CaixaBank volta a ter lucros acima de mil milhões

O banco catalão que tem a decorrer uma OPA sobre o BPI fechou 2016 com lucros de 1.047 milhões de euros. Aumentou os resultados à custa de maiores margens numa altura em que as provisões encolheram.

O CaixaBank, que tem a decorrer a oferta pública de aquisição (OPA) sobre o BPI, fechou o último ano com lucros de 1.047 milhões de euros. O banco catalão conseguiu inverter a tendência registada no final dos primeiros nove meses, encerrando 2016 com um crescimento de 28,6% nos resultados líquidos, beneficiando da melhoria na margem financeira, bem como da quebra nas provisões.

O banco liderado por Gonzalo Gortázar registava uma quebra de 2,6% nos lucros até ao final de setembro, mas acabou por conseguir apresentar um crescimento acentuado no total do ano. “Com este resultado, CaixaBank supera os 1.000 milhões de lucros por primeira vez desde o exercício referente a 2011“, refere o banco.

Para este resultado contribuiu a melhoria da margem financeira, mas também a quebra nos custos. “Num contexto de juros mínimos, a margem financeira situou-se em 4,157 milhões de euros (uma quebra homóloga de 4,5%). Desde meados de 2016 que a margem financeira mantém uma tendência de melhoria, tendo-se registado um crescimento de 3,5% no quarto trimestre”. Já os custos encolheram em 1,7%.

Determinante para este resultado líquido acima dos mil milhões por parte do banco liderado por Gonzalo Gortázar foi a quebra nas imparidades, que encolheram em 57,5%, bem como as receitas com as participadas. Só nesta rubrica, o banco registou um crescimento de 43,3% para os 828 milhões, beneficiando das receitas da Repsol.

Rácios em quebra… em plena OPA

Apesar destes resultados, os rácios de capital do CaixaBank deterioraram-se ligeiramente no final do ano passado. O CaixaBank apresentou um rácio common Equity Tier 1, numa base “fully loaded”, de 12,4%, sendo o rácio CET1 que serve de referência em termos de regulação de 13,2%. No final do terceiro trimestre, e depois do aumento de capital, o rácio numa base “fully loaded” estava em 12,6%.

O rácio encolheu em 20 pontos base. “A geração orgânica de capital no trimestre teve um contributo positivo, mas a quebra deve-se, entre outros, ao desenvolvimento de modelos internos de risco de crédito que levaram a um incremento nas deduções ao rácio de capital após as provisões”, refere a instituição.

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Angola: fábrica da Sumol+Compal já está a produzir

  • Lusa
  • 2 Fevereiro 2017

A portuguesa Sumol+Compal investiu 47 milhões de euros numa fábrica para produção em Angola. Vendas de sumos e refrigerantes atingem os 88,3 milhões de euros em 2016.

A portuguesa Sumol+Compal investiu 51 milhões de dólares (47 milhões de euros) numa fábrica para produção em Angola dos sumos e refrigerantes da marca, alcançando em 2016 vendas locais de 90 milhões de dólares (88,3 milhões de euros).

A informação foi transmitida hoje, em declarações à Lusa, pelo administrador delegado da Sumol+Compal em Angola, António Casanova, que acrescentou que a fábrica foi construída na zona do Bom Jesus, em Luanda.

Apesar das restrições decorrentes do acesso a divisas em Angola, para a importação de matérias-primas, o que tem causado “grandes dificuldades nos pagamentos ao exterior”, o responsável admite que os resultados obtidos foram “razoáveis”.

António Casanova falava à margem de uma visita realizada hoje a fábricas de bebidas na província de Luanda pelo ministro da Economia e pelo secretário de Estado da Indústria, tendo referido que aquela unidade fabril está concluída e a operar, com três linhas de produção, duas delas alocadas à produção de sumos.

“Temos noção que há uma crise que causa aqui vários constrangimentos, até mesmo ao nível da procura, devido ao poder de compra reduzido das pessoas. Ainda assim acreditamos que temos aqui oportunidades grandes, diria que no médio prazo o futuro é promissor”, frisou.

Segundo António Casanova, um conjunto de matérias-primas diversificado é importado, salientando que em 2016 cerca de 70% dos materiais para a produção vieram do exterior e cerca de 30% foi adquirido localmente.

Para o responsável, a instalação destas indústrias, no caso concreto da Sumol+Compal e do setor das bebidas, “cria uma oportunidade do surgimento de uma fileira da fruta a montante, que possa abastecer as fábricas e reduzir aquilo que é o nível das importações e até da dependência em relação ao exterior de um conjunto de bens que hoje têm que ser importados”.

Adiantou que para este ano está prevista a ampliação da capacidade de produção atual, de cerca de 800 mil litros diários, com a instalação de mais duas linhas de enchimento.

De acordo com António Casanova, mais de 95% das vendas realizadas pelo grupo em Angola são de produção local, para abastecimento exclusivo do mercado angolano.

O arranque da fábrica, localizada na zona do Bom Jesus, nas proximidades do rio Kwanza, tinha inicialmente previsto a criação de cerca de 180 postos e trabalho, atualmente emprega cerca de 300 trabalhadores.

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Marcelo deixa recados aos partidos e parceiros

Partidos e parceiros sociais devem repensar-se, sugere o Presidente da República. O importante é garantir a proximidade das pessoas e da realidade.

