Fator de sustentabilidade tira 13,88% às novas pensões antecipadas em 2017

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 28 Novembro 2016

Este não é o único corte que afeta as pensões antecipadas. Governo já prometeu rever o regime em vigor.

As reformas antecipadas atribuídas no próximo ano vão ter um corte mínimo de 13,88%. É este o valor que resulta do fator de sustentabilidade, que liga o valor das novas pensões antecipadas à esperança média de vida. Mas a esta redução junta-se outra: cada mês de antecipação face aos 66 anos e três meses (idade normal de reforma em 2017) implica uma penalização de 0,5%.

O fator de sustentabilidade para 2017 já pode ser calculado, depois de o Instituto Nacional de Estatística (INE) ter divulgado esta segunda-feira os valores provisórios da esperança média de vida em 2016.

O corte a aplicar em 2017, de 13,88%, foi confirmado ao ECO pelo Ministério do Trabalho e da Segurança Social e representa um agravamento face à redução aplicável às pensões antecipadas que começaram a ser pagas este ano: 13,34%. O Governo já prometeu alterações no regime, precisamente para rever as penalizações que resultam das regras decididas pelo Executivo de Passos Coelho.

Também por isso, o acesso à reforma antecipada voltou a ser parcialmente suspenso na Segurança Social: a pensão só é atribuída a quem já tem 60 anos de idade e 40 de contribuições. Os desempregados também podem passar à reforma antecipada, com regras específicas mas igualmente sujeitas ao fator de sustentabilidade. Há ainda profissões consideradas penosas ou desgastantes que têm normas especiais (mineiros, bailarinos, controladores de tráfego aéreo, etc).

A Função Pública conta com o fator de sustentabilidade mas neste caso o acesso às reformas antecipadas não mudou: podem abandonar o mercado de trabalho os funcionários que aos 55 anos de idade contem 30 de descontos.

Falta agora saber como vai o Governo alterar as regras em vigor e quando chegarão as mudanças ao terreno. O relatório do Orçamento do Estado promete novidades para 2017 mas não explicita o que muda. “Entrarão em vigor no regime geral de segurança social as novas regras de antecipação da idade da reforma, assegurando-se designadamente uma diferenciação positiva para as carreiras mais longas. Em paralelo serão avaliadas as alterações ao fator de sustentabilidade e as respetivas consequências na atribuição das pensões de reforma”, diz o relatório do Orçamento.

A secretária de Estado da Segurança Social já disse ao ECO que o agravamento do fator de sustentabilidade que resultou da mudança das regras “torna-se insustentável” mas admite que a revisão a levar a cabo pelo Executivo “pode não significar voltar a ter o regime exatamente anterior, até porque há aqui uma preocupação adicional” que é a de valorizar “as carreiras contributivas mais longas”.

O fator de sustentabilidade aplica-se desde 2008 e foi criado por Vieira da Silva que na altura era, tal como agora, ministro do Trabalho e da Segurança Social. Inicialmente, este mecanismo aplicava-se a todas as novas pensões (antecipadas ou não) mas com um corte menos significativo — para anular esta penalização, era necessário prolongar a vida ativa. Com o ministro Mota Soares, o fator passou a aplicar-se apenas às reformas antecipadas — num cenário em que a idade de reforma já aumenta todos os anos — mas a penalização também cresceu por via de mudanças na fórmula de cálculo.

Quem escapa ao corte?

De acordo com as normas que vigoram, o fator de sustentabilidade só abrange as novas pensões antecipadas — em 2017, afetará quem passa à reforma com menos de 66 anos e três meses de idade. As reformas já em pagamento não são afetadas. Também não se aplica a profissionais que estejam legalmente impedidos de continuar a trabalhar além dos 65 anos e peçam a reforma com esta idade.

As longas carreiras contributivas também podem reduzir os cortes. Aos 65 anos, a idade legal de reforma é reduzida em quatro meses por cada ano além dos 40 de carreira, tendo como limite mínimo os 65 anos. Por exemplo, uma pessoa que com 65 anos de idade tenha 43 anos de contribuições pode reformar-se, sem cortes, com 65 anos e três meses em 2017.

