Televisão absorve maior parte de investimento publicitário. Internet tem 5% de quota de mercado

Os dados são do "What's on the market?", relatório do semestre produzido pelo GroupM, que pretende traçar um retrato do país e, em particular, do investimento publicitário.

O investimento publicitário, a preços de tabela, cresceu 22% no primeiro semestre deste ano, com 89% da publicidade a ser canalizado para televisão. Nesta, os canais free-to-air (FTA) absorvem 77% do investimento e a pay TV 12%. A internet, mesmo sem o Google, Facebook ou compra programática, é o segundo meio, com 5% de quota de mercado. Os dados são do “What’s on the market?“, relatório do semestre produzido pelo GroupM, que pretende traçar um retrato do país e, em particular, do investimento publicitário.

De acordo com o relatório, elaborado com base em dados MediaMonitor – que se referem a preços de mercado, ou seja, sem os descontos negociados com os meios – os cinco setores que mais investem em publicidade reforçaram o montante alocado. O comércio cresceu 13%, a indústria alimentar aumentou o investimento em 25%, a indústria farmacêutica em 18%, os serviços e equipamentos de comunicação em 31% e, por último, a indústria automóvel investiu mais 45% do que em 2022. Em todos estes setores o valor investido em publicidade é o mais elevado dos últimos quatro anos. Recorde-se que no final do primeiro trimestre de 2020, em virtude da pandemia Covid 19, a publicidade travou a fundo, tendo vindo a recuperar nos últimos anos.

Fonte: YUMI Multimeios /MediaMonitor (Valores de Tabela) Período: Jan/Jun Dados Trabalhados por: GM Intelligence; Os investimentos do meio Internet não incluem Google, Facebook ou Compra Programática

No acumulado do semestre, e como o +M já tinha avançado, a Nos é o maior anunciante do mercado. Em relação ao período homólogo, a operadora liderada por Miguel Almeida aumentou, a preços de tabela, o investimento em 62%. Modelo Continente, Ediclube, Altice, Unilever, McDonald’s, L’Óreal, Lidl, Vodafone e Doce completam o ranking dos maiores anunciantes do país.

Fonte: YUMI Multimeios /MediaMonitor (Valores de Tabela) Período: Jan/Jun Dados Trabalhados por: GM Intelligence; Os investimentos do meio Internet não incluem Google, Facebook ou Compra Programática

 

Analisando por meios, o investimento em televisão cresceu 28% no primeiro semestre de 2023, mostra o relatório do GroupM, com os dez maiores anunciantes a reforçarem a presença neste suporte.

Fonte: YUMI Multimeios /MediaMonitor (Valores de Tabela) Período: Jan/Jun Dados Trabalhados por: GM Intelligence; Os investimentos do meio Internet não incluem Google, Facebook ou Compra Programática

 

Presente em 92% dos lares portugueses, o maior fornecedor de serviços de televisão paga é a Meo, com 42% de penetração. Segue-se a Nos com 38%, a Vodafone com 18% e a Nowo com 3%.

Entre o perfil de audiência há algumas diferenças que saltam à vista entre os telespectadores dos canais generalistas e da televisão paga, desde logo começando pelo género: 60% dos telespectadores do FTA são mulheres, enquanto nos canais por cabo a percentagem está equilibrada. Nas faixas etárias, o maior grupo é sempre o acima dos 65 anos, mas enquanto nos canais generalistas a faixa a seguir é a dos 55/64 anos, nos canais por cabo é mais jovem, entre os 25 e os 44 anos. Nas classes sociais, com 39% nos dois casos, surge a D. A A/B constitui 13% dos espectadores dos canais em sinal aberto, percentagem que sobre para 19% nos canais por cabo.

Com um pico de audiências em 2020, ano em que por força da pandemia os portugueses permaneceram mais tempo em casa, o tempo médio de visionamento de televisão tem vindo progressivamente a ajustar-se, mas ainda acima dos valores pré-pandemia. De salientar o crescimento da pay TV, que do primeiro semestre de 2019 para os primeiros seis meses de 2023 ganhou cerca de 20 minutos de tempo visionado.

Nos canais generalistas, destaque para a aproximação entre a SIC e a TVI. O canal da Impresa continua a liderar tanto no total dia como no prime-time, mas a TVI tem vindo progressivamente a encurtar, na média dos semestres, a distância.

Na pay TV, apesar coexistirem mais de 200 canais, e como mostra o gráfico, 24% do share de audiência está alocado a apenas 15. CMTV, CNN Portugal, SIC Notícias, Fox e Globo são os mais vistos.

Entre as OTT, com maior penetração nos targets mais jovens, lidera confortavelmente a Netflix, seguida pela HBO, Disney+ e Prime Video.

No meio rádio o crescimento do investimento publicitário é de 5% na comparação homóloga, com os dados compilados pelo GroupM a mostrarem uma variação considerável entre os principais anunciantes.

O consumo tem-se mantido estável nos últimos dois anos, com o auto-rádio a ser ainda o suporte utilizado em 80% das situações. O telemóvel e o computador ocupam as duas posições seguintes, com 30% e 22%, respetivamente. 41 % dos inquiridos – Bareme Rádio – ouvem rádio online regularmente, salienta o relatório. No perfil de audiência a repartição entre géneros é equitativa, com a rádio a ser mais escutada na faixa etária entre os 25 e os 44 anos.

A Rádio Comercial é a estação mais ouvida, seguida pela RFM, e o Bauer Media Audio Portugal o grupo que, através da soma das suas estações, lidera em termos de audiências.

Nas plataformas de streaming o Spotify lidera com larga vantagem, sendo consumido por 24% dos portugueses. Em Portugal, 33% da população ouve streaming de música, mostra o relatório.

