Banca já tem shortlist para o negócio imobiliário do ano em Portugal

Venda dos fundos de reestruturação ECS entra esta semana na segunda fase com três investidores na corrida: Davidson Kempner, Bain/Cerberus e Oaktree. Ainda não é certo se negócio vai até ao fim.

Palácio do Governador, em Lisboa, é um dos ativos que está à venda.Palácio do Governador

Davidson Kempner, consórcio formado pela Bain e Cerberus, e Oaktree. Foram estes os fundos selecionados pelos bancos para passarem à segunda fase do processo de venda dos fundos de reestruturação da ECS, de acordo com fontes consultadas pelo ECO. Já lhe chamaram o maior negócio de imobiliário do ano em Portugal e não é para menos: está em causa uma carteira de hotéis do grupo NAU e centros comerciais La Vie, entre outros ativos imobiliários, numa transação que poderá atingir os mil milhões de euros. Mas ainda não é claro qual vai ser o desfecho deste processo.

A segunda fase do processo de venda dos fundos de reestruturação da ECS deverá arrancar esta semana. É durante este período que os investidores devem transformar as ofertas não vinculativas em propostas firmes, num processo que os bancos esperam que seja competitivo e as propostas em cima da mesa sejam melhoradas. Contudo, a corrida poderá ficar com apenas um concorrente, pois existe a possibilidade de um ou dois investidores retirarem-se antes mesmo de formalizarem uma proposta vinculativa, por não terem garantias de que os bancos irão levar transação até ao fim.

Uma fonte do mercado adiantou ao ECO que os investidores querem ter a certeza de que o negócio vai mesmo concretizar-se independentemente do valor final da transação. Há dúvidas de que isso aconteça, sobretudo tendo em conta a distância de valores que estarão em cima da mesa por esta altura: o preço de reserva dos bancos rondará os mil milhões de euros, enquanto as propostas não deverão superar os 950 milhões.

Se os bancos desistirem do processo por considerarem que a melhor oferta ficará aquém do esperado, quem vai ficar a perder serão os fundos internacionais que investiram alguns milhões de euros em trabalhos de due dilligence aos fundos da ECS. Ou seja, os investidores não estão disponíveis para assumir estes encargos sem antes terem as garantias de que o concurso vai ter um vencedor no final.

Por outro lado, para os bancos, o preço final da operação é importante, na medida em que um negócio abaixo do valor daquele a que as unidades de participação se encontram registadas nos seus balanços poderá representar mais imparidades — além das perdas com os fundos de reestruturação que já registaram no ano passado em função do impacto da pandemia.

São várias as instituições financeiras com exposições aos fundos da sociedade gestora fundada por António de Sousa e Fernando Esmeraldo que estão agora à venda: Novo Banco, BCP e Caixa Geral de Depósitos são os bancos com maiores exposições, sendo que Santander e Oitante (veículo financeiro criado para gerir ativos do Banif que não foram comprados pelo Santander) também detêm unidades de participação.

Em relação aos fundos selecionados para esta segunda fase, não são desconhecidos na banca portuguesa, com quem já fizeram, de resto, negócios muito recentemente.

Por exemplo, foi a Davidson Kempner quem comprou a carteira de créditos de grandes devedores do Novo Banco em 2019 com desconto de 90%, tendo também adquirido uma carteira ao BCP no final do ano passado. Este fundo americano é uma das entidades que está por detrás do investimento de 3,5 mil milhões de euros num megacentro de dados em Sines e que foi anunciado na semana passada. A Bain e a Cerberus também compraram ativos aos bancos portugueses nos últimos anos.

Além do processo da ECS, como o ECO adiantou, os bancos também estão a explorar a venda de outro fundo de recuperação ligado à área do turismo: o fundo de promoção turística Discovery Portugal Real Estate Fund, gerido pela sociedade Explorer e que gere mais de 40 ativos em Portugal, incluindo o Six Senses Douro Valley e o Eden Resort.

As unidades de participação neste fundo estão avaliadas em mais de 400 milhões de euros pelas próprias instituições — neste caso, detidas pelos bancos BCP, Novo Banco, Caixa e Oitante. Mais de uma mão cheia de fundos internacionais foram convidados a olhar para este dossiê, sendo esperadas propostas não vinculativas durante esta segunda quinzena de abril.

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Nuno Amado quer Banco de Fomento a ajudar empresas no final das moratórias

Chairman do BCP defende que Banco de Fomento deve assumir "um papel relevante" a ajudar as empresas na saída das moratórias. E alerta para o perigo de Portugal estender moratórias à margem da Europa.

O chairman do BCP defende que o novo Banco Português de Fomento deve ter “um papel relevante” a ajudar as empresas na saída das moratórias do crédito. Em declarações ao ECO, Nuno Amado avisa ainda para o impacto negativo no setor da banca se o Parlamento aprovar o alargamento do período das moratórias sem estar alinhado com as regras europeias. “Terá efeitos indesejáveis que se manterão por muitos anos”, alerta.

Portugal foi dos países onde mais se recorreu às moratórias bancárias, havendo um total de 45,6 mil milhões de euros de crédito ao abrigo dessas medidas (mais de 20% do total do crédito da banca), de acordo com os dados mais recentes do Banco de Portugal.