Na Função Pública, será aplicável o fator de 2013 no caso de pensões pedidas até dezembro de 2013 e que tenham sido despachadas depois, a não ser que o fator de 2014 se revele mais favorável.

O fator de sustentabilidade também afeta parte das reformas por invalidez mas em moldes diferentes. O corte é de 7,09% no caso de pensões de invalidez relativa e absoluta atribuídas por um período até 20 anos que passam a pensão de velhice em 2017.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Domingues sai, mas vai entregar declaração de rendimentos ao Constitucional

  • ECO
  • 28 Novembro 2016

Vários administradores do banco público também vão apresentar as declarações, para mostrarem que, apesar da demissão, não têm intenção de esconder rendimentos.

De saída da administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD), António Domingues vai entregar hoje a sua declaração de rendimentos e de património ao Tribunal Constitucional. Com ele, vários outros administradores do banco público, incluindo alguns que também apresentaram a sua demissão. A notícia é avançada pelo Expresso.

Contactada pelo ECO, fonte oficial do Tribunal Constitucional não confirma esta informação e também não esclarece se, por lei, os gestores da CGD têm mesmo de entregar as declarações, ao abandonarem a instituição pública.

Segundo o semanário, a intenção dos administradores, ao entregarem as declarações, é deixarem claro que, apesar das demissões, não querem desrespeitar a lei, nem esconder rendimentos e património.

Juntamente com as declarações de rendimentos e de património, escreve ainda o Expresso, darão entrada no Tribunal Constitucional os pedidos para que as declarações não sejam tornadas públicas, bem como as razões pelas quais os administradores não quiseram entregar antes estas declarações.

(Notícia atualizada pela última vez às 11h28)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Caixa vai ter novo presidente esta semana

“Decidiu demitir-se, está demitida.” É assim que António Costa reagiu ao anúncio da saída da administração da Caixa Geral de Depósitos.

Depois de António Domingues, esta manhã foi a vez de mais seis vogais do conselho de administração do banco público apresentarem a demissão. São eles Emídio Pinheiro, Henrique Menezes, Paulo Rodrigues da Silva, Pedro Norton de Matos, Angel Guraya e Herbert Walter.

E agora, quem vai substituir António Domingues? O primeiro-ministro foi esta manhã confrontado com esta pergunta e garantiu que “esta semana apresentaremos o nome de que vai liderar a Caixa”.

António Costa diz que “não vai especular sobre nomes”, e que “a pior coisa é saturar nomes na opinião pública”. Qualquer que seja a escolha, o processo terá sempre de passar pela aprovação do Governo e do Mecanismo Único de Supervisão, garantiu o governante.

Paulo Macedo, Carlos Tavares e Nuno Amado são alguns dos nomes que têm sido apontados como podendo estar na calha para substituir a António Domingues.

Costa diz que a saída da administração da Caixa não teve a ver com a falta de confiança política: “Se não houvesse confiança política o acionista teria procedido a demissão”, justificou dizendo que tem de “respeitar a decisão de cada um”. “Decidiu demitir-se, está demitida”, é o comentário do primeiro-ministro ao anúncio da saída da administração da CGD.

Sobre o futuro, António Costa diz que o “o importante na CGD já está feito. É ter tido a aprovação de Bruxelas para a recapitalização” e isso, “é independente de quem está na administração”.

O Estado anunciou que vai injetar 2,7 mil milhões de euros no banco do Estado, sendo que Mário Centeno já comunicou que esta operação só vai acontecer no próximo ano. Além disso, a Caixa vai beneficiar de uma transferência de ativos da Parcaixa e da transformação dos Cocos (capital contingente emprestado pelo Estado) em capital.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Banco do Japão regista primeiros prejuízos em quatro anos

  • ECO
  • 28 Novembro 2016

É o primeiro prejuízo que o banco central nipónico regista com Kuroda enquanto governador.

