Mota-Engil afunda, Lisboa avança

A Mota-Engil afunda depois de ter anunciado que não vai prestar contas trimestrais. Ainda assim, a praça portuguesa avança pela quinta sessão consecutiva.

Apesar da queda acentuada da Mota-Engil, o PSI-20 arranca a sessão novamente em terreno positivo, acompanhando o sentimento positivo verificado na generalidade das praças europeias, por causa do relativo otimismo em relação à robustez da economia global que será suficiente para acomodar a inversão dos bancos centrais para uma política monetária mais conservadora.

O principal índice português subia 0,41% para 4.460,00 pontos, naquela que é a quinta sessão de ganhos consecutiva em Lisboa. Destaques: a Semapa avança mais de 3% com o ambiente cambial mais favorável às exportadoras de papel e a Galp somava 1,27% com a valorização do barril de petróleo.

Do lado negativo, as ações da construtora Mota-Engil afundavam 6,25% para 1,56 euros, depois de ter deixado o mercado sem informação relativa às contas do terceiro trimestre — a cotada vai passar a partir de agora a comunicar os resultados semestrais. Adicionalmente, o CaixaBI baixou a avaliação para o título e para as estimativas em “todos os segmentos operacionais” da construtora “de forma a incorporar as tendências operacionais evidenciadas ao longo dos últimos períodos reportados”.

“A empresa já havia sugerido a possibilidade de não apresentar contas trimestrais e acreditamos que ela deve afetar a visibilidade da empresa”, referiram os analistas da Haitong numa nota de análise divulgada esta manhã.

"A Mota-Engil já havia sugerido a possibilidade de não apresentar contas trimestrais e acreditamos que ela deve afetar a visibilidade da empresa.”

Haitong

Nota de research

Entre os pesos pesados da bolsa nacional, além da Galp, também a Jerónimo Martins avançava mais de 1%, ao mesmo tempo que a EDP e EDP Renováveis ganhavam ambos até 0,5%, dando força ao índice de referência português.

Entretanto, com Wall Street em máximos históricos por causa da confiança dos investidores em relação as perspetivas mais positivas para a economia mundial, que vão absorver o impacto da subida dos juros da parte da Reserva Federal norte-americana, também os principais índices europeus despertavam em zona de ganhos. O CAC 40 de Paris valorizava 0,17% e o FTSE de Londres ganhava 0,42%.

No mercado de dívida, os juros portugueses subiam esta manhã na generalidade dos prazos, com a taxa a 10 anos e a 5 anos a avançar para 3,653% e 2,179%, respetivamente, antes de o Tesouro português ir pela última vez ao mercado este ano para levantar até 750 milhões de euros em obrigações a cinco anos. Os analistas ouvidos pelo ECO esperam um juro médio entre 2,1% e 2,2% na operação.

(notícia em atualizada às 8h28)

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Antigo diretor do SEF facilitou processos de amigos de Miguel Macedo

  • ECO
  • 23 Novembro 2016

Manuel Palos é acusado de corrupção passiva e prevaricação. Inspeção-Geral da Administração Interna considera que a sua conduta se deveu ao medo de o SEF ser extinto.

Manuel Palos, antigo diretor do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) — detido em 2014 no âmbito da operação Labirinto, que investigou a concessão de vistos gold — terá facilitado processos a amigos do então ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, numa tentativa de agradar ao ministro e travar a extinção do SEF.

A conclusão, avançada esta quarta-feira pelo Diário de Notícias, é da Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI), que sublinha que Manuel Palos foi um diretor “brilhante” mas conclui que o responsável violou vários deveres profissionais.

O antigo diretor do SEF é acusado de corrupção passiva e prevaricação, por ter violado os deveres de prossecução do interesse público, imparcialidade, zelo e lealdade. A prova de que violou estes deveres é “cristalina”, garante a IGAI. Ainda assim, o serviço de inspeção assegura que Manuel Palos “jamais recebeu qualquer quantia monetária”, nem ficou com duas garrafas de vinho Pera Manca, como chegou a ser referido pelo Ministério Público.

A IGAI justifica a conduta de Manuel Palos com a sua dedicação ao serviço e ao receio de o SEF ser extinto. “O arguido era pessoa extremamente preocupada com o Serviço que dirigia e com as suas funções, tendo desempenhado de forma brilhante o cargo de Diretor Nacional”, refere a IGAI, citada pelo DN. “A mera possibilidade da extinção do SEF era para o arguido, neste quadro afetivo-funcional, uma preocupação”, já que “podia ser extinto o serviço em que pusera todo o seu empenho pessoal e profissional e em prol do qual prejudicara a sua vida pessoal e familiar”, acrescenta.

Manuel Palos é um dos 17 arguidos que foram acusados no âmbito da operação Labirinto, conduzida pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DCIAP), e o primeiro chefe de uma polícia a ser detido em Portugal. Entre os acusados está também Miguel Macedo, que acabou por se demitir por causa deste caso, o empresário Jaime Gomes e António Figueiredo, antigo diretor do Instituto de Registos e Notariado.

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Novo IMI favorece casas parqueadas em fundos

  • ECO
  • 23 Novembro 2016

O adicional ao IMI vai favorecer quem tiver património mais elevado parqueado em sociedades de administração de bens ou fundos fechados, após revisão do desenho do novo imposto sobre imóveis.

Os proprietários milionários que optem por manter o património parqueado em sociedades de mera administração de bens ou em fundos de investimento fechado vão sair favorecidos com o novo desenho do adicional ao Imposto Municipal sobre Imóveis (AIMI), acordado entre o Governo e os partidos da esquerda à última da hora, avança (acesso pago) o Jornal de Negócios.