Se a “dimensão significativa” das moratórias não fosse já motivo de apreensão das autoridades, a Assembleia da República tem em cima da mesa uma proposta para prorrogar por mais seis meses o regime público que termina em setembro para a maioria dos empréstimos (exceção das novas moratórias pedidas este ano), isto enquanto a possibilidade de Autoridade Bancária Europeia (EBA) prolongar as orientações nesse sentido é “reduzida”, como já chamou a atenção o governador do Banco de Portugal.

Mas tal como Mário Centeno, também Nuno Amado chama a atenção para o perigo de a Assembleia da República aprovar uma medida que não tem enquadramento europeu.

“As moratórias têm que estar muito alinhadas com o definido pelas regras europeias, designadamente as recomendações da EBA, devendo nós, dentro destas regras, termos a maior flexibilidade possível para apoiar os setores mais afetados pela pandemia e as famílias que comprovadamente também o tenham sido”, considera o banqueiro. “Trabalhar para lá deste enquadramento, do ponto de vista bancário, terá efeitos indesejados que se manterão por muitos anos”, sinaliza.

As moratórias têm que estar muito alinhadas com o definido pelas regras europeias, designadamente as recomendações da EBA, devendo nós, dentro destas regras, termos a maior flexibilidade possível para apoiar os setores mais afetados pela pandemia e as famílias que comprovadamente também o tenham sido. Trabalhar para lá deste enquadramento, do ponto de vista bancário, terá efeitos indesejados que se manterão por muitos anos.

Nuno Amado

Chairman do BCP

Por outro lado, Nuno Amado sublinha que o Governo deve trabalhar noutras frentes para lidar com a questão das moratórias e deixou propostas “na implementação de apoios público-privados com natureza complementar às moratórias, que permitam reforçar a estrutura das empresas com viabilidade, incluindo mecanismos em que o efeito que possam ter na dívida pública e privada seja diferida no tempo, alinhando-os com o ciclo de maior crescimento que se espera possa ocorrer”. É aqui que o “novo Banco de Fomento poderá ter um papel relevante”, destaca.

Há três semanas, o presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB) revelou que a banca e o Governo estão a trabalhar junto no sentido de encontrar soluções para “saída ordenada das moratórias” em setembro, encontrando-se a discutir apoios que vão envolver subsídios a fundo perdido e outras soluções de capitalização das empresas com garantia do Estado.

Em declarações ao ECO, Nuno Amado defende ainda que é importante direcionar os fundos comunitários do Plano de Recuperação e Resiliência e do Quadro Financeiro Plurianual “para estarem mais focados no tecido empresarial e nas empresas com capacidades, nos projetos estratégicos para o país”.

E também considera ser “indispensável” fazer-se uma análise e corrigir os fatores que dificultam a competitividade da economia portuguesa no sentido de criar as condições para o desenvolvimento económico equiparadas às existentes nos países europeus concorrentes.

E deixa a nota: “Este âmbito de atuação não tem custos e terá efeitos muitos positivos no nosso potencial de crescimento”.

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Banca fecha 2020 com prejuízos. Covid obriga a deixar mil milhões de lado

Mais crédito e mais depósitos, mas menos receitas. Balanço mais limpo antes do fim das moratórias. Perdas de 1.330 milhões do Novo Banco atiram setor para saldo negativo. Assim foi 2020 para a banca.

O ano da pandemia foi sinónimo de prejuízos para o conjunto dos principais bancos portugueses, que tiveram de deixar de lado mais de 1.000 milhões de euros para fazer face ao impacto dos efeitos do vírus na economia.

Em termos agregados, Caixa Geral de Depósitos (CGD), BCP, Santander, BPI e Novo Banco registaram resultados negativos de 228,3 milhões de euros – contra os lucros de 986 milhões de 2019.

A conta negativa deve-se sobretudo ao banco liderado por António Ramalho, que apresentou prejuízos de 1.329 milhões de euros, atirando o setor para o “vermelho”. Mas os outros bancos também viram os lucros caírem de forma acentuada em 2020. O lucro do BPI caiu quase 60%. A Caixa, que foi o banco que registou a menor quebra no resultado líquido, lucrou ainda assim menos 36,6% face a 2019.

Novo Banco atira setor para prejuízos

Fonte: Bancos

Dentro de todos os fatores específicos de cada banco, há um motivo comum que explica esta descida vertiginosa dos resultados: as provisões e imparidades que tiveram origem na Covid-19.

Há mais de um ano que Portugal convive com o vírus que já obrigou a dois confinamentos generalizados e a sérias restrições na vida das pessoas e na economia. A deterioração das condições económicas e financeiras de muitas famílias e empresas deixa dúvidas sobre a sua capacidade de pagar os créditos, levando a que a banca tenha criado uma espécie de “guarda-chuva” para o mau tempo que poderá vir aí depois do fim das moratórias.