Relevante é a penetração dos podcasts, quase transversais entre os 18 e os 54 anos.

Na imprensa a tendência continua a ser de queda, com o primeiro semestre do ano a registar mais um decréscimo de 2% no investimento em publicidade. A população com mais de 55 é a que mais lê tanto jornais como revistas, com a circulação digital, e sobretudo a circulação digital paga, ainda muito longe – como mostra o gráfico – de compensar a quebra na circulação em papel.

No meio outdoor, mostra também o relatório, 65% da publicidade é feita em mobiliário urbano.

A crescer está o número de espectadores de cinema. Apesar de um aumento de 34% na comparação homóloga na ida às salas de cinema, os números ainda estão longe dos pré-pandemia e, nos primeiros seis meses deste ano, são idênticos aos de 2013.

Bastante mais alta é a penetração das redes sociais e, enquanto navegam nas diferentes plataformas, os portugueses sobretudo veem televisão, ouvem música, convivem com a família e amigos e até navegam em outros sites.

Com 10,4 milhões de residentes, 29% da população portuguesa tem entre 45 e 64 anos. Os jovens, entre os 0 e os 24 anos, são 23% da população.

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Freixo de Espada à Cinta demora 324 dias a pagar aos fornecedores. Há sete autarquias a pagar a mais de 90 dias

No segundo trimestre, nove autarquias têm um prazo de pagamento superior a 60 dias, num universo de 143. Freixo de Espada à Cinta leva 324 dias a pagar aos fornecedores, Tarouca 123 e Tábua 121.

Freixo de Espada à Cinta demora, em média, 324 dias para pagar aos seus fornecedores. Está há cinco trimestres consecutivos a agravar este indicador, sendo agora a autarquia que mais tempo leva a pagar aos fornecedores, de acordo com os dados disponíveis pela Direção-Geral das Autarquias Locais. Num universo de 143 municípios para os quais existem dados (não há para os 308), apenas sete demoram mais de 90 dias a pagar as faturas a fornecedores.

A autarquia, que tem um historial de incumprimento da regra de que as câmaras devem pagar, em média, aos seus fornecedores em 90 dias, tem vindo a agravar os prazos de pagamento desde o segundo trimestre de 2022. Um desempenho que contraria a melhoria que vinha sendo conseguida desde o quarto trimestre de 2020, ou seja, ainda no segundo mandato da social-democrata, Maria do Céu Quintas, que foi sucedida pelo socialista Nuno Gomes Ferreira.

Nuno Gomes Ferreira justifica o agravamento do indicador precisamente com a “má gestão anterior”. “Havia bastante faturas camufladas e que não eram colocadas a pagamento”, denuncia ao ECO o presidente da Câmara de Freixo de Espada à Cinta. “Quando chegámos à câmara a 13 de outubro pensávamos que a dívida de curto prazo era de 2,5 milhões de euros, mas, depois de uma auditoria externa que pedimos, subiu para 5,6 milhões“, conta. “Todos os dias recebemos faturas cuja dívida não estava cabimentada”, acrescenta.

A gravidade da situação levou a Câmara recorrer ao Fundo de Apoio Municipal (FAM), um mecanismo de recuperação financeira dos municípios, mediante a implementação de medidas de reequilíbrio orçamental e de reestruturação de dívida. “Após negociação com o Governo e aprovação na Assembleia da República da possibilidade de recorrer ao FAM, já estamos na fase final de negociação com o fundo para pedir seis milhões de euros“, avançou Nuno Gomes Ferreira, que tem a expectativa de concluir as negociações em novembro ou dezembro.

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O pódio das autarquias que não cumpre os prazos médios de pagamento recomendado, segue com Tarouca, que leva cerca de 123 dias para pagar aos seus fornecedores e Tábua que demora 121 dias para liquidar as faturas. A lista prossegue com Santa Comba Dão e Murça que pagam ambas a 111 dias; Alfândega da Fé (104 dias) e Povoação (96).

Madalena e Pinhel pagam respetivamente, em média, a 80 e 76 dias.

O ranking dos prazos médios de pagamento das autarquias há muito que padece de falta de comparabilidade. Desde o quarto trimestre de 2019 que não existe uma listagem completa que inclua os 308 municípios devido às dificuldades técnicas de adaptação ao novo Sistema de Normalização Contabilística para as Administrações Públicas (SNC-AP) introduzido em 2020. Não é só o prazo médio de pagamento dos municípios que é afetado. Também a aferição do seu nível de endividamento foi afetado.

Segundo a Direção-Geral das Autarquias Locais (DGAL), no segundo trimestre deste ano nove autarquias têm um prazo de pagamento superior a 60 dias, num universo de 143 municípios. Ou seja, há 156 câmaras cuja informação não está validada no Sistema de Informação do Subsetor da Administração Local (SISAL). Este é apenas um dos sistemas da DGAL para o qual os municípios têm de remeter diferentes peças de relato. O Sistema Integrado de Informação das Autarquias Locais (SIIAL) é outro.

E entre estas 156 há câmaras de grandes dimensões (com mais de cem mil habitantes) como Porto, Braga, Maia, Santa Maria da Feira, Sintra, Almada, Loures, Seixal, Setúbal, Vila Franca de Xira, Vila Nova de Famalicão.

Desde fevereiro deste ano, a publicitação trimestral do prazo médio de pagamento das autarquias é feito “apenas para os municípios que têm um prazo médio de pagamentos (PMP) superior a 60 dias”, explicou ao ECO fonte oficial do Ministério da Coesão. “A divulgação do PMP dos municípios, independentemente do número de dias, acontece apenas no relatório anual“, precisou a mesma fonte. “A publicitação do PMP é feita como um retrato de situação, balizado ao fecho de cada trimestre, e com indicação da data de extração dos dados obtidos a partir da peça de relato que é submetida pelos municípios através do SISAL”, acrescentou.