Segundo as contas daquele jornal, citando a proposta de alteração ao Orçamento do Estado para 2017, quem detiver património relativamente baixo para os valores de incidência do AIMI fica a ganhar em tê-lo em nome próprio. Mas este cenário muda a partir de valores intermédios em diante, a partir do qual compensa mais ter os imóveis parqueados numa sociedade de mera administração de bens ou num fundo de investimento fechado, “duas modalidades usadas pelos ‘ricos’ para gerirem os seus imóveis”.

Mais concretamente, no caso de um proprietário solteiro, o ponto de inversão a partir do qual compensa ter os imóveis parqueados em estruturas coletivas do que em nome próprio acontece nos 1,2 milhões de euros. Já os proprietários casados que optem pela tributação conjunta saem mais favorecidos com o novo desenho do AIMI a partir dos 2,4 milhões de euros.

Ou seja, a partir destes valores, os proprietários serão mais penalizados caso mantenham os imóveis em seu nome.

 

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Economistas dão nota insuficiente ao orçamento e alertam para riscos

  • Lusa
  • 23 Novembro 2016

Os economistas do Budget Watch têm dúvidas em relação às previsões de receitas fiscais e de despesas com pessoal para 2017. Ainda assim, o documento tem a nota mais alta desde o Orçamento de 2010.

Os 19 economistas que analisaram o Orçamento do Estado para 2017 (OE2017) no âmbito do Budget Watch melhoraram a nota atribuída ao documento, face ao último OE, mas sublinham que existem vários riscos e dúvidas, nomeadamente quanto às previsões de receitas fiscais e de despesas com pessoal.

Para os economistas que participaram no Budget Watch, uma análise coordenada pelo think tank Institute of Public Policies (IPP) e pelo Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), o OE2017 continua a receber uma nota insuficiente (46,7 pontos num total de 100 pontos), embora esta nota seja não só superior à atribuída ao Orçamento do Estado para 2016, como a mais alta atribuída desde 2010 (37,3 pontos).

Os economistas destacam, no relatório a que a agência Lusa teve acesso, que “apesar de o OE2017 ultrapassar a barreira dos 40 pontos, esta pontuação ainda não permite abandonar o nível insuficiente, ficando a 3,3 pontos (mais perto do que o OE2016) de atingir o nível satisfaz”, justificando o aumento com “um esforço cumulativo no sentido de maiores transparência e rigor orçamentais“.

No entanto, os economistas afirmam que “eventuais melhorias na transparência e qualidade da prestação de informação nos documentos orçamentais são, na melhor das hipóteses, ligeiras“, afirmando que “diversas melhorias são contrapostas por novas ausências, remoções de quadros ou informação narrativa, ou diminuição da sua abrangência“.

Dando o exemplo do prefácio do OE, os especialistas consideram que corresponde “simplesmente à repetição da narrativa política governamental em torno da descrição genérica de algumas medidas”.

Por outro lado, os economistas afirmam que o cenário macroeconómico do OE2017 parece “relativamente prudente e em linha com as projeções internacionais, mas existem riscos importantes”.

Os especialistas apontam que o relatório do OE2017 “revela uma análise de risco globalmente mais pobre face ao ano transato”, ao “negligenciar” os possíveis impactos de variações marginais nas taxas de juro de curto prazo, do PIB real e da taxa de desemprego.

Quanto às previsões orçamentais, os economistas apontam que a estimativa de evolução das despesas com pessoal “levanta mais dúvidas face ao passado”.

Lembrando que o Governo prevê um aumento de 210 milhões de euros de “efeito líquido” com a reposição salarial, defendem que o “efeito bruto é mais relevante para avaliar a bondade da estimativa”, porque ao acrescentar-se ao valor referido as contribuições e retenção de IRS a estimativa “será naturalmente maior”.

Além disso, os economistas consideram “difícil confiar” na previsão de poupança de 122 milhões de euros com a regra da entrada de um trabalhador na Administração Pública por cada duas saídas.

“Esta regra tem sido contornada pelos serviços com o aumento da contratação a prazo e outras formas de evitar a criação de novos vínculos de emprego público, pelo que a dinâmica do volume de emprego tem sido muito mais estável do que seria previsto pela aplicação estrita de um rácio de substituição de 2 por 1”, salientam.

Por outro lado, os especialistas afirmam que a estimativa global para as receitas fiscais em 2017 “parece razoável – tendo em conta a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) nominal –, mas é ensombrada pelo fraco comportamento em 2016“.

Isto porque, afirmam, “se as previsões macroeconómicas falharem, naturalmente também as previsões da receita poderão falhar”.

Os economistas elogiam, por outro lado, que a estratégia orçamental mantenha “a tendência de melhoria quanto ao contributo para a sustentabilidade da dívida“, mas avisam que essa estratégia “quebra as regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento [PEC], quanto à consolidação estrutural”.

“Saúdam-se os objetivos de redução do défice global e melhoria do saldo estrutural primário tão ou mais ambiciosos do que os propostos no Programa de Estabilidade. Mas no caso deste último, parece claro que as medidas do Orçamento não lhe permitem cumprir a própria meta para o saldo estrutural (primário)”, alertam, indo ao encontro das críticas recentes da Comissão Europeia, da UTAO e do Conselho de Finanças Públicas (CFP).

O Budget Watch será apresentado na quarta-feira, no ISEG.

