Putin admite extensão do corte na oferta de petróleo até final de 2018

O presidente russo assume-se aberto a uma extensão do acordo que define cortes à produção petrolífera até março. A intenção é fazer subir os preços da matéria-prima.

Vladimir Putin mostrou disponibilidade da parte da Rússia para estender os cortes à produção de petróleo acordados com a OPEP até ao final de 2018. A decisão oficial só será sabida mais perto do antigo prazo do acordo, o próximo mês de março.

Tendo em conta a realidade que se assistir em março de 2018, tomaremos a nossa decisão. Mas não rejeito a hipótese de estender [o acordo com a OPEP]“, afirmou o presidente russo, Vladimir Putin, numa conferência da Semana da Energia Russa. “Se falarmos de uma possível extensão, então claro, será pelo menos até ao fim de 2018”.

Se falarmos de uma possível extensão, então claro, será pelo menos até ao fim de 2018.

Vladimir Putin

Presidente da Rússia

A quebra dos preços tem demorado a ser corrigida, o que motivou uma primeira extensão do acordo entre a OPEP e outros países fora do cartel, como a Rússia, até março. E poderá requerer um novo prolongamento do corte da produção até ao final de 2018, aquele sobre o qual Putin se pronuncia agora, para que acabe o excesso de oferta no mercado, que condiciona a subida das cotações.

O pacto em questão foi assinado entre a Rússia e os membros da Organização de Países Exportadores de Petróleo. Concordaram em cortar a produção nos respetivos Estados de forma a controlar o excedente mundial e desta forma voltar a aumentar os preços. A aliança com a Rússia é essencial ao sucesso do acordo tendo em conta o peso deste país no mercado petrolífero.

O barril de West Texas Intermediate (WTI) está a cotar nos 50,22 dólares e o de Brent, referência para a Europa, está a ser transacionado nos 55,77 dólares. Ambos registam quebras na ordem dos 0,4% nesta sessão, abalados pelo final da época alta — durante a qual o consumo e a procura são geralmente mais elevados.

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Proprietários e inquilinos de acordo: incentivos para o arrendamento acessível são “insuficientes”

Proprietários antecipam que a adesão ao programa de rendas acessíveis será fraca, porque a redução de impostos não é suficiente. Inquilinos questionam a forma de cálculo da renda acessível.

O Governo vai avançar com um programa de incentivos fiscais para os proprietários que pratiquem rendas acessíveis. Chama-se Programa de Arrendamento Acessível e faz parte da Nova Geração de Políticas de Habitação, documento a que o Jornal de Negócios e o Público tiveram acesso e que prevê isenções no IRS e no IMI. Proprietários e inquilinos estão de acordo: as medidas são positivas, mas “claramente insuficientes”. Por um lado, a redução de impostos não é suficiente para atrair proprietários para fora do mercado livre e, portanto, a adesão ao programa será fraca. Por outro, o cálculo do que deve ser uma renda acessível não é o adequado e os inquilinos continuam a sair a perder.

A resolução do Governo, que será aprovada em breve em Conselho de Ministros, prevê que os proprietários que se inscrevam no novo programa fiquem isentos de imposto sobre os rendimentos prediais. Estes proprietários poderão ainda beneficiar de um desconto de 50% no IMI, ou mesmo ficar totalmente isentos deste imposto, se as assembleias municipais assim o determinarem.

"Há um problema prático que tinha de ser evitado e que foi a razão para que as rendas disparassem: o adicional ao IMI. Se esse imposto não for abolido, nada disto tem mínima utilidade.”

Luís Menezes Leitão

Presidente da Associação Lisbonense de Proprietários

Para os proprietários, o problema começa logo nestas reduções. “O que está em causa é uma isenção de IRS para os senhorios que aceitem perder 20% do valor da renda, associada a uma redução do IMI que depende da vontade das câmaras. Há um problema prático que tinha de ser evitado e que foi a razão para que as rendas disparassem: o adicional ao IMI. Se esse imposto não for abolido, nada disto tem a mínima utilidade”, diz ao ECO Luís Menezes Leitão, presidente da Associação Lisbonense de Proprietários. Importa lembrar, contudo, que o aumento das rendas, sobretudo em Lisboa e no Porto, já vem desde há vários anos. Em 2014, os dados das consultoras imobiliárias apontavam para que a renda média em Lisboa tivesse aumentado perto de 3% face ao ano anterior. Em 2016, o valor médio das rendas em Lisboa já tinha disparado 23% em relação ao ano anterior, para 830 euros por mês. Já o AIMI só começou a ser pago este ano.

Seja como for, o presidente da ALP considera que o resultado prático destas medidas “é neutro”, já que o proprietário deixa de pagar imposto sobre 28% dos rendimentos, mas terá de reduzir as rendas em 20% face ao valor de mercado, ao mesmo tempo que uma boa parte continua a estar sujeita ao AIMI. “Só há impacto em relação a muito pequenos senhorios, aqueles que só têm um apartamento para arrendar. Quem tenha um prédio de rendimento continua a pagar o AIMI”.

Estas propostas são, assim, “claramente insuficientes” e Luís Menezes Leitão antecipa que haverá pouca adesão a este programa de rendas acessíveis. “O ganho que o proprietário tem é manifestamente insuficiente num quadro de disparar de rendas. Aliás, quem aderir a isto fica sujeito a um controlo enorme e as pessoas querem é estar no mercado. Não acreditamos que haja grande adesão a este programa”, salienta.

"Estamos com receio de que haja muita gente que queira terminar os contratos, devido ao descrédito que o Governo lançou sobre o mercado de arrendamento.”

Luís Menezes Leitão

Presidente da Associação Lisbonense de Proprietários

Para que os incentivos sejam suficientes para os proprietários aceitarem praticar rendas acessíveis, há duas medidas que a APL considera essenciais: abolir o AIMI e reduzir a taxa de IRS para quem pratique arrendamento de longa duração, independentemente do preço. “Apresentámos uma proposta para que o IRS baixe à medida que o contrato seja renovado, ou seja, cada ano de renovação faria baixar três pontos no IRS, até ao valor de 10%. Era uma maneira de se evitar que os contratos fossem denunciados. Receamos que muita gente que queira terminar os contratos, devido ao descrédito que o Governo lançou sobre o mercado de arrendamento”, critica.