Recados e mais recados. Os parceiros económicos e sociais devem ter cuidado “para não descolarem das bases”. Os partidos têm de ser “capazes de olhar para a realidade e reformularem-se”. Estes foram dois avisos à navegação que Marcelo Rebelo de Sousa deixou num momento em que os parceiros sociais estão prestes a assinar uma adenda ao acordo de concertação que ditou o aumento do salário mínimo e que foi posto em causa pelo Parlamento na vertente da descida da Taxa Social Única.

“Atenção aos parceiros económicos e sociais para não descolarem das bases: não terem sindicalizados ou não terem representantes a nível patronal”, disse o Presidente da República, no primeiro episódio do programa Fronteiras XXI, da RTP1, dedicado ao populismo. “Por isso é que a concertação social é importante, tal como é o repensar dos parceiro económicos sociais“, acrescentou.

Quanto ao poder político os recados foram dois: mais proximidade, mas também capacidade de adaptação. “É fundamental a proximidade do poder político das pessoas, por isso tenho falado tanto de poder local”, justifica Marcelo. Por outro lado, “é importante algum consenso político entre partidos, mas é mais importante que eles se repensem, porque às vezes pode ser útil, como hoje é, haver, tendencialmente, dois termos de alternativa diversos sobre a governação do país”. “É bom haver alternativas, que cubram várias realidades e vários anseios”, frisa o Chefe de Estado.

É importante algum consenso político entre partidos, mas é mais importante que eles se repensem, porque às vezes pode ser útil, como hoje é, haver, tendencialmente, dois termos de alternativa diversos sobre a governação do país”. “É bom haver alternativas, que cubram várias realidades e vários anseios.

Marcelo Rebelo de Sousa

Presidente da República

Entre as suas “preocupações permanentes“, Marcelo Rebelo de Sousa colocou ainda um melhor funcionamento da Justiça, uma reformulação do Estado para estar mais próximo das pessoas, uma educação que assegure a vitalidade da democracia, um discurso político “que não seja politiquês”. Preocupações que talvez ajudem a explicar os elevados índices de popularidade do Chefe de Estado, caracterizado como o Presidente dos afetos.

E como o programa era sobre populismo, um fenómeno que tem ganhado lastro tanto na Europa como nos Estados Unidos, Marcelo elogia o facto da realidade portuguesa ser diferente face a outras europeias. “O nosso sistema politico, que é mais novo, tem uma plasticidade e uma capacidade de adaptação dos partidos, da realidade política e de algumas instituições, infelizmente não todas, para se ajustar”. Uma diferença que justifica “largamente”, pela “capacidade de rejuvenescimento” nacional e que permite ao Presidente “uma palavra de otimismo, não irritante”.

Marcelo defendeu ainda o populismo e as ruturas existentes nascem “da incapacidade de acompanhar novas realidade económicas, sociais, científicas e tecnológicas”. “As instituições são incapazes de se adaptar, funcionam mal” e tem um “distanciamento” muito grande entre o exercício do poder político das instituições e a realidade. “Era possível prever há já algum tempo a desatualização dos partidos, dos representantes dos parceiros económicos e sociais, da representação funcional”, defende. “Há desajustamento” que é necessário colmatar, alerta.

 

É inevitável EUA reconhecerem a importância da Europa

Os presidentes passam”. O alerta é de um Presidente. Marcelo Rebelo de Sousa, sem nunca se referir diretamente a Donald Trump, lembra que “há coisas que são inevitáveis”. “Podem demorar um mês, um ano, dois anos, três anos, mas são inevitáveis”.

A inevitabilidade a que Marcelo Rebelo de Sousa se refere é a de que os Estados Unidos vão inevitavelmente acabar por reconhecer a importância da Europa. O Presidente, assumindo o seu papel de professor, lembra que “na história ria dos EUA há muitos presidentes que começam por ser isolacionistas”, mas “volvido algum tempo convencem-se de que a Europa unida é melhor do que a Europa desunida”.

Questionado sobre se é essa a sua expectativa relativamente a Donald Trump, Marcelo frisa que “não é uma expectativa é uma certeza”.

“Os EUA precisam sempre da Europa como aliada fundamental. Seja o Presidente A, B, C, D ou E”, frisa Marcelo Rebelo de Sousa, alertando ainda que não se pode “confundir a conjuntura com a estrutura”. “Há coisas em que a Europa é insubstituível”, nomeadamente porque “percebe melhor” África, “a componente de Leste”, “a zona do Mediterrâneo, do Golfo e do Próximo e Médio Oriente”.

Os EUA precisam sempre da Europa como aliada fundamental. Seja o Presidente A, B, C, D ou E.

Marcelo Rebelo de Sousa

Presidente da República

E não é por a Europa ter ficado “parada a meio da ponte”, em termos de integração, que perdeu importância. Marcelo aponta o dedo ao facto de haver “dúvidas existenciais” sobre aqui que já integrou e de os vários países que integram o projeto europeu verem, “de formas completamente diferentes”, “o relacionamento com os vizinhos, a questão da segurança, do terrorismo, das migrações, dos refugiados, a evolução económico financeira”.

É verdade que “fazem um esforço para ter posições comuns, mas não basta”, alerta. “Devem ser posições comuns que respondam à resolução de problemas concretos de pessoas de carne e osso”, conclui.

 

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Fed manteve juros e Wall Street avançou

Os principais índices bolsistas norte-americanos terminaram a sessão em alta. O S&P 500 conheceu os primeiros ganhos em cinco sessões.

