Startup Lisboa. A incubadora que acelerou a cidade

Cinco anos depois do dia 1, a Startup Lisboa contribuiu para a criação e aceleração daquilo que Lisboa é hoje: uma cidade que acolhe e faz crescer empreendedores e startups.

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As primeiras chaves da Startup Lisboa foram entregues a 2 de fevereiro de 2012. A Uniplaces foi uma das primeiras startups residentes.

No dia em que a Uniplaces assentou arraiais na rua da Prata, Miguel, Mariano e Ben trabalharam com os computadores pousados na mesa do almoço. “As mesas das salas ainda não tinham chegado à Startup Lisboa mas nós precisávamos de trabalhar mesmo assim”, conta Miguel Santo Amaro, cofundador e CEO da Uniplaces, o primeiro inquilino da casa.

Miguel e os sócios Mariano Kostelec e Ben Grech fundaram a Uniplaces e foram dos primeiros a ocupar o espaço do número 80 da rua da Prata, na Baixa lisboeta. Na altura, chegaram a partilhar o prédio com uma senhora que viveu no último andar do edifício durante quase um ano após a abertura do espaço da incubadora. E o facto de “ninguém” conhecer o termo startup e a sinalização estar no prédio dava mais alento do que desmotivava os “desconhecidos” moradores.

"As pessoas passavam e perguntavam: sabe o que é que é isto da Startup Lisboa?”

Miguel Santo Amaro

Uniplaces

“Acabámos por entrar antes da inauguração oficial e foi engraçado ver que as pessoas que integravam o projeto foram construindo a ideia do que é isto do empreendedorismo, ver os primeiros venture capitalists — estes investidores que não percebiam muito de tecnologia nem do que estávamos a fazer –, e hoje ver a evolução que a cidade e que a própria Startup Lisboa tiveram. A fasquia está bastante alta mas acredito que pode ser muito mais alta”, recorda Miguel Santo Amaro, em conversa com o ECO.

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Viver para contá-la

Inaugurada a 2 de fevereiro de 2012, a ideia de criar uma incubadora de startups na cidade surgiu a partir do Orçamento Participativo 2009/10, um projeto da Câmara que desafia os cidadãos a dar ideias para a cidade. A ideia, uma das mais votadas, serviu de catalisador a um projeto desejado pela Câmara mas que, sem a ‘aceleração’ do orçamento participativo, provavelmente demoraria muitos mais anos a concretizar, acredita Graça Fonseca. Desde a sua fundação, há cinco anos, a Startup Lisboa recebeu mais de 3500 candidaturas e apoiou 255 startups de empreendedores de mais de 35 países.

“A Câmara Municipal de Lisboa decidiu começar a trabalhar no projeto em várias dimensões. A primeira foi encontrar e definir a localização”, recorda Graça Fonseca, à data vereadora da Economia e Inovação da autarquia e que viria a ser presidente da Associação Startup Lisboa durante cerca de quatro anos. Na altura, optaram pela Baixa: apesar de ser uma zona com pouca circulação de empresas e empresários, a ideia era que a incubadora fosse em pleno centro da cidade.

A incubadora também é uma startup. Fomos descobrindo o mercado.

João Vasconcelos

Secretário de Estado da Indústria

Estamos a falar de uma altura em que, na Baixa, às 19 horas, não havia uma luz acesa além da do nosso prédio, não havia um sítio para comer uma sandes, era um sítio tenebroso. Toda a rua estava vazia a partir das sete da tarde”, recorda João Vasconcelos, diretor da incubadora durante os primeiros quatro anos de vida e que agora é secretário de Estado da Indústria e um dos dinamizadores do Startup Portugal, a estratégia nacional para o empreendedorismo lançada pelo Governo no ano passado.

De Atlantic Business Center a Startup Lisboa

Decidido o local — uma parceria com o Montepio, a instituição bancária que, desde o primeiro momento, apoiou o projeto –, era altura de pôr mãos à obra. Foi nessa perspetiva que a Baixa, outrora sem movimento, assistiu a uma revitalização de uma das suas ruas mais célebres da cidade: o primeiro edifício a dar teto à incubadora lisboeta tinha como objetivo fundamental a “atração de novas pessoas”.

