Solução para as moratórias “é positiva” mas faltam “detalhes”, diz CEO do BCP

Miguel Maya considera que as medidas para o fim das moratórias são “positivas” mas pede ao Governo que forneça rapidamente os detalhes para começar a trabalhar com clientes.

O CEO do BCP diz que sabe “muito pouco” — apenas pelos jornais — sobre a solução do Governo para o fim das moratórias e pede mais “detalhes” para poder começar a trabalhar com as empresas em maior dificuldade por causa da pandemia.

No geral, Miguel Maya até considerou as medidas como sendo “positivas”, mas “falta perceber os detalhes, que nestas coisas fazem muita diferença”. As declarações foram feitas na apresentação dos resultados semestrais do banco, que obteve um lucro de 12,3 milhões de euros.

Segundo o gestor, a solução anunciada pelo ministro Siza Vieira “vai ajudar a mitigar os problemas, sobretudo das empresas que estão em maior dificuldade, mas que são economicamente viáveis”. Ou seja, “não resolve todos os problemas, vai resolver parte substancial dos problemas”.

O Governo anunciou que irá conceder garantias públicas até 25% do crédito que está em moratória de empresas dos setores mais afetados pela pandemia, mas com a condição de o banco aceitar uma reestruturação do contrato, através da carência de juros ou prolongamento dos prazos.

Contudo, Maya diz que faltam detalhes concretos sobre a medida. “E são os detalhes que gostaríamos de ter tão cedo quanto possível. É muito importante poder trabalhar com tempo”, destacou. Sem isso os bancos acabarão por dar “soluções standardizadas quando cada cliente tem características diferentes”.

Moratórias em queda

De acordo com os dados avançados pelo banco, havia um total de 7,3 mil milhões de euros de crédito em moratória no final de junho, o que representa uma queda de quase 25% (ou 2,4 mil milhões de euros) em relação ao valor mais elevado.

Deste momento, pouco mais de quatro mil milhões dizia respeito a moratórias de empresas, enquanto outros 3,3 mil milhões eram moratórias de particulares. Em ambos os casos o BCP registou descidas nos montantes acima de 20% face ao máximo.

O BCP diz que 91% do crédito em moratória corresponde a crédito performing, isto é, ainda sem sinal de deterioração. Aliás, pouco mais de 9% estava no stage 3, isto é, no risco mais elevado.

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Maya quer BCP “saudável” para não estar no “menu” dos outros bancos

CEO do BCP destacou a importância de ter um banco "saudável" e "preparado" para poder sentar-se à mesa para discutir eventual aquisições e para não estar no "menu" da concorrência.

O CEO do BCP diz que não está a planear qualquer aquisição. Ainda assim, Miguel Maya repetiu a ideia de que pode analisar qualquer operação que esteja no mercado, mas para isso precisa de ter o banco “saudável” para se poder sentar à mesa e discutir e também para não estar “no menu” dos concorrentes.

“Não estamos a planear o que quer que seja além do crescimento orgânico do banco”, disse o gestor na conferência de imprensa de resultados.

“Temos a clara consciência que há uma agenda para consolidação na Europa” e que a qualquer momento pode surgir uma operação, acrescentou Miguel Maya aos jornalistas esta segunda-feira. “Mas [comprar um banco] não faz minimamente parte dos nossos planos”, rematou.

Por outro lado, o líder do BCP sublinhou que se quer estar em condições para poder olhar para algum dossiê é “preciso estar saudável” e ter o banco com condições “para estar à mesa e não no menu”.

Neste sentido, Miguel Maya disse que a intenção do banco é no sentido de “estar preparado para tomar decisões a cada momento”.

Em relação a eventuais alienações — o banco também está presente na Polónia e Moçambique –, o CEO do BCP teve um discurso semelhante: não tem planos para alienar qualquer negócio internacional, mas se surgir uma boa proposta irá analisar.

“É nossa obrigação estar atento e ouvir o mercado. Se aparecerem propostas, cá estaremos para elas”, referiu. Foi isso que aconteceu com a venda do banco na Suíça por mais de 100 milhões de euros, em que surgiram propostas não solicitadas e que o BCP considerou positivo desfazer-se da operação.