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Governo adia Plano de Ação para o Biometano para 2024

Um dos gases renováveis com maior maturidade tecnológica tem um grande diploma pendente. O Plano de Ação para Biometano era para sair este ano, mas o Governo adiou agora para 2024.

O Plano de Ação para o Biometano deverá ser publicado apenas no primeiro trimestre de 2024, indica o Ministério do Ambiente e da Ação Climática ao ECO/Capital Verde. Anteriormente, a intenção era que fosse divulgado ainda este ano.

“O Plano de Ação para o Biometano é uma reforma prevista no âmbito do REPowerEU, estando agendada a sua publicação para o primeiro trimestre de 2024″, revelou fonte oficial do Ministério do Ambiente.

O ministério liderado por Duarte Cordeiro afirmara em janeiro que o plano estava em elaboração, com publicação prevista ainda para este ano. Já na altura argumentava que o biometano não ficou para segundo plano [face a outros gases renováveis]. Para o ministério da tutela, isto era “claro” através dos apoios ao CAPEX [investimento], avançados tanto no âmbito do Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR) como no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Além disso, o gabinete de Duarte Cordeiro apontava que a portaria para a compra centralizada de biometano e hidrogénio inclui uma maior quantidade de biometano do que de hidrogénio para injeção na rede nacional de gás.

Numa nota recente, o Governo anunciou ainda que vai lançar um novo aviso para a produção de gases renováveis no âmbito do programa REPowerEU, com uma dotação de 70 milhões de euros. E aproveitou para partilhar que as candidaturas ao aviso anterior, de 83 milhões, superaram largamente a dotação disponível. Das candidaturas submetidas, 39 dizem respeito a projetos de hidrogénio verde, nove são de biometano e um projeto prevê a produção dos dois gases renováveis.

Ainda de acordo com o ministério, na Direção Geral da Energia e Geologia (DGEG) estão ativos 17 pedidos de registo prévio de projetos de biometano, com uma produção anual estimada de 842 gigawatts-hora (GWh).

Promotores querem estratégia a apoiar investimentos

Na visão da Floene, a operadora dominante da rede de distribuição a nível nacional (antiga Galp Gás Natural Distribuição), a Estratégia Nacional para o Biometano seria importante para dar um sinal aos investidores, a par da revisão do Plano Nacional da Energia e Clima, que foi publicado no passado mês de junho. Estes diplomas podem servir de estímulo não só pela definição de “métricas mais ambiciosas”, mas também ao “indiciarem algumas ações que permitam acelerar investimentos de descarbonização ao nível das redes, clientes e produtores”, defende fonte oficial da empresa, em declarações ao ECO/Capital Verde.

Já o presidente da Dourogás, Nuno Moreira, considera essencial que a estratégia identifique as origens do biometano, assim como a criação de um modelo económico para o tratamento dos resíduos. A Dourogás tem avançado com diversos testes piloto, nos quais tem obtido resultados favoráveis, e afirma que tem novos projetos de biometano na mira, embora prefira não os detalhar para já.

Para que os projetos de biometano avancem, ainda é necessário reduzir a incerteza do lado do consumo, nomeadamente no sobrecusto do biometano face ao gás natural, para promover o investimento do lado da produção, acrescenta a Floene.

Em paralelo, “existe alguma falta de clareza no estabelecimento de objetivos da percentagem de gases renováveis no Sistema Nacional de Gás, que crie confiança (…) onde promotores, incumbentes e clientes finais consigam temporizar investimentos e soluções minimizando riscos e incertezas”, acrescenta a operadora da rede, numa opinião partilhada por Nuno Moreira. Na visão da mesma empresa, seriam bem-vindos apoios ao CAPEX para unidades de produção de biometano que cobrissem a instalação de um projeto desde a raiz, em vez de se apoiar apenas projetos que já tenham o biogás disponível para a conversão.

Nuno Moreira sugere ainda que a taxa de carbono, atualmente cobrada aos clientes de gás em Portugal e colhida pelo Fundo Ambiental, deveria ser usada para subsidiar a produção de biometano.

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📹 Que países formam os futebolistas mais valiosos?

Europa domina o ranking dos países que formam os futebolistas mais valiosos. Reino Unido lidera e Portugal ocupa o sétimo lugar com um jogador avaliado em média em mais de quatro milhões de euros.

O Reino Unido é o país que forma os jogadores de futebol mais valiosos, segundo um estudo da Premier Bet. Um futebolista inglês vale cerca de 8.523.200 euros. A Europa domina a lista, ocupando Portugal a sétima posição do ranking, com os futebolistas a serem avaliados, em média, em mais de quatro milhões de euros.

Veja o vídeo e descubra os dez países que formam os futebolistas mais valiosos.

http://videos.sapo.pt/6rQFtIKYnbDam5WBgMEP

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Arrefecer a casa no verão. Ventoinha de teto ganha ao ar condicionado (e outras dicas)

Agosto começou com uma subida das temperaturas a nível nacional e, com isso, reavivou-se o tema da pobreza energética. Em casa, os portugueses arrefecem as casas, mas qual é o equipamento mais caro?

Numa altura em que as temperaturas a nível mundial batem recordes, e 2023 já ameaça ser o terceiro ano mais quente desde de que há registo, é inevitável que as temperaturas sentidas no exterior acabem por influenciar, também, o interior das casas. Ainda que, tipicamente, o termo “pobreza energética” esteja mais associado à sensação de frio dentro de casa, certo é que o verão também é uma altura de desconforto térmico para muitas famílias.