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Samsung no centro de escândalo político na Coreia do Sul

  • Lusa
  • 23 Novembro 2016

Escritórios da Samsung e do fundo de pensões da Coreia do Sul foram alvo de buscas no âmbito da investigação a um suposta corrupção e tráfico de influências que envolve a Presidente do país.

Representantes da Samsung, o maior grupo empresarial da Coreia do Sul, e do Serviço Nacional de Pensões, confirmaram as rusgas aos seus escritórios em Seul. Também o Escritório de Gestão de Investimento do terceiro maior fundo de pensões do mundo foi o alvo do raide, indicou fonte do Serviço Nacional de Pensões, sob a condição de anonimato.

Lim Bomi, porta-voz da Samsung declinou explicar por que razão uma unidade do grupo foi alvo de rusgas.

As rusgas tiveram lugar na sequência do escândalo político sobre a alegada interferência de Choi Soon-sil, uma amiga íntima de Park Geun-hye, nos assuntos de Estado, apesar de não desempenhar qualquer cargo público.

O Ministério Público acusou formalmente Choi Soon-sil e dois antigos assessores da Presidente, de terem pressionado mais de 50 empresas do país para doarem 65,7 milhões de dólares (62 milhões de euros) a duas fundações.

Além disso, neste âmbito, considerou que a Presidente desempenhou um papel “considerável” no caso de alegada corrupção e tráfico de influências.

Esta quarta-feira, o gabinete da presidência da Coreia do Sul indicou que o ministro da justiça e o secretário da presidência para os assuntos civis apresentaram as suas demissões, as quais não foram aceites pela Presidente.

A par com os crescentes pedidos de demissão da Presidente devido ao escândalo tem aumentado a indignação pública relativamente à Samsung por causa das suas alegações ligadas ao chamado caso “Choi Soon-sil gate”.

Não é, contudo, a primeira vez que o gigante sul-coreano é alvo de rusgas por parte das autoridades no quadro da investigação ao caso, já que ainda no início do mês tal sucedeu. Segundo a agência noticiosa sul-coreana Yonhap, as autoridades tentam apurar se o gabinete da presidência teve algum papel no voto do serviço de pensões de apoio à controversa fusão de duas empresas do grupo Samsung.

A Samsung conquistou, à risca, a aprovação dos seus acionistas para fundir a Samsung C&T e a Cheil Industries em julho do ano passado.

Muitos investidores e analistas questionaram o argumento da Samsung de que o negócio visava criar sinergias entre a firma de construção da Samsung com outra empresa do grupo que gere um parque de diversões e negócios relacionados com moda.

A fusão era crucial para o herdeiro da Samsung – Lee Jae-yong –, que detém uma pequena participação na Samsung Electronics. A operação ajudou Lee, neto do fundador da Samsung e vice-presidente da Samsung Electronics, a fortalecer o seu controlo sobre a ‘joia da coroa’ do grupo, sem gastar o seu próprio dinheiro.

Os acionistas que se opuseram à fusão – incluindo o fundo de investimento norte-americano Elliott – afirmaram que o negócio beneficiava injustamente as famílias fundadoras da Samsung e prejudicava os acionistas minoritários.

No final, foi o Serviço Nacional de Pensões, um dos principais acionistas, tanto da Samsung C&T como da Cheil Industries, que desempenhou um papel crucial na votação, apoiando a fusão apesar de recomendações de consultores externos para que se opusesse ao negócio.

O fundo de pensões passou então a ficar sob escrutínio por causa da forma como chegou à decisão de apoiar a controversa fusão e a indignação pública aumentou nas últimas semanas depois de uma estimativa ter revelado que o valor da participação do fundo de pensões na Samsung C&T – a entidade resultante da fusão – diminuiu em centenas de milhões de dólares.

Em resposta às alegações de que o fundo de pensões cedeu a pressões do gabinete da presidência para apoiar a fusão, o Serviço Nacional de Pensões afirmou que a sua decisão teve por base uma análise independente do efeito da operação em linha com as suas próprias políticas.

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Faria de Oliveira diz que há investidores em bancos que não seriam os mais desejados

  • Lusa
  • 23 Novembro 2016

O presidente da Associação Portuguesa de Bancos reconhece, ainda assim, que o fundamental é garantir que os bancos tenham "acionistas fortes".

O presidente da Associação Portuguesa de Bancos considera que o setor está a atrair investidores que não seriam os mais desejados. Faria de Oliveira preferia investimento de países desenvolvidos, mas considera que o importante é garantir que os investidores são credíveis.

Temos de encontrar soluções para recapitalizar a banca portuguesa e sem recorrer a contribuintes. Daí os bancos estarem por si a reestruturar-se para melhorar as suas condições operativas e a procurarem atrair investidores que não são os que muitos desejaríamos, mas que são os investidores que, por várias razões, se interessam” pelos bancos portugueses, disse Fernando Faria de Oliveira, num debate, que decorreu na terça-feira, sobre O Futuro da Banca, no Instituto Superior de Engenharia e Gestão (ISEG), em Lisboa.

O presidente da da associação que representa os principais bancos falava depois de o professor universitário João Duque, um dos participantes do debate, ter questionado o interesse dos investidores em bancos europeus, e especialmente portugueses, quando é cada vez menor a rentabilidade dos capitais investidos.

Provavelmente, a Fosun [que se tornou este fim de semana acionista do BCP] tem uma lógica diferente. Os modelos [de negócio] das universidades ocidentais não funcionam provavelmente para um investidor chinês entrar em Portugal. Relevam provavelmente outros aspetos que nós não relevamos”, afirmou o economista, considerando que no investimentos de alguns países emergentes no setor financeiro português há uma “lógica de atuação estratégica” que parece diferente da lógica puramente mercantil.

