“O euro é irreversível”, mas a moeda não é de ferro

  • ECO
  • 7 Fevereiro 2017

O Banco Central Europeu saiu em defesa do euro, mas as palavras de Mario Draghi não estão a conseguir acalmar os investidores. As eleições na região estão a pesar no desempenho da moeda única.

Mario Draghi voltou a sair em defesa da moeda única. O presidente do Banco Central Europeu (BCE) defendeu, perante ataques da candidata às presidenciais francesas, Marine Le Pen, que o projeto do euro é “irreversível”, mas as palavras do responsável máximo pela autoridade monetária da região não estão a ter a força de outros tempos. Os receios dos investidores em torno de todos os atos eleitorais que vão ter lugar este ano na Zona Euro estão a pesar no desempenho da divisa.

Marine Le Pen afirmou que se ganhar as presidenciais, a França sai do euro. E não é a única candidata das várias eleições a realizar este ano na região a ameaçar sair da Zona Euro. Em Itália, o Movimento 5 Estrelas — cada vez mais próximo do Partido Democrata nas sondagens — já anuncia um referendo à população para avaliar a manutenção da moeda única.

Ameaças numa altura em que a Europa está a ser confrontada com a saída do Reino Unido da União Europeia, que vêm aumentar o nível de alerta dos investidores. O reflexo disso mesmo é o desempenho do euro. A moeda que disparou após os EUA afirmarem que estava “extremamente subvalorizada” face ao dólar, tem vindo a perder valor. Cai 0,57% para 1,0689 dólares, recuando pela segunda sessão consecutiva.

A saída do euro assusta os investidores. Mas é possível? É, mas tem custos elevados. “Se um país saísse da Zona Euro, os ativos e passivos dos seus bancos em relação ao BCE teriam de ser completamente liquidados”, disse Draghi, numa carta enviada aos eurodeputados Marco Valli e Marco Zanni. Zanni contra-atacou que essa resposta significava que os países podiam sair se quisessem.

“Quis trazer a questão da saída do euro e de como ela podia acontecer”, afirmou Zanni numa entrevista. “Draghi agora admitiu claramente que tal saída é possível e que é necessário haver uma maior clareza sobre o preço a pagar. Tenho a certeza de que no caso de a Itália deixar o euro, os prós excederiam os contras”.

Benoit Coeure, membro executivo do BCE, disse em entrevista ao Le Parisien que “deixar o euro afetaria as poupanças e o emprego em França” e levaria a um “agravamento das taxas de juro”. “Seria escolher propositadamente o empobrecimento”. O seu testemunho foi partilhado por Francois Villeroy de Galhau, membro do Conselho do BCE, que escreveu no Le Figaro sobre como abandonar a moeda única levaria a um acréscimo dos custos do serviço da dívida de França em 30 mil milhões de euros ao ano.

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Tombo de 9% do BCP atira Lisboa para o vermelho

Pharol disparou 6%, mas a bolsa portuguesa acabou no vermelho. Culpa do BCP, que afundou mais de 9%, e da Galp, que cedeu mais de 1%. Juros aliviaram ligeiramente antes de Portugal ir aos mercados.

O tombo de 9% das ações do BCP, a dias de entrar em negociação mais 14 mil milhões de novas ações do banco, arrastou a bolsa nacional para o vermelho. O dia só não foi pior em Lisboa porque a Pharol voltou a brilhar e o grupo EDP fechou em terreno positivo. No mercado de dívida, na véspera de o Tesouro português ir ao mercado, os juros nacionais observaram uma ligeira correção.

Apenas sete cotadas fecharam abaixo da linha de água: Corticeira Amorim, BCP, CTT, Mota-Engil, Galp, REN e Sonae Capital. Mas estes desempenhos foram suficientes para deixar o PSI-20 a contabilizar mais perdas: o principal índice português caiu 0,74% para os 4.563,21 pontos. Lisboa desvaloriza mais de 2% desde o início do ano.

O BCP foi um dos principais protagonistas do mercado nacional. As ações afundaram 9,46% para 0,157 euros, com os analistas a explicarem a pressão vendedora em torno do banco liderado por Nuno Amado com um movimento de correção após as valorizações nas últimas sessões. E isto quando na quinta-feira vão para o mercado mais 14 mil milhões de novas ações do BCP, na sequência do aumento de capital de 1.300 milhões de euros, uma operação que foi totalmente subscrita com forte presença dos acionistas e que permitiu a dispensa da tomada firme do sindicato bancário que organizou este reforço de capital.

“O BCP está a corrigir os ganhos das últimas sessões”, referiu Eduardo Silva, gestor de ativos da XTB Portugal. “O sentimento de risk off na Europa com incidência sobre o setor da banca é evidente, depois de dois dias de fortes subidas, o BCP está a ceder parte dos ganhos e acompanha o setor com uma desvalorização acentuada. A volatilidade é ainda mais forte em Itália onde o risco político e a pressão sobre o setor da banca têm estado em foco”, acrescentou.

Também a Galp, com uma queda de 1,19% para 13,67 euros, pressionou o índice português, cuja queda foi amparada essencialmente pela expressiva valorização da Pharol (+6,%), EDP (+0,94%) e EDP Renováveis (+0,77%). No caso da Pharol, a empresa reforça o estatuto de cotada nacional com mais ganhos em 2017, numa altura em que a Oi prossegue o seu plano de recuperação perante o interesse de investidores na operadora brasileira.

Também o BPI subiu 1,63% para os 1,124, no último dia em que os acionistas podiam vender na Oferta Pública de Aquisição (OPA) do CaixaBank sobre o BPI. Os espanhóis ofereciam 1,134 euros.

