JMJ: Marquês de Pombal e Avenida da Liberdade cortadas ao trânsito

  • Lusa
  • 3 Agosto 2023

A Praça Marquês do Pombal estará a partir das 00:00 de quinta-feira "sujeita ao isolamento total da circulação" e a Avenida Liberdade estará totalmente cortada existindo condicionamentos de trânsito.

A circulação na Praça Marquês de Pombal e na Avenida da Liberdade fica cortada a partir das 00:00 de quinta-feira, no âmbito da Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa, divulgou quarta-feira a PSP.

Em comunicado, o Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis) da PSP referiu que a Praça Marquês do Pombal estará a partir das 00:00 de quinta-feira “sujeita ao isolamento total da sua circulação”, enquanto diversas artérias “cuja circulação se faça em direção à Praça Marquês do Pombal” sofrerão “fortes condicionamentos de trânsito”.

De igual modo, a Avenida Liberdade estará totalmente cortada existindo condicionamentos de trânsito em diversas ruas e avenidas cuja circulação se faça em direção a esta artéria, tal como a Alameda Cardeal Cerejeira e nas vias em direção a esta.

Também a partir das 00:00, a rua Castilho estará cortada, existindo fortes condicionamentos de trânsito nas artérias em direção a esta rua, enquanto a Avenida António Augusto Aguiar estará cortada a partir do entroncamento com a rua Marquês da Fronteira e a Avenida Fontes Pereira de Melo, no sentido Praça Duque do Saldanha — Marquês de Pombal.

A partir das 07:00 de quinta-feira, a Avenida da República estará cortada “no acesso ao túnel do Campo Pequeno, sentido Campo Grande-Saldanha (impedimento de acesso ao túnel) e cortada nas “vias centrais, bem como dos seus atravessamentos”, existindo cortes de trânsito em diversas artérias cuja circulação se faça em direção a esta avenida.

A Avenida Duque de Loulé está a partir das 07:00 cortada, assim como artérias em direção a esta avenida, situação semelhante para a Praça do Comércio.

Já na Praça Duque do Saldanha haverá impedimento de acesso a partir das 07:00 às vias centrais da Avenida da República bem como de acesso à Avenida Fontes Pereira de Melo.

Em Cascais, entre as 09:00 de quinta-feira e as 00:00 de sexta-feira haverá “condicionamento da circulação e eventual corte de trânsito, entre a Rotunda João Paulo II (Rotunda do Centro Cultural de Cascais) e a Rotunda da Av. Valbom”.

Já entre as 09:00 e 13:00 de quinta-feira será cortada ao trânsito a Avenida da República (entre a Rotunda Comendador Joaquim Baraona e a Rotunda João Paulo II), entre outras artérias na zona.

As entradas e saídas da Marina são efetuadas pela Av. Rei Humberto II de Itália, com circulação alternada, explicou ainda a PSP.

Entre as 10:00 e 12:30 de quinta-feira o corte de trânsito afetará a Avenida 25 de Abril, somente no sentido descendente desde a Avenida Eng.º Adelino Amaro da Costa até à Rotunda Francisco Sá Carneiro, e a Avenida Marginal, nos dois sentidos desde os Jardins do Casino até Cascais, entre outras artérias.

O plano de acessibilidades devido à realização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que arrancou na terça-feira, prevê condicionamentos à circulação rodoviária na área do Parque Eduardo VII na quinta e na sexta-feira, devido às cerimónias para ali previstas.

Nestas áreas estão delimitadas três tipos de zonas: vermelha, com restrição absoluta à circulação rodoviária; amarela, com restrição fortemente condicionada à circulação rodoviária; e verde, com restrição condicionada à circulação rodoviária.

Os condicionamentos garantem a circulação de veículos de emergência, transporte de medicamentos, transporte de pessoas com mobilidade reduzida e acesso a assistência médica mesmo nos momentos em que os eventos acontecem.

Há exceções de circulação na zona vermelha, nomeadamente a residentes e trabalhadores, que têm de se fazer acompanhar de um comprovativo de residência ou de uma declaração da entidade patronal, de acordo com o plano de acessibilidade.

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O dia em direto nos mercados e na economia – 3 de agosto

  • ECO
  • 3 Agosto 2023

Ao longo desta quinta-feira, 3 de agosto, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto

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Auchan vai comprar toda a operação do Grupo Dia em Portugal por 155 milhões

Acordo assinado entre a Auchan Portugal e o Grupo Dia abrange as 489 lojas Minipreço. Grupo Dia saí da distribuição alimentar de proximidade em Portugal.

A Auchan vai comprar a totalidade da operação em Portugal do Grupo Dia por 155 milhões de euros. Em causa estão 489 lojas de proximidade e a integração dos 2.650 colaboradores do Minipreço.

O acordo assinado esta quinta-feira entre a Auchan Portugal e o Grupo Dia — que ainda está sujeito à aprovação da Autoridade da Concorrência e por isso a sua conclusão só será feita nos próximos meses — vai implicar a saía do Grupo Dia a distribuição alimentar de proximidade em Portugal concentrando o seu foco estratégico em países onde tem “uma posição de relevância que lhe permita estabelecer a sua proposta de valor com a ambição de ser a Loja de bairro e online favorita dos clientes”, explica a Auchan em comunicado enviado às redações.

O perímetro da operação inclui 489 Lojas da insígnia Minipreço e Mais Perto, em regime próprio ou franchisado, três armazéns, além dos contratos, licenças e ativos necessários para a operação. Além disso, o acordo garante a integração dos 2.650 colaboradores do Minipreço.

O presidente executivo global do Grupo Dia justifica operação com a “fase de consolidação do crescimento” que a empresa atravessa. “O nosso objetivo é que a Dia se concentre nos países onde tem potencial de crescimento. Para isso é necessário enfrentar o cenário atual e simplificar o perímetro do Grupo Dia”, explica Martín Tolcachir, citado no mesmo comunicado.

O responsável garante que “a decisão de vender o negócio em Portugal não foi fácil, mas é a acertada” dada a necessidade de “centrar esforços nos mercados” onde consideram ser “mais relevantes” e onde têm “capacidade de crescer com uma única insígnia, Dia”.

A decisão de vender o negócio em Portugal não foi fácil, mas é a acertada.

Martín Tolcachir

CEO do grupo Dia

A rede de supermercados DIA perdeu 67 milhões de euros no primeiro semestre do ano, reduzindo as perdas em 35,8% em relação ao período homólogo, segundo os dados avançados pela empresa esta quinta-feira ao mercado. Até junho, o resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações (EBITDA) caiu 20%, para 98 milhões de euros, e a margem bruta baixou 3,3%, para 729 milhões de euros.

No caso específico das lojas em Portugal, as vendas líquidas do Minipreço aumentaram 4,1% no primeiro semestre, para 295 milhões de euros, com as vendas comparáveis a crescerem 7,3%. O que, na ótica do grupo detentor, que acaba de vender esta operação, demonstrou “a resiliência do negócio num cenário desafiante devido à entrada e expansão de novos operadores no mercado” português, como é o caso da Mercadona.

Já para a Auchan, que conta com 93 lojas em Portugal, este negócio representa um aumento da capilaridade, aproveitando o modelo de negócio do franchising, que querem desenvolver já que historicamente, a Auchan sempre esteve mais concentrada nos hipermercados. “Esta aquisição representa uma forte aposta da Auchan, ao juntar a sua experiência de mais de 50 anos de hipermercados em Portugal ao segmento de proximidade e também ao modelo de franchising, que é um dos pontos fortes do Minipreço”, explica o diretor-geral da Auchan Retail Portugal, Pedro Cid, em comunicado.

Nos últimos anos a Auchan tem vindo a tentar crescer neste segmento da proximidade através da abertura de lojas My Auchan.

