As promoções da Black Friday valem a pena? É preciso é estar atento

Algumas pessoas começam a questionar se vale a pena aproveitar aquilo que podem não ser verdadeiras promoções na Black Friday. A Deco defende que há boas promoções mas que é preciso estar atento.

Os descontos da Black Friday são aproveitados anualmente por milhares de portugueses, que aguardam por esta altura do ano para comprar alguns produtos que já tinham em vista ou outros que se lhes apresentam como uma boa oportunidade de compra.

Em Portugal, 88% dos consumidores procuram aproveitar a Black Friday, que acontece esta sexta-feira, dia 24 de novembro, e, em média, os portugueses tencionam gastar 359 euros, naquele que é um aumento de cerca de 10% em relação ao último ano.

Já segundo outros dados do estudo Blackfriday.pt, realizado pela GFK, o volume de negócio de ecommerce faturado durante a semana da Black Friday em Portugal deve situar-se entre os 120 e os 130 milhões de euros.

No entanto, de acordo com o estudo Black Friday 2022, realizado pelo Portal da Queixa da Consumers Trust, a febre do fenómeno Black Friday pode estar a arrefecer: 77,5% dos consumidores afirmaram que esta iniciativa deixa de fazer sentido, tendo em conta as campanhas promocionais efetuadas ao longo de todo o ano.

O mesmo estudo evidenciou que cerca de 27% dos consumidores vê na Black Friday uma oportunidade para fazer compras de Natal, mas a grande maioria (73,6%) dos inquiridos considera que não.

Para este “arrefecimento” podem estar a contribuir “histórias” de que as marcas inflacionam os preços pouco tempo antes das promoções para cortar nos valores durante este período. Já em 2021, o Portal da Queixa revelava que o número de reclamações aumentaram 70% face ao ano anterior, com as burlas a corresponderem a 29% das denúncias.

Por parte da Deco, a jurista Daniela Trindade refere ao +M/ECO que é possível encontrar boas promoções, “porém estas ações promocionais podem não corresponder a verdadeiras oportunidades de bons negócios (falsos descontos)”. Segundo clarifica a jurista, o preço da promoção “deve corresponder a um desconto sobre o preço mais baixo a que aquele produto foi vendido naquela loja nos últimos trinta dias”.

Embora a Deco não tenha um número efetivo de reclamações, a mesma adianta que são sempre registados contactos relativos às promoções, num mercado onde os consumidores estão atentos e “cada vez mais informados” no que respeita às variações de preço, assim como em relação a outros temas como questões de prazos de trocas ou devoluções ou atrasos na entrega dos bens (no caso de compras online).

A jurista adianta queoportunidades que valem a pena e outras não, pelo que “o grande objetivo para qualquer consumidor será garantir que não sai prejudicado com as ditas promoções”.

Para ajudar nesta demanda, e a pedido do +M/ECO, a jurista da Deco também lista cinco sugestões para que os consumidores possam aproveitar a Black Friday, fazendo compras sem se sentirem defraudados:

  • Comparar antes de comprar e verificar se se está perante uma boa oportunidade de compra
  • Conhecer a política de trocas ou devoluções de cada estabelecimento
  • Fazer uma lista com o que queremos ou precisamos comprar e evitar o “leve 2 pague 1”, evitando compras por impulso
  • Certificar a credibilidade do vendedor profissional/empresa, no caso das compras online, bem como a segurança dos meios de pagamento
  • Ler atentamente a informação promocional, analisar dimensões e outras caraterísticas nas embalagens/rótulos dos artigos e confirmar sempre que o valor registado na caixa corresponde ao preço anunciado.

Quanto a expectativas para este ano, e considerando que nos últimos meses foi registado um aumento geral de preços, Daniela Trindade diz que é expectável que os consumidores “procurem efetivas soluções de poupança, e percebam na aquisição que pretendem fazer se existe um desconto efetivo ou não”.

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Continente investe 35 milhões de euros em 16 novas lojas de proximidade

  • Lusa
  • 22 Novembro 2023

O Continente anunciou esta quarta-feira a abertura de 16 novas lojas de proximidade até ao final do ano, num investimento de 35 milhões de euros, que representa a criação de 512 postos de trabalho.

O Continente anunciou esta quarta-feira a abertura de 16 novas lojas de proximidade até ao final do ano, num investimento de 35 milhões de euros, que representa a criação de 512 postos de trabalho.

Desta forma, a marca de retalho alimentar da MC vai fechar o ano com mais de 180 lojas Continente Bom Dia em Portugal, onde trabalham cerca de 8.000 pessoas, informou em comunicado.

As novas lojas vão localizar-se em Paredes (Porto), Coruche (Santarém), Largo do Rato (Lisboa), Arroios (Lisboa), Vila Pouca de Aguiar (Vila Real), Gafanha de Nazaré (Aveiro), Alcácer do Sal (Setúbal), Arganil (Coimbra), Bolhão (Porto), Fajões (Oliveira de Azeméis), Oliveira de Frades (Viseu), São Pedro da Cova (Gondomar), Alcanena (Santarém), Leça da Palmeira (Matosinhos), Pousada de Saramagos (Vila Nova de Famalicão) e Pevidém (Guimarães).

Segundo a mesma nota, as lojas dispõem de um investimento conjunto em 9.530 painéis fotovoltaicos, com 4.8 Megawatts-hora (MWh) de potência instalada e 33 lugares de carregamento para veículos elétricos.