“Por isso, não era um trabalho apenas para a Câmara mas para todos: foi nessa perspetiva que desafiámos instituições bancárias a juntarem-se a nós e fomos procurar outros parceiros”, explica Graça Fonseca.

O projeto original estava desenhado muito antes de João Vasconcelos chegar. “Era uma espécie de soft landing para PME’s dos PALOP, e ia chamar-se Atlantic Business Center. O Montepio já tinha disponibilizado o primeiro edifício. Depois, tanta coisa aconteceu. Decidimos ver o que outras capitais europeias estavam a fazer e descobrimos que, no meio da maior crise dos últimos anos, Lisboa estava a conseguir atrair estrangeiros para montar empresas. Percebemos que havia ali tração, focámo-nos no digital e começámos a trabalhar nisso. Criámos uma rede de mentores e de investidores, tivemos muita sorte com os primeiros empreendedores que conseguimos atrair: foi uma construção deles também”, conta João Vasconcelos, em entrevista ao ECO.

A Startup Lisboa nunca foi um agregado de startups ou de vontades. Criou-se uma comunidade.

Graça Fonseca

Secretária de Estado Adjunta e da Modernização Administrativa

O objetivo era fazer com que o edifício fosse, mais do que espaço de desenvolvimento de um conjunto de ideias de negócio, o ponto de partida para um ecossistema. Berlim e Londres serviram de inspiração mas o que, a partir de fevereiro de 2012, se foi criando naquele prédio da rua da Prata foi muito mais do que uma mera incubadora.

“Era um espírito verdadeiramente único. Tivemos sorte por sermos convidados a fazer parte da equipa de fundadores, mas o que é interessante é que, hoje, muitos dos nossos amigos e parceiros continuam a ser as mesmas pessoas que estavam connosco nessa altura. Acaba por ter aquele core connosco: passados cinco anos, e mesmo que apenas uma percentagem pequena das empresas sobreviva, continuas a ter essas pessoas a representar bem Portugal no mundo. E é interessante que um edifício na rua da Prata, numa zona praticamente abandonada pela cidade, se tenha tornado um hub tecnológico”, detalha Miguel Santo Amaro.

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António Costa, na altura presidente da Câmara de Lisboa, Graça Fonseca, então vereadora, Zeinal Bava e Tomás Correia, no dia da inauguração da Startup Lisboa, a 2 de fevereiro de 2012.

Outro fator preponderante, considera o secretário de Estado da Indústria, foram as visitas de António Costa a cada dois meses: o presidente da Câmara da altura estava pessoalmente envolvido no processo. “Isso faz com que toda a cidade abrace o projeto. Não tínhamos orçamento, não tínhamos dinheiro relevante, não havia fundos comunitários em Lisboa. Vivíamos muito de as empresas perceberem que aquilo era útil para eles, e as pessoas foram-se envolvendo. Fomos aprendendo todos muito”, explica João Vasconcelos.

“No início, a lógica passava por construir uma relação muito próxima entre os elementos e isso foi muito importante porque permitiu tornar mais ágil e dinamizar o ecossistema, acelerar processos, etc. (…) Escolhemos uma ou duas empresas consolidadas numa fase inicial e quisemos apostar em novos negócios: creio que naquele primeiro dia entregámos 40 chaves a startups”, recorda Graça Fonseca.

Curioso como um edifício, umas paredes e as pessoas que começaram lá, acabem por ser uma das razões para o Web Summit ter vindo para Portugal e para que grandes empresas hoje olhem para Lisboa como base para o futuro.

Miguel Santo Amaro

Uniplaces

Entretanto, já em 2015, foi inaugurado mais um edifício para incubação, o Espaço Caixa Empreender by Startup Lisboa, localizado no número 81 da Rua da Prata. Também na Baixa, perto dos dois edifícios com espaços de trabalho para as startups, na Rua do Comércio (n.º8), foi inaugurada a Casa Startup Lisboa, com 14 quartos, e onde já passaram mais de 50 pessoas. A estes, junta-se mais um, no Marquês de Pombal, espaço de incubação de startups de comércio e serviços que, em breve, terão uma loja para implementação de projetos pop-up na Rua da Prata, adianta Miguel Fontes, atual diretor geral da Startup Lisboa.