Num estudo levado a cabo pela Lisboa E-Nova, Agência de Energia e Ambiente de Lisboa e a AdEPorto, Agência de Energia do Porto, 32% dos residentes em Lisboa e no 23% dos residentes no Porto admitiu desconforto em relação à temperatura em casa no verão. Por sua vez, um conjunto de testemunhos recolhidos pela associação ambientalista Zero e entregues ao Ministério do Ambiente e Ação Climática, este ano, indicava que 54% dos inquiridos dizia sofrer de “frio” e de “calor” dentro de casa durante o inverno e verão, respetivamente.

Colmatar esse desconforto térmico com o recurso a ventoinhas ou ar condicionado é a alternativa mais comum, depois de os refrescos, janelas abertas ou vestuários adequados já não serem capazes de o fazer. A decisão tem, naturalmente, impactos na fatura da eletricidade.

Com isto em mente, o comparador de tarifas de energia e telecomunicações Selectra fez as contas e partilhou-as com o Capital Verde. Esta entidade estima que arrefecer a casa no verão, durante uma hora e ao longo de um período de 30 dias, poderá traduzir-se num acréscimo na fatura da eletricidade que pode ascender aos 15 euros, no mercado livre, e aos 16 euros no mercado regulado. Os montantes, porém, variam consoante o perfil do consumidor, equipamento utilizado e tarifa contratada.

 

As estimativas foram feitas com base no preço de consumo, não tendo sido incluídos impostos nem o preço de potência diária, explica a Selectra. Para uma configuração familiar sem filhos, foi considerado o uso de um ar condicionado fixo numa divisão da casa. Neste caso, arrefecer a casa custa cerca de 5 euros, tanto no mercado livre como no regulado.

Para famílias com dois filhos, foram incorporados dois ares condicionados fixos, em duas divisões da casa, e uma ventoinha de teto. Nesta situação, as diferenças também não são muitas, custando cerca de 10 euros, tanto no mercado regulado como no livre.

Por fim, para famílias com quatro filhos, a diferença entre arrefecer a casa com uma tarifa no mercado regulado ou no livre é de um euro. Neste cenário, foram contabilizados dois ares condicionados fixos, duas ventoinhas de teto e um ar condicionado portátil, espalhados por várias divisões.

Ventoinha de teto ganha em relação ao ar condicionado

Em todas as situações avaliadas pela Selectra, é evidente que o ar condicionado é o equipamento menos económico na fatura de qualquer consumidor, quer no mercado livre ou regulado. Segundo as contas, este equipamento ligado, durante um mês, por pelo menos uma hora por dia, resulta num acréscimo de cerca de cinco euros na fatura.

Os valores caem para quase metade quando se avalia o custo do ar condicionado portátil na fatura mensal da eletricidade. No mercado livre, este equipamento representa um acréscimo de 2,88 euros na fatura, enquanto no mercado regulado, o mesmo equipamento chega a pesar cerca de 3 euros no consumo final do mês.

A ventoinha de teto é, segundo as contas da Selectra, aquela que pesa menos na fatura, acrescentando quase 0,40 cêntimos na fatura mensal da eletricidade.

 

Procura por ares condicionados dispara até agosto

A análise surge numa altura em que a procura por ares condicionados tem subido de forma significativa em Portugal.

De acordo com a Fixando, um serviço de marketplace para contratação de serviços, a procura por instalação de ares condicionados subiu 50% entre 1 de junho e 6 agosto deste ano, em comparação com o mesmo período de 2022.

Na verdade, salienta a app, o aumento da procura foi tão significativo “que o setor não tem conseguido responder a todos os pedidos”: no período referido, 47% dos clientes tiveram dificuldades em obter resposta ao seu pedido.

A procura teve, por sua vez, implicações sobre o valor do serviço que, segundo a Fixando, aumentou em comparação com o ano passado. Neste momento, o preço médio pelo serviço de instalação de ares condicionados é de 437 euros (mais 30 euros face a 2022) e de 83 euros por serviço de manutenção (mais nove euros face ao ano passado).

Para além da instalação de ares condicionados, que correspondeu a 42% da procura por serviços de climatização, a Fixando registou ainda pedidos de reparação (24%) e manutenção (15%) destes equipamentos. Globalmente, a procura por estes serviços cresceu 34% face ao período de 1 de junho a 6 de agosto do ano passado, revelam.

Uso eficiente dos equipamentos pode gerar até 40% de poupanças

“Acreditamos firmemente que, ao compreender plenamente as opções disponíveis e os respetivos custos associados, as famílias poderão adotar medidas eficazes para poupar energia e reduzir as despesas, sem comprometer o seu conforto“, refere a Selectra.

Entre as recomendações, a empresa apela ao uso eficiente dos equipamentos. Por exemplo, opte por colocar o ar condicionado a uma temperatura entre 24 graus Celsius e 25 graus Celsius, “pois cada grau que baixar o consumo de energia aumentará em 8%”.

Além disso, aponta que 80% do consumo do ar condicionado resulta do arrefecimento do ar que recolhe. “Assim, é muito mais barato utilizar uma ventoinha que, embora não arrefeça o ar, fá-lo circular”, concluem. E, por fim, recomenda que, caso se opte por comprar um aparelho de ar condicionado, na altura da compra deve certificar-se de que tem uma etiqueta energética “A”. “Se esta for A+++, a poupança de energia será cerca de 40%“, aponta a Selectra. E já depois de o adquirir, assegure-se que as janelas estão fechadas quando o ligar”.

As poupanças também se verificam quando são desligados aparelhos que não estar a ser utilizados — especialmente quando vai de férias — pois deixá-los em stand-by, segundo as contas da Selectra, representam 10% a 16% do consumo doméstico de eletricidade.

