RTP transmite jogos da seleção na 1.ª edição da Liga das Nações Feminina

A estação pública e a Federação Portuguesa de Futebol chegaram a acordo, fazendo da RTP o operador em sinal aberto com a transmissão dos seis jogos da fase de grupos.

Os jogos da seleção portuguesa na 1.ª edição da Liga das Nações Feminina, promovida pela UEFA, vão ser transmitidos pela RTP.

A estação pública e a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) chegaram a acordo, fazendo da RTP o operador em sinal aberto com a transmissão dos seis jogos da fase de grupos da Liga das Nações Feminina. Portugal joga com a França, Noruega e Áustria e as partidas decorrem entre setembro e dezembro.

“Os jogos da seleção feminina de futebol na Liga das Nações são uma das apostas desportivas da RTP em 2023 e vêm na sequência das transmissões do Mundial. Acreditamos na força da televisão em estar do lado certo da história e temos a certeza de que estas transmissões em direto dos jogos da seleção feminina de futebol sublinham a igualdade de género e a inclusão, bandeiras essenciais do Serviço Público de Televisão e do Desporto”, afirma, citado em comunicado, Hugo Gilberto, diretor-adjunto de Informação da RTP.

Fernando Gomes, presidente da FPF, acrescenta que “o crescimento do futebol feminino no nosso país e a primeira participação da seleção nacional num Mundial têm tido assinalável impacto na população portuguesa, cuja adesão se pode medir pelos recordes de assistências nos estádios e pelas audiências televisivas”.

Com este acordo, a RTP assume o compromisso de transmitir os maiores eventos desportivos nas mais diversas modalidades e de perto o desempenho da Seleção Nacional de Futebol Feminina que, recorde-se, participa pela primeira vez num Mundial.

Os jogos podem ser acompanhados na RTP e na RTP Play.

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Veto atesta incompetência do Governo em apresentar solução para os professores, diz Montenegro

  • Lusa
  • 26 Julho 2023

O presidente do PSD pede "elementos" a António Costa para conseguir propor uma solução para as carreiras congeladas dos professores.

O presidente do PSD considerou esta quarta-feira que o veto do Presidente da República ao diploma do Governo sobre as progressões na carreira dos professores atesta a incompetência do executivo de António Costa para apresentar “uma solução credível” para os docentes.

“O senhor Presidente da República [Marcelo Rebelo de Sousa], com o direito de veto que hoje exerceu, por um lado atesta a incapacidade e a incompetência do Governo em dar uma solução credível, plausível, fundamental a este assunto e, por outro lado, dá-nos ainda mais vigor, mais força para nós fazermos um apelo público ao doutor António Costa, que não consegue resolver o problema, [para que] nos dê os elementos”, afirmou Luís Montenegro.

O líder social-democrata frisou que o seu partido está “empenhado em propor uma solução concreta”, mas, para isso, precisa de ter acesso a um conjunto de “elementos quantitativos”, como o número de professores por escalão, para fazer as contas e apresentar uma proposta.

“E o Governo não nos dá. É um Governo de opacidade, é um Governo sem transparência”, criticou Luís Montenegro, em declarações aos jornalistas, à margem de uma visita a uma unidade de alojamento local, no concelho de São Vicente, no norte da Madeira, no âmbito da iniciativa “Sentir Portugal”.

Teremos de ser mais criativos e nós próprios fazer as nossas estimativas, mas eu não queria fazer na base de uma informação que não me está a ser dada por aqueles que têm responsabilidade de a partilhar com todo o país”, reforçou.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vetou o decreto do Governo que estabelecia “os termos de implementação dos mecanismos de aceleração de progressão na carreira dos educadores de infância e dos professores dos ensinos básico e secundário”.

De acordo com uma nota divulgada no site da Presidência, Marcelo Rebelo de Sousa reconheceu aspetos positivos ao diploma – “alguns dos quais resultantes de aceitação de sugestões da Presidência da República” –, mas justificou a devolução do texto sem promulgação “apontando a frustração da esperança dos professores ao encerrar definitivamente o processo”, acrescentando que cria “uma disparidade de tratamento entre o Continente e as Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira”.

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Lucros da dona do Pingo Doce sobem 36%, para 356 milhões, no primeiro semestre

  • ECO
  • 26 Julho 2023

O grupo teve 356 milhões de euros em lucros entre janeiro e junho de 2023. Pingo Doce abriu seis novas lojas e encerrou uma no país.

Os lucros do grupo Jerónimo Martins subiram mais de 36%, para os 356 milhões de euros, no primeiro semestre deste ano, segundo o comunicado enviado ao mercado. No caso do Pingo Doce, uma das insígnias do grupo, “o bom desempenho de vendas permitiu diluir o aumento dos custos” num período em que abriu seis novas lojas, fechou uma e remodelou 20 localizações no país.

A nível do grupo, as vendas cresceram 22,1%, para 14,5 mil milhões de euros, com o EBITDA a aumentar 18,1% para mil milhões. A margem EBITDA baixou para os 6,9%, o que a Jerónimo Martins justifica com o investimento em preço e a inflação nos custos registada nos três países em que opera.