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Miguel Fontes, diretor da Startup Lisboa, foi um dos responsáveis pelo lançamento da primeira coleção de merchandise da incubadora.Paula Nunes / ECO

Em cinco anos, a Startup Lisboa permitiu a recuperação de dois edifícios históricos na Baixa, a criação de mais de 1500 postos de trabalho e 80 milhões de euros de investimento nas suas startups incubadas. E, no ano passado, lançou outra grande notícia: a gestão do projeto do hub do Beato, The Base, um projeto da câmara de Lisboa que tem como ambição criar uma cidade inovadora e criativa na zona ribeirinha da capital, num espaço com cerca de 35.000 metros quadrados que serviam armazém da Antiga Manutenção militar.

“A ideia é que, naquele espaço que é enorme, tem muitos edifícios e numa zona que está a mudar a face da cidade e junto ao rio, possamos criar ali um polo que seja aglutinador e dinamizador daquilo que de mais inovador está a ser feito debaixo de quatro eixos: empreendedorismo — queremos trazer para o Beato boas ideias e conceitos debaixo da ideia da incubação, aceleração, fab labs –, indústrias criativas, e um terceiro pilar mais corporate declinado em dois: procurar os bons projetos de I&D e aquilo a que se chama scale-ups e global companies. A soma disto tudo é o que será o Beato: intencionalmente a mistura de diferentes perfis e ambientes em que a única coisa que é comum é a ideia da inovação”, explica ao ECO Miguel Fontes, assinalando a ideia clara para a implementação do projeto.

Não queremos que o Beato substitua aquilo que já existe na cidade porque isso não acrescentaria valor. Queremos o contrário: a partir de um espaço posto à disposição da cidade e da comunidade consigamos atrair projeto ainda a ser desenhados ou que ainda cá não estão, ainda não são conhecidos e tenham esta marca de serem inovadores e gerem impacto por essa via”, esclarece.

João Vasconcelos e Graça Fonseca na inauguração da Startup Lisboa, a 2 de fevereiro de 2012.
João Vasconcelos e Graça Fonseca na inauguração de um dos edifícios da Startup Lisboa.D.R.

Medir o impacto

Depois da Startup Lisboa, foram muitos os projetos ligados ao empreendedorismo e às startups a instalar-se em Lisboa. Casos como os londrinos Second Home ou Impact Hub, escolheram Lisboa para instalar os seus mais recentes hub e, a maior conferência de tecnologia e empreendedorismo da Europa, o Web Summit, mudou-se para Lisboa e organizou o evento, pela primeira vez fora de Dublin, em novembro de 2016.

Esta dinâmica cada vez mais divulgada levou a que, ainda na semana passada, Lisboa tenha sido considerada uma das dez cidades mais amigas das startups pelo Fórum Económico Mundial.

Há pouco mais de um ano na direção da Startup Lisboa — depois da saída de João Vasconcelos –, Miguel Fontes garante que, na incubadora, o tempo vive-se de maneira completamente diferente. “É qualquer coisa de muito forte em termos de impressão: um ano de vida aqui corresponde a sete porque é tudo tão intenso, tão acelerado, tão vibrante que, de facto, notável quando olhamos para trás e passou ‘só’ um ano que se desdobra em mil coisas”, detalha.

"A história do ecossistema de Lisboa cruza-se muito com o da Startup Lisboa. E a realidade está aí para o demonstrar. Há cinco anos, contava-se pelos dedos de uma mão o que havia para contar dentro desta área. E isso tem muito a ver com a missão da Startup que é, obviamente, apoiar as startups aqui incubadas como também ajudarmos ao desenvolvimento do próprio ecossistema empreendedor da cidade.”

Miguel Fontes

Diretor Startup Lisboa

Cinco anos intensos que não deixam margem de dúvidas quando se fala em marcas. “O impacto que a Startup Lisboa tem tido na cidade é enorme. O que aconteceu a partir daí foi, por exemplo, a criação de uma rede de incubadoras, projetos privados motivados pelo dinamismo que lá viam. Muitos dos negócios de comércio que agora existem na cidade começaram entre aquelas paredes. Muita gente começou a ser empreendedora na Startup Lisboa”, recorda Graça Fonseca.