O Banco do Japão anunciou o seu primeiro prejuízo desde que Harukiho Kuroda se tornou governador do banco central nipónico, março de 2013, depois de o valor dos ativos em moeda estrangeira ter recuado, das perdas com obrigações e da necessidade de constituir provisões para cobrir potenciais perdas futuras devido à exposição à dívida do governo do país.

O banco central reportou um prejuízo de 200 mil milhões de ienes (1,7 mil milhões de euros) nos seis meses até setembro, no primeiro resultado líquido negativo desde 2012, segundo foi esta segunda-feira revelado.

Devido à forte apreciação do iene durante este período, os ativos em moeda estrangeira desvalorizam 698,5 mil milhões de ienes (5,8 mil milhões de euros). Além disso, o banco central o valor das suas obrigações cair cerca de 600 mil milhões de ienes (cinco mil milhões de euros), tendo transferido ainda 242 mil milhões (dois mil milhões) para um fundo de reserva para cobrir futuras perdas potenciais resultantes da sua elevada exposição à dívida nipónica.

O Banco do Japão tem sido o principal responsável pela baixa rentabilidade das obrigações japonesas, fruto do agressivo plano de compra de dívida pública lançado pelo banco central nos últimos quatro anos.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Bruxelas aguarda nomeação de novos administradores da CGD

Comissão Europeia não comenta demissão de António Domingues e equipa e aguarda novas nomeações.

A Comissão Europeia não comenta a saída de António Domingues e restante equipa da administração da Caixa Geral de Depósitos e aguarda que o Governo português nomeie a nova equipa de gestão.

“A Comissão tomou conhecimento do anúncio. Aguardamos que as autoridades portuguesas apresentem uma nova equipa de gestão“, adiantou o porta-voz executivo comunitário ao ECO.

Esta segunda-feira, parte da equipa da administração da Caixa anunciou a renúncia aos cargos, um dia depois de ter sido conhecida a demissão de António Domingues.

"A Comissão tomou conhecimento do anúncio. Aguardamos que as autoridades portuguesas apresentem uma nova equipa de gestão.”

Porta-voz da Comissão Europeia

Da anterior administração, sobram quatro pessoas: Rui Vilar, João Paulo Tudela Martins, Pedro Humberto Leitão e Tiago Oliveira Marques.

António Domingues mantém-se como presidente do conselho de administração da CGD até ao final deste ano. Esta semana, segundo António Costa, o Governo irá anunciar o seu sucessor.

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

CGD: CDS apela à intervenção do Banco de Portugal sobre eventual conflito de interesses

  • Lusa
  • 28 Novembro 2016

O CDS-PP instou Banco de Portugal a intervir na polémica em torno de um eventual conflito de interesses da administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD), sinalizando que os regulamentos são claros.

O CDS-PP instou hoje o Banco de Portugal (BdP) a intervir na polémica em torno de um eventual conflito de interesses da administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD), sinalizando que os regulamentos nesta matéria são claros.

“Os regulamentos são muito claros em matéria de conflito de interesses: quem tem responsabilidades numa instituição financeira não pode ter acesso a informação de outra instituição financeira, muito menos a poderá representar. Isso é transparente nos regulamentos”, vincou o deputado centrista João Almeida, em declarações aos jornalistas no parlamento.

Em causa está a confirmação de quarta-feira da Comissão Europeia de que a entidade se reuniu com o atual presidente da CGD para debater a recapitalização do banco público quando António Domingues ainda não tinha sido nomeado para o cargo e pertencia ainda aos quadros do BPI.

O CDS, declarou João Almeida, “não tira conclusões antes de se apurarem responsabilidades”, mas há no processo da Caixa um “atropelo permanente às regras” da parte do Governo e “há factos suficientemente graves para serem apurados” em matéria de transparência e eventual conflito de interesses.

Lamentamos que todo este processo impeça o país de discutir o essencial, de termos uma CGD fortalecida, com um plano de capitalização aprovado que permita de uma vez por todas concentrar a Caixa naquilo que é útil, de apoio ao tecido empresarial e famílias portuguesas”, assinalou o centrista.

