Restalia promove o empreendedorismo em Portugal

  • Servimedia
  • 14 Maio 2024

A Restalia, multinacional espanhola do setor da restauração organizada, organiza a segunda edição das suas jornadas informativas para promover o espírito empresarial, a ExpoRestalia.

A iniciativa consiste numa série de conferências gratuitas destinadas a futuros empresários interessados no modelo de franchising da empresa espanhola. Além disso, será também uma oportunidade para conhecer em profundidade as diferentes marcas da empresa: 100 Montaditos, The Good Burger, La Sureña, Pepe Taco e Panther.

A ExpoRestalia também oferecerá um espaço de networking após as conferências, onde será possível fazer perguntas aos especialistas da empresa. A última edição da ExpoRestalia, em janeiro de 2024, contou com a presença de mais de 30 participantes, resultando em potenciais franchisados.

A empresa salientou que “o franchising com a Restalia oferece benefícios como um investimento acessível, o apoio de uma empresa com experiência comprovada, uma diversidade de marcas para trabalhar e uma flexibilidade de formatos concebidos para se adaptarem às diversas necessidades dos empresários, desde instalações tradicionais a quiosques, centros de alimentação ou food trucks”.

“O franchising com a Restalia não é apenas uma oportunidade de negócio; é uma porta aberta para o empreendedorismo moderno, apoiado por uma rede experiente que valoriza a diversidade e se adapta às necessidades dos empresários. A ExpoRestalia serve como um catalisador essencial para compreender profundamente o nosso modelo de franchising, explorar as nossas marcas e, mais importante, dar os primeiros passos confiantes para o sucesso do negócio”, diz a empresa.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Banco Atlântico Europa lucra mais de 5 milhões antes de venda a chineses

Banco de capitais angolanos obteve no ano passado o melhor resultado desde que acordou a venda ao grupo Well Link, em 2019. A subida dos juros foi o principal responsável pelos lucros de 5,5 milhões.

O Banco Atlântico Europa, de capitais angolanos, registou lucros de 5,5 milhões de euros em 2023, quase duplicando face ao ano anterior, com o resultado a ser impulsionado pela escalada das taxas de juro, quando se prepara para fechar a venda ao grupo chinês Well Link.

Foi o melhor resultado desde 2018, um ano antes de a holding de Carlos Silva, o Atlântico Financial Group, ter celebrado o acordo de venda do banco ao grupo com sede em Hong Kong por um valor não divulgado, mas que poderá rondar os 80 milhões de euros, tendo em conta a situação líquida da instituição no final do ano passado.

Desde então que o negócio se mantém num impasse, à espera de “luz verde” do Banco de Portugal. No relatório e contas de 2023, a instituição liderada por Nuno Vaz (recém-eleito CEO desde março) e Diogo Cunha (chairman) indica que se “mantém em curso o processo de autorização da potencial aquisição das participações sociais do banco por um novo investidor, prevendo-se agora a conclusão no decorrer do ano de 2024”.

O Atlântico Financial Group detém 96,5% do banco português, enquanto outros 3,5% estão na posse da sociedade Nasoluma.

Margem duplica

Para o melhor desempenho em mais de cinco anos contribuiu em grande medida a subida das taxas de juro. A margem financeira – diferença entre juros cobrados nos empréstimos e os juros pagos nos depósitos — do Atlântico Europa mais do que duplicou para 16,2 milhões de euros no ano passado.

Com o produto bancário a atingir os 27 milhões de euros, mais 20% em comparação com 2022, o banco indica que manteve uma “rigorosa política de contenção de custos”, subindo apenas 3% para 18,5 milhões. Com isso, o rácio cost-to-income melhorou para 66,2%. E isto num ano em que reforçou os quadros com seis pessoas, passando a ter 182 trabalhadores.

Além de Portugal, onde está presente desde 2009, o Atlântico Europa também tem uma sucursal na Namíbia.

Depósitos tombam 30%

Apesar da subida dos resultados, o balanço contraiu. O volume de negócios caiu 10% para 994,2 milhões de euros, com o crédito a clientes a recuar quase 9% e os recursos em balanço (sobretudo depósitos) a caírem quase 30% para 440,9 milhões. Parte dos depósitos terão sido transferidos para recursos fora de balanço, que registou um disparo de 45% para 364,4 milhões.

A generalidade dos bancos perderam depósitos no ano passado por duas razões principais: a forte aposta das famílias nos Certificados de Aforro — particularmente no primeiro semestre, antes de o Governo ter cortado a remuneração em junho –, e a utilização das poupanças dos particulares para amortizar o crédito da casa.

Esta queda pronunciada nos depósitos permitiu ao Atlântico Europa aumentar o seu rácio de transformação de depósitos em crédito, passando de 45% em 2022 para mais de 50% no ano passado — a média do setor foi de cerca de 80% em 2023.

Ao nível da qualidade de crédito, manteve um rácio de malparado abaixo dos 2% e aquém da média do setor em Portugal (2,7%).

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Savannah mantém interesse no consórcio de baterias de lítio do PRR apesar de saída da Galp

“Estão a ser feitas todas as diligências para substituir o líder da Agenda CVB - Cadeia de Valor das Baterias em Portugal em articulação com os outros copromotores”, disse ao ECO o IAPMEI.

A saída da Galp do consórcio que vai criar uma cadeia de valor de baterias de lítio em Portugal, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), não ditou o desinteresse da Savannah em participar nesta agenda mobilizadora. O IAPMEI está a tentar encontrar um substituto para liderar o consórcio.

Estão a ser feitas todas as diligências para substituir o líder da Agenda CVB – Cadeia de Valor das Baterias em Portugal em articulação com os outros copromotores”, disse ao ECO fonte oficial do IAPMEI.