Luís Menezes Leitão destaca ainda outro problema: o dos proprietários que viram as rendas congeladas. “O Governo prorrogou o congelamento das rendas antigas, em que não há reduções de 20% em relação ao mercado, mas de 80% ou até 90%. É das maiores injustiças que não haja isenção para as rendas já consumadas”. Segundo o Negócios, porém, os contratos já existentes também poderão ser abrangidos pelo Programa de Arrendamento Acessível, desde que cumpram os requisitos ou sejam adaptados para que passem a cumprir, nomeadamente no que toca ao valor da renda.

“Não existe valor de mercado neste momento”

Do lado dos inquilinos, as preocupações são outras. Ao ECO, Romão Lavadinho, presidente da Associação de Inquilinos Lisbonenses (AIL), admite que as propostas “são positivas”, mas, uma vez mais, “insuficientes”. Desde logo, pela forma como se calcula o valor de uma renda considerada acessível.

“O Governo diz que a renda acessível vai ser 20% abaixo do preço de mercado. Não existe valor de mercado, neste momento, no arrendamento. Um T1 tanto pode custar 700 como mil euros. São valores completamente disparatados”. Na verdade, a proposta do Governo deverá acumular dois critérios para o cálculo da renda acessível: esta terá de ficar 20% abaixo do preço de mercado e não poderá ultrapassar 30% dos rendimentos dos inquilinos em causa. Ainda não é certo, contudo, o que acontece com esta diferença: em regiões como Lisboa, uma renda que seja 20% mais barata do que o preço de mercado continua a ficar acima de 30% do rendimento médio da população.

A AIL propõe que este cálculo seja feito de outra forma. “A renda acessível deve ser calculada com uma taxa de 4% a 5% sobre o valor patrimonial tributário. Aceitando 5%, isto quer dizer que, numa casa que tenha um valor de 100 mil euros, o proprietário pode receber 5 mil euros por ano, o que resulta numa renda de pouco mais de 400 euros. Isso já consideramos acessível”, explica Romão Lavadinho.

"É preciso beneficiar os proprietários para que haja mais casas no mercado de arrendamento e possa haver concorrência, para que haja preços mais baixos.”

Romão Lavadinho

Presidente da Associação de Inquilinos Lisbonenses

Quanto às restantes propostas, de benefícios fiscais para os proprietários, a associação considera-as positivas, até porque “é preciso beneficiar os proprietários para que haja mais casas no mercado de arrendamento e possa haver concorrência, para que haja preços mais baixos”.

A grande questão, salienta Romão Lavadinho, vai ser quem sai realmente beneficiado com este programa. “Se continuarmos a beneficiar apenas os proprietários, prejudicando os inquilinos, como aconteceu com a lei de Assunção Cristas [Novo Regime do Arrendamento Urbano, de 2012], estamos em desacordo. Tudo o que vier tem de trazer mais benefícios para os inquilinos, que têm de ter uma renda de acordo com os seus rendimentos e não de acordo com o mercado”.

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Importações crescem dobro das exportações. Défice agravou-se

  • Lusa
  • 4 Outubro 2017

Os dados do INE para o comércio internacional em 2016 mostram que as exportações portuguesas aumentaram 0,8% e as importações subiram 1,5%. O resultado foi um agravamento do défice comercial.

As exportações portuguesas aumentaram 0,8% e as importações subiram 1,5% em 2016 face a 2015, o que resultou num agravamento do défice comercial para 11.221 milhões de euros, divulgou o INE.

Segundo os dados provisórios do Instituto Nacional de Estatística (INE) para o comércio internacional em 2016, as exportações de bens totalizaram 50.022 milhões de euros, o que corresponde a um aumento nominal de 0,8% face ao ano anterior, e o valor das importações de bens aumentou 1,5%, totalizando 61.243 milhões de euros.

A balança comercial de bens atingiu um saldo negativo de 11.221 milhões de euros, o que representa um aumento do défice em 510 milhões de euros face ao ano anterior.

De acordo com o INE, a evolução do comércio intra-União Europeia (UE) “determinou o crescimento global em ambos os fluxos”, já que as transações com os países extra-UE diminuíram.

Como resultado, os países intra-UE “reforçaram o seu domínio” nas transações de bens de Portugal com o exterior, tendo atingido um peso de 75,1% nas exportações e de 77,8% nas importações.

Quanto ao agravamento do défice da balança comercial, deveu-se ao comércio extra-UE, dado que no comércio intra-UE se registou uma” ligeira melhoria”.

No ano passado, os principais clientes e fornecedores externos de bens a Portugal continuaram a ser Espanha, França e Alemanha, que conjuntamente representaram mais de metade das exportações (50,2%) e das importações (54,1%).

“O mercado espanhol foi o que mais contribuiu para o crescimento global das exportações de bens, pelo que Espanha reforçou a sua posição como principal destino, mantendo-se igualmente como o principal fornecedor”, nota o INE.

Apesar da evolução favorável registada em 2016, o défice da balança comercial de bens com Espanha “permaneceu claramente” como o mais elevado.

No que respeita às importações de bens, o maior acréscimo registou-se nas importações da Rússia, devido à aquisição de combustíveis minerais, ascendendo este país a 9.º principal fornecedor (14.º em 2015).

Se as transações de bens com Espanha, Alemanha e Itália continuaram a apresentar os principais saldos deficitários, o excedente mais elevado passou a registar-se nas transações com o Reino Unido, seguindo-se França e EUA.

No que se refere aos bens transacionados, as máquinas e aparelhos continuaram a ser os principais grupos de produtos exportados e importados, tendo-se os crescimentos anuais mais elevados registado nas exportações de máquinas e aparelhos e nas importações de veículos e outro material de transporte.