Dividendos à espera de maior visibilidade sobre a Polónia

Em relação a dividendos, Miguel Maya adiantou que o banco enfrenta um “dossiê complexo” na Polónia, em relação ao caso dos empréstimos em francos suíços que obrigou o banco a por de lado mais de 200 milhões de euros para riscos legais. E a fraca visibilidade sobre o rumo que este processo poderá tomar está a condicionar a política de dividendos, notou o CEO do BCP.

“Vamos esperar pelos resultados de setembro, vamos ter maior visibilidade sobre os dossiês mais complexos e o mais complexo é o dossiê dos francos suíços e, nessa altura, voltaremos a fazer essa reflexão, sabendo que é muito importante pagar dividendos“, disse Miguel Maya.

O banco também apresentou a estratégia até 2024 e, desta vez, não incluiu qualquer objetivo para os dividendos — contrariamente ao plano anterior em que previa atingir um payout de cerca 40% até 2021.

“Não nos comprometemos neste momento com um payout, sabemos que a relevância dos dividendos é grande. Em seu momento, quando tivermos maior visibilidade sobre as coisas, podemos incorporar alguma ambição sobre esta matéria”, prometeu Miguel Maya.

BCP colabora com autoridades na investigação a Berardo

Questionado sobre o que foi fazer à Polícia Judiciária (PJ) em final de junho e a relação com a investigação a José Berardo, Miguel Maya disse que não comenta mas acrescentou que o banco colabora com as autoridades.

“Não vou comentar o que vou fazer a nenhum sítio, o BCP colabora neste e em todos os processos. Em todos os processos o BCP tem uma postura de colaboração correta com as autoridades“, afirmou o presidente executivo do BCP.

Sobre as dívidas de Berardo ao BCP, disse apenas que em todos os casos o banco “promove todas as atuações no tempo e com a intensidade adequada para fazer prevalecer os seus interesses e recuperar o máximo do crédito”.

Quanto ao período em que André Luís Gomes, principal advogado de José Berardo, foi administrador não executivo do BCP, Miguel Maya afirmou que aquele nunca participou na gestão dos processos de crédito.

Já questionado sobre se o BCP não se sente enganado por ter tido um administrador que dificultou o acesso do banco às garantias dos créditos concedidos pelo cliente José Berardo, disse não comentar mas que o “banco tem vindo a tomar todas as medidas para recuperar esta exposição”.

“Estamos em tribunal, ao estarmos em tribunal é que sabemos que houve coisas que não foram feitas com aquilo que deveria ter sido feito e com base no estipulado nos contratos. O banco tem esses processos em tribunal e procurará fazer prevalecer os seus direitos até às últimas consequências, naturalmente tendo sempre em consideração a questão do tempo que pondera nas decisões”, disse.

Segundo o Ministério Público (MP), entre 2006 e 2009, Berardo e as suas empresas contrataram quatro operações de financiamento que terão causado “um prejuízo de quase mil milhões de euros” à CGD, ao Novo Banco e ao BCP.

 

(Notícia atualizada às 19h25)

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BCP quer até 900 saídas para poupar 35 milhões por ano

Banco liderado por Miguel Maya prevê saídas entre 800 a 900 trabalhadores. Reestruturação vai custar 90 milhões e BCP espera alcançar poupanças de 35 milhões por ano.

O BCP avançou com um plano de reestruturação que irá levar à saída de até 900 trabalhadores nos próximos anos. Miguel Maya disse que avançou para este plano não por causa da pandemia, embora o vírus tenha acelerado a tendência. Com a redução dos quadros, o banco espera alcançar poupanças de 35 milhões de euros por ano.

O banco anunciou esta segunda-feira que a reestruturação vai ter um custo de 90 milhões de euros, tendo sido este um dos fatores que pressionou os resultados no primeiro semestre — lucro caiu 80% para 12,3 milhões.

Na conferência de resultados, o CEO adiantou que o banco não avançou com a redução de pessoal no ano passado por causa de crise pandémica e da incerteza. Porém, “chegamos a um momento em que temos visibilidade sobre o futuro, entendemos que o devíamos fazer”, frisou Miguel Maya, que destacou que “o processo para fazer na sua totalidade este ano, não é para atrasar”.

