5 coisas que vão marcar o dia

  • Joana Abrantes Gomes
  • 20 Fevereiro 2024

Esta terça-feira, a CIP propõe uma reflexão sobre o estado da economia portuguesa, enquanto a Navigator presta contas ao mercado. É também dia do debate dos partidos sem assento no Parlamento.

No dia em que arranca o congresso de dois dias, promovido pela CIP, para refletir sobre o estado da economia portuguesa, os partidos sem assento parlamentar debatem na RTP. Também esta terça-feira, a Navigator divulga os resultados financeiros do ano 2023, o INE publica dados das condições de vida no país e o Banco de Portugal revela as estatísticas da balança de pagamentos em dezembro.

Evento da CIP sobre economia nacional

A CIP – Confederação Empresarial de Portugal promove uma iniciativa que reúne empresários, académicos, pensadores, gestores e administradores para refletir sobre o estado da economia portuguesa. O evento, intitulado “Pacto Social. Mais economia para todos”, tem início esta terça-feira e decorre até amanhã, 21 de fevereiro, na Alfândega do Porto. Os oradores incluem o ex-Procurador Geral da República José Cunha Rodrigues, o representante Permanente junto da União Europeia, Pedro Lourtie, o antigo eurodeputado Diogo Feio, o economista Pedro Brinca (cabeça de lista pela IL em Coimbra) e o comentador e ex-líder do PSD Luís Marques Mendes.

Contas da Navigator em 2023

Após o fecho da bolsa, a The Navigator Company revela os resultados financeiros relativos ao último ano. Até setembro, a produtora de pasta e papel registou um lucro de 200,8 milhões de euros, refletindo um recuo de 25,8% face aos 270,5 milhões apresentados no mesmo período de 2022. Nas vendas totais, reportou uma quebra de 19,9%, para 1.460,6 milhões de euros, enquanto o EBITDA recuou 31,8%, para 376,5 milhões. O investimento da empresa duplicou para 142 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2022, dos quais 61% para acelerar o plano de descarbonização.

Rendimento e condições de vida em Portugal

O Instituto Nacional de Estatística (INE) publica esta terça-feira os dados do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento referentes ao ano passado. Em 2022, 17 em cada 100 pessoas que vivem em Portugal estavam em risco de pobreza, o que significa que 17% da população ganhava menos de 591 euros líquidos por mês. Os menores de 18 anos foram a faixa etária em que a taxa de risco de pobreza mais se agravou de 2021 para 2022, num aumento de 2,2 pontos percentuais.

Balança de pagamentos

O Banco de Portugal (BdP), por sua vez, divulga as estatísticas relativas à balança de pagamentos no mês de dezembro. Segundo os dados até novembro, Portugal acumulou um excedente externo de 7.500 milhões de euros, uma evolução positiva em relação ao mesmo período de 2022, em que a balança de pagamentos registou um défice de mais de 600 milhões de euros.

Debate dos partidos sem assento parlamentar

Concluído o ciclo de debates entre os líderes dos partidos com assento parlamentar, que encerrou nesta segunda-feira com o frente-a-frente que opôs o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, e o presidente do PSD, Luís Montenegro, é agora a vez de se confrontarem os partidos que estão fora da Assembleia da República, mas que concorrem também às eleições legislativas de 10 de março. O debate entre 11 partidos, incluindo a coligação formada entre o Aliança e o MPT, o Nova Direita, o Ergue-te, o ADN, o PCTP/MRPP, o Volt ou o RIR, tem transmissão na RTP a partir das 21 horas.

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Exportadoras trocam de botas em Milão sem “descalçar” crise política em Portugal

Industriais do calçado preparam-se para a neve e até mudam de género para enfrentar falta de encomendas no estrangeiro, mas não esquecem eleições em casa que mexem com financiamento e trabalhadores.

Nos poucos intervalos em que potenciais clientes não estão a entrar nos dois stands que montou na Micam, Reinaldo Teixeira, um dos principais industriais portugueses do calçado, vai espreitando o telemóvel para ver as mensagens que vão caindo e as notícias que vão chegando de Portugal, onde a agenda mediática está por estes dias ocupada com as eleições legislativas. Nesta que é a principal montra do setor a nível mundial, os empresários nacionais procuram alternativas para a escassez de encomendas, mas não esquecem o contexto político em casa, lamentando que a indústria seja ignorada na campanha eleitoral.

Depois de se ter “aguentado” durante o ano passado com uma faturação de 50 milhões de euros, mas reconhecendo estar assustado com os dez milhões de pares que a indústria nacional exportou a menos face a 2022, o dono da Carité Calçados vai participar este ano em mais feiras internacionais. “Quando as coisas não estão bem, temos de procurar mais. Não podemos ficar em casa e à espera de que alguém faça o trabalho por nós. Não vale a pena ficar a gemer”, atira o histórico empresário de Felgueiras.

Com perto de 700 funcionários, incluindo as firmas parceiras que trabalham em exclusivo para o grupo, e um volume de produção anual a rondar atualmente um milhão de pares, Reinaldo Teixeira tomou igualmente a decisão de voltar a vender para os Estados Unidos, que no passado chegou a ser um “mercado importante” para o grupo nortenho. Já tem inclusive viagem marcada para expor em feiras profissionais do outro lado do Atlântico e leva na bagagem as duas marcas próprias: J. Reinaldo (segmento moda) e Tentoes (técnico e profissional).

Reinaldo Teixeira, presidente da Carité Calçados

Mas a 10 de março promete estar em Portugal para votar e espera acordar no dia seguinte com o “bom senso dos políticos para fazerem parcerias e porem o país acima dos interesses individuais”. Ao futuro Governo pede uma redução de impostos capaz de “devolver a ambição” e a vontade de investir aos empresários; e que permita aos trabalhadores levarem mais dinheiro para casa. Incluindo “flexibilidade” na tributação do trabalho extraordinário para que “o suor dessas horas não fique para o Estado”. Chega ao ponto de recusar encomendas para não sobrecarregar a produção, sabendo que “os empregados não querem dar horas extras porque sobem de escalão no IRS”.

Outra prioridade que apontam ao próximo Executivo é o funcionamento do Banco Português de Fomento, que “devia estar focado na indústria, mas ainda não [viu] acrescentar nada”. “Precisamos de um banco amigo da indústria e isso não se tem visto. Já tive duas reuniões com eles, mas saí com a sensação de que as condições oferecidas nem sequer se aproximam da banca normal, com quem trabalho há 30 anos”, resume o empresário. É que o tema do fundo de maneio, desabafa, é “importantíssimo” para as empresas nesta fase de retração económica na maior parte dos mercados mais relevantes para o calçado português.

O suor das horas extraordinárias não pode ficar para o Estado. Algumas vezes recuso encomendas para não sobrecarregar a produção.

