quatro meses consecutivos, tendo atingido os quase 1,68 milhões em outubro, de acordo com os dados publicados no portal da transparência do SNS.

No mês passado, 1.677.858 utentes não tinham médico de família atribuído, isto é, um aumento de 24.434 face aos 1.653.424 registados em setembro. O número de utentes nesta situação está a aumentar desde junho, isto é, há quatro meses consecutivos, mas continua abaixo dos 1.757.747 registados em maio, de acordo com os dados consultados pelo ECO. Já se a comparação for feita com o período homólogo trata-se de um aumento de 25% (em outubro de 2022 havia 1.342.472 sem médico de família).

Neste contexto, o número de utentes que está a ser seguido por um médico de medicina geral e familiar também recua há quatro meses. Em outubro, havia 8.889.331 utentes com médico atribuído, isto é, menos 110.745 face aos 9.000.076 registados em junho. Em outubro de 2022 havia 9.188.927 utentes com médico de família atribuído.

Numa altura em que a recusa dos médicos em fazerem mais horas extraordinárias, além das 150 horas anuais obrigatórias, está a colocar o SNS sob pressão, com mais de 30 serviços de urgência com constrangimentos, e com o inverno a aproximar-se (que poderá colocar uma pressão extra) os responsáveis têm instado os cidadãos a ligarem primeiro à linha SNS24, antes de se dirigirem às urgências, ou a deslocarem-se aos centros de saúde.

O número de utentes sem médico de família tem vindo a aumentar nos últimos anos à boleia das aposentações e à falta de capacidade do SNS para atrair especialistas. O problema já foi assumido pelo (ainda) primeiro-ministro e pelo ministro da Saúde, que, no final de outubro, admitiu a contratação e a contratualização com setor social. Ainda assim, Manuel Pizarro ressalvou que a entrada de vários profissionais na idade da reforma vai trazer dificuldades nesta área até ao final do próximo ano.

No início de maio, foi aberto um concurso para 978 vagas para medicina geral e familiar, para reter os recém-formados e para atrair especialistas que não estejam no SNS, mas só 393 médicos (cerca 40% do total) foram admitidos.

Já no programa do atual Governo, liderado por António Costa, realça que “o número de médicos de família e de enfermeiros no SNS aumentou nos últimos anos”, mas admite que a “aposentação de um número significativo de médicos de família, uma tendência demográfica que ainda se prolongará até 2024, e o aumento de inscritos no SNS, em particular desde o início da pandemia, não permitiram ainda o cumprimento da meta de cobertura de todos os inscritos no SNS por uma equipa de saúde familiar”.

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Pedro Nuno Santos quer diálogo com PSD em áreas de soberania e acordo sobre aeroporto

  • Lusa
  • 22 Novembro 2023

O candidato à liderança dos socialistas prometeu dialogar com o PSD sobre áreas de soberania nacional e respeitar o acordo sobre a metodologia para a escolha da localização do novo aeroporto.

O candidato à liderança dos socialistas Pedro Nuno Santos prometeu na terça-feira dialogar com o PSD sobre áreas de soberania nacional e respeitar o acordo com os sociais-democratas sobre a metodologia para a escolha da localização do novo aeroporto.

O ex-ministro das Infraestruturas e da Habitação assumiu estas posições sobre as relações políticas com o partido liderado por Luís Montenegro em entrevista à CNN/Portugal, durante a qual também acusou o PSD de estar “radicalizado”, sobretudo por “depender” da Iniciativa Liberal e já não do CDS-PP.

Interrogado sobre a forma como se relacionará com o PSD se for eleito secretário-geral do PS nas eleições de 15 e 16 de dezembro, Pedro Nuno Santos referiu que “há matérias de regime que são imprescindíveis serem trabalhadas, dialogadas e debatidas com o PSD”.

“Sobre isso não tenho a menor dúvida. Agora, não posso ignorar que nós hoje temos um PSD que está radicalizado. Não só há um líder do PSD que disputa [eleitorado] com o Chega, como temos também hoje um PSD que depende da Iniciativa Liberal”, apontou.

Pedro Nuno Santos caracterizou a Iniciativa Liberal como “um projeto radical, que tem uma visão diametralmente oposta à do PS sobre o Estado social”.