O dirigente e porta-voz do CDS acrescentou ainda que a “confusão” em torno do banco público, ao contrário do que pode sugerir o Governo e o PS, “não é obra da oposição”, antes é “consequência da forma como Governo geriu este processo”.

O Governo já negou que António Domingues estivesse na posse de informação privilegiada sobre a Caixa quando participou, como convidado, em três reuniões com a Comissão Europeia para debater a recapitalização do banco.

Na quarta-feira, em resposta a uma questão do eurodeputado José Manuel Fernandes (PSD), a comissária europeia para a Concorrência, Margrethe Vestager, salientou que “o novo plano de atividades para a CGD foi apresentado à Comissão pelas autoridades portuguesas, que também consideraram necessário que o então futuro conselho de administração da CGD (que, entretanto, foi nomeado) participasse em algumas das reuniões e fosse informado sobre requisitos em matéria de auxílios estatais.”

A comissária, segundo a resposta a que a Lusa teve acesso, disse “ter sido contactada pelas autoridades portuguesas pela primeira vez em abril de 2016” sobre uma nova recapitalização da CGD.

António Domingues só a 31 de agosto assumiu funções como presidente da CGD, tendo renunciado ao cargo que mantinha no conselho de administração do BPI a 30 de junho.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Petróleo cai 1% com mercado a antecipar falta de acordo na OPEP

Negociações de última hora entre os membros da OPEP deverão terminar sem qualquer acordo em relação a um corte na produção de petróleo. Barril cede mais de 1%, em reflexo deste ceticismo.

A caminho para a decisiva reunião, que vai decidir se há um corte na produção de petróleo entre os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), poucos são os que acreditam que vai haver um acordo que visa estabilizar os preços do barril nos mercados internacionais. O encontro da OPEP está agendado para quarta-feira mas, durante esta segunda-feira, os responsáveis vão tentar alcançar uma base de entendimento à última da hora. Reina o ceticismo entre os investidores.

Os preços do petróleo mantinham esta segunda-feira em queda, depois do tombo de mais de 3% na sexta-feira. O barril de Brent, o contrato de referência para as importações nacionais, cedia 1,04% para 46,75 dólares, ao mesmo tempo que o crude desvalorizava 1,06% para 45,57 dólares por barril em Nova Iorque.

A Arábia Saudita sinalizou este fim de semana que a OPEP não tem necessariamente de chegar a um acordo para baixar a produção e retirou-se de uma reunião que vários membros do cartel vão realizar com outros produtores que não fazem parte da OPEP, incluindo a Rússia.

Entretanto, enquanto os ministros da Energia da Argélia e da Venezuela deslocam-se a Moscovo para convencer a Rússia a integrar um acordo, os responsáveis da OPEP realizam esta segunda-feira um encontro interno para resolver as diferenças em antecipação à reunião de quarta-feira, a última oportunidade que o cartel terá para implementar uma restrição na produção de ouro negro a nível global.

“O mercado está atualmente sob pressão por causa das incertezas levantadas por várias notícias, incluindo esta da Arábia Saudita de abandonar as discussões desta segunda-feira com produtores fora da OPEP”, referiu Seo Sang-young, da Kiwoom Securities, à Bloomberg. “É também altamente suspeito que a OPEP consiga manter as suas promessas mesmo que alcance um acordo porque os membros estão constantemente a aumentar a produção”, acrescentou.

Segundo o ministro do Petróleo saudita, a procura global por petróleo deverá recuperar no próximo ano, permitindo a estabilização dos preços, mesmo que a OPEP não avance para cortes. Tinha sido a Arábia Saudita um dos principais impulsionadores deste acordo no seio do cartel que iria impor a primeira redução da produção de petróleo em oito anos.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Portugal: OCDE revê em baixa PIB para 2017

O Governo projeta um crescimento do PIB de 1,5% para 2017, mas a OCDE é menos otimista, tendo revisto em baixa a meta para 1,2%. No entanto, a organização deixa elogios à política orçamental.

