Fernando Ulrich enviou carta a Carlos Costa para repor “a verdade dos factos”

  • ECO
  • 11 Março 2017

O presidente do BPI enviou uma carta ao governador do Banco de Portugal onde contestou afirmações que Carlos Costa fez, em entrevista ao Público, sobre os alertas de Ulrich para a situação do GES.

O presidente do conselho de administração do BPI, Fernando Ulrich, enviou uma carta ao governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, para repor “a verdade dos factos” sobre os alertas que fez, em 2013, em relação ao Grupo Espírito Santo (GES), revela este sábado o Público. A ação de Ulrich foi provocada por afirmações de Carlos Costa ao jornal, desvalorizando os alertas que o banqueiro lhe terá feito sobre a fragilidade do GES.

Em entrevista ao Público, o governador do Banco de Portugal desvalorizou o papel de Fernando Ulrich nas chamadas de atenção para o problema do GES. Reconhece que o presidente do BPI lhe entregou um documento, tal como tinha sido revelado pela reportagem da Sic, mas garante que “nesse momento, o Grupo GES já tinha sido identificado como uma das grandes entidades devedoras do sistema.” E diz mesmo: “O BPI entregou um documento que foi devidamente tido em conta, embora não acrescentasse ao que já conhecíamos.”

Sobre o teor do documento, Carlos Costa explicou ao jornal que este tinha sido “produzido num contexto diferente”, que o governador admite “que tenha sido de assessoria num conflito entre partes.”

Foi esta última afirmação que Ulrich contestou na carta enviada agora ao governador. “Esta afirmação não é correta, por isso enviei uma carta ao sr. governador do Banco de Portugal, na qual reponho a verdade dos factos”, conta o presidente do BPI, num email enviado ao Público.

Conforme recorda o jornal, Fernando Ulrich disse na comissão parlamentar de inquérito ao BES que enviou uma carta ao então ministro das Finanças, Vítor Gaspar, alertando para a concentração de dívidas de entidades do GES no Fundo ES Liquidez. Contudo, nesta comissão Ulrich não referiu a carta que terá enviado em agosto a Carlos Costa, com os mesmos avisos. A Sic noticiou que os dados referidos nesta carta ao governador terão sido fundamentados por uma análise de uma equipa de técnicos do BPI, feita com dados do conhecimento público.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Sérgio Monteiro reduz salário para 5 mil euros brutos

Sérgio Monteiro passou, no início do mês, a consultor técnico externo do Banco de Portugal. Salário? Cinco mil euros brutos por mês, cerca de 20% do salário que tinha.

Sérgio Monteiro deixou de ser o coordenador do processo de venda do Novo Banco e passou a consultor externo do Banco de Portugal, função pela qual vai ter um salário bruto de cinco mil euros por mês, apurou o ECO junto de fonte que conhece o novo contrato do gestor. Ou seja, cerca de 20% do salário que recebeu até ao fim de fevereiro.

O gestor foi contratado em novembro de 2015 pelo governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, para liderar as negociações com os candidatos à compra do Novo Banco por um período de 12 meses, com um salário de 25,4 mil euros brutos por mês. Em novembro de 2016, quando ainda corriam negociações com três candidatos à compra, o contrato foi prolongado por seis meses, mas dividido: três meses, até janeiro, e posteriormente, uma renovação mensal até ao limite de mais três meses. O gestor poderia manter-se por mais dois meses, até ao final de abril, a ideia, claro, foi ajustar a duração do contrato à própria negociação.

No dia 4 de janeiro, o Banco de Portugal anunciou ao mercado que o Lone Star tinha a proposta mais competitiva pelo Novo Banco. As negociações continuaram no Banco de Portugal e, por isso, no final de janeiro, o Banco de Portugal renovou o contrato por mais um mês. Já no dia 17 de fevereiro, o Banco de Portugal propôs ao governo uma negociação exclusiva com o fundo Lone Star e, por isso, as discussões passaram a ser ‘dominadas’ pelo governo e, particularmente, por Mário Centeno e pelo secretário de Estado Mourinho Félix, com as autoridades europeias.

Agora, nestas novas funções, que deverá manter até ao closing da operação de venda do Novo Banco, o papel de Sérgio Monteiro será de consultor técnico externo, e decorre da pressão do Banco de Portugal e das instâncias europeias, especialmente do BCE. É que as negociações ainda decorrem, quer no BCE, quer junto da Comissão Europeia.