As bolsas norte-americanas encerraram em alta, com o S&P 500 a conhecer os primeiros ganhos após o pior ciclo de perdas desde a vitória de Donald Trump nas presidenciais de novembro. Este avanço acontece no mesmo dia em que a Reserva Federal dos Estados Unidos decidiu não mexer nos juros, com os principais índices norte-americanos a receberem com agrado os resultados empresariais.

O índice S&P 500, que agrega as 500 maiores capitalizações bolsistas norte-americanas, fechou a valorizar 0,02%, para os 2.279,26 pontos. Já o industrial Dow Jones e o tecnológico Nasdaq avançaram 0,14% e 0,5%, respetivamente, para os 19.890,94 e os 5.642,65 pontos.

Um dos marcos do dia de hoje foi a reunião da Fed que, tal como era esperado, optou por não mexer nas taxas de juro de referência, ao mesmo tempo que reconheceu o aumento da confiança dos consumidores e empresários após a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais. A taxa de juro da maior economia do mundo ficou assim no intervalo entre 0,5% e 0,75%. Na primeira reunião de política monetária do ano, os responsáveis da Fed reiteraram ainda as suas expectativas relativamente a um crescimento económico moderado e a “algum fortalecimento adicional” no mercado de trabalho.

O mercado valorizou isto, mas também aplaudiu ainda os resultados acima do previsto apresentados. Foi o que aconteceu na terça-feira com a Apple, que bateu as estimativas de vendas graças aos modelos mais caros do iPhone. Os investidores aguardavam ainda a divulgação de contas por parte do Facebook. Logo após o fim da sessão, a empresa liderada por Mark Zuckerberg apresentou resultados acima do esperado, apoiados na publicidade.

A empresa de social media anunciou que as suas vendas dispararam 51%, para 8,81 mil milhões de dólares. Já os lucros fixaram-se em 1,41 dólares por ação, acima da estimativa dos analistas que apontava para 1,31 dólares por ação. Por sua vez os utilizadores ativos mensalmente alcançaram 1,86 mil milhões de pessoas, superando também o esperado.

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Construtoras desesperam por mais obras

Os níveis historicamente baixos do investimento público em construção e as autarquias com prazos de pagamento muito longos deixam as construtoras numa situação difícil.

Os níveis historicamente baixos do investimento público em construção estão a deixar as empresas do setor com a corda na garganta. Se a isso se acrescentar a dilatação nos prazos de pagamento por parte das autarquias, o cenário agrava-se.

De acordo com os dados do Banco de Portugal, em 2016, o investimento em construção ascendeu a 13,13 mil milhões de euros, uma quebra de 1,6% face a ano anterior. Excetuando o ano de 2014, quando o volume de investimento foi de apenas 12,81 mil milhões, é preciso recuar a 1987 para ter um valor tão baixo (13,1 mil milhões).

Por outro lado, a Direção Geral das Autarquias Locais revelou que 81 dos 294 municípios com informação validada têm prazos de pagamento superiores a 60 dias, no último trimestre de 2016. Se por um lado, Elvas e Moita levam 63 e 62 dias em média, Portimão e Nazaré têm prazos de pagamento de 1.683 e 1.649 dias, respetivamente.

Investimento em construção muito longe dos máximos

Fontes: INE Banco de Portugal (Valores em milhões de euros)
Fontes: INE Banco de Portugal (Valores em milhões de euros)

“No setor autárquico há obras com financiamento comunitário que ainda não arrancaram e que decorrem do processo de mapeamento”, reconhece ao ECO, Manuel Machado. O presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) e presidente da Câmara de Coimbra refere-se assim à lista de obras que já estão identificadas que as várias câmaras podem fazer até 2020 com financiamento comunitário. Quanto aos atrasos nos prazos de pagamento, Manuel Machado prefere sublinhar as melhorias no indicador já que a larga maioria das câmaras paga a menos de 60 dias, além de que “a generalidade dos municípios está em condições de fazer face à contrapartida nacional” que lhes cabe assegurar nas obras com apoios comunitário.

O presidente da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas do Norte (AICCOPN) tem uma leitura diferente: “Temos conhecimento que muitas câmaras nem sequer têm financiamento correspondente à contrapartida nacional”, disse ao ECO.

Reis Campos frisa que “há falta de obras, porque não há investimento público”. “Antes concorriam 20 empresas por cada concurso. Agora os concursos estão vazios”, acrescenta. Além disso, “as empresas até podem ter falta de obras, mas não concorrem porque os preços não são compatíveis. São demasiado baixos”.

Esta é uma das grandes preocupações do responsável que defende a necessidade de mudar as regras porque o sistema atual “não leva a lado nenhum”. “Há oito anos que alertamos para esta situação”. “À primeira vista parece que o Estado está a poupar, mas está a dar cabo do tecido empresarial”, acrescenta, precisando que “as câmaras também não ajudam” neste ponto porque querem fazer obra ao valor mais baixo possível ainda que isso depois possa resultar num “aumento da litigância”.

À primeira vista parece que o Estado está a poupar [com os preços anormalmente baixos nos concursos públicos], mas está a dar cabo do tecido empresarial.

Reis Campos

Presidente da AICCOPN

“A cumplicidade” que existia entre construtoras e câmaras, “era mutuamente benéfica porque resolvia problemas no passado”, frisou ao ECO Ricardo Pedrosa Gomes. As construtoras aceitavam, por vezes, fazer um trabalho, porque “havia a expectativa de que a seguir a um trabalho viria outro”, explica o presidente da Associação de Empresas de Construção e Obras Públicas e Serviços (AECOPS). “Uma espécie de business plan das autarquias baseado na capacidade financeira do empreiteiro. Agora só as construtoras que têm atividade internacional é que o podem fazer”, reconhece.