Já Mira Amaral, que foi até recentemente presidente do angolano Banco BIC, considerou que não há “em Portugal capacidade para acudir às necessidades dos bancos” em termos de capital, pelo que se nota uma predominância de capitais estrangeiros, sejam de Espanha, de Angola, sobretudo enquanto tiveram “petróleo em alta”, e agora de chineses.

Para Mira Amaral, importante é que o setor financeiro português “não fique preso numa só geografia”, para não ser atingidos por dificuldades internas dessa região.

Já mais no fim do debate, o presidente da APB disse que o fundamental é garantir que os bancos tenham “acionistas fortes”, com estratégia e capacidade para injetar capital em caso de necessidade.

“Gostaríamos que fossem mais bancos ou investidores europeus a participar nos bancos portugueses, a nossa tendência é orientarmo-nos para os países mais desenvolvidos do mundo. Mas o que me parece essencial é tomar atenção a quem são investidores e assegurar a reputação e que são credíveis”, afirmou.

Entre os principais bancos portugueses, o maior é a Caixa Geral de Depósitos, que é totalmente detida pelo Estado.

Já o BCP posiciona-se como o maior banco português, tendo como principais acionistas o grupo chinês Fosun e a petrolífera angolana Sonanol. Também o banco espanhol Sabadell, o Grupo EdP e o Grupo Interoceânico têm posições de referência no banco.

O Novo Banco (o banco de transição do ex-BES) é para já detido pelo Fundo de Resolução bancário (gerido pelo Banco de Portugal), estando a decorrer um processo de venda.

Os nomes dos candidatos não foram revelados publicamente, mas, segundo a imprensa, são os bancos BCP e BPI e os fundos Apollo/Centerbridge, em parceria, e Lone Star, que apresentaram propostas no âmbito do processo de venda direta, enquanto a ?holding’ China Minsheng se propõe ser acionista do Novo Banco através da opção de venda em mercado.

O BPI tem como principais acionistas o espanhol Caixabank e a ‘holding’ angolana Santoro, estando em curso uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) do Caixabank para ficar com a totalidade do capital social.

Por fim, o Santander Totta é totalmente detido pelo espanhol Santander.

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Caixa: adiar injeção ajuda, mas não garante saída do PDE

  • Margarida Peixoto
  • 23 Novembro 2016

As decisões da Comissão Europeia estão sempre fundamentadas nas regras. O problema é que há regras para tudo. Para Portugal sair do Procedimento por Défices Excessivos, o INE pode ajudar.

Mário Centeno, ministro das Finanças, decidiu adiar a injeção de capital público na Caixa Geral de Depósitos para 2017. Esta decisão ajuda a maximizar a probabilidade de sair do Procedimento por Défices Excessivos (PDE) já em 2017, mas está longe de dar o objetivo como garantido. Mesmo que o défice deste ano fique, tal como previsto pelo Governo, nos 2,4% do PIB. É que, uma vez mais, as regras de Bruxelas não são matemáticas.

“Faz sentido adiar para 2017”, assume uma fonte de Bruxelas, ao ECO. E dá dois motivos: “Primeiro, porque aumenta e consolida as expectativas de saída do PDE já em 2016; segundo, porque o Governo só sabe exatamente de quanto vai precisar para recapitalizar a Caixa quando saírem os resultados de 2016.” O segundo argumento foi, aliás, assumido esta terça-feira pelo secretário de Estado do Tesouro e Finanças, Mourinho Félix.

Os argumentos são, por isso, razoáveis. Contudo, mesmo adiando a operação, e mesmo partindo do princípio de que o Executivo deixa o défice de 2016 nos 2,4% previstos, “não é verdade que a saída do PDE esteja garantida”, acrescenta a mesma fonte.

PDE: como é que se sai disto?

Uma vez tendo entrado no procedimento por défices excessivos, não é fácil sair. E, sobretudo, não é automático. De forma simplista, pode dizer-se que o país sai do PDE quando consegue colocar o défice abaixo de 3% do PIB, o limite do Procedimento por défices excessivos. É este o argumento que tem sido usado pelo Governo para garantir que o país sairá do PDE este ano. Mas para a Comissão, nada é assim tão simples.

Primeiro, o défice a que as regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento se referem é o global (aqui pode ler mais sobre os diferentes tipos de défice). Isto quer dizer que conta basicamente tudo: operações extraordinárias, temporárias, ajudas à banca. Na verdade, há histórico de uma única ressalva (há sempre uma ressalva nas regras comunitárias): a Polónia saiu do PDE com um défice global de 3,2% do PIB porque o Eurostat confirmou que 0,4 pontos percentuais deste rácio se deviam a uma reforma sistémica nas pensões.

Os dois indicadores chave para o PDE

Fonte: OE2017 (Valores em percentagem do PIB)
Fonte: OE2017 (Valores em percentagem do PIB)

Seja como for, é daqui que decorre a conclusão de que adiar a Caixa maximiza o potencial de saída. Dadas as incertezas sobre o impacto, e a dimensão do eventual impacto, da injeção de capital público no défice, não concretizar essa injeção aumenta a probabilidade de deixar o défice abaixo de 3%. Por exemplo, se a operação na Caixa fosse toda ao défice (os 2,7 mil milhões de euros de capitais públicos), o rácio subia para 3,9%.

