Ministério Público pede manutenção de coimas a quatro bancos e redução a sete no caso do “cartel da banca”

  • Lusa
  • 23 Fevereiro 2022

Procurador pediu ao tribunal de Santarém para manter as coimas aplicadas à Caixa (82 milhões de euros), ao Santander Totta (35,65 milhões), ao BBVA (2,5 milhões) e ao Crédito Agrícola (350.000 euros).

O Ministério Público pediu a manutenção das coimas aplicadas pela Autoridade da Concorrência a quatro dos bancos visados no processo de troca de informação sensível, conhecido como “cartel da banca”, defendendo a redução nos restantes sete.

Nas alegações finais do julgamento dos recursos apresentados por 11 bancos das coimas de 225 milhões de euros aplicadas pelo regulador por troca de informação com impacto no crédito a clientes, Paulo Vieira pediu ao Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão (TCRS) para manter as coimas aplicadas à Caixa Geral de Depósitos (82 milhões de euros), ao Santander Totta (35,65 milhões), ao BBVA (2,5 milhões) e ao Crédito Agrícola (350.000 euros).

No caso do BCP, que foi condenado pela AdC ao pagamento de uma coima de 60 milhões de euros, o procurador do Ministério Público (MP) deixou ao critério da juíza Mariana Machado a possibilidade de uma redução, tendo em conta a divulgação dos resultados do banco na próxima segunda-feira, depois dos prejuízos na Polónia.

Também no caso do BPI, Paulo Vieira, que considerou adequada a coima de 30 milhões de euros, valorizou o depoimento do presidente do conselho de administração do banco, Fernando Ulrich, o qual assumiu a prática da troca de informação entre os bancos como relevante para o posicionamento no mercado.

Paulo Vieira pediu ainda uma redução substancial da coima aplicada à Caixa Económica Montepio Geral (CEMG), de 13 milhões de euros, suspensa em metade por ter aderido ao pedido de clemência, tendo em conta a situação financeira do banco e sua natureza social, a qual requer “um grau de proteção superior”.

Defendendo que a coima a aplicar à CEMG não deve exceder os 4,8 milhões de euros, suspensa em metade e com a possibilidade de ser paga em 24 prestações, o procurador lamentou que a postura inicial do Montepio, ao pedir clemência, o que implica o reconhecimento da prática da infração, não tenha coincidido com a postura durante o julgamento.

O MP pediu que ao BES, multado em 700.000 euros, seja aplicada uma coima “meramente simbólica”, tendo em conta estar em liquidação, não existindo razões de prevenção especial, e devendo ser levados em conta os interesses dos lesados pela resolução do banco.

Já em relação ao EuroBic, que alega o facto de as infrações serem imputadas ao BPN, Paulo Vieira lembrou que não pode haver desresponsabilização, já que foi o BPN que incorporou o Eurobic, que funciona com o mesmo número de pessoa coletiva e a mesma estrutura e manteve a grande maioria dos funcionários.

Mesmo assim, considera dever haver uma redução da coima de 500.000 euros, tendo em conta a postura do banco no processo.

Para o Barclays, cujo pedido de clemência deu origem ao processo da AdC, o MP defendeu que se deve valorizar a sua conduta para a descoberta da verdade, pelo que a coima deve sempre ser suspensa na sua execução, qualquer que seja o seu valor, que sugeriu situar-se abaixo dos 500.000 euros.

A Union de Créditos Inmobiliarios (UCI), que recorreu para o TCRS da coima de 150.000 euros aplicada pela AdC, deverá, para o MP, beneficiar igualmente de uma redução.

Paulo Vieira deixou um reparo à atuação da Caixa Geral de Depósitos, condenada pela AdC com a coima mais elevada, lamentando que o banco público tenha tratado o assunto em causa nos autos “de forma ligeira”, não tendo tomado medidas.

Em causa no processo está a prática concertada de troca de informação comercial sensível, entre 2002 e 2013, nomeadamente com partilha de tabelas de ‘spreads’ a aplicar aos créditos a clientes e de informação sobre volumes de produção.

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BCE compara banca a carros e manda reforçar “airbags”. Como saíram os bancos portugueses?<span class='tag--premium'>premium</span>

Chefe da supervisão bancária europeia falou em carros quando explicava os resultados da avaliação individual que fez aos grandes bancos da Zona Euro. Como saíram as instituições lusas na fotografia?

Foi o chefe da supervisão bancária do Banco Central Europeu (BCE) quem colocou as coisas nestes termos: “Não nos diz respeito as linhas de negócio que os bancos devem focar. Eles devem entender onde estão as suas forças e focarem o seu negócio nas áreas que gerem receitas. Nós somos supervisores – não podemos guiar os seus carros. Cabe a eles decidirem." Com esta analogia automobilística, Andrea Enria explicava de forma sucinta os resultados do processo de análise e avaliação para fins de supervisão (SREP, na sigla em inglês) divulgados esta quinta-feira. É através deste processo anual que o supervisor avalia os riscos, modelos de negócios, fundos próprios e liquidez dos bancos, de forma individualizada, para mais de uma centena de grandes instituições na Zona Euro e cujos resultados

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Banco polaco do BCP põe 160 milhões de lado para créditos hipotecários

Bank Millennium adiantou que constituiu provisões de 160 milhões, incluindo 15 milhões do Euro Bank, para os riscos legais relacionados com os empréstimos hipotecários em francos suíços.