Este negócio segue as pisadas do que aconteceu na vizinha Espanha. Em março deste ano, a Auchan concluiu a compra dos 235 supermercados de tamanho médio do Grupo DIA por 267 milhões de euros. O acordo para o negócio já tinha sido alcançado em agosto do ano anterior, mas aguardava as autorizações necessárias dos reguladores. O DIA justificou este negócio, quando foi conhecido, por os supermercados de tamanho médio não se enquadrarem na estratégia da empresa focada em estabelecimentos de proximidade, ou lojas de bairro, mais pequenas.

No final de 2022, o Grupo DIA tinha 5.699 lojas em quatro países – Espanha, Portugal, Argentina e Brasil – e fechou com prejuízos de 124 milhões de euros, menos 51,9% do que em 2021. As vendas globais do grupo aumentaram no ano passado 9,6% e cresceram em todos os quatro mercados, embora com dimensões diferentes e com o valor mais baixo a ser registado em Portugal, mais 0,5% (para 596 milhões de euros), contra 5,4% em Espanha, 10,9% no Brasil e 30,8% na Argentina.

(Notícia atualizada com mais informação)

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É diretor de recursos humanos? Algumas soluções para agilizar o dia a dia

Necessidades de suporte IT a toda a hora? Reembolso de despesas? Talentos internacionais que precisam de apoio no processo de emigração? Estas soluções prometem facilitar cada um destes desafios.

Necessidades de suporte IT a toda a hora, sobretudo com os modelos de trabalho remoto e híbrido. Reembolso das despesas adiantadas pelos colaboradores. Talentos internacionais que necessitam de acompanhamento e apoio em todo o processo de emigração. Estes são apenas alguns dos desafios que se colocam atualmente aos departamentos de recursos humanos e para os quais há soluções tecnológicas que prometem dar resposta.

Ajudar as equipas de recursos humanos a enfrentarem os desafios diários da gestão de pessoas e, em alguns casos, contribuir para a atração e retenção de talento, é o que propõem algumas das soluções tecnológicas já disponíveis no mercado.

O Trabalho by ECO reuniu algumas soluções — das várias que já existem no mercado — que podem facilitar o seu trabalho diário.

Uma extensão da equipa de IT

Destinado a apoiar as organizações a gerirem as necessidades de apoio técnico e a oferecerem serviços digitais sem fricções, o Service Desk da Experis é uma espécie de uma extensão da equipa de IT da empresa. Focado na resolução de incidências de hardware, software ou mesmo de equipamento POS (pontos de venda), o serviço está disponível em mono ou multi-idioma (mais de 20 línguas).

“Hoje, os profissionais acedem a uma maior diversidade de aplicações e dispositivos que devem estar sempre disponíveis e operacionais, quer sejam estes ferramentas corporativas ou da propriedade do utilizador, e independentemente dessa utilização se verificar no local de trabalho, em casa ou no exterior. Ao mesmo tempo, as áreas de IT sentem uma grande pressão para minimizar o custo do downtime para a empresa, enquanto lidam com pedidos de maior complexidade e são solicitadas para oferecer um contributo cada vez mais importante para a transformação digital de empresas e negócios”, dizia Nuno Ferro, operations director da Experis Portugal, aquando do lançamento deste novo serviço.

Estes dois cenários, aliados à elevada escassez de perfis tecnológicos, faz com que as lideranças de IT, sintam hoje fortes desafios na entrega do apoio desejado aos profissionais das suas organizações. O Service Desk da Experis permite-nos apoiar o contínuo crescimento e adaptação aos novos modelos de trabalho dos nossos clientes, ao mesmo tempo que garantimos a continuidade das suas atividades core.

Nuno Ferro

Operations director da Experis Portugal

“Estes dois cenários, aliados à elevada escassez de perfis tecnológicos, faz com que as lideranças de IT, sintam hoje fortes desafios na entrega do apoio desejado aos profissionais das suas organizações. O Service Desk da Experis permite-nos apoiar o contínuo crescimento e adaptação aos novos modelos de trabalho dos nossos clientes, ao mesmo tempo que garantimos a continuidade das suas atividades core. As nossas equipas de profissionais qualificados estão disponíveis 24/365, atuando como uma extensão da equipa de IT da empresa”, detalhava o responsável.

Organização e gestão de gastos simplificada

Com um objetivo diferente, o Rydoo Cards, um complemento ao software da Rydoo, pretende facilitar a organização e gestão de gastos das empresas. A introdução de cartões corporativos físicos e de cartões virtuais elimina, por exemplo, a necessidade de os colaboradores pagarem despesas do próprio bolso e esperarem por reembolsos, algo muito comum no mundo do trabalho.

“A Rydoo sempre se comprometeu a oferecer aos seus clientes uma experiência conveniente, que permita maior controlo e garanta a conformidade com a legislação. Com os Rydoo Cards, damos um grande passo em frente, oferecendo uma solução integrada e que permite um maior controlo em tempo real, simplificando todo o processo de gestão de despesas”, explicou Sebastien Marchon, CEO da Rydoo, na altura do lançamento deste novo complemento.

Os cartões corporativos físicos servem para despesas diárias, enquanto os cartões virtuais ilimitados de utilização única destinam-se a transações seguras.

No que toca à gestão de despesas, a Pleo é outra solução que pode ajudar os departamentos de RH a acelerar a receção e reembolso das mesmas aos colaboradores.

A fintech dinamarquesa, que já tem a Scalpers, Sheraton e Odisseias no seu rol de clientes, diz estar a registar muito interesse no mercado português. “Temos visto um aumento de 500% do número de empresas a usar o sistema da Pleo em Portugal no primeiro trimestre quando comparado com o primeiro trimestre do ano passado”, revela no final de maio Álvaro Dexeus, head of southern europe da Pleo, sem adiantar dados mais concretos.

De acordo com a fintech, “em Portugal mais de metade das PME (55%) fazem o registo manual das despesas, causando um gasto de tempo, gerando erros, por isso vemos um enorme potencial para crescimento, já que a gestão das despesas é, hoje em dia, uma das tarefas que consomem tempo nas empresas portuguesas”, diz.

Acompanhamento para talentos internacionais e apoio na emigração

A procura elevada por profissionais qualificados e a falta de recursos em Portugal fez com que a Multivision, tal como muitas outras empresas, passasse a considerar recrutar pessoas de fora do país. O Brasil, pela sua densidade geográfica e inovação tecnológica, tem sido um dos principais países na mira. “A língua e a proximidade cultural fazem com que sejamos um destino atrativo para os profissionais que pretendem experimentar uma carreira internacional na Europa. Na Multivision, 50% dos colaboradores são de nacionalidade brasileira, mas contamos com uma grande diversidade de nacionalidades, tendo colaboradores de países como Nigéria, Colômbia, Polónia, Angola, Irão, Paquistão, Itália e Venezuela”, diz o CEO da empresa de consultoria de outsourcing IT.

Contudo, e ciente que a contratação de profissionais estrangeiros em Portugal aporta alguns desafios, nomeadamente, com os requisitos de migração dos consulados dos respetivos países de origem, que nem sempre têm vistos disponíveis, a Multivison oferece um serviço de acompanhamento para os talentos internacionais, através de um parceiro que disponibiliza suporte legal e financeiro na imigração, bem como ajuda na realocação em Portugal.

Desta forma, “o pedido de visto, a procura por habitação, e a documentação na Segurança Social ou outros organismos públicos ficam facilitados”, garante a companhia.

Aterragem ‘suave’ de empresas em Portugal

Já para ajudar as empresas estrangeiras a instalarem-se em Portugal, a Landing.jobs lançou a Softlanding, que pretende ser “um parceiro preferencial para empresas que queiram aproveitar as oportunidades disponíveis em Portugal, qualquer que seja o seu setor de atuação”.

“Portugal é cada vez mais um destino de eleição para empresas internacionais, e o objetivo da Softlanding é garantir que estas empresas ‘aterrem suavemente’ no nosso país”, contava José Paiva, CEO Landing.Jobs e da Softlanding, na altura.