Investimos também nos locais em que nos localizamos, tanto ao nível das pessoas, como no património arquitetónico, na sustentabilidade e nos apoios diários que a Missão Continente mantém com as instituições de solidariedade, nas mais de 300 lojas Continente em todo o país”, afirmou o diretor-geral do Continente Bom Dia, Amaro Amaral, citado na mesma nota.

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Hoje nas notícias: “Lobbying”, crédito à habitação e Autoeuropa

  • ECO
  • 22 Novembro 2023

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

Os partidos estão interessados em retomar a discussão da regulamentação do lobbying e vão apresentar propostas na próxima legislatura. Apesar da paragem, a Autoeuropa conseguiu produzir nos primeiros dez meses do ano mais automóveis do que em todo o ano passado. Conheça estas e outras notícias em destaque na imprensa nacional.

Regulamentação do lobbying regressa à agenda na próxima legislatura

O PSD pretende apresentar na próxima legislatura propostas para regulamentar o lobbying, mas o partido não está sozinho: PS, Chega, Iniciativa Liberal, PAN e Livre também deverão ter iniciativas, enquanto Bloco de Esquerda e PCP deverão manter-se contra. A regulamentação desta atividade foi vetada em 2019 por Marcelo Rebelo de Sousa e foi novamente interrompida em 2021 com a dissolução da Assembleia da República.

Leia a notícia completa no Público (acesso pago).

Renegociações já representam mais de 40% do novo crédito à habitação

Em agosto e setembro, as renegociações representaram 40,2% e 41,8%, respetivamente, do novo crédito à habitação concedido pelos bancos. Tratando-se dos valores mais elevados do ano, só nesses dois meses foram renegociados cerca de 1.477 milhões de euros de crédito para a compra de casa, num total de de 5.326 milhões desde janeiro. Os números deverão continuar a subir nos próximos meses, tendo em conta os valores elevados das taxas de Euribor.

Leia a notícia completa no Público (acesso pago).

Apesar de paragem, Autoeuropa ainda cresce

Em setembro, a Autoeuropa viu-se forçada a parar a produção por “algumas semanas” devido à falta de peças de um fornecedor esloveno. Na altura, contas feitas pelo Jornal de Negócios apontavam para uma quebra de produção de 45 a 50 mil unidades do T-Roc, o único modelo produzido na fábrica. Em outubro, a fábrica retomou a produção depois de ter encontrado um fornecedor alternativo. Agora, dados divulgados pela Associação Automóvel de Portugal (ACAP) mostram agora que em setembro e outubro a Autoeuropa registou apenas uma quebra de 15.230 unidades produzidas face a 2022. Além disso, a paralisação não impediu que o número de veículos a saírem de Palmela supere nos primeiros dez meses do ano os valores de 2022.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

Nova “taxa” pode agravar conta da luz

Devido à alteração do modelo de financiamento, todos os consumidores vão passar a contribuir para financiar a tarifa social de eletricidade, o que pode vir a ter um impacto de cerca de 2% na fatura da luz dos portugueses, estima Vítor Machado, que representa a Deco no Conselho Tarifário da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE). A tarifa social dá desconto na eletricidade às famílias vulneráveis e o custo em 2024 deverá rondar os 130 milhões de euros. Até aqui, o custo da tarifa era suportado pelos produtores de eletricidade, com destaque para a EDP Produção, com encargos em torno dos 90 milhões de euros.

Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago).

Lobo Xavier acusa Costa de querer “adensar a intriga infame contra o Presidente”

António Lobo Xavier, conselheiro de Estado, rejeita ter quebrado a confidencialidade desse órgão da Presidência da República, apontando o dedo ao primeiro-ministro, António Costa, por preferir “adensar” a intriga contra Marcelo Rebelo de Sousa ao não esclarecer se tinha pedido ao chefe de Estado para chamar a procuradora-geral a Belém. “Escolheu adensar uma intriga de que provavelmente não era verdade que tivesse pedido ao Presidente da República”, disse à CNN Portugal.

Leia a notícia completa na CNN Portugal (acesso livre).

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O dia em direto nos mercados e na economia – 22 de novembro

  • ECO
  • 22 Novembro 2023

Ao longo desta quarta-feira, 22 de novembro, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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Altman vai regressar à liderança da OpenAI com nova administração

Dias depois de ter sido despedido pelo conselho de administração da OpenAI, Sam Altman vai regressar ao cargo de CEO, respondendo a um novo board.

Sam Altman vai regressar à OpenAI para voltar a ser CEO, mas respondendo a um novo conselho de administração. Uma pirueta surpreendente nesta história, pois acontece poucos dias depois de Altman ter sido despedido inesperadamente pelo board da empresa que criou o ChatGPT e ter sido convidado a integrar uma nova área de negócio na Microsoft.

O regresso de Altman aos comandos da OpenAI representa o culminar de um período de turbulência interna, depois de a administração ter anunciado na sexta-feira o despedimento de Sam Altman, afirmando que “não foi consistentemente franco nas suas comunicações com o conselho”. Desde então, a empresa tem estado sob forte pressão dos investidores, sobretudo da Microsoft.

A nova liderança de Altman implica uma reestruturação do próprio conselho de administração da OpenAI, empresa que alcançou notoriedade mundial com o lançamento de um chatbot avançado com inteligência artificial há um ano. Ao abrigo de um “acordo de princípio”, sentam-se inicialmente à mesa deste novo board Bret Taylor, ex-CEO da Salesforce, enquanto presidente; o ex-secretário do Tesouro dos EUA Larry Summers; e o atual CEO da plataforma Quora, Adam D’Angelo, que já pertencia à administração da OpenAI. A informação foi comunicada pela OpenAI na rede social X (ex-Twitter).