O BCP BCP 0,83% revelou esta quarta-feira que o seu banco na Polónia constituiu provisões no valor de mais de 700 milhões de zlotys (cerca 160 milhões de euros) para enfrentar os riscos legais relacionados com os empréstimos hipotecários em moeda estrangeira originados pelo Bank Millennium e também pelo Euro Bank, adquirido em 2019.

Por conta disto, o banco polaco controlado em 50,1% pelo BCP vai registar prejuízos no quarto trimestre, “apesar do sólido desempenho operacional”, segundo avança a instituição em comunicado enviado ao mercado. As contas vão ser publicadas no próximo dia 1 de fevereiro, com a instituição a prometer dar “informações adicionais sobre os riscos legais”.

O Bank Millennium diz que reforçou as provisões pois continuou a registar tendências negativas nas decisões judiciais no último trimestre do ano passado, ao mesmo tempo que têm dado entrada de novos processos judiciais e o próprio banco tem feito alterações na metodologia de avaliação de risco.

Aliás, por causa das contingências relacionadas com este caso, o banco já tinha colocado de lado 400 milhões de euros. Uma almofada que “engorda” agora com mais 160 milhões.

Em setembro do ano passado, a imprensa local adiantou que o Bank Millennium tinha fechado acordos com 4.000 clientes com empréstimos para compra de casa em francos suíços, representando cerca de 8% do total da problemática carteira de crédito hipotecário em moeda estrangeira.

A carteira de crédito hipotecário em francos suíços do Bank Millennium totalizava os 12,8 mil milhões de zlotys (2,8 mil milhões de euros), representando cerca de 16% da carteira de empréstimos do banco polaco e cerca de 5% da carteira do BCP.

Estes riscos estão relacionados com o chamado caso “Francowicze”. Na década de 2000, os polacos contraíram empréstimos em francos suíços para beneficiarem de um zloty forte e de taxas de juro baixas na Suíça. Porém, com a crise, a moeda helvética disparou no mercado cambial, agravando o valor das dívidas das famílias para níveis impagáveis. Muitas avançaram para tribunal nos últimos anos para contestar estas dívidas.

(Notícia atualizada às 18h00)

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Sonae entra no índice Bloomberg para a igualdade de género

Grupo liderado por Cláudia Azevedo junta-se a outras sete cotadas - Jerónimo Martins, Galp, EDP, EDP Renováveis, REN, NOS e BCP - no índice de transparência e boas práticas na igualdade de género.

A Sonae foi selecionada para integrar o Bloomberg 2022 Gender-Equality Index (GEI), que inclui na edição deste ano um total de 418 empresas de meia centena de setores — o financeiro, tecnológico e das utilities são os mais representados — e provenientes de 45 países e regiões, com uma capitalização bolsista combinada de 16 biliões de dólares (14,2 biliões de euros).

O grupo nortenho liderado por Cláudia Azevedo junta-se assim à NOS, à REN e a outras cotadas portuguesas, como a Jerónimo Martins, a Galp, a EDP, a EDP Renováveis ou o BCP, que já faziam parte da anterior edição deste índice que visa replicar o desempenho das empresas de capital aberto comprometidas com a prestação de informação transparente sobre as suas práticas e políticas relativas à igualdade de género.

Liderança feminina e pipeline de talento; igualdade de remuneração e paridade salarial; cultura inclusiva; políticas de prevenção contra o assédio sexual; ser uma marca pró-mulher. São estes os cinco pilares de desempenho avaliados no índice, num total superior a 70 indicadores, neste projeto da Bloomberg. Com a multinacional de origem retalhista sediada na Maia a distinguir-se, em particular, nos três primeiros indicadores e a alcançar uma pontuação global de 78%.

Assumimos o compromisso de 39% das posições de liderança serem ocupadas por mulheres até 2023. Esta decisão implica agir no imediato em diferentes etapas da carreira das nossas colaboradoras.

João Günther Amaral

Membro da comissão executiva da Sonae

Na edição de 2022, a pontuação média no GEI foi de 71%. A análise feita às 418 participantes, entre as quais algumas das principais empresas do mundo — as que têm uma capitalização de mercado de mil milhões de dólares são elegíveis para a inclusão no índice –, mostra que as mulheres ocupam 31% das cadeiras nos conselhos de administração. 72% têm um diretor para a área da diversidade e da inclusão (Chief Diversity Officer ou equivalente) e 61% exigem que a lista de candidatos para cargos de gestão seja equilibrada em matéria de género.

