Grupo chinês Fosun acelera venda de ativos para reforçar liquidez

  • Lusa
  • 4 Julho 2022

Conglomerado chinês que detém quase 30% do BCP e controla a Fidelidade está sob pressão para reduzir uma dívida que ascende a 40 mil milhões de dólares.

O grupo Fosun, que detém várias empresas em Portugal, desfez-se do equivalente a dois mil milhões de euros em ativos este ano, visando reforçar a liquidez, numa altura em que enfrenta pressão no mercado obrigacionista.

As vendas comunicadas à bolsa de valores de Hong Kong, onde o grupo está cotado, são o culminar de uma década de expansão agressiva além-fronteiras, que incluiu a compra, em Portugal, da seguradora Fidelidade, uma participação de quase 30% no banco BCP ou mais de 5% da REN, através da Fidelidade.

O conglomerado soma agora uma dívida de 40 mil milhões de dólares (mais de 38 mil milhões de euros), mas a emissão de títulos tornou-se mais cara, após várias empresas chinesas terem entrado em incumprimento, incluindo a Evergrande, a segunda maior construtora da China.

No mês passado, a agência de notação financeira Moody’s colocou o ‘rating’ da Fosun, atualmente com a nota de crédito Ba3, em revisão, para possível baixa.

Em comunicado, a vice-presidente da Moody’s Lina Choi disse que decisão reflete a “preocupação” da agência, de que a “crescente aversão” ao risco, entre os investidores no mercado de dívida, pressione a liquidez já de si “escassa” da Fosun, numa altura em que se aproxima a data de vencimento de obrigações emitidas nos mercados chinês e internacional.

Na mesma nota, a Moody’s apontou o risco de “contágio” e a “pressão adicional sobre a liquidez” das empresas e subsidiárias do conglomerado.

Questionada pela agência Lusa, a Fosun disse que, enquanto empresa cotada em bolsa, não pode comentar sobre uma possível venda de ativos detidos em Portugal, mas garante que está numa “posição sólida e saudável”, apontando uma relação dívida/capital de 54% e 96,78 mil milhões de yuans (quase 14 mil milhões de euros) de dinheiro em caixa, entre saldos bancários e depósitos a prazo.

“A [Fosun] e as suas subsidiárias estabeleceram parcerias com mais de 100 bancos chineses e estrangeiros em todo o mundo e assinaram acordos de cooperação estratégica com vários bancos internacionais e vários bancos chineses”, apontou.

O grupo também anunciou em junho planos para a recompra de dois títulos emitidos no mercado internacional, com vencimento este ano, no valor conjunto de cerca de 800 milhões de dólares (767 milhões de euros). Para a Moody’s, no entanto, a Fosun tem um perfil financeiro “fraco”.

“A receita recorrente da empresa, principalmente dividendos de investimentos subjacentes, é inadequada para cobrir os juros e despesas operacionais”, apontaram os analistas da agência.

A venda de ativos pela empresa este ano ultrapassou já os dois mil milhões de dólares, em comparação com 85 milhões de dólares (81,5 milhões de euros), em 2021, segundo dados da Dealogic, fornecedora global de conteúdo e análise para o setor financeiro.

Em março, o conglomerado chegou a acordo para vender a sua divisão de moda, Lanvin Group, através de uma entrada na Bolsa de Valores de Nova Iorque, mediante uma empresa de aquisições para fins específicos (SPAC, na sigla em inglês). No mês seguinte, a empresa acordou a venda da seguradora norte-americana AmeriTrust Group à Accident Fund Insurance Company of America, subsidiária integral do AF Group, com sede nos EUA.

Entre os ativos vendidos este ano pelo grupo constam ainda uma posição no valor de 500 milhões de euros na Tsingtao Brewery, a principal marca de cervejas da China, 5% do grupo chinês taihe technology, no valor de 43 milhões de euros, ou 6% do capital da empresa Zhongshan, por 100 milhões de euros, de acordo com a cotação atual no mercado.

A Moody’s observou que a qualidade de crédito da empresa, que afeta diretamente a sua capacidade de refinanciamento, vai provavelmente enfraquecer devido à venda de ativos, o que significa uma queda nas receitas com dividendos.

Os principais ativos do grupo incluem participações em mais de 40 empresas nas áreas saúde, turismo, gestão de ativos, mineração, siderurgia e tecnologia.

Entre os ativos mais sonantes constam a cadeia hoteleira Club Med e o clube inglês de futebol Wolverhampton Wanderers.

Em 2021, a receita total do grupo fixou-se em 161 mil milhões de yuans (23 mil milhões de euros) e os seus ativos valiam, no conjunto, 806 mil milhões de yuans (115 mil milhões de euros), de acordo com a empresa.