Quando questionada se a Savannah mantém o interesse em participar nesta agenda mobilizadora, ou qual a reação da empresa à desistência da Galp, a mesma fonte sublinhou que “a Savannah, tal como os outros copromotores, está trabalhar para encontrar uma solução”.

O ECO já tinha pedido oficialmente uma reação Savannah Resources, que está a desenvolver em Portugal o projeto de lítio da Mina do Barroso, em Boticas, à saída da Galp, por não conseguir respeitar os prazos exigidos pelo PRR para executar a refinaria, mas a empresa optou por não responder.

A Agenda CVB visa criar de raiz, em Portugal, uma cadeia de valor de baterias, com a integração de atividades de mineração, refinação, montagem de baterias e circularidade de materiais, subprodutos e resíduos. Em causa estão cerca de 914 milhões de euros de investimento.

Após encontrar uma nova empresa líder, IAPMEI e Comité Coordenador das Agendas mobilizadoras vão avaliar novamente o mérito desta agenda. Como avançou no final de abril o Ministério da Coesão ao ECO, o contrato, que ainda não estava assinado, está agora “numa fase de reestruturação”. “Após a substituição da empresa líder”, ou seja, a Galp, “a nova constituição do consórcio, para determinação do seu mérito, será submetida ao parecer do IAPMEI e do Comité Coordenador das Agendas”.

O painel internacional de peritos quando escolheu esta agenda valorizou o facto de estar em causa a produção integral das baterias. O objetivo da agenda não era a venda de concentrado de espodumena, sublinhou ao ECO, uma fonte conhecedora do projeto. A agenda não era de mineração de lítio, mas sim das diferentes fases para criar os componentes de uma bateria.

Mas, se por um lado, isto poderá pender negativamente na avaliação do mérito da nova agenda, a necessidade de cumprir as metas definidas no PRR pode pressionar para que a agenda receba luz verde. Não cumprir os valores acordados com Bruxelas poderá significar perder apoios.

A Agenda CVB (Cadeia de Valor das Baterias em Portugal) visa criar de raiz, em Portugal, uma cadeia de valor de baterias, com a integração de atividades de mineração, refinação, montagem de baterias e circularidade de materiais, subprodutos e resíduos. Em causa estão cerca de 914 milhões de euros de investimento. Só a parte da refinação de lítio representava um investimento de 660 milhões de euros que contava, inicialmente, com um incentivo de 11 milhões do PRR.

Apesar de com o novo enquadramento ao abrigo do Temporary Crisis & Transition Framework (TCTF) o financiamento poder ser superior ao determinado pelas regras das ajudas de Estado (limitadas a 20% do capex porque o projeto se situava na Península de Setúbal), tal como a Galp exigia, foram os prazos que ditaram a saída da Galp. “A decisão de saída deve-se ao facto do PRR contemplar apenas projetos que entrem em operação até ao final de 2026, enquanto o calendário de execução do projeto Aurora Lith prevê a sua entrada em operação em 2028”, explicou na altura ao ECO fonte oficial da Galp.

Mas isto não significa que a Galp, em parceria com a fabricante sueca de baterias elétricas Northvolt, tenha desistido de construir uma refinaria em Portugal. “Nessa medida, a Aurora está a fazer o levantamento de outras linhas potenciais de incentivo ao projeto”, acrescentou a mesma fonte da petrolífera.

A Agenda CVB é uma das duas agendas que ainda não foram assinadas, de um universo de 53 agendas. A Drivolution, cujo objetivo é promover a criação de um modelo de Fábrica do Futuro, é a segunda e o Executivo tem a expectativa de que o processo seja concluído a “curto prazo”, tal como o ECO já avançou.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Acordo da Cellnex com Digi na “fase final de implementação”

Líder da Cellnex Portugal diz que a Digi "quer lançar uma rede em Portugal que tenha a melhor qualidade possível e que cubra a maior quantidade de portugueses e empresas" no país.

João Osório Mora, Managing Director da Cellnex Portugal, em entrevista ao ECO - 03MAI24
João Osório Mora, managing director da Cellnex PortugalHugo Amaral/ECO

A Cellnex Portugal, proprietária de 6.300 torres de telecomunicações, está na “fase final de implementação” do acordo anunciado em 2022 com a Digi, uma operadora de origem romena que se está a preparar para entrar este ano no mercado português, diz ao ECO o managing director da empresa, João Osório Mora. O projeto abrangia a instalação de 2.000 pontos de presença em todo o país até ao final de 2023.

“Fizemos um esforço bastante grande para trabalhar com a Digi desde o início e, portanto, foi um acordo que anunciámos e que temos trabalhado bastante para o conseguir implementar. Nós estamos neste momento numa fase final de implementação deste projeto. Não sabemos ainda quando é que a Digi vai lançar os seus serviços, não depende só da Cellnex, mas contamos ainda durante este ano concluir o projeto que temos com a Digi”, afirma o líder da Cellnex Portugal em entrevista.

Em setembro de 2022, a Cellnex anunciou através de um comunicado que celebrou “um acordo estratégico de longo prazo e de abrangência nacional” para instalar 2.000 pontos de presença até ao final do ano passado. O acordo permite à Digi usar infraestruturas que pertencem à Cellnex, como as torres de telecomunicações — a maior parte adquiridas a Altice e à Nos nos últimos anos — e representou “uma oportunidade significativa de crescimento orgânico” para a empresa espanhola de infraestruturas.

Mais de ano e meio depois, o projeto está na reta final e, questionado nesse sentido, João Osório Mora não rejeita à partida a possibilidade de ser alargado — mas, “para já, não temos nenhuma informação que possamos comunicar nesse sentido”, afirma. “O compromisso que temos percebido da Digi é que quer lançar uma rede em Portugal que tenha a melhor qualidade possível e que cubra a maior quantidade de portugueses e empresas neste país”, avança.