“E obviamente que uma aliança entre o PSD e a Iniciativa Liberal tornam um Governo do PSD muito mais radical do que aquele que nós tivemos no tempo da troika”, sustentou.

Na entrevista, o ex-ministro das Infraestruturas e da Habitação afirmou que irá respeitar o acordo feito pelo atual Governo socialista com o PSD sobre a metodologia para a escolha da localização do novo aeroporto de Lisboa.

Mas também avisou que avançará para uma decisão se, eventualmente, no fim do processo, após a divulgação do relatório final da Comissão Técnica Independente, não houver concordância entre os dois maiores partidos portugueses sobre a localização.

Esse processo não vai ser posto em causa obviamente por mim e, por isso, levarei até ao fim, mas com a certeza de que haverá uma decisão, com ou sem acordo do PSD. É fundamental que o país de uma vez por todas consiga resolver um problema que já leva cinco décadas”, advertiu.

Pedro Nuno Santos admite que a Comissão Técnica Independente faça uma identificação dos pontos positivos e negativos de cada uma das localizações em análise e que depois exista um espaço para debate.

“Se for possível esse entendimento existir [com o PSD], isso é bom, porque garante estabilidade a uma decisão que vai implicar um investimento prolongado no tempo, mas não podemos ficar paralisados mais uma vez. Isso não podemos. Isso é um crime que fazemos ao país. Estamos a perder muito dinheiro por não termos tido a capacidade de decidir”, argumentou.

Em relação ao processo de privatização da TAP, reiterou a sua posição a favor de uma privatização parcial, com o Estado a manter a maioria do capital. E defendeu que “não há pressa para a venda”.

“Os potenciais compradores e investidores têm de saber que o Estado português não está desesperado“, justificou.

Na CNN/Portugal, Pedro Nuno Santos voltou a ser confrontado com as relações entre a justiça e o PS — um tema que tinha dominado a primeira parte da entrevista que uma hora antes tinha concedido ao Jornal Nacional da TVI.

Questionado sobre o facto de dois primeiros-ministros do PS, José Sócrates e António Costa, no espaço de nove anos, terem problemas com a justiça, o candidato à liderança dos socialistas repetiu que devem ser protegidos dois princípios fundamentais: “Um deles é a presunção de inocência, e outro é a independência das instituições judiciais”.

Referiu-se, em seguida, especificamente à investigação judicial que envolve o primeiro-ministro, afirmando: “No que diz respeito a este processo em particular, estamos muito longe de poder retirar conclusões, mas muito longe mesmo“.

Rejeitou, depois, que se diga que “o PS tem um problema estrutural e crónico com a justiça”. “Isso não é assim, não pode ser assim”, acentuou.

Interrogado sobre de que forma pode prometer que na sua eventual futura residência oficial de primeiro-ministro não vai ser encontrado dinheiro vivo escondido — uma alusão aos mais de 75 mil euros (em numerário) encontrados na sala de trabalho de Vítor Escária, ex-chefe de gabinete de António Costa, Pedro Nuno Santos respondeu: “Aquilo que devemos fazer é procurar garantir que a nossa equipa é eticamente irrepreensível. E essa preocupação será a minha desde o primeiro minuto até ao fim”, prometeu.

Ainda em relação a este caso com o ex-chefe de gabinete do primeiro-ministro, o candidato a secretário-geral do PS referiu que António Costa teve “um momento em que pediu desculpa pelo que aconteceu na residência oficial”.

“Ele é o primeiro traído, desse ponto de vista. Somos todos, é o PS, e ele em primeiro lugar. António Costa fez uma escolha de alguém que tinha experiência, que era qualificado, que podia acrescentar e ajudar no seu trabalho. Não fez uma escolha de alguém que achava que podia ter aquela quantidade de dinheiro no seu gabinete. E, portanto, foi uma traição para ele”, acrescentou.

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Regulamentação do “lobbying” volta à agenda política na próxima legislatura

  • ECO
  • 22 Novembro 2023

O PSD vai apresentar propostas para regulamentar o "lobbying" na próxima legislatura, assim como o PS, Chega, Iniciativa Liberal, PAN e Livre.

Alguns partidos tencionam voltar a pôr na agenda o tema da regulamentação do lobbying. Segundo o Público, o PSD vai apresentar propostas para regular esta atividade na próxima legislatura e também o PS, Chega, Iniciativa Liberal, PAN e Livre deverão apresentar propostas. Já o Bloco de Esquerda e o PCP vão manter-se contra.