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BCP e sindicatos chegam a acordo para aumentos em 2021 e 2022

Trabalhadores associados do Mais, SBC e SBN vão ver os aumentos processados nos seus vencimentos em julho. Sindicatos falam em "negociações muito difíceis" com o banco.

O BCP e os sindicatos Mais, Sindicato dos Bancários do Centro (SBC) e Sindicato dos Bancários do Norte (SBN) chegaram a acordo para aumentos salariais de 0,5% e até 1,1% em 2021 e 2022, respetivamente, o que “vai permitir que os trabalhadores associados vejam os aumentos processados nos seus vencimentos já em julho”.

Em comunicado, os sindicatos dão conta de “negociações muito difíceis” com o BCP, que se manteve intransigente e não permitiu um entendimento mais cedo.

“Mas finalmente o BCP evoluiu na sua posição, apresentando uma proposta mais consentânea às pretensões dos sindicatos”, acrescentam as três estruturas sindicais, adiantando que deram agora o seu princípio de acordo a revisão salarial para 2021 e 2022, a tempo do processamento dos salários de julho.

Relativamente a 2021, o acordo estabelece um aumento de 0,5% da tabela salarial e das cláusulas de expressão pecuniária e um subsídio de almoço de 9,80 euros.

Em 2022, as tabelas salariais aumentam 1,1% até ao nível 13 (inclusive) e 0,70% do nível 14 ao 20, enquanto o subsídio de almoço sobe para 10,50 euros e as cláusulas de expressão pecuniária têm um ajustamento de 1,1%.

Finalizado este processo, os sindicatos vão manter as negociações com o banco “com vista à melhoria e atualização do clausulado do ACT em vigor”.

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Novobanco? “Não faz parte dos nossos planos”, diz CEO do BCP

O CEO do BCP voltou a dizer que uma aquisição do Novobanco não está nos planos do BCP, embora diga que o banco está hoje melhor preparado se tivesse essa intenção.

O Novobanco regressou aos lucros e já se perspetiva a venda da instituição. Miguel Maya admite olhar para a operação se ela se colocar, mas mantém que não está nos planos do BCP.

“Os bancos de investimento vivem de apresentar operações. Os investidores internacionais quando vêm a Portugal e falam com o BCP também vêm com grandes sugestões para aqui e para ali, e questionam sobre o Novobanco“, relatou o presidente-executivo na comissão de apresentação de resultados do primeiro trimestre, que decorreu hoje em Lisboa. A resposta: “O nosso crescimento é orgânico”.

“Nós olhamos para qualquer operação de mercado, mas não faz parte dos nossos planos”, acrescentou Miguel Maya. O responsável afirmou, no entanto, que “o BCP está muito melhor preparado. Veja o que era a qualidade do ativo do banco em 2016 e agora. A capacidade de gerar receita é muito maior. Tudo isto nos dá outra independência para olhar para uma operação”, acrescentou. Mas, salientou, “não significa que haja um litro mais de interesse”.

Apesar da subida da inflação e das taxas de juro, Miguel Maya não está muito preocupado com a capacidade das famílias e empresas cumprirem com o pagamento dos empréstimos, em particular as primeiras.

Cenário central: imparidades de crédito não vão aumentar

“Num cenário central, não antecipo um agravamento das imparidades de particulares”, afirmou o CEO do BCP. As empresas mais expostas ao aumento dos custos da energia e ao comércio internacional estão mais vulneráveis e “aí podemos ter situações mais difíceis”, reconheceu. No entanto, considera que com a redução do endividamento “as famílias e empresas estão mais bem preparadas” para enfrentar o contexto de adversidade.

Questionado sobre se o Orçamento de Estado responde às empresas e famílias mais vulneráveis, o presidente-executivo do banco elogiou a resposta do Governo durante a pandemia, com as moratórias e linhas de crédito e disse que era “muito importante que o continue a fazer”.

Miguel Maya também não antecipa um impacto significativo da subida das taxas de juro na economia. “Não vemos as taxas a subirem para mais de 2% em 2023”, afirma, mostrando-se confiante na capacidade do Banco Central Europeu para responder adequadamente à subida da inflação sem provocar crises. “O BCE está a fazer o que tinha a fazer e a sinalizar ao mercado as suas intenções”. As pressões inflacionistas vão manter-se este ano e em parte de 2023, mas a evolução vai depender do conflito”.

Banco vai contratar perto de 100 pessoas

O CEO do banco afastou a realização de um novo despedimento coletivo, depois do realizado em 2021. Pelo contrário, o BCP pretende contratar “um número próximo da centena de pessoas”.