Sobre a importância de ter a Digi como cliente, numa altura em que a Cellnex pretende aumentar o número médio de operadoras com antenas instaladas em cada uma das suas torres, João Osório Mora considera a parceria como “bastante interessante”: “É uma parceria que permite, efetivamente, utilizar as nossas infraestruturas para fazer o deployment de um novo operador num país. Isto permite, precisamente, aumentar a eficiência destas infraestruturas e permite também um time to market mais rápido do que o desenvolvimento de uma rede própria”, defende.

A Digi Portugal, subsidiária do grupo romeno Digi Communications cotado na bolsa de Bucareste, é uma empresa de telecomunicações que se prepara para lançar ofertas de 5G e fibra ótica no mercado português, por via de redes próprias que está a construir. A empresa investiu 67,337 milhões de euros na compra de licenças no leilão de frequências promovido pela Anacom em 2021 e ainda não se apresentou publicamente, mas sabe-se que pretende iniciar a operação durante este ano de 2024.

Veja aqui a entrevista completa:

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Gigante americana dos chips investe 25 milhões em Portugal

Plano de expansão da Synopsys prevê contratação de 200 engenheiros “altamente qualificados" nos semicondutores, compra de equipamentos para laboratórios e aumento dos escritórios na Maia e em Oeiras.

A gigante Synopsys, líder mundial em soluções de EDA (Electronic Design Automation) e IP (Intelectual Property) para semicondutores, vai avançar com um investimento de 25 milhões de euros em Portugal nos próximos “três a quatro anos”, adiantou ao ECO o vice-presidente de engenharia do grupo norte-americano e responsável pela operação em Portugal, Célio Albuquerque.

O plano de expansão para este período prevê a contratação de, pelo menos, mais 200 engenheiros “altamente qualificados na área dos semicondutores”, a compra de novos equipamentos tecnológicos para os laboratórios de teste e ainda o alargamento dos escritórios localizados na Maia (Tecmaia) e em Oeiras (Lagoas Park), onde a multinacional fundada há 38 anos em Silicon Valley emprega atualmente 720 pessoas.

“Vamos alargar a gama que estamos a desenvolver em Portugal nas áreas de automotive, nas próximas gerações de produtos de mobile e também no sentido de especialização nas novas tecnologias que vão sendo lançadas na área dos semicondutores”, descreve o porta-voz da Synopsys, que diz encontrar no mercado nacional “uma ótima relação preço-qualidade na engenharia e também capacidade técnica e de gestão que tem permitido captar novas competências”.

Vamos investir à volta de 25 milhões de euros nos próximos três a quatro anos. Em Portugal encontramos uma ótima relação preço-qualidade na engenharia e também capacidade técnica e de gestão que tem permitido captar novas competências.

Célio Albuquerque

Vice-presidente de engenharia da Synopsys e responsável pela operação em Portugal

A entrada em Portugal aconteceu há 15 anos através da compra dos ativos que estavam nas mãos da norte-americana MIPS Technologies, que em 2007 tinha dado 147 milhões de dólares em dinheiro e cerca de cinco milhões de dólares em ações suas cotadas no Nasdaq para ficar com a Chipidea, fundada uma década antes por uma equipa liderada por José Epifânio da Franca. Desde essa altura, calcula já ter investido 25 milhões de euros no país, onde tem a mais relevante operação de engenharia a nível europeu.

“Faremos agora um investimento da mesma ordem de grandeza. Porquê a diferença de valores? Porque já estamos a crescer de uma forma mais acelerada e o custo das pessoas e também dos equipamentos tecnológicos para os laboratórios onde testamos as funcionalidades têm aumentado consideravelmente”, aponta o líder da equipa nacional, que se dedica ao desenho de interfaces para os chips, que são depois incorporados em equipamentos eletrónicos. Segundo a AICEP, esta é a maior empresa de engenharia eletrónica no país.

chips, semicondutores, eletrónicaFREEPIK

Com um total de 20 mil funcionários distribuídos por 125 escritórios a nível mundial, receitas anuais de 6,3 mil milhões de euros e 3.360 patentes registadas, a Synopsys emprega neste momento 420 pessoas na Maia e 300 em Oeiras, onde no ano passado expandiu o espaço de escritório para passar a ocupar um piso inteiro no Edifício 4 do Lagoas Park, num total de 1.300 metros quadrados.

Célio Albuquerque frisa que o recrutamento será feito para ambos os centros, embora haja “uma expectativa de crescer mais” no parque nortenho, em que já está a “discutir a possibilidade” de ocupar um quarto piso. “Um plano a três a quatro anos precisa de preparação”, justifica.

À caça de fabricantes para engrossar o cluster

Embora nos últimos anos o país tenha conseguido captar investimento estrangeiro de outras multinacionais como a Renesas, Aurasemi, Nanopower e, mais recentemente, a Monolithic Power Systems e a AMD/Xilinx — que juntaram-se às portuguesas SiliconGate, PICadvanced, PETsys Electronics, Powertools Technologies, Koala Tech, IOBundle ou IPblop –, ao todo, segundo contabilizou recentemente o Governo, existem apenas 20 empresas com atividade direta no setor da microeletrónica e dos semicondutores (12 em Lisboa, três no Porto, três em Setúbal e duas em Aveiro).

A par da Synopsys, o “porta-aviões” deste cluster em Portugal tem sido a subsidiária da também americana Amkor Technology, sediada no Arizona, que há pouco mais de sete anos comprou à Nanium, a empresa que nasceu da falência da Qimonda e era detida pelo Estado (18%, através da AICEP), pelo BCP (41%) e pelo Novobanco (41%). Com mais de 800 trabalhadores, a fábrica de Vila do Conde conta igualmente com um plano de expansão para a instalação de novas linhas e acaba de ser escolhida pela Amkor e pela Infineon para acolher um novo centro para o encapsulamento, montagem, assemblagem e teste de semicondutores, que deverá entrar em funcionamento no primeiro semestre de 2025.