A atividade de lobbying refere-se às comunicações e contactos estabelecidos de forma a influenciar decisões públicas e políticas. Em Portugal já esteve perto de ser regulamentado, mas Marcelo Rebelo de Sousa acabou por vetar esse diploma em 2019. Em 2021, o tema voltou a ficar “parado” na agenda política, depois da dissolução da Assembleia da República.

Com uma crise política “instalada” no país, e com suspeitas de terem existido favores e influências por parte do ex-chefe de gabinete de Costa e do advogado Diogo Lacerda Machado junto do Governo, Luís Montenegro já anunciou que vai apresentar propostas de forma a “travar” a corrupção e a exigir a “transparência na vida pública”.

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As promoções da Black Friday valem a pena? É preciso é estar atento

Algumas pessoas começam a questionar se vale a pena aproveitar aquilo que podem não ser verdadeiras promoções na Black Friday. A Deco defende que há boas promoções mas que é preciso estar atento.

Os descontos da Black Friday são aproveitados anualmente por milhares de portugueses, que aguardam por esta altura do ano para comprar alguns produtos que já tinham em vista ou outros que se lhes apresentam como uma boa oportunidade de compra.

Em Portugal, 88% dos consumidores procuram aproveitar a Black Friday, que acontece esta sexta-feira, dia 24 de novembro, e, em média, os portugueses tencionam gastar 359 euros, naquele que é um aumento de cerca de 10% em relação ao último ano.

Já segundo outros dados do estudo Blackfriday.pt, realizado pela GFK, o volume de negócio de ecommerce faturado durante a semana da Black Friday em Portugal deve situar-se entre os 120 e os 130 milhões de euros.

No entanto, de acordo com o estudo Black Friday 2022, realizado pelo Portal da Queixa da Consumers Trust, a febre do fenómeno Black Friday pode estar a arrefecer: 77,5% dos consumidores afirmaram que esta iniciativa deixa de fazer sentido, tendo em conta as campanhas promocionais efetuadas ao longo de todo o ano.

O mesmo estudo evidenciou que cerca de 27% dos consumidores vê na Black Friday uma oportunidade para fazer compras de Natal, mas a grande maioria (73,6%) dos inquiridos considera que não.

Para este “arrefecimento” podem estar a contribuir “histórias” de que as marcas inflacionam os preços pouco tempo antes das promoções para cortar nos valores durante este período. Já em 2021, o Portal da Queixa revelava que o número de reclamações aumentaram 70% face ao ano anterior, com as burlas a corresponderem a 29% das denúncias.

Por parte da Deco, a jurista Daniela Trindade refere ao +M/ECO que é possível encontrar boas promoções, “porém estas ações promocionais podem não corresponder a verdadeiras oportunidades de bons negócios (falsos descontos)”. Segundo clarifica a jurista, o preço da promoção “deve corresponder a um desconto sobre o preço mais baixo a que aquele produto foi vendido naquela loja nos últimos trinta dias”.

Embora a Deco não tenha um número efetivo de reclamações, a mesma adianta que são sempre registados contactos relativos às promoções, num mercado onde os consumidores estão atentos e “cada vez mais informados” no que respeita às variações de preço, assim como em relação a outros temas como questões de prazos de trocas ou devoluções ou atrasos na entrega dos bens (no caso de compras online).

A jurista adianta queoportunidades que valem a pena e outras não, pelo que “o grande objetivo para qualquer consumidor será garantir que não sai prejudicado com as ditas promoções”.

Para ajudar nesta demanda, e a pedido do +M/ECO, a jurista da Deco também lista cinco sugestões para que os consumidores possam aproveitar a Black Friday, fazendo compras sem se sentirem defraudados:

  • Comparar antes de comprar e verificar se se está perante uma boa oportunidade de compra
  • Conhecer a política de trocas ou devoluções de cada estabelecimento
  • Fazer uma lista com o que queremos ou precisamos comprar e evitar o “leve 2 pague 1”, evitando compras por impulso
  • Certificar a credibilidade do vendedor profissional/empresa, no caso das compras online, bem como a segurança dos meios de pagamento
  • Ler atentamente a informação promocional, analisar dimensões e outras caraterísticas nas embalagens/rótulos dos artigos e confirmar sempre que o valor registado na caixa corresponde ao preço anunciado.