“Em 2020, decidimos que teríamos de fazer uma otimização e não fizemos por causa da pandemia. Quando chegou o momento em que percebemos que a economia ia inverter decidimos avançar com esse processo e queríamos que fosse de uma vez por todas”, afirmou Miguel Maya. Agora, “haverá ajustamentos pontuais. Não vamos repetir um processo de despedimento coletivo”, garantiu.

O responsável lamentou a incapacidade do sistema de ensino para responder à procura das empresas e a concorrência das multinacionais pelo talento em Portugal. “No curto prazo pode ser um problema adicional para as empresas portuguesas”, apontou.

O BCP registou um lucro de 112,9 milhões de euros no primeiro trimestre, um aumento de 95,2% face ao mesmo período do ano passado.

O resultado foi influenciado por encargos de 123,3 milhões de euros associados à carteira de créditos em francos suíços concedidos pela subsidiária na Polónia.

(notícia atualização)

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Lucros do BCP crescem 95% para 112,9 milhões no primeiro trimestre

O BCP fechou os primeiros três meses do ano com lucros de 112,9 milhões. Resultado foi condicionado por encargos associados à carteira de créditos em francos suíços concedidos pela subsidiária polaca.

O BCP registou um lucro de 112,9 milhões de euros no primeiro trimestre, um aumento de 95,2% face ao mesmo período do ano passado.

O resultado foi influenciado por encargos de 123,3 milhões de euros associados à carteira de créditos em francos suíços concedidos pela subsidiária na Polónia. Excluindo os encargos referidos, o resultado líquido do Grupo ascenderia a 174,6 milhões de euros, indica o banco em comunicado.

A margem financeira cresceu 24,1% para 465,1 milhões de euros nos primeiros três meses do ano e as comissões 12,7% para 192,8 milhões de euros. O produto bancário cresceu 21,2% para 700,7 milhões.

Os custos operacionais do BCP ficaram praticamente inalterados nos 255 milhões, com o rácio de eficiência a melhorar dos 43,6% para os 36,4%.

As imparidades de crédito caíram 19% para 89,9 milhões, mas as outras imparidades e provisões aumentaram 24,6% para 164,1 milhões de euros, devido sobretudo ao negócio na Polónia.

O crédito à habitação em francos suíços baixou de 16,6% para 10,7% no espaço de um ano, mas as provisões acumuladas para riscos legais totalizam 741,5 milhões de euros no final de março ou 30,3% da carteira. Questionado durante a conferência sobre o impacto total esperado destes empréstimos nos resultados, Miguel Maya afirmou que não era possível quantificar, porque se trata de um risco “político-jurídico”.

O rácio de capital CET1 fully implemented baixou ligeiramente dos 12,2% para 11,5%. O rácio total ficou inalterado nos 15,5%. O banco aguarda autorização da EBA para a aplicação de um artigo que exclui dos requisitos de capital as posições cambiais estruturais detidas para cobertura dos rácios de capital. Se tiver luz verde o rácio total subirá para 16,2% e o CET1 para 12,%.

“Esta evolução reflete o desempenho favorável verificado quer na atividade em Portugal, quer na atividade internacional, com a rendibilidade dos capitais próprios (ROE) do grupo a atingir 8,2% no primeiro trimestre de 2022”, assinala o BCP. O plano estratégico do banco prevê chegar a um ROE de 10%.

Na atividade em Portugal, o resultado líquido apresentou um crescimento de 29% face aos 83,4 milhões de euros alcançados no primeiro trimestre do ano anterior, totalizando 107,6 milhões de euros nos primeiros três meses de 2022. Moçambique também deu um contributo positivo de 24,3 milhões para os lucros do período.

O crédito a clientes cresceu 4,7% para 58,5 mil milhões, com o rácio de crédito malparado (non performing exposures) a baixar para os 4,6%. O custo do risco baixou significativamente de 80 para 62 pontos base.

Os recursos de clientes de balanço aumentaram 9,9% para 73,5 mil milhões. O rácio de cobertura de liquidez aumentou para 283%.

(notícia atualizada às 19h10)

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Banco polaco do BCP põe mais 100 milhões de lado para o caso “Frankowicze”

Empréstimos hipotecários em moeda estrangeira concedidos na década de 2000 continuam a dar dores de cabeça ao Millennium Bank, controlado pelo BCP.

O banco polaco do BCP informou que vai registar prejuízos no primeiro trimestre do ano, depois de ter provisionado mais 100 milhões de euros para enfrentar os riscos legais relacionados com os empréstimos hipotecários em moeda estrangeira originados pelo Bank Millennium e também pelo Euro Bank, adquirido em 2019.

