Sonae lucra 222 milhões. Aumenta dividendos em 5%

No último ano sob o comando de Paulo Azevedo, a dona do Continente apresentou um crescimento de 33% nos lucros. O dividendo cresce 5%.

A Sonae lucrou mais. A holding ainda co-liderada por Paulo Azevedo apresentou um crescimento de 33% nos resultados líquidos, num ano que ficou marcado por uma série de operações que geraram ganhos de capital. Com as vendas a ascenderem a quase seis mil milhões de euros, a rentabilidade da empresa registou uma melhoria que também puxou pelos lucros, permitindo um aumento da remuneração aos acionistas.

“Em 2018, os negócios da Sonae continuaram a apresentar um forte desempenho de vendas e de rentabilidade. O volume de negócios aumentou 8,1% em termos homólogos para cerca de 6 mil milhões de euros. Este desempenho beneficiou da contribuição dos negócios de retalho da Sonae, nomeadamente do desempenho like-for-like e da expansão da rede de lojas”, refere Ângelo Paupério, que lidera, juntamente com Paulo Azevedo, a Sonae.

Ao mesmo tempo que o volume de negócios acelerou, “o EBITDA subjacente da Sonae cresceu 8,4% para 372 milhões”, sendo que para este contribuíram, além do desempenho operacional, os “ganhos de capital, quer da venda de ativos da Sonae Sierra, quer das operações de sale and leaseback de ativos da Sonae RP, e ainda pelo impacto positivo da joint-venture com a JD/Sprinter“.

Estes efeitos permitiram um crescimento do “resultado líquido atribuível a acionistas que ultrapassou os 220 milhões de euros, face a 166 milhões no ano anterior”, salienta Ângelo Paupério, que tal como Paulo Azevedo, se prepara para abandonar a liderança executiva da Sonae. Cláudia Azevedo vai assumir o cargo de CEO.

“Esta intensa atividade coincidiu com o último ano de mandato do atual Conselho de Administração que integrei enquanto Co-CEO e contribuiu para que a transferência de responsabilidades que agora ocorre se processe com redobrado conforto e confiança, na certeza de que a nossa empresa está preparada para os novos desafios e na profunda convicção e sincero desejo que a nova equipa executiva liderada pela Cláudia Azevedo continue a potenciar o sucesso deste projeto único e que tanto nos une que é a Sonae“, diz.

Mais lucros, mais dividendos

Perante o crescimento dos lucros, e depois de um ano em que o investimento ascendeu a 702 milhões de euros por causa da aquisição de 20% da Sonae Sierra, a Sonae vai propor um crescimento do dividendo por ação a entregar aos investidores. Apesar de os lucros aumentarem 33%, o valor do dividendo vai subir 5%.

“Considerando o resultado líquido obtido em 2018, o Conselho de Administração irá propor em assembleia geral de acionistas, o pagamento de um dividendo bruto de 0,0441 euros por ação, 5% acima do dividendo distribuído no ano anterior”.

A Sonae nota que “este dividendo corresponde a um dividend yield de 5,4% relativamente à cotação de fecho do dia 31 de dezembro de 2018 (que se fixou em 81 cêntimos)”. À luz dos resultados alcançados, esta remuneração acionista que a holding pretende pagar representa um payout de 42%.

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Medo da Amazon? Sonae diz que americanos nem site têm em Portugal

Sonae tenta reafirmar atratividade do seu negócio após falhar venda da unidade de retalho na bolsa. Diz que vale mais do dobro do que o mercado avalia. E desvaloriza concorrência da Amazon.

Falhada a oferta de venda de ações da Sonae MC, a Sonae veio reafirmar esta segunda-feira a sua história de investimento junto dos investidores. Diz que vale mais do dobro daquilo que o mercado avalia atualmente. Medo da Amazon no comércio online? “Não é um grande problema em Portugal. Os shoppings são muito populares aqui. E a Amazon não tem um site www.amazon.pt nem um armazém”, sublinha a empresa.

Enquanto procura reorientar-se após ter voltado atrás com os planos de colocar o seu negócio de retalho na bolsa, a Sonae atualizou a apresentação junto dos investidores para assegurar que continua atrativa.

Começa por argumentar que se encontra subavaliada na bolsa, assinalando que há uma “enorme diferença” entre o valor líquido do ativo (NAV) da empresa e a sua avaliação no mercado. A este propósito, diz que o NAV cresceu 4% a um ritmo anual desde 2009, tendo chegado ao final de junho a valer 4,1 mil milhões de euros, mais do dobro da sua capitalização bolsista (cerca de 1,7 mil milhões de euros).

Aliás, sobre o preço da ação, a Sonae argumenta que foi “particularmente afetada pela crise financeira global, mas também pelos problemas económicos e financeiros em Portugal”, contrapondo a sua cotação (fechou esta segunda-feira nos 0,84 euros) com a média de preços alvo dos analistas (1,37 euros).

Também destaca que possui um “negócio de retalho diversificado”, do qual fazem parte marcas como o Continente, Worten, Wells, Maxmat, Go Natural, entre outros, e que se encontra estabelecido numa rede de centros comerciais que são o “destino proeminente” para as compras em Portugal.

Por outro lado, depois de desvalorizar a concorrência da gigante do comércio online Amazon, dizendo que nem site em Portugal tem, a Sonae evidencia que a sua estrutura de holding “fornece um parceiro completamente alinhado com um histórico de criação de valor”.

Entre as mensagens chave que tenta transmitir na apresentação, a Sonae lembra que é líder de mercado na maioria dos formatos de retalho onde opera, está posicionada para melhorar a rentabilidade e para fazer crescer a remuneração aos acionistas.

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Ações da Sonae disparam após fracasso da OPV da Sonae MC

Investidores estão a transferir capital para as outras cotadas da Sonae, isto após a empresa ter deixado cair a oferta de venda de ações da unidade de retalho devido à turbulência nas bolsas.

Tanto a Sonae como a Sonae Capital estão a brilhar na bolsa de Lisboa, atraindo os investidores que contavam participar na oferta pública de venda (OPV) da unidade de retalho, entretanto cancelada devido “às condições adversas do mercado”.