Quanto a expectativas para este ano, e considerando que nos últimos meses foi registado um aumento geral de preços, Daniela Trindade diz que é expectável que os consumidores “procurem efetivas soluções de poupança, e percebam na aquisição que pretendem fazer se existe um desconto efetivo ou não”.

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Continente investe 35 milhões de euros em 16 novas lojas de proximidade

  • Lusa
  • 22 Novembro 2023

O Continente anunciou esta quarta-feira a abertura de 16 novas lojas de proximidade até ao final do ano, num investimento de 35 milhões de euros, que representa a criação de 512 postos de trabalho.

O Continente anunciou esta quarta-feira a abertura de 16 novas lojas de proximidade até ao final do ano, num investimento de 35 milhões de euros, que representa a criação de 512 postos de trabalho.

Desta forma, a marca de retalho alimentar da MC vai fechar o ano com mais de 180 lojas Continente Bom Dia em Portugal, onde trabalham cerca de 8.000 pessoas, informou em comunicado.

As novas lojas vão localizar-se em Paredes (Porto), Coruche (Santarém), Largo do Rato (Lisboa), Arroios (Lisboa), Vila Pouca de Aguiar (Vila Real), Gafanha de Nazaré (Aveiro), Alcácer do Sal (Setúbal), Arganil (Coimbra), Bolhão (Porto), Fajões (Oliveira de Azeméis), Oliveira de Frades (Viseu), São Pedro da Cova (Gondomar), Alcanena (Santarém), Leça da Palmeira (Matosinhos), Pousada de Saramagos (Vila Nova de Famalicão) e Pevidém (Guimarães).

Segundo a mesma nota, as lojas dispõem de um investimento conjunto em 9.530 painéis fotovoltaicos, com 4.8 Megawatts-hora (MWh) de potência instalada e 33 lugares de carregamento para veículos elétricos.

Investimos também nos locais em que nos localizamos, tanto ao nível das pessoas, como no património arquitetónico, na sustentabilidade e nos apoios diários que a Missão Continente mantém com as instituições de solidariedade, nas mais de 300 lojas Continente em todo o país”, afirmou o diretor-geral do Continente Bom Dia, Amaro Amaral, citado na mesma nota.

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Hoje nas notícias: “Lobbying”, crédito à habitação e Autoeuropa

  • ECO
  • 22 Novembro 2023

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

Os partidos estão interessados em retomar a discussão da regulamentação do lobbying e vão apresentar propostas na próxima legislatura. Apesar da paragem, a Autoeuropa conseguiu produzir nos primeiros dez meses do ano mais automóveis do que em todo o ano passado. Conheça estas e outras notícias em destaque na imprensa nacional.

Regulamentação do lobbying regressa à agenda na próxima legislatura

O PSD pretende apresentar na próxima legislatura propostas para regulamentar o lobbying, mas o partido não está sozinho: PS, Chega, Iniciativa Liberal, PAN e Livre também deverão ter iniciativas, enquanto Bloco de Esquerda e PCP deverão manter-se contra. A regulamentação desta atividade foi vetada em 2019 por Marcelo Rebelo de Sousa e foi novamente interrompida em 2021 com a dissolução da Assembleia da República.

Leia a notícia completa no Público (acesso pago).

Renegociações já representam mais de 40% do novo crédito à habitação

Em agosto e setembro, as renegociações representaram 40,2% e 41,8%, respetivamente, do novo crédito à habitação concedido pelos bancos. Tratando-se dos valores mais elevados do ano, só nesses dois meses foram renegociados cerca de 1.477 milhões de euros de crédito para a compra de casa, num total de de 5.326 milhões desde janeiro. Os números deverão continuar a subir nos próximos meses, tendo em conta os valores elevados das taxas de Euribor.

Leia a notícia completa no Público (acesso pago).