Reinaldo Teixeira

Presidente da Carité Calçados

“A indústria emprega centenas de milhares de pessoas. Pagamos impostos, pagamos à Segurança Social, estamos a contribuir – e muito. Se nestas alturas mais débeis nos ajudarem com um comprimido para a gente não se ir abaixo, como tomamos numa doença, acho que era fabuloso. As empresas sentem-se manietadas porque por vezes os clientes pagam mais a longo prazo, ou porque estão a fazer um investimento em nova tecnologia. E para tudo é preciso dinheiro, é a gasolina de que precisamos”, ilustra Reinaldo Teixeira.

José Afonso Pontes, CEO da Cruz de Pedra / Campobello

José Afonso Pontes, que lidera a empresa criada há 65 anos pelo avô José Maria em Guimarães e que é uma das mais antigas do concelho ainda em atividade, sublinha igualmente que o negócio da Cruz de Pedra é internacional, mas “obviamente a conjuntura nacional também preocupa, por muito que [queira distanciar-se] um bocadinho dos problemas” políticos do país. Por um lado, sente os trabalhadores “desanimados e descontentes com a situação que hoje atravessam”; por outro, exemplifica, vê os empresários “injustamente” obrigados a reembolsar com as atuais taxas de juro mais elevadas as chamadas linhas Covid, a que recorreram por causa da pandemia.

A decisão de lançar uma linha de calçado para senhora em 2023 deu um “contributo decisivo” para manter o volume de vendas face ao ano anterior. No entanto, o líder da empresa minhota que detém a marca própria Campobello (vale 30% do negócio) e que está a fazer um investimento de 400 mil euros para automatizar e modernizar as linhas de montagem, alerta para a situação “extremamente preocupante” que atravessam os setores industriais. Incluindo o do calçado, que diz ter entrado num “declínio bastante grave”. “Devia falar-se mais de indústria na campanha eleitoral. Não sinto que as coisas estejam a ser discutidas como deviam”, lamenta.

Baixar temperatura e recusar encomendas com “fome”

Com Portugal a enfrentar um “desafio grande” para se posicionar face a outros históricos produtores europeus, como acontece no calçado, também o líder da gigante Procalçado, sediada em Vila Nova de Gaia, lamenta ver a indústria “fora da agenda” da campanha eleitoral. E os partidos a omitirem “quais os projetos e prioridades efetivas” que têm para estes setores de atividade que têm um “peso relevante” para as exportações nacionais. Mas que, reconhece, acabam por não ser tão apelativos para os políticos como outros temas, nem “atraem votos”.

O grupo especializado em componentes para calçado trouxe a esta feira italiana a marca Lemon Jelly, que lançou há 11 anos e que em 2023 não escapou uma quebra próxima dos 20%, para um volume de vendas de 4,5 milhões de euros. Uma das respostas ao atual “contexto desafiante” está por estes dias bem visível no stand da Micam, para integrar a próxima coleção outono/inverno. Aos conhecidos modelos para a chuva que já tinha no portefólio, acrescentou as botas yuki, desenvolvidas para aguentar até 30 graus negativos e com as quais espera impulsionar as vendas para os mercados da Escandinávia.


José Pinto sabe que a batalha da Lemon Jelly é no “competitivo ambiente internacional”, mas assume também estar atento à potencial instabilidade política em Portugal. Uma “areia a mais na engrenagem” que dispensava nesta fase. Embora não acredite nas promessas que tem ouvido na campanha, dramatiza que o próximo Governo “deve baixar os impostos para todos conseguirem ter melhores condições de vida e se tornarem também melhores consumidores”. E para que chegue ao bolso dos funcionários, em vez de se perder na tributação adicional, o “esforço enorme” que fez há poucos meses para “melhorar as condições salariais de todos” na empresa, onde garante que ninguém recebe o salário mínimo.

Impostos elevados? “Nesse aspeto mudam os Governos e continua tudo na mesma. Não acredito em promessas dessas. Se não formos nós a liderar a mudança e a criar valor acrescentado… [Pausa] É a única solução para conseguirmos pagar as contas e os impostos que nos pedem, que são cada vez mais altos. Não me sinto acarinhado como empresário, embora também não sinta um estigma. Temos a nossa missão e temos de ser cada vez menos dependentes do Estado”, acrescenta o fundador e CEO do grupo Procalçado, que detém a Lemon Jelly.

calçado exportações
Orlando Santos corrobora que “o contexto económico a nível nacional tem de ser favorável, sobretudo quando as empresas passam por um momento mais grave, como o atual”. “É preciso olhar para a indústria como um motor de desenvolvimento da economia portuguesa. Damos emprego diretamente a 88 famílias, mas temos outras empresas que trabalham a 80% ou 90% para nós, por isso, no total seriam perto de 300 famílias que ficariam em perigo se fechássemos portas”, sustenta o CEO da Softwaves, que emprega 88 pessoas em São João da Madeira.

É preciso olhar para a indústria como um motor de desenvolvimento da economia portuguesa. Seriam perto de 300 famílias que ficariam em perigo se fechássemos portas.

Orlando Santos

CEO da Softwaves

O líder desta marca de calçado de senhora, pertencente à Conforsis, dá o exemplo da Alemanha para atestar que “os países em que a indústria não foi negligenciada conseguem andar para a frente” e recorda que a inteligência artificial acarreta ameaças para os setores dos serviços, mas “a indústria de manufatura vai ser sempre necessária”. Esta “família de sapateiros” – uma ascendência reclamada também pelo socialista Pedro Nuno Santos, oriundo do mesmo concelho – apostou a 100% nesta marca própria, na viragem do milénio, depois de perder grande parte das encomendas para a China.

Acabou por ser esse “trabalho de marca” que valeu à exportadora nortenha um crescimento de 22% na faturação, para 9,5 milhões de euros, em contraciclo com a indústria portuguesa. “Quando criámos a marca, fechámos por completo o private label. De vez em quando chega alguém a querer que fabriquemos com a marca dele, mas isso seria prostituir a nossa marca, metendo-lhe outro nome. Mas isto exige disciplina porque muitas vezes estamos a precisar de encomendas. Mas negamos, mesmo estando com fome”, aponta o empresário, que tem 1.500 pontos de venda concentrados na Bélgica, França e EUA.

Orlando Santos e Hélder Santos, gestores da Softwaves

Fundada a 1 de maio de 1970, a empresa foi comprada em 1990 por Leonel Santos, que era o contabilista. Já com a segunda geração aos comandos – Orlando e Hélder estão por estes dias em Milão e o irmão Marcelo noutra feira nos EUA –, o preço dos sapatos à saída da fábrica ronda os 100 euros, subindo nas lojas para um intervalo entre 250 e 300 euros.

Posicionado num segmento alto que diz ser uma “zona segura” para a empresa, atesta que não só os modelos são “mais difíceis de copiar”, como “há menos sangue” a nível concorrencial. Outro vetor de crescimento nesta fase conturbado são as vendas através da loja online, onde já vende meio milhão de euros e consegue fazer chegar os produtos a destinos como a Austrália ou as ilhas Guadalupe.