Sonae Tech Hub

Falando num “equilíbrio de direitos, liberdades e oportunidades”, João Günther Amaral, membro da comissão executiva, lembra que a Sonae assumiu há três anos o compromisso de ter 39% das posições de liderança ocupadas por mulheres até 2023 e que essa decisão “implica agir no imediato em diferentes etapas da carreira das colaboradoras” do grupo.

“Integrar este índice de referência mundial é um reconhecimento importante do progresso que já alcançámos e vem reforçar a nossa confiança em continuar este caminho pela igualdade”, acrescentou o administrador da Sonae, citado num comunicado enviado às redações esta quarta-feira.

29o Digital Business Congress - 21NOV19
Miguel Almeida, presidente executivo da NOSHugo Amaral/ECO

Também a NOS se estreia neste índice em 2022, reclamando que a inclusão no GEI reforça o compromisso “para com a igualdade de tratamento e de oportunidades entre todas as suas pessoas, e para com a eliminação de qualquer tipo de discriminação em função do sexo”. Objetivos que diz estarem materializados no Plano para a Igualdade de Género 2022 e na Declaração de Compromisso para a Diversidade e Inclusão da empresa de telecomunicações.

“Os princípios da igualdade, diversidade e inclusão assumem um papel central na estratégia de recursos humanos da NOS, estando intrinsecamente relacionados com a evolução, crescimento e diversificação do nosso negócio. Apostamos na captação e retenção dos melhores talentos e promovemos a igualdade de oportunidades, independentemente do género. Estamos muito conscientes do impacto que estas práticas têm na valorização das nossas pessoas e esta distinção incentiva-nos evoluir cada vez mais”, resume Miguel Almeida, CEO da NOS.

Num mundo tão dinâmico e em permanente mudança, é essencial para o sucesso que as empresas acolham a diversidade, e em particular a igualdade de género.

Andy Brown

CEO da Galp

Já Andy Brown, CEO da Galp, que volta a fazer parte do índice este ano, concorda que “num mundo tão dinâmico e em permanente mudança, é essencial para o sucesso que as empresas acolham a diversidade, e em particular a igualdade de género”. “Estamos determinados a melhorar continuamente e o GEI permite-nos acompanhar o progresso que fazemos e prestar contas por ele”, conclui o líder da empresa energética.

JM e BCP a subir na classificação

A metodologia do GEI assenta na ponderação de dois fatores: 30% para disclosure (divulgação de informação) e 70% para data excellence (desempenho). No conjunto das duas dimensões, a Jerónimo Martins obteve este ano uma classificação de 71,55%, que representa uma subida de 6,5 pontos face à última edição.

Para Susana Correia de Campos, Head of Corporate Employee Relations do Grupo Jerónimo Martins, este resultado “atesta a consistência” com que esta área é trabalhada no seio da retalhista que detém o Pingo Doce (Portugal) ou a Biedronka (Polónia) e que este “é um trabalho diário de melhoria contínua num grupo que [se] orgulha de ter 68% dos cargos de gestão ocupados por mulheres”.

É um trabalho diário de melhoria contínua num Grupo em que nos orgulhamos de ter 68% dos cargos de gestão ocupados por mulheres.

Susana Correia de Campos

Head of Corporate Employee Relations do Grupo Jerónimo Martins

Já o Millennium BCP integra o Bloomberg Gender-Equality Index pelo terceiro ano consecutivo e é o único banco português na lista. A instituição financeira sublinha que o compromisso com todos os critérios ESG (environmental, social and corporate governance) está espelhado na evolução da classificação neste ranking: 77,79% em 2020, 78,11% em 2021 e 80,76% em 2022.

“Sermos referenciados à escala global numa matéria tão relevante é um orgulho para os profissionais do Millennium BCP e constitui um claro sinal do empenho do banco em criar uma cultura empresarial que promove a igualdade de oportunidades, premeia o mérito e a qualidade do trabalho em equipa”, salienta Miguel Maya, citado numa nota de imprensa.

Miguel Maya, presidente do Millennium BCPANTÓNIO COTRIM/LUSA

O presidente da comissão executiva frisa ainda que “uma organização que valoriza a diversidade e a equidade de condições independentemente de género, raça, religião ou orientação sexual, está seguramente mais bem preparada para interpretar novos contextos e desafios, bem como para respeitar e corresponder às necessidades dos clientes num mundo complexo, global e diverso”.

(Notícia atualizada às 18:15 com a declaração de Miguel Almeida)

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BCP tem a ganhar com subida dos juros na Polónia, dizem analistas

Banco Central da Polónia foi o primeiro banco central a subir juros em 2022. Analistas do BPI/CaixaBank dizem que BCP tem a ganhar com decisão. Ações brilham no arranque do ano.

O BCP BCP 0,83% tem a ganhar com a subida das taxas de juro na Polónia. O banco central polaco foi o primeiro banco central do mundo a aumentar os juros em 2022, tendo anunciado esta terça-feira uma subida das taxas diretoras em 50 pontos base para 2,25% e sugeriu que poderá aumentar ainda mais para travar a inflação.

É uma decisão “positiva” para o banco português, consideram os analistas do BPI/CaixaBank. O Bank Millennium é detido em 50,1% pelo BCP.