Já as transações de combustíveis minerais diminuíram, numa “tendência fortemente influenciada” pela redução dos preços nos mercados internacionais, tendo passado a 7.º principal grupo de produtos exportado (terceiro em 2015) e a 5.º importado (segundo em 2015).

Segundo o instituto estatístico, este grupo de produtos era o que “tradicionalmente registava o maior saldo negativo”, mas passou em 2016 a apresentar o terceiro maior. O maior défice comercial passou a registar-se nos produtos químicos, enquanto o maior excedente continuou a registar-se nas transações de minerais e minérios.

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Bruxelas exige que Amazon pague 250 milhões a Luxemburgo

  • Lusa
  • 4 Outubro 2017

Decisão de Luxemburgo permitiu à Amazon evitar tributação de quase três quartos dos lucros obtidos vendas efectuadas na UE. Bruxelas exige que os impostos em falta sejam pagos.

A Comissão Europeia concluiu, esta quarta-feira, que o Luxemburgo tinha concedido à Amazon vantagens fiscais indevidas de aproximadamente 250 milhões de euros, ajudas ilegais que o país tem agora que recuperar.

Ao abrigo das regras da União Europeia (UE) em matéria de auxílios estatais, isto é ilegal, pois permitiu à Amazon pagar substancialmente menos impostos do que as outras empresas.

O Luxemburgo permitiu “que a Amazon pagasse quatro vezes menos impostos do que as outras empresas locais sujeitas às mesmas regras fiscais nacionais, o que é ilegal ao abrigo das regras da UE em matéria de auxílios estatais”, disse a comissária para a Concorrência, Margrethe Vestager.

Após uma investigação aprofundada, iniciada em outubro de 2014, a Comissão concluiu que uma decisão fiscal adotada pelo Luxemburgo em 2003, e prorrogada em 2011, tinha reduzido, sem qualquer fundamento válido, o imposto pago pela Amazon no Luxemburgo.

A decisão fiscal permitiu à Amazon transferir a grande maioria dos seus lucros de uma empresa do grupo Amazon sujeita a imposto no Luxemburgo (Amazon EU) para uma empresa que não está sujeita a imposto (Amazon Europe Holding Technologies).

Em especial, a decisão fiscal autorizava que a Amazon EU pagasse ‘royalties’ [valor que é pago por se comercializar ou explorar um produto, por exemplo] à Amazon Europe Holding Technologies, o que reduzia consideravelmente os seus lucros tributáveis.

A investigação da Comissão revelou que o nível do pagamento de ‘royalties’ autorizado pela decisão fiscal foi inflacionado e não refletiu a realidade económica.

Por conseguinte, a Comissão concluiu que a decisão fiscal tinha concedido uma vantagem económica seletiva à Amazon, ao permitir que o grupo pagasse menos impostos do que as outras empresas sujeitas às mesmas regras fiscais nacionais.

Com efeito, a decisão fiscal permitiu que a Amazon evitasse a tributação de quase três quartos dos lucros obtidos com todas as suas vendas efetuadas na UE.

Por aplicação do método autorizado pela decisão, os lucros tributáveis da empresa de exploração foram reduzidos a um quarto do seu montante real. Quase três quartos dos lucros da Amazon foram indevidamente atribuídos à empresa ‘holding’, onde não eram tributados. Com efeito, a decisão fiscal permitiu que a Amazon evitasse a tributação de quase três quartos dos lucros obtidos com todas as suas vendas efetuadas na UE.

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CaixaBank tomará as decisões que forem necessárias em defesa dos seus clientes

O CaixaBank, instituição que controla o BPI, diz que tomará as decisões que forem necessárias em defesa dos seus clientes. O objetivo, garante, é defender os clientes, empregados e acionistas.

Perante a situação política que se vive na Catalunha, o CaixaBank afirma que o único objetivo que defende é o de proteger, em todos os momentos, os interesses dos seus clientes, acionistas e empregados e será isso que vai guiar as decisões futuras das instituição.

Numa nota interna divulgada juntos dos seus colaboradores, na terça-feira, denominada “Greve e manifestação na Catalunha”, o banco defendeu a importância de “comunicar proativamente” aos seus clientes o seu compromisso na defesa dos seus interesses, segundo escreve o jornal espanhol Expansion.

A instituição que controla o BPI, adiantou mesmo que será a defesa dos interesses dos clientes a “guiar as decisões futuras, que caso seja necessário, tenhamos que tomar“.

A instituição catalã deixou claro que respeita o direito de greve e manifestação dos seus funcionários e garante que o único objetivo da instituição é “proteger em todos os momentos os interesses dos seus clientes, acionistas e empregados, garantindo a integridade dos depósitos“.

A incerteza politica que se vive em Espanha tem provocado receios juntos dos investidores, sobretudo ao nível da banca, setor que tem sido mais penalizado, sobretudo as instituições com sede na Catalunha, como é o caso do CaixaBank e do Sabadell. As ações de ambos os bancos registam quedas de quase 6% na bolsa espanhola.

Aliás, o presidente do Sabadell, Josep Oliu também já veio afirmar que: “se for necessário tomaremos medidas”. Oliu frisou que perante a crise política que se vive em Espanha, o Banco Sabadell conta com os instrumentos adequados, em sede da União Europeia e do sistema de supervisão bancária, para proteger os interesses dos seus clientes.

O presidente do Sabadell deixou mesmo um aviso: “a atual conjuntura pode distorcer o foco do que é realmente importante num contexto económico global em que os países competem e a segurança jurídica e a seriedade institucional são fundamentais”.

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Bruxelas processa Irlanda. Não corrigiu incentivos à Apple

  • Lusa
  • 4 Outubro 2017

Bruxelas ordenou a Dublin que pedisse 13 mil milhões de euros à Apple, pois considera que esta empresa foi mais beneficiada que as pares. Após um ano sem rever a quantia, a questão vai a tribunal.