Ricardo Pedrosa Gomes identifica ainda um outro problema. Com a falência de tantas construtoras, nas regiões mais interiores do país, por vezes, não há empresas para fazer os trabalhos e os concursos acabam por ficar desertos. O presidente da AECOPS também está preocupado com a quebra do nível de investimento e receia que “as perspetivas para 2017 não sejam muito melhor”.

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Rui Moreira no ECO Talks para falar dos desafios que o Porto tem pela frente

O autarca já anunciou a recandidatura à Câmara do Porto. Os empresários esperam que, em caso de reeleição, Rui Moreira tenha como prioridade atrair investimento e criar emprego.

A pouco mais de nove meses das eleições autárquicas, Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto continua em estado de graça na cidade. O independente (apoiado pelo CDS local) que derrotou Manuel Pizarro do PS e Luís Filipe Menezes do PSD soube unir a cidade e têm-se assumido como a voz do Norte, em defesa dos interesses não só do Porto, como de toda a região. Mas será que este estado de graça se vai prolongar até ao fim do mandato? Será capaz Rui Moreira de voltar a surpreender na noite eleitoral? Será o Porto capaz de aprofundar a recuperação urbana de modo a responder a dois eixos estratégicos: o reforço da componente turística da cidade e a criação emprego, sobretudo qualificado?

Rui Moreira estará esta quinta-feira, 2 de fevereiro, na terceira edição do ECO Talks, a primeira a realizar no Porto, para responder a estas e outras questões.

Já se sabe que Rui Moreira se vai recandidatar e sobretudo já se sabe que terá o apoio do PS, com quem fez uma coligação invulgar e com quem conseguiu montar uma estratégia para a cidade, e repete o apoio do CDS-PP. Mas falta saber as linhas mestras do seu novo mandato. E sobretudo os desafios que tem pela frente. A avaliar pelos empresários contactados pelo ECO, a prioridade máxima tem que ser a atração de investimento.

Atração de investimento

Um dado é certo, a cidade tem que continuar a atrair investimento, capaz de gerar emprego e sobretudo emprego qualificado para fixar os jovens que as Universidades formam. Aliás, os empresários contactados pelo ECO apontam mesmo estas como as prioridades da autarquia e os principais desafios de Moreira para o que resta deste mandato e as bandeiras da campanha que se avizinha.

Rui Moreira, que tem como uma das principais características ser bom ouvinte, sabe-o melhor do que ninguém. A InvestPorto, que o autarca diz que tem feito um trabalho notável, é uma criação do seu mandato, e tem feito inúmeros contactos com potenciais investidores.

Manuel Ferreira da Silva, administrador do BPI, realça que a “atração de investimento tem que se manter como bandeira, mas há já vários casos confirmados nesta matéria”. De resto Ferreira da Silva diz que “Rui Moreira conhece muito bem a cidade e isso é uma enorme vantagem para perceber o que deve ser feito”.

Uma ideia partilhada por Estela Barbot, administradora da REN. Para a economista, “o principal desafio de Rui Moreira é continuar a apresentar um projeto ambicioso assente na atração do investimento e do turismo, o que de resto tem sido feito e com sucesso”.

"Rui Moreira conhece muito bem a cidade e isso é uma enorme vantagem para perceber o que deve ser feito”

Manuel Ferreira da Silva

Administrador do BPI

O facto da cidade do Porto estar na moda tem ajudado a essa captação de investimento. A par disto, a autarquia tem apostado em “ser um laboratório para a inovação“, de modo a tornar “o Porto num território fértil” nas palavras de Moreira, no que respeita ao empreendedorismo.

"o principal desafio de Rui Moreira é continuar a apresentar um projeto ambicioso assente na atração do investimento e do turismo, o que de resto tem sido feito e com sucesso”

Estela Barbot

Administradora da REN

Rafael Campos Pereira, vice-presidente da AIMMAP (Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal), põe também a tónica na inovação e sobretudo na industria 4.0. “É importante que o presidente do Porto prossiga o trabalho que tem feito e na lógica das empresas que consiga atrair mais investimento para o Porto e, sobretudo criar um hub na área das novas tecnologias e particularmente na industria 4.0”. Para o vice-presidente da AIMMAP, “é importante que a segunda cidade e o segundo polo económico do país se afirme como líder nesta área”. Uma forma, salienta Campos Pereira, de “suportar o crescimento dos setores tradicionais (calçado, têxtil e metalomecânica) tão presentes na região”.

"É importante que consiga atrair mais investimento para o Porto e sobretudo criar um hub na área das novas tecnologias e particularmente na industria 4.0”

Rafael Campos Pereira

Vice-presidente da AIMMAP

Gestão da STCP

Na questão da mobilidade avizinham-se também novos desafios. A autarquia irá assumir, dentro de mais ou menos um mês, a gestão da STCP, uma empresa que tem vindo a perder clientes e é preciso reverter a situação. A par disso, a autarquia bateu-se pela criação do terminal intermodal de Campanhã.

Ainda ao nível da mobilidade, o autarca sempre defendeu a criação de novas linhas para o Metro do Porto, e ao que tudo indica terá aqui uma “mão” do Governo. O Executivo de António Costa deverá anunciar na próxima semana a criação de novas linhas para o metro do Porto, para o período compreendido entre 2018/2020.