Contactado pelo ECO, Sérgio Monteiro e o Banco de Portugal escusaram-se a fazer quaisquer comentários.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Imparidades custam 5 mil milhões à banca num ano

Foram as imparidades que atiraram a CGD para o pior resultado de sempre. Mas é um fardo que pesa em todo o setor. Ao todo, os bancos assumiram quase cinco mil milhões de perdas no último ano.

Os bancos continuam a debater-se contra o mesmo problema que os assola há alguns anos, especialmente desde a crise financeira: imparidades. Perdas resultantes, essencialmente, de empréstimos que ficaram por pagar, que o setor tem procurado limpar do balanço, mas pagando uma fatura avultada. Só no último ano estas imparidades custaram quase cinco mil milhões de euros, pesando nos resultados do setor. Se o Santander Totta e o BPI conseguiram resistir, o BCP viu os lucros recuarem, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) rebentou a escala… dos prejuízos.

A CGD avisou que iria acelerar o ritmo de reconhecimento de imparidades no âmbito do plano de recapitalização… e cumpriu. Depois de ter fechado os primeiros nove meses com perdas de imparidades de mais de 400 milhões de euros, o banco estatal fechou o ano com uma fatura de mais de três mil milhões de euros. Um montante elevado que se junta aos muitos milhões já assumidos pelos outros grandes bancos portugueses. Ao todo, as imparidades custaram 4,8 mil milhões de euros ao setor no ano passado. Perdas que são sobretudo compostas por créditos em incumprimento, mas não só do último ano. E que têm pesado nos resultados.

No caso da CGD, as imparidades atiraram o banco para o pior resultado de sempre… ainda que abaixo dos dois mil milhões de euros: 1.859.500.000 euros. É um resultado negativo, mas não tanto quanto o que estava previsto no plano de recapitalização (podiam chegar aos três mil milhões), o que permite ao Estado poupar alguns milhões com a injeção de capital que fará na segunda parte do processo de recapitalização já aprovado por Bruxelas.

Mas porquê tantas imparidades? No caso da CGD, a explicação é a necessidade de “limpar” o balanço para preparar o banco para uma nova vida, com capital suficiente para pôr o banco novamente ao serviço da economia nacional. No caso do BCP… parte é culpa do banco estatal. Com o banco público a acelerar o ritmo de registo de perdas, o banco liderado por Nuno Amado não teve outra opção. “Sim, houve um efeito colateral”, disse o gestor. Em causa está o facto de haver empresas com créditos em ambos os bancos, situação que leva a que se um reconheça perdas, o outro tenha de fazer o mesmo. “Temos um nível de imparidades que foi absolutamente excecional”: 1,6 mil milhões de euros (juntamente com as provisões). O Santander Totta e o BPI continuam, também, a “arrumar a casa”. Mas a maioria do trabalho já foi feito.

Imparidades chegam aos cinco mil milhões

Fonte: Bancos | Valores em milhões de euros | Rácios da CGD contam já com o plano de recapitalização e os do BCP com o aumento de capital de 1.330 milhões de euros.

Apesar das imparidades, tanto BCP, como BPI e Santander Totta registaram lucros no ano passado. Mas enquanto o BCP passou de um resultado líquido positivo de 235 milhões para 24 milhões de euros, o mesmo não aconteceu no BPI e no Totta que conseguiram aumentar os lucros. Nem mesmo as imparidades impediram esta melhoria. O Santander Totta registou perdas de imparidades perto de 144 milhões, mas o número tem vindo a cair.

O mesmo acontece no BPI, que conta com o apoio do acionista CaixaBank. As imparidades e provisões têm estado a recuar: se em 2015 foram de quase 160 milhões, em 2016 encolheram para apenas 69,5 milhões. Isto graças a uma “melhoria da qualidade da carteira do banco e da situação económica”, disse o ainda presidente do BPI, Fernando Ulrich. Ao todo, BCP, Santander Totta e BPI tiveram lucros de perto de 700 milhões de euros em 2016. É bom, mas insuficiente para “apagar” o prejuízo de quase dois mil milhões da CGD. Se retirarmos o efeito das imparidades dos resultados líquidos, a banca até teria conseguido resultados positivos.