Mas o Pacto de Estabilidade e Crescimento estabelece outra condição: a projeção dos défices de todo o horizonte temporal considerado pela Comissão tem de apontar para a manutenção do valor abaixo de 3%. Isto quer dizer que para deixar Portugal sair do PDE, Bruxelas tem de esperar um défice abaixo de 3% tanto para 2017, como para 2018. Por enquanto, nas Previsões de outono, é este o caso: espera-se um défice de 2,2% em 2017 e de 2,4% em 2018.

Contudo, estas projeções de outono não incluem ainda qualquer impacto decorrente da recapitalização da CGD. E é aqui que a história se complica.

O diabo está no timing da operação

“Se houver riscos ou incerteza sobre a durabilidade da correção do défice conseguida num ano, ou dúvidas sobre o reporte estatístico de alguma operação, o país pode não sair do PDE”, assume a mesma fonte ao ECO. Por exemplo, foi isso que aconteceu com Malta e com a Áustria, por motivos distintos, é certo, quando a Comissão preferiu esperar mais um ano para confirmar a saída destes países do PDE.

Além disso, há toda uma questão de timing da operação na CGD que pode complicar a avaliação da Comissão. Habitualmente, as decisões de saída do PDE são tomadas na primavera, depois de a Comissão fechar as suas previsões, no âmbito do semestre europeu. Foi assim com o Chipre, Irlanda e Eslovénia, cujas recomendações de saída do PDE feitas pela Comissão ao Conselho Europeu foram todas emitidas em maio.

Ora, tal como Mourinho Félix admitiu na terça-feira, a ideia do Governo é esperar pelo fecho de contas de 2016 na Caixa e fazer a injeção de seguida, quando já estiver bem definido o montante das imparidades. Isto é o mesmo que dizer que a operação pode vir a ser concretizada só depois de março. Se assim for, as incertezas quanto ao impacto no défice podem permanecer, uma vez que os gabinetes de estatística (seja o Instituto Nacional de Estatística português, ou o Eurostat) só se pronunciam sobre operações concretizadas.

E o que levará em linha de conta a Comissão, nas suas previsões? Tudo depende se a operação da Caixa já foi claramente anunciada, do julgamento que os comissários fizerem sobre a matéria e das próprias projeções de défice orçamental para 2017, excluindo esse efeito. Para toda esta análise o Programa de Estabilidade, que tem de ser entregue pelo Governo em Bruxelas até final de abril, será determinante. É esse documento que tem de ter a capacidade para demonstrar que o caminho de consolidação é estável e duradouro e que a operação da Caixa deve ser vista como extraordinária e temporária.

Portugal sai, não sai, ou já saiu e volta a entrar?

Partindo da hipótese de que há impacto no défice, Portugal ou sai do PDE, ou não sai. Mas se sair, já não volta a entrar por causa da CGD. Ou seja: não é só porque a operação foi adiada para 2017 que a Comissão se esquece que ela existe. Por isso, o simples adiamento pode potenciar a saída mas, se Bruxelas considerar que a operação é motivo para prejudicar a avaliação no âmbito do braço corretivo do PEC não vai fingir que ela não existe. Logo, a questão de sair do PDE em 2016 e voltar a entrar em 2017 não se coloca.

Para ajudar a ponderar a decisão, a Comissão deverá ter em conta a orientação de leitura do Pacto de Estabilidade e Crescimento deixada por uma carta de Olli Rehn, ex-comissário dos Assuntos Económicos e Financeiros, de 9 de outubro de 2013. Dessa carta resultam três guidelines:

  1. Se o país não estiver no PDE, mas furar os 3% do défice por causa de uma injeção de capital na banca, o facto de ser uma operação para estabilizar o sistema financeiro faz com que o país não deva entrar no PDE. Contudo, se este país tiver uma dívida pública superior a 60% do PIB, entra no PDE, a menos que o impacto no défice seja limitado e o rácio se mantenha ainda próximo dos 3%.
  2. Para um país no PDE, uma injeção de capital desta natureza não dá lugar a uma escalada nos níveis do PDE (não conduz, por exemplo, à recomendação de sanções).
  3. Mas para sair do PDE é preciso que a correção do défice para menos de 3% seja duradoura e, por isso, a injeção de capital pode atrasar a saída.

Ora, na primavera de 2017 Portugal estará enquadrado na terceira situação. Por isso, a resposta é, uma vez mais, “depende”. Mas a Comissão até pode decidir esperar mais um pouco para decidir, mas continuar a avaliar o país no âmbito das metas do braço preventivo, confirmou uma fonte, ao ECO.

INE pode ajudar

Há um elemento que pode ajudar a reduzir a incerteza na avaliação da Comissão e ele depende do Instituto Nacional de Estatística: um early guidance. O INE só se tem de pronunciar sobre o impacto da capitalização da Caixa no défice depois de a operação ter ocorrido. Mas pode, antes disso, pedir uma orientação ao Eurostat sobre este tipo de operações. Se o organismo de estatísticas português o fizer, isso pode ajudar a diminuir a incerteza sobre a dimensão do impacto no défice.

É que o próprio Eurostat, que é quem tem a última palavra sobre o registo da operação, só é oficialmente obrigado a pronunciar-se sobre o caso na primavera de 2018. E, mesmo nessa altura, se considerarem que o registo da operação é complexo, podem aprovar a conta apresentada pelo INE, fazer uma missão técnica em Portugal e só depois, no outono de 2018, aprovarem definitivamente as contas.

Este não é, definitivamente, o timing das decisões da Comissão. Mas, se o INE pedir o tal early guidance, e se o resultado da avaliação preliminar do Eurostat for favorável, isso pode diminuir a incerteza e pesar nos argumentos a favor da saída.