Foi na sexta-feira que a OpenAI anunciou o despedimento do seu CEO, uma decisão que gerou surpresa e que teve outras consequências relevantes. Durante o fim de semana, Greg Brockman, cofundador da OpenAI, revelou ter pedido a demissão. Na segunda-feira, o CEO da Microsoft, Satya Nadella, anunciou a contratação de Altman e Brockman para liderarem uma nova equipa de investigação avançada em inteligência artificial.

Desde então, a calma não mais regressou à OpenAI. A quase totalidade dos cerca de 700 trabalhadores da empresa assinou uma carta aberta com um ultimato à administração, exigindo que pedisse a demissão ou os signatários iriam acompanhar Altman e juntar-se à Microsoft, que tem 49% da OpenAI. A empresa, uma das mais mediáticas do último ano, enfrentava um sério risco de implodir.

Para esta situação pode ter contribuído a estrutura interna pouco usual da OpenAI, como explicou na terça-feira a revista The Economist, pela qual os investidores têm direitos limitados. Apesar de ter sido criada em 2015 como uma organização sem fins lucrativos, a OpenAI abriu em 2019 uma subsidiária com fins lucrativos para poder continuar a financiar a sua atividade, já que o treino de modelos de inteligência artificial exige enormes quantidades de dados e de poder de computação.

No entanto, até que a OpenAI consiga alcançar uma espécie de superinteligência algorítmica, o momento em que um modelo se torna mais capaz do que um humano, a participação dos investidores nos lucros está limitada a 100 vezes o seu investimento (esse limite vai aumentar gradualmente a partir de 2025). Todos os lucros acima desse patamar serão canalizados para a entidade sem fins lucrativos e serão reinvestidos.

Cabe ainda à administração decidir quando é que essa superinteligência foi alcançada, uma regra que deveria permitir à OpenAI escapar à pressão dos seus investidores. Os desenvolvimentos desta quarta-feira parecem sugerir que a medida não foi bem sucedida em alcançar esse objetivo.

(Notícia atualizada pela última vez às 8h28)

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A Internet de alta velocidade em breve chegará a todos os cantos das casas por meio da tecnologia FTTR

  • Servimedia
  • 22 Novembro 2023

As operadoras de telecomunicações estão a desenvolver novas soluções para levar a conectividade da Internet de alta velocidade para dentro das residências.

Especificamente, estão a impulsionar a nova tecnologia FTTR, baseada em fibra óptica e com cobertura WiFI6 Gigabit, que possibilitará aproveitar ao máximo a potência oferecida pelas conexões de última geração, especialmente o 5G, dentro de casa.

Com a “Fibra até o Quarto” (FTTR), antes conhecida como “Fiber To The Room” (FTTR), passou-se de levar a fibra óptica até o prédio e, em seguida, até cada residência (FTTH ou Fiber To The Home), para estender a internet em velocidades de gigabit para cada quarto ou canto da casa. Isso é um passo importante, já que muitos dos aplicativos que os usuários estão utilizando requerem alta velocidade e largura de banda que o 5G proporciona. No entanto, o sinal de muitos dos equipamentos Wi-Fi atuais não tem capacidade suficiente para atravessar as paredes das residências, o que impede que ele chegue regularmente a todos os quartos.

A MaisMóvil, que recentemente anunciou a próxima disponibilidade de soluções FTTR para seus clientes, explica que “em comparação com as redes Wi-Fi tradicionais, o FTTR pode aumentar significativamente a velocidade e reduzir a latência”. Para isso, essa tecnologia utiliza um roteador óptico principal, além de roteadores secundários conectados diretamente à fibra óptica instalada em cada um dos quartos.

Isso, como relatado pela operadora, permitirá ter velocidades mais rápidas em qualquer cómodo para uso de “aplicativos críticos, como videoconferências, streaming de conteúdo em alta definição ou jogos online”; mas também em ambientes empresariais ou, por exemplo, em instalações hoteleiras.

Por sua vez, a Vodafone lançou em Portugal seu novo serviço Vodafone Fiber to the Room, que é considerado como um serviço premium, especialmente voltado para casas com grandes espaços, bem como para famílias com vários usuários conectados online simultaneamente. Também destaca sua adequação para jogadores, streamers e usuários de serviços intensivos de internet. Outro aspecto característico é o componente estético dessas instalações, uma vez que o cabeamento da fibra óptica é praticamente invisível.

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Retenção progressiva de IRS para independentes proposta pelo PS “não faz sentido”, avisam fiscalistas

O acordo da Concertação Social prevê aproximação da tributação dos independentes à dos dependentes. PS propôs retenção na fonte de IRS progressiva para recibos verdes, mas fiscalistas deixam críticas.

O Governo tinha firmado o compromisso de rever ao longo de 2023 as taxas de retenção na fonte dos trabalhadores independentes, mas com o ano já a terminar, até agora, nada mudou. Em vez disso, o PS decidiu propor uma alteração ao Orçamento do Estado para 2024 que prevê que serão feitas as mudanças informáticas necessárias para que venham a ser aplicadas taxas de retenção progressivas a esses contribuintes, medida que, segundo os fiscalistas, não faz sentido. Isto uma vez que os rendimentos destes portugueses são altamente variáveis e imprevisíveis. Pior, os especialistas temem que o sistema possa ficar ainda mais complicado.