Mas existem outras formas de arrefecer a casa nos dias mais quentes, sem que faça recurso a aparelhos. A título de exemplo, a Deco Proteste recomenda o fecho das janelas, com a ajuda de estores e toldos e, se puder, coloque plantas altas perto da janela para criar sobra. “Com estes gestos, poupa cerca de 30% de energia“, estima a associação de proteção do consumidor.

Já nos dias mais abafados, quando sair de casa, a Deco recomenda o uso de roupas leves e frescas e que se evite esforço físico, e, quando possível, abra janelas de fachadas opostas, para obter um arejamento intensivo.

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Governo faz avaliação dos prejuízos do incêndio de Odemira até 12 de setembro

  • Lusa
  • 13 Agosto 2023

O Governo pretende recolher informação sobre os prejuízos causados pelo incêndio de Odemira até meados de setembro e só depois anunciar medidas de apoio à população.

Ana Abrunhosa, ministra da Coesão Territorial, cumprimenta bombeiros durante a sua visita às zonas afetadas pelos incêndios no município de Odemira. 13 agosto 2023. Tiago Canhoto/Lusa.

O levantamento dos prejuízos causados pelo incêndio de Odemira, no distrito de Beja, vai ser feito até 12 de setembro, enquanto o Governo decide os apoios a conceder, revelou hoje a ministra da Coesão Territorial.

É o tempo de fazer o levantamento rigoroso dos prejuízos e irmos recebendo alguma informação e planeando” os apoios, afirmou a ministra Ana Abrunhosa, em declarações aos jornalistas em São Miguel, na freguesia de São Teotónio, Odemira.

A governante falava após uma reunião com dirigentes de associações e autarcas deste território sobre os danos provocados pelo fogo, dado como dominado na quarta-feira, realizada no Centro Sociocultural de São Miguel.

Ana Abrunhosa adiantou que uma nova reunião ficou agendada para 12 de setembro, também no concelho de Odemira, referindo que nessa altura já haverá “dados definitivos dos prejuízos e, provavelmente, até já uma ideia dos apoios concretos”. “Se não conhecermos os problemas, como é que vamos criar as medidas”, questionou.

Segundo a responsável pela tutela da Coesão Territorial, o Governo ainda não tem “os números exatos de habitações permanentes e unidades turísticas” destruídas pelas chamas, “nem sequer a certeza absoluta dos hectares que arderam”.

“Quando criamos as medidas, temos que ter um levantamento fidedigno de prejuízos”, pois “os apoios são dinheiro dos nossos impostos e nós também temos que prestar contas”, salientou.

Reconhecendo que “as pessoas sofreram” com o incêndio e que “têm pressa em ser ajudadas”, Ana Abrunhosa alertou que o Governo não pode criar medidas de apoio “como se tivesse recursos ilimitados e sem saber o que está em causa”.

A governante, que iniciou a deslocação a Odemira com uma passagem pelo posto de comando, instalado em São Teotónio, disse ainda que os apoios do Governo destinam-se a “quem tem seguro” e são “para a parte que não é coberta”. “Em geral, o apoio é a fundo perdido”, prosseguiu.

Segundo a ministra, o Governo pode utilizar o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para a criação de uma área integrada de gestão florestal e verbas do programa Portugal 2030 para a recuperação da biodiversidade na zona atingida pelo fogo.

“No caso de habitação permanente, há uma medida que está sempre aberta, que é o Porta de Entrada, através do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU), acrescentou.

No final da reunião, Ana Abrunhosa, acompanhada pelos autarcas de Odemira (Beja) e Aljezur (Faro) e outros responsáveis, visitou Odeceixe, neste concelho algarvio, e observou, a partir de um ponto alto, a destruição provocada pelo fogo.

O incêndio, que teve início no dia 5 de agosto e foi dado como dominado às 10:15 de quarta-feira, mantém-se em vigilância.

O fogo rural numa área de mato e pinhal deflagrou na zona de Baiona, na freguesia de São Teotónio, concelho de Odemira, a meio da tarde do dia 05 e entrou nos concelhos algarvios de Monchique e Aljezur. A área ardida ascende a cerca de 8.400 hectares, num perímetro de 50 quilómetros.

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Fundos de pensões rendem menos de 2% ao ano desde 2017

A rendibilidade dos fundos de pensões nos últimos seis anos fica abaixo da taxa de inflação média neste período, que se situou nos 2,8%.

Os fundos de pensões acumulam uma valorização de 2,6% no primeiro trimestre do ano, depois de em 2022 terem perdido 10%. O desempenho histórico dos fundos de pensões estão longe de ser positivo.

De acordo com cálculos do ECO com base em dados da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) presentes no último Relatório de Estabilidade Financeira, os fundos de pensões ofereceram aos seus subscritores apenas 1,86% por ano desde 2017. Neste período, a taxa de inflação média anual em Portugal foi de 2,79%.

Significa que, nos últimos seis anos, os subscritores de fundos de pensões registaram uma perda de poder de compra real de 0,93 pontos percentuais por ano.

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Grande parte deste desempenho foi penalizado por uma rendibilidade negativa de 10% dos fundos de pensões no ano passado (mesmo assim abaixo das perdas de 17% dos fundos de pensões globais), “a par de uma diminuição, em cerca de 40%, das contribuições e de um aumento, em 5,5%, dos benefícios pagos”, refere a ASF no relatório sobre a indústria.

A contração do volume de contribuições para os planos de pensões foi agravada no primeiro trimestre deste ano. Segundo a ASF, “as contribuições para os planos de benefício definido (BD) diminuíram 41,3% em 2022, e apresentaram uma redução homóloga de quase 90% nos primeiros três meses do ano de 2023, prolongando o comportamento já verificado em 2020 e 2021”, lê-se no relatório da ASF.