A CGD, por exemplo, aumentou em 68,7%, para 368,1 milhões de euros os resultados operacionais. Um crescimento do desempenho da atividade que se estendeu aos restantes bancos. E abre boas perspetivas para o setor financeiro nacional, especialmente tendo em conta que reconhecidas as perdas, encontradas soluções de recapitalização, a banca portuguesa está mais bem preparada para voltar ao business as usual. E tentar lucrar com isso. Rui Vilar, presidente não executivo da CGD, está otimista. O gestor diz que o banco liderado por Paulo Macedo tem agora condições para realizar um “futuro diferente e digno da instituição”.

Rui Vilar, presidente não executivo da CGD

Rácios? Repostos

Se há um indicador que tem vindo a dar sinais de melhoria são os rácios de capital dos bancos nacionais. No último retrato feito ao sistema bancário europeu, os bancos portugueses apresentaram maiores fragilidades do que a média dos pares europeus: enquanto a média nacional apontava para um rácio Common Equity Tier 1 (CET 1) de 11,18%, na Europa essa média era mais robusta, de 13,64%. Mas o que é que isto significa na prática? São estes os rácios que as autoridades analisam para aferir a robustez de uma instituição num cenário de adversidade económica. Quanto mais baixo estiver o rácio, mais desprotegido está o banco.

Olhando para os bancos nacionais, há agora uma situação completamente diferente… para melhor. O Santander Totta destaca-se ao apresenta um rácio CET1 (faseado) de 15,7% e um rácio CET1 (totalmente implementado) de 14,9%, o mais elevado do sistema. No BCP, houve um aumento de capital de 1.330 milhões de euros para reforçar os rácios. E o resultado está vista. O banco liderado por Nuno Amado apresenta um rácio CET1 (faseado) de 12,4% e um rácio CET1 (totalmente implementado) de 9,6%. O mesmo acontece na CGD, mas aqui o apoio do Estado é essencial para a manutenção de níveis acima dos 13%. Uma ajuda que ficaria acima dos cinco mil milhões, mas baixou ligeiramente.

Parte desse esforço já foi feito. Agora vem o segundo capítulo que inclui uma injeção de capital através de dinheiro público — que Bruxelas aceita, considerando que não se trata de uma ajuda de Estado — e a emissão de dívida subordinada. Já não serão os 2,7 mil milhões de dinheiro público admitidos no plano pré-negociado ainda por António Domingues: como os prejuízos da CGD foram mais reduzidos, a injeção também o será: entre 2,5 e 2,6 mil milhões de euros. E mesmo os privados já só vão investir 930 milhões de euros, em vez dos mil milhões.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Núncio foi advogado da empresa venezuelana que transferiu receitas para offshore

  • ECO
  • 10 Março 2017

Antigo secretário de Estado foi advogado da petrolífera venezuelana que transferiu receitas para offshore sem controlo do fisco, apesar de os dados terem sido comunicados pela instituição bancária.

Paulo Núncio, ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, foi advogado da venezuelana PDVSA, empresa petrolífera cujas receitas farão parte dos 7,8 mil milhões de euros de transferências que saíram do BES para o Panamá, avança o Observador.

O Jornal Económico noticiou esta sexta-feira que uma parcela “significativa” dos 7,8 mil milhões de euros transferidos do BES entre 2012 e 2014, sem controlo do fisco, correspondem a receitas da venda de petróleo e combustíveis da PDVSA. Ainda que estas transferências tenham sido comunicadas pela instituição bancária, a Autoridade Tributária e Aduaneira não vigiou a saída de dinheiro. Em causa, indicou já o Governo, estará um erro informático, que afetou transferências no valor de quase 10 mil milhões de euros entre 2011 e 2014. E 80% corresponderão ao BES, indicou o Jornal Económico.

Agora, é o Observador que indica que Paulo Núncio, secretário de Estado dos Assuntos Fiscais entre 2011 e 2015, foi advogado durante três anos da PDVSA, entre 2008 e 2010. O jornal refere que Núncio integrou a equipa do escritório de advogados Garrigues, que trabalhou com o braço da petrolífera na Europa (PDV Europe). “Os serviços prestados à PDV Europe entre 2008 e 2010, período em que esta entidade foi cliente da firma, foram prestados por uma equipa na qual também estava integrado o Dr. Paulo Núncio”, diz fonte oficial da Garrigues ao Observador.