“O Governo tinha uma autorização legislativa para mudar o sistema de retenções na fonte para os trabalhadores dependentes e independentes em 2023. Usou essa autorização para mudar o sistema de retenção na fonte para os trabalhadores por conta de outrem, mas não para os independentes. Porquê? Precisamente porque o tema é simples para os trabalhadores por conta de outrem, mas não para os independentes”, argumenta Luís Leon, fiscalista e cofundador da consultora ILYA, em declarações ao ECO.

Em concreto, o Orçamento do Estado para este ano previa que durante 2023 o Governo se comprometia a rever as taxas de retenção na fonte aplicáveis aos trabalhadores independentes.

E o então secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, António Mendonça Mendes, chegou mesmo a sinalizar em outubro do ano passado que o Governo estaria a trabalhar na reformulação do modelo de retenção na fonte de IRS que é aplicado aos rendimentos desses portugueses.

Mas com o ano de 2023 a terminar, nada mudou até ao momento. Aliás, o Governo aproveitou o reforço do acordo de rendimentos — assinado em outubro na Concertação Social, com três das quatro confederações patronais e a UGT — para incluir nesse entendimento a intenção de aproximar a tributação dos recibos verdes à do trabalho dependente.

Ainda assim, a proposta de Orçamento do Estado para 2024 apresentada pelo ministro das Finanças, nada trazia nesse sentido, tendo Fernando Medina remetido as alterações para um diploma autónomo.

Porém, com o Governo agora prestar a cair, o PS decidiu que, afinal, esse assunto deve constar no Orçamento do Estado para o próximo ano. “O Governo procede, durante o ano de 2024, às necessárias alterações informáticas para a aplicação de taxas de retenção na fonte progressivas aos trabalhadores independentes“, lê-se na proposta de alteração entregue na semana passada no Parlamento pelos socialistas.

“Até parece que os titulares de rendimentos da categoria B devem ser equiparados a trabalhadores por conta de outrem. Os titulares da categoria B são apenas pessoas que criaram negócios, que não se organizaram sob a forma de uma sociedade limitada ou uma sociedade anónima, mas são donos de um negócio. Os recibos verdes não são rendimento. São faturação”, salienta Luís Leon.

E questionado sobre se faz ou não sentido os trabalhadores independentes terem um modelo de retenção progressiva, esse fiscalista afirma, de forma categórica: “nem pensar“. “Se queremos um modelo mais adequado de adiantamentos ao Estado, o meio não é a retenção na fonte, mas, sim, os pagamentos por conta“, considera.

Também João Espanha, fiscalista e fundador da Espanha e Associados, deixa críticas ao modelo sugerido pelo PS. “Um verdadeiro trabalhador independente não possui um rendimento fixo ou previsível, como sucede com os trabalhadores dependentes, pelo que os problemas práticos que se colocarão serão seguramente mais impactantes do que o escasso benefício que os contribuintes de mais baixos rendimentos irão suportar“, realça o especialista, que teme que o novo modelo venha a “complicar ainda mais um sistema que já é intratável“.

O problema é que o nosso legislador, quando pensa em recibos verdes, pensa sempre nos falsos recibos verdes, e opta por fazer alterações desestruturantes para, supostamente, proteger as vítimas desse flagelo. Ora, o problema que se quer acautelar é de Direito de Trabalho, não de Direito Fiscal, sendo que este último não deve servir para resolver problemas sociais”, alerta João Espanha.

Uma “não proposta” do PS

Pior do que não fazer sentido face à natureza dos rendimentos independentes, é que, afinal, a proposta do PS pode não ter pernas para andar. Os socialistas não propõem uma mudança ao Código do IRS; Apenas querem que o Governo se comprometa a fazer as mudanças necessárias ao sistema informático da Autoridade Tributária (AT).

Ora, mesmo depois de realizadas as alterações ao sistema informático, o Governo teria sempre de ir ao Parlamento pedir para mudar a lei fiscal para aplicar taxas progressivas aos recibos verdes. Mas a Assembleia da República não tarda será dissolvida, na sequência do pedido de demissão de António Costa do cargo de primeiro-ministro.

Tanto que a Associação Nacional dos Profissionais Liberais (ANPL) já declarou que se trata de uma “mera declaração de intenções sem substância e concretização“.

“Não bastam alterações informáticas. É preciso mudar o texto do Código do IRS e o Governo não tem competência para mudar o texto da lei. Apenas a Assembleia da República o pode fazer. Por isso a proposta, é uma, na verdade, não proposta“, considera, assim, Luís Leon, em linha com os profissionais liberais.

E João Espanha atira: “por muito que a nossa Autoridade Tributária prefira hoje o Direito do Sistema ao Direito legislado, quero pensar que ainda não chegámos ao ponto de a Constituição da República se dever subordinar ao software do Fisco. Concedo que, por vezes, parece.”

Há, além disso, potenciais problemas de privacidade dos contribuintes portugueses associados à proposta do PS. O alerta foi dado pela ANPL: se a taxa de retenção variar consoante o nível de rendimentos, as empresas que contratam os trabalhadores independentes conseguirão perceber o que estes ganham, o que poderá “fragilizar a posição negocial” desses profissionais e até levar a uma revisão em baixa dos contratos.

“Não faz qualquer sentido um trabalhador independente ser obrigado a divulgar ao seu cliente qual é o seu nível de rendimento anual”, observa Luís Leon, confirmando esse potencial perigo.

Que retenção na fonte de IRS fazem os independentes?