No meio de “tubarões” que são presença habitual na Micam, a Nano Shoes faz a estreia absoluta. Lígia Silva, responsável comercial, relata que a empresa de Cesar (Oliveira de Azeméis) veio “à procura de novos clientes e de um novo impulso”. No ano passado, graças às encomendas de calçado de uniformes (alfândegas e aeroportos) provenientes de um cliente francês que “atingiu números maiores”, viu a faturação disparar 25% e atingir pela primeira vez a fasquia dos dois milhões de euros. Até teve de subcontratar produção a outras fábricas nacionais. “Mas temos de continuar a trabalhar porque nada dura para sempre”, completa.

Estamos expostos à realidade internacional, mas não vivemos à margem da situação política em Portugal. Temos de continuar a trabalhar porque nada dura para sempre.

Lígia Silva

Responsável comercial da Nano Shoes

Além de França, tem também clientes na Finlândia, na Dinamarca e nos Países Baixos. A marca própria existe desde a fundação, mas o fabrico de sapatos para outras marcas ainda pesa 80% do total. A porta-voz da empresa nortenha aponta como objetivo “equilibrar para 50/50 dentro de cinco anos”.

Questionada sobre as perspetivas para 2024, diz serem agora “mais moderadas”, mostrando que não “fica indiferente ao que se passa à volta”. Incluindo no país de origem, onde vende sapatos para os trajes académicos. “Estamos expostos à realidade internacional, mas não vivemos à margem da situação política em Portugal”, anui Lígia Silva.

Paulino Moura, fundador da Atrai

Também Paulino Moura, que começou a trabalhar com 14 anos numa fábrica de calçado e há pouco mais de duas décadas criou a sua própria empresa, conseguiu escapar à perda de vendas no ano passado, mantendo os sete milhões de euros no ano anterior. Com 100 funcionários em Vizela, argumenta que foi a diversidade de gamas que “ajudou a aguentar” o negócio no último exercício. Passou a vender mais sapatos para mulheres e diz ter colmatado a redução de algumas encomendas com novos clientes de segmento médio-alto.

Isto é uma indústria que cada vez está a ficar mais velha. Há muita dificuldade em encontrar pessoal qualificado para a produção. Nem os meus filhos vejo a querer pegar nos sapatos.

Paulino Moura

Sócio gerente da Atrai

Na nova fábrica em que investiu quatro milhões de euros produz diariamente à volta de mil pares, exportando 90% para mercados como Alemanha, Itália ou França. Não arrisca estimativas para a evolução do negócio em 2024, mas tem a certeza que “o futuro desta indústria não passa por produzir mais, mas por produzir melhor e com valor acrescentado”. Porém, apostar nesses artigos de gamas mais elevadas exige mão-de-obra especializada que escasseia cada vez mais no setor, apesar do projeto da associação do setor (APICCAPS) nas escolas para tornar esta indústria mais atrativa para as novas gerações.

“Isto é uma indústria que cada vez está a ficar mais velha. Há muita dificuldade em encontrar pessoal qualificado para a produção. Temos de os ir formando dentro de casa. Alguém tem de os ensinar. Mas isto não é indústria, é artesanato. É preciso ter mão e cuidado. Não sendo um setor interessante para os jovens, aqueles que nos procuram para trabalhar não vêm com aquela motivação que deviam”, resume Paulino Moura. E nem os filhos vê “a querer pegar nos sapatos”.

(O jornalista viajou para Itália a convite da APICCAPS)

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O que separa e une a direita da esquerda na Habitação

A esquerda defende que é necessário envolver mais o Estado, limitar a subida das rendas e apostar na regulação. A direita defende o alívio de impostos e a aposta em parceria com privados.

  • O ECO vai divulgar 5 séries semanais de trabalhos sobre temas cruciais para o país, no período que antecede as eleições legislativas de 10 de março. Os rendimentos das famílias, o crescimento económico, a crise da habitação, o investimento em infraestruturas e os problemas da Justiça vão estar em foco. O ECO vai fazer o ponto da situação destes temas, sintetizar as propostas dos principais partidos e ouvir a avaliação dos especialistas.

Todos os partidos da esquerda e da direita que se apresentam às legislativas, marcadas para 10 de março, estão focados no combate à crise na habitação e inscrevem nos seus programas eleitorais um vasto leque de propostas com soluções. Mas entre os seis programas dos principais partidos na corrida às urnas há, em traços gerais, dois caminhos opostos para resolver a falta de casas com preços acessíveis.

Os partidos da esquerda — PS, Bloco de Esquerda e CDU — defendem uma maior participação do Estado no mercado, limitar a subida das rendas e apostar na regulação do setor, sobretudo no arrendamento.

Já a direita — Aliança Democrática (coligação entre o PSD, CDS-PP e PPM), Iniciativa Liberal e Chega — acredita que o rumo a seguir é através do alívio de impostos e apostar em parcerias com os privados, prometendo revogar as “medidas erradas” do programa “Mais Habitação”. É o caso do arrendamento forçado, do fim dos vistos gold, do congelamento de rendas ou das “medidas penalizadoras” do alojamento local como a Contribuição Extraordinária.

Para aumentar a oferta de casas, o programa do PS prevê a “continuidade ao investimento público na requalificação, o alargamento e a diversificação do parque público de habitação” para atingir a médio prazo (até 2028) um universo de 5% de casas do Estado no mercado. Desta forma, os socialistas — que já tinham inscrito esta meta na anterior legislatura — querem aumentar o parque público habitacional em 180 mil fogos, passando dos atuais 2%, ou 120 mil casas, para 5% ou 300 mil.

Também o Bloco de Esquerda defende a construção pública “de novos alojamentos destinados ao arrendamento a custos acessíveis, integrados na malha urbana e evitando a reprodução de guetos” e quer afetar “25% da nova construção para habitação acessível”.

Apesar das várias medidas que separam a esquerda da direita no combate à crise da habitação, há, no entanto, algumas propostas que são comuns a quase todos os partidos. É o caso do recurso aos edifícios públicos devolutos e aos terrenos do Estado para serem convertidos em habitação a custos acessíveis.

O mesmo é defendido pela CDU que quer um “investimento público reforçado e contínuo na construção de habitação pública financiado a partir do Orçamento do Estado”, prevendo que sejam construídos 50 mil fogos com verbas públicas.

No canto oposto, a AD acredita que devem ser envolvidos os privados para aumentar o stock habitacional através do lançamento de um programa de Parcerias Público-Privadas em larga escala para a construção e reabilitação de habitação. Além disso, quer, assim como o Iniciativa Liberal, aliviar o IVA de 23% para a taxa mínima de 6% para todas as obras e serviços de construção e reabilitação. Proposta a que o PS se opõe, defendendo que o IVA a 6% deve ser aplicado só para a construção de casas para arrendamento acessível.

No mercado do arrendamento, os partidos da esquerda defendem que a atualização anual das rendas deve ter limites. Os socialistas, liderados por Pedro Nuno Santos, querem “rever a fórmula de cálculo para atualização de rendas” para que em anos com inflação acima de 2% a atualização do valor tenha em conta “a evolução dos salários”.