A associação do setor justifica esta dinâmica pela alteração da conjuntura das taxas de juro, “que contribuiu para um alívio nas necessidades de financiamento dos planos BD, por via da redução do valor atual esperado das responsabilidades.”

Todavia, os dados presentes no relatório da ASF concluem também que as entregas para os planos individuais registaram descidas acentuadas em 2022 (46,5%), que foram agravadas no primeiro trimestre de 2023 (62,6%, face ao período homólogo), contrariando a tendência crescente registada nos últimos anos.

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Lucro da seguradora Allianz cresce 78% para 4.369 milhões de euros até junho

  • Lusa
  • 13 Agosto 2023

Bons resultados nos seguros do ramo não Vida explicam um melhor desempenho dos negócios da seguradora alemã.

A seguradora Allianz revelou que teve um lucro de 4.369 milhões de euros até junho deste ano, mais 78,2% que em igual período do ano passado, devido aos bons resultados nos seguros do ramo não Vida.

A Allianz referiu também em comunicado, que o lucro operacional registou um aumento homólogo de 14,9% no primeiro semestre deste ano para 7.513 milhões de euros e que o volume de prémios total subiu para 85.600 milhões de euros (+4,8 %).

Nos primeiros seis meses deste ano, o ramo não Vida apresentou um lucro de exploração de 3.855 milhões de euros, ou seja, mais 16,3% em termos homólogos.

Os seguros de Vida e saúde tiveram um desempenho melhor, com o resultado operacional a subir para 2.521 milhões de euros (+41,1%), devido ao desempenho dos Estados Unidos, onde a Allianz teve de criar provisões no primeiro trimestre do ano passado para compensar as perdas do fundo de cobertura “Structured Alfa” da Allianz Global Investors.

No entanto, a gestão de ativos da seguradora viu o resultado operacional cair para 1.426 milhões de euros, uma quebra de 11,1% até junho deste ano, em termos homólogos.

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Estagnação da Alemanha coloca economistas sob alarme

  • Lusa
  • 13 Agosto 2023

A estagnação da economia alemã, em contraste com o regresso ao crescimento de outros países, levou os economistas a pedir medidas estruturais para uma saída da crise.

A estagnação da economia alemã, em contraste com o regresso ao crescimento de outros países, levou os economistas a pedir medidas estruturais para uma saída da crise.

“Numa fase de baixo crescimento ou mesmo de desaceleração da economia, as pessoas têm de contar com tempos difíceis”, disse Veronica Grimm, do Conselho Consultivo de Economistas do Governo alemão, aos meios de comunicação do grupo Funke, no fim de semana, citados pela Efe.

Grimm diz que é irrelevante estar um pouco acima ou um pouco abaixo do crescimento zero. O que é decisivo é o facto de a situação implicar sacrifícios reais. “É importante que os decisores políticos falem claramente e digam que a transformação da economia também terá custos para o cidadão comum”, afirmou.

Os números têm mesmo levado alguns meios de comunicação social a falar da Alemanha novamente como o “homem doente da Europa”, uma expressão que foi utilizada no início deste século, antes das reformas estruturais da chamada Agenda 2010 do último governo de Gerhard Schröder.

No último trimestre de 2022 e no primeiro trimestre de 2023, o Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha contraiu-se e o país entrou numa recessão técnica. No segundo trimestre do ano, registou-se uma estagnação.

O FMI, por sua vez, estima uma contração de 0,3% este ano e o alemão Bundesbank também prevê uma queda do PIB, enquanto Berlim espera um crescimento de 0,4% e o Conselho Consultivo de Economistas aponta um aumento de 0,2%.

Há várias razões para a estagnação, sendo que as empresas se queixam dos elevados custos da energia, da burocracia e da falta de mão-de-obra qualificada. O índice de clima empresarial do IFO, um dos primeiros indicadores de referência, voltou a cair em julho.

Por outro lado, a inflação está a afetar o consumo e, embora o pico de 8,7% em termos anuais pareça ter sido ultrapassado, o nível de 6,2% ainda está longe do objetivo do BCE de 2,0%, e os economistas dizem que a redução não será rápida.

“A inflação tem sido mais persistente do que se esperava. Temos os custos energéticos mais elevados, os impostos mais elevados e os custos laborais mais elevados”, queixou-se o presidente da associação patronal alemã, Rainer Dulger.

“Além disso, temos uma infraestrutura decadente. A estes problemas juntam-se a falta de mão-de-obra qualificada e o atraso na digitalização e descarbonização”, acrescentou.

Há quem apele – tanto do lado dos empregadores como do lado dos sindicatos — a um apoio a curto prazo por parte do Governo. No entanto, Marcel Fratzscher, presidente do Instituto de Estudos Económicos de Berlim, defende que um chamado pacote económico com reduções de impostos e subsídios não resolveria os problemas e poderia até ser contraproducente.

A Alemanha não tem um problema conjuntural, mas sim um problema estrutural. Por isso, não deve lançar um pacote de ajuda a curto prazo, mas sim um programa de transformação a longo prazo”, afirmou Fratzscher numa declaração publicada no sítio Web do DIW.

O programa de transformação, segundo o economista, deve conter uma ofensiva de investimento, um plano de redução da burocracia e um reforço dos sistemas de segurança social.

Fratzscher diz ainda que o Governo deve ultrapassar a sua “obsessão míope” em cumprir o chamado travão da dívida, que exige um défice não superior a 0,25% do PIB, apesar da atual crise, e libertar recursos para a ofensiva de investimento.

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Marca Portugal já ganhou com a JMJ, defendem especialistas

A JMJ foi um evento que tinha muito para correr mal, mas acabou por superar até as melhores expectativas. Os ganhos de força e reputação da marca Portugal devem agora traduzir-se em ganhos económicos.