Isso explica que os cinco principais bancos tenham registado provisões e imparidades de mais de mil milhões de euros só no ano passado – este montante não inclui outros montantes que os bancos deixaram de lado como, por exemplo, fundos de reestruturação (caso do Novo Banco e BCP), questão dos créditos em francos suíços na Polónia (BCP) e a venda da operação em Espanha (Novo Banco). Enquanto as provisões servem para cobrir potenciais riscos futuros que ainda não se materializaram, as imparidades significam reconhecimento de uma perda que tem de ser compensada (ainda que o banco possa vir a anular no futuro).

Por outro lado, se a rentabilidade do setor não era alta e era motivo de apreensão dos banqueiros, baixou acentuadamente no ano passado. Na Caixa, Santander e BPI, o indicador que mede a rentabilidade dos capitais registou quedas de mais de cinco pontos percentuais.

Receitas caem apesar de aumento do crédito

A pandemia também cortou a ligação que se suponha existir entre o crescimento dos volumes de crédito e depósitos e o aumento do negócio bancário. Os principais bancos deram mais empréstimos à economia, à boleia das linhas Covid-19 disponibilizadas pelo Governo e que gozam de garantia pública, e também receberam mais depósitos no ano passado. Ainda assim, os rendimentos com a margem financeira e comissões caíram.

De acordo com os resultados dos cinco maiores bancos nacionais, o crédito total aumentou 3,2% para 193,6 mil milhões de euros. Foi um aumento de cerca de seis mil milhões em relação a 2019. Já o dinheiro confiado pelos portugueses aos bancos aumentou 5,8% para 230 mil milhões de euros.

Isto não teve reflexos no negócio bancário, com a margem financeira (a diferença entre os juros recebidos nos empréstimos e os juros pagos nos depósitos) a cair 3% para 4,35 mil milhões de euros – recorde-se que as moratórias suspenderam o pagamento dos juros de milhares de contratos de crédito no ano passado. Já as comissões cederam 3,7% para 2,2 mil milhões, depois de os portugueses terem feito menos transações no ano passado.

Comissões recuam

Fonte: Bancos

Explicação do Santander: “Esta evolução é fruto, essencialmente, da redução dos spreads do crédito, por contexto concorrencial ainda elevado, da descida das taxas de juro de curto prazo, da diminuição da procura de crédito por empresas fora do âmbito das linhas com garantia do Estado, e ainda da gestão da carteira de dívida pública”.

Moratórias e malparado

Os cinco principais bancos do sistema nacional tinham no final do ano cerca de 35,8 mil milhões de euros de crédito em moratória, ou seja, sem pagar juros e/ou capital. Ou seja, concentram a grande maioria das moratórias concedidas em Portugal que totalizava os 46,1 mil milhões.

O Santander e BCP eram os bancos com mais moratórias ativas, acima dos 8,5 mil milhões no final do ano passado. Seguiam-se o Novo Banco (6,9 mil milhões) e depois a Caixa (6 mil milhões) e o BPI (5,2 mil milhões). A boa notícia é que as moratórias estão a cair.

Santander lidera moratórias

Fonte: Bancos

Ainda assim, os analistas têm dito que as moratórias têm ajudado a mascarar muitos problemas com créditos e antecipam uma subida do malparado após o término das moratórias. Antecipando esses efeitos negativos, a banca voltou a limpar o seu balanço no ano passado, com destaque para o Novo Banco, que viu o rácio de NPL (non performing loans) cair mais de três pontos percentuais para 8,9%. É, contudo, o rácio mais elevado entre os grandes bancos.

Os outros bancos também melhoraram os seus rácios de qualidade de ativos. O BPI tem o rácio de NPL mais baixo, de 2,3%. Caixa e BCP apresentam rácios de NPL de 3,9% e 3,1%, respetivamente. O rácio NPE (non performing exposure) do Santander caiu para 2,6%.

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CEO do BCP recebe 650 mil euros. Variável de 260 mil só quando houver dividendos

Miguel Maya recebeu 650 mil euros brutos, mas foi-lhe também atribuída uma remuneração variável de 260 mil euros que será paga quando o banco voltar a pagar dividendos.

O presidente executivo do BCP, Miguel Maya, teve remunerações de cerca de 940 mil euros no ano passado, de acordo com as informações prestadas pelo banco na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). A remuneração fixa manteve-se nos 650 mil euros brutos (com 279 mil euros retidos em IRS), tal como em 2019. Já a remuneração variável ascendeu a cerca de 287 mil euros, com 260 mil euros relativos a bónus atribuídos em 2020 e que serão pagos quando o banco voltar a pagar dividendos.

Há um ano, recorde-se, Miguel Maya e a sua equipa renunciaram ao bónus para dar o exemplo dentro do banco por causa da situação de incerteza da pandemia, conforme chegou a revelar no Parlamento.

O CEO foi o mais bem pago da comissão executiva do BCP. Ao todo, o banco atribuiu remunerações de 4,4 milhões de euros à sua equipa executiva composta por seis membros entre componente fixa e variável, esta última diferida até haver dividendos.

Os vice-presidentes executivos Miguel Bragança e João Nuno Palma tiveram ambos remunerações perto de 750 mil euros (incluindo bónus diferidos de 205 mil euros), à frente dos administradores Rui Silva Teixeira, José Pessanha e Maria José Campos, que tiveram rendimentos entre os 650 mil euros e os 670 mil euros (incluindo bónus entre 185 mil euros e 192 mil euros que serão pagos quando o banco pagar dividendos).