O responsável da Synopsys, que tem projetos com a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), Instituto Superior Técnico (IST) e as Universidades de Aveiro, Minho e Nova de Lisboa, frisa que “o importante é criar talento” e que “haver mais estudo focado nesta área permite que mais empresas venham e que o ecossistema consiga alargar-se”. “Temos investido muito na educação. Há ainda poucas empresas em Portugal, o que faz com que o interesse dos alunos por esta área não seja muito forte. Temos de nos tornar mais visíveis para que entendam que há, de facto, um mercado e saídas profissionais”, acrescenta Célio Albuquerque, que entrou no ano 2000 para o projeto da Chipidea.

Filipe Santos Costa, presidente da AICEPD.R. 19 Junho, 2023

Há poucos meses, ainda com o anterior Governo, foi aprovada em Conselho de Ministros a Estratégia Nacional para os Semicondutores, prevendo um envelope financeiro de 121,1 milhões de euros até 2027, através da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e da Agência Nacional de Inovação (ANI), dos quais 39 milhões para aplicar já este ano.

Na resolução publicada em janeiro, o Executivo dava letra de lei à previsão de que a procura mundial de chips irá duplicar até ao final da década, ultrapassando um valor de mercado de um trilião de dólares, e que “estão no centro de fortes interesses geoestratégicos e da corrida tecnológica mundial”.

Queremos muito atrair o fabrico de semicondutores para Portugal. Geralmente são investimentos de grande dimensão, são esses que compensam nesta área.

Filipe Santos Costa

Presidente da AICEP

Foi de Silicon Valley que chegou há duas semanas o presidente da AICEP, já depois de em março ter viajado para o Japão e para a Coreia do Sul em missões de angariação de investimento para esta área, onde abordou várias empresas e associações de fabricantes.

Em declarações ao ECO, Filipe Santos Costa assegura que a diplomacia económica está a fazer “um grande esforço para a atração de mais indústrias da fileira dos semicondutores”, incluindo na produção. “Queremos muito atrair o fabrico de semicondutores para Portugal. Geralmente são investimentos de grande dimensão, são esses que compensam nesta área”, destaca.

O governo da Coreia do Sul acaba de anunciar um pacote de auxílio financeiro de cerca de 7 mil milhões de euros destinados a reforçar a sua indústria de semicondutores. Nas reuniões que teve nas últimas semanas com os potenciais investidores asiáticos, o líder da AICEP apresentou como principais argumentos a disponibilidade de “solo industrial viável para licenciamento ambiental e empresarial”, de “talento com uma excelente relação preço-qualidade” e de “eletricidade verde a bom preço” para uma atividade de manufatura que é muito intensiva em termos energéticos.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Ministro da Economia quer manter gestão do Banco de Fomento

Uma das prioridades do ministro da Economia é substituir Hugo Roxo, o administrador que deixou o banco menos de um ano depois de assumir funções. Mandato do conselho termina no final de 2024.

Celeste Hagatong e Ana Cavalho lideram o conselho de administração e a comissão executiva do Banco Português de Fomento (BPF) desde novembro de 2022, e deverão manter-se em funções, pelo menos, até ao fim do mandato, em dezembro deste ano. A prioridade do ministro da Economia, Pedro Reis, é garantir a operacionalização do Banco de Fomento e a sua capacidade de resposta, evitando o risco de novas interrupções como sucedeu quando esta equipa demorou meses a ter a aprovação, obrigatória, do Banco de Portugal, para substituir a que era liderada por Beatriz Freitas.

Oficialmente, o Ministério da Economia escusa-se a responder às perguntas do ECO, mas Pedro Reis sinalizou, numa conferência da PwC e do ECO na semana passada, o que está em causa. O ministro da Economia defendeu, na apresentação do 27.º CEO Survey, que é preciso “colocar o Banco de Fomento em definitivo a chegar às empresas”, manifestando-se “profundamente a favor” da existência da instituição e que, por isso, há que “operacionalizá-lo”. Pedro Reis salientou que o Banco de Fomento “tem de cumprir a sua missão” e “colmatar as falhas de mercado”.

O ECO questionou também o conselho de administração do BPF para saber se está disponível para desempenhar um segundo mandato, mas a única resposta obtida foi a seguinte: “Gostaríamos de informar que o atual mandato vigora até ao final do ano de 2024“.

A equipa de gestão do Banco de Fomento vive, desde há anos, em instabilidade, com demissões em catadupa, seja com Beatriz Freitas ou com Celeste Hagatong e Ana Carvalho. O último episódio tem poucas semanas, quando o administrador com o pelouro comercial, Hugo Roxo, apresentou a demissão, alegadamente por “razões pessoais”. Este gestor esteve em funções menos de um ano. Tal como o ECO avançou, o administrador executivo que foi substituir Tiago Simões de Almeida — que também tinha renunciado ao cargo — iniciou oficialmente funções no Banco de Fomento em maio do ano passado. Com a demissão de Hugo Roxo, a presidente executiva Ana Carvalho acumulou as funções do pelouro comercial.

De acordo com informações recolhidas pelo ECO, a prioridade de Pedro Reis é mesmo encontrar um novo administrador para preencher o lugar agora vago, em vez de abrir um novo período de instabilidade com a mudança do conselho, quando o Banco de Fomento tem um papel relevante no financiamento às empresas, nomeadamente no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

É que a instituição já se bate, hoje, com enormes dificuldades na execução dos programas em curso. Um exemplo? O investimento previsto no Programa de Recapitalização Estratégica do BPF teve uma quebra de 10% face ao previsto no início de novembro. Várias empresas desistiram do programa, houve revisões em baixa dos valores investidos e até entraram novas empresas. Até agora, a utilização da dotação do programa é de 52,6%. E outro exemplo são os processos judiciais movidos por capitais de risco no âmbito do programa Consolidar.