Entretanto, no mercado secundário de dívida, os juros portugueses registaram algum alívio na sessão desta terça-feira. A taxa associada à dívida a dez anos cede mas continua acima dos 4,2%. Também nas maturidades a cinco e sete anos, as yields registavam descidas ligeiras, na véspera de o IGCP tentar levantar até 1.250 milhões de euros em obrigações nestes dois prazos.

No plano europeu, depois de uma manhã globalmente positiva, algumas praças sentiram alguma pressão vendedora e encerraram o dia no vermelho. Foi o caso das bolsas de Madrid, Paris e Milão, que apresentaram perdas inferiores a 0,5%.

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Marcelo: Redução do défice é “obra deste Governo”

  • Lusa
  • 7 Fevereiro 2017

O Presidente da República reconheceu o mérito do anterior executivo PSD/CDS-PP na diminuição do défice, mas considerou que a redução "é em larga medida obra deste Governo".

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, reconheceu hoje o mérito do anterior Executivo PSD/CDS-PP na diminuição do défice, mas considerou que a redução “é em larga medida obra deste Governo”, que tem seguido a trajetória correta.

À saída da cerimónia de entrega das medalhas de honra L’Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado pelos jornalistas sobre os sinais de alerta que têm surgido nos últimos dias para a economia portuguesa, tendo recordado que quando assumiu funções há um ano muitos diziam que era “rigorosamente e matematicamente impossível” ter um défice em 2016 inferior a 3%.

“E hoje os mesmos dizem: o défice vai ser menos de 3%. Como dizia a OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico] ontem [segunda-feira] é uma grandiosa realização, o que mostra bem que não se esperava que fosse apontar-se agora para números como 2,3%, que são números impensáveis há um ano e impensáveis há dois, três, quatro, cinco anos no nosso país”, disse.

Um reiterar das afirmações do Chefe de Estado na sua primeira grande entrevista após um ano de mandato.

Para o Presidente da República, “isso é obra, há que reconhecer, do Governo anterior, mas é em larga medida obra deste Governo”.

Marcelo Rebelo de Sousa foi ainda questionado sobre a preocupação da agência de notação financeira Moddy´s com a existência em Portugal de “um Governo minoritário que depende de partidos de esquerda que fazem pressão para uma política orçamental mais expansionista”.

Era um risco, como sabemos, que existiu desde a primeira hora. O que tem sido positivo é que, apesar desse risco de divergência de posições, ter havido uma trajetória – como eu disse ontem [segunda-feira] – correta. É preciso fazer mais e melhor, mas a trajetória seguida tem sido correta.

Marcelo Rebelo de Sousa

Presidente da República

“Era um risco, como sabemos, que existiu desde a primeira hora. O que tem sido positivo é que, apesar desse risco de divergência de posições, ter havido uma trajetória – como eu disse ontem [segunda-feira] – correta. É preciso fazer mais e melhor, mas a trajetória seguida tem sido correta”, defendeu.

O Chefe de Estado deu os exemplos positivos da “consolidação orçamental, diminuição do défice e cumprimento dos compromissos europeus”.

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Valor pedido por apartamentos novos em Lisboa atingiu 1,5 milhões em 2016

  • Lusa
  • 7 Fevereiro 2017

O valor pedido por apartamentos novos em Lisboa atingiu um máximo de 1,5 milhões de euros em 2016. Vistos gold ajudaram a impulsionar preços da habitação na capital, diz relatório.

A oferta de apartamentos novos em Lisboa variou entre 250 mil e 1,5 milhões de euros em 2016, enquanto os apartamentos usados oscilaram entre os 145 mil e os 780 mil euros, segundo um relatório hoje divulgado.

“Observou-se, nos imóveis para venda, uma elevada concentração em valores de oferta superiores aos quinhentos mil euros”, revelou a consultora imobiliária REVC, considerando os imóveis existentes em base de dados do portal imobiliário Imovirtual no mês de outubro de 2016.

De acordo com o relatório sobre o mercado residencial em Lisboa, aos elevados valores da oferta de imóveis para venda “não é indiferente a procura associada aos designados ‘golden visa e/ou regime fiscal de residentes não habituais’”.

Em relação à procura, os valores para apartamentos novos variaram “entre os 180 mil e os 800 mil euros”, enquanto os valores para apartamentos usados oscilaram “entre os 94 mil e os 600 mil euros”.

A análise referente à procura e à oferta no município de Lisboa incidiu sobre a base de dados do portal Imovirtual. Na análise da oferta, a consultora REVC considerou os imóveis existentes em base de dados no mês de outubro, já a procura incidiu sobre a análise do número de contactos gerados através do portal para o ano de 2016.

“O município de Lisboa tem tido uma representatividade expressiva nos contactos gerados para os segmentos de valores mais elevados, sobretudo nos apartamentos novos e nas moradias”, apurou a consultora REVC, acrescentando que, no entanto, “no âmbito geral, os contactos gerados, quer para arrendamento, quer para venda, tendem a posicionar-se em segmentos de valores inferiores aos da oferta”.

"O município de Lisboa tem tido uma representatividade expressiva nos contactos gerados para os segmentos de valores mais elevados, sobretudo nos apartamentos novos e nas moradias.”

REVC

Em termos de tipo de imóvel para venda, verificou-se “a concentração nos apartamentos”, quer do lado da oferta, quer do lado da procura, em todas as zonas de Lisboa.

Relativamente à venda de apartamentos novos, a oferta disponível incidiu maioritariamente nas tipologias T1, T2 e T3, e a procura direcionou-se maioritariamente para a tipologia T2.

Segundo o relatório, a zona da Baixa lisboeta (Misericórdia, Santa Maria Maior, Santo António e São Vicente) “é considerada a zona ‘prime’ de Lisboa, com procura não apenas de âmbito nacional, mas de foro internacional”.