Portugal é cada vez mais um destino de eleição para empresas internacionais, e o objetivo da Softlanding é garantir que estas empresas ‘aterrem suavemente’ no nosso país.

José Paiva

CEO Landing.Jobs e da Softlanding

Um número crescente de empresas estrangeiras tem vindo a escolher Portugal para instalar as suas operações, atraídos pela disponibilidade de talento e localização. “Lisboa, em particular, tem emergido como um centro tecnológico na Europa, com um número crescente de startups e empresas de tecnologia a estabelecerem-se na cidade”, destaca a Landing.Jobs, que, com um conjunto de 40 parceiros públicos e privados, cofundou o Portugal Tech Hub de modo a promover o destino Portugal junto do mercado empresarial incentivando a atração de empresas e talento ao país.

Criação de empresa, gestão de salários e processos de RH, recrutamento, vistos e realocações, employer of record (EOR), professional employer organisation (PEO) e serviços de apoio a profissionais (obtenção de estatuto residente não habitual, NIF e NISS português, etc.) são os serviços prestados pela unidade.

Pagamento de salários com mais flexibilidade

Preocupada com o recurso ao microcrédito, a Paynest permite ao colaboradores resgatar uma parcela do salário pela qual já trabalhou, contribuindo assim para evitar que as suas pessoas tenham de pedir empréstimos. A plataforma de pagamento flexível de salários, que chegou no ano passado a Portugal e Grécia, acredita ainda que este benefício permite também aumentar a sua atratividade das empresas e melhorar a retenção de talento, bem como os níveis de produtividade.

“Uma empresa que disponibilize este benefício será vista como pioneira e, portanto, mais atrativa aos olhos de quem procura emprego. Além disso, esta solução poderá também melhorar os níveis de retenção, já que permite dar resposta aos 78% de colaboradores que demonstram estar dispostos a trocar de empresa em troca de mais benefícios monetários”, dizia Nuno Pereira, cofundador e CEO da empresa, ao Trabalho by ECO.

“A disponibilização deste benefício afeta também a produtividade dos trabalhadores, pois há um alívio da preocupação com as questões financeiras, que impacta a performance do profissional. Isto é visível, especialmente, em situação de trabalhadores por turnos, uma vez que este modelo salarial mais flexível lhes dá maior controlo sobre o que podem receber”, continua.

Na prática, são as empresas que definem as condições que querem oferecer aos seus colaboradores e criam o fundo de onde saem os adiantamentos. A Paynest, por sua vez, integra a solução com o sistema de processamento salarial, sem necessidade de interrupções ou mudanças nos seus processos. Ao longo do tempo, os empregadores podem ajustar e personalizar as suas definições sempre que for necessário, através da plataforma de gestão, assim como acompanhar os movimentos e obter uma visão geral da situação económica e dos níveis de literacia financeira dos seus colaboradores.

A Payflow oferece um serviço semelhante, permitindo às empresas oferecerem a remuneração aos seus colaboradores quando lhes for mais conveniente, sem terem de esperar pelo final de cada mês. A solução da fintech espanhola permite às empresas pagarem o salário aos seus colaboradores à medida que o mês avança, e de acordo com as suas necessidades particulares, sem que sejam penalizados por isso.

“No fundo, o que permitimos é que os colaboradores tenham acesso ao dinheiro pelo qual já trabalharam, em qualquer altura do mês. As empresas pagam a 30 dias por três questões essenciais: fundo de maneio, organização interna e trabalho associado ao processamento de salários. A Payflow simplifica todo este processo e permite a qualquer empresa oferecer a possibilidade de receber o seu salário à la carte, um benefício totalmente gratuito para os colaboradores”, explicou Afonso Anjos ao Trabalho by ECO quando a startup entrou no mercado nacional.

“Não gostamos de lhes chamar adiantamento pela má conotação que, por vezes, a palavra traz, e também por ser associada ao crédito”, salienta. Assim, a Payflow acredita que a sua solução de HR tech ajuda, também, a combater um estigma.

Até ao final do ano, os DRH poderão ter ainda em mãos mais uma solução que vai permitir antecipar salário dos colaboradores, com a entrada da Coverflex, que atua na área dos benefícios flexíveis, neste campo. A solução de Acesso ao Salário Ganho “é algo que as empresas em Portugal já nos estão a pedir, é algo que vai ajudar milhares de colaboradores e alargar aquilo que é a compensação em Portugal. No quarto trimestre já deve, então, estar implementada em diversas empresas e ser uma opção para centenas de colaboradores”, assegura Inês Odila, country manager da Coverflex em Portugal, ao Trabalho by ECO.

‘Match’ entre talento e empregadores

Perante a escassez de talento e a dificuldade em atrair novos talentos, existem algumas plataformas que pretendem facilitar esta tarefa, conectando os profissionais e os potenciais empregadores. É o caso da Merytu, que ajuda a identificar talento na área de hospitality, através de um processo transparente, rápido e seguro para ambas as partes, trabalhadores e empresas.

A startup tem como objetivo maior eliminar processos burocráticos relativamente à pesquisa e retenção de talento de forma praticamente imediata.

Recentemente, a Merytu expandiu recentemente para o Algarve, tendo já fechado 34 parcerias, entre as quais os hotéis Vila Galé, e cerca de 200 profissionais disponíveis para trabalhar na região. A solução tecnológica já estava disponível na zona Norte (Grande Porto e Braga), no Centro do país (Coimbra e Grande Lisboa).

“De entre os 30 parceiros no Algarve destaca-se na restauração o grupo Nosolo e na hotelaria parceiros como o grupo dos hotéis Real ou Vila Galé. Neste momento, temos dezenas de gigs já disponíveis para barman, empregado de mesa, copeiro, cozinheiro, host, promotor e ajudante de cozinha”, adianta João Silva Santos, CEO da Merytu, em declarações ao Trabalho by ECO. Ao todo, a plataforma tem cerca de 154 ofertas de emprego disponíveis.

“Todo o processo, desde a inscrição à realização de gigs, não tem qualquer custo, oferece um seguro de trabalho para cada serviço realizado e o customer service da Merytu está disponível para garantir apoio a todos os envolvidos, sete dias por semana”, refere ainda.

Noutra área de atividade, na saúde, a plataforma MyCareforce faz o ‘match’ entre enfermeiros e turnos. O objetivo da plataforma criada por dois portugueses é conectar profissionais de saúde, nomeadamente enfermeiros e técnicos auxiliares, a turnos disponíveis em instituições de saúde.

Atualmente, a MyCareforce dá os primeiros passos no Serviço Nacional de Saúde (SNS), através da colaboração com o Hospital Santo António dos Capuchos, em Lisboa. Contudo, no seu portefólio conta já com mais de cem empresas de saúde, entre as quais o Grupo Trofa Saúde, SAMS (subsistema privado de saúde dos bancários), Grupo Orpea, Residências Montepio, União das Misericórdias Portuguesas, entre outras, através das quais já preencheu um total acumulado de mais de 90 mil horas de cuidados, através de uma rede de mais de nove mil enfermeiros e acima de mil técnicos auxiliares registados.

Em 2022, a empresa pagou um milhão de euros aos profissionais por mais de 71.500 horas de cuidados prestados e foram publicados na plataforma à volta 12.500 turnos.

O preenchimento das vagas é todo feito de forma automática e o banco de enfermeiros é validado junto da respetiva Ordem profissional e existe, igualmente, um processo de verificação dos técnicos auxiliares

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Novas regras e metas para baterias são oportunidade para maior competitividade em Portugal, afirma Governo

Há novas regras e metas para o fabrico, recolha e tratamento de baterias e pilhas na UE. Governo admite que os objetivos são exigentes, mas vê uma oportunidade em termos de competitividade.