“De acordo com o relatório do primeiro semestre do Bank Millennium, um aumento das taxas de juro em 100 pontos base deverá ter um impacto positivo de 10,5% na margem financeira. Assim sendo, esta subida de 50 pontos base deverá ter um impacto positivo de 2% na margem financeira consolidada do BCP e um impacto positivo de 4% no lucro líquido ajustado do grupo”, explicam os analistas numa nota divulgada esta quarta-feira.

As ações do banco liderado por Miguel Maya entraram em 2022 com o pé direito: acumulam uma valorização de 7,74% desde a primeira sessão do ano, na passada segunda-feira, estando a subir 1,7% esta quarta-feira para 0,1518 euros, o valor mais elevado em mês e meio.

O BPI/CaixaBank lembra que a evolução das taxas de juro na Polónia terá “um papel relevante no plano de negócios do Bank Millennium até 2024, contribuindo para cerca de metade do crescimento de 50% das receitas do banco projetadas para o período entre 2021 e 2024”.

“No geral, acreditamos que esta subida de juros poderá ser uma surpresa mais positiva do que está previsto no plano de negócios. Ainda assim, temos uma abordagem mais cautelosa no crescimento das receitas (+23% entre 2021 e 2024) na medida em que esperamos uma pressão nos spreads no contexto de subida das taxas de juro”, adiantam ainda os analistas do banco de investimento.

Evolução das ações do BCP em Lisboa:

Nota: A informação apresentada tem por base a nota emitida pelo banco de investimento, não constituindo uma qualquer recomendação por parte do ECO. Para efeitos de decisão de investimento, o leitor deve procurar junto do banco de investimento a nota na íntegra e consultar o seu intermediário financeiro.

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BPI/CaixaBank reitera preço-alvo do BCP após “metas ambiciosas” do banco polaco

Bank Millennium, detido em 50,1% pelo BCP, quer duplicar os lucros até 2024, para mais de 400 milhões de euros. Analistas falam em "metas ambiciosas" que terão impacto positivo no banco português.

O BPI/CaixaBank reiterou a recomendação de compra em relação ao BCP BCP 0,83% , título ao qual mantém um preço-alvo de 0,21 euros, depois de o seu banco na Polónia ter apresentado “metas ambiciosas” até 2024.

O Bank Millennium, detido em 50,1% pelo BCP, apresentou esta segunda-feira o seu plano estratégico e no qual prevê duplicar os lucros nos próximos três anos, até aos dois mil milhões de zlotys (cerca de 435 milhões de euros) em 2024. Para atingir este desempenho o banco polaco conta aumentar a carteira de crédito em 6% por ano até lá, prevendo também um aumento significativo das receitas à boleia das taxas de juros mais elevadas.

Além disso, o Bank Millennium pretende reduzir a sua carteira de crédito em moeda estrangeira em 37% neste período, dos 2,7 mil milhões de francos suíços (14% da carteira de crédito) em 2021 para os 1,7 mil milhões de francos suíços em 2024 (10% da carteira).

Para os analistas do BPI/CaixaBank, estas metas vão ter um impacto positivo naquilo que será também o desempenho do BCP. “O plano sugere um upside de 25% em relação às nossas estimativas para o grupo BCP”, explicam numa nota de research publicada esta terça-feira.

Antecipando um potencial de valorização de 40% para o título do BCP, o BPI/CaixaBank destaca o esforço na redução dos ativos não produtivos da instituição liderada por Miguel Maya, com os NPE (non performing exposure) a caírem em um terço durante a pandemia. E vê o banco português a registar uma subida de 18% do lucro por ação entre 2020 e 2024, “suportado pelo aumento de receitas, custos mais baixos e a normalização do custo de risco”.

Nota: A informação apresentada tem por base a nota emitida pelo banco de investimento, não constituindo uma qualquer recomendação por parte do ECO. Para efeitos de decisão de investimento, o leitor deve procurar junto do banco de investimento a nota na íntegra e consultar o seu intermediário financeiro.

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Banca vende carteira de hotéis de luxo em Portugal ao fundo Davidson Kempner

Negócio imobiliário do ano em Portugal já tem decisões. Davidson Kempner compra hotéis de luxo como o Conrad Algarve, o Cascatas Golf da Hilton e o grupo NAU, em negócio de cerca de 900 milhões.

O fundo Davidson Kempner venceu a corrida pela compra de uma carteira de hotéis de luxo, entre outros ativos imobiliários, à banca portuguesa, com quem vai agora negociar em regime de exclusividade, apurou o ECO junto de fontes do mercado.

Para trás ficou o consórcio formado pela Bain e Cerberus, que também apresentou uma proposta firme para comprar os fundos de reestruturação da ECS, sociedade fundada pelo ex-governador do Banco de Portugal António de Sousa e Fernando Esmeraldo, mas que foi insuficiente para convencer os bancos nacionais.