Momentos antes de começar a primeira missa da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), peregrinos de quase todos os países do mundo formaram uma mancha humana que se estendia do Parque Eduardo VII até ao Marquês de Pombal.Lusa

As contas da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) ainda estão por fazer e o retorno económico dificilmente será uma conta simples. Mas, em termos de reforço da marca Portugal, não parecem existir dúvidas de que a realização da JMJ foi uma aposta ganha. Do ponto de vista quantitativo ainda é prematuro apontar números, uma vez que a juntar ao período do evento é necessário acrescentar o eco do período pós-evento, nota Pedro Tavares, founder & managing partner da OnStrategy, consultora especializada na avaliação financeira, de estratégia e força de marcas.

Ainda assim, “considerando as quatro semanas que antecederam o evento e, em particular a semana do evento, há ganhos consideráveis na maioria das dimensões em avaliação“, adianta o responsável. Notoriedade, admiração, confiança, ambiente político, ambiente económico, ambiente social, valores, cultura, beleza e relevância internacional são os itens que já surgem reforçados.

Notoriedade, admiração, confiança, ambiente político, ambiente económico, ambiente social, valores, cultura, beleza e relevância internacional são dimensões já reforçadas.

Pedro Tavares

founder & managing partner da OnStrategy

Em 2022, de acordo com o estudo Country Brand, que avalia a força e reputação de Portugal, o país tinha uma força e reputação moderada para o público interno (62,7 pontos) e vulnerável para o público externo (57,9 pontos), mostrava o relatório da OnStrategy.

Na edição deste ano, que será lançada em setembro, os indicadores podem ser mais positivos. “Num primeiro momento, que antecede o evento, e no próprio evento, é o público interno o que mais é impactado e, como tal, o que mais influencia a força e a reputação da marca Portugal. O público externo, e neste caso não apenas os que participam no evento, começa a gerar a sua relevância no decorrer do evento e no período posterior ao mesmo, nas diferentes dimensões de avaliação“, refere Pedro Tavares.

Tal como os restantes especialistas ouvidos pelo +M, Pedro Tavares refere a Expo 98 e o Euro 2004 como eventos comparáveis à JMJ. “Esses eventos, beneficiaram da sua duração no tempo de ativação, tiveram impactos muito positivos e permitiram reforçar a força e reputação da marca Portugal, tanto para o público interno como externo“, recorda.

Durante a JMJ, Portugal foi notícia em todo o mundo. A cobertura noticiosa a nível internacional resultou, só no online, num total de 40.733 notícias. Os dados foram avançados pela Cision que, a pedido do +M, analisou o número de notícias publicadas sobre o tema.

Foi um evento que tinha muito para correr mal e que acabou por superar em grande escala a expectativa de todos os portugueses, promotores e detratores, analistas e comentadores.

Salvador da Cunha

CEO da Lift e fundador do Reputation Circle

EUA, Itália, Espanha, Alemanha, França, Brasil, Reino Unido, Argentina e Coreia do Sul (país que recebe a próxima JMJ) são as geografias onde o evento originou mais notícias.

Se havia algum país que ainda não tivesse ouvido falar de Portugal, com a JMJ, pessoas oriundas de 151 países ouviram falar. Estes jovens certamente voltarão a Portugal e todos os que não estiveram presentes têm mais razão para visitar“, acredita Marta Bicho, diretora do IPAM Lisboa.

Na última semana, Portugal provou então ter capacidade para receber e organizar eventos de grande envergadura e complexidade. Depois, e a título de exemplo, Marta Bicho acrescenta aspetos como as imagens que circularam do evento — por exemplo, do Parque Tejo, que reforçam a imagem positiva e a reputação de Portugal –, as infraestruturas disponíveis — desde o Parque Eduardo VII e Parque Tejo aos transportes –, a agenda do Papa, passando por vários locais, a participação e disponibilidade demonstrada também pela sociedade civil e mesmo a produção artística, com concertos e várias atividades a decorrer em simultâneo, que acrescentam valor.

Acima de tudo, a JMJ foi uma festa, onde se sentiu uma ´boa onda´, culminado pela mensagem do Papa. Não só demonstrámos que somos um país que sabe receber, como um país que mesmo num evento Católico sabe divertir-se, tal como o exemplo da participação do Padre DJ (Padre Guilherme) com o mix de música eletrónica. Embora, o objetivo fosse o encontro dos jovens de todo o mundo com o Papa, este foi um evento aberto a todos e de todos, quer estejam mais próximos ou mais distantes da Igreja“, reforça a diretora do Instituto Português de Administração e Marketing (IPAM).

A mensagem do Papa, no momento de despedida, vem alavancar mais uma razão para visitar Portugal: “Obrigado a ti, Lisboa, cidade de sonhos!”, disse o Papa Francisco. “E, dito isto, existe mais um mote que potencia o efeito da visibilidade da marca Portugal“, acrescenta Marta Bicho.

“Se havia algum país que ainda não tivesse ouvido falar de Portugal, com a JMJ, pessoas oriundas de 151 países ouviram falar. Estes jovens certamente voltarão a Portugal, e todos os que não estiveram presentes têm mais razão para visitar.”

Marta Bicho

diretora do IPAM Lisboa

Em resumo, afirma Salvador da Cunha, CEO da Lift e fundador do Reputation Circle, “foi um evento que tinha muito para correr mal e que acabou por superar em grande escala a expectativa de todos os portugueses, promotores e detratores, analistas e comentadores“.

O especialista em comunicação não tem dúvidas de que a reputação do país fica definitivamente reforçada. “Reforça Portugal e Lisboa como destino turístico e cultural internacional, reforça a imagem de Portugal como país organizado, civilizado e moderno. Reforça a imagem na área da segurança e da saúde. Reforça a reputação como um país acolhedor, simpático, com boa gastronomia, com boas condições de vida”, detalha. Estas dimensões e atributos, acrescenta, permitem também complementar perceções sobre uma imagem muito ligada ao turismo de verão. “Ou seja, Portugal deixa de ser apenas praia, golf e surf. Passa a ser muito mais do que isso…“, resume o fundador do Reputation Circle.