Paulo Núncio já foi ouvido no Parlamento, onde assumiu responsabilidades pela não publicação de estatísticas relativas a transferências para offshores, frisado, porém, que isso não interfere com a ação inspetiva.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Wall Street fecha no verde em dia de boas notícias para o emprego

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 10 Março 2017

O primeiro mês completo de Trump foi marcado por dados positivos no mercado de trabalho. Os três principais índices norte-americanos fecharam a valorizar.

Depois de abrirem em alta, as bolsas norte-americanas também fecharam em terreno positivo, num dia de notícias positivas para o mercado de trabalho.

O S&P 500, índice de referência dos EUA, fechou a subir 0,33%, para 2.372,6 pontos, enquanto o tecnológico Nasdaq avançou 0,39%, para 5.861,73 pontos. Já o industrial Dow Jones valorizou 0,21%, para 20.902,98 pontos.

O dia foi marcado pelos dados animadores em torno do emprego, que abrem espaço a uma possível subida das taxas de juro por parte da Reserva Federal. Janet Yellen já tinha admitido que, se o emprego e a inflação continuassem a corresponder às expectativas, seria “muito apropriada” uma subida de juros.

Em fevereiro, primeiro mês completo com Trump na presidência, foram criados 235 mil novos empregos, acima do esperado pelos analistas. Por seu turno, a taxa de desemprego recuou uma décima para 4,7%. Também os salários médios por hora avançaram 2,8%, comparando com o mesmo período do ano anterior.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Caixa: contributo dos privados também baixou

  • Margarida Peixoto
  • 10 Março 2017

Não foi só o valor da injeção de dinheiro fresco do Estado para recapitalizar o banco público que encolheu. O recurso a privados também será mais baixo.

Não foi só o valor da injeção de dinheiro fresco do Estado na Caixa Geral de Depósitos (CGD) que encolheu. Também o recurso aos privados deverá ser mais curto. O Ministério das Finanças nota que a emissão de instrumentos híbridos no mercado já não vai apontar para mil milhões de euros, mas antes para 930 milhões.

“A CGD irá realizar uma emissão de instrumentos de dívida com elevado grau de subordinação, num total de 930 milhões de euros”, lê-se num comunicado enviado às redações, em reação aos resultados da CGD e à apresentação do plano de negócio do banco público. O ministério liderado por Mário Centeno recorda que a emissão dos primeiros 500 milhões de euros destes instrumentos será realizada “a breve trecho” e que o restante será realizado “até 18 meses após a primeira emissão.”

"A CGD irá realizar uma emissão de instrumentos de dívida com elevado grau de subordinação, num total de 930 milhões de euros, elegível para efeitos de cumprimento dos rácios de capital regulatório, dos quais 500 milhões a breve trecho e o restante até 18 meses após a primeira emissão.”

Ministério das Finanças

Fonte oficial

O valor inicialmente apontado para o recurso a investidores privados era de mil milhões de euros. Contudo, os prejuízos verificados pelo banco em 2016 ficaram abaixo do inicialmente estimado: em vez dos dois a três mil milhões de euros que estavam previstos no plano de recapitalização, concretizaram-se 1.859,5 milhões de euros.

Também o valor da injeção do Estado acabou por ficar ligeiramente abaixo do limite de 2,7 mil milhões de euros definido pela Comissão Europeia. Agora está prevista uma injeção de 2,5 mil milhões de euros.

O Governo lembra que “a primeira parte do aumento de capital foi concretizada em janeiro”: os CoCo’s foram transformados em capital, no valor de 945 milhões de euros, e a ParCaixa passou na sua totalidade para a CGD, representando um aumento de 500 milhões de euros no capital.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Parceiros sociais discutem reformas antecipadas na próxima reunião

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 10 Março 2017

Vieira da Silva explicou que as alterações estão pensadas para pessoas com carreiras contributivas longas.

Ainda este mês, o Governo vai apresentar aos parceiros sociais a sua proposta de alteração às reformas antecipadas, para valorizar as carreiras mais longas. O ministro do Trabalho ainda não quis descortinar que mudanças estão na mesa, indicando apenas que “os instrumentos são vários”.

No final da reunião de concertação social onde discutiu alterações no enquadramento das portarias de extensão, Vieira da Silva explicou que as mudanças nas reformas antecipadas são necessárias porque estão em causa pessoas com “carreiras contributivas que por vezes ultrapassam os 45, 47, 48 anos de trabalho”.