A Sonae SGPS, a holding que detém a Sonae MC que se preparava para ir para a bolsa, está a somar 4,22% para 0,864 euros. Também a Sonae Capital está a disparar 5,28% para 0,758 euros, tendo chegado a ganhar um máximo de 6,8%. Ambos os títulos evidenciam elevada liquidez face ao normal.

“Em Portugal a grande notícia é que a Sonae MC já não vai entrar em bolsa. A justificação é não ser uma boa fase do mercado e por isso não terem encontrado grandes investidores iniciais”, diz Carla Maia Santos, broker da XTB Portugal. “Os investidores transferem assim o capital para a Sonae Capital levando esta a apresentar valorizações acima de 5%“, acrescenta a expert.

Sonae atrai investidores da OPV

Uma semana depois de ter recebido “luz verde” do regulador, a Sonae MC cancelou esta quinta-feira a oferta de venda de ações que estava em curso e que iria culminar com a estreia no mercado no próximo dia 23 de outubro. A turbulência observada nas bolsas nos últimos dias fez com que os planos fossem por água abaixo.

“A Sonae SGPS informa que, face às condições adversas nos mercados internacionais, a oferta institucional não se concretizará, o que determinará, consequentemente, a não execução da oferta pública de venda de ações da Sonae MC”, disse a empresa no comunicado enviado à CMVM.

A Sonae MC pretendia dispersar até 21,7% do capital, correspondentes a 217 milhões de títulos, a um preço entre 1,40 euros e 1,65 euros. A oferta para o retalho e institucionais tinha arrancado apenas esta segunda-feira.

"Em Portugal a grande notícia é que a Sonae MC já não vai entrar em bolsa. A justificação é não ser uma boa fase do mercado e por isso não terem encontrado grandes investidores iniciais. Os investidores transferem assim o capital para a Sonae Capital levando esta a apresentar valorizações acima de 5%.”

Carla Maia Santos

Broker da XTB Portugal

(Notícia atualizada às 11h20)

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Vale a pena ir às compras na OPV da Sonae MC?

Como compara a próxima cotada em Lisboa com os pares europeus? Bem e oferece potencial de valorização para os investidores, dizem os analistas.

Pequenos investidores podem participar na OPV da Sonae MC até da 17.

Está aí a oferta pública de venda (OPV) da Sonae MC. E a dúvida que muitos investidores têm é: vale, ou não, a pena investir nas ações desta nova Sonae? Quanto mais baratos forem vendidos os títulos, maior rendimento potencial haverá para extrair, mas mesmo ao preço máximo a próxima cotada da família Sonae poderá chegar à bolsa como uma boa oportunidade no contexto Europeu.

Até ao próximo dia 17 os pequenos investidores poderão ir ao banco ou corretora dar ordens de compra sobre os títulos da Sonae MC, o negócio de retalho da Sonae que inclui marcas como o Continente, Wells, Maxmat, Go Natural, entre outras. Uma grande parte dos detalhes da operação foi desvendada:

  • Vai ser vendido até 21,7% do capital (217 milhões de títulos) aos investidores (grandes e pequenos, domésticos e internacionais), embora a oferta possa crescer até 33% do capital da empresa, dependendo da procura;
  • Preço de cada ação será fixado no dia 18 e deverá variar entre os 1,40 euros e os 1,65 euros;
  • Dia de estreia na bolsa: 23 de outubro.

O valor final de cada ação é mesmo a peça do puzzle que falta para uma melhor avaliação acerca da atratividade da OPV. Isto é: comprando a um preço mais baixo, as ações apresentam em teoria um maior potencial de retorno. É como explica Albino Oliveira, da Patris Corretora: “a questão central será saber qual o desconto exigido face ao setor pelos investidores para a entrada em bolsa. Um desconto mais significativo irá colocar o preço de venda mais próximo do limite inferior do intervalo”.

Mas o intervalo de preços da Sonae fornece já pistas sobre o que poderá valer o negócio: no máximo, a nova cotada ficará avaliada até 1,65 mil milhões de euros, o que está em linha com as estimativas “razoáveis” dos analistas do Bankinter, que dizem que a OPV é uma “operação interessante para os investidores”.

Albino Oliveira aponta no mesmo sentido: “As ações da Sonae MC irão comparar bem com o setor europeu, de uma forma geral, tendo em conta os vários múltiplos de mercado usualmente usados para o efeito”. E como compara a próxima cotada em Lisboa com os pares europeus?

Dividend yield? Melhor só no Dia

A Sonae MC já disse quer uma política de remuneração acionista atrativa, pretendendo distribuir pelos investidores entre 40% a 50% dos lucros (payout). Em 2017, o retalho gerou um lucro líquido de 115 milhões de euros. Mantendo-se o negócio estável, 57,5 milhões de euros vão parar às mãos dos acionistas (cerca de 6 cêntimos por ação).

Estes dados permitem calcular o dividend yield, a ferramenta utilizada para avaliar a atratividade de um dividendo. No caso da Sonae MC, em função do intervalo de preços e dos resultados do ano passado, as ações apresentam um retorno de dividendo entre 3,5% e 4,1%.

Não é propriamente o melhor dividend yield no setor europeu, pois a retalhista Dia parece insuperável neste capítulo (9,1%). Mas compara relativamente bem com outras cotadas europeias do ramo, como a Tesco, Carrefour ou Ahold Delhaiz. “É um valor para o dividend yield em linha com o setor europeu, tendo em conta o intervalo definido para operação”, diz Albino Oliveira.

Rui Bárbara, gestor do Banco Carregosa, olha para o panorama geral e complementa: “Tendo em conta a conjuntura de taxas de juro de zero ou próximas de zero, a rentabilidade da Sonae MC é atrativa”.

Sonae MC rende 4,5%

Fonte: Reuters

12 anos para recuperar aposta

E quanto tempo vai demorar a recuperar o investimento na OPV? O Price Earnings Ratio (PER) — rácio do lucro por ação — ajuda a avaliar se uma ação está barata ou não, permitindo estimar quantas vezes o dividendo está refletido na cotação. Assumindo que o dividendo se manterá ao longo do tempo, o PER indica quantos anos serão precisos para reaver o dinheiro investido nas ações: quanto mais elevado o PER, mais tempo se demorará a recuperar o dinheiro investido.