Na última conferência de apresentação de resultados, Miguel Maya deixou para depois de setembro uma decisão sobre a política de remuneração acionista do banco.

Já o chairman do banco, Nuno Amado, recebeu 690 mil euros brutos no ano passado. Amado lidera um conselho de administração composto por sete membros que, no total, receberam 1,34 milhões de euros.

O BCP viu o lucro cair quase 40% no ano passado para cerca de 183 milhões de euros, com o resultado a ser penalizado pelas imparidades e provisões para a crise da pandemia e o caso dos créditos hipotecários em moeda estrangeira na Polónia.

(Notícia atualizada às 12h38 para referir que a remuneração variável atribuída em 2020 foi diferida até o BCP voltar a pagar dividendos)

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Banca põe 950 milhões de lado para a crise da pandemia<span class='tag--premium'>premium</span>

Principais bancos nacionais viram lucros caírem mais de 900 milhões no ano passado, devido ao impacto da pandemia. Crise obrigou-os a constituir 950 milhões em imparidades e provisões.

Rui Rio disse no início da pandemia que seria uma "vergonha" se os bancos tivessem lucros com a crise. O ano de 2020 terminou e os efeitos do vírus estão à vista. Os resultados das principais instituições financeiras caíram para quase metade no ano passado, deixando a rentabilidade do setor em queda livre, depois das imparidades e provisões de cerca de 950 milhões de euros face a um cenário em que a única certeza parece ser a de subida do crédito malparado após o fim das moratórias. Outro impacto: mais um banco anunciou planos de saídas de pessoal ( Santander Totta),depois das notícias do Banco Montepioe do Novo Bancode que vão reduzir os seus quadros nos próximos anos. Já só falta o Novo Bancoapresentar as contas anuais e com elas virá a fatura para o Fundo de Resolução que o

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BCP agrava comissões. Preços das transferências crescem até aos 10%

As alterações de preçário da instituição liderada por Miguel Maya entrarão em vigor a 17 de maio. Para além das transferências, pedir cheques e levantar dinheiro ao balcão vai também ficar mais caro.

O BCP é o mais recente banco a preparar-se para fazer alterações no seu preçário. Fazer transferências para contas sediadas noutras instituições bancárias ou no estrangeiro, bem como levantar dinheiro ao balcão, vai passar a ser mais caro. Mas as subidas ocorrem também nos cheques.

As alterações foram anunciadas pelo banco no seu site e entram em vigor a partir de 17 de maio. Deste modo, a instituição liderada por Miguel Maya junta-se a outros bancos, como o BPI, o Novo Banco e a Caixa Geral de Depósitos, que desde o final do ano passado têm vindo a comunicar os agravamentos das comissões junto dos clientes particulares.

Estas medidas surgem numa altura em que a margem financeira das instituições se vê pressionada pela política de juros baixos do Banco Central Europeu (BCE), apresentando-se as comissões como um outro meio que os bancos têm de garantir lucros.

No caso do BCP, é a primeira mudança no preçário dos meios de pagamento em cerca de ano e meio. Fonte oficial da instituição assegurou ao ECO que as alterações em cima da mesa “não têm quaisquer impactos nos clientes particulares e empresariais que detêm uma solução integrada junto do banco”. “Mantém-se, para todos os clientes, a gratuitidade das transferências efetuadas para contas do próprio banco, pontuais ou permanentes, se efetuadas no portal ou na app Millennium”, acrescenta.

De acordo com o “novo” preçário, as principais diferenças serão sentidas ao nível da realização de transferências bancárias para contas domiciliadas noutros bancos. Os preços associados a estas transferências vão sofrer, em grande parte dos casos e por via de diversos canais, agravamentos.

As transferências a crédito SEPA+ para outros bancos ou para contas sediadas no estrangeiro, para montantes até aos 100 mil euros, através da internet ou da aplicação do telemóvel vão encarecer 10%, passando a custar 1,10 euros. Mas se o mesmo pedido for feito através de chamada telefónica ou ao balcão, em ambos os casos com ajuda de um operador do banco, a subida será de 8,3%, de seis euros para os 6,50 euros.

Uma transferência para outro banco com caráter urgente será também mais cara. Se até 17 de maio estas custam aos particulares um acréscimo de 20 euros, a partir dessa data passarão a adicionar 25 euros à conta final, independentemente do montante e do canal de receção da ordem de transferência.

Quanto às transferências urgentes para países que não fazem parte da zona SEPA – ou seja, que não tem o euro como a moeda oficial -, o preço vai aumentar em cinco euros, dos 25 para os 30 euros.

Cheques vão ficar mais caros

Também os pedidos de requisição e de entregas de módulos de cheques de diversas tipologias sofrem um aumento generalizado, graças às novas alterações do preçário do BCP. Tal acontece seja no caso dos cheques cruzados, não cruzados e de outros tipos, bem como nas várias modalidades de pedido – seja através do balcão, do multibanco, pela internet ou por via telefónica. Os aumentos vão até a um máximo de 26,50 euros, algo que acontece com os pedidos de livros de 150 cheques.

