BCP atinge “linha de vida”. Ações deixam de negociar com desconto na bolsa

Ações voltam a negociar em bolsa em linha com o valor contabilístico do banco, atingindo a “linha de vida” que Carlos Santos Ferreira, antigo CEO, chegou a estabelecer em 2010.

Pelo segundo ano consecutivo, o BCP BCP 0,00% voltou a ser a estrela da praça nacional. Todo o setor da banca na Europa continuou a beneficiar das taxas de juro elevadas no ano passado. O banco português foi dos que mais se destacou, e superou os sete mil milhões de euros de valor de mercado. Nos últimos cinco anos, foi mesmo dos que mais recuperaram terreno e deixou agora de transacionar em bolsa com desconto face ao seu valor contabilístico, atingindo um novo marco: a “linha de vida” que o antigo CEO Carlos Santos Ferreira havia estabelecido em 2010.

Em 2024, o BCP acumulou uma valorização de quase 70%, tendo sido o título que mais valorizou no PSI no ano passado. Está a cotar em máximos de quase nove anos.

Para este forte desempenho contribuiu o facto de o banco ter partido com uma cotação bastante deprimida (apesar da valorização de 87% alcançada em 2023), mas numa altura em que já tinha virado a página da recuperação realizada nos últimos anos.

O ponto alto aconteceu no final de outubro, quando o banco anunciou ao mercado o novo plano estratégico com um ambicioso reforço da política de dividendos. Até 2028 o BCP prevê lucrar em média cerca de mil milhões de euros por ano, tencionando distribuir até 75% desses resultados. Plano em relação ao qual os analistas disseram que “não havia nada a não gostar”.

Na altura, Miguel Maya assinalou assim o bom momento que o BCP atravessa: “Depois de uma década em que os acionistas suportaram o banco, é tempo de retribuir a transformação do banco”.

A “linha de vida” após valorização de 130% em 5 anos

As ações fecharam a sessão desta sexta-feira acima da casa dos 0,46 euros, com o banco a apresentar uma capitalização bolsista na ordem dos sete mil milhões de euros (valor que já não observava há 15 anos, antes das crises financeiras).

Em comparação com a cotação de há cinco anos, o BCP acumulou uma valorização de 130%, um desempenho que permitiu alinhar o seu valor em bolsa ao seu valor contabilístico – o chamado price to bookvalue (P/B).

Neste período, foi mesmo um dos bancos europeus que mais recuperou terreno e passou a integrar uma lista exclusiva de bancos que não estão ‘em saldos’, juntamente com os italianos (Unicredit, Intesa e Mediobanca) e os espanhóis (Caixabank, BBVA e Bankinter), deixando para trás os concorrentes franceses e alemães.

A leitura do gráfico permite perceber outro aspeto: os bancos que estão atualmente a ser alvo de ofertas negoceiam em bolsa com desconto (casos do Commerzbank, BPM e Sabadell) e enquanto os oferentes são aqueles que mais melhoraram e apresentam-se com um P/B acima de um (Unicredit e BBVA).

Em 2010, o então CEO Carlos Santos Ferreira admitiu, em entrevista ao Jornal de Negócios, que tinha dificuldade em aceitar “uma linha abaixo do valor contabilístico”. Com o P/B a chegar a 1, o BCP entra em 2025 na sua “linha de vida”.

O presidente da Comissão Executiva e vice-presidente do Conselho de Administração do Banco Comercial Português (Millennium bcp), Miguel Maya, durante a apresentação dos resultados dos primeiros 9 meses de 2024 da instituição bancária na sede em Oeiras, 30 de outubro de 2024. TIAGO PETINGA/LUSATIAGO PETINGA/LUSA

Mais 10 cêntimos nos próximos 12 meses

Para 2025, os analistas que cobrem o título apontam para uma valorização até aos 0,56 euros, perspetivando uma subida de 10 cêntimos (cerca de 20%) nos próximos 12 meses.

Com todas as contingências geopolíticas a marcar o passo a nível global, o ano continuará a ser dominado pelo desagravamento das taxas de juro dos bancos centrais.

Para contrariar o impacto da descida dos juros na margem financeira, o BCP anunciou no plano estratégico que vai reforçar a aposta no aumento dos volumes de crédito para alavancar o negócio, enquanto acredita que a limpeza feita nos últimos anos vai ajudar a manter níveis de eficiência elevados nos próximos anos.

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