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5 coisas que tem de saber antes de abrirem os mercados

  • Rita Atalaia
  • 23 Novembro 2016

O Banco de Portugal apresenta o relatório de estabilidade financeira. A concessão de crédito e a solidez da banca vão estar em foco. Isto no mesmo dia em que o IGCP realiza o último leilão de dívida.

Os investidores vão estar de olho na banca portuguesa. Numa altura em que o setor mostra sinais de fragilidade, o Banco de Portugal apresenta o relatório de estabilidade financeira. A concessão de crédito e a solidez do sistema financeiro devem ser alguns dos temas que constam neste documento. Isto no mesmo dia em que o IGCP realiza o último leilão de dívida soberana deste ano.

Na Europa, os investidores vão perceber qual o impacto de Donald Trump nos setores dos serviços e indústria da Zona Euro. Olhando para o Reino Unido, o ministro das Finanças vai apresentar o comunicado de outono, onde pode revelar mais estímulos para a economia.

Portugal deve pagar mais para se financiar

Portugal deverá pagar uma taxa de juro média entre os 2,1% e os 2,2% quando o Tesouro português for hoje ao mercado pela última vez em 2016 tentar levantar obrigações do Tesouro a cinco anos, num montante entre os 500 e os 750 milhões de euros. Os custos de financiamento do Estado português deverão assim agravar-se face ao último leilão comparável, realizado a 26 de outubro, quando Portugal pagou um juro médio de 1,751% — no leilão anterior pagou um juro de 1,87% — para angariar 1.000 milhões de euros.

Investidores de olho na banca portuguesa

O Banco de Portugal vai apresentar o relatório de estabilidade financeira. Neste relatório, o banco central português deverá analisar tópicos como a concessão de crédito, rentabilidade e solidez do sistema bancário e riscos e vulnerabilidades da banca, numa altura em que o setor bancário tem mostrado sinais de fragilidade.

Qual o impacto de Trump na Zona Euro?

O índice de gestores de compras compósito — que inclui os setores dos serviços e indústria da Zona Euro — ficou nos 53,3 pontos em outubro. Isto em comparação com 52,6 pontos em setembro. Será que esta melhoria se vai manter em novembro? Esta quarta-feira é divulgada a leitura preliminar para novembro e os investidores querem ver se o PMI para novembro vai ser influenciado pela vitória de Donald Trump. Este indicador recuou acentuadamente após o Reino Unido ter decidido sair da União Europeia.

Mais medidas a caminho no Reino Unido?

O ministro das Finanças britânico terá uma tarefa difícil quando apresentar o comunicado de outono. Philip Hammond deve ser confrontado com previsões que apontam para um abrandamento do crescimento económico, para uma aceleração da inflação e para um aumento dos custos de financiamento. Por isto mesmo, o ministro não vai excluir grandes estímulos orçamentais, uma vez que quer continuar a mostrar progresso a nível das finanças públicas do Reino Unido. Projetos de investimento e apoios às famílias devem estar no topo das suas prioridades.

Fed pode dar mais pistas sobre política monetária

A Reserva Federal dos EUA vai apresentar as atas referentes à última reunião de política monetária, no início de novembro, que podem dar mais pistas sobre a decisão tomada. Nesta reunião, os responsáveis do banco central dos EUA mantiveram as taxas de juro, mas sinalizaram que querem subi-las em dezembro. Os investidores também parecem convencidos de que os juros vão mesmo aumentar no próximo mês. Pela primeira vez, o mercado atribui uma probabilidade de 100% a um movimento de subida de juros nos EUA na próxima reunião da Fed, em dezembro, segundo cálculos da Bloomberg, com base na evolução dos futuros no mercado de obrigações.

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Dow Jones ultrapassa os 19.000 pontos pela primeira vez

Não há quem pare os recordes na bolsa norte-americana. Os principais índices S&P 500, Dow Jones e Nasdaq não atingiam máximos, em conjunto e na mesma sessão, desde 1999.

A bolsa norte-americana não para de atingir novos recordes depois da eleição de Donald Trump para presidente dos Estados Unidos da América. O índice industrial Dow Jones ultrapassou os 19 mil pontos, um novo recorde para Wall Street.

Trump anunciou e a bolsa gostou. O próximo presidente quer desregular a economia norte-americana e os mercados parecem estar a reagir de forma positiva aos primeiros sinais que o próximo habitante da Casa Branca está a dar.

Depois de um recorde nos três índices na abertura desta semana, Wall Street continua em terreno positivo esta terça-feira. O índice Dow Jones conseguiu novo recorde valorizando 0,35% para os 19023.87 pontos. Também o índice S&P 500 ultrapassou os 2.200 pontos, ao avançar 0,29% para os 2204.5 pontos. O Nasdaq valorizou 0,33% para os 5386.35 pontos.

A contribuir para este resultado histórico do Dow Jones estão as empresas de construção norte-americanas. É o caso da Caterpillar que avança 37,55%, justificado pela valorização dos metais. A Bloomberg explica que os investidores apostaram em ações com maior risco com a expectativa de que o crescimento económico está aí à porta.

OPEP esvazia otimismo

O barril esteve perto dos 50 dólares mas regrediu a evolução positiva. Tal aconteceu por causa do esvaziamento do otimismo para o encontro de 30 de novembro da OPEP. Em causa estão conversações realizadas esta terça-feira: a Bloomberg noticia que não há certezas quanto ao corte de produção do Iraque nem do Irão. A decisão final foi empurrada para o encontro dos ministros de dia 30.