Esta reestruturação “não tem a ver com a pandemia”, acrescentou o gestor. Mas “a pandemia funcionou como um acelerador de tendências”, como a maior procura digital por serviços bancários e ainda maior concorrência das fintech.

Segundo o banco, antecipando saídas entre 800 a 900 trabalhadores, 50% a 55% diz respeito a cortes de pessoal nas agências do banco e 45% a 50% nas áreas centrais.

Em termos domésticos, a instituição contava com 6.937 pessoas nos seus quadros no final de junho, menos 217 do que há um ano. E também tem menos agências: encerrou 35 e tem agora 458 balcões.

Maya admite despedimento coletivo

Miguel Maya explicou tem necessidade de “retirar a capacidade em excesso que o banco tem” e não é indiferente de onde o banco retira as pessoas”. E, nessa medida, admitiu que pode avançar para rescisões unilaterais caso o BCP não alcance o seu objetivo — para já avançou com programas de rescisões amigáveis e reformas antecipadas.

“Como queremos reduzir o número de pessoas a sair, e que saiam as pessoas que o banco tenham a mais, [o banco] pode exigir medidas unilaterais”, disse o CEO na conferência de resultados.

Sem adiantar números, Miguel Maya adiantou que o processo de redução “está a correr bem, dentro das expectativas do banco”. “Gostaríamos que não fossem necessárias, que se chegasse a acordo com todos os trabalhadores, infelizmente nem sempre é possível”, adiantou.

Recusou que esta questão seja uma “pressão” para a sua equipa. “É uma questão de transparência, (…) temos obrigação de falar verdade com as pessoas”, referiu.

Também recusou a acusação da UGT garantindo que “não há concertação nestas matérias”. “O que há uma clara compreensão dos desafios que o setor tem pela frente“, contextualizou o CEO do BCP.

(Notícia atualizada às 18h28)

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Lucro do BCP afunda 80% para 12 milhões pressionado por Polónia e reestruturação

Banco pôs de lado 214 milhões para a disputa na Polónia e registou custo de 80 milhões com a reestruturação, o que penalizou os resultados no primeiro semestre.

O lucro do BCP caiu mais de 80% para 12,3 milhões de euros no primeiro semestre, com os resultados a serem penalizados com o reforço das provisões para os riscos legais com o caso dos empréstimos em francos suíços na Polónia e com os custos de reestruturação.

Quanto às provisões para o chamado caso “Francowicze”, o banco colocou de lado 214,2 milhões de euros para enfrentar eventuais decisões contrárias dos tribunais polacos, sendo que enfrenta quase 8.000 processos judiciais na Polónia (dos quais 2.884 surgiram este semestre). O banco na Polónia anunciou esta manhã prejuízos de 112 milhões.

Em relação à reestruturação, que passará pela saída de centenas de trabalhadores, a instituição fala em custos na ordem dos 87 milhões de euros. Concluído este plano, o banco diz que espera alcançar poupança de 35 milhões de euros por ano.

O BCP adianta que o resultado antes de imparidades e provisões aumentam 5,1% para 530,9 milhões de euros.

Lucro cai, mas negócio cresce

Ainda que o lucro tenha caído de forma expressiva, as receitas do banco cresceram significativamente, com os proveitos core a subirem mais de 26% para 1,12 mil milhões de euros. A margem financeira — a diferença entre juros pagos nos depósitos e os juros cobrados nos empréstimos — subiu 5,3% para 768,2 milhões de euros, e as comissões avançaram 21% para 352,6 milhões de euros.

Miguel Maya falou em “estabilidade da margem financeira” apesar da pressão das taxas do Banco Central Europeu, e destacou o comportamento divergente entre a evolução positiva em Portugal e a evolução negativa na Polónia.

Os custos operacionais sobem quase 8% para 591,8 milhões de euros devido sobretudo ao custo não recorrente de 87 milhões com a reestruturação.

O balanço do banco também cresceu com mais depósitos (subiram 7,1% para 69,6 mil milhões de euros) e mais crédito à economia (cresceu, em termos líquidos, 4,1% para 55,9 mil milhões de euros).