As vendas do Pingo Doce subiram 8,6% nos primeiros seis meses do ano, para os 2,3 mil milhões de euros, um indicador que desacelerou no segundo trimestre (7,8%). A marca “registou um sólido crescimento das vendas, muito em resultado da sua agressiva política de preços e do contributo da área de meal solutions, refere a nota publicada no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). O EBITDA aumentou 7,6%, atingindo 129 milhões de euros, com a margem a ficar praticamente inalterada nos 5,7%.

Também o Recheio teve “um muito bom desempenho, conseguindo reconduzir a sua rentabilidade aos níveis pré-pandemia”. As vendas desta marca ascenderam a 632 milhões de euros no primeiro semestre, mais 23,2% face ao meso período do ano passado.

A Biedronka registou um aumento de 24,5% nas vendas em euros, para 10,3 mil milhões. O EBITDA cresceu 21% (em moeda local), mas a margem encolheu 24 pontos base para 8,5%.

Na Colômbia, a ARA registou um crescimento de 31,6% mas vendas para 1,1 mil milhões de euros, 31,6% acima do 1S 22. O EBITDA recuou de 26 milhões de euros no 1S 22 para 18 milhões, com a margem a cifrar-se em 1,7%, “claramente afetada pela decisão de concentrar o esforço de investimento em preço numa campanha massiva e de grande impacto realizada no segundo trimestre”.

“Não hesitaremos, como fizemos na Colômbia neste segundo trimestre, em continuar a alavancar na nossa solidez financeira para mantermos a flexibilidade e a capacidade, a cada momento, de fazer a diferença nos mercados onde estamos”, escreve Pedro Soares do Santos, presidente do grupo.

O grupo antecipa, para Portugal, desafios colocados pela “fragilidade do consumo interno” para o segundo semestre com o turismo a continuar a ser motor de crescimento do setor Horeca.

Num contexto em que a confiança dos consumidores está muito fragilizada, o aumento dos salários mínimos e a manutenção de taxas de desemprego relativamente baixas poderão compensar, em parte, a pressão que a persistência da inflação e de taxas de juro elevadas geram sobre o rendimento disponível. A resiliência do consumo privado dependerá, no entanto, do equilíbrio que venha a verificar-se entre todas estas variáveis nos três países em que operamos”, nota o comunicado.

(notícia atualizada às 19h00)

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A2 reaberta em ambos os sentidos na zona de Almodôvar

  • Lusa
  • 26 Julho 2023

No local, estão a combater as chamas 240 operacionais, apoiados por 73 veículos e 12 meios aéreos.

O trânsito na Autoestrada 2 (A2) já foi reaberto em ambos os sentidos, anunciou a Brisa Autoestradas, após esta quarta-feira à tarde a circulação ter sido cortada no nó de Almodôvar, na sequência do incêndio florestal que deflagrou na zona. “A Brisa Autoestradas informa que o trânsito foi reaberto nos dois sentidos da A2″, indica a empresa numa nota.

O alerta para o incêndio que está a lavrar na zona da freguesia rural de Santa Clara-a-Nova e Gomes Aires – Monte dos Medronhais, no concelho de Almodôvar, distrito de Beja, foi dado às 12:02. De acordo com a página da Proteção Civil, pelas 16:30 estavam a combater as chamas 240 operacionais, apoiados por 73 veículos e 12 meios aéreos.

Fonte do Comando Sub-Regional de Emergência e Proteção Civil do Baixo Alentejo disse à Lusa que o incêndio contava pelas 14:30 com três frentes ativas. “Os acessos e os ventos fortes favoráveis ao incêndio são os principais problemas com que se deparam no terreno os operacionais”, acrescentou a mesma fonte.

Entretanto, em declarações à RTP3, o comandante José Ricardo Horta, do Comando Sub-regional do Baixo Alentejo, disse que uma descarga de água atingiu um bombeiro, que foi transportado para o Hospital de Beja para ser assistido. Segundo o comandante, não existiu até às 16:30 qualquer habitação em risco, nem qualquer pessoa precisou de ser retirada ou assistida.

José Ricardo Horta admitiu que os ventos fortes podem potenciar a evolução do incêndio e disse que o tipo de terreno onde o fogo está a lavrar impossibilita o uso de meios terrestres.

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Garrafeira Benfica celebra 38º título com novos vinhos alentejanos

As garrafas podem ser compradas na garrafeira do Sport Lisboa e Benfica, nas Lojas e Casas do Benfica e ainda em vinha.pt. Os preços variam entre os 9,99 e os 44,99 euros.

Em comemoração do 38.º título de campeão nacional conquistado pelo Sport Lisboa e Benfica, a Garrafeira Benfica vai lançar vinhos alentejanos “únicos e exclusivos”, num total de quatro vinhos com garrafas personalizadas.

