OCDE: Economia da Zona Euro acelera em 2017. Depois abranda
A zona euro é a surpresa de 2017, mas a OCDE prevê que o deixe de ser no próximo ano. A tendência mundial de crescimento económico será passageira se os governos não fizerem mais, avisa a organização.
A OCDE vê a economia da zona euro a acelerar ainda mais em 2017 do que já tinha previsto em junho. Contudo, o crescimento económico dos países da moeda única vai abrandar em 2018. A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) reviu em alta a maior parte das suas previsões intercalares reveladas esta quarta-feira.
No primeiro trimestre deste ano, a economia da zona euro avançou 1,9%. O crescimento económico acelerou no segundo trimestre para 2,3%, uma progressão que a OCDE prevê que seja estável durante este ano. A Organização projeta um crescimento de 2,1% em 2017, mais 0,3 pontos percentuais face à previsão de junho.
Fonte: OCDE, Interim Economic Outlook (setembro)
“Na zona euro, o crescimento do PIB superou as expectativas no primeiro semestre de 2017”, escreve a OCDE na atualização desta quarta-feira, assinalando a criação de emprego, a política monetária acomodatícia e a redução da incerteza política. A Organização elogia o fortalecimento do consumo, investimento e das exportações “saudáveis”, desvalorizando os efeitos da recente apreciação do euro na atividade económica.
Na análise, a OCDE destaca os três motores da economia da zona euro: Alemanha (2,2%), França (1,7%) e Itália (1,4%) — o crescimento económico nestes países também é revisto em alta. A economia alemã surpreendeu. A economia francesa para lá caminha, diz a OCDE, com as reformas laborais e fiscais de Emmanuel Macron, o recém-eleito Presidente francês. Já Itália precisa de resolver os problemas na banca para ir mais longe.
Um dos problemas apontadas pela Organização é a subida dos preços — a inflação core continua longe de atingir a meta de perto de 2% do Banco Central Europeu. A OCDE assinala que, se a apreciação do euro continuar, esta pode ter um “efeito amortecedor” na inflação. “As autoridades [nacionais e europeias] enfrentam a dificuldade de equilibrar a contínua política acomodatícia enquanto gerem os riscos da estabilidade financeira”, lê-se no documento, que refere as bolhas e as distorções criadas.
O conselho da OCDE é que os bancos centrais sejam prudentes na retirada dos estímulos, fazendo-o na “altura apropriada” de forma a reduzir gradualmente o seu balanço. “Sejam previsíveis”, pede a Organização, para que a volatilidade financeira seja minimizada, referindo que a incerteza é um dos potenciais riscos.
E o resto do mundo?
A OCDE prevê que a economia mundial cresça 3,5% em 2017 e 3,7% em 2018. “A recuperação económica tem sido cada mais vez sincronizada entre os países” a curto prazo, escreve a Organização, referindo a expansão no investimento, emprego e comércio. O problema está no médio e longo prazo: o investimento empresarial, as trocas comerciais e a produtividade são o calcanhar de Aquiles da economia mundial. A solução? “Reformas profundas”, diz a OCDE.
A nível mundial uma das surpresa é a Índia: a economia irá abrandar em 2017, mas no próximo ano irá ser a economia que mais cresce (7,2%), ultrapassando a China (6,6%). A mesma aceleração regista-se no Brasil que, depois da recessão, começa a recuperação económica em 2017 (0,6%), fortalecendo-a em 2018 (1,6%). Os Estados Unidos vão crescer 2,1% este ano, acelerando para os 2,4% no ano seguinte.
Por outro lado, a economia britânica vai continuar a desacelerar, fruto da queda do consumo e do investimento. E, claro, da incerteza à volta das negociações com o Brexit que se arrastam até 2019. “A taxa de desemprego desceu para menos de 4,5%, mas a fraca produtividade e a tímida subida real dos salários persistem”, assinala a organização liderada por Angel Gurría.
O crescimento económico será sustentável?
A resposta depende da política económica adotada pelos países avançados e emergentes. A OCDE considera que as políticas não devem ser “complacentes” com a dinâmica atual do crescimento económico. “Para assegurar um crescimento robusto a médio prazo, a política monetária deverá manter-se acomodatícia em algumas economias, mas com um olho na estabilidade financeira”, explica a Organização.
A OCDE insiste que são necessários esforços “estruturais” para potenciar o investimento, a produtividade e “para assegurar que a recuperação económica beneficie todos”. Por isso, recomenda que os governos continuem com uma política orçamental expansionista para promoverem o “crescimento inclusivo”. De outra forma, a organização prevê que o crescimento económico a longo prazo será “insuficiente para sustentar melhorias generalizadas nos padrões de vida dos cidadãos”.
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