Portugal começa a reduzir dívida em outubro, garante António Costa
O primeiro-ministro, António Costa, disse que Portugal deverá começar a reduzir a dívida já em outubro. "É a esta trajetória que temos de dar continuidade", afirmou.
O primeiro-ministro, António Costa, declarou que Portugal vai começar a reduzir a sua dívida pública “a partir de outubro”, indicador que, aliado à descida do défice, sustenta o caminho de recuperação económica do país.
“Estamos a conseguir reduzir o défice e vamos começar a reduzir a dívida a partir de outubro. É a esta trajetória que temos de dar continuidade, e para darmos continuidade precisamos de dar força à mudança política que fizemos há dois anos”, vincou Costa, falando em Trancoso, como secretário-geral do PS, perante dezenas de socialistas presentes na abertura da sede de campanha do candidato autárquico local.
"(…) Vamos começar a reduzir a dívida a partir de outubro. É a esta trajetória que temos de dar continuidade.”
O chefe do Governo e líder do PS diz ser “preciso dar força” aos socialistas para ser prosseguida “esta mudança de política”. “Os resultados têm sido bons, mas temos de fazer mais para serem melhores e sustentáveis”, advogou, antes de pedir que seja dada continuidade ao trabalho iniciado “nesta legislatura” nas legislativas de 2019. No atual executivo municipal de Trancoso, presidido por Amílcar Salvador, que o PS recandidata, os socialistas têm a maioria, com quatro elementos, e o PSD possui três vereadores.
Subida do rating abre “novas oportunidades” de investimento
Por sua vez, o ministro dos Negócios Estrangeiros destacou as “novas oportunidades” que a subida do ‘rating’ de Portugal abre para colocação da dívida portuguesa junto de investidores institucionais e atribuiu “diplomaticamente” aos portugueses o “mérito principal” desta conquista.
“Alguns dos investidores institucionais, como os fundos de pensões, estão obrigados estatutariamente a só comprar divida com uma certa classificação, de grau de investimento, e portanto o facto de hoje termos a nossa dívida assim classificada por parte da Standard & Poor’s [S&P] abre novas oportunidades para colocação junto de investidores”, afirmou Augusto Santos Silva em declarações aos jornalistas à margem de uma visita aos empresários portugueses presentes em Milão, Itália, na maior feira de calçado do mundo – a MICAM.
Comentando a revisão em alta, na sexta-feira, pela agência de notação financeira S&P do ‘rating’ atribuído à dívida soberana portuguesa de ‘BB+’ (a nota mais elevada de não investimento, descrita como ‘lixo’) para ‘BBB-‘ (a mais baixa de investimento), Santos Silva considerou tratar-se de “uma muito boa notícia porque Portugal”.
“Portugal tem desde sexta-feira a sua dívida cotada em grau de investimento por duas agências, incluindo uma das três grandes agências (a S&P), e as outras duas agências já colocaram a dívida pública portuguesa em perspetiva positiva, o que quer dizer que, numa próxima revisão, teremos certamente todas as agências internacionais de ‘rating’ a classificar a divida portuguesa como uma dívida em que vale a pena investir”, sustentou.
Questionado pelos jornalistas sobre o debate entre PSD/CDS-PP e PS em torno dos méritos desta melhoria da avaliação da dívida portuguesa, Santos Silva, assumindo-se como “habituado à linguagem diplomática” dado o cargo que ocupa, preferindo apenas afirmar, “de uma forma muito simples e consensual, que o mérito principal pertence aos portugueses”.
Já relativamente a uma eventual dificuldade acrescida levantada por esta subida do ‘rating’ da República na negociação com os partidos da esquerda parlamentar do Orçamento do Estado para 2018, o ministro recordou que “a maioria da esquerda parlamentar é mesmo constituída pelo Partido Socialista” e assegurou que o Governo está “comprometido com uma trajetória de reversão do défice e da dívida pública” que é “absolutamente essencial”, pelo que “nada” fará “que a possa por em causa”.
“Esta subida do ‘rating’ significa que foi possível, como nós sempre dissemos, combinar o rigor financeiro com políticas económicas e sociais mais ativas e que este é o caminho que nós devemos continuar a trilhar”, sustentou. A este propósito, o governante recordou que “a última dívida colocada de Obrigações do Tesouro, portanto dívida a prazos relativamente longos, foi colocada na última quarta-feira com os juros mais baixos das colocações deste ano”.
E, salientou, “uma dívida mais bem cotada significa menos encargos com juros para o orçamento português, o que significa que os contribuintes portugueses pagam menos pelo ‘stock’ da dívida”. “Já há dois ou três anos que o nosso saldo primário é positivo, isto é, se descontarmos o que pagamos de juros de dívida, as nossas contas públicas estão equilibradas. Mas ainda temos um ‘stock’ elevado de dívida e, por isso, gastamos por ano ainda muitos milhares de milhões de euros com o serviço de dívida. Quanto menos gastarmos mais recursos temos para outras políticas, incluindo as políticas de incentivos económicos”, afirmou.
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