“São autênticos vinhos alentejanos e são para autênticos campeões. Estas edições são mesmo únicas e exclusivas, seja pelo seu design, seja pelas poucas quantidades produzidas, seja pelas castas de cada um dos vinhos”, afirma citado em comunicado Rodolfo Tristão, da equipa da Super Grapes, responsável pela enologia da Garrafeira Benfica.

A Garrafeira Benfica vai assim lançar um total de quatro vinhos personalizados, dois vinhos reserva que terão as assinaturas dos elementos da equipa campeã, o colheita tinto que tem a foto de toda a equipa e o colheita branco que coloca o nº 38 em destaque.

Foi ainda criado criado o pack SLB 38, composto por um colheita tinto “3” e um colheita branco “8”. Os vinhos contam com três e oito castas, respetivamente, e as caixas de ambos formam o número “38” quando juntas.

No total são cerca de 10 mil as garrafas a serem disponibilizadas, entre 300 do reserva alentejano (150cl), mil do reserva alentejano (75cl) e oito mil do Tinto Colheita Alentejano (75cl). As restantes são vendidas no pack SLB 38.

As garrafas podem ser compradas na garrafeira do Sport Lisboa e Benfica, nas Lojas e Casas do Benfica e ainda em vinha.pt. Os preços variam entre os 9,99 e os 44,99 euros.

A Garrafeira Benfica nasceu da parceria estabelecida entre o Sport Lisboa e Benfica e a Super Grapes e reúne vinhos de parceiros nacionais e internacionais personalizados com a imagem do clube lisboeta. Atualmente conta com mais de 30 referências.

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Estes são os sete recados de Marcelo para o Governo sobre diploma dos professores

Para sustentar o veto do diploma dos professores, Marcelo faz mira à desigualdade de tratamento entre docentes do Continente e das ilhas e lembra que "governar é escolher prioridades".

O Presidente da República já tinha vindo a antecipar que o diploma, que visa corrigir as assimetrias decorrentes dos dois períodos de congelamento da carreira, podia vir a ser vetado caso não fosse encontrada “uma solução equilibrada”, mas esta terça-feira a decisão de devolver o diploma ao Executivo foi confirmada. Num longo e crítico texto, Marcelo Rebelo de Sousa deixou sete recados ao Governo.

Na carta enviada ao Governo, e publicada no site da Presidência da República, o Chefe de Estado volta a fazer referência à “desigualdade de tratamento entre professores da escola pública no Continente e nas Regiões Autónomas”, lembrando que nas ilhas a contagem está a ser feita, “de forma faseada e gradual”. Este é, aliás, um dos argumentos invocados por diversas estruturas sindicais do setor da Educação, que admitiram já estar disponíveis para negociar uma solução faseada até ao final da legislatura.

Por outro lado, Marcelo Rebelo de Sousa alega que a solução encontrada pelo Executivo cria “desigualdades” entre docentes, dado que é aplicável “a alguns deles, uma certa antiguidade de serviço para progressão na carreira, em circunstâncias específicas, e não a outros, que a teriam ou viriam a ter no futuro, se a contagem do tempo de serviço não tivesse sido suspensa”.

Ao mesmo tempo, Marcelo Rebelo de Sousa realça “os professores, tal como os profissionais de saúde, têm e merecem ter uma importância essencial na nossa sociedade e em todas as sociedades que apostam na educação, no conhecimento, no futuro”, pelo que insta o Governo a discriminar positivamente a classe.

E se da parte do Governo, o ministro da Educação, ministro das Finanças e até primeiro-ministro se desdobram em declarações referindo que a recuperação integral do tempo de serviço é um “dossier fechado”, dado que o que for feito para os professores terá que ser feito igualmente com as restantes carreiras da Função Pública – o que custaria 1,3 mil milhões “todos os anos” aos cofres do Estado, Marcelo deixa outro recado e é taxativo: “Governar é escolher prioridades. E saúde e educação são e deveriam ser prioridades se quisermos ir muito mais longe como sociedade desenvolvida e justa”.

Por outro lado, sublinha ainda que a escola pública “não só é insubstituível, no que representa, como constitui a coluna vertebral do sistema escolar”, lembrando que há 130 mil professores a lecionar no ensino público, contra cerca de 25 mil nos restantes setores (privado e social e cooperativo).

Por isso, apesar de ter “aspetos positivos”, o “resultado atingido” neste diploma consagra apenas uma parte limitada das legitimas expectativas, para não dizer direitos, dos professores”, defende Marcelo Rebelo de Sousa, dando como exemplo o “universo dos professores da escola pública beneficiários, quando o desejável era e é que a aceleração da progressão pudesse e possa incluir todos os docentes afetados pela suspensão da contagem do tempo de serviço”, bem como “limitada, sobretudo, porque o diploma, objetivamente, encerrava o processo quanto a este tema central, ao não contemplar qualquer calendarização, ou mesmo abertura para medidas ulteriores ou complementares”, lê-se.

O Chefe de Estado termina ainda pedindo ao Governo que não dê sinais errados sobre esta matéria aos professores. “Uma coisa é não ser viável, num determinado contexto, ir mais além, outra é dar um sinal errado num domínio tão sensível, como o é o da motivação para se ser professor no futuro”, conclui.