O BE vai um pouco mais longe e defende a criação de “tetos máximos” para a atualização das rendas, calculados conforme os rendimentos das famílias e a “evolução do poder de compra”, a área do imóvel, a qualidade do alojamento, a certificação energética e localização e tipologia da casa.

A CDU quer ainda criar um “regime especial” de proteção dos inquilinos, que “limite o aumento das rendas e o seu valor nos novos contratos e restrinja as situações de despejo”. Medida a que a AD se opõe, lembrando que “travões de rendas muito estritos resultaram mal em Portugal e no mundo fora”, tendo levado a “aumentos de 30% das rendas dos novos contratos”.

Por isso, a coligação PSD/CDS/PPM rejeita a aplicação de qualquer travão à atualização anual das rendas para apoiar os inquilinos através de subsídios, seguindo outras regras que não se resumam à taxa de esforço e nível de rendimento e deixar de ter como baliza os contratos assinados até 15 de março de 2023, registados na Autoridade Tributária e Aduaneira.

O mesmo rumo é traçado pelo IL no seu programa eleitoral que pretende promover polícias para “acabar com o congelamento de rendas ainda em vigor”, cabendo ao Estado o apoio a pessoas em situação de carência económica. “Quem não tem meios para pagar continuará a ter apoio social, mas não são os proprietários quem tem de cumprir a função social. Essa cabe ao Estado com o dinheiro dos impostos”, lê-se no programa do partido liderado por Rui Rocha.

Medidas que unem a esquerda e a direita

Apesar das várias medidas que separam a esquerda da direita no combate à crise da habitação, há algumas propostas que são comuns a quase todos os partidos. É o caso do recurso aos edifícios públicos devolutos e aos terrenos do Estado para serem convertidos em habitação a custos acessíveis.

Os últimos governos do PS não concluíram o levantamento do património do Estado, mas foram identificados, pelo menos, dez mil imóveis que podiam ser transformados em habitação. Agora, o PS fala em “promover a gestão integrada do património público, de forma que responda às diferentes necessidades setoriais, em particular na habitação”. No mesmo sentido, a AD quer fazer “uma injeção no mercado, quase automática, dos imóveis e solos públicos devolutos ou subutilizados”.

Outra das propostas que une o PS e a AD é a garantia pública para a compra da primeira habitação, ou seja, o Estado a assumir a posição de credor para os jovens que querem comprar casa.

Os socialistas querem “apoiar a aquisição de casa própria”, com o “Estado a prestar uma garantia pública ao financiamento bancário para aquisição de casa própria de pessoas até aos 40 anos que ainda não tenham nenhuma habitação no seu nome”, lê-se no programa. Já a coligação PSD/CDS/PPM quer que o Estado dê uma garantia pública, que substitua a entrada na compra de casa para jovens até 35 anos, até um máximo de 10% do valor do imóvel que não pode exceder os 250 mil euros.

Além disso, no campo do arrendamento, quase todos os partidos querem alterar as regras em vigor do Porta 65 de forma a alargar os beneficiários deste apoio.

Mas estas são apenas algumas das propostas inscritas nos seis programas dos principais partidos que se apresentam às legislativas. Veja abaixo as cinco principais medidas do PS e da AD para resolver a crise a na habitação.

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IEFP lança nova plataforma para combater desemprego jovem

Metade dos jovens que não tem trabalho não está inscrita no IEFP. Acaba de ser lançada uma nova plataforma para mudar esse cenário. "Política pública só opera" sobre os inscritos, diz diretora ao ECO.

Entre os milhares de jovens em Portugal que não têm trabalho nem estudam, só metade está inscrita no Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP). Um cenário que tem ser contrariado, já que a “política pública só opera” sobre quem está inscrito. O aviso é deixado, em conversa com o ECO, pela diretora executiva do projeto Garantia Jovem, que acaba de lançar uma nova plataforma com vista a chamar para o sistema mais jovens e facilitar, à boleia, a sua integração no mercado.

A Garantia Jovem é um projeto que tem sido desenvolvido pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) e cujo objetivo é apoiar os jovens (até aos 29 anos) que nem estudam nem trabalham a encontrarem um novo emprego, estágio ou oportunidade de formação.

Este projeto nasceu em 2014, por recomendação da Comissão Europeia, numa altura em que o desemprego jovem nos países do bloco comunitário estava em níveis elevados. Em 2020, foi reforçado, face ao impacto da pandemia no emprego jovem. E acaba agora de ganhar uma nova plataforma digital.

“Neste momento, a ideia é relançar o projeto e dinamizá-lo mais. A plataforma anterior tinha sido desenhada há dez anos. Achamos que não estava adaptada às necessidades atuais dos jovens“, sublinha a diretora executiva do Garantia Jovem, Sara Ramos, em conversa com o ECO.

A nova plataforma tem, portanto, uma “linguagem mais próxima dos jovens“, é “mais apelativa” e disponibiliza mais informação sobre as oportunidades de emprego, estágios e formação que estão registadas no IEFP.

Os interessados podem fazer “em dois minutos” o registo dos seus dados, bem como indicar o tipo de oportunidade que procuram. Está também disponível na plataforma informação, por exemplo, sobre os programas de apoio à contratação hoje disponíveis e sobre as bolsas para formação.

Ao ECO, Sara Ramos realça que boa parte dos jovens que estão hoje sem trabalho e não estudam não está ainda registada nos serviços públicos de emprego, cenário que a nova plataforma também pretende combater. “O objetivo é chegar àqueles que ainda não chegaram a nós para resolver a sua situação”, declara a diretora executiva.

A responsável explica que pode haver várias razões para metade dos jovens ainda não terem a sua inscrição: primeiro, a falta de informação, isto é, como não têm descontos feitos para a Segurança Social, não têm direito a prestações sociais e, por isso, julgam não haver benefício em estarem registados no IEFP; Segundo, algum desencorajamento ou até por os jovens pensarem que conseguem “resolver sozinhos o seu problema“; E terceiro, a economia informal, ou seja, são jovens que não estão “verdadeiramente desocupados”, apesar de constarem como tal nas estatísticas.

“Queremos baixar o número de jovens que não estão registados no IEFP. A política pública só opera sobre os que estão inscritos“, frisa a responsável.

Em termos europeus, a meta é chegar a 2030 com 9% de jovens que nem estudam, nem trabalham. Em Portugal, a fatia está hoje em 8,5%, o que significa que “o país já está a cumprir a meta“. Mas Sara Ramos assegura que a vontade é baixar ainda mais o peso dos jovens que nem estudam nem trabalham, através do Garantia Jovem.

Por isso, depois de inscritos na nova plataforma, os jovens são contactos para receberem orientações quanto às ações em curso do Garantia Jovem. De acordo com as suas expectativas, são encaminhados para ofertas de ensino, formação, estágio ou emprego.

O compromisso é que em quatro meses seja feita ao jovem uma oferta de emprego, de continuação dos estudos, de formação profissional ou de estágio.

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FC Porto SAD recusa revelar identidade de novo investidor

Não é a Legends, confirmou o ECO. SAD fez acordo para empresa internacional entrar no capital de uma das firmas comerciais do grupo por até 70 milhões de euros, mas não revela identidade.