Há uma nova regulamentação da União Europeia que atribui uma renovada importância ao ciclo de vida das pilhas e baterias. Os 27 Estados-membros terão que alocar recursos para melhorar a produção dos equipamentos e reforçar a capacidade de recolha e reciclagem das pilhas e das baterias aquando do fim de vida, de forma a acautelar as necessidades industriais do bloco nos próximos anos, à medida que o planeta ruma em direção à descarbonização.

Em declarações ao ECO/Capital Verde, o Governo considera estas metas “ambiciosas” e adianta que conferem um novo desafio para o setor, uma vez que obrigam à aplicação de “um conjunto de medidas em todos os elos da cadeia de valor das baterias, que permitam evoluir a nível nacional”.

Desde logo, o executivo fala de medidas de promoção de ecodesign no fabrico de baterias e acumuladores, que possibilitem, depois, a reparação. E, chegando ao fim de vida, medidas que viabilizem o desmantelamento e a recuperação de materiais que visem a reincorporação noutras baterias. Estes passos, vão, por sua vez, obrigar ao desenvolvimento de uma “recolha mais eficaz” e irão assentar numa economia mais circular, que permitirá que Portugal “seja mais competitivo face a outros mercados”, afirma o Governo.

É nesse sentido, detalha o Ministério do Ambiente e da Ação Climática (MAAC), que estão a ser preparadas as novas licenças no âmbito da responsabilidade alargada do produtor para o sistema integrado do fluxo específico de resíduos de pilhas e acumuladores, que entrarão em vigor em 2024.

O caminho será exigente. Não só por causa dos requisitos que nascem com a nova regulamentação, mas também porque o histórico de Portugal no que toca à recolha de pilhas não é o melhor. Segundo os dados da Agência Portuguesa do Ambiente, em 2021, o país atingiu uma taxa de recolha de pilhas e acumuladores portáteis de 19,5%, quando a meta comunitária era de 45%. Ainda assim, garante o MAAC, “a estratégia e as medidas que serão brevemente aplicadas irão contribuir” para que os objetivos sejam cumpridos.

Exigências europeias vão obrigar a mais investimento

Para a Eletrão, entidade que recolhe embalagens, pilhas e equipamentos elétricos usados em Portugal, “serão necessários investimentos significativos” tanto no bloco europeu, como a nível nacional, de forma a consolidar uma estratégia que procure impulsionar a recolha e reciclagem, que, “neste momento está muito condicionada na Europa”.

Ao ECO/Capital Verde Ricardo Furtado, diretor-geral adjunto da Eletrão, aponta que, atualmente, “Portugal não dispõe de recicladores para pilhas e baterias portáteis e para baterias de veículos elétricos”, isto é, entidades que fazem a recolha destes recursos, sendo esse o motivo pelo qual “estes resíduos têm sido exportados para recicladores estrangeiros”, alega. Para mudar parte dessa realidade, recomenda o responsável, será “preciso conquistar” os municípios e os Sistemas de Gestão de Resíduos Urbano a instalar mais pilhoes na rua, e ainda o setor da distribuição dado que será obrigado a retomar pilhas e baterias usadas dos seus clientes com esta nova regulamentação.

As dificuldades também passam pela sensibilização. Para a Eletrão, é fundamental “que cada cidadão esteja consciente da necessidade de entregar o seu equipamento para a reciclagem num local autorizado” ao invés de o depositar no lixo indiferenciado. A entidade alerta que elementos perigosos que integram estas componentes, como o mercúrio, chumbo ou cádmio, podem causar “graves impactos negativos” se não forem devidamente tratados, não só no ambiente, como na saúde das pessoas, nomeadamente problemas nos rins e nos sistemas nervoso, neurológico e digestivo.

Taxa de recolha de baterias chegará aos 73% até 2030

Perante as previsões que dão conta de que a procura por baterias irá aumentar em cerca de 10 vezes até 2030, o Conselho Europeu, que está sob a presidência espanhola este semestre, reuniu consenso entre os 27 Estados-membros sobre uma nova regulamentação que visa melhorar a conceção de todos os tipos de baterias (portáteis; industriais; de arranque; iluminação e ignição; baterias de veículos elétricos e baterias para meios de transporte ligeiros, como bicicletas e trotinetes elétricas), permitindo maiores níveis de reutilização e reciclagem.

Além disso, estabelece novas obrigações para a recolha no bloco europeu. Até 2027, os 27 Estados-membros terão que garantir 63% de recolha de pilhas e baterias portáteis em fim de vida, sendo que essa percentagem salta para 73% até ao final de 2030. Além disso, introduz um objetivo específico de recolha de baterias de meios de transporte ligeiros (51% até final de 2028 e 61% até final de 2031).

As metas são se ficam por aqui, uma vez que Bruxelas quer que a valorização do lítio a partir de resíduos de pilhas e baterias seja de 50% até 2027, e de 80% até final de 2031, dado que este mineral é um elemento essencial para a produção de painéis solares e turbinas eólicas, mas também bombas de calor, baterias ou semicondutores. Já a valorização de baterias de níquel-cádmio é fixada em 80% até ao final de 2025 e em 50% até ao final de 2025 para outros resíduos de baterias.

As novas diretrizes preveem ainda níveis mínimos obrigatórios de conteúdo reciclado para as baterias industriais, baterias de iluminação e ignição e baterias de veículos elétricos. Foram inicialmente fixados em 16% para o cobalto, 85% para o chumbo, 6% para o lítio e 6% para o níquel.

Valorização de recursos reduz dependência de terceiros

Além de impulsionar a economia circular, permitindo que a União Europeia esteja alinhada com os objetivos do Pacto Ecológico Europeu, as metas do Plano de Ação para a Economia Circular e a Nova Estratégia Industrial, também permitem que os consumidores ganhem poupanças, dado que os equipamentos poderão ter uma maior longevidade.

O regulamento aprovado em Bruxelas prevê que, até 2027, as pilhas e baterias portáteis incorporadas em determinados aparelhos possam ser facilmente substituídas pelo consumidor, deixando tempo suficiente para que os operadores adaptem a conceção dos seus produtos a este requisito. Já os novos produtos terão que vir acompanhados de um passaporte digital com informação sobre o impacto ambiental.

Além disso, a regulamentação nova impele que haja uma maior reutilização destes equipamentos. “Por exemplo, uma bateria de um veículo elétrico pode ser reutilizada para armazenagem de energia num sistema fotovoltaico, o que constitui uma novidade”, realça Ricardo Furtado.

Por outro lado, as novas pilhas e baterias passarão a ser feitas com materiais reciclados, “evitando a dependência de países terceiros”, acrescenta o diretor-adjunto da Eletrão, numa opinião partilhada pelo Ministério do Ambiente. Segundo a Comissão Europeia, cerca de que 98% das matérias-primas críticas, como o lítio, níquel, cobalto ou chumbo, proveem de países fora do bloco europeu.

De forma a minimizar essa dependência, o gabinete de Duarte Cordeiro refere ainda que o Governo está a trabalhar com a cadeia de valor das baterias “no sentido de fechar estes ciclos”, proporcionando uma “oferta de matérias-primas secundárias com a qualidade necessária para que possam ser reincorporadas em novas baterias, promovendo maior eficiência dos recursos”.

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PSI com potencial de valorização de 29% nos próximos 12 meses

Depois de já ter oferecido ganhos de 8% este ano, os analistas atribuem um potencial de subida de mais 29% para o PSI. Semapa, Mota-Engil e Ibersol são os títulos com maior potencial de valorização.

As bolsas europeias estão a ter um ano positivo, com os principais índices acionistas a contabilizarem ganhos médios acima dos 8%. Entre as 600 maiores empresas europeias presentes no índice Stoxx Europe 600, por cada três que têm perdas, contam-se dez companhias com ganhos.

No PSI, que até ao momento acumula uma valorização mais modesta, de 4,4% desde o início do ano (ou 7,9% contabilizando os dividendos distribuídos), a divisão entre vencedores e perdedores em 2023 é mais equilibrada: entre as 16 empresas do principal índice da Euronext Lisboa, há oito que, desde o início do ano, foram capazes de oferecer ganhos aos seus acionistas, enquanto outras tantas fizeram exatamente o oposto. Mas, segundo as previsões dos analistas, o mais certo é os ganhos acabarem por encher a praça portuguesa nos próximos meses.