Também neste capítulo a Sonae MC compara bem com o setor europeu, seja a que preço for. Se cada título for vendido a 1,40 euros, serão precisos 12 anos para reaver o investimento (isto assumindo os pressupostos de payout de 50% sobre lucros de 115 milhões, como em 2017). O PER sobe para 14 vezes, ou seja, são precisos 14 anos para reaver o valor aplicado inicialmente se a Sonae MC custar 1,65 euros.

Através deste indicador é possível perceber que a Tesco é mais cara entre os pares em análise (PER de 18,6 vezes). E apenas a holandesa Ahold Delhaize consegue rivalizar com a retalhista portuguesa, apresentando um PER de 12,1 vezes.

“Recorrendo ao último resultado conhecido referente ao ano de 2017, apresenta um PER de 14,2. Se observarmos as estimativas para os resultados de 2018, patenteia um PER aproximado de 13 encontrando-se ligeiramente abaixo dos seus pares (17)”, reforça Carlos Pinto, da Optimize.

Fonte: Reuters

Sonae MC subavaliada dá margem para subida

A Sonae MC poderá chegar ao mercado com uma avaliação de 1,65 mil milhões de euros, isto se a OPV fixar cada um dos mil milhões de títulos da empresa em 1,65 euros (o limite máximo do intervalo).

Para o Bankinter, parece ser uma avaliação razoável, muito em linha com a sua própria estimativa para o valor da retalhista, na casa dos 1,62 euros por ação. Esta avaliação tem implícito um múltiplo EV/EBITDA (que mede a avaliação da empresa em função dos resultados antes de impostos) de 7,8 vezes, “abaixo da média de 8,5 vezes do setor na Europa”, um desconto que é explicado pela “dimensão limitada” e pelo “contexto altamente competitivo” do mercado português, explica o banco.

Os analistas do Bankinter fizeram uma análise de sensibilidade ao título e chegaram à conclusão: mesmo que cada ação da Sonae custe 1,72 euros, a retalhista continua “barata” face ao setor europeu. Ou seja, a operação “deverá oferecer potencial de valorização aos investidores que nela participem”.

Múltiplos abrem espaço para valorização

Fonte: Bankinter

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1,4 a 1,65 mil milhões. Sonae MC pode valer tanto em bolsa como a Sonae

A Sonae MC vai para a bolsa. Serão colocados no mercado até 33% do capital da empresa da Sonae que poderá ficar avaliada em bolsa a um valor quase igual ao da "casa mãe".

A Sonae MC não será uma gigante na bolsa nacional. Cada ação da nova cotada vai ser vendida entre 1,40 e 1,65 euros, o que a avaliará, ao preço máximo, em 1,65 mil milhões de euros. Olhando apenas para o PSI-20, é uma capitalização que a põe no 10.º lugar entre as 18 maiores empresas portuguesas, ficando praticamente empatada com a “casa mãe”.

O valor final a que cada ação da Sonae MC será vendido só ficará definido a 18 de outubro, estando dependente da procura a que se assistir durante o período de subscrição das ações. Mas ao preço mínimo, de 1,40 euros, os mil milhões de títulos que representam a totalidade do capital da empresa atribuem-lhe uma avaliação de 1,4 mil milhões.

Esta avaliação é mais de dez vezes inferior à atribuída pelos investidores às grandes cotadas do PSI-20, — a Galp Energia, avaliada em 13 mil milhões, e a EDP, que tem um valor em bolsa de 11,6 mil milhões. Não chega ao top 3, nem entra sequer no top 10 — num índice que apesar de se chamar PSI-20 só tem 18 cotadas.

A 1,4 mil milhões de euros, a Sonae MC ficaria no 13.º lugar, atrás da Semapa, Corticeira Amorim e REN, mas a valer quase o triplo da cotada imediatamente abaixo, os CTT. No entanto, se os títulos acabarem por ser vendidos ao preço máximo, a nova cotada pode dar um salto na classificação. Pode passar para 10.º, olhando apenas para o PSI-20 — fora do índice principal o BPI põe a Sonae MC em 11.º.

Capitalização das empresas do PSI-20

Os 1,65 mil milhões de euros seriam suficientes para que a Sonae MC superasse a Semapa, Corticeira Amorim e a REN, ficando praticamente empatada com a Sonae, empresa que a está a colocar no mercado de capitais através de uma oferta mínima inicial de 217 milhões de títulos.

A Sonae está avaliada na bolsa nacional em 1,76 mil milhões, ou seja, apenas 90 milhões acima da capitalização máxima potencial da nova cotada. Esta capitalização da Sonae reflete, contudo, a queda acentuada que holding regista desde o início do ano. Enquanto o PSI-20 cai 2,5%, a Sonae perde quase dez vezes mais em 2018. O saldo é negativo em 22,9%.

Sonae afunda em bolsa. Cai 23% em 2018

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Sonae vai colocar 21% do retalho em bolsa. Pequenos investidores só terão 5%

A Sonae vai colocar em bolsa 21% do negócio do retalho, sendo que a maior "fatia" será destinada aos investidores institucionais. Pode vender mais, chegando, no limite, a 33% do total da empresa.

A Sonae pretendia colocar um quarto do capital da Sonae MC em bolsa. Afinal, vai avançar com uma oferta pública de venda (OPV) de pouco mais de 21% da empresa de retalho, sendo que a percentagem a alienar poderá chegar, no limite, até aos 33%. Os pequenos investidores vão ficar, no máximo, com 5% do capital.

“A oferta base compreende 217.360.000 ações ordinárias existentes”, que representam 21,7% dos mil milhões de títulos que perfazem o capital da Sonae MC. Além destes títulos, a empresa revela que “concedeu aos Joint Global Coordinators da oferta uma opção de over-allotment de até 32.600.000 ações”.