Malparado em queda

Em termos de qualidade da carteira de crédito, o BCP regista “uma melhoria generalizada dos indicadores: o custo do risco baixou, com o CEO Miguel Maya a falar num “regresso à normalidade”, depois da subida registada com a pandemia. O rácio de exposições não produtivas (NPE) caiu de 7% em junho de 2020 para 5,2% em junho de 2021. O rácio de NPL caiu para 2,5%, com o banco a fazer o trabalho de casa antes do fim das moratórias.

Ao nível do número de trabalhadores em Portugal, a instituição conta com 6.937 pessoas nos seus quadros, menos 217 do que há um ano. E também tem menos agências: encerrou 35 e tem agora 458 balcões.

(Notícia atualizada às 17h17)

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BCP reforça aposta no banco digital. Injeta mais 26,6 milhões no ActivoBank

O negócio do banco digital cresceu a dois dígitos no ano da pandemia e o BCP reforçou aposta: injetou mais 26,6 milhões de euros no ActivoBank no início do mês.

O BCP continua a apostar forte no seu banco digital. No início deste mês, injetou mais 26,6 milhões de euros no ActivoBank, num aumento de capital que visa acelerar o seu crescimento e reforçar os rácios de capital de acordo com as exigências regulamentares.

Desde 2018, o banco liderado por Miguel Maya já reforçou o capital do ActivoBank em mais de 100 milhões de euros, ou seja, à razão de 25 milhões de euros por ano, num sinal da importância que o banco digital vem assumindo na estratégia global do BCP.

O ActivoBank é visto como uma das alavancas de crescimento e criação de valor no futuro, sendo uma “lança” na captação de clientes do segmento mais jovem e com maior utilização das novas tecnologias, mas não só. Há alguns anos que o BCP diz estar a avaliar o “potencial de internacionalização” da plataforma. Por outro lado, a administração também pretende orientar o banco para um novo patamar: deixar a perceção no mercado de que não é um “banco low cost” mas antes um “banco value for money”.

Ao ECO, fonte oficial do BCP refere que a mais recente injeção de 26,6 milhões no ActivoBank foi efetuada para dotar o banco digital “dos recursos necessários para prosseguir com o seu plano estratégico e para cumprir com os rácios regulamentares, seja os referentes às suas aplicações financeiras, seja os respeitantes ao seu financiamento, nomeadamente o Minimum Requirement for own funds and Eligible Liabilities (MREL)”.

Com este aumento de capital, o ActivoBank passou a deter uma posição de capital de 127,6 milhões de euros, acima dos 17,5 milhões de euros em 2018.

Evolução do capital do ActivoBank

Fonte: Banco

Negócio a crescer a dois dígitos

O banco digital fechou 2020 com o lucro a crescer 46% para 12 milhões de euros, num ano particularmente desafiante para todo o setor.

O negócio do ActivoBank cresceu a dois dígitos: conquistou mais 40 mil clientes ao longo do ano passado, tendo uma carteira de mais de 340 mil clientes (+13,3% em relação a 2019) e gerindo depósitos de mais de 2.000 milhões de euros (+26,8%). O negócio de crédito também está em expansão: a carteira de empréstimos à habitação aumentou 36,8% para 310 milhões.

Com 186 trabalhadores, o banco online mudou recentemente de liderança, depois da saída de Ricardo Campos no final do ano passado para desenvolver um negócio em nome pessoal, tendo sido substituído por António Bandeira, como avançou o ECO na altura.

O ActivoBank nem sempre esteve no centro da aposta do BCP. Em 2014, quando o banco então liderado por Nuno Amado estava em profunda reestruturação na sequência da crise da dívida, o ActivoBank esteve perto de ser vendido, mas as negociações com o fundo Cabot Square acabaram por não chegar a um bom porto.

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BCP vende banco na Suíça por mais de 100 milhões

Venda do suíço Banque Privée será feita por um preço entre 119 milhões e 128 milhões de euros e terá um impacto entre 41 milhões e 50 milhões nas contas do BCP deste ano.