Reabilitação da Campanhã

Uma das grandes apostas do Executivo é a reabilitação de Campanhã e de toda a zona oriental da cidade do Porto. É uma aposta de longo prazo e que não se esgota nem num, nem em dois mandatos. Rui Moreira aposta num modelo semelhante ao da Baixa do Porto. O plano é que toda a zona oriental do Porto possa ser considerada num prazo de 20 anos uma nova centralidade da cidade. O investimento deverá rondar os 75 milhões de euros e inclui não só o terminal intermodal como duas fortes áreas empresariais. E ainda a reconversão em polo cultural do antigo Matadouro em Campanhã.

Um projeto que Eduardo Rangel, presidente do grupo Rangel considera vital. “É importante que se continue a reavaliar a parte urbana e no caso concreto da zona oriental tive oportunidade de visitar a zona com o presidente da Câmara e considero que há ali um trabalho importante a desenvolver , sobretudo no segundo mandato, que penso que vencerá”

Turismo

A visibilidade do Porto a nível internacional tem sido notória e os números refletem isso mesmo. Em 2016, e segundo números provisórios do Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP) a cidade registou 6,8 milhões de dormidas, um crescimento de 10,7% face a 2015, e atingindo valores muito próximos aos objetivos traçados para 2020. Mas aqui levanta-se um problema. Há já quem fale na massificação do turismo no Porto e na impossibilidade das famílias se fixarem nas zonas consideradas históricas, onde prolifera o alojamento local destinado a turistas e a preços proibitivos. Para o presidente do Porto, que chamou a si o pelouro do turismo da autarquia a que juntou ainda a presidência da Associação de Turismo do Porto, os impactos negativos estão a ser controlados e relembra que o turismo é também sinónimo de desenvolvimento económico, emprego e reabilitação desde que regulado.

"O Porto tem feito um trabalho notável ao nível da cultura e do turismo, mas falta trazer as empresas e a economia para a cidade”

António Mota

Presidente da Mota-Engil

Uma opinião partilhada pelo empresário e presidente da Mota-Engil. António Mota diz que “o Porto tem feito um trabalho notável ao nível da cultura e do turismo”. Mas “falta trazer as empresas e a economia para o Porto”.

Ainda no turismo, o autarca mantém o suspense sobre a taxa turística, tendo inclusive já referido que esse vai ser um tema para a campanha eleitoral.

Mercado do Bolhão

Foi uma das promessas eleitorais do autarca. Rui Moreira queria reabilitar o Mercado do Bolhão, torná-lo num verdadeiro mercado municipal de frescos, e voltar a dar ao espaço o traço distintivo de há 30/ 40 anos. Hoje o concurso está lançado, e o autarca espera conseguir adjudicar a obra ainda neste mandato.

Palácio de Cristal

O futuro do Palácio de Cristal/Pavilhão Rosa Mota passa pela concessão pelo prazo de 20 anos ao consórcio “Porto Cem por Cento Porto” com uma renda mensal de 20 mil euros. A minuta do contrato foi aprovada em assembleia municipal já este ano, mas falta ainda o visto do Tribunal de Contas. O pavilhão deverá ser transformado em centro de congressos.

Centralismo

O combate ao centralismo tem sido uma das bandeiras de Rui Moreira. Já o era antes de entrar para a autarquia e manteve-se com mais destaque desde então. As suas posições levam-no mesmo a assumir uma certa liderança em toda a área metropolitana em assuntos como o dossier da TAP, a legislação do arrendamento comercial, entre outros. Rui Moreira é um combatente feroz da forma como as políticas públicas são geridas. Para o autarca, apesar de o Norte ser o grande motor das exportações é constantemente esquecido em prol de Lisboa. Moreira diz mesmo que “Portugal é macrocéfalo” e esse é um desafio que seguramente vai marcar o(s) seu(s) mandatos.

Ainda no combate ao centralismo, o autarca defende que o Estado devia devolver competências aos municípios.

Cultura

A cultura era a par, com a coesão social e a economia, os pilares da candidatura do presidente da Câmara do Porto. E aqui há unanimidade em afirmar que esta é uma aposta ganha pelo autarca e seguramente o aspeto mais fraturante entre o mandato de Rui Moreira e o seu antecessor Rui Rio. Moreira abriu as portas da câmara à cultura, tendo começado por resolver a questão do Teatro Rivoli, que voltou a ser um teatro municipal. Hoje, como gosta de dizer o autarca, a cultura está em locais em que era impensável e sobretudo tem público.

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Reino Unido: Theresa May já pode desencadear o Brexit

O Parlamento do Reino Unido votou no sentido de dar à primeira-ministra britânica Theresa May o poder de desencadear o Brexit. Saída da União Europeia está nas mãos do governo.

O Parlamento britânico deu à primeira-ministra Theresa May o poder de invocar o artigo 50 do Tratado de Lisboa e, assim, dar o pontapé de saída no processo que resultará na saída do Reino Unido da União Europeia. Segundo o jornal The Guardian, 498 deputados votaram a favor e 114 votaram contra. Já a moção dos nacionalistas da Escócia para travar o processo foi chumbada.

A esmagadora maioria dos deputados escolheram, assim, prosseguir com a vontade dos britânicos de desvincular o Reino Unido de Bruxelas, expressa em referendo público no ano passado. Recorde-se que o Parlamento teve de ser envolvido no processo por decisão do Supremo Tribunal no passado dia 24 de janeiro.

Theresa May, anteriormente pela permanência, já anunciou ter optado pela via do hard Brexit, o processo pelo qual o país corta os laços com a União Europeia na totalidade. Terá de comunicar oficialmente essa intenção à Comissão Europeia e o quando está agora nas mãos do governo. Esta quinta-feira, deverá ser revelado o relatório com as linhas orientadoras do processo de saída.