Na análise da procura, “o maior número de contactos gerados para apartamentos novos incidiu na zona Noroeste (Carnide, Lumiar e Santa Clara)”, revelou a consultora imobiliária.

Na venda de apartamentos usados, as tipologias de maior relevância foram os T2 e T3, quer em termos de oferta, quer em termos da procura.

“As zonas com maior ‘stock’ destes imóveis eram o Centro litoral (Penha de França, Beato e Marvila) e o Centro interior (Benfica, Campolide e São Domingos de Benfica). Do lado da procura, as zonas dos Bairros tradicionais (Estrela e Campo de Ourique), Centro litoral e Noroeste destacaram-se face às demais, com um elevado número de contactos gerados”, indicou o relatório.

Em relação ao arrendamento, “a oferta do tipo de imóveis é mais heterogénea, com uma maior predominância nos apartamentos, lojas e escritórios”.

Na análise dos apartamentos para arrendamento, o relatório englobou as categorias ‘novos’ e ‘usados’, dado que “a representatividade dos imóveis novos é bastante diminuta, não tendo expressividade quando se desagrega por zonas”.

Baixa lisboeta é a zona mais procurada.D.R.

Neste sentido, o relatório sobre o mercado residencial em Lisboa apurou que a oferta e a procura por apartamentos para arrendamento incidiram nas tipologias T1 e T2.

“No âmbito geral, no arrendamento, no período considerado, observou-se um equilíbrio entre o que se oferece e os contactos gerados”, afirmou a consultora imobiliária, referindo que a zona mais representativa em termos de procura foi o Centro litoral e em termos de oferta foram as zonas da Baixa lisboeta e das avenidas (Arroios, Avenidas Novas, Areeiro e Alvalade).

O relatório da consultora imobiliária REVC concluiu ainda que “a oferta de moradias no concelho é escassa”, acrescentando que a oferta e a procura deste tipo de imóveis para venda tiveram uma maior expressividade nas zonas Sudoeste (Belém, Ajuda e Alcântara) e Nordeste (Olivais e Parque das Nações).

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Moody’s: “Objetivo deve ser assegurar a viabilidade do Novo Banco”

  • Margarida Peixoto
  • 7 Fevereiro 2017

Para Pepa Mori, a analista da agência de 'rating' Moody's, o fundamental não é saber quem fica com o Novo Banco, mas sim o que vai fazer com ele. A "chave da equação" é manter o banco viável, diz.

Pepa Mori, analista da Moody’s, avisa que a retoma económica e a recuperação da banca estão ligados, como num “círculo vicioso”.Paula Nunes / ECO 7 fevereiro, 2017

Pepa Mori é a analista da Moody’s que acompanha o sistema financeiro português de perto. Está preocupada com os níveis de rentabilidade dos bancos e expectante sobre as soluções que serão encontradas para o Novo Banco, bem como para o problema do malparado que ainda prejudica o sistema financeiro português. E deixa uma mensagem: o que importa não é saber quem será o futuro dono do Novo Banco, mas sim o que o novo dono vai fazer com ele.

Como avalia o sistema financeiro português?

Publicámos a nossa última avaliação do sistema financeiro português no final de outubro de 2016. Dissemos que temos um outlook estável para os próximos 12 a 18 meses. Essa perspetiva mantém-se. O que isto significa é que vemos algumas tendências de estabilização nos fundamentais dos bancos portugueses, apesar de se manterem em níveis baixos. A boa notícia é que estamos numa tendência de estabilização, depois de anos em que vimos uma deterioração em curso em todos os fatores financeiros que avaliámos. A nossa principal preocupação continua a ser no risco dos ativos, porque ainda há um nível de ativos problemáticos muito elevado, bem como na rentabilidade, por causa das pressões ainda constantes. É semelhante ao que se passa no panorama europeu: o ambiente de taxa de juro muito baixa, mais o crescimento muito modesto do crédito significa que as receitas estão pressionadas.

A Fitch frisou na semana passada que se o Governo resgatar outro banco, isso será negativo para o rating. Concorda?

Só posso falar pelo impacto nos ratings dos bancos, não sobre o rating soberano. Para os bancos, talvez possamos olhar para o que aconteceu no passado e extrapolar sobre o que pode ser o risco. O Novo Banco foi recapitalizado no Natal de 2015, com a decisão inesperada de impor perdas em alguma dívida sénior. Isso criou alguma perturbação no mercado que teve efeitos por todo o setor, sobretudo no que estava relacionado com o acesso a mercado e a possibilidade de levantar capital ou fundos. Sempre que haja uma decisão inesperada, isso cria riscos e também contágio para o resto do sistema. Mas teremos primeiro de especificar o que se entende por resgate. Se for feita alguma coisa inesperada com impacto na dívida sénior, isso cria claramente um risco. Mas devemos primeiro especificar que tipo de situação. No nosso caso, não vamos analisar antes de se concretizar.

Precisamos de saber sobretudo qual será o futuro do banco [Novo Banco] e penso que o objetivo deve ser assegurar a viabilidade do banco. Essa é a chave da equação.

Pepa Mori

Analista da Moody's para o sistema financeiro português

Isso quer dizer que uma decisão de nacionalização não é necessariamente má para o sistema financeiro.

Penso que o que é importante no caso do Novo Banco, mas também no caso da totalidade do sistema financeiro, é recordar que foi criado como um banco de transição, com um período de existência limitado. Agora o seu prazo foi alargado por um ano, mas o que precisamos de saber é qual será a estratégia de médio prazo para o banco. Qual será o resultado e não necessariamente quem será o dono do banco. Queremos saber qual será a estratégia futura para o banco e para os clientes e credores. É por isso que não estou a dizer que qualquer tipo de solução será numa direção ou noutra. Precisamos de saber sobretudo qual será o futuro do banco e penso que o objetivo deve ser assegurar a viabilidade do banco. Essa é a chave da equação. Agora temos de esperar pelo resultado do processo de venda e quem é o comprador no final.