Apesar de paragem, Autoeuropa ainda cresce

Em setembro, a Autoeuropa viu-se forçada a parar a produção por “algumas semanas” devido à falta de peças de um fornecedor esloveno. Na altura, contas feitas pelo Jornal de Negócios apontavam para uma quebra de produção de 45 a 50 mil unidades do T-Roc, o único modelo produzido na fábrica. Em outubro, a fábrica retomou a produção depois de ter encontrado um fornecedor alternativo. Agora, dados divulgados pela Associação Automóvel de Portugal (ACAP) mostram agora que em setembro e outubro a Autoeuropa registou apenas uma quebra de 15.230 unidades produzidas face a 2022. Além disso, a paralisação não impediu que o número de veículos a saírem de Palmela supere nos primeiros dez meses do ano os valores de 2022.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

Nova “taxa” pode agravar conta da luz

Devido à alteração do modelo de financiamento, todos os consumidores vão passar a contribuir para financiar a tarifa social de eletricidade, o que pode vir a ter um impacto de cerca de 2% na fatura da luz dos portugueses, estima Vítor Machado, que representa a Deco no Conselho Tarifário da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE). A tarifa social dá desconto na eletricidade às famílias vulneráveis e o custo em 2024 deverá rondar os 130 milhões de euros. Até aqui, o custo da tarifa era suportado pelos produtores de eletricidade, com destaque para a EDP Produção, com encargos em torno dos 90 milhões de euros.

Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago).

Lobo Xavier acusa Costa de querer “adensar a intriga infame contra o Presidente”

António Lobo Xavier, conselheiro de Estado, rejeita ter quebrado a confidencialidade desse órgão da Presidência da República, apontando o dedo ao primeiro-ministro, António Costa, por preferir “adensar” a intriga contra Marcelo Rebelo de Sousa ao não esclarecer se tinha pedido ao chefe de Estado para chamar a procuradora-geral a Belém. “Escolheu adensar uma intriga de que provavelmente não era verdade que tivesse pedido ao Presidente da República”, disse à CNN Portugal.

Leia a notícia completa na CNN Portugal (acesso livre).

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O dia em direto nos mercados e na economia – 22 de novembro

  • ECO
  • 22 Novembro 2023

Ao longo desta quarta-feira, 22 de novembro, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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Altman vai regressar à liderança da OpenAI com nova administração

Dias depois de ter sido despedido pelo conselho de administração da OpenAI, Sam Altman vai regressar ao cargo de CEO, respondendo a um novo board.

Sam Altman vai regressar à OpenAI para voltar a ser CEO, mas respondendo a um novo conselho de administração. Uma pirueta surpreendente nesta história, pois acontece poucos dias depois de Altman ter sido despedido inesperadamente pelo board da empresa que criou o ChatGPT e ter sido convidado a integrar uma nova área de negócio na Microsoft.

O regresso de Altman aos comandos da OpenAI representa o culminar de um período de turbulência interna, depois de a administração ter anunciado na sexta-feira o despedimento de Sam Altman, afirmando que “não foi consistentemente franco nas suas comunicações com o conselho”. Desde então, a empresa tem estado sob forte pressão dos investidores, sobretudo da Microsoft.

A nova liderança de Altman implica uma reestruturação do próprio conselho de administração da OpenAI, empresa que alcançou notoriedade mundial com o lançamento de um chatbot avançado com inteligência artificial há um ano. Ao abrigo de um “acordo de princípio”, sentam-se inicialmente à mesa deste novo board Bret Taylor, ex-CEO da Salesforce, enquanto presidente; o ex-secretário do Tesouro dos EUA Larry Summers; e o atual CEO da plataforma Quora, Adam D’Angelo, que já pertencia à administração da OpenAI. A informação foi comunicada pela OpenAI na rede social X (ex-Twitter).

Foi na sexta-feira que a OpenAI anunciou o despedimento do seu CEO, uma decisão que gerou surpresa e que teve outras consequências relevantes. Durante o fim de semana, Greg Brockman, cofundador da OpenAI, revelou ter pedido a demissão. Na segunda-feira, o CEO da Microsoft, Satya Nadella, anunciou a contratação de Altman e Brockman para liderarem uma nova equipa de investigação avançada em inteligência artificial.

Desde então, a calma não mais regressou à OpenAI. A quase totalidade dos cerca de 700 trabalhadores da empresa assinou uma carta aberta com um ultimato à administração, exigindo que pedisse a demissão ou os signatários iriam acompanhar Altman e juntar-se à Microsoft, que tem 49% da OpenAI. A empresa, uma das mais mediáticas do último ano, enfrentava um sério risco de implodir.