Tomada de posse dos novos Secretários de Estado - 02DEZ22

Nuno Félix, Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais

Para perceber toda esta discussão, importa também explicar que modelo de retenção na fonte é hoje aplicado aos trabalhadores independentes, que são cerca de 384 mil indivíduos no mercado de trabalho português. E não é igual para todos.

Até 2001 havia uma categoria de rendimentos para os recibos verdes, outra para rendimentos comerciais e industriais e ainda outra para rendimentos agrícolas.

Nesse ano, essas várias categorias foram fundidas. Mas como resquício desse histórico permanecem as diferenças de retenção na fonte consoante o tipo de atividade e de cliente. Por exemplo, num recibo de um cabeleireiro, não há retenção na fonte. Já num recibo médico, há, detalha o fiscalista Luís Leon. E quanto a faturação do trabalhador independente é inferior a 15 mil euros por ano, não há obrigação de retenção na fonte.

De resto, para quem faz retenção na fonte, regra geral, a taxa é de 25% sobre o rendimento bruto, quer o trabalhador independente receba 20 mil euros anuais ou 50 mil euros anuais. “Quem ganha pouco sofre retenção elevada e quem ganha muito acaba por ter de compensar com pagamentos por conta de imposto, que podem ser muito violentos”, esclarece João Espanha.

Perante este cenário, este fiscalista admite que se aplicassem taxas distintas por opção do trabalhador — o que é diferente do que está a ser proposto pelo PS, que prevê taxas progressivas impostas pelo Fisco –, mas frisa que tal poderia ser problemático em termos práticos.

A propósito, em reação à proposta socialista, a ANPL deixou claro que preferia que o Fisco sugerisse apenas as taxas de retenção na fonte variáveis em função do nível de rendimentos, deixando aos trabalhadores a decisão de escolher que taxa é a mais adequada.

“A ANPL valoriza o princípio da aplicação de taxas de retenção na fonte variáveis, mas preferia que os profissionais liberais tivessem mais autonomia e liberdade para escolher qual a taxa de retenção na fonte que deverá ser aplicada“, destacou a associação.

À parte da retenção na fonte, os trabalhadores independentes têm também de fazer pagamentos por conta, em que o titular do rendimento faz três pagamentos por ano com base no rendimento de há dois anos atrás.

Em ambos os casos (retenção na fonte e pagamento por conta), está em causa um adiantamento do imposto que o contribuinte faz ao Estado. Na primavera do ano seguinte, à semelhança dos trabalhadores por conta de outrem, os recibos verdes têm de entregar a declaração de IRS (a famosa Modelo 3) e acertar contas com o Fisco, podendo receber um cheque corresponde ao imposto paga em excesso. É o chamado reembolso.

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5 coisas que vão marcar o dia

BdP revela relatório de estabilidade financeira. Como evolui o comércio internacional de bens na UE? Bruxelas divulga dados sobre a confiança dos consumidores. Há eleições nos Países Baixos.

O Banco de Portugal revela relatório de estabilidade financeira, onde dá conta dos principais riscos financeiros para a economia. Esta quarta-feira, o Eurostat divulga os dados relativos ao comércio internacional de bens na Zona Euro, enquanto a Comissão Europeia publica as estatísticas rápidas sobre a confiança dos consumidores. Há eleições legislativas antecipadas nos Países Baixos

Supervisor apresenta Relatório de Estabilidade Financeira

O Banco de Portugal (BdP) apresenta esta quarta-feira o relatório da Estabilidade Financeira, que analisa nomeadamente os principais riscos, as vulnerabilidades subjacentes aos mesmos, assim como os desenvolvimentos da política macroprudencial. No último relatório, a instituição liderada por Mário Centeno alertou para o “potencial incumprimento das famílias vulneráveis”, num contexto de subida dos juros e da inflação.

Como evolui o comércio internacional de bens na UE?

O Eurostat divulga os dados relativos ao comércio internacional de bens, tanto no conjunto de Estados-membros da União Europeia (UE) como nos países da Zona Euro, para o terceiro trimestre deste ano. Nos primeiros seis meses deste ano, a Zona Euro registou um excedente de 5,3 mil milhões de euros, após ter registado um défice de 151,8 mil milhões no período homólogo.

Bruxelas divulga dados da confiança dos consumidores

A Comissão Europeia divulga os dados provisórios relativos ao indicador de confiança dos consumidores na UE e na Zona Euro referentes a novembro. No mês passado, o indicador de clima económico estabilizou, quer nos 27 Estados-membros quer na Zona Euro, à boleia da maior confiança nos serviços e pelos planos da contratação na construção.

Eleições legislativas nos Países Baixos

Os cidadãos dos Países Baixos vão, esta quarta-feira, ser chamados às urnas para escolherem o próximo governo, depois de Mark Rutte — que esteve à frente dos destinos daquela nação durante quase 13 anos — se ter demitido na sequência do colapso da sua coligação, motivado por divergências internas em relação ao endurecimento das políticas de imigração.

Cimeira virtual dos G20

Esta quarta-feira, os chefes de Estado e de Governo do bloco das 19 maiores economias do mundo e a União Europeia (UE) vão reunir-se, numa cimeira virtual. O encontro conta com a presença da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e do presidente russo, Vladimir Putin.

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BCP vende carteira de 80 milhões em malparado e imóveis

Miguel Maya continua processo de “normalização” com mais vendas de carteiras de malparado. Banco já duplicou de valor em bolsa em 2023 refletindo bom momento.