De acordo com os cálculos realizados do ECO, com base nos preços-alvo para as 16 ações do PSI e o peso que cada empresa tem no índice, o otimismo dos analistas é espelhado com um potencial de valorização de 29,3% para o principal índice da Euronext Lisboa, apontando para que passe dos atuais 5.979 pontos para 7.732 pontos nos próximos 12 meses.

No entanto, Vítor Madeira, analista da XTB, revela alguma prudência quanto ao desempenho do PSI até ao final do ano. “O índice deverá manter-se lateral com alguma tendência positiva em linha com o resto dos índices europeus, assumindo que não temos nenhum choque externo (como crise bancária, guerras, epidemias, etc.)”.

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Entre as empresas com maior potencial de valorização para os próximos 12 meses (período para o qual é definido os preços alvo dos analistas) há quatro com margem para subirem mais de 50% face ao preço de fecho de quarta-feira: Semapa (72,8%), Mota-Engil (61,3%), Ibersol (55,4%) e Greenvolt (50,7%).

Para Vítor Madeira, as empresas que mais poderão valorizar serão aquelas com “maior exposição a países em forte crescimento / desenvolvimento e que já vêm a mostrar elevados níveis no que toca a métricas fundamentais de crescimento (lucros, receitas e margens operacionais)”. O analista da XTB aponta, assim, à Jerónimo Martins, ao BCP e à Mota-Engil. Desde o início do ano, acumulam ganhos para a carteira dos seus acionistas de 23,8%, 63,7% e 115,7%, respetivamente.

O otimismo entre os analistas é tão grande que 12 das 16 empresas do PSI apresentam atualmente uma recomendação de “compra” ou de “forte compra” por parte de 50% ou mais dos analistas que acompanham as ações.

É, por exemplo, o caso da Greenvolt: dos oito analistas que seguem esta empresa de energias renováveis, seis recomendam “comprar” e dois têm uma recomendação de “forte compra” para as suas ações, que registam até ao momento uma desvalorização de 21,9%.

O otimismo dos analistas é também reforçado pela generalizada revisão em alta dos preços-alvo face há três meses: apenas quatro empresas viram os preços alvo para as suas ações baixar entre maio e agosto.

A revisão em baixa mais relevante por parte dos analistas é visível sob os títulos da Altri, que apesar de contarem atualmente com um potencial de valorização de 31% para os próximos 12 meses, o preço-alvo para os títulos da empresa industrial é agora 16,6% inferior ao que os analistas apontavam a 1 de maio, de acordo com dados compilados pela Refinitiv.

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Amnistia pode salvar Rui Pinto de quantos crimes? São 14 dos 90 de que está acusado

Agora que a lei já está aprovada e entra em vigor a 1 de setembro, Rui Pinto deverá ser amnistiado por 14 crimes. Decisão da juíza será conhecida apenas a 11 de setembro, depois do adiamento em julho.

O Governo aprovou e Marcelo promulgou. A partir do dia 1 de setembro, jovens com menos de 30 anos (à data dos factos praticados) condenados por crimes com moldura penal até oito de prisão, serão amnistiados. O motivo? A vinda do Papa e a realização da Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa, que decorre até sábado.

Peguemos então em um dos (poucos) casos mediáticos que será afetado por esta nova lei. Rui Pinto, o hacker português, que espera ainda a leitura da decisão, responde por um total de 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo, visando entidades como o Sporting, a Doyen, a sociedade de advogados PLMJ, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR), e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada. Este último crime diz respeito à Doyen e foi o que levou também à pronúncia do advogado Aníbal Pinto.

Ora, pelo menos em 14 crimes, o arguido pode vir, de facto, a aproveitar a amnistia. Isto porque, pelo menos o crime de violação de correspondência é punível apenas com pena de prisão até um ano ou pena de multa e que, por isso, pode ser enquadrado na amnistia. O ECO tentou saber, junto do advogado do arguido, Francisco Teixeira da Mota, se o seu cliente estaria disposto a abdicar desta amnistia, mas não obteve qualquer resposta.

Mas há outros crimes pelos quais o hacker está a ser julgado como sabotagem informática (punido de três a dez anos), extorsão, na forma tentada e de acesso indevido (68) pelos quais pode vir ainda a ser condenado no âmbito do processo Football Leaks.

A lei compreende exceções ao perdão e amnistia, não beneficiando, nomeadamente, quem tiver praticado crimes de homicídio, infanticídio, violência doméstica, maus-tratos, ofensa à integridade de física grave, mutilação genital feminina, ofensa à integridade física qualificada, casamento forçado, sequestro, contra a liberdade e autodeterminação sexual, extorsão, discriminação e incitamento ao ódio e à violência, tráfico de influência, branqueamento ou corrupção.

Aprovação do diploma

Depois de algumas propostas de alteração do PS praticamente em cima da votação, a amnistia de um ano nas penas dos crimes cometidos até 19 de junho por jovens entre os 16 e os 30 anos, no máximo até penas de oito anos de prisão, só entra em vigor a 1 de setembro. A limitação da idade, que levanta dúvidas de constitucionalidade, foi mantida na versão final pelo voto dos socialistas apesar da recusa do PSD, Chega e IL.

O Presidente da República promulgou na terça-feira a lei da amnistia, lamentando que não tenha efeitos imediatos e sem prejuízo de uma avaliação posterior “com o objetivo de poder ser alargado o seu âmbito sem restrições de idade”.

Marcelo Rebelo de Sousa promulga este diploma “considerando o mérito da amnistia e perdão de penas no contexto da visita do Papa e a larguíssima maioria parlamentar que aprovou este diploma, e não obstante a contradição entre o limite etário para a sua aplicação a crimes, mas sem limite de idade para a sua aplicação a contraordenações, não querendo prejudicar os beneficiários já previstos no âmbito da lei. Está ainda previsto um regime de amnistia para as infrações penais cuja pena não seja superior a um ano de prisão ou 120 dias de pena de multa.

Adiamento da decisão por causa da JMJ

Dois anos e oito meses após o início do julgamento, ainda não foi em julho que o pirata informático Rui Pinto conheceu a decisão do coletivo. A leitura do acórdão estava marcada final de julho, depois da juíza responsável pelo processo se recusar a fazer a leitura do acórdão do hacker português, devido à nova lei da amnistia, aprovada pelo Governo a propósito da vinda do Papa na Jornada Mundial da Juventude (JMJ), mas que ainda não está sequer em vigor. A juíza fez depender essa decisão (condenação ou absolvição) da entrada em vigor dessa lei.

No despacho de 12 de julho, a magistrada fez saber que a leitura de acórdão seria no próximo dia 31 de julho de 2023, pelas 14h30, caso a referida lei da amnistia entrasse em vigor até ao dia 28 de julho de 2023 ou, em alternativa e somente para o caso tal não vir a suceder, o próximo dia 11 de setembro de 2023, pelas 14h30.

Diz então a juíza que “constata-se, assim, que se encontra eminente a entrada em vigor de uma lei que irá colidir com a apreciação que cumpre fazer da responsabilidade criminal do arguido Rui Pinto relativamente a alguns dos crimes pelos quais se encontra pronunciado, nomeadamente o crime de violação de correspondência e o crime de acesso indevido que, nas suas formas simples, são punidos precisamente com uma pena de prisão até um ano ou com pena de multa. O arguido, atenta a sua idade à data da prática dos factos, encontra-se abrangido pelo âmbito de aplicação da referida Lei”.

