PME portuguesas exportam recorde de 130 milhões via Amazon
Líder da Amazon em Portugal faz balanço da operação e revela que mais de mil pequenas e médias empresas (PME) nacionais viram as exportações crescer acima de 25% em 2023, batendo um recorde.
As exportações das pequenas e médias empresas portuguesas na Amazon superaram no ano passado, pela primeira vez, a fasquia dos 130 milhões de euros. O valor implica um crescimento superior a 25% nas vendas das PME portuguesas para outros países, através desta plataforma, em comparação com o ano de 2022, de acordo com dados da multinacional.
Os números de 2023 foram avançados ao ECO pela líder da Amazon em Portugal, Inês Ruvina, e a tendência manteve-se: “2024 tem sido um grande ano para as PME portuguesas que vendem na Amazon”, antevê a responsável, destacando que são já mais de mil. Os bens mais exportados “foram os produtos para casa, produtos de beleza, saúde e cuidado pessoal, cozinha e escritório”.
Concretamente, os 130 milhões de euros de exportações dizem respeito a vendas fora de Portugal, pelo que não inclui vendas para clientes portugueses, que a empresa recusou revelar. Em detalhe, estas PME “registaram mais de 100 milhões de euros em vendas de exportação na União Europeia e mais de 20 milhões de euros em vendas de exportação fora da União Europeia”, segundo a gestora.
França, Espanha, Alemanha, Itália e EUA são os países onde estão os principais clientes estrangeiros das PME nacionais na plataforma, adianta a Amazon.
As PME portuguesas podem vender através de 22 lojas no marketplace da Amazon, que chegam a mais de duas centenas de países ou territórios. Em 2023, foram vendidos por estas empresas “mais de 2,5 milhões de produtos no total, o que equivale a cinco produtos vendidos por minuto”, diz ao ECO, por email, a líder da Amazon em Portugal, um aumento de 10% no número de artigos vendidos. Entre estas empresas estão nomes como Almedina, Ambar, Boticário, Castelbel, Claus Porto, Delta, Sogrape e Renova.
O facto de Portugal e Espanha estarem muito bem ligados está a ter uma excelente resposta por parte dos clientes.
Operação gerida a partir de Madrid
Foi em janeiro de 2021 que a Amazon passou a servir o mercado português através de uma versão traduzida da loja em Espanha. Isto é, apesar de não existir um Amazon.pt, os clientes portugueses têm um serviço dedicado através do site espanhol, em Amazon.es. Poucos depois, a Amazon lançou em Portugal o seu serviço de subscrições Prime, com benefícios como entregas “gratuitas” e acesso à plataforma de streaming Prime Video.
Mais de três anos depois, a responsável faz um balanço positivo desta aposta no mercado nacional: “Estamos muito satisfeitos com a receção dos nossos clientes portugueses.” E porque é que a operação portuguesa ainda é gerida a partir de Espanha? A dimensão do mercado será um dos motivos, mas Inês Ruvina aponta também para a proximidade entre os dois países ibéricos.
“A Amazon já tem capacidade instalada em logística, transporte e armazenamento a nível europeu. O que temos observado em Portugal é que este setup [configuração] existente na Europa e o facto de Portugal e Espanha estarem muito bem ligados está a ter uma excelente resposta por parte dos clientes. A verdade é que, em linha reta, a distância entre Lisboa-Madrid, Porto-Madrid ou Algarve-Madrid não é maior do que entre Madrid e outras cidades de Espanha”, explica a líder.
Isso não impossibilita a empresa norte-americana de ter uma atenção especial a Portugal, à semelhança do que faz noutros mercados de menor dimensão: “Aproveitando esta capacidade instalada, podemos oferecer aos consumidores portugueses uma experiência que está a ter um feedback muito positivo. Este modelo também está a ser utilizado noutros países, pelo que estamos a aprender com essa experiência. Desde 2020, temos uma equipa inteiramente dedicada a melhorar a experiência de compra dos nossos clientes em Portugal”, nota.
Inês Ruvina não responde se a existência de um Amazon.pt permitiria acelerar as vendas das PME portuguesas na Amazon. Mas lembra que a plataforma fundada em 1994 por Jeff Bezos dá às empresas acesso a “milhões de clientes em todo o mundo”, sem terem de “investir separadamente na criação do seu próprio site” ou de incorrer noutros custos associados a montar uma operação de comércio eletrónico internacional.
“Por outras palavras, uma PME de Braga pode vender os seus produtos a um cliente alemão sem ter de investir na criação de uma rede logística e sem ter de formar uma equipa internacional de apoio ao cliente. Todas estas oportunidades oferecidas pela Amazon permitiram que mais de 95% das PME portuguesas, que vendem na Amazon, tenham exportado para clientes em todo o mundo”, continua Inês Ruvina. A Amazon contabiliza também a criação de 2.000 empregos por estas PME “para apoiar o seu negócio online“.
Em suma, “o objetivo da Amazon é construir uma relação forte com as PME portuguesas”, assegura a gestora. “Este apoio e relacionamento é extremamente importante para nós, dado que sabemos que os nossos clientes gostam de fazer compras localmente. Queremos que a Amazon seja um local onde os clientes possam fazer isso e onde possamos capacitar as empresas portuguesas para crescerem e contribuírem para a exportação dos seus produtos”, remata.
Desde o lançamento da Amazon.es em língua portuguesa [em janeiro de 2021], aumentámos significativamente a nossa seleção, com 250 milhões de produtos disponíveis para os nossos clientes.
Dois planos, várias taxas
Com um valor de mercado superior a 2,15 biliões de dólares em bolsa, o acesso a este mercado global também tem custos para as empresas. Em Portugal, a Amazon oferece dois planos aos comerciantes: no plano Individual cobra 99 cêntimos por artigo vendido, enquanto no plano Profissional cobra uma mensalidade de 39 euros por mês (mais IVA).
Os comerciantes também pagam taxas por cada produto vendido, dependendo da categoria de produto, variando entre 8% e 15% da venda. Podem ainda incorrer noutros custos, dependendo de se gerem os seus próprios pedidos ou se utilizam o serviço de logística da Amazon, e taxas por armazenamento de longo prazo nos centros logísticos da Amazon. A empresa também permite anunciar produtos na plataforma.
O sucesso da Amazon, que fez de Bezos um dos homens mais ricos do mundo, tem permitido igualmente à multinacional cavalgar a onda da inteligência artificial (IA) generativa. “Há muito que utilizamos a IA para apoiar os nossos parceiros de vendas. A Amazon está a desenvolver e a implementar ativamente um conjunto de ferramentas baseadas em IA concebidas para capacitar as PME”, diz a líder da Amazon em Portugal. “Há algumas semanas, lançámos a possibilidade de os vendedores da União Europeia e do Reino Unido beneficiarem da IA generativa ao listarem um novo produto para venda”, diz, o que permite, por exemplo, simplificar a criação de anúncios.
Ruvina acredita que esta aposta em tecnologia vai “ajudar a capacitar os vendedores para atingirem maior potencial”. Sobretudo nesta altura do ano, com a Black Friday à porta, já no dia 29 de novembro, e a peak season das encomendas a arrancar.
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