Exemplificando, pedir um livro de 30 cheques, ao balcão, sofrerá uma subida entre cinco a 10 euros. No caso dos cheques à ordem, o acréscimo será de cinco euros para os de tipologia cruzada e não cruzada, acontecendo o mesmo no caso dos cheques não cruzados e que não sejam à ordem. Já nos cheques não cruzados, à ordem, o valor sobe dos 65 euros para os 75 euros.

Também os pedidos de cheques bancários sofrem um aumento considerável com esta alteração de preçário. Se antes custavam 20 euros aos clientes do Millennium BCP, passarão a oferecer, a partir de 17 de maio, uma despesa de 25 euros a quem o fizer.

Por sua vez, o uso indevido de um cheque será também mais dispendioso para particulares, com a comissão associada a subir dos 45 para os 50 euros. Nos casos de devolução de cheques, a comissão passa a ser de 60 euros, um aumento de 10 euros face ao anteriormente estabelecido.

O BCP introduz estes agravamentos tendo em consideração a Estratégia Nacional para os Pagamentos de Retalho, promovida pelo Banco de Portugal, e “que incentiva a utilização de meios de pagamento digitais”. Desta forma, o banco anuncia que vai descontinuar os livros de cheques de maior dimensão (300 e 500 cheques).

Finalmente, refira-se que também o levantamento de dinheiro por via de talão, em balcões autorizados do BCP, sofrerá um aumento de comissões na ordem dos 1,50 euros – dos 4,50 para os 6 euros.

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Banca afasta catástrofe com o fim das moratórias privadas este mês

O BCP regista casos "pontuais" de moratórias a acabar no final do mês. O BPI não espera problemas significativos com o fim das moratórias privadas da APB. Banca afasta pessimismo depois de março.

Tomada de posse do novo Governador do Banco de Portugal, Mário Centeno - 20JUL20
CEO do BCP, Miguel Maya, fala com o CEO e ex-CEO do BPI, João Pedro Oliveira e Costa e Pablo Forero.Hugo Amaral/ECO

As moratórias privadas para crédito à habitação acabam no final deste mês, mas os bancos não estão a antecipar um problema “com significado” quando as famílias tiverem de retomar as mensalidades dos empréstimos em abril.

Se o BCP regista “casos pontuais” de moratórias em fim de validade, o BPI, com um quarto das moratórias a expirarem dentro de semanas, já sublinhou que quase 100% dos clientes que pediram suspensão dos créditos não viram a sua situação financeira agravar-se nos tempos mais recentes, apesar do agravamento da pandemia e do impacto na economia deixarem dúvidas em relação à capacidade das famílias retoma das prestações aos bancos.

“Temos feito um acompanhamento muitíssimo de perto das moratórias. Mais de 98% dos clientes com moratória não pioraram a sua situação financeira e, por isso, não antevemos, para já, um problema significativo”, disse o presidente do BPI no início do mês passado. “O mesmo estará a passar-se nos outros bancos, do que tenho percebido”, acrescentou João Pedro Oliveira e Costa, deixando uma visão mais otimista sobre o assunto.

Portugal é dos países onde famílias e empresas mais recorreram às moratórias, situação que tem deixado o Governo, regulador e bancos em sentido e em busca de soluções para evitar uma catástrofe que seria os clientes terem de retomar as prestações do crédito sem condições para tal. Isso levaria a uma onda indesejável de incumprimentos na banca.

As moratórias que vão expirar agora no final de março representam uma pequena parte do total de moratórias que foram concedidas pela banca para apoiar a economia em tempos de aperto. Pelo que o grande problema, se vier a acontecer, só começará a ser sentido depois do verão, que é quando está previsto acabar as moratórias públicas.

O que está agora em causa é moratória criada pela Associação Portuguesa de Bancos (APB) para créditos hipotecários, nomeadamente as moratórias pedidas para créditos de segunda habitação que não encontram abrangidas pela moratória pública. É um número reduzido, dizem os bancos. Já moratória da APB para crédito ao consumo – que a moratória do Estado também não contemplava — acaba em junho, e aqui a dimensão do crédito suspenso já é superior.

"Mais de 98% dos clientes com moratória não pioraram a sua situação financeira e, por isso, não antevemos, para já, um problema significativo.”

João Pedro Oliveira e Costa

CEO do BPI

“A grande maioria, uma parte substancial, das moratórias hipotecárias são moratórias públicas e estão incluídas na moratória do Estado. Acompanhamos caso a caso, não tenho nenhuma razão para estar preocupado com as moratórias que vão expirar agora”, declarou Miguel Maya, presidente do BCP, na semana passada.

O banco tem 90% das moratórias da casa ao abrigo do regime público, enquanto outros 10% estão no regime da APB, sendo que são estas que vão acabar agora a 31 de março, o que leva o CEO a falar em casos “pontuais” de moratórias a terminar agora. “Não são renovadas e temos de encontrar no domínio casuístico soluções para os casos que não podem pagar [as prestações do crédito]”, frisou Miguel Maya.

Tanto o BPI com o BCP já viram os seus montantes de crédito em moratória reduzirem-se no último trimestre de 2020. De acordo com os últimos dados do Banco de Portugal, cerca de 46 mil milhões de euros encontrava-se em moratória (pública ou privada), o equivalente a mais de 20% do total do crédito dos bancos. As autoridades reconhecem a “dimensão significativa” das moratórias e o Governo está a trabalhar em soluções para “o dia a seguir”.