Em ano de normalização, o BCP BCP 1,20% prossegue o seu esforço de limpeza do balanço e acabou de colocar no mercado uma nova carteira de ativos problemáticos com o valor contabilístico de 80 milhões de euros, segundo adiantaram duas fontes do mercado ao ECO.

O chamado “Projeto Grace” inclui cerca de 64 milhões de euros em crédito em incumprimento com garantia (secured) e ainda outra parcela de 15 milhões de euros de ativos imobiliários (REO), revelou uma das fontes.

Oficialmente, o BCP não comenta, mas o banco liderado por Miguel Maya tem sido um dos mais ativos no mercado de malparado este ano. Ainda recentemente, como adiantou o ECO em setembro, pôs à venda 65 milhões de euros de NPL (non performing loans) no âmbito do “Projeto Light”, depois de ter vendido no verão a sua posição no Fundo de Reestruturação Empresarial, que gere as exposições avaliadas em cerca de 70 milhões da banca à fabricante de cabos elétricos Cabelte e ao grupo de cerâmica Carlos Cardoso da Mota.

Estas vendas visam limpar o balanço de ativos problemáticos e que pesam bastante no capital do banco. O BCP chegou ao final de setembro com cerca de 790 milhões de euros em NPL e outros 1,23 mil milhões em ativos não produtivos (NPE), uma redução de quase 400 milhões de euros em relação ao mesmo período do ano passado e que reflete a venda dos fundos de reestruturação ECS, no final de 2022. O rácio de NPE baixou neste período de 3,7% para 3%, já abaixo do previsto no plano estratégico do banco.

Por outro lado, mantém-se este esforço quando surgem alertas em relação a um aumento de incumprimento tendo em conta a escalada das taxas de juro que está a deixar mais famílias e empresas em dificuldades e as perspetivas que criam incerteza sobre o cenário económico.

Para já, Miguel Maya tem afastado “um problema no seu todo, com dimensão sistémica, que possa antever um aumento do incumprimento com impacto significativo”, segundo disse na conferência de resultados dos primeiros nove meses do ano, apesar de admitir que “há muitos casos em que os clientes precisam de apoio”. “Se olharmos para a floresta, não há nenhum motivo que nos diga que vamos ter aqui um problema generalizado”, frisou.

Valor em bolsa duplica em ano de normalização

A redução do malparado faz parte do plano de normalização do banco e 2023 será mesmo o ano de viragem. O BCP vai a caminho de um resultado histórico. Até setembro, obteve lucros de 651 milhões de euros. O ROE também já superou a meta prevista. O reforço significativo dos rácios de capital abre a porta à distribuição de dividendos, que nem a nova almofada exigida pelo Banco de Portugal para uma crise nos preços das casas vai travar.

Refletindo o bom momento que o banco atravessa, e quando os problemas da Polónia parecem pesar menos, as ações já duplicaram de valor em 2023. Fecharam a sessão desta terça-feira a valer 0,2937 euros, acumulando um ganho de 100,61% desde o início do ano – contra uma valorização de 10% da bolsa. O BCP apresenta atualmente um market cap de 4,4 mil milhões de euros.

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Alterações do PS ao Orçamento do Estado custam 150 milhões de euros. IUC representa metade da fatura

Travão ao agravamento do IUC representa 56% dos custos totais. Incentivo à capitalização das empresas e descida do IVA dos óleos alimentares também têm impacto significativo.

As mais de 100 propostas de alteração do PS ao Orçamento do Estado para 2024 deverão custar cerca de 150 milhões de euros, revelou ao ECO o grupo parlamentar socialista. O travão ao polémico agravamento do IUC para carros anteriores a julho de 2007 representa mais de metade (56%) da fatura global: 84 milhões de euros.

O impacto total não chega, contudo, a uma décima do PIB, equivalente a 260 mil milhões de euros, o que permitirá segurar o excedente orçamental de 0,2% do PIB previsto para o próximo ano.

“Os vários cálculos de que dispomos e a que tivemos acesso apontam para um impacto de cerca de 150 milhões de euros, isto é, menos de 0,1% do PIB”, segundo a informação enviada pela bancada socialista, liderada por Eurico Brilhante Dias.

O travão ao agravamento do Imposto Único de Circulação (IUC) para viaturas anteriores a julho de 2007 é, de longe, a medida com a fatura mais pesada: são 84 milhões de euros de receita que o Estado já não vai conseguir arrecadar, o que representa mais de metade (54,7%) da despesa global com as alterações apresentadas pelos socialistas.

Por outro lado, também terão um significativo impacto orçamental o aumento do incentivo à capitalização das empresas, que duplica para quatro milhões de euros; e a redução do IVA dos óleos alimentares da taxa normal de 23% para a taxa intermédia de 13%.

Apesar disso, as mexidas do PS no OE não vão beliscar o saldo positivo projetado para 2024, tendo sido negociadas e aprovadas pelo Ministério das Finanças. Ainda que demissionário, tal como o restante elenco governativo, Fernando Medina mantém-se firme na defesa de uma política de contas certas. O Presidente da República permitiu que o OE fosse aprovado, ao adiar a publicação do decreto da demissão para o início de dezembro.

Fazendo as contas ao rácio da despesa com as mudanças propostas do PS, de cerca 150 milhões de euros, sobre o PIB, que está nos 260 mil milhões de euros, a fatura global corresponde a 0,07%. Ou seja, não alcança sequer uma décima da riqueza nominal do país.

Quais as medidas em cima da mesa orçamental?