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EDP Renováveis quer antecipar projetos e atingir recorde em 2024

Os responsáveis da EDPR falam em dificuldades temporárias que estão a afetar o desempenho semestral e anunciam a antecipação de projetos.

A EDP Renováveis espera antecipar alguns projetos, tornando 2024 num ano recorde em número de projetos lançados. Essa aceleração dar-se-á sobretudo na Europa, compensando alguns atrasos sobretudo nos Estados Unidos.

“Estamos a antecipar alguns projetos do período 2025-2026 para o período 2024-2025” e “em 2024 teremos um número recorde de projetos a serem entregues ao longo do ano, com certeza”, afirmou o CEO da EDP e EDP Renováveis, Miguel Stilwell d’Andrade, numa chamada com analistas no rescaldo da apresentação de resultados da empresa.

A aplicação da Diretiva das Energias Renováveis na Europa ajudou a “desbloquear” vários projetos, indicou Stilwell. Esperamos dar visibilidade adicional em relação a negócios de rotação de ativos atrativos nas próximas duas semanas“, adiantou, ainda.

“Trimestre difícil” mas boas perspetivas

Os lucros da EDP Renováveis caíram 70% nos primeiros seis meses deste ano, para 80 milhões de euros, reportou a empresa em comunicado enviado esta quarta-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Stilwell admitiu que a empresa viveu um “trimestre difícil” mas o responsável pela área financeira, Rui Teixeira, espera que as dificuldades sejam temporárias e que não tenham impacto nas perspetivas de médio prazo.

Por exemplo, a baixa produção eólica nos Estados Unidos, em resultado do fenómeno El Niño nos Estados Unidos, teve um impacto negativo no trimestre, mas não deverá ter impacto no valor a longo prazo dos ativos. A produção eólica abaixo da média teve um impacto negativo no EBITDA de 80 milhões de euros no primeiro semestre.

Questões regulatórias na Roménia e na Polónia retiraram 34 milhões de euros ao EBITDA no período, mas a empresa espera que o impacto seja diluído ao longo do ano tendo em conta a evolução dos preços no mercado grossista e uma vez que a situação na Polónia deverá terminar no final de 2023. Também em Espanha alterações regulatórias tiveram um impacto de 52 milhões de euros.

Por fim, também a prejudicar foram os custos com os atrasos dos projetos nos Estados Unidos e Colômbia, que a EDP Renováveis quantifica em 41 milhões de euros de impacto no semestre.

Rui Teixeira indicou que não espera que estes fatores se mantenham nos próximos anos e conta que sejam contrabalançados pelos ganhos com a rotação de ativos, que se concentrarão na segunda metade do ano. A estimativa é que estes negócios permitam encaixar 300 milhões de euros este ano.

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Eventual saída da Ryanair dos Açores coloca em causa turismo e mobilidade, critica PS

  • Lusa
  • 26 Julho 2023

“O Governo dos Açores está a deixar a situação andar, sem intervir, havendo o risco de, a partir de outubro, a Ryanair deixar de operar para os Açores", critica o PS Açores.

O deputado socialista Carlos Silva acusou esta quarta-feira o Governo Regional de “deixar andar” a situação de uma eventual saída da Ryanair dos Açores, colocando em causa o turismo e a mobilidade dos açorianos.

O Governo dos Açores está a deixar a situação andar, sem intervir, havendo o risco de, a partir de outubro, a Ryanair deixar de operar para os Açores, o que coloca em risco não apenas os fluxos turísticos, mas sobretudo a mobilidade dos açorianos, ao mesmo tempo que a Azores Airlines pode ser privatizada em 85%”, declarou o deputado aos jornalistas.

O parlamentar socialista visitou hoje a freguesia das Sete Cidades, no concelho de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, nos Açores. De acordo com o Jornal de Negócios, a Ryanair e o Governo dos Açores “ainda não chegaram a um entendimento para a manutenção da base da companhia aérea no arquipélago”.

O CEO da companhia aérea, Eddie Wilson, declarou ao jornal que mantêm as negociações, mas, como não houve “nenhum desenvolvimento para incentivar” a empresa a ficar, a decisão de sair de Ponta Delgada “está iminente”. Carlos Silva questiona mesmo “porque que é o Governo Regional não está interessado que a Ryanair fique nos Açores, considerando que “há aqui um fator de pressão adicional que coloca em causa a mobilidade dos açorianos”.

Sobre o Plano de Ordenamento Turístico dos Açores (POTRA), o deputado da oposição referiu que “nada se sabe [sobre o novo documento], ao mesmo tempo que se assiste a uma pressão turística elevada em determinados locais e ao impacto que o turismo tem na vida dos açorianos” e no acesso à habitação.

“Concordamos com a necessidade urgente de ordenar o turismo na região, mas não compreendemos é a inação do Governo dos Açores quando apresentou há mais de um ano um POTRA que estava desatualizado, com dados de 2017, e desde então não aconteceu nada”, frisou o deputado.