É neste contexto que Pedro Reis quer evitar novas perdas tempo que resultariam da nomeação de uma nova administração que teria obrigatoriamente de passar pela Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública e, especialmente, do crivo do Banco de Portugal, que tem de fazer uma avaliação de fit and proper dos nomes propostos. Além disso, estando o Banco de Fomento obrigado a cumprir várias metas e marcos no âmbito do PRR, uma vez que parte dos seus programas é financiada pelo Fundo de Recuperação e Resiliência criados com verbas do PRR que têm de ser executadas na totalidade até 2026.

Já em Macau, em declarações ao Público e ao Jornal de Negócios, o governante tinha dito que o Banco de Fomento “é uma prioridade absoluta”. “Estamos muito cientes da prioridade de clarificar, de uma vez por todas os temas que o BPF tem em mãos, como a fusão das garantias mútuas, a integração da Sofid, dos seguros de crédito”, disse. Na mesma ocasião aproveitou para elogiar a administração que teve “o cuidado” de colocar o Governo “ao corrente da situação” e sublinhou as “frentes” em que era necessário atuar: estabilizar equipas, operacionalizar estratégias, definir prioridades”.

Depois, já com ideias mais fechadas, Pedro Reis explicava, no evento da PwC e do ECO, que o Banco de Fomento deve ter um papel mais ativo na capitalização das empresas e chegar às empresas com os seus instrumentos, ter uma articulação com a banca comercial e apoiar as empresas em operações mais difíceis e para as quais não encontram resposta, como “ir a maturidades mais longas, a apetite de risco mais forte, assegurar linhas de crédito, fazer chegar capital de longo prazo, trabalhar em project finance”. O Banco de Fomento segundo o ministro da Economia, pode ainda ter uma palavra na promoção de operações de fusões e aquisições, ajudando a promover “operações na calha”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Governo anuncia já esta semana novo aeroporto em Alcochete

Luís Montenegro tinha anunciado que a decisão sobre o novo aeroporto seria uma das prioridades do Governo e já está tomada. Primeiro, a expansão da Portela, depois um aeroporto em Alcochete.

Este é um dos segredos mais mal guardados da política portuguesa e vai ser desvendado esta semana, provavelmente já no debate quinzenal no Parlamento com a presença do primeiro-ministro Luís Montenegro, e no dia seguinte com a aprovação da decisão em Conselho de Ministros. O Governo vai confirmar a escolha de Alcochete como localização do novo aeroporto da região de Lisboa, uma solução que, tendo em conta o tempo de construção exigido, obrigará a avançar, já, com as obras para a expansão possível do aeroporto da Portela.

Como o ECO já tinha revelado em primeira mão, a escolha de Alcochete vai ao encontro da opção considerada mais vantajosa na Avaliação Ambiental Estratégica conduzida pela Comissão Técnica Independente (CTI). O Campo de Tiro e Vendas Novas foram as localizações apontadas no estudo como “mais favoráveis em termos globais”, sendo que esta última apresenta menos “vantagem em termos de proximidade à Área Metropolitana de Lisboa, bem como de tempo de implementação”.

A escolha de Alcochete tem um problema: O tempo. O relatório da Avaliação Ambiental Estratégica apontou 2030 como ano para ter uma pista operacional no Campo de Tiro de Alcochete, mas o Governo admite que deverá demorar pelo menos 12 anos. Por isso, a alternativa viável, para o Governo, é explorar o reforço do número de voos no Humberto Delgado, revelam ao ECO duas fontes que mantém contactos permanentes com o Executivo. A infraestrutura de Lisboa comporta uma média diária de 38 movimentos por hora, podendo chegar, no máximo, a 40 movimentos. Aumentar a capacidade exigirá um investimento avultado por parte da ANA e ultrapassar barreiras ambientais.

Se a escolha da expansão da Portela e a construção do novo aeroporto de Lisboa em Alcochete são opções certas, falta saber qual será o modelo de financiamento associado às duas obras. E é isso que o Governo deverá anunciar também esta semana.

Por um lado, o anterior Governo tinha aprovado em dezembro de 2023 uma resolução que determina a realização de obras no aeroporto Humberto Delgado pela ANA. São elas a ampliação do terminal 1 do aeroporto, com a instalação de mais mangas, a melhoria operacional do sistema de pista e a implementação e um novo sistema de navegação aérea pela NAV. Intervenções que exigem a desafetação do aeródromo de Figo Maduro do uso militar e a transferência de grande parte dos jatos privados para o Aeródromo Municipal de Cascais e outros.

Naquele momento, o então secretário de Estado das Infraestruturas, Frederico Francisco, reagiu à posição da concessionária dos aeroportos nacionais, a ANA, sobre a necessidade de dinheiros públicos caso a solução para o reforço da capacidade aeroportuária não seja o Montijo. “É da natureza dos contratos de concessão que não cabe ao concessionário decidir que investimentos é que faz. Ou eles estão explicitamente previstos no contrato de concessão ou existem mecanismos no contrato de concessão para que o concedente, e não o concessionário, decida investimentos que têm de ser feitos”, respondeu o secretário de estado das infraestruturas.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Melinda Gates deixa fundação filantrópica que criou com Bill Gates

  • Lusa
  • 13 Maio 2024

"Chegou o momento de abordar o próximo capítulo da minha filantropia", explicou Melinda Gates, acrescentando que tem ao seu dispor 12,5 mil milhões de dólares.