Assim, o capital total em bolsa pode chegar aos 25%, mas pode ser ainda superior. É que, no prospeto aprovado pela CMVM, publicado na integra apenas em inglês, é referido que o oferente pode optar por aumentar a oferta em 87 milhões de títulos, mas apenas para investidores institucionais. Ou seja, no limite, a Sonae pode ceder um terço da empresa.

Pequenos aforradores com 5%

Como é habitual, serão os grandes investidores a ficar com a maioria das ações que vão ser oferecidas a preços entre 1,40 e 1,65 euros, cada. Dos 217 milhões de títulos de base, a Sonae MC revela que “77% serão oferecidas através de uma oferta particular reservada a investidores institucionais em Portugal e fora de Portugal”. O restante é para os pequenos investidores.

De acordo com o prospeto, “23% [das ações que compõem a oferta base] serão oferecidas através de uma oferta pública a investidores em Portugal”. Estas correspondem a 5% do capital, sendo que nunca estes investidores poderão ficar com mais já que tanto os 32,6 milhões do over-allotment como os 87 milhões da opção para aumentar a oferta estão reservados a institucionais.

(Notícia atualizada às 23h18 com mais informação)

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Conheça os cinco argumentos da Sonae para convencer os investidores a apostarem no IPO do retalho

Maior visibilidade, dividendos, setor em crescimento, líder de mercado e solidez financeira. A Sonae tem uma mão cheia de argumentos para convencer os investidores a apostar no IPO do ano em Lisboa.

Vem aí o IPO (initial public offering) do ano em Lisboa. A Sonae sempre vai colocar o seu negócio de retalho na bolsa portuguesa. A oferta será dirigida para todo o tipo de investidores (pequenos e grandes, portugueses e internacionais) e a Sonae MC apresenta uma mão cheia de argumentos para não ficar de fora da operação que vai acontecer até final do ano.

Continente ganha visibilidade. E dá descontos

Ao separar o negócio do retalho da holding e colocando-o numa estrutura mais simplificada, a Sonae acredita que vai cristalizar valor para os seus acionistas “através da maior visibilidade dada à valorização da Sonae MC e potencialmente através da redução do desconto de holding do grupo”.

Na última nota de research sobre a Sonae, os analistas do BPI Caixabank dizia que a cotada liderada por Paulo Azevedo e Ângelo Paupério “sempre foi percecionada como uma estrutura complexa”, razão pela qual aplicava um desconto de holding de 10% sobre o preço das ações. Mas com a simplificação do negócio por via deste IPO os acionistas poderão ter uma borla.

Distribuir metade dos lucros

É o principal interesse dos investidores quando apostam na bolsa: os dividendos. A Sonae MC garante que vai manter um perfil financeiro sólido e um nível de endividamento conservador, mas promete simultaneamente uma política de remuneração acionista “em linha com as melhores práticas do mercado”.

O objetivo passa por ter um rácio de payout entre 40% a 50% do lucro ajustado e após interesses minoritários. Ou seja, assumindo os resultados do ano passado, em que a Sonae MC registou um lucro de 115 milhões de euros, isto significaria que entre 46 milhões e 57 milhões de euros iriam para os bolsos dos acionistas (incluindo a Sonae, que vai ficar com 75% da nova cotada) sob a forma de dividendo, caso a empresa mantivesse esta política de remuneração de capital.

A Sonae MC alerta, porém, que estes “objetivos financeiros presumem que não existirão mudanças materiais a nível político, legal, fiscal ou das condições de mercado ou económicas que poderão afetar as operações”.

Empresa sólida e a gerar dinheiro

A Sonae MC está bem e recomenda-se, nota a Sonae. O negócio do retalho alimentar tem crescido a nível sustentável nos últimos anos, o que tem permitido à empresa “manter um perfil financeiro forte”.

Em concreto, a Sonae MC viu a sua faturação aumentar 5,6% entre 2015 e 2017, “em resultado da combinação de um robusto crescimento like-for-like e de uma contínua expansão da rede de lojas”. A margem de EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) fixou-se nos 7,4% no ano passado, “o que a coloca entre os mais rentáveis operadores cotados do retalho alimentar na Europa”. Simultaneamente, a retalhista apresentou uma “robusta capacidade de gerar fluxos de caixa com 53% de cash conversion“, apesar do forte plano de investimento para melhorar a rede de lojas.

A Sonae considera ainda que a estratégia de deter a propriedade de pelo menos 40% dos seus ativos imobiliários permite uma melhor gestão da sua rede de lojas, contribuindo para cimentar a posição financeira do seu negócio.

Em relação ao nível de endividamento da Sonae MC, o perfil financeiro da retalhista será “suportado por uma estrutura conservadora de capital com um rácio máximo de dívida líquida sobre o EBITDA de duas vezes”.

Retalho com potencial de crescimento

A Sonae fala em “atrativo mercado de retalho alimentar português” e justifica-se sobretudo com duas razões. Por um lado, a economia portuguesa está finalmente a crescer após uma recessão económica severa, “suportado por uma melhoria das exportações, uma redução significativa do endividamento e uma melhoria contínua da taxa de desemprego”. Com isto, o rendimento disponível e a confiança das famílias vão melhorar substancialmente nos próximos anos, dois bons tónicos para impulsionar ainda mais o consumo privado que “já se encontra em níveis acima dos registados antes da crise e que se estima que cresça a uma taxa anual nominal de 3,4% até 2020”, contextualiza a empresa.

Por outro lado, o próprio contexto do setor também oferece uma janela de oportunidade para os investidores. É uma indústria “em crescimento e com baixa taxa de penetração, estimando-se que cresça a 2,9% por ano até 2022″, argumenta a Sonae.

Líder com 22% de quota de mercado

Se o setor do retalho alimentar em Portugal apresenta um elevado potencial de crescimento, nada melhor do que apostar no líder de mercado para aproveitar os bons ventos que se avizinham, diz a Sonae.

A Sonae MC é o maior operador do retalho alimentar português, tendo uma quota de mercado de quase 22%. Apesar de operar num “ambiente altamente competitivo”, a retalhista tem conseguido reforçar a sua posição em Portugal devido ao seu “negócio de retalho alimentar único, multi-formato e omnicanal com uma rede de hipermercados urbanos, supermercados e lojas de proximidade, complementado por um portefólio diversificado de formatos adjacentes e uma plataforma de e-commerce em rápido crescimento”.