A FC Porto SAD recusou revelar ao ECO a identidade da empresa internacional com a qual chegou a acordo para entrar como acionista minoritária numa das empresas do grupo, a troco de um investimento entre 60 e 70 milhões de euros destinado a modernizar o Estádio do Dragão.

O ECO confirmou com a SAD que não se trata da Legends, empresa global de experiências com a qual o FC Porto em novembro assinou um acordo para uma parceria estratégica de 15 anos, para transformar a experiência dos adeptos e na qual a Legends irá apoiar parcerias globais e “a experiência de comida e bebida no Estádio do Dragão”.

Na apresentação de resultados, esta segunda-feira, a SAD revelou que “acordou com uma reputada empresa internacional, com reconhecida experiência na otimização das receitas comerciais relacionadas com grandes equipamentos desportivos, uma parceria que será consubstanciada na participação minoritária numa das empresas com os direitos comerciais do Grupo FC Porto e num investimento inicial com vista a modernizar o Estádio do Dragão, potenciando assim as receitas com ele relacionadas”.

Adiantou que do acordo resultará ainda a participação financeira de um montante estimado entre os 60 e 70 milhões de euros, a realizar no 4º trimestre deste exercício, que impactará diretamente nos capitais próprios da FC Porto – Futebol, SAD.

Na conferência de imprensa que se seguiu à apresentação, Fernando Gomes, administrador financeiro da SAD portista, sublinhou que este valor de 60 a 70 milhões é a subscrição de uma participação financeira e portanto é a subscrição de capital”, adiantando que “vão trazer enorme melhoria”, nomeadamente em relação aos camarotes.

Adiantou, no entanto, que “para além disso, seja no domínio da publicidade, seja no domínio da sponsorização, seja no domínio do naming, ou da gestão do próprio equipamento, nós vamos ter aqui uma equipa residente que vai ajudar, nomeadamente no catering já começou”.

“Essa equipa já está a trabalhar, já tem equipas no Porto, essa não é segredo, já vem em todo lado, é a Legends. Vão trazer uma nova imagem, mas também novos negócios”, vincou.

Ao ECO, fonte oficial da FC Porto SAD referiu que Fernando Gomes referia-se, em relação à Legends, apenas sobre o catering. Questionada sobre a identidade da nova empresa investidora no grupo, respondeu que “não temos mais nada a dizer”.

Contactada, por a FC Porto SAD ser cotada na Bolsa de Lisboa, a CMVM não respondeu ao ECO até à hora de publicação.

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Consórcio de Horta Osório mantém-se na corrida e oferece até sete mil milhões pela Altice Portugal

Warburg e Zeno Partners, apoiados pela UBS e em conjunto com o ex-banqueiro, continuam interessados em comprar todos os ativos da Altice Portugal. Querem a fibra, mas recusam ir além de 7 mil milhões.

O ex-banqueiro português António Horta Osório, ao abrigo de um consórcio que junta os fundos Warburg Pincus e Zeno Partners, mantém-se na corrida à compra da Altice Portugal, oferecendo entre 6,5 mil milhões e sete mil milhões de euros pela totalidade dos ativos, incluindo a posição de controlo na FastFiber, a rede de fibra ótica, confirmaram ao ECO fontes familiarizadas com o processo.

Apesar dos rumores em sentido contrário, nem o consórcio nem a Altice desistiram formalmente das conversações, pelo que todos os cenários continuam em aberto. O processo da venda da Altice Portugal está a ser conduzido a nível internacional e uma das fontes, que está a par do teor das negociações, disse que Patrick Drahi, o dono da Altice, está a pedir uma soma “irrealista” de oito mil milhões a dez mil milhões de euros pela subsidiária que controla a Meo.

Neste processo a Altice está a ser assessorada pelo banco de investimento Lazard, e o ECO apurou que o consórcio de que faz parte o antigo banqueiro português conta com o “apoio da UBS”, o banco de investimento que comprou recentemente o Credit Suisse, do qual Horta Osório foi chairman entre 2020 e 2022. Não foi possível saber com mais detalhe a estrutura do consórcio, mas o apoio da UBS é visto como determinante para o projeto.

Estes fundos querem a totalidade dos ativos da Altice em Portugal, rejeitando que a posição de 50,01% que a Altice Portugal tem na FastFiber, a rede de fibra ótica usada pela Meo, seja vendida em separado. Essa é uma das opções que estará a ser estudada por Patrick Drahi. Os restantes 49,99% são detidos pelo Morgan Stanley Infrastructure Partners.

Como noticiou o Expresso, e confirmou o ECO, o projeto do consórcio pode passar por reviver a antiga marca Portugal Telecom, visto que não poderia manter a designação “Altice” depois da compra.

Em dezembro, o Financial Times noticiou que a Warburg Pincus, que se diz a “mais antiga empresa de private equity” do mundo, aliou-se à Zeno Partners para tentar comprar a Altice Portugal. António Horta Osório foi convidado a “juntar-se ao consórcio e a tornar-se membro do conselho de administração” se o projeto da compra da Altice Portugal for bem-sucedido, explicou uma das fontes.

A Zeno Partners é uma casa de private equity responsável por seis fundos, tendo sido criada por Duarte Moreira, um discreto investidor português baseado na Suíça, que, no ano passado, foi convidado a participar na reunião do Clube de Bilderberg que decorreu em Lisboa.

Duarte Moreira ocupa também cargos de gestão noutros negócios, incluindo o de chairman do grupo Vangest, empresa de moldes da Marinha Grande que partilha com a Zeno parte do Conselho de Administração.

Fundada em 1966, a Warburg Pincus gere ativos avaliados em 83 mil milhões de dólares. Se conseguisse comprar a Altice Portugal, não seria o primeiro negócio no setor das telecomunicações: em setembro de 2021, adquiriu, em conjunto com a Apax Partners, a operação da T-Mobile nos Países Baixos. A transação avaliou a operadora em 5,1 mil milhões de euros, que, em 2023, mudou de nome para Odido, mantendo-se no portefólio da Warburg. Na carteira deste fundo encontram-se ainda outras empresas de telecomunicações com operações no Brasil, Reino Unido, Singapura, Taiwan e Austrália.

Além desta oferta, a Bloomberg noticiou que Patrick Drahi terá em cima da mesa duas outras propostas para a compra da Altice Portugal, nomeadamente da operadora estatal da Arábia Saudita, Saudi Telecom, assim como do grupo Iliad, do milionário francês Xavier Niel, responsável pela operadora Free em França.

Algumas fontes do setor acreditam que uma venda da Altice Portugal à Saudi Telecom teria de ultrapassar sérias barreiras regulatórias, por se tratar de uma empresa que detém infraestruturas críticas. Aliás, ao Jornal de Negócios, o secretário de Estado Mário Campolargo disse que o Governo, “respeitando as normas de direito, tomará uma decisão impactante que contrarie uma compra por algum investidor que não cumpra o quadro regulamentar do quadro europeu”. Já Xavier Niel é visto como um “rival” de Patrick Drahi, que prefere vender a fundos do que a outro player do setor.