Melinda French Gates, presidente de uma das fundações filantrópicas mais influentes do mundo, anunciou esta segunda-feira que vai deixar a organização, criada com Bill Gates, atualmente seu ex-marido. Melinda Gates indicou na rede social X que está “muito orgulhosa” do trabalho da Fundação Bill e Melinda Gates, criada pelo casal em 2000. O seu último dia nesta organização, envolvida principalmente em questões de saúde e de redução da pobreza, será a 07 de junho.

A fundação tem sido um dos principais doadores da Organização Mundial da Saúde (OMS) e exerce uma influência considerável em políticas de países em desenvolvimento, nomeadamente nos domínios da saúde e da educação. O seu trabalho permitiu, por exemplo, reduzir a mortalidade associada ao paludismo e a outras doenças infecciosas.

O casal Gates anunciou o divórcio em maio de 2021, após 27 anos de casamento. A fundação disse na altura em os dois continuariam a presidir à organização. “Chegou o momento de abordar o próximo capítulo da minha filantropia”, explicou agora Melinda Gates, acrescentando que tem ao seu dispor 12,5 mil milhões de dólares (cerca de 11,58 mil milhões de euros) para se envolver em projetos ligados a “mulheres e famílias”.

“Vivemos um momento crucial para as mulheres e meninas nos Estados Unidos e em todo o mundo, e aqueles que lutam para proteger e promover a igualdade precisam urgentemente de apoio”, acrescentou. Em julho de 2021, a fundação divulgou um comunicado anunciando que “se, após dois anos, algum deles decidisse que não poderiam continuar a trabalhar juntos como copresidentes, a Sra. Melinda French Gates renunciaria ao seu cargo”, recebendo “recursos pessoais” de Bill Gates para o seu trabalho de filantropia.

Bill Gates, um dos fundadores da Microsoft, elogiou as “contribuições essenciais” da sua ex-mulher na organização, que vai passar a ter o nome de Fundação Gates e prometeu continuar “plenamente envolvido” no projeto. Além da fortuna de Bill Gates, a fundação, que em 2023 financiou iniciativas em 48 estados norte-americanos e em 135 países, tem sido também apoiada financeiramente pelo milionário e empresário norte-americano Warren Buffet.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Migrações, defesa e alargamento (e Costa) marcam primeiro embate entre candidatos às Europeias

Crise migratória na UE, defesa comum e o alargamento do bloco a países como a Ucrânia estiveram no centro do debate entre os quatro cabeça de lista. Costa em Bruxelas sem consenso entre os candidatos.

Migrações, defesa e o alargamento da União Europeia (e o futuro de António Costa na Europa) foram os temas que marcaram o primeiro debate das eleições europeias que, este ano, decorrerá num modelo inédito: debates a quatro. Sebastião Bugalho (AD), Marta Temido (PS), João Cotrim de Figueiredo (IL) e Francisco Paupério (Livre) foram os protagonistas deste “debate quadrangular” que teve a duração de 50 minutos.

Pacto para as Migrações tem “fragilidades” e “lacunas”

Em março, a poucas semanas antes do fim da legislatura no Parlamento Europeu, os eurodeputados conseguiram aprovar o Pacto para as Migrações e Asilo, depois de vários anos em discussão no hemiciclo. Agora aprovado, os 27 Estados-membros têm dois anos para implementar os vários diplomas que integram este pacto, matéria que, segundo Marta Temido, merece “cuidado” e “atenção”.

“O tema das migrações é complexo e multidimensional”, diz a cabeça de lista do PS, recordando que o acordo “foi o compromisso possível entre perspetivas muito diferentes” – o que, só por si, representa um certo “avanço” em termos de solidariedade entre os Estados-membros. No entanto, Marta Temido alerta para as suas “fragilidades”.

Precisamos de garantir um acompanhamento preciso e cuidado”, defendeu na sua primeira intervenção, sublinhando, por isso, que é preciso garantir a existência de canais seguros para as migrações e parcerias com os países de origem. Mas para Sebastião Bugalho, essa não é a solução indicada para dar resposta à crise migratória que se assiste por toda a Europa. “Reforçar os mecanismos de migração legal é a única maneira de combater a imigração ilegal”, lançou logo no início da sua intervenção, não evitando olhar, também, para dentro:

As deficiências do pacto não justificam o que se passou no Estado português. O PS entregou a política de imigração a redes de tráfico humano“, acusou. Por seu turno, João Cotrim Figueiredo diz que o tema das migrações não pode ser “tabu” – à semelhança do que aconteceu durante as eleições legislativas – e critica os partidos que fazem “aproveitamento da desgraça alheia”.

Para o liberal, além de ser necessário corrigir as “lacunas” do pacto, é preciso também melhorar a resposta interna ao fluxo migratório que chega a Portugal, aproveitando a sua intervenção para lançar farpas à AIMA (ex-SEF).

“A desagregação do SEF não podia ser feita sem que” tivesse sido assegurada uma capacidade de resposta face “ao ritmo de entrada de migrantes”, disse. “Foi de enorme irresponsabilidade“, atirou Cotrim de Figueiredo.

“Alargamento da UE não pode ser lido à luz do dinheiro que vamos perder”

Numa altura em que se debate o alargamento da União Europeia, Sebastião Bugalho afirma que a Ucrânia “é o país que mais provavelmente vai entrar na UE” mas rejeita que o debate seja em torno do acesso de Portugal aos fundos comunitários.

“Obviamente é um desafio em termos de políticas de apoio. Mas o alargamento não pode ser lido à luz do dinheiro que vamos perder, mas à luz da Europa que vamos ganhar”, respondeu, salientando que Bruxelas tem a “obrigação moral” de fazer com que os países candidatos a Estados-membros se sintam “parte da família europeia”, sugerindo, até, que devem estar presentes em reuniões europeias, como o Ecofin, mas sem poder de voto.