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BCP só toma decisão sobre regresso aos dividendos em setembro. “Não sabemos a duração da crise”, diz Maya

Ao contrário do BPI e da Caixa, o BCP não vai ainda regressar ao dividendo. Só em setembro reavaliará tema. "Não temos visibilidade sobre a profundidade e duração desta crise", justificou Maya.

O BCP BCP 0,06% vai manter a política de prudência em relação à distribuição de dividendos devido à incerteza criada pela pandemia, atirando para setembro uma avaliação sobre o regresso à remuneração dos acionistas. Outros bancos como o BPI e Caixa já anunciaram o regresso aos dividendos depois da proibição do Banco Central Europeu (BCE).

“No início da pandemia, antes de qualquer recomendação dos reguladores, dissemos que não íamos fazer distribuição de dividendo e que íamos preservar capital. A nossa política é a mesma. Ainda não temos visibilidade sobre a profundidade e duração desta crise”, referiu Miguel Maya na apresentação dos resultados anuais.

“O banco não vai reavaliar o tema do dividendo nunca antes de setembro deste ano. Depois das contas do trimestre, veremos que o podemos fazer no interesse do BCP”, acrescentou o gestor.

O BCP registou uma redução de quase 40% dos lucros para 183 milhões de euros, com o resultado a ser penalizado pelas imparidades e provisões constituídas por causa da pandemia e também por causa do caso dos empréstimos hipotecários na Polónia.

O BPI anunciou no início do mês que vai pagar dividendos de 13 milhões de euros ao CaixaBank e a Caixa Geral de Depósitos tem em cima da mesa um dividendo de 85 milhões.

Em relação a um eventual desinvestimento da Sonangol no BCP, como admitiram os responsáveis da petrolífera, Miguel Maya disse estar “tranquilo” relativamente a este tema.

“Estou muito tranquilo. Não dou nada por adquirido, saibamos nós aumentar a rentabilidade do banco. Sem ser rentável é muito difícil manter os acionistas”, frisou o CEO do banco.

(Notícia atualizada às 19h33 com mais informação)

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BCP tem menos 600 milhões de euros de crédito em moratória

O CEO do banco diz não estar preocupado com as moratórias que vão expirar em março. No final de dezembro, o BCP tinha cerca de 8,5 mil milhões de euros de crédito em moratória.

O BCP fechou o ano passado com mais de 8,5 mil milhões de euros de crédito “protegido” pelas moratórias bancárias, com o banco a dar conta de numa redução de cerca de 600 milhões no montante de empréstimos que não está a pagar prestações.

Falando na conferência de resultados, Miguel Maya disse não estar preocupado com as moratórias que vão terminar já no próximo mês, designadamente as moratórias de crédito hipotecário que se encontram no regime da Associação Portuguesa de Bancos (APB). “Acompanhamos caso a caso, não tenho nenhuma razão para estar preocupado com as moratórias que vão expirar agora”, declarou o CEO do BCP.

“Preocupa-me os setores que não estão a gerar receitas e os casos dos trabalhadores nestes setores [que estão a ser mais afetados pela pandemia, caso do turismo]. Seria mau do ponto de vista social tirarmos estes apoios”, frisou Miguel Maya.

"Acompanhamos caso a caso, não tenho nenhuma razão para estar preocupado com as moratórias que vão expirar agora.”

Miguel Maya

CEO do BCP

De acordo com a informação disponibilizada pelo BCP, do total de moratórias que o banco tinha no final de dezembro, 4,48 milhões de euros dizem respeito a contratos de crédito empresarial, tendo-se registado uma descida de 306 milhões. Em relação ao crédito a particulares, o total de 4,08 milhões de euros divide-se pelos 3,36 mil milhões da moratória pública e 725 milhões da moratória da Associação Portuguesa de Bancos (APB).

O banco explica que a redução inclui cancelamentos, liquidações e moratórias que expiraram entretanto.

“Fala-se muito no risco das moratórias e da comparação com os outros países, mas é preciso ver a dimensão dos apoios públicos que foram dados nos outros países. Os apoios do Estado português foram condicionados pelo peso da dívida pública”, lembrou Miguel Maya, dando o exemplo de vários países europeus e os apoios dos Governos à economia. Em Espanha, os apoios públicos corresponderam a 18% do PIB e as moratórias foram de 7,3% do total do crédito (contra os 22,5% em Portugal), exemplificou o gestor.

De acordo com o banco, 93% das moratórias ativas correspondem a crédito performing, isto, é, 93% dos clientes que ainda têm moratórias não apresentam sinais de que vão incumprir.

O BCP registou uma redução de quase 40% dos lucros para 183 milhões de euros, com o resultado a ser penalizado pelas imparidades e provisões constituídas por causa da pandemia e também por causa do caso dos empréstimos hipotecários na Polónia.

(Notícia atualizada às 19h22 com mais informação)

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BCP lucra 183 milhões após deixar de lado 840 milhões para a crise e Polónia

Banco liderado por Miguel Maya viu o resultado cair 39% para 183 milhões de euros, em linha com o esperado pelos analistas, depois de ter deixado de lado 840 milhões por causa da pandemia e Polónia.