Carlos Silva referiu, por outro lado, que nas Sete Cidades há uma linha de água “há quase dois anos, resultado das intempéries, que está completamente obstruída, servindo paralelamente de caminho agrícola, e que impossibilita os trabalhadores de acederem às suas explorações”.

“É uma imagem que não dignifica a região e não valoriza o destino turístico”, considerou o parlamentar, alertando para que o Governo dos Açores “intervenha rapidamente na resolução do problema”, por forma a evitar uma “imagem de desmazelo e desleixo em determinados locais de interesse turístico, mas que também servem a população e o dia-a-dia das explorações agrícolas”.

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Lítio: Projeto reformulado da mina em Montalegre recebeu 308 participações

  • Lusa
  • 26 Julho 2023

A modificação do projeto em Montalegre, no distrito de Vila Real, esteve em consulta pública entre 27 de junho e esta segunda-feira.

O projeto reformulado da mina de lítio que a empresa Lusorecursos quer explorar em Montalegre, que visa minimizar e compensar os impactos ambientais previsíveis, recebeu 308 contributos no âmbito da consulta pública, segundo o portal Participa.

A modificação do projeto “Concessão de Exploração de Depósitos Minerais de Lítio e Minerais – Romano”, em Montalegre, no distrito de Vila Real, esteve em consulta pública entre 27 de junho e segunda-feira. A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) disse em fevereiro que a Lusorecursos Portugal Lithium tinha até seis meses para apresentar os elementos reformulados do projeto para aquela mina de lítio.

A informação da APA foi divulgada depois de a empresa ter dito que foi notificada sobre um “parecer favorável” ao projeto que prevê uma exploração mista, a céu aberto e subterrânea, bem como ao complexo de anexos mineiros (CAM), que inclui a refinaria, lavaria, edifícios administrativos, especificando que o que foi chumbada foi a localização deste complexo devido à presença de uma alcateia de lobo-ibérico.

No documento que pode ser consultado no portal Participa, é explicado que este aditamento ao Estudo de Impacte Ambiental (EIA) do projeto da concessão de exploração de depósitos minerais de lítio e minerais associados “Romano” teve como objetivo a análise das localizações do CAM, bem como das medidas de minimização e compensação ambientais com incidência na população do lobo-ibérico aditadas ao projeto”, na sequência do pedido de suspensão do procedimento de Avaliação de Impacte Ambiental (AIA), efetuado pela Lusorecursos em 01 de fevereiro e da sua aceitação pela autoridade de AIA no mesmo dia.

Acrescenta que esse pedido de suspensão efetuou-se ao abrigo do permitido na legislação, em resultado da proposta de Declaração de Impacte Ambiental (DIA) “vir a ser desfavorável à localização da componente do complexo de anexos mineiros, e em que se verificou serem, contudo, aspetos minimizáveis/compensáveis mediante a definição de um conjunto de medidas integradas num projeto de proteção dos sistemas ecológicos”.

“Uma vez que algumas das questões que condicionavam o CAM A não seriam controláveis pelo proponente, o esforço da minimização concentrou-se no CAM B, em particular, na sua compatibilização com a conservação do lobo-ibérico na região onde se insere o projeto”, refere ainda. A localização da alternativa A do CAM é incompatível com o Plano Diretor Municipal (PDM) de Montalegre e, no que respeita à alternativa B, o parecer concluiu que único impacto negativo consistia na existência da alcateia de Leiranco.

A empresa decidiu, por isso, propor “medidas adicionais de minimização ou compensação ambiental”, como um “projeto integrado de conservação, que inclui um conjunto de medidas de restauro e de valorização de habitats para o lobo-ibérico, que incidem numa vasta área adjacente à zona de concessão mineira, que pretende a compensação do habitat perdido e de parte da área de utilização desta espécie”.

As medidas incluem uma “monitorização multidisciplinar, não só da espécie, bem como do seu habitat e componentes biofísicas dependentes, como da eficácia das medidas a executar”.

Na segunda-feira, a associação ambientalista Zero alertou que, no projeto da mina de lítio em Montalegre, o lobo-ibérico “será descartável”, defendendo que o conjunto de medidas de compensação preconizadas “não passam de promessas” em muitos pontos. Na sexta-feira, também a presidente da Câmara de Montalegre, Fátima Fernandes, assumiu uma posição de um “não claro e inequívoco” à exploração de lítio no concelho, classificando o projeto como “danoso”.

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“Velhotes” faz primeiro rebranding desde início do milénio

A nova imagem é assinada pela Lola-Normajean, agência responsável também pela campanha que acompanha a mudança visual.

A imagem da marca de vinho do Porto “Velhotes” foi renovada. A nova imagem é assinada pela Lola-Normajean, agência responsável também pela campanha que acompanha a mudança visual. Esta é a primeira alteração na imagem da marca em mais de 20 anos.

Esta mudança procura “preservar o estilo clássico e tradicional de Velhotes sem descurar uma roupagem mais contemporânea“, pelo que se trata de uma “evolução da imagem atual” e não de uma “revolução”, explica-se em nota de imprensa.