João Cotrim de Figueiredo partilha da mesma opinião, mas também em relação à Sérvia, Montenegro, Kosovo, Macedónia, e Bósnia por considerar que reúnem as condições para aderir ao bloco europeu. No entanto, rejeita que não se considere os riscos que isso trará para Portugal em matéria de políticas de coesão. “Temos a obrigação moral de acolher estes países que querem ser democracias e valores europeus”. “E temos interesses económicos também, porque não são só uma ameaça, mas mercados de destino, assim saibam aproveitar oportunidades do mercado único”.

No entanto para o liberal, é fundamental rever toda a estrutura financeira orçamental — não só dos fundos de Coesão e da PAC – por considerar que tem havido desperdício “brutal” desses fundos, sobretudo em Portugal. “Portugal com uma utilização correta dos fundos seria bastante mais forte”, diz.

Francisco Paupério subscreveu à necessidade de a Europa contribuir financeiramente, desde já, para a recuperação da Ucrânia. “É uma questão de coesão da União Europeia”, sublinhou, acrescentando que o estatuto de candidato já permite “essa aproximação”.

“Há um compromisso inequívoco com o alargamento”, garantiu Marta Temido na sua vez de responder, lembrando, apesar de tudo, que não “é um processo de entrada à borla” e que “exige adaptações da UE”.

Candidatos defendem Política de Defesa Comum

Associado ao tema da adesão da Ucrânia à União Europeia, surge o tema da defesa. Francisco Paupério é perentório na sua intervenção, argumentando que o continente não pode ficar dependente de outros blocos para se defender. “A Europa precisa de uma Política de Defesa Comum”, disse o cabeça de lista do Livre, frisando, apesar de tudo, que esse esforço deve ser dirigido para servir como instrumento de defesa e “não de militar e ataque”.

Defendendo uma maior industrialização na Europa – e recordando que, durante a pandemia, a UE foi incapaz de produzir vacinas suficientes para os 27 –, o candidato pelo Livre sublinha que o tema da “segurança” também se prende com a saúde, e até as energias renováveis, apelando a que a União Europeia deixe de “financiar” a Rússia através da compra de gás. “Temos de investir na segurança e na autonomia estratégica da Europa”, defende.

Por seu turno, Bugalho defendeu que “a Europa deve assumir-se como pilar europeu da NATO“, sublinhando que o bloco europeu não deve depender “tanto dos EUA como até agora”.

Para tal, defende a criação de defence bonds (obrigações de defesa). Embora reconheça que se trata de uma proposta que não reúne consenso, no caso da Defesa o cabeça de lista pela AD considera que mesmo os países mais céticos concordam com ela. “São uma forma de financiamento de uma Europa que se defenda e não contam para o Orçamento europeu. O que estamos a garantir é que os governos não vão ter de escolher entre tanques e hospitais públicos”, defendeu.

Já Cotrim Figueiredo diz que é preciso cumprir os 2% do PIB para a NATO. “Obviamente muito dinheiro, mais de metade de uma TAP”, diz, mas ainda assim “necessário”. “Precisamos que o pilar europeu da NATO se fortaleça e que seja o contraponto a uma eventual deriva se o resultado das eleições nos EUA não agrade aos interesses europeus”. Mas há prioridades que podem “ficar para trás”, alerta.

Costa em Bruxelas? Só Temido assume “sim”

Para fechar o debate, evocou-se o nome de António Costa que, nos últimos meses, tem sido apontado como próximo presidente do Conselho Europeu. No entanto, um eventual apoio à candidatura não reúne consenso. Na verdade, apenas a cabeça de lista do PS saiu em defesa do ex-primeiro-ministro em Bruxelas.

António Costa tem uma visão com provas dadas“, sublinhou Marta Temido, recordando, os esforços que conduziu em Bruxelas para a mutualização da divida, o aprovisionamento conjunto de vacinas e de energia. “É a garantia de que a Europa avança e não recua“, remata.

Já João Cotrim de Figueiredo reiterou: “O que interessa é o que as pessoas fazem, não de onde elas nascem”, respondeu, e sublinha que preferir um candidato pela sua origem pode ser encarado como “xenófobo”. “Desejo toda a sorte do mundo”, diz, mas sublinha que Costa “nunca será capaz de reformar a Europa”, e que ainda não são conhecidos os restantes candidatos.

Por seu turno, Francisco Paupério escusou-se a dar opinião sobre uma eventual candidatura de António Costa para o Conselho Europeu, lembrando que Os Verdes não têm assento nesse órgão.

Por fim, Sebastião Bugalho, que não esclareceu a sua posição, sublinhou que a “reciprocidade é um bom princípio”, lembrando que António Costa não fez campanha contra Durão Barroso em 2004. No entanto, recorda que os eurodeputados não têm voto na matéria para as eleições europeias, e, por isso, apelou: “Espero que António Costa não seja o centro do debate“.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Ministro afasta devolução do tempo de serviço para professores no topo da carreira e aposentados

Fernando Alexandre disse ainda que "não está previsto" que os professores aposentados ou no topo da carreira sejam considerados na recuperação do tempo de serviço congelado.

O ministro da Educação assegura que está “empenhado” em chegar a acordo, mas sublinha que agora é a vez “dos sindicatos se aproximarem do Governo”. Fernando Alexandre disse ainda que “não está previsto” que os professores aposentados ou no topo da carreira sejam considerados na recuperação do tempo de serviço congelado. “O país não consegue reparar todos os danos” provocados por crises, justificou.

“Não é uma questão deste Governo. O país não consegue reparar todos os dados, que crises muito longas e muito duras, que afetaram o nosso país, tiveram nas pessoas. E, por isso, de facto não está em cima da mesa a questão de efeitos [compensatórios] para os professores aposentados e não está também nenhum efeito previsto para os professores no topo da carreira“, reconheceu Fernando Alexandre, que esteve reunido esta segunda-feira com as 12 estruturas sindicais dos professores, tendo em vista à recuperação dos 6 anos, 6 meses e 23 dias de tempo de serviço dos docentes que estão congelados desde a troika. Este, aliás, tem sido um dos aspetos apontados pelos sindicatos para chegarem a acordo com o Executivo.