O Bank Millennium, controlado em 50,1% pelo BCP, explica que reforçou as provisões por causa das tendências negativas nas decisões judiciais, ao mesmo tempo que têm dado entrada de novos processos judiciais e o próprio banco tem feito alterações na metodologia de avaliação de risco.

Por causa das contingências relacionadas com este caso conhecido como “Frankowicze”, o banco já tinha colocado de lado 560 milhões de euros.

Na década de 2000, os polacos contraíram empréstimos em francos suíços para beneficiarem de um zloty forte e de taxas de juro baixas na Suíça. Entretanto, com a crise, a moeda helvética disparou no mercado cambial, agravando o valor das dívidas das famílias para níveis impagáveis. Muitas foram para tribunal nos últimos anos para contestar estas dívidas.

O banco polaco apresenta as contas trimestrais no dia 26 de abril.

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BCP reforça administração com duas mulheres, incluindo Clara Raposo

Saem dois homens e entram duas mulheres para o board do BCP. Banco aposta na continuidade da equipa executiva liderada por Maya para a “segunda fase de normalização e de crescimento da atividade”.

O BCP BCP 2,50% vai reforçar o seu conselho de administração com duas administradoras, sendo uma delas Clara Raposo, presidente do ISEG e que vai integrar ainda a administração da Nos e é ainda a chairwoman da Greenvolt. A outra novidade proposta para o board do banco é Lingzi Yuan.

As duas vão exercer funções não executivas e substituir José Elias da Costa e Wan Sinlong no próximo mandato que vai até 2025, de acordo com a proposta que os acionistas vão votar na assembleia geral do próximo dia 4 de maio.

Em relação ao resto do conselho de administração, não há novidades: vai continuar a ser liderado por Nuno Amado, com Jorge Magalhães Correia, Valter Dias de Barros e Miguel Maya como vice-presidentes.

A comissão executiva do banco também vai continuar com Miguel Maya como presidente e Miguel Bragança, Jorge Nuno Palma, Maria Matos Campos, Rui Manuel Teixeira, e José Miguel Pessanha como administradores.

De resto, Nuno Amado já tinha antecipado na conferência de resultados do banco, em fevereiro, que a comissão executiva ia ser reconduzida para um novo mandato com o objetivo de o banco entrar na “segunda fase de normalização e de crescimento da atividade”.

“A produção de efeitos da presente proposta fique sujeita à condição suspensiva da obtenção, por parte do Banco Central Europeu”, assinala ainda o comunicado do banco enviado ao mercado.

Além dos órgãos sociais, a assembleia geral vai deliberar sobre o dividendo de 0,09 cêntimos por ação, depois dos lucros de 138 milhões de euros em 2021.

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PSI com 14 cotadas em alta e o BCP a acelerar 5%

Banca europeia anima-se com perspetiva de subida de juros e o BCP acelera 5% em Lisboa. Energia também contribuiu para bom momento nas ações. Juros da dívida sobem.

A sessão está a ser marcada por um forte apetite pelo risco na bolsa portuguesa, com quase todas as cotadas em alta, à exceção da REN. O BCP acelera 5% num dia muito positivo para todo o setor europeu, que soma mais de 2% e está a puxar pelas bolsas do Velho Continente.

Bancos como os espanhóis Sabadell e Bankinter e os alemães Commezbank e Deutsche Bank valorizam mais de 3%, com a perspetiva de uma subida mais agressiva dos juros, como sinalizou esta segunda-feira o presidente da Reserva Federal norte-americana. Jerome Powell admitiu que pode ter de subir os juros mais do que está previsto para travar a inflação.

“Respondendo a uma questão, Powell disse que nada iria impedir a Fed de subir os juros em 50 pontos base se for apropriado”, lembrou Mark Haefele, da UBS Wealth Management, citado pela agência Reuters.

O recém-estreado PSI valoriza 1,27% para 5.769,0 pontos e acompanha a tendência da Europa, onde o índice de referência Stoxx 600 está em alta de 0,47% com os setores financeiros e energético em grande destaque.

É isso que também acontece por Lisboa. As ações do banco liderado por Miguel Maya disparam 5,07% para 0,1555 euros e a petrolífera Galp sobe 1,63% para 11,43 euros, num momento em que o preço do barril de Brent desliza ligeiros 0,53% para 114,94 dólares, aliviando após nova escalada nos últimos dias.