Editado por Mariana de Araújo Barbosa ([email protected])

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Clarkson, May e Hammond batem recorde na Amazon

Lembra-se do Top Gear? As três estrelas do popular programa de automóveis estrearam o The Grand Tour. E o primeiro episódio foi um sucesso. Bateu recorde na Amazon.

Foi grande a contagem decrescente para a estreia, mas o The Grand Tour finalmente chegou… à internet. O sucessor do Top Gear, popular série televisiva da BBC, estreou-se no final da semana passada. E com estrondo: é o programa mais visto de sempre em streaming. Uma bombshell, como diz Clarkson, para a Amazon.

“O The Grand Tour tornou-se oficialmente na série de maior sucesso de todos os tempos da Amazon Prime depois de o primeiro episódio ter sido a estreia mais streamed de… sempre”, dizem Jeremy Clarkson, Richard Hammond e James May na sua página oficial do Facebook. A Amazon não dá números concretos, mas diz que houve “milhões” de espetadores em frente ao ecrã… do computador.

O primeiro episódio do The Grand Tour tem toque português. É que é neste que Jeremy Clarkson e os seus companheiros revelam o resultado do teste comparativo entre um Porsche Spyder 918, um McLaren P1 e um Ferrari LaFerrari rodado no Autódromo Internacional do Algarve. Os testes foram feitos em outubro de 2015.

O primeiro episódio de The Grand Tour foi colocado online na última sexta-feira, 18 de novembro, mas apenas ficou disponível para os subscritores do serviço de streaming nos EUA, Reino Unido, Alemanha, Áustria e Japão. Os restantes, incluindo os portugueses, também poderão ver a série, mas terão de esperar um pouco mais. Só será possível a partir de 1 de dezembro.

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Portugal 2020: 50% a concurso e só 8% executados

Foram abertos, em média, 1,6 concursos por dia para aceder aos 25,7 mil milhões. Já foram colocados a concurso cerca de metade dos fundos comunitários até 2020.

Cerca de metade dos fundos comunitários que Portugal tem para investir até 2020 já foram postos a concurso. No entanto, a taxa de execução está nos 8%.

O que é que isto significa? Dos 25,7 mil milhões de euros que o Portugal 2020 tem disponíveis já foram colocados a curso para empresas, câmaras e até Estado central 12,75 mil milhões de euros (49%) do total. Desde que arrancou o novo quadro comunitário já foram abertos 1112 concursos, revela o Boletim trimestral do Portugal 2020. Ou seja, “desde a abertura do primeiro concurso do Portugal 2020, a 12 de novembro de 2014, até ao final do terceiro trimestre de 2016, foram abertos uma média de 1,6 concursos por dia”, pode ler-se no relatório.

Contudo, destes montantes postos a concurso, até ao final do terceiro trimestre, o volume de fundos aprovados no Portugal 2020 foi de 7,9 mil milhões de euros, destinados a financiar um investimento total de 12,55 mil milhões. Os fundos propriamente ditos só comparticipam 11,61 mil milhões de euros de investimento elegível, isto porque nem todas as despesas podem ser apoiadas pelas verbas comunitárias.

Este relatório referente a 30 de setembro — publicado quase dois meses depois (21 de novembro) — revela ainda que a taxa de execução do Portugal 2020 foi de 8%, que corresponde a mais de dois mil milhões de euros executados. No texto é referido que houve uma aceleração de 1,4 pontos percentuais face ao trimestre anterior. Quando comparado com o último relatório, que abarcou o Governo de Pedro Passos Coelho (31 de Dezembro de 2015), a progressão foi de 3,5 pontos percentuais. Recorde-se que aqui são contabilizadas as despesas pagas e certificadas.

“O perfil de execução é sempre este”, sublinhou ao ECO fonte oficial, acrescentando que neste neste quadro comunitário houve “uma alteração de padrão”, ou seja, “menos estradas e rotundas” e “empresas focadas a fazer outro tipo de coisas”. “A pressão não deve ser posta apenas na execução”, mas também na forma como o dinheiro está a ser utilizado.

Taxa de execução é de 8%

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Fonte: Agência para o Desenvolvimento e CoesãoFonte: Agência

Esta taxa de execução foi conseguida sobretudo graças à agricultura e à educação (domínios temáticos do desenvolvimento rural e do capital humano), que, em conjunto, “representaram quase 70% do total de fundos executados, sustentados pelos financiamentos para a competitividade das explorações agrícolas e ecossistemas e para a educação”, especifica o relatório.

O valor de pagamentos feitos aos promotores foi de 2,6 mil milhões de euros, o que equivale a 32% do total de fundos aprovados: isto significa que cerca de “um terço dos fundos aprovados já foi pago, tendo sido uma parte relevante sob a forma de adiamento”, precisa o documento.

PME com incentivos de 2,6 mil milhões

Os incentivos destinados às PME totalizaram 2,6 mil milhões de euros, revela o documento na análise por objetivos temáticos.

O domínio da competitividade e internacionalização representa 40% desse total, com cerca de cinco mil milhões para financiar investimento. E, apesar de não ser o mais relevante no conjunto do Portugal 2020, é referido que foi aquele que apresentou, no terceiro trimestre, maior aceleração.

Os financiamentos diretos e indiretos destinados às PME representam 26% do total de fundos aprovados, um montante que supera o que está inscrito no Compete, o programa operacional das empresas, porque os programas operacionais regionais também apoiam diretamente as empresas.