Assim, é entendimento do tribunal coletivo que mostrar-se-ia “inútil e contrário à estabilidade inerente às decisões judiciais, a prolação de um acórdão que de seguida, dias depois, pudesse ter que vir a ser alterado, mediante marcação de audiência para eventual reformulação”. Acrescenta ainda que “seria inusitado e contrário a uma tramitação célere que num curto espaço de tempo no presente processo passassem a coexistir dois acórdãos, o segundo dos quais proferido antes do trânsito em julgado do primeiro, com todas as inerentes questões processuais e atrasos para a definição da situação jurídica do arguido que de tal situação adviria”.

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BCP quer distribuir entre 10% e 40% dos lucros aos acionistas

Banco já preanunciou o regresso aos dividendos no próximo ano. E aponta à maior distribuição de lucros aos acionistas desde 2010. Próximo plano estratégico poderá elevar payout para 50%.

O ano corre bem aos bancos e o BCP BCP 0,00% não é exceção. Viu o lucro multiplicar por sete no primeiro semestre à boleia da subida das taxas de juro. O bom desempenho permitiu ao CEO Miguel Maya preanunciar o regresso do banco aos dividendos no próximo ano. Mas quanto dos lucros deste ano é que vão para os acionistas? Em cima da mesa estará o maior payout desde 2010.

Pelo menos foi o que revelou o administrador financeiro, Miguel Bragança, na conferência de analistas que teve lugar na passada sexta-feira, um dia após o banco apresentar resultados líquidos de 423,2 milhões de euros na primeira metade do ano.

O responsável frisou que ainda é cedo para dizer qual será o dividendo e lembrou que proposta ainda terá de ser tomada pelo conselho de administração, mas já antecipou o que o mercado poderá esperar em termos de remuneração acionista no próximo ano.

“O dividendo, provavelmente, estará entre o dividendo que tivemos da última vez, que foi um payout baixo, e os 40%. Exatamente onde vai estar nesse intervalo, vai ser decidido no foro apropriado e não quero antecipar”, adiantou Miguel Bragança aos analistas.

A última vez que o BCP pagou dividendos foi no ano passado, por conta do exercício de 2021, com 13,6 milhões de euros de lucros a irem para os bolsos dos acionistas, correspondendo a um dividendo por ação de 0,09 cêntimos e a um payout de cerca de 10%.

"O dividendo, provavelmente, estará entre o dividendo que tivemos da última vez, que foi um payout baixo, e os 40%. Exatamente onde vai estar nesse intervalo, vai ser decidido no foro apropriado e não quero antecipar.”

Miguel Bragança

CFO do BCP

Por outro lado, os 40% de payout correspondem a uma meta que o banco se tinha comprometido no plano estratégico para 2018-2021 e que não veio a atingir. Esse objetivo já não consta no atual plano estratégico que termina no próximo ano.

Ou seja, se as palavras do CFO se concretizarem, o banco poderá fazer a maior entrega de dividendos aos acionistas desde 2010, ano em que o payout atingiu os 39,36%. Depois disso houve uma longa travessia no deserto no que diz respeito a dividendos, até porque a instituição esteve impedida de o fazer durante o período de reestruturação. Só em 2019 é que regressou aos dividendos, com um payout de 10%, antes de a pandemia impor nova restrição.

O banco chegou a junho com uma rentabilidade dos capitais próprios (ROE) superior a 16%. A melhoria dos resultados tem impulsionado o BCP na bolsa, com as ações a apresentarem uma das maiores valorizações este ano no PSI, e com um dos melhores desempenhos financeiros entre os seus pares.

Os resultados alcançados no primeiro semestre também abrem caminho para que o BCP volte a remunerar os acionistas, como disse Miguel Maya aos jornalistas: “É normal pagar dividendos. É expectável que o banco pague dividendos. E é essa claramente a nossa intenção em 2024”.

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Próximo objetivo: metade dos lucros para os acionistas

O banco apresentará em 2025 o novo plano estratégico. O atual plano já tem as metas cumpridas um ano antes do fim. De acordo com Miguel Bragança, o BCP quer estar entre os melhores bancos na Europa, incluindo no capítulo dos dividendos a um nível que mantenha a solidez financeira da instituição, mas permita remunerar os investidores de “forma apropriada”, segundo disse aos analistas.

“É razoável esperar um payout próximo do que vemos em outros excelentes bancos europeus. Ou seja, eu diria em torno de 50%, mas isso é uma coisa que vamos comunicar ao mercado”, revelou o administrador financeiro.

Miguel Bragança, que tinha sido questionado sobre as possibilidades em cima da mesa em relação ao elevado nível de capital que tem, explicou aos analistas que o BCP quer estar ao lado dos melhores: “O nosso benchmark são os melhores bancos da Europa em todas estas dimensões. E achamos que, estando perto desse benchmark, poderemos também remunerar os investidores com dividendos de forma adequada”.

Quanto ao capital, de resto, disse que é o mercado que está a exigir aos bancos que tenham rácios elevados face aos riscos que têm e, nessa medida, defendeu que o BCP deve olhar para os “rácios de capital dos bancos com rating de grau de investimento, que são considerados excelentes no contexto europeu”. “Queremos ser vistos como uma referência, queremos ser um banco com grau de investimento”, atirou.

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Venda da Efacec custa pelo menos 113 milhões ao Estado

Proposta da Mutares para comprar a Efacec tem subjacente um perdão de dívida de 29 milhões de euros por parte dos obrigacionistas, de 40,12 milhões pelos bancos e 112,8 milhões pela Parpública.

A proposta do fundo alemão Mutares para a compra da Efacec pressupõe uma perda para o Estado de, pelo menos, 112,8 milhões de euros que injetou na empresa. Segundo o documento a que o ECO teve acesso, e que levou ao adiamento da assembleia de obrigacionistas da empresa industrial para setembro, a Parpública aceita a perda total deste montante, enquanto os bancos aceitam perder 80% da dívida. Já aos obrigacionistas é pedido um corte de 50% e é nas suas mãos que reside o futuro deste negócio. No total, a proposta da Mutares tem subjacente um perdão de dívida de quase 182 milhões de euro.

O objetivo deste documento, entregue a 21 de julho, é definir as possibilidades de recuperação do investimento feito pelos obrigacionistas no caso de um “cenário conceptual” de liquidação da Efacec. Uma informação complementar na qual se detalha a situação da empresa e se tenta demonstrar que os obrigacionistas têm mais a perder se insistirem no braço-de-ferro de não aceitar o haircut da dívida que vence em 2024.

Em cima da mesa está a um perdão de dívida 29 milhões de euros por parte dos obrigacionistas, de 40,12 milhões pelos bancos e 112,8 milhões pela Parpública, que correspondem aos empréstimos feitos pelo acionista Estado. Assim, a proposta da Mutares tem subjacente um perdão de dívida de quase 182 milhões de euros e, de acordo com o comunicado da associação Maxyield, que reúne alguns dos obrigacionistas da Efacec, a injeção de 15 milhões de euros na Efacec.

Já no que diz respeito à banca, que já terá revelado estar disposta a aceitar o corte de dívida proposto e a “trabalhar com a Mutares para o futuro da empresa”, numa base “construtiva”, como o ECO escreveu na semana passada. Aliás, o documento confirma essa perspetiva futura ao explicar que, “para além da reestruturação da dívida, está a ser pedido um esforço adicional aos bancos no que diz respeito a manter o seu atual nível de exposição à Efacec em apoio ao financiamento comercial (garantias bancárias) que ascendem, presentemente, a mais de 120 milhões de euros”.

Os bancos aceitam perder 32,78 milhões de euros de dívida totalmente sem garantia, num corte de 80%, e 7,34 milhões da parte não garantida da dívida com garantias estatais (neste caso o corte é de 50%, idêntico ao proposto aos obrigacionistas).

Para além da reestruturação da dívida, está a ser pedido um esforço adicional aos bancos no que diz respeito a manter o seu atual nível de exposição à Efacec em apoio ao financiamento comercial (garantias bancárias) que ascendem, presentemente, a mais de 120 milhões de euros.