Os ganhos são maioritariamente intangíveis, mas não os julguem de menor importância, defende Sofia Almeida, coordenadora da área de Turismo e Hospitalidade da Universidade Europeia. “Se associarmos a estes ganhos imateriais a nossa diversificada oferta de produtos turísticos, o nosso clima, a segurança oferecida enquanto destino, concluímos que estamos a transformar-nos num destino muito competitivo”, conclui a responsável pela área de turismo da universidade.

Agora, terminado o evento, “numa visão conjuntural pretende-se que muitos (os suficientes, esperamos) coloquem o destino na sua shortlist de férias e nos visitem, num futuro próximo”. Numa estratégia a longo prazo, a JMJ fará parte “do património de um país hospitaleiro e, em conjunto com outras histórias e outros eventos, contribuirão de forma intangível para o fortalecimento da nossa reputação”. “Num sentido mais prático, esperamos que a JMJ contribuam, na sua medida, para aumentar o número de turistas que visitam Portugal“, resume Sofia Almeida.

Embora o retorno não seja no imediato mensurável, Pedro Tavares frisa que ganhos de força e reputação de marca devem traduzir-se em ganhos económicos. Neste caso, será, ou deverá ser, “por via de atração em visitar, estudar, trabalhar, investir no país e em comprar produtos e serviços nacionais”, detalha.

Se associarmos a estes ganhos imateriais a nossa diversificada oferta de produtos turísticos, o nosso clima, a segurança oferecida enquanto destino, concluímos que estamos a transformar-nos num destino muito competitivo.

Sofia Almeida

coordenadora da área de Turismo e Hospitalidade da Universidade Europeia

A reputação é um conjunto de perceções que se vai formando. Às perceções iniciais vão-se acrescentando camadas, com diferentes atributos, que a fortalecem. É necessário que se mantenham as características e que haja evoluções incrementais positivas em cada uma delas, para não haver deceções e para não ficar aquém das expectativas que foram formadas”, adverte Salvador da Cunha.

Ou seja, “cabe-nos a nós portugueses, ao Governo, autarquias e todas as entidades que tiverem responsabilidade na organização deste momento, de não deixar cair nenhuma destas pontas e ainda acrescentar fatores de surpresa”, alerta. Do ponto de vista de imagem externa, acredita, Portugal evoluiu muito significativamente nos últimos 10 anos. Agora, “temos de ter a capacidade de continuar a evoluir e a surpreender”, reforça Salvador da Cunha.

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Pequenos acionistas do Credit Suisse planeiam ação judicial contra aquisição do UBS

Os investidores de retalho que perderam dinheiro quando o Credit Suisse foi adquirido pelo UBS, em março, pretendem avançar com uma ação judicial para contestar o negócio.

A aquisição do Credit Suisse pelo UBS a 19 de março por 3 mil milhões de euros ainda faz correr tinta. A Associação Suíça de Proteção dos Investidores tenciona apresentar a queixa no Tribunal de Comércio de Zurique na segunda-feira, em nome de cerca de 500 pequenos investidores do Credit Suisse, segundo o Financial Times.

No centro das queixas dos pequenos investidores está o facto de o negócio ter sido orquestrada pelas autoridades suíças e negado aos acionistas de ambos os bancos um voto sobre o negócio.

Além disso, recordam que o montante pago pelo UBS foi menos de metade do valor de mercado do Credit Suisse no último dia de negociação antes de o negócio ser selado e uma fração do seu valor contabilístico.

Esta é a segunda ação coletiva de ex-acionistas do Credit Suisse contra o UBS, enquanto vários outros processos são movidos por detentores de obrigações que foram alvo de profundas perdas.

É ainda de notar que, na sexta-feira, o UBS decidiu cancelar um pacote de seguros garantido pelo Estado suíço que protegia o banco de cerca de 9,4 mil milhões de euros de potenciais perdas resultantes do resgate do Credit Suisse.

Com esta decisão, o UBS espera diminuir a pressão política sobre a fusão. Além disso, se alguma coisa correr mal no futuro, os clientes e credores do banco suíço sabem que o Estado continua a ser responsável.

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Kremlin já não estará a financiar o grupo de mercenários da Wagner

  • ECO
  • 13 Agosto 2023

O ministério da Defesa britânico considera que a rebelião falhada do grupo Wagner a 24 de junho terá levado Moscovo a cortar a linha de financiamento do grupo mercenário liderado por Prigozhin.

A rebelião falhada pelo grupo Wagner a 24 de junho terá interrompido a linha de financiamento do grupo de mercenários liderado por Yevgeny Prigozhin por parte do Kremlin. Pelo menos é isso que acredita o governo britânico.

Este domingo, o Ministério da Defesa britânico afirmou que existe uma possibilidade realista de a Rússia já não financiar as atividades do grupo Wagner. No seu boletim diário, a autoridade britânica revela que o Estado russo atuou contra outros interesses comerciais de Prigozhin, após este ter liderado um motim falhado contra as altas patentes do exército russo, em junho.

“Se o Estado russo deixar de pagar a Wagner, os segundos pagadores mais plausíveis são as autoridades bielorrussas”, refere a Reuters citando o boletim diário do ministério da Defesa, acrescentando que isso seria uma fuga de recursos da Bielorrússia.

O ministério afirmou que o Grupo Wagner estava a reduzir e a reconfigurar a sua estrutura para poupar nas despesas salariais do pessoal numa altura de pressão financeira.

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