BCP dispara 5%

“O BCP aproveita o ambiente positivo da banca europeia, que está a ser animada pela subida das yields de dívida soberana e sobe mais de 5%. Isto depois, de ontem, o presidente da Fed ter afirmado que o banco central norte-americano fará o que for necessário para controlar a inflação. No entanto, a presidente do BCE afirmou que a Europa e os EUA não estão na mesma fase do ciclo económico, com a Zona Euro a estar mais exposta à guerra na Ucrânia”, dizem os analistas da sala de mercados do BCP.

Ainda na energia portuguesa, o setor mais representado no índice de referência português, a EDP Renováveis avança 0,63% para 22,42 euros e a casa-mãe EDP valoriza 0,16%.

Ao subir mais de 1% Lisboa consegue um dos melhores desempenhos do dia no cenário europeu. De Madrid a Frankfurt, os ganhos situam-se entre 0,27% (no espanhol Ibex-35) e 1% (no FTSE Mib de Milão).

Os mercados de dívida também estão em sobressalto com os comentários de Powell. A taxa das obrigações portuguesas a dez anos avança para 1,302%, que é o valor mais elevado desde março de 2020, quando começou a pandemia. A yield das bunds está nos 0,505%, a mais alta desde outubro de 2018.

(Notícia atualizada às 11h17 com comentário dos analistas do BCP)

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BCP defende-se do perdão ao Sporting: negócio “minimiza perdas” do banco

Banco liderado por Miguel Maya diz que venda da dívida do Sporting com desconto de mais de 70% permite eliminar exposição aos clubes de futebol e que processo de venda "minimizou perdas".

O BCP defende o negócio da venda da dívida ao Sporting, que resultou num perdão elevado aos leões, dizendo que todo o processo “permitiu definir o preço que minimiza as perdas” do banco, além de cortar definitivamente a exposição aos clubes de futebol.

Há uma semana, o Sporting anunciou que recomprou os Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis (VMOC) no valor de 82 milhões de euros ao BCP, sem adiantar detalhes da operação. Ainda assim, como avançou ECO na altura, os títulos foram vendidos pelo banco com um desconto acima de 70% que já estava previsto no acordo celebrado em 2019, e que juntou também o Novobanco.

Ou seja, o BCP ficou a perder mais 55 milhões de euros com os VMOC do Sporting, isto enquanto um outro crédito de cerca de 40 milhões dos leões junto do banco foi vendido ao fundo Apollo também com desconto. Também não foram revelados pormenores desta transação.

Agora, uma semana depois, o banco liderado por Miguel Maya vem publicamente fazer a defesa desta operação. Por um lado, lembra que há vários anos anunciou que “ia sair do financiamento aos clubes de futebol” e que o Sporting era a única exposição àquela indústria no final de 2021, segundo adianta fonte oficial do banco ao ECO.

Por outro, argumenta que “esses ativos, créditos, VMOC e todas as exposições [do Sporting] passíveis de serem alienadas foram colocadas em mercado junto de investidores institucionais num processo estruturado, que permitiu definir o preço que minimiza as perdas do BCP”.

O BCP tornou público há vários anos que ia sair do financiamento aos clubes de futebol. No final de 2021, apenas mantínhamos a exposição ao Sporting. Esses ativos, créditos, VMOC e todas as exposições passíveis de serem alienadas foram colocadas em mercado junto de investidores institucionais num processo estruturado, que permitiu definir o preço que minimiza as perdas do BCP.

Fonte oficial do BCP

Se mantivesse os VMOC na sua posse, o BCP arriscava a entrar no capital da SAD do Sporting em caso de conversão dos títulos, com uma participação de 40%, podendo vir a ter de lançar uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre o restante capital. Com a venda dos VMOC elimina este risco, enquanto consegue recuperar parte da dívida.

Além do BCP, também o Novobanco estava em negociações com o Sporting por causa de uma dívida a rondar os 118 milhões de euros, dos quais 50 milhões dizem respeito aos VMOC. Contudo, o banco liderado por António Ramalho não aceitou ainda qualquer acordo com a SAD leonina.

Os dois bancos tinham contratado no início do ano a Rothschild para vender a dívida total de 240 milhões de euros (incluindo 128 milhões de euros relativos aos VMOC) do Sporting.

Conforme avançou o ECO, este processo atraiu vários interessados, incluindo o próprio Sporting com o apoio do fundo Apollo (o clube tinha o direito de preferência sobre os VMOC e estava na frente da corrida), e ainda o Bank of America, o fundo Carlyle e da RedBird Capital, este último acionista da Fenway Sports, fundo que detém o clube inglês Liverpool.

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Banca em 2021: lucros de 1.500 milhões, mais comissões e menos 2.600 trabalhadores

Menos margem, mais comissões. Lucros de 1.500 milhões, rentabilidade sob pressão. Regresso aos dividendos. E saídas de centenas de trabalhadores. Eis o retrato do ano de 2021 para a banca nacional.