O BCP anunciou esta semana a venda do banco que detinha na Suíça ao Union Bancaire Privée. Esta sexta-feira, num esclarecimento adicional enviado ao mercado, a instituição financeira liderada por Miguel Maya avança que alienou o Banque Privée por mais 100 milhões de euros.

De acordo com o banco, estima-se “que o preço de venda e o impacto (positivo) nos resultados consolidados do exercício em curso, em base proforma a 31/03/2021, se situem, respetivamente, entre 130 e 140 milhões de francos suíços e entre 45 e 55 milhões de francos suíços”.

Com base na taxa de câmbio de 29 de junho, a operação será feita por um preço entre 119 milhões e 128 milhões de euros, com um impacto entre 41 milhões e 50 milhões nas contas deste ano, esclarece o BCP no comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

O BCP tinha criado o banco na Suíça, em 2003, com foco no private banking. Irá agora deixar de deter esta unidade, num negócio que vai ter impacto nos rácios de solvabilidade do grupo. Segundo informou na terça-feira, estima que, em base pró-forma a 31 de março de 2021, a transação resulte num aumento de 15 pontos base no rácio CET1 e de 16 pontos base no rácio de capital total.

“A concretização da transação está sujeita à verificação de condições habituais para a realização deste tipo de transação, incluindo a não oposição das instâncias de supervisão locais competentes”, frisou o BCP, explicando que a venda do Banque Privée permitirá ao grupo “prosseguir a estratégia de enfoque de recursos e da gestão nas geografias core, potenciando o desenvolvimento destas e dessa forma a criação de valor para os stakeholders“.

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Além de Berardo, outros fizeram “truques para não pagarem à banca”. “Espero que seja feita justiça”, diz Mortágua

Dirigente do Bloco de Esquerda lembra que há mais devedores, além do empresário madeirense, que fizeram “truques” para não pagarem as dívidas à banca.

Mariana Mortágua diz que “vê com bons olhos” o funcionamento da Justiça no caso de Joe Berardo, que foi detido esta terça-feira por suspeitas de vários crimes económicos. O empresário madeirense deve cerca de mil milhões à banca. A dirigente do Bloco de Esquerda “quer e deseja que seja feita Justiça”.

“Tudo o que tenha a ver com o funcionamento da justiça, só posso ver com bons olhos”, afirmou Mariana Mortágua em conferência de imprensa na sede nacional do partido, em Lisboa.

A deputada bloquista recordou a audição polémica Joe Berardo há dois anos no Parlamento, no âmbito do inquérito à Caixa Geral de Depósitos (CGD).

Segundo Mariana Mortágua, Berardo foi ao Parlamento em maio de 2019 “gabar-se de ser intocável, gabar-se de ter conseguido encontrar um truque que foi descoberto e exposto ao país na comissão de inquérito, uma fraude para esconder obras de arte do Novo Banco e da Caixa para que a divida não pudesse ser cobrada”.

E aqui lembrou que outros grandes devedores da banca tiveram comportamentos semelhantes. “Depois dessa audição [de Berardo] houve muitos outros devedores que foram às comissões de inquérito e onde foram expostos truques muito parecidos para não pagarem o que devem aos bancos”.

Tudo o que espero e desejo é que seja feita justiça relativamente a esse tipo de ações, muitas delas de caráter fraudulento, levadas a cabo para estes devedores não pagarem as suas dívidas aos bancos com prejuízos para todos os contribuintes e portugueses”,rematou Mariana Mortágua.

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BCP avança com plano de redução de pessoal

Banco já reuniu com sindicatos, que falam em saídas até mil trabalhadores. Plano terá maior impacto nos serviços centrais.

O BCP vai avançar com um plano de redução de trabalhadores, segundo uma mensagem enviada internamente e a que o ECO teve acesso. O banco acabou de anunciar que iniciará na próxima semana um programa de reformas antecipadas e rescisões por mútuo acordo, que se estenderá até 18 de agosto. “Na eventualidade de ser necessário para alcançar a redução em função dos critérios específicos que considerámos”, o banco avisa que avançará com a “implementação de medidas unilaterais de redução do número de trabalhadores“.