A Comissão Europeia decidiu esta quarta-feira apresentar queixa contra a Irlanda no Tribunal de Justiça da UE, por Dublin não ter cobrado à Apple 13 mil milhões de euros em ajudas consideradas ilegais, como Bruxelas ordenara há mais de um ano.

Em agosto de 2016, Bruxelas concluiu que os benefícios fiscais concedidos pela Irlanda à multinacional tecnológica eram ilegais à luz das regras comunitárias de ajudas estatais, pois permitiram à Apple pagar substancialmente menos impostos que outras empresas, ordenando por isso às autoridades irlandesas que recuperassem 13 mil milhões de euros acrescidos de juros.

“A Irlanda tem que recuperar 13 mil milhões de euros da Apple em ajudas estatais ilegais. Contudo, mais de um ano depois de a Comissão ter adotado a sua decisão, a Irlanda ainda não recuperou o dinheiro. Naturalmente que compreendemos que a cobrança pode ser mais complexa nuns casos do que noutros, mas os Estados-membros têm que fazer suficientes progressos para restaurar a concorrência. É por isso que hoje decidimos levar a Irlanda ao Tribunal da União Europeia por não ter implementado a nossa decisão”, anunciou a comissária da Concorrência, Margrethe Vestager.

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Preços da habitação disparam em Portugal. É uma bolha? Banco de Portugal responde

  • Margarida Peixoto
  • 4 Outubro 2017

O Banco de Portugal nota que o investimento em habitação tem crescido bem acima do ritmo da atividade económica. Mas grande parte dos capitais são próprios e vêm de fora.

Os preços da habitação em Portugal dispararam 7,9% no primeiro semestre do ano.Paula Nunes / ECO

O investimento em habitação “cresce significativamente acima do PIB” e “os preços da habitação deverão continuar a aumentar bastante acima da inflação em 2017,” lê-se no Boletim Económico de outubro, publicado esta quarta-feira pelo Banco de Portugal. Alto! Quer dizer que estamos perante uma bolha que pode, a qualquer momento, rebentar e comprometer a estabilidade financeira? Por enquanto, não há sinais disso, sugere o banco central.

Parece que a tempestade perfeita se está a formar: o investimento em habitação dispara, os preços sobem (7,9% no primeiro semestre de 2017), o montante dos novos empréstimos para a compra de casa atingiu máximos desde finais de 2010, os juros estão historicamente baixos. A taxa de desemprego desce, mas os salários continuam contidos.

Mas, desta vez, e pelo menos por enquanto, a história do passado parece não estar a repetir-se. É que há um elemento novo na equação: uma parte relevante da procura está suportada por não residentes e parte do capital utilizado para a compra de habitação é próprio.

Os números

Antes de mais, importa analisar os números com cautela. É verdade que os spreads exigidos pelos bancos, em junho de 2017, nos empréstimos para habitação estavam já próximos dos registados em meados de 2011, relata o boletim do banco central. Mas continuam “bastante acima dos verificados no período anterior à crise económica e financeira,” lê-se no documento.

O mesmo acontece nos montantes dos novos empréstimos. Aumentaram no primeiro semestre do ano, tendo mantido um dinamismo que se observa já desde o início de 2015. “Atingiram valores máximos desde finais de 2010”, mas “representam apenas cerca de metade dos montantes observados nos anos anteriores à crise,” continua o relatório. Além disso, o valor dos reembolsos “continua a mais do que compensar o novo crédito concedido,” diz o documento.

E os preços?

Um aumento de 7,9% é “significativo,” reconhece o Banco de Portugal que dá conta de que as quebras registadas durante a crise, entre 2008 e 2013, já foram revertidas. Porém, “em termos reais ainda se situam bastante abaixo dos valores observados em 2008.”

Para a aceleração dos preços da habitação está a contribuir em parte o aumento da procura por não residentes.

Banco de Portugal

Boletim Económico, outubro 2017

E é aqui que o boletim identifica outro fator chave: “Para a aceleração dos preços da habitação está a contribuir em parte o aumento da procura por não residentes.” Ou seja: parte das compras representam uma injeção de capital vinda do exterior. É, na verdade, um afluxo de capitais que tem permitido reabilitar o imobiliário, criar mais emprego, colocar casas no alojamento local, disponibilizar arrendamentos.

“A tendência mais recente de reafetação da carteira de investimento que se verifica à escala europeia, juntamente com a existência de outros incentivos, nomeadamente ao nível fiscal, podem justificar o aumento da procura por parte de não residentes,” argumenta o Banco de Portugal.

Com a inflação e os juros tão baixos, “este tipo de investimento tem-se tornado mais apelativo, refletindo o aumento da sua taxa de rendibilidade relativamente a outros investimentos de longo prazo, nomeadamente de menor risco,” explica o relatório.

Conforme sugere o relatório do banco central, ainda não há evidência de um fenómeno creditício: há um aumento da compra, mas não se verifica a exposição ao risco porque ela não está a ser financiada excessivamente por crédito bancário. Porém, caso isso venha a verificar-se, o Banco de Portugal poderá ser obrigado a tomar medidas. Há pelo menos três limites à concessão de crédito que podem ser acionados:

  1. Limites ao empréstimo em função do valor do bem adquirido;
  2. Limites ao montante do serviço da dívida em função do rendimento do comprador;
  3. Limites aos prazos demasiado longos dos empréstimos em função da idade do comprador.

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Ameaça de independência da Catalunha leva bolsa espanhola a cair mais de 2%. Faz disparar juros da dívida

O Ibex recua mais de 2%, para mínimos de março, perante a perspectiva de a Catalunha anunciar de forma unilateral a sua independência. Os receios dos investidores também fazem disparar os juros.

Está a ser um dia negro para a bolsa de Madrid. Numa sessão negativa para a generalidade das bolsas europeias, o índice de referência espanhol destaca-se pela negativa ao desvalorizar mais de 2%, para mínimos de março, com a banca sob forte pressão. Também na dívida, a perceção do risco agravou-se, com os investidores a temerem os efeitos negativos da declaração unilateral de independência por parte da Catalunha que poderá acontecer nos próximos dias.