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A nível físico, destaca a “elevada capilaridade” da rede de lojas, com uma cobertura nacional que “abrange 567 lojas de retalho alimentar e 487 lojas de formatos adjacentes localizadas em áreas premium espalhadas pelo país”, incluindo parafarmácias, restaurantes e supermercados orgânicos, cafés, papelaria, entre outros. Quanto ao comércio eletrónico, “a sociedade detém uma quota de mercado de 70%, alavancando na sua presença pioneira neste canal”.

Outros dois pontos a favor: o programa de fidelização de clientes que conta com 3,7 milhões de utilizadores ativos e a forte notoriedade da marca Continente, “a marca mais reconhecida em Portugal com 100% de notoriedade”.

Portefólio da Sonae MC

 

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Continente no mundo, a Nos e o retalho na bolsa. A década de Paulo Azevedo à frente da Sonae

Paulo Azevedo liderou a Sonae desde meados de 2007 e conduziu os destinos da companhia durante o período da crise mundial. Vai deixar o cargo no fim deste ano. Como era e como é a dona do Continente?

Cláudia Azevedo vai assumir a presidência executiva da Sonae, anunciou a empresa esta terça-feira. Mas o que foi o grupo ao longo de mais de uma década sob a batuta de Paulo Azevedo? O gestor teve a missão de comandar o império criado pelo pai, Belmiro de Azevedo, que pegou numa pequena empresa de laminados para a tornar numa companhia com um portefólio que vai do retalho ao turismo e das telecomunicações à tecnologia.

Foi a 3 de maio de 2007 que Paulo Azevedo assumiu a presidência da Sonae, após um minucioso processo de seleção comandado pelo próprio Belmiro de Azevedo. Aliás, o ECO já o explicou aqui: também Ângelo Paupério, Álvaro Portela e Nuno Jordão eram candidatos ao alto cadeirão da dona do Continente e a passagem do testemunho foi gerida com máxima cautela. O homem forte da companhia queria uma transição suave, mas também baseada no mérito. E receava perder algum destes talentos. A escolha do filho do empresário acabou por ser consensual entre todos.

É impossível descolar o rótulo “retalho” da Sonae de Paulo Azevedo. Foram anos e anos de know-how acumulado, que a empresa veio a aplicar noutras áreas de negócio, como o desporto na Sport Zone, ou a eletrónica de consumo na Worten. Mas a Sonae de hoje é diferente da Sonae de ontem. E isso torna-se evidente após uma visita ao arquivo de relatórios de contas da companhia dos últimos 11 anos.

Em 2007, ano em que Paulo Azevedo assumiu os comandos, a Sonae lançava-se numa “estratégia de crescimento” no negócio de retalho, “reforçando a liderança” em Portugal. Também continuava a “expandir a sua presença internacional no negócio dos centros comerciais”, fechando o ano com 47 centros comerciais em sete países. Tudo isto tinha um objetivo que era claro: crescer em “setores atrativos”, com potencial para se tornarem cada vez mais globais.

Já nesta altura, o ADN da Sonae estava bem definido perante os investidores. No documento, a companhia assumia “sete princípios de comportamento fundamentais”: o empreendedorismo “para explorar novas oportunidades”, a boa gestão, a liderança, a disponibilidade para a mudança, o controlo, a transparência e a “independência do poder político”. Um traço que a Sonae herdou da era de Belmiro. Mas além da teoria, importa olhar para a prática. Reconhecendo um ano de “forte desempenho operacional” em toda a linha, a Sonae fechou o exercício de 2007 com receitas de 5,2 mil milhões de euros e um lucro de 284 milhões de euros, de acordo com a Reuters. O volume de negócios subiu 9,1% face a 2006.

Os próximos anos não terão sido fáceis, até porque vale a pena recordar que Paulo Azevedo recebeu a Sonae numa altura em que a crise mundial começava a dar de si. Neste ano, já se antecipava uma “desaceleração” do crescimento económico mundial, mas o PIB de Portugal ainda crescia 1,9%. No ano seguinte, 2008, com a crise já bem instalada no país, a empresa acabaria por conseguir, mesmo assim, aumentar as receitas para quase 5,7 mil milhões de euros. Já os lucros, esses, não escaparam: afundaram quase 72% para os 80 milhões de euros.

“Durante o ano de 2008, o ambiente macroeconómico e financeiro continuou a deteriorar-se em todo o mundo, muito acima das previsões iniciais”, lia-se no relatório de contas sobre o ano de 2008. Foi o primeiro ano completo de mandato para Paulo Azevedo, que assumia agora uma estratégia puramente voltada para o mundo global.

Numa mensagem enviada aos investidores, o gestor escrevia: “A internacionalização, focada no nosso negócio principal e incluindo as áreas adjacentes, será o nosso fator principal de crescimento durante muitos anos que hão de vir.” Paulo Azevedo estava a pensar em grande: “Temos a oportunidade de aumentar a nossa pegada internacional e de transformar a Sonae numa grande multinacional.”

A estratégia passava por apostar em oportunidades nos mercados emergentes e noutros já maduros, em que a Sonae já tivesse presença. Nos primeiros, Paulo Azevedo procurava crescimento económico para desenvolver mercados de retalho. No segundo, procurava oportunidades para “ganhar vantagem” sobre a concorrência.

Com os anos, a pressão sobre os resultados da Sonae aumentou. As receitas atingiram um pico de 6,3 mil milhões de euros em 2010, mas recuaram até 2014, período marcado pela passagem da troika pelo país. Já a pressão sobre os resultados líquidos manteve-se durante alguns anos, com a Sonae a só conseguir regressar acima da fasquia dos 200 milhões em 2016, ano em que apresentou um lucro de 215,1 milhões de euros. Pelo meio, apresentou-se com uma nova imagem. Foi em 2009, por ocasião dos 50 anos da companhia.