Desta forma visa-se modernizar, garantir a consistência com o tom de comunicação da marca e aumentar o destaque em ponto de venda.

“O Velhotes é uma referência no mercado, sendo líder em valor e volume da categoria de vinho do Porto em Portugal nos últimos três anos consecutivos. Quase a fazer 90 anos de vida, era importante renovarmos a imagem destes vinhos sem ignorar o seu legado histórico, um objetivo bem-sucedido. Desta forma, mantemo-nos fiéis à identidade Velhotes, sem perder de vista os fãs de uma marca tão querida dos portugueses e não só”, afirma Pedro Braga, CEO da Sogevinus, citado em comunicado.

À imagem já conhecida de três homens sentados a uma mesa a beber um cálice de vinho do Porto, a Lola-Normajean acrescentou vários detalhes gráficos, como arabescos, molduras, ilustrações detalhadas, texturas ou uma paleta cromática.

“O conhecido logo de Velhotes perde, assim, as sombras e torna-se mais leve. Está também maior, dando um amplo destaque aos três homens que figuram ao centro de todas as garrafas. A imagem torna-se mais moderna, ainda que com apontamentos retro, sem que o dinamismo e a elegância estejam comprometidos”, explica-se em comunicado.

Cada garrafa conta também a partir de agora com uma barra colorida na sua parte inferior, cuja cor indica o tipo de vinho entre sete referências: Tawny, Ruby, White Lágrima, White, LBV, Special Reserve Tawny e 10 Anos Tawny. Nos últimos três a cor de fundo do rótulo é negra (e não branca), de modo a diferenciar estes vinhos que pertencem ao segmento mais premium.

A renovação da imagem é também acompanhada por uma campanha em tom humorístico. “A Reinventar tradições: Até sermos Velhotes” marca presença em 498 mupis nas cidades de Porto, Lisboa e Braga, em 935 supermercados/hipermercados e nas redes sociais.

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Presidente promulga diploma que revê regime do cadastro predial

  • Lusa
  • 26 Julho 2023

Com o novo regime cadastral, a Direção-Geral do Território deixa de ter a exclusividade das operações de cadastro, que podem também ser feitas por outras entidades públicas.

O Presidente da República promulgou esta quarta-feira o diploma do Governo que revê o regime jurídico do cadastro predial e estabelece a carta cadastral como registo único e universal de prédios em regime de cadastro predial.

A informação, divulgada consta da página oficial da Presidência, onde é referido que foi promulgado o diploma do Governo que “aprova o regime jurídico do cadastro predial, estabelece o Sistema Nacional de Informação Cadastral e a carta cadastral como registo único e universal de prédios em regime de cadastro predial”.

Este diploma foi aprovado pelo Conselho de Ministros em 1 de junho, com o Governo a referir na altura que o estabelecimento e revisão do regime jurídico do cadastro predial visa simplificar, agilizar, desmaterializar e modernizar os respetivos procedimentos.

Numa audição no parlamento, uma semana depois da aprovação pelo Conselho de Ministros, a ministra da Coesão, Ana Abrunhosa, salientou que, com o novo regime cadastral, a Direção-Geral do Território deixa de ter a exclusividade das operações de cadastro, que podem também ser feitas por outras entidades públicas.

“A Direção-Geral do Território deixa de ter a exclusividade na promoção das operações de cadastro, o que permite aumentar em muito a quantidade destes registos, que podem passar a ser feitos pelas Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) e por outras entidades da administração pública, como as autarquias”, disse então a ministra.

A “porta de entrada” dos cidadãos e das empresas para operações de cadastro predial passa a ser o BUPi (Balcão Único do Prédio), que comunica com as várias bases de dados e aplicações da administração pública. Segundo a ministra, o novo regime também possibilita o cruzamento de informação do cadastro com informações da Autoridade Tributária e do Registo Predial e do Instituto do Registo de Notários.

“Cidadãos e organizações vão passar a conhecer a exata localização geográfica dos seus prédios, confirmar os seus direitos, o que permite proteger os seus interesses e defender o que é seu”, disse a ministra da Coesão. Este diploma enquadra-se na Reforma do Plano de Recuperação e Resiliência que prevê a “Reorganização do sistema de cadastro da propriedade rústica e do Sistema de Monitorização de Ocupação do Solo (SMOS)”

O BUPi é uma plataforma para mapear o território português, criada na sequência dos incêndios de 2017, tendo sido realizado um projeto-piloto em sete municípios de elevado risco de incêndio, mas que atualmente existe em 144 municípios onde não existia cadastro predial.

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Com o “pássaro” doente, especialistas em marcas defendem reset do Twitter

Dez meses depois de "libertar o pássaro", Musk matou-o. Faz sentido? Apesar da chuva de críticas, especialistas em marcas acreditam que pode ser um "golpe de génio".