Naquela que foi a sua primeira entrevista após o referendo independentista de domingo passado, em que o “Sim” à independência ganhou, Carles Puigdemont, presidente do governo regional da Catalunha (“Generalitat”), indicou que o governo regional catalão “vai agir no final desta semana ou no início da próxima”.

Estas declarações do responsável da Catalunha surgiram ainda antes de o rei de Espanha, Felipe VI, ter feito uma declaração institucional, transmitida pela televisão, em que acusou “determinadas autoridades” da Catalunha de “deslealdade” institucional e de terem uma “conduta irresponsável”, totalmente à margem do Direito e da Democracia.

Bolsa de Espanha em derrapagem

Fonte: Bloomberg | Valores em pontos

As palavras do rei não foram bem recebidas na Catalunha. E o agudizar da tensão está a fazer escalar os receios dos investidores, levando muitos a afastarem-se dos ativos de maior risco como as ações. Na Europa, o dia está a ser de quedas nos principais índices, com o Stoxx 600 a ceder 0,26%, mas a bolsa espanhola é a mais castigada. O Ibex-35, o índice de referência de Espanha, cai 2,42% para 10.009,4 pontos. Está em mínimos de março.

As quedas são transversais a todos os setores na bolsa espanhola, mas a banca é claramente a mais castigada pelos investidores. O CaixaBank, que detém o BPI, é o que mais perde. O banco catalão cai quase 6%, enquanto o Sabadell cede 5,8% e o Bankia perde 4,15%. O Santander está a deslizar 3%.

As quedas da banca são mais expressivas também devido ao impacto negativo que a eventual declaração de independência da Catalunha está a ter no mercado de dívida, com as obrigações espanholas a deslizarem. A taxa das obrigações a dez anos está a subir 3,5 pontos base para 1,758%, tendo chegado a 1,792% durante uma sessão em que as yield soberanas dos restantes países do euro estão praticamente estáveis.

O que temem os mercados?

O efeito devastador que o grito de independência catalão está a ter tanto na bolsa como no juros da dívida soberana espanhola são fáceis de perceber tendo em conta o impacto económico que daí pode resultar. Madrid antevê que a secessão leve a um colapso de 30% na economia catalã. A Catalunha é atualmente a mais próspera das regiões espanholas.

“O estabelecimento de uma fronteira resultaria em perda de emprego, rendimento e riqueza para todos, seja na Catalunha seja no resto da Espanha. Estas perdas seriam provocadas pelos obstáculos ao comércio, pelos problemas financeiros, pelas necessidades orçamentais do novo Estado”, afirmou o economista Alain Cuenca, da Universidade de Saragoça, à CNBC ainda antes de se saber que o “sim” à independência venceu na Catalunha.

E a dívida pública da Catalunha — que não é insignificante nos seus 72,2 mil milhões de euros — também iria provocar problemas. Muitos acreditam que poderá ter de ser assumida pelo Reino de Espanha, mas pode não ser bem assim, e a separação da dívida é imprevisível. “O problema é a transição”, continuou Cuenca. “Durante quanto tempo durariam os problemas financeiros? Quantos empregos, quantos investimentos, quantas operações comerciais seriam perdidas na transição?”.

Estas são apenas algumas das questões que os investidores têm neste momento em mente e que os está a colocar nervosos.

(Notícia atualizada às 12h14 com mais informação)

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Banco de Portugal reafirma convergência ao euro pela primeira vez em 17 anos

  • Margarida Peixoto
  • 4 Outubro 2017

O Banco de Portugal reafirmou a projeção de crescimento de 2,5% para 2017. E apesar de notar sinais de desaceleração na segunda metade do ano, considera a subida do PIB sustentável.

O Banco de Portugal, liderado por Carlos Costa, antecipa um crescimento da economia acima da meta do Governo.Paula Nunes / ECO

A menos de três meses do final do ano, o Banco de Portugal mantém o otimismo em relação ao crescimento da economia portuguesa. Segundo as contas da organização liderada por Carlos Costa, o PIB deverá crescer 2,5% em 2017. Pela primeira vez em 17 anos, a economia nacional deverá convergir com a zona euro, antecipa o Boletim Económico de outubro, publicado esta quarta-feira.

Um crescimento sustentado pelas exportações e pelo investimento, que vai permitir colocar Portugal a convergir com os parceiros da moeda única e sem regressar ao défice externo ou ao desequilíbrio orçamental. É assim que o Banco de Portugal vê a economia portuguesa em 2017. As notícias são, por isso, maioritariamente positivas, apesar de algumas revisões em baixa nas componentes do PIB face ao que era projetado em junho pelo banco central.

Vamos por partes. Como é que a economia está a recuperar? É um crescimento sustentável? A análise do Banco de Portugal sugere que sim. Desde logo pelos motores que estão a puxar pela atividade económica. Em vez de a recuperação estar a ser puxada maioritariamente pelo consumo interno — que no passado levou Portugal aos desequilíbrios externos e à necessidade de um resgate internacional — agora são as exportações e o investimento que justificam a aceleração do crescimento.

A atual recuperação económica assenta num maior dinamismo da formação bruta de capital fixo (…) e na reorientação de recursos produtivos para setores mais expostos à concorrência internacional.

Banco de Portugal

Boletim Económico, outubro 2017

“A atual recuperação económica assenta num maior dinamismo da formação bruta de capital fixo (FBCF), cujo crescimento projetado para 2017 é de 8%, e na reorientação de recursos produtivos para setores mais expostos à concorrência internacional, com as exportações de bens e serviços a crescerem aproximadamente 7% em 2017,” lê-se no documento publicado esta manhã.

As exportações deverão, aliás, fechar este ano num nível 44% acima do verificado em 2008. Olhando só para as exportações de turismo, o número é ainda mais impressionante: deverão ficar este ano 77% acima do nível pré-crise. Estes valores mostram bem como a economia nacional aumentou o seu grau de abertura ao exterior, beneficiando da boa conjuntura externa.