Contactada, fonte oficial do grupo Altice não quis comentar. Fonte oficial da Warburg Pincus respondeu: “Não temos comentado sobre os pedidos que temos recebido e esse continua a ser o caso.” Fonte oficial da Zeno Partners não quis comentar. Contactado sobre este assunto, António Horta Osório não respondeu.

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Frente a frente: PS admite viabilizar governo minoritário da AD, Montenegro antecipa acordo com IL

Pedro Nuno Santos afasta moção de rejeição a um governo de direita, mas ataca "irresponsabilidade" orçamental da AD. Montenegro responde com impreparação do ex-ministro.

O tabu foi desfeito. Pedro Nuno Santos admitiu, esta segunda-feira, viabilizar um governo minoritário da Aliança Democrática (AD), coligação que junta PSD, CDS e PPM, no derradeiro dos 28 debates que opuseram oito líderes dos partidos com assento parlamentar, e que juntou o secretário-geral socialista e o presidente do PSD, Luís Montenegro. Num encontro que durou cerca de 75 minutos, e que foi transmitido em simultâneo pela RTP, SIC e TVI, os dois opositores traçaram os planos para o país caso vençam as eleições legislativas de 10 de março.

O palco foi o cineteatro Capitólio, em Lisboa, que teve à porta uma manifestação com centenas de polícias, o que acabou por ser o primeiro tema da noite. Os líderes debateram também temas como a saúde, habitação, educação e pensões, com Montenegro a criticar a atuação de Pedro Nuno Santos enquanto foi ministro e este a apontar o dedo ao programa da AD como sendo “irresponsável”.

Debate Legislativas 2024 - Pedro Nuno Santos vs Luís Montenegro - 19FEV24
Debate Legislativas 2024 – Pedro Nuno Santos vs Luís MontenegroHugo Amaral/ECO

Balanço

Pedro Nuno Santos assumiu que “se o PS não ganhar, e por humildade democrática, não apresentará uma moção de rejeição nem viabilizará uma moção de rejeição, se houver uma vitória da AD, que esperamos que não aconteça”.

Do lado da AD, Montenegro não se comprometeu a viabilizar um executivo minoritário do PS, defendendo antes que, sem maioria absoluta, a AD governará com “os deputados da IL”.

Leilão

Pedro Nuno Santos: “Queremos garantir aumentos [extraordinários] nas pensões mais baixas em períodos de baixa inflação”.

Luís Montenegro: “Todos os anos atualizaremos de acordo com a inflação os salários da Função Pública. Temos reservada metade da despesa para, em cima da inflação, ter uma valorização de carreira específica”.

Bottom line

Pedro Nuno Santos: “Não há dogmas em relação aos privados, mas prefiro investir nos hospitais do SNS e dar autonomia às administrações hospitalares”.

Luís Montenegro: “É difícil a AD conseguir por si só ter maioria absoluta dos deputados da AR. (…) está muito alcançável objetivo que era juntamente com deputados da AD e Iniciativa Liberal termos maioria. Se não conseguirmos, governaremos com maioria relativa”.

Número

Pedro Nuno Santos: 800 euros é a meta para o aumento da despesa com dedução em IRS de rendas para habitação própria e permanente, cujo limite é 600 euros.

Luís Montenegro: 50 mil novas casas ao ano, em média, é o objetivo da AD para os próximos quatro anos.

Parecer

Pedro Nuno Santos sabia que o frente-a-frente com Luís Montenegro era a sua última oportunidade para manter efetivas condições para ganhar as legislativas, depois da consolidação de uma ideia de que a Aliança Democrática (AD) tinha ganho a dianteira. E, por isso, entrou ao ataque com uma declaração que é de um primeiro-ministro: Perante uma manifestação de dezenas de polícias à porta do Capitólio, onde decorreu o debate, afirmou que não é possível negociar [com os polícias] “sob coação”, coisa que o presidente do PSD não foi capaz de fazer.

Foi um início de debate que terá deixado Montenegro à defesa, numa área, a da segurança, que seria mais favorável à direita. Depois, o secretário-geral do PS foi, muitas vezes, mais assertivo e deu uma notícia (outra à qual Montenegro não respondeu), a de que não vai aprovar uma moção de rejeição a um governo minoritário da AD, um ato de clarificação e coragem política.

Montenegro ganhou o debate da voracidade fiscal do PS e da justiça social na descida do IRS, nas respostas na saúde – os privados abriram 32 hospitais e o Estado nem um –, na habitação e rendas, mas o final, com as pensões, voltou a mostrar um Pedro Nuno Santos eficaz. No cômputo geral, num debate a olhar muito para trás, Pedro Nuno Santos saiu melhor do que entrou, teve iniciativa e terá recuperado eleitorado indeciso que estava a cair para a AD, e Luís Montenegro vai ter de voltar a trabalhar para recuperar de um debate em que saiu pior do que entrou, e tem cerca de 20 dias de campanha eleitoral para o fazer (e apagar a infeliz comparação que fez, involuntariamente, com toda a certeza, de Passos Coelho a Sócrates).

(Opinião) António Costa, diretor do ECO

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PSP vai comunicar ao Ministério Público protesto de polícias junto ao Capitólio

  • Lusa
  • 19 Fevereiro 2024

O porta-voz da PSP disse o desfile dos polícias e concentração junto ao Capitólio não foi comunicado à câmara e a lei obriga, por isso, a que haja comunicação ao Ministério Público.

A PSP vai comunicar ao Ministério Público a marcha desta segunda-feira e a concentração de polícias junto ao Capitólio, em Lisboa, por o protesto não estar autorizado, disse à Lusa fonte da Direção Nacional. O porta-voz da PSP disse que a concentração de elementos da PSP e GNR na Praça do Comércio estava autorizada e tinha sido comunicada à autoridade competente, que é a Câmara Municipal de Lisboa (CML).

No entanto, o mesmo não aconteceu com o desfile que se seguiu, pela Rua da Prata, Praça do Rossio e Avenida da Liberdade, e com a concentração junto ao Capitólio. Sérgio Soares explicou que, por o protesto não ter sido comunicado à CML, a lei obriga a que haja comunicação ao Ministério Público. Já anteriormente a comandante responsável pelo policiamento junto ao Capitólio tinha dito à Lusa que a manifestação não estava autorizada e que os promotores seriam identificados.

Os polícias dirigiram-se para o Capitólio, onde decorreu o debate eleitoral entre os líderes do PS e do PSD, após uma concentração que juntou cerca de 3.000 elementos da PSP e da GNR na Praça do Comércio, junto ao Ministério da Administração Interna (MAI). Ao contrário da manifestação na Praça do Comércio, organizada pela plataforma que congrega os sindicatos da PSP e associações da GNR, o protesto junto ao Capitólio foi marcado nas redes sociais pelo ‘movimento inop’ e não tem a participação da plataforma sindical.