Literalmente de um dia para o outro, o Twitter deu lugar à X, como se chama agora a rede social comprada por Elon Musk em outubro. “O pássaro está livre”, anunciava Musk no próprio Twitter na altura. Nove meses depois, o pássaro está morto. Nas redes sociais, e em especial no Twitter, choveram de imediato as críticas ao que pode parecer mais um passo na estratégia aparentemente errática do homem mais rico do mundo para a plataforma.

Na realidade nem chegou a ser um rebranding, talvez apenas um renaming. Foi um momento de mudança ao estilo de Musk: inesperado, provocador e com o objetivo subjacente de atrair atenção e ocupar o espaço mediático. Interessantemente, esta ação surge uns dias após o lançamento da nova rede social Threads da Meta“, nota Fernando Pinto Santos, professor e coordenador do mestrado em Marketing e Tecnologia do IPAM.

Na aplicação mudou o nome, e o endereço, mas o layout ainda é o do Twitter, plataforma que introduziu no léxico um novo verbo: tweetar. “Em breve diremos adeus à marca Twitter e, gradualmente, a todos os pássaros”, antecipava Elon Musk no sábado. “Se um logótipo X suficientemente bom for postado hoje à noite, vamos colocá-lo no mundo inteiro amanhã”, acrescentava. Dito e feito.

Carlos Coelho, chairman da Ivity Brand Corp

Musk tem mostrado a coragem que mais ninguém no mundo tem tido para gerir marcas”, diz contra a corrente Carlos Coelho, fundador e presidente da Ivity Brand Corp. “As outras grandes marcas têm seguido estratégias muito conservadoras. A Apple tem uma visão monolítica e [focada na] estratégia do fundador e tem-se mantido; a Microsoft é muito conservadora; a Alphabet é muito harmónica. São marcas sem arrojo”, caracteriza.

“Pega numa marca, aparentemente destrói-a, e, em dois dias, coloca-a nas bocas do mundo”, reforça Carlos Coelho. “O passarinho era muito fofinho, mas estava cheio de doenças. Em vez de lhe dar vitaminas, matou o bicho. Matar uma marca é do mais corajoso que há“, defende.

“Adorava o passarinho” diz, por seu turno, Jorge Silva, fundador da SilvaDesigners. “O pássaro era bonito, o X é comum – um hibrido do ponto de vista de tipografia, que conjuga linear puro e letra serifada“, descreve. “Mas adorava o pássaro. Ao contrário dos estragos que a rede fazia no mundo real, o pássaro era a ingenuidade. Alguma coisa tão virulenta, ter um símbolo daqueles… o mais bonito dos logos”, acentua o designer.

Pedro Vilar, diretor criativo da Peter Schmidt Lisboa – agência que trouxe para Portugal há cerca de um ano – acredita que, enquanto design e reconhecimento de marca, a mudança é “um tiro ao lado”. “É abandonar a herança de uma marca, o património de uma marca reconhecida, para criar uma coisa completamente nova, que do ponto de vista visual não é um asset completamente novo e distintivo”, refere.

A construção de uma nova plataforma

Mas — e nesta mudança de marca há um grande mas — a alteração do nome e logótipo pode ser mais um passo no caminho de uma plataforma com um perfil diferente. E o certo é que patrão da Tesla tem vindo a falar regularmente sobre transformar a rede social num aplicativo multifacetado, até com serviços financeiros, à semelhança do WeChat na China.

A verdade é que ninguém conhece a estratégia, referem todos os especialistas ouvidos pelo +M. “[Para] um maluco daqueles, que já provou que tem várias vidas, pode ser uma jogada de génio ou um desastre“, resume Jorge Silva. “Musk fala de uma interatividade total, não sei o que é, ninguém sabe”, constata.

Jorge Silva, diretor criativo da SilvaDesigners

Musk tem “coragem de fazer disrupções, quando toda a gente acha que se deve fazer evoluções. Se vai ter sucesso ou não, logo se vê. Mas tem mostrado que sabe o que faz”, acrescenta Carlos Coelho, lembrando que falamos do homem mais rico do mundo. “A tendência é ser conservador. Tão bonito o passarinho, não vamos deitar fora. O passarinho fez um caminho, que não era da mão dele”, defende.

“O racional parece ser, segundo o que se sabe, uma visão estratégica de transformar o Twitter em algo muito mais abrangente do que a rede social que é atualmente. Tal com o WeChat na China, Musk parece acreditar que há espaço para uma app que congregue várias funcionalidades como pagamentos e outros serviços, para além da rede social. Contudo, o que resulta no mercado chinês – até porque o seu contexto social, cultural e político é bastante específico – poderá não resultar no resto do mundo”, observa Fernando Pinto Santos.

Neste contexto de mudança de perfil de rede e até de negócio, Pedro Vilar compreende a opção. “Visualmente o look não é atual. Está associado códigos de antiguidade. Não é clássico, é antiquado. Podia estar mais bem conseguido”, avalia. Uma alteração desta dimensão “só faz sentido quando se quer romper totalmente com o passado, afirmar que é uma nova era. Desse ponto de vista, estrategicamente é um bom passo, para nos desancorarmos do que é o passado”, defende.