O banco não revela quantos trabalhadores deverão sair no âmbito deste plano, mas “reuniu-se esta manhã com o Mais Sindicato, o SBC e o SBN para comunicar-lhes a decisão de reduzir o quadro de pessoal até mil trabalhadores“, de acordo com um comunicado conjunto destes três sindicatos da banca. “Se o processo correr bem do ponto de vista do banco, poderá não ser necessário chegar às mil saídas”, acrescentam os sindicatos.

Na mensagem aos trabalhadores, o CEO Miguel Maya afirmou que “os próximos meses serão muito difíceis”. “Não salientamos ainda as condições e o número concreto de pessoas a abranger, pois entendemos que tal só deverá ser conhecido após as reuniões a realizar com as estruturas representativas dos trabalhadores, as quais perspetivamos possam ocorrer até 16 de junho”, disse ainda.

O BCP tinha sete mil trabalhadores na atividade em Portugal e mais de 10 mil na operação internacional, embora apresentado uma tendência de redução nos últimos anos.

Miguel Maya salienta que o bancoapresentava cerca de 15% mais trabalhadores do que um dos grandes bancos de referência” e que também iniciou recentemente um programa de redução de trabalhadores.

Na mensagem dirigida aos trabalhadores, são elencadas oito “condicionantes” que tiveram peso na decisão de avançar com este ajustamento dos quadros, incluindo a alteração dos hábitos dos clientes rumo aos canais digitais, a limitação na cobrança de comissões (decidida pelo Parlamento), a impossibilidade de repercutir o custo dos depósitos nos grandes depositantes e os custos “injustos e irrazoáveis” com o Fundo de Resolução e “cujas contribuições por parte do BCP se aproximam dos 50 milhões de euros por ano e, em valor acumulado, já superaram os 400 milhões” em benefício de um concorrente direto, o Novo Banco.

Miguel Maya fala “na decisão mais difícil e mais pesada” que a administração já teve de tomar desde que iniciou funções. Conta que o processo não foi iniciado no ano passado por causa do impacto da pandemia.

“Temos consciência do relevante impacto nas famílias de pessoas que ao longo de anos deram muito de si ao BCP. Mas temos também bem presente de que se não atuarmos agora – é sempre possível e há sempre motivos fáceis de identificar para procrastinar decisões – estaremos a facilitar a nossa vida no imediato e a comprometer de forma relevante o futuro do banco e dos seus trabalhadores”, justifica.

De acordo com o que foi transmitido aos sindicatos, “os trabalhadores serão contactados pelo banco nas próximas duas semanas, departamento a departamento, sendo o tipo de proposta decorrente da situação de cada um”, sendo que o plano “terá maior impacto nos serviços centrais”.

Para as pré-reformas encontram-se elegíveis os trabalhadores com 57 anos ou mais, embora também podem ser aceitar rescisão por mútuo acordo. Quanto às rescisões por mútuo acordo, o BCP propõe 1,4 da remuneração mensal efetiva. “Os trabalhadores que ponderem esta possibilidade, devem saber desde já que não terão direito a subsídio de desemprego”, alertam os sindicatos.

O BCP é o último banco a anunciar saídas, depois de Banco Montepio e Santander Totta terem apresentado nos últimos meses programas semelhantes. O Novo Banco também planeia cortar 750 postos de trabalho nos próximos três anos.

(Notícia atualizada às 14h34 com reação dos sindicatos)

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DBRS mantém ratings da Caixa e BCP, mas alerta para impacto da pandemia

Agência de notação de risco alerta que a pandemia deverá reduzir lucros dos bancos e aumentar o malparado. E por isso deixou os ratings com "tendência negativa".

A DBRS/Morningstar manteve os ratings da Caixa Geral de Depósitos (CGD) e do BCP, assim como as perspetivas negativas para as notações de risco dos dois bancos, devido ao potencial impacto da pandemia nos lucros e no crédito malparado.

Em relação à CGD, a DBRS Morningstar deixou inalterado o rating de longo prazo de “BBB” e o rating dos depósitos de longo e curto prazo em BBB (high) e R-1 (low), respetivamente, justificando esta decisão com “a posição de liderança de mercado em Portugal, a posição sólida de funding e capital, o progresso feito na redução do malparado e outros ativos tóxicos, assim como a racionalização da estrutura operacional”.