Para João Vasconcelos, a questão do impacto mede-se em função do espanto. “Essa é que foi a surpresa: em Portugal, toda a gente falava de crise e de desemprego. E, ao mesmo tempo, no meio deste cinzentismo todo havia uma coisa colorida. Durante pelo menos três anos, o edifício da Startup Lisboa era uma coisa à parte do país, era outro país. Toda a gente ali dentro acreditava no futuro, acreditava que Lisboa e Portugal eram o melhor sítio para montar o negócio, toda a gente queria contratar, exportar. E mal se saía da porta, toda a gente queria emigrar, ir embora. Não digo que tenha sido só da Startup Lisboa que tenha nascido essa contaminação boa para o país, mas ajudou. Sentimos que fizemos parte desse processo. O que mais prazer me deu em termos pessoais foi sentir que éramos uma espécie de farol de esperança para o país: demonstrámos que era possível.”

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Theresa May apresenta hoje “livro branco”

  • Lusa
  • 2 Fevereiro 2017

A primeira-ministra britânica, Theresa May, apresenta hoje o “livro branco” sobre o ‘Brexit’, no qual especifica os objetivos do governo para as negociações de saída da União Europeia.

A primeira-ministra britânica, Theresa May, apresenta hoje o “livro branco” sobre o ‘Brexit’, no qual especifica os objetivos do governo para as negociações de saída da União Europeia (UE).

A primeira-ministra conservadora fez o anúncio na terça-feira, durante o debate semanal na Câmara dos Comuns, depois de deputados da oposição trabalhista terem exigido um documento formal com as metas para as negociações com Bruxelas.

Num discurso pronunciado em meados de janeiro, Theresa May adiantou as linhas principais das negociações do ‘Brexit’, tendo nomeadamente apontado o controlo do número de europeus que chegam ao país, a saída do mercado único europeu e a celebração de um amplo acordo comercial com a UE.

O parlamento britânico começou na terça-feira a debater o projeto de lei que autorizará o executivo a acionar o artigo 50.º do Tratado de Lisboa, dando início a um período de dois anos de negociação.

Após concluído o debate e votação na Câmara dos Comuns, em princípio na próxima semana, o projeto passa para a Câmara dos Lordes.

O projeto deve estar aprovado pela rainha Isabel II a 09 de março e nessa altura, segundo a imprensa, May comunicará formalmente aos 27 parceiros europeus a decisão do Reino Unido de sair da UE.

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Empresas podem candidatar-se a apoio ao emprego em maio e em outubro

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 2 Fevereiro 2017

O Instituto de Emprego e Formação Profissional vai lançar dois novos períodos de candidatura à medida Contrato-Emprego: maio e outubro foram as datas escolhidas. O primeiro período está em curso.

As empresas que contratem desempregados vão ter mais duas oportunidades para se candidatarem ao novo apoio financeiro Contrato-Emprego. O segundo período de candidatura decorre entre 1 e 31 de maio e o terceiro entre 1 e 31 de outubro, indica o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) na sua página.

A primeira oportunidade para aderir a esta medida já está em curso e termina a 25 de fevereiro. Porém, as empresas que queiram concorrer já a este apoio terão de registar a sua oferta de emprego mais cedo. E não serão consideradas ofertas registadas antes de encerrado o anterior período de candidatura (ao abrigo da antiga medida Estímulo Emprego). Trocado por miúdos, podem agora ser submetidas a candidatura todas as ofertas de emprego registadas no portal do IEFP entre o dia 25 de julho de 2016 e o dia 20 de fevereiro de 2017, inclusive, explica o regulamento da nova medida. Se o registo ocorrer mais tarde, apenas será elegível no próximo período de candidatura.

Cada um dos três prazos de adesão ao longo de 2017 conta com uma dotação orçamental de 20 milhões de euros. As candidaturas que não sejam aprovadas num primeiro momento podem ser aceites em períodos posteriores, em termos a definir, indica ainda o regulamento. O objetivo é integrar, ao todo, 15 mil desempregados, conforme já noticiou o Público.