Muitos dos polícias que se concentraram no Capitólio foram desmobilizando ao longo do debate, mas alguns ainda se mantinham no local cerca das 22:00. Os elementos da PSP e da GNR estão em protesto há mais de um mês para exigir um suplemento idêntico ao atribuído à Polícia Judiciária.

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Zelensky alerta para situação “extremamente difícil” na frente de batalha

  • Lusa
  • 19 Fevereiro 2024

"As tropas russas estão a tirar partido do atraso no fornecimento de ajuda à Ucrânia", afirmou o presidente ucraniano na sua mensagem diária.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, admitiu esta segunda-feira que o exército ucraniano está a enfrentar uma situação “extremamente difícil” imposta pelas forças russas, que, considerou, estão a aproveitar o atraso do Ocidente na prestação de ajuda militar.

“A situação é extremamente difícil em vários pontos da linha da frente, onde as tropas russas concentraram um máximo de reservas. As tropas russas estão a tirar partido do atraso no fornecimento de ajuda à Ucrânia”, afirmou Zelensky na sua mensagem diária, acrescentando que o seu país carece de artilharia e precisa de defesa antiaérea para a linha da frente, bem como de armas de longo alcance.

As forças russas estão na ofensiva no leste e no sul da Ucrânia e acabaram de capturar a cidade disputada de Avdiivka, na região de Donetsk, fazendo o seu primeiro grande ganho desde a captura de Bakhmut em maio de 2023. Na segunda-feira, o exército ucraniano afirmou estar a enfrentar “fogo pesado” das forças russas na ofensiva na região de Zaporizhia, no sul do país.

O comandante ucraniano Oleksandr Tarnavsky disse que as tropas de Moscovo estavam a lançar múltiplos ataques, particularmente perto da aldeia de Robotyne, um dos poucos locais onde a Ucrânia tinha conseguido recuperar terreno durante a contraofensiva do verão passado. O exército russo está a tentar avançar com “pequenos grupos de assalto apoiados por unidades blindadas”, afirmou no Telegram.

Estas tentativas de ofensiva foram travadas, o inimigo foi eliminado nos arredores de Robotyne”, afirmou o major Tarnavsky, que comanda as forças ucranianas na região. Como muitas cidades do leste da Ucrânia, Robotyne foi completamente arrasada após meses de fogo de artilharia.

O Presidente russo, Vladimir Putin, saudou a tomada de Avdiivka como uma “importante vitória” das suas tropas, a poucos dias do segundo aniversário do início da invasão russa, a 24 de fevereiro.

Bloqueio na fronteira polaca reflete erosão da solidariedade, diz Zelensky

O Presidente ucraniano alertou ainda que o bloqueio da fronteira entre a Polónia e a Ucrânia por camionistas e agricultores polacos demonstra a “erosão da solidariedade” para com o seu país que combate a invasão da Rússia. “O que está a acontecer na nossa fronteira ocidental, a fronteira com a Polónia, não pode ser considerado normal ou comum”, declarou o chefe de Estado ucraniano, sublinhando que a situação demonstra “a erosão da solidariedade quotidiana”.

Durante semanas, os agricultores polacos têm tentado impedir as importações de produtos provenientes da Ucrânia, em protesto contra o que consideram ser uma concorrência desleal. Esta disputa prejudicou as relações entre Kiev e Varsóvia, que tem sido um dos mais fervorosos apoiantes da Ucrânia desde o início da invasão russa.

A circulação rodoviária com a Polónia tem sido crucial desde o início da guerra para permitir que as empresas ucranianas continuem a exportar. Mas esta situação irritou os agricultores e as empresas de transporte polacos, que se queixam das tarifas ucranianas, com as quais não podem competir. “Na realidade, não se trata de cereais, mas sim de política”, sublinhou Zelensky, assegurando que apenas 5% das exportações agrícolas do seu país atravessaram a fronteira polaca.

Seis passagens de fronteira estão bloqueadas no lado polaco, revelou hoje o ministro ucraniano das Infraestruturas, Oleksandr Kubrakov, considerando na rede social Facebook que se trata de uma “ameaça direta à segurança de um país forçado a defender-se”. “Eles estão a bloquear tudo. Alguns camiões transportam combustível. Há alguns dias, os manifestantes bloquearam a passagem de vários camiões carregados de armas”, realçou Kubrakov, em entrevista à televisão pública ucraniana.

De acordo com um responsável polaco, cerca de 600 camiões aguardam para atravessar da Polónia para a Ucrânia na passagem fronteiriça de Dorohusk. De acordo com Michal Derus, porta-voz da alfândega da cidade polaca de Lublin, duas dúzias de camiões cruzaram a fronteira para a Ucrânia durante a noite, mas “nenhum camião entrou na Polónia”. “Podemos, portanto, assumir que se trata de um bloqueio total”, acrescentou.

A situação deverá piorar ainda mais esta terça-feira, quando os agricultores polacos planeiam apelar a um bloqueio total da fronteira entre os dois países. A ofensiva militar russa no território ucraniano, desencadeada em 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Os aliados ocidentais da Ucrânia têm fornecido armas a Kiev e aprovado sucessivos pacotes de sanções contra interesses russos para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra.

(Notícia atualizada pela última vez às 22h59)

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Mexidas na administração do BPI. Entram dois novos administradores executivos

Ana Rosas Oliveira e Afonso Fuzeta Eça vão substituir Pedro Barreto e Francisco Barbeira no cargo de vogais do banco. Decisão aguarda acordo das autoridades de supervisão.

O BPI nomeou para novos administradores executivos do banco Ana Rosas Oliveira e Afonso Fuzeta Eça, que desempenham, atualmente, funções na direção executiva da instituição bancária. Oliveira e Eça irão, assim, substituir, Pedro Barreto e Francisco Barbeira, que pediram a demissão, segundo a informação comunicada esta segunda-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). A decisão aguarda aval das autoridades de supervisão.

“O conselho de administração do banco BPI informa que decidiu cooptar como novos vogais do conselho e membros da sua comissão executiva a dra. Ana Rosas Oliveira e o dr. Afonso Fuzeta Eça”, de acordo com o mesmo comunicado.

O início do mandato destes dois novos administradores está, porém, “dependente do necessário acordo das autoridades de supervisão”, segundo a nota que o banco enviou à CMVM.

A instituição bancária, liderada por João Pedro Oliveira e Costa, esclarece que “a nomeação dos dois novos administradores resulta do pedido de renúncia apresentado pelos administradores executivos dr. Pedro Barreto e Eng. Francisco Barbeira, com quem foram celebrados acordos de cessação dos vínculos com o banco”.

Assim, o “conselho de administração deliberou entregar as responsabilidades dos administradores renunciantes aos administradores executivos em efetividade de funções até que, nos termos da lei, os respetivos substitutos possam iniciar os seus mandatos”, indica o BPI.

Os dois novos administradores cooptados desempenham atualmente funções na direção do BPI: Ana Rosas Oliveira é diretora executiva, responsável pela direção de marketing de empresas, e Afonso Fuzeta Eça é diretor executivo, responsável pela direção de canais e Inovação.