A operação foi classificada como o negócio imobiliário do ano em Portugal e não é para menos. Em causa está uma carteira de hotéis de luxo, incluindo o Conrad Algarve (não o ativo mas o crédito, pois está em causa um complexo e litigioso processo em torno do hotel), o Cascatas Golf & Resort Spa da Hilton e o grupo NAU, de centros comerciais La Vie, entre outros ativos imobiliários. A transação poderá rondar os 900 milhões de euros, segundo havia avançado o Jornal Económico.

É expectável que o negócio fique concluído durante o primeiro semestre do próximo ano, sendo que bancos e investidor vão agora avançar para negociações exclusivas nos próximos tempos. Em cima da mesa estará um financiamento bancário que poderá ser superior a 60% do valor da compra, como o ECO já revelou.

Novobanco, BCP e Caixa Geral de Depósitos são os bancos com maiores exposições neste conjunto de ativos, sendo que Santander e Oitante (veículo financeiro criado para gerir ativos do Banif que não foram comprados pelo Santander) também detêm unidades de participação nos fundos da ECS.

A operação é importante para as instituições financeiras, pois vai permitir limpar o balanço de ativos não estratégicos e que penalizam bastante os rácios de capital dos bancos. No entanto, falta perceber qual o impacto que o negócio terá nas contas. Isto porque se as unidades de participação forem vendidas por um valor abaixo daquele a que os bancos têm contabilizado nos seus balanços, isso significará perdas adicionais para os bancos.

Este não é o primeiro negócio da Davidson Kempner em Portugal. Em 2019, este fundo americano comprou a carteira “Nata 2” ao banco liderado por António Ramalho num negócio que veio a revelar-se polémico por causa das perdas que gerou para o Fundo de Resolução.

O ECO contactou os bancos sobre esta operação, mas nenhum quis ou esteve disponível para responder até à publicação deste artigo. A ECS também não quis comentar.

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Donos do Liverpool quiseram dar 100 milhões pela dívida do Sporting

BCP e Novobanco colocaram dívida de 240 milhões do Sporting à venda. Vários investidores mostraram interesse, incluindo o acionista do fundo que detém o Liverpool. Mas só resta o próprio Sporting.

Vários investidores mostraram interesse em comprar dívida do Sporting à banca, incluindo a RedBird Capital, acionista do fundo que detém o Liverpool.

A RedBird Capital Partners, acionista da Fenway Sports, fundo que detém o clube inglês Liverpool, apresentou uma proposta para comprar a dívida do Sporting ao BCP e Novobanco, de acordo com as informações recolhidas pelo ECO. Mas este fundo de private equity já terá saído da corrida e, neste momento, o Sporting apresenta-se como principal candidato a comprar a sua dívida, com o apoio do fundo Apollo, podendo vir a antecipar mais receitas televisivas para financiar a operação.

BCP e Novobanco contrataram no início do ano a Rothschild para vender a dívida de 240 milhões de euros (incluindo 128 milhões de euros relativos às VMOC, que podem representar uma porta de entrada na estrutura acionista da SAD leonina) do Sporting e foram vários os interessados que manifestaram interesse, incluindo o próprio Sporting com o apoio do fundo Apollo, o Bank of America e o fundo Carlyle, além da RedBird Capital.

As propostas não vinculativas foram enviadas aos bancos no final do mês de junho. A oferta da RedBird Capital terá sido a maior de todas, acima dos 100 milhões de euros, segundo uma fonte próxima da operação.

Em causa nesta operação estão dívidas do Sporting ao BCP no valor 122 milhões de euros e ao Novobanco no valor de 118 milhões. Cerca de 130 milhões correspondem a valores mobiliários obrigatoriamente convertíveis em capital, as chamadas VMOC, que permitem ao seu titular entrar no capital da sociedade se não forem reembolsadas dentro do prazo. Seria esse o objetivo da RedBird Capital?

O ECO questionou o fundo americano, que já terá saído da corrida neste processo, sobre os interesses na compra da dívida do Sporting, isto é, se eram puramente financeiros ou se os americanos pretendiam explorar uma eventual parceria com o clube português, mas não obteve uma resposta.

A RedBird Capital é um investidor conhecido no meio desportivo. No ano passado, o fundo, que tem entre os seus investidores o basquetebolista LeBron James, adquiriu uma posição maioritária no clube de futebol francês Toulouse (85%), tendo também investido cerca de 750 milhões de dólares para comprar 10% da Fenway Sports, que controla o Liverpool e a equipa de basebol norte-americana Boston Red Sox.

Contudo, depois das reuniões que decorreram em agosto, além da RedBird Capital, outros investidores também saíram de cena, havendo queixas de que terão sido colocados à margem neste processo, nomeadamente no acesso a informação financeira do Sporting. A entrega das propostas vinculativas ocorreu no início de setembro.

Sporting à frente

A agência Bloomberg (acesso pago/conteúdo em inglês) noticiou no início da semana passada que o Sporting, que tem o direito de preferência em relação às VMOC, está a negociar a recompra da dívida aos bancos com o apoio do fundo Apollo, não existindo ainda um acordo entre clube e os bancos. Para financiar a operação, os leões deverão antecipar mais receitas relativas aos direitos televisivos do contrato da Nos, disseram várias fontes ao ECO. Será uma ampliação do contrato assinado em 2019, quando o Sporting arrecadou 65 milhões de euros.