Se Portugal resolver o problema do Novo Banco e da CGD, está tudo resolvido no sistema financeiro?

Nunca se sabe o que pode acontecer. Resolver estas duas questões é importante, no final de contas, estes são dois bancos muito grandes e que juntos representam quase metade do sistema. Claro que significa abordar dois problemas relevantes que estão neste momento a afetar o sistema financeiro português. Mas é difícil dizer se, com isto, todos os problemas estarão resolvidos porque temos preocupações específicas com os fundamentos chave do sistema financeiro, independentemente das idiossincrasias destes dois bancos.

Concorda com a ideia de que o sistema financeiro português parece estar à espera da retoma do crescimento, ao mesmo tempo que a economia parece esperar pela retoma da banca?

Sim, como um círculo vicioso. É difícil responder porque a menos que a atividade económica recupere, é muito difícil vermos o crédito a retomar. Mas novamente: sem a retoma do crédito, é muito difícil que a economia retome também.

Parece um nó...

Sim, estão completamente unidos. E nem sempre se consegue resolver apenas com crescimento. Temos esse exemplo em Espanha: vemos uma retoma na concessão de novo crédito, mas o saldo global dos empréstimos está quase estagnado. Ter um crescimento decente não quer dizer que isso nos leve a uma concessão de crédito a níveis saudáveis.

A mensagem que estamos a passar é que estamos preocupados com o elevado stock de empréstimos problemáticos que os bancos têm nos seus balanços.

Pepa Mori

Analista da Moody's para o sistema financeiro português

Como avaliaria a criação de um bad bank para resolver de forma sistémica o problema da banca nacional?

Não temos a resposta. Não nos cabe dizer qual é a solução ótima. A mensagem que estamos a passar é que estamos preocupados com o elevado stock de empréstimos problemáticos que os bancos têm nos seus balanços. E isso quer dizer que levará algum tempo até serem capazes de reduzir o stock de dívida problemática e isso afeta a rentabilidade dos bancos. Dito isto, temos de esperar para ver se alguma solução deste tipo é adotada e como é articulada. Já vimos muitos exemplos muito diferentes na Europa, com diferentes graus de sucesso, por isso teremos de esperar.

“Estamos à espera de ver os detalhes. Não é só a recapitalização que é muito importante que se materialize, é também o plano estratégico que vai ser aplicado”, diz Pepa Mori, sobre a Caixa.7 feveiro, 2017
Os atrasos na definição da gestão da CGD prejudicaram a Caixa e o resto do sistema financeiro?

Para nós, o que é importante é que haja este acordo com a Comissão Europeia para recapitalizar a Caixa e um plano estratégico para ser implementado. Isto é chave para nós. E o facto de haver um calendário para a recapitalização, que estamos à espera que se materialize. Claro que vamos monitorizar quaisquer questões de governance ou de gestão, mas o que é chave é o facto de haver esta luz verde das autoridades europeias.

Então desde que Portugal se mantenha dentro do calendário, está tudo bem.

Estamos à espera de ver os detalhes. Não é só a recapitalização que é muito importante que se materialize, é também o plano estratégico que vai ser aplicado com a recapitalização.

Do que estão à espera de saber sobre o plano estratégico?

É do que estamos à espera, de ter mais informação sobre as implicações desse plano de reestruturação.

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PS avança para audições, conferência e pacote legislativo sobre banca

  • Lusa
  • 7 Fevereiro 2017

O PS vai realizar audições e uma conferência parlamentar dedicadas ao setor da banca. Quer lançar um pacote legislativo até meados do ano para evitar novos lesados.

O PS vai realizar audições e uma conferência parlamentar dedicadas ao setor da banca, para elaborar um pacote legislativo até junho, com o objetivo de impedir os problemas recentes que atingiram diversas instituições financeiras.

O anúncio foi efetuado em conferência de imprensa, na Assembleia da República, pelo líder parlamentar socialista, Carlos César, o coordenador dos trabalhos, Eurico Brilhante Dias, o porta-voz do PS, João Galamba, e também pelo deputado João Paulo Correia.

“Há vida para além das comissões de inquérito. Através destas iniciativas, queremos suscitar a discussão sobre estes temas, envolvendo as entidades responsáveis”, disse Carlos César.

Eurico Brilhante Dias afirmou ser “expectável terminar o processo dentro de dois meses. Começaremos a preparar o pacote legislativo, que se pode desenvolver em paralelo, e será avisado considerar um agendamento [para discussão na generalidade] durante o primeiro semestre”, ou seja, ainda durante a atual sessão legislativa, até junho.

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ACAP: Mais incentivos, menos portagens e impostos

O setor automóvel tem um grande peso na economia. Deve, por isso, ser encarado como prioritário para o país, um reconhecimento que exige mudanças tanto a nível da fiscalidade como de incentivos.

Hélder Pedro, secretário-geral da ACAP, durante a apresentação do balanço e das perspetivas para o mercado automóvel nacional.

O setor automóvel tem um papel importante na economia portuguesa. Contribui para as exportações, mas também é cada vez mais uma relevante fonte de receita fiscal. A ACAP alerta para a necessidade de aliviar os impostos sobre esta indústria, direta e indiretamente. Na lista de desejos da associação está também o regresso dos incentivos ao abate de veículos, além da revisão das regras para as classes dos veículos nas portagens.

“A ACAP defende que o setor automóvel deve ser eleito como um setor prioritário para o país, com uma estratégia para o seu desenvolvimento, incluindo a definição de metas e objetivos a médio e longo prazo, para que o superavit da balança comercial automóvel se torne definitivo”, disse Jorge Rosa, presidente da direção da ACAP.