A medida Contrato-Emprego apoia financeiramente as empresas que contratem desempregados inscritos nos centro de emprego, nas seguintes situações:

  • Desempregados inscritos há mais de seis meses
  • Beneficiários de prestações de desemprego ou de Rendimento Social de Inserção (RSI)
  • Pessoa com deficiência e incapacidade
  • Pessoa que integre família monoparental ou cujo cônjuge também esteja desempregado e inscrito no IEFP
  • Vítima de violência doméstica
  • Refugiado
  • Ex-recluso e aquele que cumpra ou tenha cumprido medidas judiciais não privativas de liberdade e esteja em condições de se inserir na vida ativa
  • Toxicodependente em recuperação
  • Desempregados inscritos no IEFP há, pelo menos, dois meses consecutivos, com menos de 29 anos ou mais de 45
  • Desempregados inscritos no IEFP há, pelo menos, dois meses consecutivos, que não tenha registos na Segurança Social como trabalhador dependente ou independente nos últimos 12 meses
  • Pessoas que concluíram há menos de 12 meses estágio financiado pelo IEFP no âmbito de projetos reconhecidos como de interesse estratégico
  • Outro grupo específico a definir por despacho

Em causa está um apoio de 3.791,88 euros no caso de contratos sem termo e de 1.263,96 euros quando se trate de contrato a prazo. Mas o apoio à contratação a termo é limitado: só abrange desempregados com determinadas características (por exemplo, beneficiários de RSI, pessoas com mais de 45 anos ou inscritos nos centros de emprego há mais de 25 meses) e o contrato tem de ser celebrado por período igual ou superior a 12 meses.

Se o contrato for a tempo parcial, o valor do apoio é reduzido proporcionalmente.

O incentivo pode ser majorado em 10% em casos específicos, nomeadamente quando está em causa a contratação de beneficiários de RSI, bem como de pessoas que vivem em agregados monoparentais ou cujo cônjuge também esteja desempregado. Pode ainda acrescer outra majoração de 10% caso o posto de trabalho seja localizado em território economicamente desfavorecido.

Estão ainda previstas majorações em 20% ou 30% (consoante se trate, respetivamente, de vínculo a termo ou permanente) quando é contratado um desempregado de sexo sub-representado (menos de 33,3%) em determinada profissão.

Em troca, as entidades empregadoras têm de garantir que o trabalhador recebe formação profissional. Além disso, o incentivo depende da criação líquida de emprego e só é atribuído a empresas que não estão em situação de irregularidade, nomeadamente no que toca a salários em atraso.

As empresas que convertam contrato a termo em permanente têm igualmente direito a um prémio, igual a duas vezes a retribuição base prevista no contrato, com o limite de 2.106,6 euros.

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5 coisas que tem de saber antes de abrirem os mercados

  • Juliana Nogueira Santos
  • 2 Fevereiro 2017

O aumento de capital do BCP atinge a reta final e o Deutsche Bank divulga os resultados do último trimestre de 2016. O que acontece mais nesta quinta-feira?

Se é investidor e pretende participar no aumento de capital do BCP hoje tem a última oportunidade, já que termina o período de subscrição dos direitos. Mas há muitos outros assuntos a ter debaixo de olho no dia de hoje. Para além de também poder saber quanto os bancos estão a oferecer de remuneração nos depósitos a prazo e a cobrar para dar crédito, o dia está recheado de divulgação de contas trimestrais na Europa e EUA, onde também serão conhecidos dados sobre o desemprego na maior economia do mundo. Do lado de cá do Atlântico, o Banco de Inglaterra decide sobre os juros.

Dia D do BCP

Depois de dois dias de negociação fora da bolsa, termina nesta quinta-feira o período de subscrição dos direitos do aumento de capital do Banco Comercial Português. Os direitos estiveram no mercado durante uma semana, tendo saído no dia 31 de janeiro a cair cerca de 20%. Como o ECO noticiou, apenas um terço dos títulos que permitem participar no aumento de capital do banco trocaram de mãos durante este período, um sinal de que os seus acionistas estão interessados em participar na operação.

Como vão os juros da banca?