O domínio da competitividade e internacionalização continua a registar o valor de fundo comprometido mais elevado (três mil milhões de euros) — montantes que estão cativos para determinados projetos que ainda não estão a ser realizados no terreno, mas têm as verbas alocadas aos mesmos.

40% dos fundos a concursos são para empresas

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Fonte: Agência para o Desenvolvimento e CoesãoFonte: Agência para o Desenvolvimento e Coesão

 

Artigo atualizado

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Brexit já se faz sentir nas empresas e Reino Unido arrisca recessão

  • Marta Santos Silva
  • 22 Novembro 2016

Dependendo do acordo de saída da UE, o Reino Unido poderá entrar numa recessão ou crescer apenas 0,9%. E o impacto do Brexit, embora camuflado, já se faz sentir nas empresas britânicas.

O choque do referendo do Brexit pode não ter tido um impacto tão grande como o esperado na economia, mas os piores efeitos ainda vêm aí: dependendo dos termos da saída da União Europeia, a economia do Reino Unido pode mesmo entrar numa recessão em 2019, segundo um estudo da Euler Hermes.

Embora o estudo se foque mais nos efeitos a longo prazo da saída da União Europeia, os impactos do referendo na economia britânica já se fazem sentir, explica Ana Boata, economista para a Europa da Euler Hermes. “As insolvências de empresas no Reino Unido estavam a cair há 16 trimestres seguidos mas, no segundo e terceiro trimestres de 2016, já vimos uma inversão da tendência”, afirmou.

"Agora discutimos o impacto da incerteza no crescimento, e o facto de não se atraírem novos investimentos. Mas depois da saída [da UE] talvez os investimentos que lá existem agora queiram relocalizar-se para outro sítio.”

Ana Boata

Economista para a Europa, Euler Hermes

No estudo Brexit: What does it mean for Europe?, os economistas explicam que as empresas britânicas já se ressentem, em parte devido à desvalorização da libra, que dificulta o trabalho de qualquer empresa que dependa de importação de peças ou materiais vindos de outros países. Um desafio ainda maior vem para o ano, quando a equipa de economistas liderada por Ana Boata estima uma taxa de inflação de 2,5%, com impactos óbvios no poder de compra.

As perspetivas agravam-se a longo prazo, com a instabilidade e incerteza acerca do tipo de acordo que vai ser negociado a influenciar negativamente a confiança dos investidores e dos consumidores, a libra, e outros indicadores como as insolvências de empresas e as fusões e aquisições.

Em 2019 é que se vão sentir os maiores impactos

O relatório publicado pela Euler Hermes, uma das acionistas da companhia de seguros de créditos COSEC, prevê um aumento das insolvências de empresas a partir de 2017, com 2019 a ser marcado por um grande número de insolvências, dependendo do tipo de acordo de Brexit que acontece: com um Brexit parcial, em que a Irlanda do Norte e a Escócia permanecem na União Europeia, prevê-se que as insolvências aumentem em 9% relativamente ao ano anterior; já o Brexit total levaria a um aumento de 15%.

“O verdadeiro choque vai ser o ano da saída”, diz Ana Boata. Prevê-se que a saída aconteça em 2019 se o Artigo 50 do Tratado de Lisboa, que dá início a um período de negociações que pode levar cerca de dois anos, for ativado na data prevista em março de 2017. “Agora discutimos o impacto da incerteza no crescimento, e o facto de não se atraírem novos investimentos. Mas depois da saída talvez os investimentos que lá existem agora queiram relocalizar-se para outro sítio”, explica Boata.

Com uma saída rígida da União Europeia, o Reino Unido arrisca-se a entrar em recessão, prevendo-se um crescimento negativo do PIB em -1,2%. Uma saída mais favorável poderia resultar num crescimento quase neutro, de 0,2%, que deve ser pensado “em comparação com o facto de que o crescimento atual do Reino Unido é de mais de 2%”, acrescenta a economista.

Resiliência da economia pode esconder efeitos

A resiliência da economia britânica está a ajudar a diminuir o choque do referendo, em que uma maioria dos eleitores britânicos decidiu que o Reino Unido deveria sair da União Europeia. “Um dos principais fatores de resiliência que temos visto desde o verão foi a reatividade das autoridades”, afirma Ana Boata, “incluindo o Bank of England”. O banco central, explica, teve uma ação muito importante para o mercado, “não só em termos de liquidez mas também em termos de taxas de juro”.

Também a transição rápida entre David Cameron e Theresa May sossegou os mercados e os investidores. “Viram alguém pragmático que sugeriu que não vão sair só por sair” e que o Reino Unido vai demorar a decidir nos termos mais favorecedores, explica Ana Boata, acrescentando que a transição, que se esperava durar até setembro, ficou resolvida em julho.

Para ajudar a economia durante o processo de negociação do Brexit e mesmo após a saída da UE, o governo britânico também tem intenções de reduzir o imposto sobre os rendimentos das empresas e criar estímulos fiscais às despesas nas infraestruturas. “Mas não têm muito espaço de manobra do lado fiscal”, acrescenta a economista. “Podem não estar na Zona Euro, mas continuam a ter de respeitar o limite de défice de 3%”.

E o alívio dos principais efeitos do choque económico pós-Brexit pode até ter um efeito nas medidas implementadas para prevenir futuros choques. “Não excluo que haja medidas nos próximos tempos”, continua Ana Boata. “Mas provavelmente não serão muito impressionantes, ou não tão impressionantes como se tivesse havido um choque mais forte”.

Notícia corrigida às 12.30 do dia 23 de novembro: Retifica a posição acionista da Euler Hermes na COSEC.

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