“No passado — hoje felizmente isso já não acontece — existiram trabalhadores jovens, crianças, que começaram a descontar para a Segurança Social aos 12 anos. Ora, se somar 50 anos em cima desses 12 anos tem 62 anos, está abaixo da idade de reforma”, indicou o ministro, acrescentado que “é principalmente a pensar nessas pessoas” que “têm muito longas carreiras contributivas que a mudança será feita”.

Atualmente, a idade de reforma cresce gradualmente todos os anos: em 2017, fixa-se nos 66 anos e três meses mas avançará um mês em 2018. Vieira da Silva não indicou se poderá haver mudanças a este nível mas registou que a idade de reforma tem aumentado por razões “que todos compreendem”.

“Com o aumento da idade de reforma, que tem vindo a acontecer por razões que todos compreendem, como o aumento da esperança de vida, as alterações demográficas”, se “nada fosse feito”, estas pessoas “teriam uma carreira contributiva que era claramente excessiva”, disse o governante, salientando que no futuro este problema não se colocará já que a entrada no mercado de trabalho começa mais tarde.

O Orçamento do Estado promete alterações ao fator de sustentabilidade, que liga o valor das novas pensões à esperança média de vida, mas o ministro não adiantou ainda novidades. Questionado sobre este mecanismo, respondeu apenas que, para as alterações em curso “os instrumentos são vários”, e com um fator de sustentabilidade agravado, mesmo as pessoas que tenham longas carreiras contributivas são penalizadas se estiverem aquém da idade de reforma.

O acesso à reforma antecipada está parcialmente suspenso na Segurança Social — disponível apenas para pessoas com mais de 60 anos de idade e 40 de descontos e para regimes específicos — e o ministro sublinhou que, sem este travão, os novos pensionistas teriam cortes de 50% ou 60% no valor da pensão.

O tema está agendado para a próxima reunião de concertação social, onde o Governo também deverá apresentar o Livro Verde das Relações Laborais.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Lixo, imagiologia e algicidas dão prémios a PME portuguesas

Biomimetx, Perceived3D e Bluemater são as três novas PME portuguesas que vão receber um apoio de 4,7 milhões de euros no âmbito do Horizonte 2020.

A Comissão Europeia divulgou os últimos resultados do Programa de Investigação Horizonte 2020. Há mais três PME portuguesas selecionadas para receber o apoio do instrumento coordenado pelo comissário Carlos Moedas: Perceive3D, BioMimetx e Bluemater. Vão receber um total de 4,7 milhões de euros.

No total foram selecionadas 71 PME de 22 países. Portugal viu aprovadas três candidaturas, mas houve 30 propostas, o que significa que a taxa de aprovação foi de 10%, “mais do dobro da média europeia que se ficou pelos 4,3%”, sublinhou a Agência Nacional de Inovação (ANI) em comunicado. “As PME portuguesas captaram 4,6% do financiamento disponível, um valor muito acima dos 1,5%, a referência que tínhamos até aqui”, acrescenta a ANI.

Mas que empresas são estas? A Comissão Europeia descreve-as:

  • A Biomimetx, de Cantanhede, descobriu uma bactéria única que “excreta elevados níveis de moléculas que podem ser utilizadas como antimicrobianos e algicidas naturais através de um processo otimizado de fermentação que a empresa patenteou”. E para que é que isto serve? Para as tintas anti-incrustantes usadas, por exemplo, nas embarcações, e que pode, por isso ser uma solução inovadora para o crescimento azul. Este projeto recebeu um apoio de 1,39 milhões de euros de financiamento.
  • A Perceived3D vai especializar a sua tecnologia para procedimentos por artroscopia do joelho e da anca, oferecendo a primeira solução eficaz de artroscopia na Cirurgia Ortopédica Assistida por Computador. Para isso vai receber 1,3 milhões de euros. Esta empresa de Coimbra é especialista em soluções de software de imagiologia avançadas para assistir e guiar os cirurgiões durante procedimentos cirúrgicos pouco invasivos.
  • A Bluemater está, desde 2008, a tentar tornar comercial e viável o seu conceito inovador para o tratamento de águas residuais em aterros sanitários e na própria indústria. Com os 2,03 milhões de euros que vai receber do Horizonte 2020, esta PME do Porto vai continuar a explorar uma forma de juntar os componentes que se encontram em “águas residuais altamente concentradas para alimentar microalgas” com um crescimento especialmente rápido “por transformarem o amónio e os fosfatos em proteínas e outros materiais orgânicos”.