Já a tendência negativa, que indica que os ratings poderão sofrer cortes nos próximos meses, deve-se aos riscos de queda dos “já modestos níveis de rentabilidade decorrentes do impacto económico da Covid-19”.

“O ambiente atual está a pressionar as receitas do banco e pode resultar em maiores níveis de NPL e encargos com imparidades”, considera a DBRS. A agência nota que a qualidade da carteira de crédito da CGD se tem mantido resiliente desde o início da pandemia, “ajudada pelas medidas de apoio postas em prática pelo governo”, mas os NPL (non performing loans) deverão aumentar assim que as medidas forem retiradas.

Quanto ao BCP, a agência confirmou o rating de longo prazo de BBB (low) e o rating dos depósitos de longo e curto prazo em “BBB” e “R-2” (high), respetivamente. “Tem em conta a estabilidade do franchise do banco, o perfil de financiamento sólido e as almofadas de capital moderadas”, explica a DBRS.

O facto de se manter a tendência negativa reflete os riscos de deterioração dos ativos e da rentabilidade devido à incerteza provocada pela pandemia. A DBRS lembra que o BCP tem um “considerável” montante de crédito em moratória, num total de oito mil milhões de euros, correspondendo a 21% da carteira de crédito do banco.

Por outro lado, o BCP enfrenta riscos legais e financeiros na Polónia, “com a sua exposição aos créditos hipotecários em francos suíços na sua subsidiária na Polónia, decorrentes da eventual conversão dos empréstimos para zlotys polacos ou da anulação dos contratos se forem considerados abusivos”

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Unicórnios também entram na nova associação de empresários

A associação, que vai ser apresentada em meados de junho, conta já com 42 empresas, mas o número deverá crescer. Outsystems é uma das que está na lista.

Reforçar a competitividade do país e tirá-lo da cauda da Europa. É o mote que junta mais de 40 grandes empresas numa nova associação que quer ser apartidária e não quer um lugar à mesa da concertação social.

Sonae, Semapa, Millennium, Grupo Mello e Amorim são alguns das empresas que fazem parte da nova associação, como avançou o Jornal de Negócios. Mas a lista não inclui apenas grupos empresariais mais tradicionais. Segundo apurou o ECO, também fazem parte unicórnios portugueses da área tecnológica, como a Outsystems, liderada por Paulo Rosado. A Farfetch, ao contrário do que tinha sido noticiado, não integra a lista.

Educação e reforço das qualificações, capitalização das empresas e aumento da sua escala, o papel do estado e os custos de contexto – são as três grandes áreas a que o novo “think tank” dará prioridade programática e em grupos de trabalho.

Representação ao mais alto nível

A associação, inspirada no modelo norte-americano das “business roundtables”, terá como “chairman” Vasco de Mello, que este ano deixou a liderança executiva do Grupo Mello. A direção, que terá nove membros, contará ainda com Cláudia Azevedo, CEO da Sonae, e António Rios Amorim, CEO da Corticeira Amorim, como vice-presidentes.

Segundo o Negócios, à frente do “think tank” estarão ainda João Castello Branco, CEO da Semapa, Nuno Amado, “chairman” do BCP e Guy Villax, CEO da Hovione. Haverá ainda um secretário-geral e as direções serão rotativas.

Ao que o ECO apurou junto de uma fonte que pediu para não ser identificada, as empresas serão sempre representadas ao mais alto nível, seja através do CEO ou do presidente do conselho de administração.

A mesma fonte explicou que a associação “bebe de algumas ideologias e não de outras”, mas será “apartidária”. Garante também que “não quer ser parceiro social” e que a iniciativa não está relacionada com qualquer descontentamento em relação às estruturas que representam os patrões. “É olhar para a economia e perceber como pode ser melhorada e até otimizada. Apontar caminhos”.

“É uma iniciativa cívica absolutamente importante na perspetiva de se criar um ambiente mais favorável ao crescimento e ao investimento”, explicou um empresário contactado pelo ECO. “Em comparação com concorrentes europeus, temos um ambiente de negócios menos competitivo e com pouca escala, que é mal vista”, acrescenta.