Nas perspetivas económicas de junho, a OCDE projetava uma subida do PIB para Portugal, em 2017, de 1,3%. Num relatório semelhante, divulgado esta segunda-feira, mas relativo a novembro, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico reviu em baixa o crescimento económico do próximo ano para 1,2%. O valor contrasta com os 1,5% que o Governo projetou na proposta do Orçamento do Estado para 2017.

Crescimento do PIB em 2017

Dados: Ministério das Finanças (MF); OCDE (Valores em percentagem)
Dados: Ministério das Finanças (MF); OCDE (Valores em percentagem). PE – Programa de Estabilidade. POE – Proposta do Orçamento do Estado.

“Prevê-se que o crescimento do PIB permaneça moderado”, escreve a organização no Economic Outlook (versão preliminar) de novembro. É assim que a OCDE classifica a evolução da economia portuguesa no próximo ano. Esta é uma tendência que vai acompanhar Portugal também em 2018: a organização prevê que cresça 1,3%, aquém da meta de 1,9% que o Programa de Estabilidade de abril deste ano estabeleceu.

OCDE elogia aumento dos impostos indiretos

O desafio para Portugal é, segundo a OCDE, atingir um equilíbrio entre a “sustentabilidade orçamental” sem afetar as perspetivas económicas. No entanto, a organização deixa um elogio ao caminho que tem sido feito pelo Governo no que toca a impostos: “A mudança projetada de taxar os rendimentos para taxar o consumo é bem recebida uma vez que irá ajudar a produção ao reduzir distorções”, escreve a OCDE.

Ángel Gurría, secretário-geral da OCDE, a apresentar o Economic Outlook de novembro.
Ángel Gurría, secretário-geral da OCDE, a apresentar o Economic Outlook de novembro.OCDE

Na análise da OCDE, o elogio vai para o setor do turismo e da manufaturação, os dois suportes do crescimento das exportações. A crítica vai para o desemprego estrutural que continua demasiado elevado, apesar de a OCDE reconhecer que a taxa de desemprego tem vindo a diminuir.

Fragilidade do setor bancário cria “enorme incerteza”

A fragilidade do setor bancário é uma das principais preocupações da OCDE. Em causa está a “retenção” de investimento privado que não chega à economia, principalmente por existir uma “enorme incerteza”. Além disso, o investimento público está “historicamente baixo” para favorecer as metas do défice, afirma a OCDE, e, por isso, o aumento planeado para 2017 é “bem recebido” para apoiar o crescimento económico.

Mas o perigo no setor bancário vai mais além do investimento. A OCDE escreve que os riscos são “expressivos” uma vez que os bancos estão expostos à “dívida soberana” e, no futuro, “poderá ser necessária mais ajuda estatal”. Para que isso não aconteça, Portugal deve resolver de forma rápida o malparado e promover a recapitalização do setor bancário para restaurar a confiança.

A OCDE identifica ainda um “desemprego elevado” que vai conter o crescimento do consumo. A inflação deverá permanecer baixa. Já a dívida pública a rondar os 130% “continua muito alta” e vai limitar a folga orçamental, apesar de a OCDE notar “progressos significativos” na consolidação orçamental. “Mais receita pode ser conseguida com a redução de exceções e a limitação do uso de taxas reduzidas”, sinaliza a organização.

Eis os conselhos da OCDE para Portugal que constam do Economic Outlook de novembro de 2016:

  1. Fomentar o investimento e a produtividade para aumentar a qualidade de vida e crescimento económico;
  2. Reformar os procedimentos administrativos para os simplificar (a OCDE sugere até limitar os poderes dos municípios);
  3. Melhorar a eficiência judicial para facilitar os processos de insolvência;
  4. Aliviar as barreiras para aceder a serviços profissionais;
  5. Remover os empréstimos problemáticos herdados do passado, nomeadamente o malparado;
  6. Abrir novas formas de financiamento para facilitar o investimento;
  7. Expandir a formação para adultos e usar a educação vocacional de forma a ter pessoas com mais habilitações e, assim, aumentar a produtividade;
  8. Planear uma reforma estrutural na receita fiscal e na despesa para fazer cortes permanentes em custos correntes, nomeadamente no número de trabalhadores do Estado.