Para esta situação pode ter contribuído a estrutura interna pouco usual da OpenAI, como explicou na terça-feira a revista The Economist, pela qual os investidores têm direitos limitados. Apesar de ter sido criada em 2015 como uma organização sem fins lucrativos, a OpenAI abriu em 2019 uma subsidiária com fins lucrativos para poder continuar a financiar a sua atividade, já que o treino de modelos de inteligência artificial exige enormes quantidades de dados e de poder de computação.

No entanto, até que a OpenAI consiga alcançar uma espécie de superinteligência algorítmica, o momento em que um modelo se torna mais capaz do que um humano, a participação dos investidores nos lucros está limitada a 100 vezes o seu investimento (esse limite vai aumentar gradualmente a partir de 2025). Todos os lucros acima desse patamar serão canalizados para a entidade sem fins lucrativos e serão reinvestidos.

Cabe ainda à administração decidir quando é que essa superinteligência foi alcançada, uma regra que deveria permitir à OpenAI escapar à pressão dos seus investidores. Os desenvolvimentos desta quarta-feira parecem sugerir que a medida não foi bem sucedida em alcançar esse objetivo.

(Notícia atualizada pela última vez às 8h28)

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A Internet de alta velocidade em breve chegará a todos os cantos das casas por meio da tecnologia FTTR

  • Servimedia
  • 22 Novembro 2023

As operadoras de telecomunicações estão a desenvolver novas soluções para levar a conectividade da Internet de alta velocidade para dentro das residências.

Especificamente, estão a impulsionar a nova tecnologia FTTR, baseada em fibra óptica e com cobertura WiFI6 Gigabit, que possibilitará aproveitar ao máximo a potência oferecida pelas conexões de última geração, especialmente o 5G, dentro de casa.

Com a “Fibra até o Quarto” (FTTR), antes conhecida como “Fiber To The Room” (FTTR), passou-se de levar a fibra óptica até o prédio e, em seguida, até cada residência (FTTH ou Fiber To The Home), para estender a internet em velocidades de gigabit para cada quarto ou canto da casa. Isso é um passo importante, já que muitos dos aplicativos que os usuários estão utilizando requerem alta velocidade e largura de banda que o 5G proporciona. No entanto, o sinal de muitos dos equipamentos Wi-Fi atuais não tem capacidade suficiente para atravessar as paredes das residências, o que impede que ele chegue regularmente a todos os quartos.

A MaisMóvil, que recentemente anunciou a próxima disponibilidade de soluções FTTR para seus clientes, explica que “em comparação com as redes Wi-Fi tradicionais, o FTTR pode aumentar significativamente a velocidade e reduzir a latência”. Para isso, essa tecnologia utiliza um roteador óptico principal, além de roteadores secundários conectados diretamente à fibra óptica instalada em cada um dos quartos.

Isso, como relatado pela operadora, permitirá ter velocidades mais rápidas em qualquer cómodo para uso de “aplicativos críticos, como videoconferências, streaming de conteúdo em alta definição ou jogos online”; mas também em ambientes empresariais ou, por exemplo, em instalações hoteleiras.

Por sua vez, a Vodafone lançou em Portugal seu novo serviço Vodafone Fiber to the Room, que é considerado como um serviço premium, especialmente voltado para casas com grandes espaços, bem como para famílias com vários usuários conectados online simultaneamente. Também destaca sua adequação para jogadores, streamers e usuários de serviços intensivos de internet. Outro aspecto característico é o componente estético dessas instalações, uma vez que o cabeamento da fibra óptica é praticamente invisível.

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Retenção progressiva de IRS para independentes proposta pelo PS “não faz sentido”, avisam fiscalistas

O acordo da Concertação Social prevê aproximação da tributação dos independentes à dos dependentes. PS propôs retenção na fonte de IRS progressiva para recibos verdes, mas fiscalistas deixam críticas.