E “é necessário relançar o setor automóvel pelo lado da oferta, mas sem conter a procura através do aumento dos impostos“, notou o responsável, isto depois de a ACAP ter salientado que “o setor automóvel continua a ser um importante gerador de receitas fiscais para o Estado, com um total de 22% do total”.

“A maior fatia do volume de receitas de 2016 teve origem no IVA de veículos, com um total de 3.446 mil milhões de euros. O ISP representou 3.259 mil milhões de euros, logo seguido do IVA dos combustíveis (1.246 mil milhões) e do ISV, que representou 672 mil milhões em 2016”, salientou a associação. O total ascende a 9.271 mil milhões de euros.

É necessário relançar o setor automóvel pelo lado da oferta, mas sem conter a procura através do aumento dos impostos.

Jorge Rosa

Presidente da direção da ACAP

A associação foca atenções na fiscalidade elevada que recai sobre o setor, salientando além do IUC — que já rende quase tanto como o ISV –, a necessidade de ser revista a tributação autónoma que afeta as empresas. “Deve ser revista”, diz Hélder Pedro, o secretário-geral da ACAP, notando que era importante que a dedução do IVA fosse possível também para outros combustíveis além do gasóleo. “Há cada vez mais empresas com veículos híbridos”.

Renovar os incentivos

A ACAP também tem transmitido ao Governo a necessidade de voltar a apostar nos incentivos ao abate aos veículos em fim de vida. Com o crescimento das importações de automóveis usados, a par do fim de programas de incentivo ao abate de veículos, a idade média do parque automóvel nacional é cada vez mais elevada. Recuou ligeiramente no caso dos ligeiros de passageiros em 2016, mas está em 12,3 anos.

“Acima de dez anos é um parque envelhecido”, salienta Hélder Pedro, pedindo um regresso da medida. O Orçamento do Estado para este ano acabou com esse apoio, tendo sido apenas criado um benefício destinado à aquisição de veículos elétricos. Contudo, “ainda não sabemos como vai funcionar esse fundo que foi criado”, notou, antecipando atrasos no acesso dos consumidores a esse bónus.

Portagens: mudar a Classe

A par da revisão da fiscalidade, do incentivo ao abate de veículos em fim de vida, a ACAP quer também que seja revista a legislação sobre as Classes de portagem, procurando acabar com o problema que é ter cada vez mais automóveis novos a pagar Classe 2 devido à altura do eixo dianteiro. Neste sentido, a ACAP solicitou ao Governo a criação de um grupo de trabalho, pedido que foi aceite. Falta saber o resultado.

“Não existindo legislação única na Europa, olhámos para países como Espanha, França e Itália para apresentarmos propostas”, disse o secretário-geral da ACAP. O que a associação defende é que, de 1,10 metros ao eixo dianteiro passe a ser considerada uma altura de 1,30 metros para diferenciar automóveis de Classe 1 e 2 nas portagens. “A legislação feita há dez anos está desatualizada” face aos novos desenhos dos veículos, diz.

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EUA: 2006 foi o pior ano da balança comercial, um problema que Trump quer resolver

Esta terça-feira nos EUA são revelados novos dados sobre a balança comercial. Este tem sido um dos focos de Donald Trump, mas o défice comercial já foi maior. Em 2006, com Bush, foi o pior resultado.

Dados da balança comercial até dezembro, ou seja, do ano de 2016, foram divulgados esta terça-feira.

O muro que Trump quer construir na fronteira com o México é real. Mas há outro tipo de muros que a nova administração quer impor: quebrar acordos comerciais, impor taxas aduaneiras e trazer de volta empresas para os Estados Unidos. O objetivo é diminuir o défice comercial que atualmente o país tem com o exterior. Esta terça-feira foram revelados os dados da balança comercial até dezembro, ou seja, do ano de 2016.

Recuemos a 1970. É desde esse ano que o World Bank tem informação sobre a balança comercial de bens e serviços dos EUA. Após duas guerras mundiais, em plena Guerra Fria, a globalização ainda estava longe de chegar à evolução que atualmente conhecemos. Nesse ano, a balança comercial já era negativa mas estava apenas nos -610 milhões de dólares. Como verá, em comparação com a evolução registada, este número é uma gota no oceano.

Na duas décadas seguintes, a balança comercial degradou-se até 1987, atingindo os -151 mil milhões de dólares, recuperando depois até ao ano da extinção da União Soviética. Em 1991, o défice situava-se nos 31,18 mil milhões de dólares. Mas desde esse ano e até 2006, a balança comercial degradou-se quase em todos os anos até ter atingido os -761 mil milhões de dólares. Os EUA estavam, nessa altura, sob a presidência de George W. Bush.

O alarme deve ter soado na cabeça do Presidente dos EUA que se seguiu porque, pouco tempo depois, num só ano, a balança comercial foi corrigida em mais de 400 mil milhões de dólares. Estamos a falar de Barack Obama, que toma posse a 20 de janeiro de 2009. No ano em que começou o mandato primeiro afro-americano na Casa Branca, o défice comercial passou dos 708 mil milhões de dólares para os 383 mil milhões de dólares.

Mas a melhoria não continuou e o défice voltou a agravar-se, apesar de acima do valor mais baixo a que chegou a administração de Bush. Obama terminou os seus dois mandatos com um défice comercial de 500 mil milhões de dólares. Em 2016, em plena campanha das eleições presidenciais e já com a sombra de Donald Trump no final do ano, a balança comercial aumentou ligeiramente (+0,4%) para os 502,3 mil milhões de dólares, segundo os dados divulgados esta terça-feira. Este valor é equivalente ao da balança comercial de 2003.