Editado por Mariana de Araújo Barbosa ([email protected])

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Depois da Carris, a STCP passa para autarquias

Na semana passada foi a Carris que passou para as mãos da Câmara de Lisboa com direito a cerimónia. Esta segunda-feira foi publicado um decreto-lei que passa a gestão da STCP para Grande Porto.

Já é oficial: a gestão da STCP vai passar para as mãos das autarquias da Área Metropolitana do Porto (AMP). Depois da assinatura do memorando de entendimento, o decreto-lei a oficializar a operação de descentralização foi publicado esta segunda-feira em Diário da República. A partir de 29 de novembro, os municípios do Porto, Gondomar, Maia, Matosinhos, Valongo e Vila Nova de Gaia passam a gerir a transportadora através do Conselho Metropolitano.

O decreto-lei prevê a criação da Unidade Técnica de Gestão (UTG -STCP) “e servirá de suporte ao exercício das competências de autoridade de transporte sobre o operador”. O novo modelo de gestão da empresa de transportes, segundo uma avaliação prévia do Governo e da AMP, “não implica um aumento da despesa pública global”, pode ler-se no documento publicado em Diário da República.

Aliás, o objetivo “alcançar um resultado operacional bruto tendencialmente positivo”. Cabe às várias partes definir “metas que permitam assegurar uma contínua trajetória de equilíbrio financeiro da empresa”, acrescenta o documento. O membro do conselho de administração da AMP responsável pela área financeira será indicado pelo Ministério das Finanças.

No que toca a compensações financeiras, o documento esclarece que “os municípios da AMP que venham a dirigir o serviço referido no artigo 3.º do presente decreto -lei, nos termos do seu n.º 3, podem assumir o pagamento de compensações financeiras por obrigações de serviço público previstas no contrato de serviço público com a STCP, em termos a acordar com a AMP”.

O decreto-lei é assinado pelo próprio primeiro-ministro António Costa, o ministro das Finanças Mário Centeno e o ministro do Ambiente João Pedro Matos Fernandes. O diploma foi promulgado a 14 de novembro por Marcelo Rebelo de Sousa. O contrato assinado prolonga-se no máximo por sete anos.

Editado por Mariana de Araújo Barbosa ([email protected])

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Caixa reduziu imparidades em 32% nos últimos cinco anos

Entre 2011 e 2015, a Caixa Geral de Depósitos foi obrigada a contabilizar provisões e imparidades de quase seis mil milhões de euros.

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) tem vindo a conseguir reduzir as imparidades nos últimos anos e já conseguiu cortar este indicador em mais de 56%, mas continua a ter um significativo volume de crédito em risco de não ser pago.

No final de 2015, as provisões e imparidades totalizavam 716,45 milhões de euros, menos 56% do que os 1,65 mil milhões registados em 2011. A maior queda deu-se de 2012 para 2013, quando as provisões e imparidades se reduziram em 331 milhões de euros. Em 2015, a queda face a 2014 foi de 233 milhões de euros.

Considerando apenas as imparidades do crédito, a trajetória não foi sempre de queda. Em 2012, por exemplo, as imparidades do crédito chegaram a ultrapassar os mil milhões de euros, depois de terem estado nos 825 milhões em 2011. Voltaram a baixar para a casa dos 800 milhões em 2013 e conheceram uma melhoria significativa de 2014 para 2015, período em que as imparidades do crédito se reduziram em quase 297 milhões de euros.

Provisões e imparidades da CGD caíram 56% entre 2011 e 2015.
Provisões e imparidades da CGD caíram 56% entre 2011 e 2015.

Feitas as contas, entre 2011 e 2015, período em que o banco público foi liderado por José de Matos, a Caixa foi obrigada a contabilizar provisões e imparidades de quase 6 mil milhões de euros, resultado das operações de risco realizadas pelas administrações anteriores. Em causa estão, por exemplo, as operações feitas com o grupo do setor petroquímico La Seda Barcelona, com as quais as CGD arrisca perder 900 milhões de euros.