O Correio da Manhã (acesso pago) adiantou no mês passado que tudo indica que o Sporting será mesmo o comprador da sua dívida, apesar dos vários interessados. Se assim for, no que diz respeito às VMOC no valor de 128 milhões, o desconto será de 70%, tal como ficou estabelecido no acordo de 2019. Quanto à restante dívida, no valor de 116 milhões, BCP e Novobanco estavam a definir um preço de mercado e não havia ainda uma decisão sobre o desconto com que serão vendidos esses créditos.

O ECO questionou vários intervenientes nesta operação, desde os bancos, ao assessor da operação, a Rothschild, o clube e a Apollo, mas não quiseram fazer comentários.

A SAD leonina tem neste momento em curso uma operação de financiamento junto dos investidores de retalho, procurando obter 30 milhões de euros por via de um empréstimo obrigacionista. Este dinheiro permitirá saldar uma dívida a uma entidade financeira chamada Sagasta Finance.

No plano desportivo, depois de ter sido campeão nacional na última temporada, 19 anos depois do último título de campeão, o Sporting encontra-se novamente nos lugares cimeiros da Liga Bwin. Na passada quarta-feira os leões selaram o apuramento para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões, depois de derrotarem o Borussia Dortmund por 3-1, e já encaixaram mais de 40 milhões na presente edição da Champions.

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Banca vende 3,5 mil milhões em crédito malparado em 2021

Os bancos portugueses deverão vender 3,5 mil milhões de euros em crédito malparado este ano, o triplo do valor registado em 2020. Mercado perspetiva crescimento em 2022, com o fim das moratórias.

Os bancos vão vender 3,5 mil milhões de euros em crédito malparado em 2021, o triplo do valor vendido no ano passado, mas ainda abaixo dos níveis registados antes da pandemia.

Estima-se “a conclusão de operações no valor de 3,5 mil milhões em 2021, considerando os negócios já concluídos e os processos atualmente ativos e com conclusão prevista até final do ano”, segundo um estudo da Prime Yield sobre o mercado dos non performing loans (NPL) na Península Ibérica.

De acordo com o relatório, o valor triplica face aos menos de mil milhões transacionados no total de 2020, mas fica, ainda assim, 56% abaixo dos oito mil milhões registados em 2019, no pré-Covid.

Neste momento são vários os bancos com carteiras no mercado, segundo adiantam várias fontes ao ECO, incluindo o projeto Harvey no valor de 640 milhões do Novobanco, o projeto Gerês de 260 milhões do Montepio e o projeto Lúcia de 110 milhões do BCP.

Para o próximo ano, a Prime Yield indica que as expectativas são bastante otimistas, “prevendo-se um crescimento acentuado nas transações à medida que o mercado continue a acelerar a sua reativação ao longo dos próximos meses e novas carteiras surjam em oferta”.

Os últimos dados do Banco de Portugal dão conta de um rácio de NPL (non performing loans) na banca portuguesa de 4,3% no final de junho, menos 0,6 pontos percentuais em relação ao final de 2020. Ainda assim, os empréstimos não produtivos ascendiam a 13,5 mil milhões de euros naquela data, prevendo-se que possa aumentar no próximo ano com o fim das moratórias de crédito.

Fonte: Banco de Portugal

O CEO da Prime Yield, Nelson Rego, evidencia o esforço dos bancos portugueses em alienar o crédito malparado que ainda têm em stock. “Esta estratégia permitirá aos bancos prosseguir as suas metas de redução de malparado, mas funciona também como prevenção para uma eventual nova vaga de NPL que possa surgir nos próximos dois anos devido à moratória e ao enfraquecimento das condições económicas”, acrescenta o responsável.

“Em 2022 antecipamos um forte aumento no volume de vendas de NPL em Portugal, que poderão atingir os níveis observados no pré-Covid ou mesmo superá-los”, remata.

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BCP prepara emissão de 300 milhões em dívida subordinada

Banco liderado por Miguel Maya está no mercado a preparar uma emissão de dívida subordinada no montante de 300 milhões de euros. Operação vai reforçar fundos próprios de nível 2 da instituição.

O BCP BCP 0,83% está a preparar uma emissão de 300 milhões de euros em títulos de dívida subordinada, segundo anunciou ao mercado.

O banco português mandatou o Credit Suisse, a Goldman Sachs, o JPMorgan e o Millennium BCP para organizar a operação.

Os títulos terão a maturidade de dez anos e seis meses, com possibilidade de reembolso antecipado por parte do banco uma vez decorridos cinco anos e seis meses.

“Pretende-se que a emissão venha a preencher os requisitos regulamentares necessários para ser classificada como instrumento de fundos próprios de nível 2“, adianta a instituição em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). “Dependendo das condições de mercado, o banco poderá decidir realizar a operação em breve”, acrescenta.