O Governo tinha firmado o compromisso de rever ao longo de 2023 as taxas de retenção na fonte dos trabalhadores independentes, mas com o ano já a terminar, até agora, nada mudou. Em vez disso, o PS decidiu propor uma alteração ao Orçamento do Estado para 2024 que prevê que serão feitas as mudanças informáticas necessárias para que venham a ser aplicadas taxas de retenção progressivas a esses contribuintes, medida que, segundo os fiscalistas, não faz sentido. Isto uma vez que os rendimentos destes portugueses são altamente variáveis e imprevisíveis. Pior, os especialistas temem que o sistema possa ficar ainda mais complicado.

“O Governo tinha uma autorização legislativa para mudar o sistema de retenções na fonte para os trabalhadores dependentes e independentes em 2023. Usou essa autorização para mudar o sistema de retenção na fonte para os trabalhadores por conta de outrem, mas não para os independentes. Porquê? Precisamente porque o tema é simples para os trabalhadores por conta de outrem, mas não para os independentes”, argumenta Luís Leon, fiscalista e cofundador da consultora ILYA, em declarações ao ECO.

Em concreto, o Orçamento do Estado para este ano previa que durante 2023 o Governo se comprometia a rever as taxas de retenção na fonte aplicáveis aos trabalhadores independentes.

E o então secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, António Mendonça Mendes, chegou mesmo a sinalizar em outubro do ano passado que o Governo estaria a trabalhar na reformulação do modelo de retenção na fonte de IRS que é aplicado aos rendimentos desses portugueses.

Mas com o ano de 2023 a terminar, nada mudou até ao momento. Aliás, o Governo aproveitou o reforço do acordo de rendimentos — assinado em outubro na Concertação Social, com três das quatro confederações patronais e a UGT — para incluir nesse entendimento a intenção de aproximar a tributação dos recibos verdes à do trabalho dependente.

Ainda assim, a proposta de Orçamento do Estado para 2024 apresentada pelo ministro das Finanças, nada trazia nesse sentido, tendo Fernando Medina remetido as alterações para um diploma autónomo.

Porém, com o Governo agora prestar a cair, o PS decidiu que, afinal, esse assunto deve constar no Orçamento do Estado para o próximo ano. “O Governo procede, durante o ano de 2024, às necessárias alterações informáticas para a aplicação de taxas de retenção na fonte progressivas aos trabalhadores independentes“, lê-se na proposta de alteração entregue na semana passada no Parlamento pelos socialistas.

“Até parece que os titulares de rendimentos da categoria B devem ser equiparados a trabalhadores por conta de outrem. Os titulares da categoria B são apenas pessoas que criaram negócios, que não se organizaram sob a forma de uma sociedade limitada ou uma sociedade anónima, mas são donos de um negócio. Os recibos verdes não são rendimento. São faturação”, salienta Luís Leon.

E questionado sobre se faz ou não sentido os trabalhadores independentes terem um modelo de retenção progressiva, esse fiscalista afirma, de forma categórica: “nem pensar“. “Se queremos um modelo mais adequado de adiantamentos ao Estado, o meio não é a retenção na fonte, mas, sim, os pagamentos por conta“, considera.

Também João Espanha, fiscalista e fundador da Espanha e Associados, deixa críticas ao modelo sugerido pelo PS. “Um verdadeiro trabalhador independente não possui um rendimento fixo ou previsível, como sucede com os trabalhadores dependentes, pelo que os problemas práticos que se colocarão serão seguramente mais impactantes do que o escasso benefício que os contribuintes de mais baixos rendimentos irão suportar“, realça o especialista, que teme que o novo modelo venha a “complicar ainda mais um sistema que já é intratável“.

O problema é que o nosso legislador, quando pensa em recibos verdes, pensa sempre nos falsos recibos verdes, e opta por fazer alterações desestruturantes para, supostamente, proteger as vítimas desse flagelo. Ora, o problema que se quer acautelar é de Direito de Trabalho, não de Direito Fiscal, sendo que este último não deve servir para resolver problemas sociais”, alerta João Espanha.

Uma “não proposta” do PS

Pior do que não fazer sentido face à natureza dos rendimentos independentes, é que, afinal, a proposta do PS pode não ter pernas para andar. Os socialistas não propõem uma mudança ao Código do IRS; Apenas querem que o Governo se comprometa a fazer as mudanças necessárias ao sistema informático da Autoridade Tributária (AT).