O BCP registou lucros de 183 milhões de euros em 2020, em linha com o esperado pelos analistas, tratando-se de uma redução de 39,4% face ao ano anterior e que se explica com o impacto provocado pela pandemia. A instituição liderada por Miguel Maya registou provisões e imparidades para crédito, que atingiram um total de 840 milhões, tendo sido também afetada pela questão da Polónia.

Foi ano extremamente complexo, pleno de ambiguidades e incerteza”, referiu o CEO do banco em conferência de imprensa.

Miguel Maya fez questão de sublinhar que, pela primeira vez desde o início da pandemia, toda a administração esteve presente na apresentação dos resultados, mas com as medidas de segurança sanitárias mais apertadas. “Parece a banca da década de 80 com os separadores entre o cliente e o funcionário do banco”, brincou.

Destacando o “reforço expressivo das imparidades e provisões” o banco sublinha em comunicado que o resultado antes de imparidades e provisões aumentou 1,5% para 1.186,2 milhões de euros. “Isto reflete melhor o valor do franchise“, disse o CEO do BCP.

Maya explicou que 300 milhões de euros em imparidades e provisões estão relacionados com pandemia de Covid-19, enquanto outros 151 milhões de euros devem-se aos riscos legais associados aos créditos hipotecários na Polónia, o chamado caso “Frankowicze”. O regulador propôs um acordo ao Bank Millennium que poderá passar uma fatura de 239 milhões ao BCP.

Também a reavaliação dos fundos de reestruturação pesaram nas contas, tendo um impacto de mais de 70 milhões, disse o banco. Os fundos estão contabilizados em 828 milhões, líquidos de imparidades, adiantou Miguel Maya.

Do ponto de vista do negócio, o BCP registou uma quebra de 1% da margem financeira — diferença entre juros cobrados nos empréstimos e os juros pagos nos depósitos — para 1,533 mil milhões de euros. O produto bancário caiu na mesma medida para 2,3 mil milhões.

Em relação aos custos operacionais, o banco diz ter a situação “controlada” depois da descida de 4% para 1,12 mil milhões de euros.

Olhando para o balanço, o BCP aumentou a carteira de crédito em 3,4% para 54 mil milhões de euros, à boleia das linhas Covid-19 que gozam de garantias públicas (aprovou mais de 2,3 mil milhões nestas linhas), enquanto os depósitos também subiram 3,4% para 64,7 mil milhões de euros. “Foi uma evolução francamente positiva”, disse o gestor.

Sobre a qualidade dos ativos, Maya disse não se lembrar, na última década, de um nível tão baixo do rácio de malparado, com o BCP a registar um rácio de NPL de 3,1%, menos 1 ponto percentual em relação a 2019. São cerca de 1,3 mil milhões de euros em crédito malparado que o BCP detém. “É um balanço completamente diferente com aquele que iniciámos a anterior crise de 2013, que também conseguimos ultrapassar com muito trabalho e com muito sucesso”, destacou Miguel Maya.

O banco terminou 2020 com rácios de capital em linha com os de 2019, com o rácio CET1 nos 12,2%.

(Notícia atualizada às 17h51 com mais informação)

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BCP prepara-se para encaixar 30 milhões com Campo Pequeno

Campo Pequeno foi vendido em 2019 a Álvaro Covões e ao fundo de Pires de Lima e de Sérgio Monteiro. Agora, o BCP, o maior credor da sociedade, poderá reaver 30 milhões dos 86 milhões que emprestou.

Campo Pequeno foi vendido em 2019 ao empresário Álvaro Covões e ao fundo Horizon Equity Partners.Wikipedia

O BCP BCP 0,06% prepara-se para encaixar quase 30 milhões de euros com o Campo Pequeno, em Lisboa, que foi vendido há dois anos ao empresário Álvaro Covões e ao fundo Horizon Equity Partners, de António Pires de Lima e Sérgio Monteiro.

O banco liderado por Miguel Maya é o maior credor da Sociedade de Renovação Urbana do Campo Pequeno, que entrou em processo de insolvência em 2014 e cuja liquidação se tem arrastado até aos dias de hoje, com créditos reconhecidos pelo tribunal na ordem dos 86 milhões de euros.

Entretanto, na semana passada, a administradora judicial Paula Mattamouros Resende apresentou junto do tribunal da Comarca de Lisboa, onde corre o processo de insolvência do Campo Pequeno, um mapa de rateio parcial com uma proposta de distribuição de 29,7 milhões de euros pelo BCP, por conta de uma verba de 33 milhões de euros que foi gerada pela sociedade insolvente.

Nos processos de insolvência há lugar a rateio parcial, isto é, a um reembolso parcial aos credores na proporção do que couber a cada um deles à medida que se for gerando liquidez, resultante da venda dos bens do património do insolvente e uma vez salvaguardado o pagamento integral das custas do processo e das demais dívidas da massa insolvente.