Entre os maiores bancos nacionais, o BCP e o Novo Banco conseguem ter ainda pior desempenho que a Caixa. O banco liderado por Nuno Amado fechou 2015 com 994 milhões de euros em provisões e imparidades, enquanto o Novo Banco tinha imparidades de 1.057 milhões no final do ano passado. No BPI, por outro lado, este indicador totalizou apenas 137 milhões de euros.

Por apurar estão ainda as imparidades de 2016, fator que, aliás, adiou a injeção de capital na CGD para o próximo ano. É desse apuramento que irá resultar o valor exato do dinheiro que o Estado vai injetar no banco público. Ainda não há números, mas calcula-se que as provisões deverão ser superiores a mil milhões de euros.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Revista de imprensa internacional

Os salários das várias equipas que constituem a União Europeia vão receber um aumento salarial no próximo ano. Entre os visados está a Comissão Europeia e o seu presidente, Jean-Claude Juncker.

Na OPEP as negociações complicam-se com a Arábia Saudita a recusar-se a estar na reunião de preparação do encontro de dia 30. Na União Europeia, o referendo italiano continua a marcar a agenda: o ministro dos Negócios Estrangeiros veio acalmar os ânimos, mas dia 4 de dezembro tudo pode mudar. Já o pós-referendo do Reino Unido continua a trazer mais notícias. Desta vez é o governador do Banco de Inglaterra que quer mais dois anos de mercado único europeu.

The Sunday Times

Staff da União Europeia vai ter aumento de salário

As equipas da União Europeia vão receber um aumento de 3,3% no salário no Natal. No caso do presidente da Comissão Europeia, os números são os seguintes: Jean-Claude Juncker vai receber um pagamento atrasado de 5.200 euros; depois será aumentado em 15.543 euros, elevando o seu salário para os 324 mil euros por ano. A isso soma-se um subsídio de quase 50 mil euros. Segundo o The Sunday Times, o aumento previsto é quase sete vezes superior ao valor da inflação registada na União europeia.

Leia a notícia completa no The Sunday Times. (Acesso pago / Conteúdo em inglês)

CNBC

Ministro dos Negócios Estrangeiros italiano garante que Itália não está a caminho da catástrofe

O referendo de dia 4 de dezembro está a causar incerteza no sul da Europa, mas Paolo Gentiloni quer tranquilizar o Mundo. Em entrevista à CNBC, o ministro dos Negócios Estrangeiros afastou um cenário catastrófico após o referendo italiano. Porquê? Porque a Itália de hoje não é a de 2011, argumenta. “Atualmente temos um ambiente económico e financeiro completamente diferente”, afirmou Gentiloni à CNBC. O ministro de Renzi — que já disse que se demite caso perca o referendo — admite que a situação é de instabilidade, mas não existem perigos colaterais para a economia europeia.

Leia a notícia completa na CNBC. (Acesso gratuito / Conteúdo em inglês)

The Wall Street Journal

Arábia Saudita não vai ao encontro pré-OPEP

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) tem esta segunda-feira a sua última oportunidade para conseguir definir as bases de um acordo para limitar a produção de petróleo. O cartel reúne-se a 30 de novembro, mas antes disso vai tentar convencer os produtores fora da OPEP, como a Rússia, a cooperarem neste corte. As notícias para já não sinalizam um acordo em breve: a Arábia Saudita anunciou que não vai ao encontro preliminar, o que dificulta as negociações. Prevê-se assim que o preço do petróleo continue a cair uma vez que a produção continua a quebrar recordes.

Leia a notícia completa no The Wall Street Journal. (Acesso pago / Conteúdo em inglês)

NBC News

Trump diz existirem “milhões” de eleitores ilegais

Este domingo, o próximo presidente dos Estados Unidos da América respondeu, no Twitter, aos pedidos de recontagem de votos acusando “milhões” de eleitores de votarem ilegalmente. “Além de ter ganho o Colégio Eleitoral facilmente, eu venci o voto popular se deduzirem as milhões de pessoas que votaram ilegalmente”, escreveu Donald Trump.