Falar da Sonae de Paulo Azevedo também é falar da fusão da Zon de Isabel dos Santos com a Optimus da antiga Sonaecom. A operação foi anunciada no final de 2012, em meados de dezembro. Poucos dias depois de ter sido conhecida a intenção, o conselho de administração da Optimus aprovava a operação “sem reservas”. Nessa altura, Ângelo Paupério, hoje parceiro de Paulo Azevedo na liderança do grupo, era administrador executivo da Sonae e presidente executivo da Optimus. E tudo estava alinhado para a operação: numa carta citada pelo Jornal de Negócios, Paupério dizia estar “integralmente disponível para negociar com a Zon a elaboração de um projeto de fusão” com a operadora.

Foi criada a Zopt, detida em conjunto pela Zon de Isabel dos Santos e pela Sonaecom. A primeira transferiu 28,8% da Zon para a nova empresa, enquanto a Sonaecom transferiu 81,8% da Optimus. A compra foi aprovada a 26 de agosto de 2013 e lançou as bases para o que é atualmente a Nos, liderada por Miguel Almeida. A participação de Ângelo Paupério em todo o processo de fusão terá sido decisiva.

Na carta aos investidores assinada por Paulo Azevedo na apresentação dos resultados de 2013, o gestor destaca o sucesso da operação. “Esta fusão criou um player com maiores vantagens competitivas e ambição que, apesar de ainda nas primeiras fases de integração, está já a lançar produtos convergentes de forma bem-sucedida”, dizia o líder da Sonae.

Hoje, a Sonae tem negócios em 91 países espalhados por todos os continentes como resultado da estratégia de internacionalização de Paulo Azevedo:

  • É dona da Sonae MC para o setor do retalho.
  • Tem a Sonae S&F, dona da Sport Zone e de marcas como a Berg Outdoor e Deeply.
  • Detém a Worten e a Worten Mobile para toda a componente de eletrónica.
  • Com a Sonae RP, o grupo aposta na gestão do seu património imobiliário de retalho.
  • Conta com a Sonae FS como coordenadora de serviços financeiros, e que inclui, por exemplo, o Cartão Universo e a corretora de seguros MDS.
  • Tem a já conhecida Sonae Sierra, que aposta nos centros comerciais.
  • É acionista da Nos, através da Sona IM, bem como dona do jornal Público.

E por falar em Sonae IM, a subsidiária da Sonae também tem feito apostas na área da tecnologia. Dela, nos últimos tempos, têm partido notícias de várias operações de compra de empresas internacionais ligadas à segurança informática e a tecnologias emergentes, como a inteligência artificial. Já este ano, fundiu duas empresas espanholas num “primeiro passo” para criar uma empresa líder em cibersegurança a nível europeu. Com o mundo a mudar, a Sonae não quer ficar para trás.

Na mais recente apresentação de resultados, relativos a 2017, Paulo Azevedo reconhece que a Sonae enfrentou crises mundiais e instabilidade política ao longo da última década. A estratégia, agora, inverteu-se. No retalho, o grupo aposta em estabelecimentos mais voltados para o nível local, um dos pilares de crescimento para a próxima temporada. Diz mesmo que a decisão da “expansão para pequenos centros nas cidades e lojas comunitárias ainda menores” resultou num reforço da quota de mercado e pôs a Sonae em áreas onde a empresa ainda não estava. É o caso do conceito por detrás do Continente Bom Dia.

Antes de deixar a liderança, Paulo Azevedo e Ângelo Paupério terão uma última missão: pôr o negócio do retalho na bolsa de Lisboa. O grupo já deu conta dessa intenção e deverá listar um portefólio que contará com ativos dos segmentos do retalho alimentar e da propriedade imobiliária. Segundo o Jornal de Negócios (acesso condicionado), a Sonae deverá optar por uma venda direta a investidores institucionais, o que significa que apenas quando a nova empresa estiver cotada é que os pequenos investidores vão poder comprar ações. A operação permitirá reduzir a dívida da Sonae.

Posto isto, em linhas gerais, este é o cenário: Cláudia Azevedo vai receber uma empresa a gerar 5,71 mil milhões de euros em receitas e lucros de 165,8 milhões de euros, a afirmar-se no setor tecnológico e a mudar conceitos no setor do retalho, de uma lógica de massa para uma mais local e focada. Levará a cabo projetos já em curso, como o projeto do Troia Resort, que ainda recentemente alienou mais uma parcela a uma empresa francesa. O carimbo de Paulo, esse, ninguém o apaga do historial da companhia com Azevedo no nome de família.

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Sonae usa Cartão do Continente para fidelizar investidores no retalho português

A Sonae está a acelerar o processo de colocação em bolsa do negócio do retalho. Já está a fazer contactos com os investidores, vendendo a liderança nas lojas físicas, mas também no online.

A Sonae está a dar passos largos rumo à dispersão do negócio do retalho em bolsa. Do processo de intenções, passou aos atos, avançando com contactos com potenciais investidores. Procura atraí-los para a empresa que detém o Continente, mas também o Meu Super, e lojas como a Well’s, com a liderança no mercado. Até o Cartão Continente é utilizado para tentar fidelizar investidores, numa altura em que os clientes começam a passar para o online onde… a empresa de Paulo Azevedo também tem uma palavra a dizer.

A ideia de colocar o retalho no mercado de capitais já não é nova, mas só foi tornada pública em março. Recentemente, a empresa veio esclarecer que a unidade a dispersar em bolsa inclui também os ativos imobiliários que albergam as lojas, mas o processo ganha agora novo fôlego com o arranque dos encontros com investidores. Na CMVM, a Sonae deu a conhecer a apresentação que está a fazer aos potenciais interessados. São 26 páginas em que mostra que esta nova cotada é uma “proposta de investimento sólida”.

O que está incluído? Quem comprar ações da nova empresa (os pequenos investidores estão arredados do processo nesta fase inicial) vai passar a ser “dono” de, ao todo, “697 lojas geridas pela Sonae, em que mais de 40% dos ativos imobiliários são detidos pela Sonae MC”. Do Continente são em menor número, ainda que sejam as lojas de maior dimensão. A maioria são do Continente Modelo (um total de 133), enquanto do Meu Super chegam quase a 300.