Atualizado às 20h12 com mais informação.

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Do perfume ao nuclear. Inovar a metalomecânica

Encher frascos de perfume, boiões de comida de bebé, válvulas para controlar fluidos nas centrais nucleares... Para cada cliente uma solução. É a regra da T.S.F.

A T.S.F., uma empresa de metalurgia de precisão, produz 90% para exportação, mas só para a Europa. A empresa faz o que o cliente quer, não produz grandes séries e não tem produto próprio. Aos fundos comunitários já os trata por ‘tu’. Pedro Sousa conta o ECO que na próxima semana vão pedir o reembolso e vistoria do último projeto que estão a desenvolver com o apoio do Portugal 2020.

Foram 2,14 milhões de euros de apoio, para um investimento de 3,1 milhões de euros destinado a desenvolver uma nova área de negócio de alto valor acrescentado. Mas o que é que isto significa exatamente? “Desenvolver a construção de uma máquina para a Michelin, para a indústria nuclear e para perfumaria”, explica Pedro Sousa. Perdão? “As máquinas para encher os frascos de perfume são feitas aqui”, precisa. Perfumes franceses, leia-se. “E fazemos as válvulas que controlam os fluidos das centrais nucleares, nomeadamente do Reino Unido e da China”, acrescenta. Neste caso o cliente é a francesa Areva que depois fabrica as centras completas.

Pedro Sousa precisa um pouco melhor o modelo de negócio da empresa: “Somos uma metalúrgica de precisão, fazemos as peças técnicas para as máquinas e equipamentos e, nalguns casos, até montamos as máquinas aqui. Depois a componente informática é acrescentada pelo fabricante”. “A T.S.F. não faz grandes séries, não trabalha para a indústria automóvel, mas antes para um mercado pequeno e exigente de pequenas séries ou peças únicas, o que nos permite estar em clientes de valor acrescentado”. Mas, se por um lado, esta é uma mais-valia para a empresa, por outro exige um investimento sistemático. “E os nossos investimentos são caros”, reconhece o responsável por esta pequena empresa de Vila Nova de Famalicão.

Instalações da T.S.F. Metalúrgica de precisão, em Vila Nova de Famalicão.

E é aqui que os fundos comunitários desempenham um papel determinante. Já com o QREN, o quadro comunitário anterior ao Portugal 2020, Pedro Sousa conta que o utilizaram por duas vezes: primeiro foi um projeto de 900 mil euros para a Nestlé, em França, para controlar o enchimento de boiões de comida de bebé e garrafas de água, que ainda hoje é usada pela marca. Depois seguiu-se um projeto de maior envergadura de 1,75 milhões de euros para equipamento produtivo.

Apesar da sua pequena dimensão, a empresa está a crescer de vento em popa. Os dois mil metros quadrados iniciais da fábrica já foram, entretanto, alargados para quatro mil. “Mas estamos a pensar fazer mais”, admite o responsável. Esta empresa de Vila Nova de Famalicão registou o ano passado um volume de negócios de 5,7 milhões de euros, sendo que este ano a ambição é chegar aos seis milhões.

Já com o pé na indústria 4.0 lançada com pompa esta semana, Pedro Sousa explica que tudo já é informatizado na empresa para dar a melhor resposta possível aos clientes. “A cada projeto novo o cliente pergunta se somos capazes de o fazer e isso, muitas vezes, implica fazer novos investimentos que tentamos que depois sejam também uma mais-valia para os outros”, acrescenta.

Pedro Sousa admite que a empresa não tem muitos clientes — “são necessários dois a quatro anos para desenvolver a confiança dos clientes, é um processo” — mas não deixa de participar em feiras nomeadamente na Alemanha, Suécia, Holanda, França para tentar encontrar novos, mesmo em mercados onde já está presente. A aposta, não esconde, está sobretudo nos países nórdicos que têm bons prazos de pagamento. Mas “no Reino Unido já há contactos com dois ou três clientes“. E Brexit? “Não é um problema para nós”, garante.

Com um resultado líquido de 180 mil euros em 2015, um valor que deverá ter crescido em 2016, garante, Pedro Sousa conta que a T.S.F. foi crescendo só com clientes portugueses, mas o tempo que perdiam a tentar receber era tempo que não usavam no desenvolvimento do negócio. “Foi assim que fomos para fora. Bendita a hora”, diz. Agora vendem maioritariamente em França, Alemanha, Suécia, Dinamarca, Suíça, Áustria e Itália.

Para o futuro próximo, já estão a a ser pensados novos concursos ao Portugal 2020 até porque Pedro Sousa não tem qualquer razão de queixa. “Ouço muita coisa, mas connosco tem corrido 100%. O maior problema é a aprovação dos projetos que tem um prazo maior, mas é dentro do aceitável, foram quatro meses. Mas já pedi reembolsos por duas vezes e 30 dias depois o dinheiro estava na minha conta”, conclui.

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Carris com danos? Tecnologia da Nomad Tech resolve

A Nomad Tech propõe-se criar uma solução tecnológica para tornar os carris e os comboios mais seguros, num consórcio com outras quatro empresas europeias e com 1,5 milhões do Horizonte 2020.

 

São muitos os acidentes ferroviários que têm origem em carris defeituosos. Há uma empresa portuguesa, a Nomad Tech, que se propõe criar uma solução tecnológica para tornar os carris e os comboios mais seguros — o Autoscan.