O ano de 2021 fica marcado pela recuperação dos lucros dos principais bancos nacionais depois do duro impacto da pandemia, suportados em mais negócio e mais comissões, e isto enquanto aceleraram os seus processos de reestruturação que levaram à saída de mais de 2.600 trabalhadores.

Em termos agregados, Caixa Geral de Depósitos (CGD), BCP, Santander, BPI e Novobanco registaram lucros de mais de 1.500 milhões de euros no ano passado, contra os prejuízos de 250 milhões em 2020.

Embora cada banco tivesse registado a sua própria evolução em 2021, há um fator determinante que explica a inversão nos resultados do setor: o Novobanco.

Pela primeira vez na sua história, o banco que nasceu em 2014 da resolução do BES obteve um resultado anual positivo184,5 milhões de euros em 2021, contra os 1.329,3 milhões de prejuízos no ano passado –, confirmando o “virar de página” que tinha sido prometido pelo CEO António Ramalho.

O resultado não foi, ainda assim, suficiente para evitar novo pedido de 209,5 milhões ao Fundo de Resolução através do polémico mecanismo de capital contingente e para o qual os outros bancos estão a contribuir.

Um dos maiores críticos deste mecanismo é o BCP que, por ironia, até teve menos lucros do que o Novobanco no ano passado. O banco liderado por Miguel Maya lucrou cerca de 140 milhões de euros em 2021, menos 25% face ao ano anterior, com o resultado a ser muito penalizado pelas provisões de 530 milhões de euros para se proteger dos riscos associados à carteira de créditos em francos suíços concedidos pela subsidiária na Polónia.

Já os outros bancos viram os seus lucros subir. O BPI registou a maior subida, com o resultado a triplicar para 307 milhões de euros, ajudado sobretudo pela distribuição de resultados do banco em Angola. A Caixa lucrou mais 18,6%, cerca de 580 milhões, enquanto o lucro do Santander subiu apenas 1% para 298,2 milhões.

Bancos lucram 1.500 milhões

Fonte: Bancos

Comissões compensam pressão na margem

Os bancos aumentaram bastante o seu volume de negócios no ano passado, o que foi importante para contrariar a pressão nas margens. A carteira de crédito a clientes aumentou 4% para um total de 200 mil milhões de euros e os depósitos cresceram quase 9% para 244 mil milhões.

Ainda assim, a margem financeira (que resulta da diferença entre os juros cobrados nos empréstimos e os juros pagos nos depósitos) cedeu ligeiramente para 4.366 milhões de euros, refletindo o ambiente de juros baixos do Banco Central Europeu (BCE), que está em vias de mudar com a normalização da política monetária para responder à escalada da inflação.

Contudo, a redução da margem financeira foi mais do que compensada pela subida das receitas com comissões: dispararam quase 11% para 2.300 milhões de euros.

É verdade que os bancos têm vindo a aumentar o preçário dos seus serviços e produtos, mas também a reabertura e recuperação da economia veio aumentar as transações financeiras e às quais se aplicam comissões. Os bancos dizem que aumentaram as suas receitas com comissões associadas a produtos de seguro e da negociação em bolsa.

Comissões aumentam

Fonte: Bancos

Rentabilidade limitada, regressam os dividendos

A banca parecia ter entrado numa nova fase, não fosse a guerra na Ucrânia criar incerteza sobre quais serão os impactos na economia, nomeadamente por via das sanções e dos elevados preços da energia e das outras matérias-primas, e naquilo que será a resposta do BCE a este novo cenário de possível ameaça de estagflação.

Apesar do aumento dos lucros, a rentabilidade continua a ser uma das pedras no sapato dos bancos. BCP e Santander viram os seus ROE caírem ligeiramente para 2,4% e 6,3% (no caso do BCP pressionado pelas provisões para a Polónia), enquanto os indicadores da Caixa, BPI e Novobanco aumentaram, embora os presidentes dos bancos continuem a sublinhar que os níveis são ainda insuficientes para atrair investimentos.

O setor conta sobretudo com dois fatores para aumentar a rentabilidade nos próximos tempos: por um lado, com a recuperação da economia, enquanto o BCE se prepara para ajudar no negócio também ao encaminhar-se para uma normalização da política monetária; por outro, com a redução da sua estrutura de custos, nomeadamente com a saída de trabalhadores e fecho de agências (já vamos a essas contas), isto enquanto os seus balanços estão muito mais saudáveis, com menos malparado.