 

Continente (Modelo e Bom Dia) são as estrelas na alimentação

Estas centenas de lojas, parte delas com o espaço físico incluído, permitem à Sonae uma forte presença geográfica que lhe garante a posição de liderança que este negócio tem em Portugal, com “uma quota de mercado de 22%” no retalho alimentar, ficando à frente do Pingo Doce, da rival Jerónimo Martins. “É um dos mercados com maior crescimento na Europa”, tendo uma “taxa de penetração abaixo da média”, refere.

Às lojas do retalho alimentar juntam-se outros formatos, nomeadamente a Well’s (198) e a Bagga (129), que engrossam de forma expressiva o número de lojas que a empresa vai incluir no negócio que procura fazer com os novos investidores. E com estas vem a mais recente aposta da Sonae, o ZU, específico para os animais.

Da Well’s à Note, até ao ZU

Todas estas lojas recebem milhões de clientes, sendo que muitos deles são fiéis às insígnias da Sonae. E esse é também um ponto forte destacado pela empresa coliderada por Paulo Azevedo na apresentação aos potenciais investidores. Para o demonstrar, recorre ao Cartão Continente, descrito como um programa com uma “inigualável base de clientes, cobrindo cerca de 85% das famílias portuguesas”. Há 3,7 milhões destes cartões.

O Cartão Continente, que “proporciona um conhecimento abrangente da nossa base de clientes”, é utilizado na maioria das compras feitas pelos portugueses nas lojas do grupo. “88% das vendas da Sonae MC são feitas utilizando o cartão de fidelização Continente”, refere a empresa na apresentação para os investidores.

Do físico ao digital…

O negócio do retalho é, atualmente, muito dependente dos espaços físicos, mas o futuro será cada vez mais digital. E a Sonae “vende” aos investidores essa aposta. A “Sonae MC é o líder incontestado em comércio eletrónico para retalho alimentar em Portugal”, refere a empresa, salientando que tem 22% de quota do mercado, mas quando se olha apenas para o digital essa quota dispara. “É o claro líder de mercado em Portugal com cerca de 70% quota de mercado”, destaca.

Conta com mais de 500 mil clientes registados na app do Continente, onde é possível fazer as encomendas, sendo que o próprio Cartão Continente está a começar a ser desmaterializado. A “nova aplicação móvel digital lançada em fevereiro de 2018 que já conta com mais de 300 mil utilizadores”, refere a Sonae.

…sempre a faturar

Seja através das lojas físicas, seja da plataforma online, relevante para os investidores é a capacidade de a Sonae de crescer. E isso é sublinhado pela empresa, com muitos gráficos. O negócio do retalho apresenta um “perfil de crescimento atrativo baseado num sólido desempenho das vendas like for like [numa base comparável] e num forte plano de expansão”. Registou um crescimento de 5,3%.

 

O retalho obteve receitas de 4,1 mil milhões de euros no último exercício anual, bem como um EBITDA de cerca de 303 milhões, refere a Sonae, notando não só que esta é uma empresa com um “perfil financeiro sólido”, como tem uma estratégia de crescimento bem delineada, sendo esta “executada por uma equipa de gestão extremamente experiente”.

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Sonae afasta pequenos investidores da colocação em bolsa do retalho

  • ECO
  • 23 Maio 2018

Os pequenos investidores apenas vão poder comprar ações de parte do portefólio de retalho da Sonae quando a nova empresa estiver cotada na bolsa de Lisboa.

A Sonae elegeu o negócio do retalho alimentar e a propriedade imobiliária como as partes do seu portefólio que vão para a bolsa através de uma oferta pública inicial (IPO, sigla inglesa). Mas a operação de colocação da nova empresa apenas estará reservada para os investidores institucionais. Já os pequenos investidores apenas poderão adquirir ações da nova cotada da família Sonae quando ela já estiver a negociar no mercado.

De acordo com o Jornal de Negócios (acesso pago), a Sonae deverá optar por uma venda direta a investidores institucionais, o que significa que apenas quando a nova empresa estiver cotada é que os pequenos investidores vão poder comprar ações.

Uma fonte contactada pelo jornal disse que “não é certo que seja um IPO tradicional, pois a empresa pode optar por uma colocação privada”, semelhante operação que a EDP fez em 2008 com a colocação da EDP Renováveis em bolsa.

Também os analistas acreditam nesta via. “Depois de ter sido dado a conhecer um sindicato bancário, a operação deverá ser feita através de uma venda a investidores institucionais”, referiu Albino Oliveira, analista da Patris Investimentos.

Esta semana, a empresa liderada por Paulo Azevedo definiu o perímetro desse portefólio de retalho que poderá vir a ser colocado em bolsa, devendo este recair sobre a Sonae MC e a Sonae RP, de acordo com o comunicado enviado à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Ou seja, as empresas de retalho alimentar e a unidade responsável pela gestão do portefólio de imobiliário de retalho da Sonae.

Ainda no mesmo comunicado, e conforme o ECO noticiou, a Sonae escolheu o Barclays, o BNP Paribas e o Deutsche Bank para operacionalizar a entrada deste negócio na bolsa de Lisboa.

A empresa quer colocar o retalho no mercado, mas não vai abdicar do controlo das operações. No máximo, colocará em bolsa 49% do capital, mas a percentagem a admitir à negociação ainda não está definida. Já sobre o valor, há indicações. Fontes próximas à Sonae garantem ao ECO que a área de retalho pode chegar ao mercado avaliada em perto de dois mil milhões de euros.

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Analistas aplaudem decisão da Sonae de colocar retalho alimentar e imobiliário em bolsa, ações avançam

Analistas consideram positiva opção de colocar retalho alimentar e imobiliário em bolsa porque vai simplificar a operação. Ações da Sonae acompanham otimismo.

Retalho alimentar e imobiliário. A Sonae já definiu quais os negócios que pretende colocar em bolsa. Embora nenhuma decisão formal tenha ainda sido tomada, a escolha da administração co-liderada por Paulo Azevedo vai recair sobre a Sonae MC e a Sonae RP para o lançamento de uma oferta pública inicial (IPO), uma decisão aplaudida pelos analistas. Para já, o comportamento das ações da Sonae reflete a incorporação destas novas informações: os títulos já estiveram em terreno negativo, mas avançam agora ligeiramente.