Por ocasião da divulgação da lista de beneficiários, Carlos Moedas lembrou que “os resultados confirmam que este instrumento é, assumidamente, a melhor porta de entrada para as PME no Programa Horizonte 2020”. No espaço de dois anos, este instrumento já financiou mais de 60 PME portuguesas inovadoras com mais de 13 milhões de euros, revelou, desafiando outras empresas a arriscarem e concorrerem a este instrumento.

Já para o presidente da ANI, que desempenha um papel ativo na promoção da participação das empresas nacionais no Horizonte 2020, “estes resultados ilustram a grande evolução verificada na participação nacional no Programa Horizonte 2020, resultante também do trabalho de sensibilização, promoção e apoio à comunidade empresarial”, diz José Carlos Caldeira.

“Nesta fase do Instrumento PME, cada projeto pode receber até 2,5 milhões de euros (cinco milhões para projetos no domínio da saúde) para financiar atividades de inovação como a demonstração, o ensaio, a fase-piloto, a fase de expansão e a miniaturização, para além de desenvolver um plano de negócios sólido”, explica a Comissão Europeia no comunicado.

Desde o lançamento do programa a 1 de janeiro de 2014, foram selecionadas 641 PME para financiamento ao abrigo da Fase 2 do Instrumento PME, 8 das quais portuguesas. A próxima data-limite é 6 de abril de 2017.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

“Emissão arranca este mês”. Custo? “É o mercado”

O road show da CGD para a emissão de dívida de elevada subordinação arranca este mês, diz Paulo Macedo. E o custo? Será o mercado a determinar o valor da operação.

Paulo Macedo, o presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos, acredita que a emissão de dívida subordinada que o banco tem de emitir vai ser feita “com êxito”. Uma emissão cujo road show deve começar este mês, já que é quando devem chegar as autorizações necessárias, explica o gestor na apresentação dos resultados do banco para 2016 — os piores de sempre. A CGD tem previsto a emissão destes títulos de elevado risco em duas tranches, numa operação que deve contar com custos elevados para o banco estatal.

Paula Nunes/ECO

A CGD tem de atrair investidores institucionais para uma emissão de dívida de 930 milhões de euros, que será dividida em duas tranches. E Paulo Macedo está otimista quanto ao sucesso da operação — que já teve luz verde de Bruxelas, mas carece de autorização do BCE. “Se não houver nenhuma alteração radical — apesar das eleições [na Europa] e da volatilidade — a emissão será feita com êxito”, diz o presidente da Caixa na apresentação dos resultados para 2016 — os piores de sempre para o banco público.

Paulo Macedo diz que “há uma perspetiva bastante positiva relativa à emissão da Caixa, informação que podem confirmar junto dos analistas do mercado”. O road show deve arrancar este mês, diz ainda o gestor, uma vez que é quando devem chegar as autorizações necessárias: a do BCE. “Estamos preparados para pedir a aprovação da emissão de dívida, para fazer o road show nas próximas semanas. Esperamos poder concluir a recapitalização com êxito que tem uma parte de colocação em entidade privadas e outra parte de aumento de capital do Estado”, explica Paulo Macedo.

Além dos 2,5 mil milhões de euros de injeção de capitais públicos, com o plano formalmente aprovado pela DGComp – e pelo BCE -, estão reunidas as condições para que a CGD avance para a emissão de 500 milhões de euros de obrigações de elevada subordinação junto dos investidores privados.

"Estamos preparados para pedir a aprovação da emissão de dívida, para fazer o road show nas próximas semanas. Esperamos poder concluir a recapitalização com êxito que tem uma parte de colocação em entidade privadas e outra parte de aumento de capital do Estado”

Paulo Macedo

presidente da Caixa Geral de Depósitos

“Vamos realizar de dívida altamente subordinada de 500 milhões de euros até ao final de março e depois temos de fazer uma emissão adicional de 430 milhões num prazo de 18 meses”, anuncia. Mas esta emissão terá custos elevados. “Só emite dívida subordinada quem tem de emitir. Porque é uma dívida que tem características de remuneração elevadas e que pensa no balanço dos bancos”, explica o gestor. Estas emissões de dívida de elevada subordinação, ou seja, de risco elevado, contam normalmente com taxas de juro entre os 8% e os 10%.