Os cinco bancos reduziram os rácios de NPL (non performing loans) no passado. O Novobanco foi quem mais trabalhou nesse capítulo, pois também foi quem partiu da pior posição: o rácio caiu de 8,7% para 5,7%. O BPI tem o rácio mais baixo, na ordem dos 2%.

Enquanto fazem esse trabalho para estimular a rentabilidade, preparam o regresso aos dividendos. BPI e Santander já anunciaram pagamentos de 194 milhões e 480 milhões de euros aos seus acionistas espanhóis e o BCP revelou que quer pagar “um dividendo muito moderado”. A Caixa não deu indicações sobre a remuneração ao Estado, mas a porta está aberta.

Banca continua a emagrecer: 2.638 saídas

Todos os bancos continuaram a emagrecer os seus quadros, uns mais do que outros, reduzindo 2.638 postos ao longo do ano passado no seu agregado. O objetivo é reduzir os custos em função também de uma maior procura dos clientes pelos canais digitais.

O Santander foi o mais agressivo nessa redução: tem hoje menos 1.175 trabalhadores do que tinha há um ano, resultado do plano de saídas por mútuo acordo, reformas antecipadas e até despedimentos que concretizou no ano passado. Este processo pesou bastante nos resultados do banco liderado por Castro e Almeida.

Bancos mais delgados

Fonte: Bancos

Já o BCP cortou 724 trabalhadores nas suas operações em Portugal, tendo agora 6.289 funcionários, menos do que a Caixa. O banco público tem menos 200 trabalhadores, num total de 6.383. Novobanco e BPI reduziram os seus quadros em 395 e 144 funcionários.

Esta redução de pessoal foi acompanhada do fecho de balcões: os bancos encerraram cerca de 150 agências no ano passado.

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BCP com exposição “imaterial” a empresas russas. Já implementou “100 restrições” por causa das sanções

Banco já implementou no seu sistema "cerca de 100 medidas" relacionadas com as sanções anunciadas por Bruxelas à Rússia. Diz ter exposição "imaterial" à dívida de empresas russas.

O BCP tem uma “exposição absolutamente imaterial” à dívida de empresas russas, anunciou o CEO Miguel Maya esta segunda-feira, adiantando ainda que, na sequência da bateria de sanções anunciadas por Bruxelas à Rússia, a instituição financeira já implementou cerca de “100 restrições” no seu sistema, nomeadamente relacionadas com outros bancos.

“O BCP não tem qualquer exposição [à dívida soberana russa], nem o banco na Polónia. O grupo não tem qualquer exposição. Mesmo contando com dívida corporate, a exposição é absolutamente imaterial quer a partir de Portugal quer a partir das operações estrangeiras”, referiu Miguel Maya na apresentação de resultados.

“Do ponto de vista de risco de crédito, não há qualquer motivo para preocupação”, assinalou.

De acordo com a mesma fonte, o banco já implementou no seu sistema “cerca de 100 medidas” que têm “impacto em entidades” que foram alvo das sanções da Comissão Europeia. São sobretudo “restrições a trabalhar com banco A ou C”, explicou.

Por outro lado, Miguel Maya observou que Portugal “não tem grande relação nem com a Ucrânia nem com a Rússia” e, nesse sentido, “não é tema que cause grande apreensão” o potencial impacto direto do conflito na Ucrânia no banco.

Contudo, acrescentou logo a seguir, “a guerra na Ucrânia terá implicações no aumento do preço da energia à escala global, que afetam a economia europeia e mundial” e também no BCP.

O BCP registou lucros de 138,1 milhões de euros no ano passado, o que representa uma queda de 25% em relação ao ano anterior, e vai distribuir dividendos “muito moderados”.

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BCP vai pagar “dividendo muito moderado”. Miguel Maya e Nuno Amado serão reconduzidos

Nuno Amado revelou que o BCP quer retomar os dividendos e vai propor aos acionistas um valor "muito moderado". Também adiantou que "totalidade da comissão executiva" vai ser reconduzida.

O BCP está a contar regressar aos dividendos, depois dos lucros de 138 milhões de euros em 2021. “A intenção é voltar aos dividendos, mas de forma bastante moderada“, adiantou o chairman Nuno Amado na apresentação dos resultados de 2021. Também revelou que “muito boa parte do conselho de administração e a totalidade da comissão executiva” vão ser reconduzidos, incluindo o próprio Amado.

O tema do regresso aos dividendos é “consensual” entre conselho de administração e comissão executiva, explicou Amado, que completa hoje dez anos desde que assumiu funções na administração do banco. “Entendemos que seria bom retomar o pagamento de dividendos”, acrescentou.