É também este facto que permite que o crescimento aconteça sem regressar ao défice da balança corrente e de capital. O Banco de Portugal espera um excedente de 1,8%, ligeiramente acima dos 1,7% registados em 2016.

O que espera o Banco de Portugal?

Fonte: Banco de Portugal

Vai ser sempre a acelerar?

Não. A projeção de crescimento do Banco de Portugal para 2017 é positiva — desde logo, comparando com o histórico de crescimento português, ou com a meta que tinha sido fixada pelo Governo, de 1,8% — mas isso não quer dizer que daqui em diante o ritmo de crescimento da atividade seja sempre a acelerar.

Aliás, o Banco de Portugal já identifica, no início do segundo semestre deste ano, sinais de um abrandamento. Enquanto no primeiro semestre o crescimento registado foi de 2,9%, para a segunda metade do ano esperam-se apenas 2%.

O crescimento das exportações líquidas de conteúdos importados (isto é, descontando o efeito das importações) justifica esta desaceleração. No segundo semestre de 2016 e no primeiro de 2017 registaram-se ganhos de quota de mercado de 4%. Estes valores dificilmente são observáveis para o futuro, avisa o Banco de Portugal.

Por exemplo: as exportações de viagens e turismo cresceram quase 25% no segundo trimestre de 2017, um número com pouca margem para ser repetido nos trimestres seguintes. Ainda assim, as exportações continuam a ter um contributo líquido para o crescimento homólogo do PIB superior ao da procura interna, cujo contributo se mantém relativamente estável em termos intra-anuais.

Mas este abrandamento quer dizer que o crescimento não é sustentável? Mais uma vez, não é isso que o relatório do Banco de Portugal conclui. Um dos motivos que reforça a ideia de sustentabilidade desta retoma é o facto de ser obtida sem uma aceleração do consumo privado. E isto mesmo tendo em conta que o mercado de trabalho está a melhorar, com uma redução significativa da taxa de desemprego — a projeção é que fique em 9% este ano, depois dos 11,1% verificados em 2011.

Depois de um aumento justificado sobretudo pela compra de bens duradouros — decisões que estariam adiadas desde a crise, como é o caso dos automóveis — os níveis de consumo regressaram a valores mais consistentes com a evolução dos rendimentos. Concretizando: em 2016, o consumo de bens duradouros cresceu 10%, com a componente de automóveis a subir quase 20%. Este ano o consumo de bens duradouros deverá crescer 5%, tal como a compra de veículos.

o consumo corrente cresce a um ritmo de 1,9%, um valor que fica aquém do aumento do PIB.

Face à projeção de junho, a taxa do crescimento do PIB mantém-se inalterada em 2,5%, mas as previsões de crescimento das suas componentes — consumo privado, consumo público, investimento, exportações e importações — foram todas revistas em baixa. Isto aconteceu sobretudo porque as contas reveladas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) referentes aos primeiros seis meses do ano apresentaram um crescimento mais suportado pela variação do stock de existências do que era esperado pelo banco central.

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Banco de Portugal diz que meta do défice “é claramente alcançável”

  • Margarida Peixoto
  • 4 Outubro 2017

Mário Centeno deverá chegar ao final deste ano com mais uma meta cumprida: o défice deverá cair como previsto. Contudo, as regras europeias do ajustamento estrutural não deverão ser cumpridas.

O Banco de Portugal, liderado por Carlos Costa, projeta uma descida da dívida pública no final deste ano e admite que o Governo ainda pode superar a meta de 127,7% do PIB.Paula Nunes / ECO 20 junho, 2017

“O cumprimento do objetivo estipulado para o défice orçamental é claramente alcançável” — as palavras são do Banco de Portugal e constam do Boletim Económico de outubro, publicado esta quarta-feira. Ainda assim, a organização liderada por Carlos Costa avisa que as regras europeias que obrigam a um esforço de ajustamento estrutural de 0,6% não deverão ser cumpridas.

Como explica o relatório, excluindo o efeito das medidas temporárias aplicadas em 2016 e previstas para este ano, o ministro das Finanças, Mário Centeno, está comprometido com um corte de 0,7 pontos percentuais no défice. Ora, a redução observada nos primeiros seis meses de 2017 face ao mesmo período do ano passado já foi “mais significativa do que a prevista para o ano completo,” lê-se no boletim.

É de salientar que (…) o cumprimento deste objetivo [meta de défice] não deverá garantir o ajustamento estrutural requerido pelas regras orçamentais europeias atualmente em vigor.

Banco de Portugal

Boletim Económico, outubro 2017

Soma-se a isto que, “tipicamente, o saldo orçamental apresenta uma melhoria significativa na segunda metade do ano em termos de perfil sazonal,” lê-se no boletim. Este fator reforça a confiança de que a meta é alcançável.

“No entanto, é de salientar que, dado o enquadramento macroeconómico particularmente favorável, o cumprimento deste objetivo não deverá garantir o ajustamento estrutural requerido pelas regras orçamentais europeias atualmente em vigor,” avisa o banco central.

Em causa está a necessidade de um ajustamento de 0,6% do PIB potencial, ou seja, um ajustamento estrutural. O que o Banco de Portugal está a dizer é que o Governo vai cumprir o valor global do défice, mas com uma ajuda significativa da conjuntura económica — que se reflete em mais receitas fiscais e menos despesa de prestações sociais — e não porque esteja a tomar medidas de consolidação estruturais, cujos efeitos perduram para lá dos ciclos de crescimento.

Esta perspetiva vai ao encontro da do Conselho das Finanças Públicas. No seu relatório sobre a situação e condicionantes das finanças públicas portuguesas entre 2017 e 2021, o órgão que monitoriza as contas do país antecipa também que o Governo cumpre a meta do défice (projeta 1,4%), mas avisa igualmente que o ajustamento estrutural melhora aquém do ritmo necessário (0,1 pontos percentuais em vez de 0,6).