Neste caso, não é revelada a origem da verba de 33 milhões de euros. Sabe-se, porém, que o Campo Pequeno foi vendido no final de 2019 ao empresário Álvaro Covões e ao fundo Horizon por uma quantia a rondar esse valor, cerca de 37 milhões de euros, de acordo com os valores reportados pela imprensa na altura.

O Campo Pequeno tem dívidas de cerca de 100 milhões de euros, 90% das quais são dívidas ao BCP. O montante que o banco se prepara agora para receber corresponde exatamente a 90% da verba de 33 milhões de euros. Não foi possível perceber a diferença entre os 33 milhões de euros da verba referida no mapa de rateio e os 37 milhões da venda do Campo Pequeno concretizada há dois anos.

Contactado pelo ECO, o banco de Miguel Maya não quis comentar. O BCP prepara-se para apresentar as contas de 2020 esta quinta-feira. Os analistas do CaixaBank/BPI estimam lucros de 178 milhões de euros no ano passado, o que representa uma queda dee 41% face ao resultado registado em 2019.

O Campo Pequeno funciona como uma sala de espetáculos (na arena) e tem ainda um centro comercial e um parque de estacionamento subterrâneos.

O ECO avançou no final de 2019, no âmbito do consórcio comprador, que Álvaro Covões ficou a gerir a arena do Campo Pequeno e o centro comercial, enquanto o fundo de Pires de Lima e de Sérgio Monteiro, especializado em infraestruturas, ficou responsável pela gestão do parque de estacionamento.

O “novo” Campo Pequeno reabriu em 2006, depois de obras profundas de intervenção que duraram vários anos e que deram lugar ao espaço comercial e à zona de estacionamento, tal como conhecemos hoje em dia. No entanto, o financiamento desse investimento acabou por ser demasiado pesado para as condições de exploração do espaço.

Antes da pandemia, a arena do Campo Pequeno contava com cerca de 3,5 milhões de visitantes por ano, de acordo com dados oficiais da própria sociedade.

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“Frankowicze” poderá passar fatura de 239 milhões ao BCP

Bank Millennium estima que o acordo proposto pelos reguladores polacos para resolver os créditos em moeda estrangeira poderá custar até 1,1 mil milhões de euros, abaixo das piores estimativas do BPI.

Um eventual acordo com as autoridades da Polónia para resolver o caso que ficou conhecido como “Frankowicze”, relativo a um conjunto de empréstimos para compra de casa que foram concedidos há mais de uma década em francos suíços, poderá custar entre 900 milhões a 1,1 mil milhões de euros ao Bank Millennium, o banco polaco do BCP BCP 0,06% .

Estas estimativas constam do relatório e contas anual do Bank Millennium citado esta terça-feira pela Bloomberg.

No mesmo documento, o banco polaco afirma que anular os créditos em moeda estrangeira e cujos contratos estão em tribunal poderá representar um custo de cerca de 530 milhões de euros.

Numa nota de análise a esta notícia, os analistas do CaixaBank/BPI referem que o impacto estimado do acordo com o KNF representa entre 20% a 25% da exposição original do Bank Millennium aos créditos hipotecários em moeda estrangeira. E sublinham que fica aquém das suas piores estimativas, as quais apontavam para um custo à volta dos 1,6 mil milhões de euros, cerca de 36% da exposição original.

Assumindo que as perdas totais equivalentes a 25% da exposição original aos créditos em francos suíços vão ser pagas ao longo dos próximos 15 anos, os analistas do CaixaBank/BPI estimam que isso se traduzirá num valor presente líquido (NPV) de 469 milhões de euros, dos quais 239 milhões de euros atribuíveis ao BCP.

O CaixaBank/BPI calcula ainda que a proposta do regulador para resolver o acordo poderá ter um impacto negativo entre 430-567 pontos base no rácio CET1 do Bank Millennium e um impacto negativo entre 115-152 pontos base no rácio CET1 do BCP. Em setembro de 2020, O o Bank Millennuim e o BCP apresentavam rácios CET1 de 16,5% e 12,4%, respetivamente.

Por outro lado, os 530 milhões de euros dos processos judiciais abertos poderão ter um impacto de 195 pontos base e 24 pontos base nos rácios CET1 do Bank Millennium e no BCP, respetivamente, segundo os analistas.

Ações do BCP em queda

Desde 2008 que o Millennium Bank não concede créditos em moeda estrangeira, embora ainda detenha uma carteira destes empréstimos no valor de cerca de três mil milhões de euros.

No ano passado, o banco polaco constituiu provisões de 677 milhões de zlótis (150 milhões de euros ) relacionadas com riscos legais associados à carteira de créditos hipotecários concedidos em moeda estrangeira, o que veio a penalizar os resultados da instituição. O BCP prepara-se para apresentar contas esta quinta-feira.

Em causa estão sobretudo empréstimos para a compra de habitação em francos suíços concedidos há mais de uma década, e que permitiu às famílias tirarem partido do fator cambial para disporem de melhores condições financeiras nos contratos. Porém, com o disparo da moeda helvética no mercado cambial que se assistiu posteriormente, muitos destes clientes viram os seus créditos agravarem-se para níveis impagáveis.

São vários os bancos polacos que estão a resolver este problema. O Santander Polska também revelou que um acordo com as autoridades polacas poderia custar cerca de 780 milhões de euros.

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