Ora, mesmo depois de realizadas as alterações ao sistema informático, o Governo teria sempre de ir ao Parlamento pedir para mudar a lei fiscal para aplicar taxas progressivas aos recibos verdes. Mas a Assembleia da República não tarda será dissolvida, na sequência do pedido de demissão de António Costa do cargo de primeiro-ministro.

Tanto que a Associação Nacional dos Profissionais Liberais (ANPL) já declarou que se trata de uma “mera declaração de intenções sem substância e concretização“.

“Não bastam alterações informáticas. É preciso mudar o texto do Código do IRS e o Governo não tem competência para mudar o texto da lei. Apenas a Assembleia da República o pode fazer. Por isso a proposta, é uma, na verdade, não proposta“, considera, assim, Luís Leon, em linha com os profissionais liberais.

E João Espanha atira: “por muito que a nossa Autoridade Tributária prefira hoje o Direito do Sistema ao Direito legislado, quero pensar que ainda não chegámos ao ponto de a Constituição da República se dever subordinar ao software do Fisco. Concedo que, por vezes, parece.”

Há, além disso, potenciais problemas de privacidade dos contribuintes portugueses associados à proposta do PS. O alerta foi dado pela ANPL: se a taxa de retenção variar consoante o nível de rendimentos, as empresas que contratam os trabalhadores independentes conseguirão perceber o que estes ganham, o que poderá “fragilizar a posição negocial” desses profissionais e até levar a uma revisão em baixa dos contratos.

“Não faz qualquer sentido um trabalhador independente ser obrigado a divulgar ao seu cliente qual é o seu nível de rendimento anual”, observa Luís Leon, confirmando esse potencial perigo.

Que retenção na fonte de IRS fazem os independentes?

Tomada de posse dos novos Secretários de Estado - 02DEZ22

Nuno Félix, Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais

Para perceber toda esta discussão, importa também explicar que modelo de retenção na fonte é hoje aplicado aos trabalhadores independentes, que são cerca de 384 mil indivíduos no mercado de trabalho português. E não é igual para todos.

Até 2001 havia uma categoria de rendimentos para os recibos verdes, outra para rendimentos comerciais e industriais e ainda outra para rendimentos agrícolas.

Nesse ano, essas várias categorias foram fundidas. Mas como resquício desse histórico permanecem as diferenças de retenção na fonte consoante o tipo de atividade e de cliente. Por exemplo, num recibo de um cabeleireiro, não há retenção na fonte. Já num recibo médico, há, detalha o fiscalista Luís Leon. E quanto a faturação do trabalhador independente é inferior a 15 mil euros por ano, não há obrigação de retenção na fonte.

De resto, para quem faz retenção na fonte, regra geral, a taxa é de 25% sobre o rendimento bruto, quer o trabalhador independente receba 20 mil euros anuais ou 50 mil euros anuais. “Quem ganha pouco sofre retenção elevada e quem ganha muito acaba por ter de compensar com pagamentos por conta de imposto, que podem ser muito violentos”, esclarece João Espanha.

Perante este cenário, este fiscalista admite que se aplicassem taxas distintas por opção do trabalhador — o que é diferente do que está a ser proposto pelo PS, que prevê taxas progressivas impostas pelo Fisco –, mas frisa que tal poderia ser problemático em termos práticos.

A propósito, em reação à proposta socialista, a ANPL deixou claro que preferia que o Fisco sugerisse apenas as taxas de retenção na fonte variáveis em função do nível de rendimentos, deixando aos trabalhadores a decisão de escolher que taxa é a mais adequada.

“A ANPL valoriza o princípio da aplicação de taxas de retenção na fonte variáveis, mas preferia que os profissionais liberais tivessem mais autonomia e liberdade para escolher qual a taxa de retenção na fonte que deverá ser aplicada“, destacou a associação.

À parte da retenção na fonte, os trabalhadores independentes têm também de fazer pagamentos por conta, em que o titular do rendimento faz três pagamentos por ano com base no rendimento de há dois anos atrás.

Em ambos os casos (retenção na fonte e pagamento por conta), está em causa um adiantamento do imposto que o contribuinte faz ao Estado. Na primavera do ano seguinte, à semelhança dos trabalhadores por conta de outrem, os recibos verdes têm de entregar a declaração de IRS (a famosa Modelo 3) e acertar contas com o Fisco, podendo receber um cheque corresponde ao imposto paga em excesso. É o chamado reembolso.

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