Dívida vai corrigir e até pode superar a meta

Tal como tem vindo a afirmar o Governo, o boletim do Banco de Portugal valida a perspetiva de que a evolução da dívida pública corrija no final do ano, face ao que se tem vindo a verificar até ao momento. Os dados disponíveis — até agosto — mostram que o valor nominal da dívida já superou os 250 mil milhões de euros e está cerca de seis mil milhões de euros acima do previsto pelo Executivo para o final de 2017. Além disso, o rácio da dívida sobre o PIB continua a subir (132,1%, comparados com os 130,2% do final de 2016), em vez de descer, conforme prometido.

A materialização de um crescimento mais robusto do PIB, tal como perspetivado no presente Boletim, poderia mesmo permitir uma redução do rácio da dívida superior ao previsto.

Banco de Portugal

Boletim Económico, outubro 2017

Mas o Banco de Portugal argumenta que “uma análise das perspetivas de evolução das necessidades e fontes de financiamento do Estado (…) permite concluir que estão reunidas as condições para uma redução do rácio da dívida em 2017, tal como antecipado na recente notificação do Procedimento por Défice Excessivo.” Nesse documento enviado para Bruxelas a 22 de setembro o Governo compromete-se com uma dívida de 127,7% do PIB.

A suportar esta análise está sobretudo o facto de o IGCP se estar a preparar para amortizar em outubro uma linha de Obrigações do Tesouro na ordem dos 6,1 mil milhões de euros. Para isso, foi preciso ir engordando os depósitos da administração central ao longo do ano.

É por isso que o Banco de Portugal vai ainda mais longe: “A materialização de um crescimento mais robusto do PIB, tal como perspetivado no presente Boletim, poderia mesmo permitir uma redução do rácio da dívida superior ao previsto.”

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Haitong: Reforço da CTG pode reduzir ângulo a fusões com a EDP

A CTG aumentou a sua participação na EDP para 23,26%, o que poderá ser um sinal de que se está a proteger de aproximações à EDP para fusão.

O Haitong considera o reforço da posição da China Three Gorges (CTG) na EDP uma notícia positiva para os investidores da EDP, mas simultaneamente diz que pode reduzir o ângulo a futuras fusões com a elétrica portuguesa. O alerta é deixado numa nota enviada pelo banco de investimento a clientes, esta quarta-feira. A empresa chinesa anunciou esta terça-feira que aumentou a sua participação na empresa liderada por António Mexia para 23,26%, acima dos 21,35% anteriores.

“Deve ser bem recebido pelo mercado que o maior acionista da EDP esteja a reforçar a sua posição num período de elevada incerteza regulatória”, começa por o Haitong. Mas logo de seguida o banco de investimento acrescenta que “numa perspetiva de longo prazo, este movimento pode ser visto como uma redução do ângulo de fusões e aquisições para a EDP”.

O alerta surge num período em que a EDP tem estado no centro das atenções perante aproximações que a elétrica tem recebido por parte dos espanhóis da Gas Natural, no sentido de uma eventual fusão das duas empresas ibéricas. Uma aproximação que não estará a ser bem acolhida pelos chineses. Em setembro, o comentador Marques Mendes indicou que a CTG não queria a fusão.

Este reforço da posição da CTG pode assim ser interpretado como uma tomada de posição mais forte que permita aos chineses protegerem-se de eventuais aproximações de outras empresas à EDP. Mas o Haitong alerta que se em causa estiver de facto “uma jogada defensiva para a CGT reforçar o seu poder contra aquisições ou fusões não desejadas, isso não seria positivo para o preço da ação” da EDP.

Sendo assim, o Haitong espera uma “reação muda” das ações da EDP no curto prazo devido aos “impactos adversos”, mas numa perspetiva de longo prazo o efeito a dominar sobre os investidores é estes verem “como menos provável” a EDP “receber aproximações indesejadas”.

Ações em mínimos do início de agosto com pressão das rendas

A EDP segue no vermelho na bolsa lisboeta. As suas ações recuam 0,78%, para os 3,066 euros, naquela que é a sétima sessão consecutiva de perdas. Trata-se do ciclo de quedas mais prolongado desde o início de julho, que coloca a cotação da EDP em mínimos do início de agosto.

As ações da EDP têm estado sob forte pressão perante a proposta da ERSE em reduzir as rendas pagas à elétrica liderada por António Mexia, no âmbito dos CMEC. De acordo com a proposta, o valor a pagar ao longo dos próximos dez anos implica um corte de 167,1 milhões de euros por ano face ao montante desembolsado entre 2007 e 2017, o que tem pesado no desempenho dos títulos em bolsa.

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Aicep reforça rede na China e na Irlanda

A Aicep vai reforçar a presença física na China e na Irlanda, para além de aumentar o número de scouts na Europa, no Estados Unidos e Brasil.

A Aicep vai reforçar a presença física na Irlanda e na China e manter o posicionamento que já tem nos 66 mercados onde já está presente, revelou Luís Castro Henriques na apresentação do Plano Estratégica da agência, que passa também por uma aposta mais significativa no espaço CPLP.

“Estamos bem onde estamos, são os sítios onde devemos estar”, disse o presidente da Aicep, numa apresentação do Plano Estratégico aos jornalistas. “A Irlanda é um exemplo onde vamos ter de reforçar assegurando uma presença física, porque agora é diminuta”, precisou. E, na China, a agência vai aproveitar o facto de Portugal estar a abrir um consulado em Cantão, alargando a atual presença em Pequim, Xangai e Macau. “Estamos a construir com base em algo que já foi feito. As alterações são cirúrgicas”, garantiu.

Outras das alterações passa por aumentar a rede de scouts — quadros da Aicep formados especificamente para se concentrarem apenas na captação de investimento — no Brasil, Estados Unidos e Europa. “O Brasil apareceu no radar onde devemos ter uma presença totalmente dedicada ao investimento”, explicou o responsável da agência precisando que a atual presença servia agora investimento e comércio externo. “Devemos ter um elemento na Europa e nos Estados Unidos onde já temos um scout, mas as diferenças entre costa leste e oeste obriga a que tenhamos outro”, frisou.