Leia a notícia completa em NBC News. (Acesso gratuito / Conteúdo em inglês)

The Sunday Times

Governador do Banco de Inglaterra quer mercado único até 2021

Mark Carney está a reunir esforços para manter o mercado único até 2021. Ou seja, pelo menos mais dois anos após a saída ‘oficial’ do Reino Unido da União Europeia. O ‘adeus’ deverá ser dado em 2019, caso Theresa May cumpra a promessa de acionar o Artigo 50 no início de 2017. É essa a vontade do governador do Banco da Inglaterra que pretende uma transição ainda mais suave para a economia britânica, principalmente para a City de Londres, um problema por resolver. Segundo o The Sunday Times, Mark Carney tem reunido com altas instâncias do setor bancário europeu para reunir apoios e partir com avanço para as negociações.

Leia a notícia completa no The Sunday Times. (Acesso pago / Conteúdo em inglês)

Texto editado por Mariana de Araújo Barbosa ([email protected])

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Tensão em Itália com Monte dei Paschi a afundar 12% em bolsa

Referendo do próximo domingo vai ditar a sobreviência de Renzi no Governo, deixando investidores nervosos quanto àquilo que poderá vir a acontecer nos dias seguintes. Oito bancos estão em risco.

As ações do problemático Monte dei Paschi estão a afundar mais de 12% para 17,56 euros esta manhã na bolsa italiana. A banca italiana segue sob intensa pressão vendedora com os investidores bastante avessos ao risco que representa o setor financeiro daquele país. Há referendo no próximo domingo, dia 4 de dezembro, e tudo pode acontecer. No pior dos cenários oito bancos vão à falência. Tempo para guardar as fichas, dizem os analistas.

O Financial Times adiantou no fim de semana que oito bancos podem estar em risco de colapso caso o “Não” vença no referendo à Constituição. Entre as implicações que terá no sistema político italiano, a curto-prazo significará o fim de Matteo Renzi enquanto primeiro-ministro italiano. A transição para um novo governo vai complicar os planos de recapitalização dos vários bancos em stress para reforçar a sua posição financeira.

Quais são os oito bancos em risco? Monte dei Paschi, bancos médios como o Popolare di Vicenza, Veneto Banca e Carige; outros quatro pequenos bancos foram intervencionados no ano passado: Banca Etruria, CariChieti, Banca delle Marche e o CariFerrara, adiantaram várias fontes oficiais ao diário britânico.

Ações do Monte dei Paschi tombam

Fonte: Bloomberg (Valores em euros)
Fonte: Bloomberg (Valores em euros)

Neste cenário de um eventual “apocalipse”, que o Commerzbank admite mas considera improvável, as ações dos principais bancos seguem hoje no olho do furacão. O UniCredit, que tem previsto um aumento de capital em 13 mil milhões de euros numa operação de recapitalização está prevista para o início de 2017, tombava 4%, com o risco de contágio a todo o sistema financeiro italiano. O Intesa Sanpaolo e o Mediobanca também perdiam cerca de 3%.

O índice de referência italiano, o FTSE MIB, perdia cerca de 2% para 16.207,75 pontos, pressionado sobretudo pelo setor financeiro, numa altura em que os pares europeus seguiam com quedas que não iam além dos 1%. O PSI-20, o principal índice português, perdia 0,6% para 4.435,27 pontos.

“A aproximação da realização do referendo em Itália e das eleições presidenciais na Áustria irão influenciar o comportamento” dos mercados, referiram os analistas do BPI no Diário de Bolsa. “O referendo em Itália é o mais relevante e irá influir sobre as yields italianas e sobre os bancos italianos”, acrescentaram os analistas.

No mercado de dívida, os juros italianos agravavam-se em todos os prazos, com a taxa na maturidade de referência a 10 anos a escalar para os 2,095%, mantendo-se perto de máximos de meados de julho.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.