Miguel Maya assinalou depois que a sua comissão executiva apresentará uma proposta ao conselho de administração que tem em conta que “a gestão de capital tem de ser muito rigorosa” e que o dividendo a distribuir terá em conta a “situação que o banco vive, com enormes cautelas, que têm de ser superiores face aos riscos geopolíticos“.

Relativamente à próxima administração do banco, Amado foi convidado para continuar, assim como Miguel Maya e a restante equipa executiva. “Há intenção de haver continuidade” com o objetivo de o banco entrar na “segunda fase de normalização e de crescimento da atividade”, disse o chairman. Neste momento, os reguladores estão a avaliar a proposta.

Tanto a proposta de dividendo como da nova administração terão de ser aprovadas pela assembleia geral que se realizará em maio.

(Notícia atualizada às 18h37)

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Lucro do BCP cai 25% para 138 milhões com problemas na Polónia a custarem 530 milhões

Banco liderado por Miguel Maya registou um lucro de 138,1 milhões de euros em 2021, menos 25% do que no ano anterior, depois dos encargos de 530 milhões com os riscos a carteira de crédito na Polónia.

O BCP BCP 2,50% obteve lucros de 138,1 milhões de euros no ano passado, o que representa uma queda de 25% em relação ao ano anterior, com o banco a justificar o resultado com os encargos de 532,6 milhões de euros para se proteger dos riscos associados à carteira de créditos em francos suíços concedidos pela subsidiária na Polónia.

Sem estes encargos, a instituição liderada por Miguel Maya diz que os lucros seriam de 404,9 milhões de euros, mais 56,6% em relação a 2020.

Aqueles riscos estão relacionados com o chamado caso “Francowicze”. Na década de 2000, os polacos contraíram empréstimos em francos suíços para beneficiarem de um zloty forte e de taxas de juro baixas na Suíça. Porém, com a crise, a moeda helvética disparou no mercado cambial, agravando o valor das dívidas das famílias para níveis impagáveis. O BCP enfrenta mais de 11 mil processos nos tribunais polacos.

A penalizar as contas estiveram ainda os custos de 90,7 milhões de euros relacionados com o plano de saídas (saíram 724 trabalhadores no ano passado, uma redução de 10% dos quadros), que o CEO do banco considerou um “processo difícil” mas “importante” para assegurar o futuro do banco. Também as contribuições obrigatórias para o setor bancário pesaram nos resultados: tiveram um peso de 56,2 milhões, de acordo com o comunicado enviado esta segunda-feira ao mercado.

Os analistas esperavam um lucro de 155 milhões de euros, pelo que o lucro anunciado pelo banco ficou aquém do esperado.

Negócio aumenta

Apesar da queda do resultado, o BCP apresentou uma subida dos indicadores de negócio, incluindo um aumento de 4,5% do crédito a clientes para 56,4 mil milhões de euros e de 6,6% dos recursos totais de clientes para 90,1 mil milhões. Os depósitos dos clientes aumentaram 7,8 mil milhões.

A subida dos volumes ajudou a aumentar margem financeira, num período em que todo o setor sente a pressão provocada pelos juros baixos do Banco Central Europeu (BCE): o BCP viu a margem subir 3,7% para 1,59 mil milhões de euros. “Resultou de maior atividade, de mais crédito sobretudo. Beneficiou também dos menores custos com o wholesale funding”, justificou Miguel Maya na conferência de resultados.

Já as comissões aumentaram 7,6% para 727,7 milhões de euros por causa da “melhoria da transacionalidade” com o alívio das restrições da pandemia e também de mais negócios no mercado acionista.

Tudo somado, o banco registou uma subida de 3,4% do produto bancário para 2,3 mil milhões.

Os custos operacionais subiram 2,3% para 1,1 mil milhões de euros. Sem os encargos com a reestruturação, os custos descem quase 2% para 1,02 mil milhões. Em Portugal, o rácio cost-to-income caiu de 46% em 2020 para 43% em 2021, com Miguel Maya a destacar o aumento da eficiência como “absolutamente fulcral” para a instituição.

Rentabilidade cai, rácios também

Refletindo a quebra nos lucros, a rentabilidade dos capitais próprios (ROE) do BCP caiu 0,7 pontos percentuais para 2,4%, e também os rácios de capital registaram uma deterioração, embora o banco saliente que estão “acima dos requisitos regulamentares”. O rácio de capital total e o rácio CET1 fully implemented situam-se nos 15,8% e 11,7%, respetivamente.

O banco dá ainda conta de uma redução dos ativos não produtivos, com o NPE (non performing exposure) a cair 500 milhões de euros, “mesmo num contexto adverso”, sublinhou Miguel Maya.

(Notícia atualizada às 17h39)

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