Este scout para o mercado europeu deverá assumir funções já em 2018, mas os outros dois só deverão ser implementados em 2019 e 2020, explicou Castro Henriques, justificando este calendário com o facto de a Aicep não ter orçamento para mais. Este plano estratégico para 2017-19 pressupõe a contratação de 31 novos quadros, revelou, uma ambição que tem luz verde da tutela. Atualmente, a Aicep tem cerca de 450 colaboradores, tanto em Portugal como no estrangeiro.

O presidente da agência disse ainda que o orçamento da Aicep, em 2018, será idêntico ao de este ano, ou seja em torno dos 40 milhões de euros. De salientar que em 2017 a agência também foi alvo de cativações — “que ainda não foram descativadas” — em torno dos dois milhões de euros.

Investir um milhão na transformação digital

Outro dos pilares do plano apresentado esta quarta-feira passa por operar uma “transformação digital da Aicep”, um objetivo conseguido através da criação de uma plataforma para promover as exportações e a angariação de investimento, mas, sobretudo, disponibilizar novos serviços de apoio às empresas.

Em causa estão serviços como fazer uma avaliação online para a internacionalização, desenvolver e disponibilizar soluções de e-learning.

Na tentativa de prestar um melhor apoio às empresas está também previsto a realocação das carteiras de clientes, o reforço da equipa de gestores de clientes e ainda a consolidação do modelo comercial por setor. Angariar PME que estejam identificadas como prioritárias, mas que ainda não integram a carteira da agência, é outro dos objetivos.

A Aicep quer assumir a dianteira do comércio eletrónico em Portugal, até porque o potencial deste tipo de trocas comerciais é enorme, nomeadamente de exportações para as empresas nacionais.

Investimento de 1,5 mil milhões garantido

Com um aumento de cerca de 300 projetos no pipeline da agência, Castro Henriques sublinha o número significativo de reinvestimentos e o facto de não terem perdidos clientes. O rácio 80/20, ou seja, 80% são reinvestimentos de empresas e 20% novos projetos, precisa o presidente da Aicep, sublinhando que têm surgido angariações interessantes na Índia, Japão e Estados Unidos.

É por isso que o mercado norte-americano foi um dos escolhidos para ter um FDI scout, até porque sendo os EUA um dos principais emissores de investimento estrangeiro, ainda “investe pouco em Portugal”, constatou o responsável. Os campeões do investimento em Portugal são Espanha e França, nomeadamente no setor automóvel, componentes auto, aeronáutico e farmacêutico. Isto faz com que dos investimentos realizados em Portugal haja quase uma paridade em termos de nacionalidade. Ou seja, se forem tidas em conta as participações cruzadas. Caso contrário o rácio será 60/40, com uma predominância do investimento nacional, revelou Castro Henriques.

Beneficiando de uma saída de Portugal do Procedimento por Défice Excessivo e mais recentemente de uma revisão em alta do rating da República por parte da S&P, os investidores estão mais despertos para a possibilidade de investir em Portugal. Alguns até estavam impedidos de o fazer porque o país não tinha investment grade. Castro Henriques explica que a agência vai “capitalizar” estes “momentos-chave” e está confiante que em 2018 terá um nível de investimento acompanhado pela Aicep idêntico deste ano.

Em causa estão mil milhões de euros em investimento apoiado pela Aicep através de fundos comunitários do Portugal 2020, aos quais acresce mais meio milhão de projetos que beneficiam de outro tipo de apoios como benefícios fiscais e que são acompanhado em permanência pela agência. Se a análise for feita desde o QREN — o quadro comunitário anterior –, em 2007, só mesmo em 2015, o valor de investimentos apoiados pelos fundos estruturais foi mais elevado (1,3 mil milhões). Castro Henriques não deu dados para os outros anos sobre os investimentos que a agência acompanha, mas que não são beneficiárias de fundos europeus.

Acordo na Autoeuropa é possível

A Autoeuropa é “o maior cliente” da Aicep atesta Castro Henriques e por isso a situação naquela que uma das maiores exportadoras nacionais está a ser acompanhada de perto. O presidente da agência considera que “a perspetiva é positiva e que se vai chegar a acordo“. “Vai haver convergência entre as partes, positiva e pacífica”, acrescentou quando questionado de que forma estava a Aicep a acompanhar o braço de ferro entre os trabalhadores da Autoeuropa e a administração por causa do alargamento do horário de trabalho na sequência da produção mundial do novo modelo — o T-Roc.

Na terça-feira foi eleita a nova comissão de trabalhadores que irá negociar com a administração a compensação pela implementação dos novos horários de laboração contínua. Em causa estão os novos horários que tinham sido pré-negociados entre a CT e a administração da empresa, que acabaram por ser rejeitados pela maioria dos trabalhadores da fábrica. Para além de três turnos, o acordo previa o trabalho ao sábado, mediante uma compensação financeira de 175 euros mensais e mais um dia de férias e outras regalias previstas na legislação.

Castro Henriques sublinhou “a importância de se perceber o investimento que está a ser feito”, já que “aumenta para 10%” a produção da Volkswagen em Portugal, quando anteriormente era de 5%. Em causa está um investimento que ronda os 700 milhões de euros e que já está prestes a ser concluído já que o modelo vai entrar em laboração em novembro.

Principais medidas do plano estratégico:

  • Aposta na capacitação e formação de valor acrescentado, com foco nas PME.
  • Consolidação do modelo comercial por setor
  • Reativação do Conselho Consultivo da Aicep
  • Reforço da presença em mercados prioritários
  • Aumento da rede scouts
  • Realização de missões de captação de investimento específicas
  • Programa de cross-selling
  • Valorização da CPLP
  • Transformação digital da Aicep, incluindo a disponibilização de novos serviços e novas plataformas para as exportações e investimento

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