“O conselho de administração expressa publicamente o seu apreço e reconhecimento pelo importante contributo para o desenvolvimento do banco que deixam Pedro Barreto, colaborador desde 1988 e administrador executivo desde 2004, e Francisco Barbeira, colaborador desde 1996 e administrador executivo desde 2017”, lê-se no mesmo comunicado.

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Governo espanhol convoca embaixador russo

  • Lusa
  • 19 Fevereiro 2024

O ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, José Manuel Albares, destacou que a morte de Navalny é "totalmente injustificada e nunca deveria ter ocorrido".

O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Espanha convocou esta segunda-feira o embaixador russo em Madrid, Yuri Klimenko, na sequência da morte na prisão do opositor russo Alexei Navalny, divulgaram fontes diplomáticas. Também os ministros dos Negócios Estrangeiros francês e norueguês anunciaram a convocação dos embaixadores russos nos respetivos países, no seguimento da morte em prisão do opositor Alexei Navalny.

O ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, José Manuel Albares, destacou que a morte de Navalny é “totalmente injustificada e nunca deveria ter ocorrido”, e sublinhou que o “último responsável é evidentemente aquele que o colocou injustamente na prisão por razões políticas”. Albares reuniu-se em Bruxelas com a viúva de Navalny, Yulia Navalnaya, juntamente com os restantes ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia, e pediu que a Rússia esclareça as causas da morte o mais rapidamente possível “de forma credível”.

“Manifestei o meu apoio a Yulia Navalnaya, tal como o expresso a tantos defensores da democracia e das liberdades. O Governo de Espanha está sempre, em todas as partes do mundo, ao lado daqueles que defendem a democracia, a liberdade e os direitos humanos”, frisou Albares durante uma conferência de imprensa após a reunião de ministros dos 27.

Também foi anunciado que o Ministério dos Negócios Estrangeiros sueco convocou o embaixador russo na Suécia, devido à morte de Navalny. “A União Europeia deve agir contra a opressão política na Rússia. Isto é ainda mais importante porque, em 16 de fevereiro, Alexei Navalny morreu enquanto detido” na Rússia, frisou o chefe da diplomacia sueca, Tobias Billström, em comunicado.

O governo sueco também tomou a iniciativa a nível europeu de examinar a possibilidade de novas sanções contra Moscovo, pode ler-se no comunicado de imprensa. A União Europeia e os Estados Unidos já aplicaram uma bateria de sanções contra Moscovo desde o início da guerra após a invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022.

Durante uma viagem à Argentina, o francês Stéphane Séjourné também anunciou que decidiu convocar o embaixador russa e disse que “o regime de Vladimir Putin voltou a mostrar a sua verdadeira natureza”. Já o Ministério norueguês anunciou a convocação embaixador em comunicado.

No texto, é anunciado que “a Noruega vai exprimir o seu ponto de vista quanto à responsabilidade das autoridades russas nesta morte e à realização de uma investigação independente” à morte do opositor. Estas posições francesa e norueguesa somam-se a outras similares conhecidas ao longo do dia de hoje, tomadas por Países Baixos, Espanha, Suécia, Alemanha, depois de o Reino Unido ter convocado o embaixador russo na sexta-feira

Para honrar a memória do opositor russo, o alto representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, propôs que o regime europeu de sanções aos direitos humanos receba o nome de Alexei Navalny. Espanha e Suécia seguiram o exemplo da Alemanha, que também convocou o embaixador russo em Berlim.

O Governo britânico, por sua vez, convocou diplomatas da embaixada russa na sexta-feira à noite, para informá-los de que as autoridades russas são consideradas “totalmente responsáveis” pela morte do opositor número um do Kremlin. Alexei Navalny morreu a 16 de fevereiro, aos 47 anos, numa prisão do Ártico, onde cumpria uma pena de 19 anos.

Os serviços penitenciários da Rússia indicaram que Navalny se sentiu mal depois de uma caminhada e perdeu a consciência. Destacados dirigentes ocidentais, a família e apoiantes do opositor responsabilizam o presidente russo, Vladimir Putin, pela sua morte.

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Bastonário diz que médicos internos já dão tempo mínimo ao SNS

  • Lusa
  • 19 Fevereiro 2024

"Os médicos internos trabalham ativamente para o SNS durante cinco, seis ou sete anos, dependendo da sua especialidade", afirmou Carlos Cortes.

O Bastonário da Ordem dos Médicos disse esta segunda-feira que a ideia de sujeitar médicos formados pelo Estado a um tempo mínimo no Serviço Nacional de Saúde (SNS) revela desconhecimento porque “os médicos internos já dão esse contributo”.

“Os médicos internos, ou seja, os médicos ditos em formação, são médicos com autonomia e representam um terço dos médicos do SNS. Dos pouco mais de 30 mil médicos que existem no SNS, 10 mil são médicos internos e esses médicos têm uma atividade muito importante dentro do SNS”, afirmou Carlos Cortes à Lusa em Tomar (Santarém). Aqueles profissionais, sublinhou, “fazem consultas, contribuem para as cirurgias, e trabalham no serviço de urgência”, entre outros.

Não querendo comentar os programas de cada um dos partidos candidatos às eleições de 10 de março, Carlos Cortes disse haver um aspeto que importa elucidar no programa eleitoral do Partido Socialista (PS) por entender haver “muito desconhecimento” sobre essa matéria. “Os médicos internos trabalham ativamente para o SNS durante cinco, seis ou sete anos, dependendo da sua especialidade”, afirmou Carlos Cortes.

Para o bastonário, a ideia de sujeitar os jovens médicos formados pelo Estado a um tempo mínimo de serviço no SNS não tem “nenhum cabimento” porque os médicos internos “já dão este contributo muito importante ao SNS”. O responsável, que “apadrinhou” a apresentação pública do Centro de Investigação e Inovação Clínica (CIIC) da ULS Médio Tejo, disse ainda que “as pessoas, antes de fazerem propostas, têm de estar mais informadas sobre aquilo que é o trabalho dos médicos”.

O PS já afirmou que a ideia de sujeitar médicos formados pelo Estado a um tempo mínimo no Serviço Nacional de Saúde (SNS) será avaliada e só será tomada após negociação e aceitação pelas estruturas representativas do setor. Esta proposta consta do programa eleitoral do PS, tendo sido desde logo contestada, designadamente pela Iniciativa Liberal (IL) e pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM).

Fonte oficial do PS rejeitou à agência Lusa que possa fazer sentido uma controvérsia em torno dessa proposta e adiantou: “Avaliar a possibilidade significa, tal como referido, que qualquer uma dessas medidas nunca será tomada sem avaliação, negociação e aceitação por parte das estruturas representativas dos médicos”. No programa eleitoral do PS prevê-se a possibilidade de introdução de um tempo mínimo de dedicação ao SNS pelos profissionais de saúde, nomeadamente médicos, na sequência do período de especialização.

Em relação aos médicos que pretendem emigrar ou ingressar no setor privado, os socialistas admitem a “possibilidade de introdução de um quadro de compensações, pelo investimento público do país na sua formação”.

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