No ano passado, as exportações diminuíram mais do que as importações, agravando-se o saldo. Segundo os dados revelados pelo Departamento do Comércio, o gap comercial com o México aumentou, apesar de o gap com a China ter sido menor. No caso chinês, o défice passou dos 367,2 mil milhões de dólares para os 347 mil milhões de dólares. Já o défice comercial com o México aumentou dos 60,7 mil milhões de dólares para os 63,2 mil milhões de dólares. O problema continua a ser a balança comercial de bens, uma vez que o saldo dos serviços é positivo, mas não suficiente para compensar.

Este tem sido o argumento de Donald Trump para atacar os acordos comerciais, nomeadamente o NAFTA (North American Free Trade Agreement) e o Tratado Transpacífico, além da criação de novas taxas aduaneiras para certos produtos. Durante a campanha, o agora Presidente dos EUA dizia que os outros países estavam a beneficiar, em termos de postos de trabalho e balança comercial, à custa dos Estados Unidos. No entanto, o problema está também, como relatava esta terça-feira a Bloomberg, com a continuada procura interna norte-americana, a qual continua a manter as importações em níveis elevados.

Os dados até 2015, também disponibilizados pelo Departamento do Comércio norte-americano, conseguem dar-nos um retrato mais amplo sobre as interações comerciais dos EUA com o resto do Mundo. A China é, de longe, o país que causa o desequilíbrio da balança comercial norte-americana. Se considerarmos que o saldo está nos -500 mil milhões de dólares, pelo menos 300 mil milhões de dólares resultam das trocas comerciais de bens e serviços com os chineses.

Segue-se a União Europeia com cerca de -100 mil milhões de dólares, onde a maior parte é da responsabilidade de França (-14 mil milhões de dólares), da Alemanha (-77 mil milhões de dólares) e da Itália (-29 mil milhões de dólares). O México é o terceiro desequilíbrio comercial que Trump quererá resolver com cerca de -57 mil milhões de dólares, seguindo-se o Japão com -55 mil milhões de dólares.

Em sentido contrário, os países que contribuem de forma positiva para a balança comercial norte-americana são, principalmente, os países da América central e do sul com 86 mil milhões de dólares, como é o caso do Brasil. Mas os valores estão longe de compensar, neste momento, os desequilíbrios comerciais que os EUA têm. Curiosamente, a balança comercial com o Reino Unido é, desde 2006, positiva para os norte-americanos.

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Quer ser contratado? Siga os conselhos do Facebook

  • Juliana Nogueira Santos
  • 7 Fevereiro 2017

A responsável de recrutamento da empresa dá algumas dicas para que seja a escolha dos recrutadores por esse mundo fora.

O Facebook é considerada uma das melhores empresas para se trabalhar nos nossos tempos, mas é preciso ter o que é preciso para se entrar na equipa. Em conversa com a Business Insider, a responsável pelo recrutamento da tecnológica Miranda Kalinowski revelou alguns dos segredos que os recrutadores utilizam para escolher os melhores entre os melhores. E o que podemos aprender com isto?

Tenha atenção aos valores

Cada empresa tem a sua missão, visão e valores, por isso é importante que tenha esses em conta e faça tudo para conectar a sua experiência com o que a marca pensa e acredita. No caso do Facebook, a equipa de recrutamento procura tipos de personalidade concretos: “Contratamos construtores”. As pessoas que trabalham na empresa ” (…) adoram criar novas coisas e descobrir como continuar a melhorar a maneira como trabalhamos e os produtos que criamos”, confessa Kalinowski.

Nos escritórios da Facebook podem encontrar-se posters de incentivo. “Somos mágicos terríveis” é um deles.Facebook

Forneça detalhes

Quem está do outro lado da mesa quer respostas concretas e detalhadas, por isso evite ser vago. “O entrevistador vai querer detalhes profundos de uma situação e ouvir o que o candidato fez e disse nesses momentos. Assim é que consegue perceber como a pessoa aborda a resolução de problemas”, afirma Miranda Kalinowski.

Esta aconselha também a preparar certas situações antes de entrar na entrevista, para que seja mais fácil falar sobre isso. A adição de detalhes específicos, bem como transparecer preparação, aumenta a credibilidade e impressiona o entrevistador.

“O que farias se não tivesses medo?” Os empregados da Facebook fizeram questão de deixar alguns apontamentos humorísticos.

Tenha confiança

A confiança é a alma do negócio. Mesmo que as coisas não estejam a resultar, confie em si. “Numa das minhas entrevistas de emprego, dei uma resposta um pouco básica”, conta Kalinowski. “Pedi uns segundos e refiz a resposta. O entrevistador não só me encorajou como também devo ter ganho alguns pontos por ter sido autêntica e ter tido a confiança para fazer tal pedido.”

“Move-te rápido e parte coisas.”

Converse

Se encarar a entrevista como uma conversa, as informações que quer passar fluirão mais facilmente. Não deixando para trás a preparação prévia — que nunca pode ser descurada –, não memorize informação para despejar apenas. Relaxe e responda às perguntas com naturalidade.

Já diziam os Daft Punk…

Seja entusiasta

Pode ser o começo de uma nova fase, por isso mostre entusiasmo e vontade de renovação — são duas características de que todas as empresas precisam. Miranda Kalinowski relembra um caso de um candidato que mostrou um nível tão grande de entusiasmo por poder trabalhar no Facebook que até afirmou que não se importava de trabalhar de graça. Claro que a empresa nunca iria aceitar isto, mas a recrutadora considerou essa possibilidade “um gesto incrível”. Encontre a sua própria maneira de exprimir entusiasmo.

“Feito é melhor que perfeito” pode ler-se numa das paredes.Facebook

Faça o trabalho de casa

Preparação, preparação, preparação. Nunca entre pelas portas de uma empresa sem conhecer bem ao que vai. Abra o site da empresa e leia a história, a missão, os valores. Algumas empresas têm mesmo disponível um site de carreiras onde pode encontrar mais informação útil. E lembre-se, o saber não ocupa lugar.