Analisando as medidas do PS de maior impacto orçamental, salta a vista o IUC. Com o aumento do imposto para três milhões de automóveis e 500 mil motociclos com matrícula entre 1981 e junho de 2007, por via da introdução da componente ambiental no cálculo do imposto, o Governo previa arrecadar mais 84 milhões de euros, segundo a proposta do Orçamento do Estado para 2024. Uma receita que fica sem efeito com a proposta socialista que elimina o agravamento do IUC.

Ou seja, são menos 84 milhões de euros a entrar nas contas do Estado e que poderiam servir para financiar outras medidas como o desconto de 30% nas portagens das ex-SCUT (sem custos para o utilizador) que entra em vigor no próximo ano, segundo um decreto-lei do Governo que necessita, contudo, de regulamentação para ser aplicado.

A duplicação do incentivo à capitalização das empresas, que passa de 2 milhões para 4 milhões de euros, no âmbito do Estatuto dos Benefícios Fiscais (EBF), é outra das propostas da bancada socialista, liderada por Eurico Brilhante Dias, que terá um custo significativo, na ordem das dezenas de milhões de euros.

“Na redação vigente, a dedução prevista nos números anteriores não pode exceder, em cada período de tributação, o maior dos seguintes limites: 2 milhões de euros; ou 30% do resultado antes de depreciações, amortizações, gastos de financiamento líquidos e impostos. Com a presente alteração, aumenta-se o limite de 2 milhões para 4 milhões de euros”, lê-se no texto de alteração dos socialistas.

A redução do IVA dos óleos alimentares da taxa normal, de 23%, para a intermédia, de 13%, também vai pesar nas contas, sobretudo por via da redução da receita arrecadada com estes produtos. De salientar que a isenção do imposto para um conjunto de bens essenciais, incluindo os óleos alimentares, entrou em vigor a 18 de abril e termina a 31 de dezembro deste ano. Ou seja, a partir de 1 de janeiro de 2024, estes produtos voltam a cobrar IVA.

A gratuitidade dos pequenos-almoços escolares para os alunos carenciados do pré-escolar e dos ensinos básico e secundária também terá um impacto relevante. “Aos alunos enquadrados no escalão da ação social escolar correspondente ao 1.º escalão de rendimentos para atribuição de abono de família é ainda assegurado o fornecimento de pequeno-almoço”, de acordo com o texto da iniciativa do grupo parlamentar socialista.

Esta medida aplica-se “às crianças e aos alunos que frequentem a educação pré-escolar e os ensinos básico e secundário em estabelecimentos de ensino públicos, ou particulares e cooperativos em regime de contrato de associação”, de acordo com a legislação em vigor.

A gratuitidade dos pequenos-almoços para os alunos mais carenciados é uma reivindicação antiga do Bloco de Esquerda. Durante o primeiro Governo de António Costa, apoiado por uma geringonça parlamentar à esquerda, formada por PS, PCP e BE, foi lançado, em 2017, um grupo de trabalho contra a pobreza, constituído por representantes socialistas e bloquistas, técnicos e elementos do Executivo, que propôs, precisamente, a oferta da primeira refeição da manhã a estudantes com dificuldades económicas.

A dedução no IRS das despesas com salários de trabalhadores domésticos deverá igualmente ter algum peso orçamental, ainda que, neste último caso, o efeito só se irá efetivamente sentir em 2025, na altura a liquidação do imposto referente aos rendimentos de 2024.

À coleta do IRS vai poder ser deduzido até 5% do montante suportado por qualquer membro do agregado familiar a título de retribuição por prestação de trabalho doméstico, com o limite global de 200 euros, de acordo com a proposta socialista.

Para que tal seja possível, a Segurança Social vai passar a comunicar à Autoridade Tributária e Aduaneira o valor da remuneração declarada dos trabalhadores domésticos.

A proposta do Orçamento do Estado para 2024 foi aprovada na generalidade, a 31 de outubro, apenas com os votos favoráveis do PS. Livre e PAN abstiveram-se e a restante oposição votou contra. A votação na especialidade arranca esta quinta-feira e a votação final global está marcada para 29 de novembro. Ao todo, deram entrada 1.931 propostas de alteração, um novo recorde absoluto. No debate do Orçamento do Estado para este ano, os serviços da Assembleia da República receberam 1.853 iniciativas.

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Hipoges aposta em sinergias e sistemas de informação para ter vantagem competitiva

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  • 22 Novembro 2023

Empresa criou a primeira gestora de fundos de créditos em Portugal, com atenções centradas no imobiliário residencial. O objetivo é “substituir o dinheiro bancário onde ele não chega”.

Em relação aos principais critérios na tomada de decisões de investimento, António Nogueira Leite revela que as metodologias são, basicamente, as mesmas que se adotam em praticamente todas as empresas do setor mas que o facto de terem uma equipa de avaliações muito forte e de fazer parte do grupo uma outra empresa de avaliações (Hemisphere) os ajuda de forma significativa. Nogueira Leite salienta ainda que a Hipoges sempre apostou fortemente nos sistemas de informação e data management que, por isso, acabam por ter uma grande vantagem competitiva. Os casos de sucesso são vários, nomeadamente o de uma escola de arquitetura cujo projeto não foi de fácil aprovação. A Hipoges não baixou os braços e, numa sinergia com jovens arquitetos do concelho e com a própria autarquia local, concretizou o que parecia impossível.