Pedro Vilar, diretor criativo da Peter Schmidt Lisboa.

É um tiro ao lado se queremos fazer uma evolução. Mas, se queremos uma revolução e romper com o passado, então matar o Larry [o nome que era dado ao símbolo do Twitter] e criar algo efetivamente novo é a opção“, resume.

Com a X apresentada ao mundo, é possível antecipar os próximos passos? “Antecipo os passos seguintes com a ‘velha fórmula’ de Musk: polémicas, irreverência, ambição desmedida e conquista do espaço mediático. Ao que se junta a capacidade (e coragem) de tomar decisões de gestão que vão contra o que é tradicional e o que é esperado. Para além de muitos Xs, antevejo muitos pontos de interrogação: imprevisibilidade faz também parte da fórmula de Musk”, responde o professor do IPAM.

Em meados do mês, recorde-se, Musk anunciou que a empresa comprada por 44 mil milhões de dólares (39 mil milhões de euros) em outubro de 2022 perdeu cerca de metade das receitas publicitárias.

Fernando Pinto Santos, professor e coordenador do mestrado em Marketing e Tecnologia do IPAM.

“Mais uma vez, aconteceu o contrário do que seria o espectável: ele mesmo anunciou a gigantesca perda de receitas do Twitter. As suas ações contra intuitivas têm uma lógica própria que fica difícil de entender para o comum dos mortais“, analisa Fernando Pinto Santos.

“Com Musk há sempre a possibilidade de ele ser o homem que vê o que mais ninguém parece ver. A visão de tornar a app-anteriormente-conhecida-como-Twitter no WeChat ocidental é uma ambição tão improvável e grandiosa como a que esteve subjacente ao seu trabalho na Tesla e Space X. Muitos acreditam que desta vez Elon Musk está errado e não vai conseguir o sucesso que imagina para o seu novo X. Eu não estou tão certo de ele estar errado”, prossegue o professor.

Provavelmente Elon Musk vai-nos surpreender uma vez mais. Como diz o Marty Neumeier sobre estratégia de marca, quando todos fazem zig, nós devemos fazer zag. Elon Musk vai mais longe e faz X. Tem toda a lógica“, resume.

No maravilhoso no mundo das marcas é preciso ter coragem. Espera-se ter muito sucesso com pequeninas coisas… não é assim que vai funcionar“, defende também Carlos Coelho, que avalia este movimento como um “golpe de génio”.

Risco controlado, os utilizadores estão lá

Pedro Vilar acrescenta que o risco acaba por ser controlado. “Os utilizadores estão todos lá. No dia seguinte, todos os clientes estão lá, já estavam. Não é a mesma coisa do que construir a partir do zero, é uma marca de grande consumo, em que é preciso destacar-se na prateleira“, explica.

“Depende sempre de uma estratégia, com esta personagem nunca sabemos bem o que tem na cabeça. Se a estratégia for mudar o paradigma, transformá-la em outra coisa, independentemente de a marca estar bem ou mal desenhada, se na essência estivermos a assistir a uma revolução, está certo”, resume o diretor criativo da agência fundada na Alemanha.

Temos que pensar que ele é um ser muito único e que não funciona da mesma forma do que o resto da humanidade. Compra o Twitter como comprou, só temos ouvido falar de desgraças, mesmo assim é o homem mais rico do mundo. Se é muito racional? Pode ter sido um impulso”, reflete Jorge Silva. “Volta e meia ficam quilhados. O Steve Jobs também se quilhou e ressuscitou”, compara. Steve Jobs é também referido por Carlos Coelho. “Era o que faria o Steve Jobs. Ter coragem de fazer de novo.”

Quanto ao futuro, e como afirma Fernando Pinto Santos, “o X está a atrair bastante atenção – e há poucas pessoas que atraiam atenção tão bem como Elon Musk – mas é um termo tão genérico que é difícil acreditar que se vá tornar numa marca forte e global”. Contudo, “Elon Musk tem um historial de sucessos improváveis, o que torna este caso particularmente interessante do ponto de vista do marketing e da gestão de marcas“.

Miguel Moreira Rato, CEO da Adagietto.

Miguel Moreira Rato, CEO da Adagietto, acrescenta ainda outra perspetiva. “Pode ter sido um espasmo do bilionário, ‘because I can‘ [porque eu posso]”, diz. Sobre a forma, ter sido de um dia para o outro tanto pode ter sido porque quis e tem essa capacidade, como a utilização de técnicas de lançamento de marcas, como o imediatismo só aparentemente pouco planeado. De uma forma ou de outra, o CEO da agência de comunicação e gestão de redes sociais acredita que este movimento de Elon Musk representa sobretudo uma grande oportunidade. “O conceito Twitter não vai acabar, provavelmente não seremos nós, portugueses, mas alguém vai preencher essa necessidade“.

Entretanto, a Reuters avançava na terça-feira que empresas como a Meta e a Microsoft já tinham direitos de propriedade sobre a marca X. Nos EUA, contou o advogado de marcas registadas Josh Gerben, há mais de 900 registos ativos.

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