De acordo com o site de informação financeira IFR, o BCP tem em vista uma emissão no valor de 300 milhões de euros.

Os títulos contam com uma notação de rating de Ba1 da Moody’s, BB da S&P e Fitch e BBB(low) da DBRS.

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Banca lucra mais de 1.000 milhões até setembro

Lucro agregado da banca dispara este ano, mas rentabilidade continua bastante deprimida. Volume de negócios aumentou, mas margem financeira voltou a ceder. Eis o retrato da banca até setembro.

Os principais bancos em Portugal registaram lucros agregados de mais de 1.000 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, valor que compara com os 25 milhões registados no mesmo período do ano passado.

Apesar do aumento dos resultados, o setor continua a ter problemas de rentabilidade do capital, como lembrou esta quinta-feira o presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD), sendo que o banco público foi quem mais lucro teve neste período: 429 milhões de euros, correspondendo a um ROE de 6,9%. “A Caixa tem nove mil milhões de capital que tem de remunerar, que tem de devolver aos contribuintes”, frisou Paulo Macedo aos jornalistas.

A subida dos resultados deve-se sobretudo à inversão do desempenho do Novo Banco, que passou de prejuízos de 853 milhões em setembro 2020 para lucros de 154,1 milhões em setembro de 2021, confirmando o “virar de página” da instituição liderada por António Ramalho após anos e anos de prejuízos e faturas milionárias para o Fundo de Resolução.

Já tem mais lucros do que o BCP, por exemplo. Esta “curiosidade” não passou despercebida a Paulo Macedo, que lamentou os encargos cada vez maiores com o Fundo de Resolução: “Os custos com o Fundo de Resolução são cada vez mais curiosos, porque o destinatário do Fundo de Resolução [Novo Banco] já tem mais lucros do que vários dos seus participantes”.

Por outro lado, o BPI também viu o lucro quase duplicar neste período, alcançando um resultado líquido de 242 milhões, mas este foi muito ajudado pelos dividendos e reservas distribuídos pelo banco em Angola, um fator que não se repetirá no próximo ano, segundo o CEO João Pedro Oliveira e Costa.

Caixa lidera nos resultados

Fonte: Bancos

BCP e Santander viram os lucros caírem, penalizados sobretudo pelos custos com a reestruturação que ambos efetuaram este ano.

O BCP teve lucros de 59,5 milhões, menos 60% face ao mesmo período do ano passado. Além dos encargos de 88 milhões com o ajustamento de pessoal, o banco liderado por Miguel Maya tem outra dor de cabeça: o problema com os créditos hipotecários em francos suíços na Polónia, que já obrigou a provisões de 313 milhões para os riscos legais com este processo. O ROE caiu para 1,4%.

O resultado do Santander caiu mais de 30% para 172,2 milhões de euros, depois de ter assumido provisões de mais de 160 milhões para implementar o seu processo de reestruturação, levando o ROE a cair para 4,9%.

"Os custos com o Fundo de Resolução são cada vez mais curiosos, porque o destinatário do Fundo de Resolução [Novo Banco] já tem mais lucros do que vários dos seus participantes.”

Paulo Macedo

CEO da Caixa Geral de Depósitos

Saíram 2.400 trabalhadores e eliminados 240 balcões

Sem exceção, os cinco principais bancos do sistema reduziram os seus quadros de pessoal no último ano. BCP e Santander, que avançaram com planos de rescisões por mútuo acordo e reformas antecipadas, têm hoje em dia menos 600 trabalhadores cada: o primeiro contava com 6.511 trabalhadores em setembro e o segundo 5.439 colaboradores. A Caixa tem menos 574 trabalhadores do que tinha há um ano.

No seu conjunto, os bancos têm hoje menos 2.384 trabalhadores face a setembro de 2020. Má notícia: os próximos anos deverão continuar a ser de ajustamento dos quadros, perante a acelerada transformação digital e dos hábitos dos clientes.

Quanto à rede comercial, os bancos também estão mais pequenos: eliminaram 240 balcões, dispondo agora de uma rede de quase 2.000 agências em Portugal.

Volumes sobem mas margem cede

Por causa dos efeitos da política monetária do Banco Central Europeu (BCE), os bancos continuam a ter as margens pressionadas. Em termos agregados, a margem financeira (diferença entre juros recebidos nos empréstimos e os juros pagos nos depósitos) dos Big-5 caiu quase 1% nos 3.223 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano.

Margem financeira continua sob pressão

Fonte: Bancos

A amparar uma maior queda da margem esteve a subida do crédito às famílias e empresas na ordem dos 3,7% para 205 mil milhões de euros.

Por outro lado, os recursos de clientes aumentaram mais de 7% para 262 mil milhões de euros, com os bancos a explicarem este crescimento com o aumento da poupança das famílias durante o confinamento e também com o reforço das contas das empresas com as linhas Covid.