 

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Governo anuncia estudos para mais três linhas no Metro do Porto

  • ECO e Lusa
  • 7 Fevereiro 2017

Matos Fernandes, ministro do Ambiente, fez o anúncio dos estudos técnicos para mais três linhas durante a apresentação da linha rosa e extensão da linha amarela.

O ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes anunciou esta terça-feira que o Governo vai avançar com estudos técnicos para expandir a rede do Metro do Porto a três novas linhas: Gondomar, Maia e Gaia.

A garantia do ministro foi dada no dia em que foram anunciadas as ligações entre a Casa da Música e São Bento (linha rosa), no Porto, e Santo Ovídeo a Vila D’Este (linha amarela), em Gaia, as próximas a construir no âmbito da expansão da rede do Metro do Porto e cujos concursos públicos deverão ser lançados em maio de 2018, estando prevista a sua conclusão para 2021. Um investimento que rondará os 287 milhões de euros, e será feito pelo Governo ao abrigo do programa Junker.

Sobre os novos estudos a realizar, mas que não têm garantia de financiamento, Matos Fernandes referiu que serão efetuados para uma nova ligação a Gondomar, que ligará o Estádio do Dragão (Porto), por Contumil, até ao centro daquele município, para uma ligação entre o polo universitário da Asprela, junto ao Hospital de S. João (Porto), e a Maia, e uma terceira que ligará a Casa da Música (Porto) até às Devesas (em Gaia), “com uma ponte”.

“É da maior importância garantir, num futuro mais próximo possível, toda a coesão territorial com os concelhos a norte e a nascente da cidade do Porto, e uma segunda ligação a Gaia, concelho densamente povoado”, referiu Matos Fernandes, salientando que no âmbito deste quadro comunitário de apoio (2014-2020) “não será possível” encontrar financiamento.

“No âmbito deste quadro comunitário de apoio não será possível [encontrar financiamento para estas três linhas], só será possível num futuro pacote financeiro integrado noutro quadro comunitário de apoio”, disse, acrescentando acreditar que tal será “possível”.

"No âmbito deste quadro comunitário de apoio não será possível [encontrar financiamento para estas três linhas], só será possível num futuro pacote financeiro integrado noutro quadro comunitário de apoio”

João Pedro Matos Fernandes

Ministro do Ambiente

Matos Fernandes reafirmou considerar “errado” não se prever a expansão das redes dos metros do Porto e de Lisboa neste quadro comunitário de apoio, uma vez que “outros países da Europa têm projetos como estes a serem financiados”.

O ministro do Ambiente adiantou também que os estudos efetuados, agora no âmbito da expansão da rede do metro do Porto, demonstraram que a ligação ISMAI (Maia) – Trofa não é rentável, pelo que o Governo “está a estudar uma solução” de mobilidade que garanta a ligação à Trofa.

“Porque sabemos e reconhecemos a injustiça cometida com o retirar do canal de comboio na Trofa, estamos a estudar uma solução que garanta a integridade daquele público como canal público para a mobilidade”, disse, acrescentando tratar-se de “um estudo de transporte que não inclua o modo ferroviário mas que garanta a solução, que será construída e desenhada com a Câmara da Trofa”.

Ainda sobre as novas ligações hoje anunciadas como as próximas a construir no âmbito da expansão da rede do Metro do Porto, Matos Fernandes considerou serem aquelas “que fazem mais sentido e geram maior procura”.

O ministro destacou ainda que, “das novas estações integradas nestas linhas”, o metro vai servir o Centro Materno-Infantil e o Hospital de Santo António, no Porto, e o Hospital Santos Silva, em Gaia, “três polos geradores de grande tráfego”.

“Dentro deste Governo, a política do transporte ganha uma dimensão muito expressiva e isso só é possível com o regresso dos investimentos”, sublinhou.

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Défice comercial sobe mas não trava Wall Street

O défice comercial dos EUA atingiu no ano passado o patamar mais elevado desde 2012, mas tal foi insuficiente para ditar perdas em Wall Street. Investidores de olhos nos resultados empresariais.

Os principais índices bolsistas norte-americanos abriram em alta, apesar dos dados menos positivos sobre a balança comercial. O S&P 500, índice que agrega as 500 maiores capitalizações bolsistas norte-americanas, arrancou a subir 0,14%, para os 2.295,87 pontos, em sintonia com o industrial Dow Jones que valoriza 0,28%, para os 20.107,62 pontos, e o tecnológico Nasdaq que aprecia 0,2%, para os 5.674,86 pontos.

Este avanço acontece apesar de, antes da abertura do mercado, o departamento do comércio dos EUA ter anunciado que, em 2016, o défice comercial do país se agravou acima do previsto pelos analistas. No ano passado, o défice comercial atingiu o patamar mais elevado desde 2012, perante a quebra das exportações que ultrapassou a verificada nas importações. Em termos globais, o défice comercial da maior economia do mundo aumentou 0,4%, para 502,3 mil milhões de dólares.

A aceleração dos principais índices bolsistas norte-americanos acontece num dia que volta a ser marcado pela apresentação de contas empresariais. O calendário de resultados para esta terça-feira tem assinalada a divulgação de resultados por parte de cerca de 30 cotadas que integram o S&P 500. Neste conjunto de empresas sobressaem a Walt Disney, bem como a General Motors.

De salientar que a época de resultados norte-americana tem corrido de forma positiva. Mais de metade das empresas já apresentaram as suas contas relativas ao último trimestre, sendo que cerca de três quartos superaram as previsões e em torno de metade bateram as estimativas de vendas, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

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Hoteleiros apoiam decisão de Moreira de aplicar taxa turística

A introdução da taxa turística na cidade do Porto não vai contar com a oposição dos hoteleiros. O valor da taxa não está ainda definido, mas Moreira terá dito que 1 euro pode ser pouco.