De uma forma simples: a ideia é automatizar as inspeções dos carris através de um sistema leve e autónomo que faz o trabalho enquanto os comboios não estão a funcionar. Os defeitos são detetados e registados com exatidão — o problema, a dimensão e o local. A solução pretende produzir resultados mais fiáveis para os operadores de caminhos-de-ferro, mas também ser mais eficiente. A informação recolhida é depois descarregada e centralizada para monitorização e agendamento das reparações necessárias. Um interface gráfico permite aos utilizadores controlar o sistema, retirar e rever dados defeituosos.

O projeto está a ser desenvolvido por um consórcio de cinco empresas europeias: a belga I-moss; a espanhola Promaut; a britânica TWI Global, a Universidade de Birmingham e, claro, a portuguesa Nomad Tech. Uma empresa mais pequena que resultou de uma separação da EMEF, mas que é detida a 35% pela Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário e maioritariamente pela inglesa Nomad, explicou, ao ECO, Sílvia Perfeito.

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Os responsáveis do consórcio de cinco empresas europeias que está a desenvolver a tecnologia

Para “desenvolver este produto inovador que possa ser vendido e exportado”, nas palavras de Sílvia Perfeito, o consórcio conta com uma ajuda comunitária e 1,51 milhões de euros do Horizonte 2020, o programa liderado por Carlos Moedas. A luz verde foi recebida no início de março de 2016 e os trabalhos arrancaram a 1 de junho, conta Sílvia Perfeito. Nos 24 meses que o projeto deve durar, o consórcio ainda vai procurar obter mais financiamento, para não ter de suportar a totalidade dos custos, acrescenta, precisando que tem toda a confiança de que no final terminarão “com os objetivos cumpridos”, ou seja um produto exportável.

A Nomad Tech já não é nova nestas andanças. Não só já desenvolveu vários projetos com apoio comunitário, nomeadamente ao abrigo do programa antecessor do Horizonte 2020, como também com as empresas que integram este consórcio. “Foram eles que nos chamaram para este projeto”, conta. “Gostam de trabalhar connosco e vão mantendo o contacto”, explica a responsável pelos projetos da empresa.

Uma das estratégias da Nomad Tech é depois de concluídos os projetos “agarrar nos produtos e trabalhá-los um pouco mais, individualmente, tentando melhorá-los” para depois poderem exportar as soluções encontradas.

Depois da Comissão Europeia ter anunciado esta terça-feira que selecionou mais uma PME portuguesa, a Consulpav, que também faz parte de um consórcio, a quem foi atribuído o montante de 2,1 milhões de euros para facilitar a transição da sua ideia inovadora para o mercado, o ECO foi tentar perceber o que as empresas escolhidas estão a fazer com os apoios recebidos no âmbito do projeto-piloto “Processo Acelerado para a Inovação” (FTI), executado ao abrigo do programa de investigação e inovação da UE, Horizonte 2020.

Neste caso, a Nomad Tech está esperançada de que conseguirá desenvolver este produto para os operadores ferroviários — os potenciais clientes neste caso. Em caso de sucesso, EMEF e CP serão bons candidatos para adquirir o serviço. A relação umbilical que existe entre empresas, e que permite que a Nomad Tech teste gratuitamente muitas soluções nas duas, não será suficiente para usufruir desta inovação. Há que pagar, porque em causa está um produto desenvolvido por um consórcio, explica Sílvia Perfeito.

E a potencialidade é gigante. Na Europa há 215.720 quilómetros de caminhos-de-ferro, sendo que todos os anos 4.300 ficam danificados.

Artigo revisto às 17:12 de quinta-feira

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Fed mantém taxas de juro

Na primeira reunião de política monetária de 2017, a Reserva Federal (Fed) dos Estados Unidos manteve os juros no intervalo entre 0,5% e 0,75%. Mas reconhece melhoria da confiança dos consumidores.

Tal como previsto nada mudou. Na primeira reunião de política monetária de 2017, a Reserva Federal (Fed) dos Estados Unidos optou por não mexer nos juros de referência da maior economia do mundo, ao mesmo tempo que reconheceu o aumento da confiança dos consumidores e empresários após a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais.

Na reunião que terminou esta quarta-feira, a entidade liderada por Janet Yellen manteve a taxa de juro no intervalo entre os 0,5% e 0,75% fixados em dezembro, naquela que foi a primeira subida no espaço de um ano.

As medidas do sentimento dos consumidores e dos negócios melhoraram recentemente“, afirmou a Federal Open Market Committee (FOMC) na declaração disponibilizada após o final do encontro que decorreu nos últimos dois dias, citada pela Bloomberg. Os responsáveis da Fed reiteraram as suas expectativas relativamente a um crescimento económico moderado, “algum fortalecimento adicional” no mercado de trabalho e o retorno da taxa de inflação ao nível de 2%.

A entidade liderada por Janet Yellen deu poucas indicações relativamente à data em que poderá vir a aumentar os custos de financiamento, perante a incerteza gerada em torno da nova administração de Donald Trump. Em dezembro, a Fed estava a prever três subidas de 25 pontos base da taxa de juro, em 2017, e outras três em 2018, mas os membros do comité divergiram no que respeita aos pressupostos sobre aquele que será o impacto dos cortes de impostos, gastos e alterações regulatórias propostos por Donald Trump, sobre o crescimento económico e a inflação.