Efacec Fixed Rate Notes General Assembly

Prejuízos agravam-se 50,9% e ascendem a 21,4 milhões até abril

No documento é ainda apresentado o mais recente balanço das contas da Efacec (detalhado por cada empresa do grupo). Os prejuízos consolidados até abril deste ano ascendem a 21,48 milhões de euros, um aumento de 50,9% face ao mesmo período do ano passado. Isto resulta de um agravamento das perdas de 48% nos resultados operacionais, negativos em 20,27 milhões de euros até abril. A empresa fechou o ano de 2022 com um resultado operacional negativo de 104,98 milhões de euros.

Esta exposição detalhada das contas por parte da Efacec serve para demonstrar aos obrigacionistas que, caso a empresa acabe num processo de insolvência, as suas possibilidades de recuperar as verbas investidas são nulas.

Não só porque apenas uma parte dos ativos da Efacec são considerados recuperáveis (os ativos por impostos diferidos e os ativos intangíveis não são classificados como tal), mas porque na hierarquia de créditos estão entre os credores comuns, atrás dos trabalhadores, do Fisco e da Segurança Social (cuja dívida ascende a seis milhões de euros), a Parpública (cujos empréstimos já ascendem a 130 milhões e que o documento assume que deverão ser consideradas ajudas de Estado o processo de reprivatização e, portanto, seriam equiparados aos restantes créditos que o Estado viesse a reclamar sobre a Efacec) e as garantias estatais de 85 milhões, asseguradas pela Norgarante, por exemplo.

Dívidas ao Fisco e à Segurança Social ascendem a seis milhões de euros. Empréstimos da Parpública já somam 130 milhões, que deverão ser considerados ajudas de Estado no processo de reprivatização.

Efacec Fixed Rate Notes General Assembly

A empresa, embora ressalve que estas contas não estão auditadas e como tal pede aos obrigacionistas que façam os seus próprios cálculos com base nas informações públicas, revela ainda que tem 425 milhões de euros de pagamentos em atraso (até abril) que ainda não foram executados.

O exercício de simulação não considera os custos relacionados com um eventual processo de liquidação, porque estes dependem de vários fatores como a duração do processo – estimado num mínimo de cinco anos –, que poderia deteriorar ainda mais a recuperabilidade dos créditos.

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Gestão sustentável: para quando o ponto de viragem?

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  • 3 Agosto 2023

Sonho com o dia em que não precisamos de usar a palavra sustentabilidade. Para isso, precisamos de desenvolver competências, sentido de conexão e um forte compromisso com a mudança que queremos ver.

Longe vai o tempo em que a responsabilidade social e a sustentabilidade se limitavam a iniciativas isoladas dos departamentos de recursos humanos, de marketing, de relações públicas ou de gestão ambiental. Isto, para as empresas que lideram a transição para a uma gestão mais sustentável.

Em 2012, um estudo[1] da MIT Sloan Management Review, em parceria com a BCG, com perto de 3000 executivos e gestores de 113 países, considerou que a sustentabilidade estava próxima de um ponto de viragem. Cerca de 90% disse que as suas empresas tinham colocado a sustentabilidade na sua agenda de gestão. As empresas mais avançadas, tinham significativamente mais probabilidades de ter um forte compromisso do CEO – Chief Executive Officer – com a sustentabilidade, um relatório de sustentabilidade separado, uma função de sustentabilidade separada, uma unidade de negócios centrada na sustentabilidade e um CSO – Chief Sustainability Officer. Estas eram tidas como melhores práticas na altura. Umas mantiveram-se, outras nem tanto.

Também em 2012, a PWC publicava um documento sobre a “Responsabilidade Social Corporativa em Portugal 2012”[2]. Com base numa amostra de 60 empresas, a quase totalidade afirmou ter uma estratégia de sustentabilidade definida, integrada na estratégia do negócio (70%), ou formalizada e implementada uma estratégia específica (20%). Em termos de reporte, a maioria tinha um relatório de sustentabilidade e 20% tinha o relatório de sustentabilidade integrado no relatório anual, mais alinhado com o que têm sido as melhores práticas.

Fast forward para 2023. O BCSD Portugal – Business Council for Sustainable Development – publica “Jornada 2030: Maturidade das Empresas em Sustentabilidade”[3]. De acordo com o estudo com 67 empresas signatárias, as empresas ainda apresentam uma reduzida maturidade em sustentabilidade. Perto de 70% das empresas analisadas encontram-se nas etapas iniciais da jornada de sustentabilidade, ligadas à definição das prioridades estratégicas de sustentabilidade e planos de ação. E cerca de 20% estão mesmo num estágio anterior à própria jornada, ainda a compreender a necessidade e as oportunidades da sustentabilidade como estratégia corporativa.

Sim, os estudos não são comparáveis face às diferentes metodologias e baseiam-se em respostas das próprias empresas. Até as expectativas são diferentes ao final de uma década. O que era mais avançado há dez anos, parece agora ser o baseline. E muitos outros estudos, de consultoras ou científicos vão trazendo nova evidência, por vezes contraditória, do que se passa no mundo corporativo nestas matérias.

Mas poucas dúvidas teremos de que pior estarão as outras, que não lideram esta transição, e para quem o caminho ainda é longo. Longo, mas urgente, porque se as imposições legais com que muitas empresas se têm confrontado não chegam (ainda) diretamente a todos, o certo é que será cada vez mais difícil gerir relações com os stakeholders que respondem cada vez mais não só por eles, mas por com quem se relacionam. Empresas, das grandes às pequenas, vêem-se envoltas num manancial nunca antes visto de jargões e necessidade de conhecimento técnico e estratégico que vão desde a taxonomia europeia, às cada vez mais aclamadas e simultaneamente criticadas siglas ESG (Environmental, Social and Governance), passando pelos net zero e neutralidade carbónica, e pelos referenciais de reporte europeus (European Sustainability Reporting Standards) ou internacionais (IFRS S1 e IFRS S2) que representam uma nova era de reporte relacionadas com a sustentabilidade em todo o mundo. Mas quando falamos de uma gestão sustentável não falamos apenas de imposições legais, de compliance, medidas reativas, de gestão de risco, de uma checklist de tarefas e to do’s. Falamos numa forma de estar, se sentir, de viver. Algo que ‘contamine’ positivamente tudo e todos dentro de uma organização. E não falamos apenas do ambiente. Falamos de sustentabilidade de uma forma mais holística, onde tensões existem, devem ser reconhecidas e geridas.

Mas o que precisamos para vermos a mudança acontecer e vermos uma gestão mais sustentável como algo generalizado e sentido?

Malcolm Gladwell definiu tipping point, ou ponto de viragem, como aquele momento mágico em que uma ideia, uma tendência ou um comportamento social ultrapassa um limiar e se espalha. Segundo Gladwell, o ponto de viragem tem três características: contagiosidade; pequenas causas podem ter grandes efeitos, e que a mudança não acontece de forma gradual, mas num momento dramático. Para muitos outros, tipping point é, simplesmente, o ponto de não retorno. Conceito esse muito associado à crise climática que atravessamos e aos efeitos nefastos e irreversíveis no planeta e nas pessoas. Mas até nesta conotação mais negativa do conceito, podemos encontrar soluções positivas para mudarmos o jogo. Por exemplo, aquilo a que a Systemiq, em parceria com a Universidade de Exeter, Simon Sharpe e o Bezos Earth Fund recentemente chamou “The Breakthrough Effect”. O relatório[4] mostra como desencadear pontos de viragem positivos em cadeia para acelerar a transição para o net zero. Este é apenas um exemplo de como podemos contrariar os tipping points negativos, através de processos sustentáveis e regenerativos. Também aqui é necessário avaliar custos, atratividade das soluções, incluindo confiabilidade e conveniência, e acessibilidade ligada à difusão em grande escala.