Está dado o mote para a criação da taxa turística na cidade do Porto. Rui Moreira, que já antes tinha falado no tema, foi taxativo no ECO Talks, que se realizou na quinta-feira passada no Porto. Se ganhar as eleições à Câmara do Porto para um segundo mandato, Rui Moreira quer a taxa turística. Uma ideia a que os agentes turísticos da região não se opõem.

 

Adrian Bridge, CEO do grupo The Fladgate Partnership é um dos defensores da aplicação desta taxa. O grupo que detém o The Yeatman e o Infante Sagres, no Porto, costuma dizer que essa taxa poderá servir para melhorar as infraestruturas das cidades de modo a beneficiar a promoção e, sobretudo, a diminuir a sazonalidade. É comum ouvir Bridge referir que a promoção do The Yeatman, o hotel vinícola do grupo, não se faz sem se promover a região.

Gonçalo Rebelo de Almeida, administrador do grupo Vila Galé, por seu turno, adianta que “não sendo a cobrança de taxas uma prática que recomendamos, admitimos a solução de cobrança desde que o valor seja equilibrado e as verbas sejam destinadas a fins de promoção turística ou investimento em infraestruturas que possam beneficiar os turistas e também a população residente”.

Não sendo a cobrança de taxas uma prática que recomendamos, admitimos a solução de cobrança desde que o valor seja equilibrado e as verbas sejam destinadas a fins de promoção turística ou investimento em infraestruturas que possam beneficiar os turistas e também a população residente.

Gonçalo Rebelo de Almeida

Administrador do grupo Vila Galé

Para Rebelo de Almeida é ainda fundamental assegurar que “a afetação das verbas seja decidida em conjunto com a Associação de Promoção onde estão presentes entidades privadas”.

Também a dona do novo hotel no Largo de São Domingos, o Armazém Luxury Housing diz compreender a posição da autarquia. Fernanda Gramacho adianta que “não se pode dizer que a taxa turística seja positiva para os hoteleiros, porque pagar mais nunca é positivo. Mas também compreendo que seja uma necessidade do município, porque se quero as ruas limpas e segurança por exemplo, terei que perceber esta parte”.

Com a visibilidade do Porto a nível internacional a aumentar, o número de dormidas na cidade tem também aumentado. Segundo os dados provisórios do Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP) a cidade registou 6,8 milhões de dormidas um crescimento de 10,7% face a 2015, atingindo assim valores muito próximos aos objetivos traçados para 2020. Números que começam a ser considerados de “massificação do Turismo no Porto”. Moreira nega, mas ainda assim defende que a receita da eventual taxa turística que se venha a aplicar na cidade sirva para “apagar a pegada turística”. Durante o ECO Talks, o autarca defendeu mesmo que o “objetivo é que o turismo não assuma as mesmas proporções que teve em Barcelona”.

Por “princípio não sou apologista do pagamento de taxas turísticas”, diz Melchior Moreira, presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal. Mas “tenho a flexibilidade de analisar os argumentos do presidente da Câmara do Porto e se a verba tem a finalidade de “apagar a pegada turística” e garantir que os “cidadãos vão continuar a conviver com o turismo e a gostar é um tema que merece uma grande reflexão”.

O presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal avança, porém, que entende “que não é este o momento certo para a fazer”. E remata: “No futuro, teremos, enquanto entidade responsável pela promoção turística do Porto e Norte de Portugal todo o interesse em participar nessa reflexão”.

Valor da taxa turística ainda em aberto

O valor da taxa turística está ainda por definir, Rui Moreira diz que é preciso olhar bem para os números de Lisboa e, sobretudo, é preciso que o tema tenha um largo consenso. Foi precisamente a pensar nesse consenso que Rui Moreira levou, em outubro, o tema a uma reunião da Casa dos 24, o conselho consultivo do município para a área económica.

Nessa reunião, Rui Moreira, segundo avançou o Público na edição de 3 de fevereiro, terá deixado em aberto vir a aplicar uma taxa de dois euros, o dobro da taxa aplicada na capital.

Fontes próximas ao processo garantiram ao ECO que Rui Moreira terá dado a entender nessa mesma reunião que o valor de um euro, a taxa aplicada em Lisboa, poderá não ser suficiente para compensar os custos que a aplicação da medida acarreta, quer ao nível de cobrança quer a litigância, sobretudo porque o Porto tem cerca de um terço das dormidas registadas em Lisboa. Dados referentes aos dez primeiros meses de 2016 apontam para uma receita da autarquia liderada por Fernando Medina de 11,2 milhões de euros. Moreira terá deixado no ar que é preciso cimentar a ideia e olhar bem para o exemplo de Lisboa, porque a avançar com a medida ela terá de ser capaz de suportar os chamados custos de contexto.

Rui Moreira terá mesmo dado o exemplo do que aconteceu em Aveiro, a primeira cidade portuguesa a taxar as dormidas e que terá desistido exatamente porque os custos seriam maiores do que a receita arrecadada.

Ainda na mesma reunião, o presidente da Câmara do Porto relembrou que contrariamente a Lisboa que ainda poderá vir a aumentar a receita com o número de entradas na capital, quer pelo aeroporto, quer pelo porto de mar, o Porto está limitado nessa questão, atendendo a que o aeroporto Francisco Sá Carneiro fica na Maia e o terminal de Leixões em Matosinhos.

Sobre eventuais contestações por parte dos hoteleiros, Moreira defende que a dupla descida do IMI que se verificou no concelho de 10% cada uma, pode compensar os proprietários dos estabelecimentos, caso estes não queiram fazer repercutir no cliente a implementação da taxa turística.

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