O FOMC reiterou ainda assim que antecipa que as taxas de juro irão subir de forma gradual. A declaração divulgada esta tarde diz que o aumento dos empregos “manteve-se sólido” e que a taxa de desemprego se “manteve próxima dos mínimos recentes”, o que constitui uma alteração face à linguagem utilizada na reunião de dezembro que dizia que a taxa “tinha caído”.

“A inflação subiu nos últimos trimestres mas ainda se mantém abaixo dos 2% do objetivo de longo prazo do comité”, disse ainda a Fed.

(Notícia atualizada às 19:30 horas com mais informação)

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Nintendo: Uma centena de jogos em desenvolvimento para a Switch

O presidente executivo da Nintendo avançou que existem já 100 jogos em desenvolvimento para a Switch. Nova consola pode dar novo fôlego aos estúdios de média dimensão.

A Switch é a nova consola híbrida da Nintendo.Nintendo

Existem já mais de 100 jogos em desenvolvimento para a Nintendo Switch, a nova consola da marca japonesa que deverá chegar ao mercado a 3 de março. A informação foi revelada pelo presidente Tatsumi Kimishima. De acordo com a Forbes, originalmente, cerca de 50 estúdios estariam a trabalhar em 80 títulos. Agora, o número supera já os 70 estúdios a trabalharem em conteúdos para o aparelho.

Como explica a revista, um dos aspetos que, outrora, ditou o sucesso da PlayStation 2, da Sony, foi a grande variedade de jogos, quer ao nível do género, quer ao nível da faixa etária. Isso aconteceu devido à abundância de estúdios de média dimensão que, embora raros nos dias de hoje, parecem estar a ganhar um novo fôlego com a novidade da Nintendo.

A Nintendo Switch está a gerar buzz entre os fãs da marca e não só. A principal característica prende-se com o facto de ser um aparelho híbrido — isto é, apesar de ser uma consola portátil, pode também funcionar como uma consola doméstica.

Sobre isso, numa conferência de imprensa de apresentação de resultados, Kimishima aproveitou para contestar aquilo que muitos temiam: a Nintendo Switch é de uma linha diferente e não vem para substituir a Nintendo 3DS — uma consola exclusivamente portátil e com dois ecrãs. Para o presidente, a 3DS é um aparelho “com características únicas e diferentes das da Switch”.

Posto isto, a Nintendo aposta agora num modelo mais global de jogos liberalizados. Na prática, comprar um jogo nos Estados Unidos não impede que o mesmo seja jogado numa consola Switch em Portugal, algo que não acontecia até aqui nas consolas da Nintendo, incluindo a 3DS.

De acordo com a Forbes, é agora provável que mais estúdios de jogos se associem à plataforma, criando diversos jogos que poderão ser um motor para o sucesso do aparelho. Isto depois do lançamento do Super Mario Run que, apesar de ser um sucesso no número de downloads da aplicação, desiludiu nas vendas devido ao preço tido como elevado que os jogadores têm de pagar se quiserem desbloquear mais níveis.

A Nintendo apresentou esta terça-feira os resultados relativos ao terceiro trimestre fiscal que terminou a 31 de dezembro. A empresa registou vendas na ordem dos 174,3 mil milhões de ienes (1,4 mil milhões de euros), abaixo das estimativas dos analistas. Nesse período, a empresa teve um resultado líquido de 64,7 mil milhões de ienes (531,7 milhões de euros).

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Lesados do BES já moveram 400 ações contra Estado, BdP, CMVM

Os lesados do BES moveram cerca de 400 ações de responsabilidade social contra o Estado, BES em liquidação, Novo Banco, CMVM, Banco de Portugal e Fundo de Resolução, entre julho e setembro de 2016.

Os lesados do BES moveram cerca de 400 ações de responsabilidade social contra o Estado, BES em liquidação, Novo Banco, CMVM, Banco de Portugal e Fundo de Resolução, entre julho e setembro de 2016.

Segundo adianta o relatório anual da Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa (PGDL), hoje divulgado, entre as cerca de 400 ações, pendentes na Instância Central Cível de Lisboa, estão também processos movidos pelos lesados do BES contra administradores e funcionários e intermediários financeiros.

"Destas ações o Estado português foi citado, até setembro de 2016, em 18 processos, citação que visa a responsabilidade solidária do Estado e seus membros (Presidente da República, primeiro-ministro, etc) no âmbito da concessão do empréstimo ao fundo de resolução e das expectativas então originadas sobre a solidez do BES”

Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa

“Destas ações o Estado português foi citado, até setembro de 2016, em 18 processos, citação que visa a responsabilidade solidária do Estado e seus membros (Presidente da República, primeiro-ministro, etc) no âmbito da concessão do empréstimo ao fundo de resolução e das expectativas então originadas sobre a solidez do BES”, revela o documento.

No processo de liquidação judicial do BES, o relatório da PGDL acrescenta que, até setembro de 2016, foram apresentadas cerca de 14 mil reclamações de créditos, no valor total de cerca de 35 milhões de euros. A PGDL salienta a “notória dificuldade processual e de acompanhamento pelo Ministério Público de um caso de gigantismo processual invulgar” e “elevado grau de tecnicidade”, que exige aos procuradores conhecimentos na área fiscal, bancária e económica.

Globalmente, na investigação da criminalidade económico-financeira a PGDL assinala uma maior complexidade de casos, “com utilização intensiva de transferência para o regime offshore, atuação de redes de corrupção em diversas áreas de serviços administrativos relevantes (por exemplo saúde e segurança social), utilização de pessoas coletivas como fachada, e o uso de tecnologias de informação visando o anonimato e impunidade”.

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