A pergunta que se impõe é: afinal, do que precisamos para termos definitivamente um ponto de viragem, em que as empresas – além das que lideram esta transição -, compreendem que a sustentabilidade só faz sentido quando integrada na estratégia da organização – e não algo em separado; que é preciso mais ação e responsabilidade pelos resultados – e não só intenções; é urgente envolver stakeholders, comunicar e ter validação externa – e não fechar-se em si mesmo; que não é “apenas” uma questão ambiental, ainda que esta seja naturalmente uma dimensão crítica; e que este é um trabalho de todos dentro da organização – e não de alguns dentro de um ou outro departamento.

E se queremos que seja algo intrínseco à forma de pensar, estar e trabalhar de cada um de nós dentro das nossas organizações, precisamos de nutrir este conhecimento, estas competências e estas atitudes em todos os que connosco ajudam a concretizar a nossa missão, o nosso propósito. É neste contexto que nasceu o MBA em Gestão Sustentável. Mais do que um programa, esta nova oferta pretende trazer à gestão uma visão holística da sustentabilidade. Porque precisamos cada vez mais de pessoas que se centrem na sustentabilidade para enfrentar os desafios de gestão com soluções inovadoras. Um mercado de trabalho mais qualificado e com foco nas oportunidades filtradas pela responsabilidade na tomada de decisão. E por isso, o MBA em Gestão Sustentável pretende desenvolver entre os seus participantes 3 Cs: Competência – através do learning by doing; Conexão – pelo forte networking com parceiros nacionais e internacionais; e Compromisso – para ser um change maker.

"Que venha o dia em que não se tenha de falar sequer de sustentabilidade porque é um dado adquirido. Quando chegaremos a esse ponto de viragem? Até lá, nunca paremos de aprender, acreditemos no poder da colaboração e sejamos nós próprios agentes de mudança.”

Ana Simaens, Coordenadora do MBA em Sustainable Management do Iscte Executive Education.
Ana Simaens, Coordenadora do MBA em Sustainable Management do Iscte Executive Education.

 

Saiba mais sobre o MBA em Sustainable Management do Iscte Executive Education AQUI.

[1] https://sloanreview.mit.edu/projects/sustainability-nears-a-tipping-point/, acedido a 25/07/2023
[2] https://www.pwc.pt/pt/sustentabilidade/images/pwc_responsabilidade_social_coporativa_portugal.pdf, acedido a 25/07/2023
[3] https://bcsdportugal.org/wp-content/uploads/2023/01/BCSD-Portugal-_-Maturidade-das-empresas-em-sustentabilidade-Retrato-agregado-2022-Relatorio.pdf, acedido a 25/07/2023
[4] https://www.systemiq.earth/breakthrough-effect/, acedido a 31/07/2023

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Fundação Artemisan pede às administrações que recuperem políticas de prevenção de incêndios florestais

  • Servimedia
  • 3 Agosto 2023

A Fundação Artemisan alertou esta quinta-feira que o abandono do mundo rural, e com ele os usos tradicionais da montanha, representam um terreno fértil para que grandes incêndios florestais aconteçam.

Segundo a fundação, na última década arderam 1,12 milhões de hectares em Espanha, uma média de 112 mil por ano, um número que duplicou em 000, com mais de 2022 mil hectares destruídos pelo fogo, tornando-se o pior ano em incêndios florestais registado desde 267.

Um número que pode repetir-se, “e até piorar”, num ano de temperaturas extremas e seca como o que Espanha e grande parte da Europa estão a viver, e que pode ser agravado pelas “políticas de abandono e inação levadas a cabo nos últimos anos pelas diferentes administrações competentes”, como denunciou.

Com o objetivo de amenizar essa grave situação, a Fundação Artemisan pediu às administrações públicas que recuperem políticas florestais que facilitem usos tradicionais que evitam incêndios há séculos.

Ao mesmo tempo, solicitou a criação de um órgão de coordenação entre gestores públicos e privados, onde os gestores de viveiros de caça e florestais possam assumir competências de prevenção e vigilância e ter um papel de liderança.

A perda da gestão florestal e pecuária, intimamente ligada ao despovoamento rural, e o excesso de protecionismo, provocaram um aumento exponencial da massa de combustível nas montanhas, com o virtual desaparecimento de atividades como a extração de lenha e o pastoreio, que pressupunham uma espécie de “floresta preventiva contra incêndios” que não gerava custos para a administração, ao mesmo tempo em que permite o uso económico na área.

Nesse sentido, a entidade optou por facilitar a utilização da biomassa florestal como energia renovável, uma vez que considerou que “rentabilizar a floresta é a melhor forma de garantir a sua gestão, o que poderá significar uma redução de 60% da área ardida em Espanha, bem como incentivar queimadas prescritas e controladas no inverno que podem funcionar como áreas corta-fogo no verão”.

A Fundação Artemisan também destacou o trabalho realizado por caçadores, gestores de fazendas e guardas da reserva como agentes ativos e o primeiro foco de alerta de incêndio por seu conhecimento da área e por serem o principal investidor privado em ações de conservação ambiental.

Nesse sentido, os caçadores espanhóis investem 54 milhões de euros por ano na manutenção e adaptação de acessos, pântanos, podas, melhoramentos de montanhas, aceiros e cortadores, entre outros, todos eles fundamentais para a prevenção de incêndios, segundo o ‘Relatório de avaliação do impacto económico e social da caça em Espanha’ elaborado pela consultora Deloitte para a Fundação Artemian.

A tudo isto junta-se o papel das espécies cinegéticas, em especial a caça de grande porte, na prevenção de incêndios, pois são autênticas “roçadeiras” naturais. A isto junta-se o trabalho de relevo de espécies selvagens que é realizado todos os dias nas reservas de caça, através do contributo de bebedouros, charcos e outros pontos de água, bem como alimentar uma fauna que é gravemente afetada pela seca e temperaturas extremas, e muito mais pelos incêndios.

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La Fageda instala painéis solares e pontos de carregamento para carros elétricos

  • Servimedia
  • 3 Agosto 2023

La Fageda, empresa da região de La Garrotxa, instalou 699 painéis solares nos telhados de suas instalações, no coração de La Fageda d'en Jordà, e quatro pontos de carregamento para carros elétricos.

Como destacado na quinta-feira, os painéis contribuirão para reduzir o consumo de energia de La Fageda em 11%. Da mesma forma, os pontos de carregamento responderão às necessidades internas e dos visitantes, com o objetivo de avançar para uma frota móvel mais sustentável.

Ao mesmo tempo, La Fageda também recebeu os resultados de um estudo que permitiu quantificar sua pegada de carbono. O estudo também inclui a criação e implementação de um plano de redução para mitigar as emissões de gases de efeito estufa (GEE), posicionando-se ativamente e antecipando-se à legislação de emissões de carbono.

De acordo com o diretor de Inovação, Qualidade e Meio Ambiente da La Fageda, Oriol Gol, a sustentabilidade está sendo abordada de forma transversal: “Na La Fageda temos uma abordagem com uma visão de 360 graus sobre os diferentes fatores que afetam a sustentabilidade do projeto. Em todas as áreas estamos a fazer progressos, alguns pequenos e outros grandes. Entre outras ações, calculamos a pegada de carbono da nossa organização, o que nos permitirá fazer um plano de descarbonização para os próximos anos”.

Nos últimos anos, a La Fageda implementou outras ações em termos de eficiência energética e sustentabilidade. Atualmente, o projeto utiliza 80,31% de energia renovável por meio de equipamentos próprios, como estação de tratamento, compostagem ou caldeira de biomassa, que produz 38,8% da energia consumida pela empresa. Além disso, reduziu o consumo de água em sua fazenda em 3% e 89% dos resíduos da estação de tratamento são gerenciados internamente.

Com esta nova fase da sua estratégia de sustentabilidade, a empresa de La Garrotxa, em Girona, vai melhorar a sua própria eficiência energética e reduzir a sua pegada de carbono, para avançar para uma economia verde e de baixo carbono.

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