Na reunião desta segunda-feira, o Ministério da Educação aproximou-se, em parte, das reivindicações dos sindicados, demonstrando-se disponível para devolver o tempo de serviço congelado a um ritmo maior: de 25% na primeira (que está prevista ser devolvida já a 1 de setembro) e segunda tranches. Já na terceira tranche mantém os 20%, mas na quarta e quinta encurta para 15% (em cada um desses anos).

Tendo em conta que grande parte dos docentes abrangidos pelos dois períodos de congelamentos “estão já numa fase avançada da carreira esta proposta permitirá que até 1 de setembro de 2025 os professores recuperem 50% do tempo de serviço”, realçou Fernando Alexandre. O ministro reiterou ainda que continua “empenhado” em “responder às “expectativas dos professores” e garante que está “de boa fé” nas negociações, pelo que defende que agora “é a vez dos sindicatos de se aproximarem” à proposta da tutela. Ainda assim, não afasta uma recuperação em quatro anos, ao invés de cinco.

O Executivo confirma ainda que, apesar da intenção de revogação, é reconhecido aos docentes o tempo de serviço contabilizado através do acelerador das carreiras, com regras específicas para a progressão para os 5º e 7º escalões da carreira dos professores e educadores de infância. Por outro lado, e de modo a não criar situações de injustiça “é ainda acautelado os casos dos docentes que foram colocados nas Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores, e que já viram contabilizado parte do seu tempo de serviço congelado“, esclarece ainda o ministério, em comunicado divulgado no final da reunião.

O ministro reiterou ainda que qualquer alteração à proposta vai ter “um impacto orçamental significativo”, pelo que reitera que prefere não avançar com números publicamente. “As contas estão feitas e quando estivermos a proposta fechada serão apresentadas com toda a transparência“, prometeu. No programa de Governo a estimativa era de cerca de 300 milhões de euros.

(Notícia atualizada pela última vez às 21h17)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

EUA consideram que não recondução de Shoigu demonstra “desespero” de Putin

  • Lusa
  • 13 Maio 2024

Shoigu vai ocupar o cargo de secretário do Conselho de Segurança, até ao momento ocupado por Nikolai Patrushev.

O Departamento de Estado norte-americano considerou esta segunda-feira que por não ter reconduzido Sergei Shoigu, no cargo de ministro da Defesa russo, o Presidente Vladimir Putin está “desesperado” face ao custo da guerra na Ucrânia.

Trata-se de uma nova indicação da vontade desesperada de Putin em prosseguir a sua guerra de agressão contra a Ucrânia, apesar de representar um importante peso para a economia russa e implicar pesadas perdas para as tropas russas”, declarou o porta-voz Vedant Patel aos media.

“A Rússia desencadeou esta guerra não provocada contra a Ucrânia. Putin pode pôr-lhe termo a qualquer momento ao retirar as suas forças da Ucrânia”, prosseguiu o porta-voz.

Para o novo governo, na sequência das eleições presidenciais, o Presidente russo Vladimir Putin escolheu para ministro da Defesa Andrey Belousov, um economista que ocupava no Governo russo funções com acentuado perfil económico. Sergei Shoigu estava há 12 anos no cargo.

Shoigu vai ocupar o cargo de secretário do Conselho de Segurança, até ao momento ocupado por Nikolai Patrushev, demitido das suas funções segundo um decreto publicado pelo Kremlin.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Associação cria base de dados aberta sobre habitação

  • Lusa
  • 13 Maio 2024

O projeto "Habitação Transparente" vai recolher vários dados, de forma anónima e confidencial, para perceber “quais são os motivos de insatisfação” em relação à habitação.

A associação portuguesa Data Science for Social Good (DSSG) lançou o projeto “Habitação Transparente”, que visa criar uma base de dados aberta e pública que retrate a crise habitacional de forma abrangente.

O objetivo é criar uma base de dados que reflita a habitação em Portugal atualmente e […] isso vai-nos permitir ter um mapa do nosso país, retratando os problemas que as pessoas estão a ter […] e as dificuldades que estão a ter para não terem a habitação que gostariam”, resume à Lusa Camille Coyac, gestora do projeto da organização sem fins lucrativos, que reúne profissionais de dados e instituições com projetos sociais.

Através de um questionário “bastante completo”, a equipa vai recolher vários dados, de forma anónima e confidencial, para perceber “quais são os motivos de insatisfação” em relação à habitação e, simultaneamente, reunir histórias testemunhais. “Neste momento não existe uma plataforma que mostre os dados e as histórias em conjunto”, justifica Camille Coyac, explicando que se pretende tratar os dados de forma visual e gráfica.

Além disso, a base será disponibilizada de forma livre, gratuita e aberta ao público, “para que depois também mais pessoas possam fazer análises em cima destes dados”. A ideia de criar uma base de dados pública parte da convicção de que os dados podem ser usados de forma mais eficaz para resolver necessidades e desafios.

O formulário está acessível online (https://habitacao-transparente.dssg.pt/). Já foram recebidas “bastantes respostas”, mas a recolha só será fechada quando for obtido um número de respostas “estatisticamente relevante”, de acordo com a gestora do projeto.

Sabemos que estamos a pedir um esforço à população para nos dar os dados e […] preencher este formulário, mas acreditamos que, se toda a gente participar nesta iniciativa, vamos conseguir, em conjunto, criar uma plataforma que retrata a nossa situação habitacional e então conseguir criar medidas que ajudem todos os participantes”, apelou.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.