Com o aumento da atividade em Portugal, os bancos tiveram boas notícias na parte do comissionamento: as receitas com comissões subiram 10% para 1.795 milhões de euros, mantendo-se como uma importante fonte de proveitos para a banca neste ambiente de pressão sobre a margem.

Novobanco tem o maior rácio de NPE

Fonte: Bancos

A subida do negócio deu-se num período em que os bancos mantiveram a limpeza do balanço. Neste capítulo, o Novobanco foi quem empreendeu o maior esforço: o rácio de ativos não produtivos (NPE, non performing exposure) caiu 1,6 pontos percentuais para 7,3% no final de setembro. Os outros bancos apresentam rácios de NPE bem mais baixos do que o Novobanco, com o BPI a ter o valor mais baixo: 1,5%.

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Um mês depois, banca fala em fim “controlado” das moratórias. Mas critica solução para as empresas

Moratórias bancárias terminaram há um mês. Bancos falam em situação controlada e não está preocupada com o nível de incumprimento dos clientes. Mas já deixaram críticas à solução para as empresas.

Um mês depois do fim das moratórias, os bancos falam em “normalidade” e situação “controlada” e não preocupante no que diz respeito aos incumprimentos dos clientes, mas deixam críticas sobre a solução encontrada pelo Governo para ajudar as empresas.

“Por enquanto, o balanço é positivo, estando o incumprimento controlado quer em particulares quer em negócios”, revela ao ECO fonte oficial do Santander, onde mais de seis mil milhões de euros de crédito deixaram de estar protegidos pela moratória no início deste mês.

Também o BPI, com contas a apresentar na próxima semana, diz que “a evolução do processo e o diálogo com os clientes estão a decorrer nos termos previstos, com inteira normalidade”.

Esta quarta-feira, o presidente do BCP disse que “não está preocupado com a evolução crédito vencido resultante das moratórias” face ao diagnóstico atual. “Preocupa-nos cada uma das situações em concreto. O que nos preocupa é estarmos atentos a cada um dos clientes que tenham condições e viabilidade e que devemos ajudar. (…) Na visão global, não há motivo de preocupação especial”, assumiu Miguel Maya na conferência de resultados do trimestre.

No BCP, ainda estão vivas moratórias no valor de 730 milhões de euros que vão expirar até final do ano, sendo que 90% das moratórias estão em situação regular.

Há duas semanas, a agência Fitch disse que o período após o fim das moratórias era o “elefante na sala” para os bancos portugueses, antecipando que entre 10% a 20% das moratórias possam transformar-se em crédito malparado.

Dados do Banco de Portugal revelados esta sexta-feira revelam que o montante global de empréstimos abrangidos por moratórias afundou 17,2 mil milhões de euros no espaço de um mês, fixando-se em 19,2 mil milhões de euros no final de setembro, data em que terminou a moratória pública para a generalidade dos contratos.

Por enquanto, o balanço é positivo, estando o incumprimento controlado quer em particulares quer em negócios.

Santander

Fonte oficial

Solução para as empresas com muitas críticas e com fraca adesão

Para assegurar uma transição tranquila do fim das moratórias, o Governo anunciou várias medidas para apoiar famílias e empresas.

Quanto aos particulares, os bancos não revelam quantos acordos foram estabelecidos com os clientes no âmbito do PARI, o plano de ação para o risco de incumprimento cujo enquadramento legal foi reforçado pelo Executivo, nomeadamente ao obrigar os bancos a contactar e apresentar soluções às famílias em situação de dificuldade. A exceção foi mesmo a Caixa, que revelou que já estabelecido acordos de reestruturação de créditos com 2.000 clientes.

Para as empresas, o Executivo lançou no final de setembro uma linha de 1.000 milhões de euros em garantias públicas para reestruturações de crédito nos setores mais vulneráveis do turismo, transportes e comércio. Contudo, o programa está a merecer muitas críticas dos bancos: chegou tarde e as regras de utilização colocam muitos entraves para aderir a esta solução. Razão pela qual as empresas e a banca não estão muito virados para esta solução.

“O feedback que temos tido da rede é de que têm existido poucas consultas por parte de clientes. Por outro lado, as condições de elegibilidade previstas pela Linha reduzem em muito o universo de clientes e operações potencialmente enquadráveis”, aponta o Santander, juntando-se ao coro de críticas que tinha sido feitas pelos presidentes do BCP e Caixa Geral de Depósitos, que pediram afinações no programa.

Uma das preocupações que Miguel Maya tinha com este programa residia no facto de os contratos de leasing não se encontrarem abrangidos. Mas o CEO do BCP revelou que já teve uma conversa com o ministro da Economia, Siza Vieira, que lhe assegurou que estes contratos também são elegíveis.

Há duas semanas, Paulo Macedo disse que poucas empresas estão a aderir ao programa porque “as restrições foram tantas que há poucas empresas a qualificarem-se para o programa”.

Por sua vez, contactado pelo ECO, o Banco Português de Fomento não esteve disponível para fornecer dados sobre as adesões ao programa que arrancou operacionalmente em meados do mês, sendo cedo para fazer um balanço.

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