"Recentemente, a Domus, juntamente com a nossa equipa da Hipoges Advisory e com a área de Real Estate, conseguimos fazer rapidamente uma valorização muito significativa de projetos, de dezenas de milhões de euros, na Madeira e no Algarve. A grande vantagem do grupo é a experiência de estruturação de financiamentos e o acesso a dinheiro que pode ser usado para complementar ou substituir o dinheiro bancário.”

António Nogueira Leite, Membro do Conselho de Administração da Hipoges

Já no que diz respeito ao atual mercado imobiliário em Portugal, a visão da Hipoges é que a informação tem de ser passada aos investidores de forma clara, de modo a evitar incertezas regulatórias ou legais. “Há claramente um excesso de procura face à oferta e a parte da procura que o Governo acha que resolveu com as iniciativas legislativas tomadas é apenas residual. Temos de perceber que desde 2013 que produzimos por ano, em média, menos de 25% do que produzíamos em cada ano nos 20 anos anteriores, ou seja, nós não podemos pensar que, sendo necessário renovar o parque habitacional e a população não diminuindo, conseguimos manter a trajetória de acesso do passado se passámos a produzir menos”. A Hipoges assume-se bastante empenhada no mercado português e considera ser imperativo que haja habitação a preços acessíveis para a população em geral, o que implica algumas mudanças como, por exemplo, a revisão do IVA na construção. Quanto à forma como o grupo se mantém atualizado em relação a tendências e regulamentações do mercado de asset management, sobretudo tendo em conta o alcance internacional, Nogueira Leite salienta que, atualmente, a equipa é composta por mais de 1700 pessoas e que isso permite estar sempre a trabalhar em antecipação nos mais variados mercados onde operam.

“A Hipoges foi criada por pessoas bastante jovens que queriam criar um negócio sustentável, mas que também queriam criar as melhores práticas para o negócio. Nunca demos um passo maior que a perna. Temos uma mentalidade de grande agregação interna e uma área de recursos humanos muito interventiva”, garante. A Hipoges coleciona já vários prémios enquanto “empresa feliz para se trabalhar”, muito focada na satisfação de parceiros e clientes. “Temos de cultivar um bom relacionamento com todos os stakeholders, sejam públicos ou privados”, revela Nogueira Leite.

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Portugal tem 8,5% de jovens que não estudam nem trabalham

  • Lusa
  • 21 Novembro 2023

Jovens que integram este grupo têm baixas qualificações devido à exclusão social e abandono precoce do sistema educativo e formativo, o que gera dificuldades em ingressar no mercado de trabalho.

Portugal tem 8,5% de jovens que não estudam, não trabalham e não estão a frequentar uma ação de formação, conhecidos como “jovens Neet”, revelou à Lusa o secretário de Estado do Trabalho.

“Neste momento, estamos com 8,5% de jovens entre os 15 e os 29 anos classificados como “jovens Neet”, jovens que não trabalham, não estudam, nem frequentam qualquer ação de formação e, portanto, estão numa situação de não-ocupação”, disse Miguel Fontes, no final da conferência internacional “Trabalhar em conjunto para oferecer um futuro melhor para os jovens no Mediterrâneo”, em Matosinhos, no distrito do Porto.

O número de “jovens Neet” diminuiu de forma significativa, depois de em 2015 se situar nos 13,2%, adiantou Miguel Fontes, acrescentando que de entre as faixas etárias dos “jovens Neet”, entre os 15 e os 29 anos, a dos 25 aos 29 anos é a que tem maior percentagem. A incidência entre os 15 e os 19 anos é menor devido à redução do abandono escolar precoce, explicou.

Miguel Fontes revelou ainda que os jovens que integram este grupo têm, na sua maioria, baixas qualificações fruto de sucessivas exclusões sociais e do abandono precoce do sistema educativo e formativo, o que gera dificuldades em ingressar no mercado de trabalho.

“Na sua esmagadora maioria, são jovens profundamente marcados por situações de exclusão social e vulnerabilidade económica”, reforçou.

O governante explicou que motivar os “jovens Neet” para o sistema da formação e da educação e para o mercado de trabalho é muito difícil, sendo o primeiro desafio saber quem são, onde estão e como é possível fazer a sua aproximação.

O secretário de Estado disse que o que o governo tem feito é procurar mobilizar respostas, designadamente estágios profissionais para facilitar a transição do mundo da educação para o mundo profissional e do apoio à contratação com programas que estimulam e apoiam o tecido empresarial a contratar, sublinhou.

“Temos procurado encontrar respostas que sejam socialmente inovadoras, lançamos uma iniciativa a que demos o nome de incubadoras sociais de emprego para ajudar um conjunto de entidades que estão no terreno a desenvolver uma metodologia, uma metodologia já testada em Espanha, para podermos trabalhar de uma forma mais assertiva com este segmento da população jovem”, disse.

O fundamental é mobilizá-los para um futuro que seja mais inclusivo, garantindo que não há inadequação entre os perfis destes jovens e as suas aspirações, mas também entre as necessidades económicas e sociais do país, sublinhou Miguel Fontes.

Dizendo que esta é uma preocupação partilhada pelos países europeus, o secretário de Estado disse que a meta europeia era de até 2030 ter um número de “jovens Neet” não superior a 9%, destacando o facto de Portugal estar já abaixo dessa meta.

“Tínhamos traçado esta meta em conjunto com os demais países europeus de até 2030 chegarmos aos 9% e, como já atingimos, evidentemente que isso não nos deve resignar ou deixar-nos auto-satisfeitos com este resultado”, concluiu.

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