Nome ainda não está fechado

A ideia de criar a associação nasceu e cresceu com o confinamento, sobretudo a partir do início deste ano, que incentivou uma reflexão mais profunda sobre o papel que os grandes empresários podem ter no crescimento da economia. A notícia surge depois da passagem de vários devedores do BES e Novo Banco pela comissão parlamentar de inquérito, que foi alvo de muitas críticas.

O nome ainda não está definido – o branding ainda decorre – assim como a criação do site. O arranque está previsto até ao final de junho, sendo que a expectativa é que o número de empresas participantes cresça das atuais 42.

(Notícia corrigida às 17h15 com indicação de que a Farfetch não faz parte do grupo de empresas)

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BCP em níveis pré-pandemia. Ações ganham quase 30% no maior ciclo de subidas desde 2018

Banco, que apresenta resultados trimestrais esta segunda-feira, superou os 16 cêntimos por ação, negociando já em valores pré-pandemia. Soma quase 30% após nove sessões em alta.

O BCP BCP 0,00% regista o maior ciclo de ganhos desde julho de 2018, somando quase 30% em nove sessões. O banco, que apresenta esta segunda-feira os resultados do primeiro trimestre, superou os 16 cêntimos esta manhã, negociando em valores pré-pandemia.

As ações da instituição financeira sobem 3,02% para 16,01 cêntimos, o valor mais elevado desde 28 de fevereiro do ano passado, mantendo-se em “terreno” positivo pela 9.ª sessão consecutiva. Desde a sessão de 5 de maio que o banco é um dos destaques da bolsa portuguesa, acumulando uma valorização de 28,4% neste período, ou 3,54 cêntimos. Trata-se do ciclo mais prolongado desde 23 de julho de 2018.

O banco avança no dia em que apresenta os resultados relativos aos primeiros três meses do ano, após o fecho da sessão. Os analistas do CaixaBank/BPI apontam para lucros de 48 milhões de euros, contra os 35 milhões de lucros obtidos há um ano.

Um dos temas em cima da mesa dos investidores, além da pandemia, estará o impacto do caso dos empréstimos em francos suíços na Polónia, onde o BCP controla o Bank Millennium. O banco polaco tem vindo a registar provisões extraordinárias para fazer face a eventuais encargos com decisões judiciais em torno deste processo.

BCP avança

Já outros dois grandes bancos portugueses apresentaram contas do primeiro trimestre, sendo que o lucro do BPI disparou para 60 milhões de euros enquanto o lucro da Caixa baixou 6% para 81 milhões neste período.

O BCP é uma das estrelas da sessão do PSI-20, que avança 0,79% para 5.236,89 pontos, com apenas quatro cotadas a negociar em baixa. A Galp perde mais de 1% e a EDP cede 0,41%. Apenas a Nos supera o desempenho do BCP, seguindo em alta de 3,97% para 3,196 euros.

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BCP põe à venda carteira de malparado de 180 milhões

  • ECO
  • 7 Maio 2021

A primeira fase de apresentação de ofertas não vinculativas terminou já no passado dia 28 de abril. Agora, a instituição espera receber ofertas vinculativas até ao dia 21 de maio.

O BCP colocou no mercado uma carteira de crédito malparado no valor de 180 milhões de euros, naquela que será a primeira operação do género realizada este ano pelo banco liderado por Miguel Maya.

Em causa está o designado “Project Row”, um portefólio de empréstimos particulares (36%) e empréstimos de pequenas e médias empresas, de acordo com a informação avançada pela Debtwire. Tratam-se de contratos unsecured, ou seja, créditos sem garantias associadas.

A primeira fase de apresentação de ofertas não vinculativas terminou já no passado dia 28 de abril. Agora, a instituição espera receber ofertas vinculativas até ao dia 21 de maio.

As últimas vendas de malparado realizadas pelo BCP tiveram lugar no final do ano passado: o BCP vendeu o “Project Ellis”, no valor de cerca de 170 milhões de euros ao fundo Davidson Kempner, e o “Project Webb” ao consórcio entre a Arrow — que detém em Portugal a White Star e a Norfin — e o fundo CRC.

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