A Sonae SON 0,00% anunciou esta segunda-feira que selecionou a Sonae MC e a Sonae RP como negócios do seu portefólio que poderão ir para a bolsa, encontrando-se a estudar esta possibilidade com os bancos de investimento Barclays, BNP Paribas e Deutsche Bank.

Para a equipa de research do CaixaBank/BPI, o perímetro definido (retalho alimentar+imobiliário) “deverá simplificar a operação”, na medida que a nova empresa que resultar do IPO será mais comparável com os seus pares de retalho alimentar europeu — isto, face à alternativa de a administração também incluir o retalho não alimentar, o que não seria uma boa opção, dizem os analistas. Porquê?

Porque “o potencial encaixe financeiro com a inclusão de formatos não-alimentares não seria maximizado”, tendo em conta que esta divisão ainda se encontra numa fase de reestruturação e o seu contributo para a operação seria residual, argumentam os analistas numa nota de research divulgada esta terça-feira junto dos clientes. O CaixaBank/BPI mantém uma recomendação de compra sobre a Sonae com um preço-alvo de 1,45 euros.

Os analistas aplaudem a decisão da Sonae, e numa primeira reação a este anúncio as ações da Sonae chegaram a valorizar quase 1%. Porém, a primeira hora de negociação foi marcada por alguma volatilidade em torno destes títulos, refletindo a incorporação das novas informações pelos investidores: inverteram para terreno negativo, mas voltaram à tona de água momentos depois, encontrando-se em alta de 0,52% nos 1,15 euros.

Segundo os últimos números do grupo Sonae, referentes ao primeiro trimestre do ano, o retalho alimentar foi responsável por um volume de negócios de 940 milhões de euros. Já a Sonae RP fechou o trimestre com um portefólio de 20 lojas Continente, 60 lojas Continente Modelo e 30 lojas Continente Bom Dia, num valor contabilístico líquido de 908 milhões de euros, e com um volume de negócios da 23 milhões de euros.

A pretensão de fazer um spin-off de alguns negócios da Sonae foi anunciada por Paulo Azevedo em março, durante apresentação de resultados anuais do grupo. Nessa ocasião, o gestor referiu que havia “investidores interessados” num eventual IPO do negócio do retalho da Sonae.

Ações da Sonae avançam

Nota: A informação apresentada tem por base a nota emitida pelo banco de investimento, não constituindo uma qualquer recomendação por parte do ECO. Para efeitos de decisão de investimento, o leitor deve procurar junto do banco de investimento a nota na íntegra e consultar o seu intermediário financeiro.

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Sonae Indústria aumenta lucros. Vendas caem

Apesar dos lucros de 15,9 milhões de euros registados em 2017, onde se inclui o contributo da parceria com a Arauco, a Sonae Indústria viu o volume de negócios cair. A dívida encolheu quase 5 milhões.

Num ano marcado pelo desaparecimento de Belmiro de Azevedo, fundador da Sonae Indústria, a empresa voltou a registar lucros. Fechou o ano com um resultado líquido de 15,3 milhões de euros. É, de acordo com o comunicado enviado à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), um crescimento de 38,7% face ao exercício anterior.

Este valor, que compara com os 11 milhões de euros de lucros alcançados no ano anterior, fica, ainda assim, aquém das estimativas dos analistas do CaixaBI que apontavam para lucros na ordem dos 21 milhões de euros.

Este resultado inclui a contribuição da Sonae Arauco, empresa criada em maio de 2016, em parceria com os chilenos da Arauco e que é detida em partes iguais pelos dois grupos. A Sonae Arauco foi constituída para operar nos mercados europeu e na África do Sul, no negócio dos painéis derivados de madeira.

Enquanto os lucros cresceram em mais de quatro milhões de euros, o EBITDA consolidado atingiu, em 2017, os 39,3 milhões de euros, cerca de 1,1 milhões de euros superior ao ano anterior, “beneficiando de itens não recorrentes positivos em 2017”. Incluindo a parceria com a Arauco, o EBITDA atingiu os 89 milhões de euros, um milhão a menos que no exercício anterior.

O volume de negócios consolidado da Sonae Indústria, por seu lado, atingiu os 231 milhões de euros, uma redução de 9,9 milhões de euros (ou menos 4,1%) face a 2016. A empresa imputa esta redução do volume de negócios “ao menor volume de vendas no negócio da América do Norte, cujo efeito não foi totalmente anulado pelo aumento dos preços médios de venda no Canadá”. A este fator há ainda que somar, na segunda metade de 2017 a redução de vendas nos mercados nórdicos no negócio dos Laminados e Componentes.

Incluindo a parceria com a Arauco, o volume de negócios ascenderia a 630 milhões de euros que compara com os 639 milhões de euros registados em 2016.

 

Ao mesmo tempo que o investimento, incluindo a participação de 50% na Sonae Arauco, foi de 205,6 milhões de euros, 9,7 milhões de euros acima do ocorrido no ano anterior, a dívida encolheu. Situou-se nos 208,7 milhões de euros, no final de dezembro de 2017. Este valor representa uma diminuição de cerca de 4,9 milhões de euros quando comparada com o final de 2016.

Ano positivo, ano triste

Paulo Azevedo salienta o ano positivo nos principais negócios, num “ano em que vivemos dois eventos marcantes que deixaram tristeza nas nossas mentes e corações: o falecimento de Belmiro de Azevedo, meu pai e fundador da Sonae Indústria; e a lamentável tragédia ocorrida em duas das nossas fábricas, em Portugal, devido aos incêndios florestais“.

Belmiro de Azevedo “tinha um espírito empreendedor e uma visão e estilo de liderança únicos que o fizeram destacar-se no negócio dos painéis derivados de madeira, com base num sólido modelo de gestão e de recursos humanos, na inovação e num forte conjunto de valores profundamente incorporados. Sentiremos muito a sua falta e faremos o nosso melhor para honrar o seu legado“, destaca o chairman da Sonae Indústria.

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