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Paulo Macedo: Prejuízos devem manter-se na CGD até 2018

A Caixa só deve regressar aos lucros em 2018. Paulo Macedo explica que "resultados extraordinários negativos" vão manter o banco estatal no vermelho.

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) só vai regressar aos lucros em 2018. Paulo Macedo explica que resultados extraordinários negativos vão manter a instituição financeira no vermelho. No ano passado, o banco do estado registou prejuízos recorde de 1,85 mil milhões de euros devido a uma fatura elevada de imparidades: três mil milhões.

A Caixa nunca esteve tão negativa. E os prejuízos devem manter-se até 2018. É esta a previsão do presidente da CGD, revelada na apresentação dos resultados financeiros para 2016. “Relativamente aos resultados da Caixa em 2017, o plano que foi entregue junto da DGComp prevê um resultado operacional positivo e um resultado líquido negativo”, refere Paulo Macedo que veio substituir António Domingues na liderança da CGD.

"Há resultados extraordinários negativos e isso fará com que — mesmo com resultados recorrentes positivos — haja no início resultados líquidos negativos até 2018”

Paulo Macedo

“Há resultados extraordinários negativos e isso fará com que — mesmo com resultados recorrentes positivos — haja no início resultados líquidos negativos até 2018“, explica. Isto depois de a Caixa ter apresentado os piores resultados de sempre. O banco liderado por Paulo Macedo apresentou prejuízos de 1,85 mil milhões de euros, um valor explicado pelo elevado montante de imparidades reconhecidas no final do ano passado.

Imparidades, muitas delas relacionadas com créditos. No âmbito do programa de recapitalização, o banco reconheceu perdas de 3.017 milhões de euros. O BCP, a título de exemplo, entre imparidades e provisões registou nas contas um valor de 1,6 mil milhões de euros, parte destas por causa da CGD.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

CTT extraviam-se em bolsa

Os títulos dos correios caíram e atingiram um novo mínimo histórico, em reação aos resultados pouco animadores apresentados na quinta-feira. PSI-20 contrariou as principais praças.

Foi a primeira sessão após a apresentação de resultados pouco animadores pelos CTT. A quebra no volume do correio e os custos do Banco CTT castigaram as contas da empresa e arrastaram os títulos da companhia para o valor mínimo de 4,70 euros. A somar à queda, o fraco desempenho das energéticas pressionou a bolsa lisboeta, que recuou 0,31%, contrariando a generalidade das principais praças, quer da Europa, quer dos Estados Unidos.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

BCE pode subir juros antes de acabar estímulos. Euro dispara.

  • Juliana Nogueira Santos
  • 10 Março 2017

Draghi poderá subir a taxa de juro de referência antes de acabar com o programa de estímulos à economia europeia. O euro já reagiu, atingido máximos de cerca de um mês.

A era dos juros negativos na Europa pode estar a acabar. O Banco Central Europeu (BCE) estará a considerar subir a taxa de juro ainda antes de acabar com o programa de estímulos à economia, segundo afirmou uma fonte próxima do assunto à Bloomberg.

Esta hipótese terá sido ponderada na reunião desta quinta-feira, onde os membros do Conselho de Governadores discutiram maneiras de acabar com os estímulos económicos inconvencionais, mas não foi apresentada a público qualquer estratégia em específico. Nas declarações que deu aos jornalistas, Mario Draghi afirmou que “não houve discussão sobre o quantitative easing“.

Desde a crise financeira de 2008, o BCE tem mantido a taxa de juro de referência em valores negativos — está em -0,4% desde março de 2016 — e seguido um plano de compra de dívida soberana, apelidado de quantitative easing.

Alguns indicadores de mercado apontavam para que os juros só fossem subir em 2018, enquanto o BNP Paribas previu que estes sofressem uma modificação ainda em setembro deste ano.

A notícia do fim dos juros negativos e da continuidade do programa de estímulos fez com que o euro valorizasse em relação ao dólar, tendo disparado 0,93% para 1,0671 dólares. Este valor estabelece-se como máximo de cerca de um mês.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.