São divulgadas no site do Banco Central Europeu (BCE) esta quinta-feira, dados relativos às taxas de juro dos novos depósitos e empréstimos concedidos nos diferentes países da zona euro em dezembro. Será que o último mês do ano vai confirmar a tendência de descida dos juros, que tem penalizado a remuneração das poupanças dos portugueses, mas beneficiado quem recorre ao crédito? Além destas estatísticas, o BCE divulga também o seu boletim económico mensal, um documento que oferece informações relativas aos interesses do mercado monetário, perspetivas de crescimento, tendências de poupança e diversos problemas económicos.

Depois das multas, vêm os resultados do Deutsche

O último trimestre de 2016 não terá sido de sonho para o Deutsche Bank: depois das nuvens negras de um possível resgate se terem abatido sobre Berlim, este viu-se obrigado a pagar milhares de milhões em multas para encerrar processos judiciais nos Estados Unidos. O banco alemão foi acusado de vender títulos hipotecários tóxicos entre 2006 e 2007. Assim prevê-se que os resultados hoje apresentados — relativos, precisamente, ao último trimestre — incluam perdas. Além do Deutsche Bank, esta quinta-feira é dia de empresas como a Merck, a Amazon e a Snap Inc. também apresentarem as suas contas.

Primeira “super quinta-feira” de 2017

O Banco de Inglaterra vai fazer a primeira reunião de política monetária deste ano, com o governador Mark Carney a divulgar depois desta as decisões relativas às taxas de juro, bem como o relatório trimestral da inflação. Com o país a ultrapassar as expectativas na segunda metade de 2016, tudo indica que o regulador melhore as previsões de crescimento. A questão será quanto mais poderá crescer um país com uma moeda enfraquecida que traz a inflação para cima e o consumo para baixo.

Quantos pediram subsídio de desemprego nos Estados Unidos?

“Este é o último relatório de emprego antes da eleição? Porque se for eu ganho isto facilmente”, dizia Donald Trump no segundo debate contra Hillary Clinton. Hoje será conhecido o número de cidadãos que se inscreveram para receber subsídio de desemprego na semana de 23 a 28 de janeiro. Será que Trump já conseguiu influenciar este indicador na sua primeira semana na Casa Branca?

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CaixaBank volta a ter lucros acima de mil milhões

O banco catalão que tem a decorrer uma OPA sobre o BPI fechou 2016 com lucros de 1.047 milhões de euros. Aumentou os resultados à custa de maiores margens numa altura em que as provisões encolheram.

O CaixaBank, que tem a decorrer a oferta pública de aquisição (OPA) sobre o BPI, fechou o último ano com lucros de 1.047 milhões de euros. O banco catalão conseguiu inverter a tendência registada no final dos primeiros nove meses, encerrando 2016 com um crescimento de 28,6% nos resultados líquidos, beneficiando da melhoria na margem financeira, bem como da quebra nas provisões.

O banco liderado por Gonzalo Gortázar registava uma quebra de 2,6% nos lucros até ao final de setembro, mas acabou por conseguir apresentar um crescimento acentuado no total do ano. “Com este resultado, CaixaBank supera os 1.000 milhões de lucros por primeira vez desde o exercício referente a 2011“, refere o banco.

Para este resultado contribuiu a melhoria da margem financeira, mas também a quebra nos custos. “Num contexto de juros mínimos, a margem financeira situou-se em 4,157 milhões de euros (uma quebra homóloga de 4,5%). Desde meados de 2016 que a margem financeira mantém uma tendência de melhoria, tendo-se registado um crescimento de 3,5% no quarto trimestre”. Já os custos encolheram em 1,7%.

Determinante para este resultado líquido acima dos mil milhões por parte do banco liderado por Gonzalo Gortázar foi a quebra nas imparidades, que encolheram em 57,5%, bem como as receitas com as participadas. Só nesta rubrica, o banco registou um crescimento de 43,3% para os 828 milhões, beneficiando das receitas da Repsol.

Rácios em quebra… em plena OPA

Apesar destes resultados, os rácios de capital do CaixaBank deterioraram-se ligeiramente no final do ano passado. O CaixaBank apresentou um rácio common Equity Tier 1, numa base “fully loaded”, de 12,4%, sendo o rácio CET1 que serve de referência em termos de regulação de 13,2%. No final do terceiro trimestre, e depois do aumento de capital, o rácio numa base “fully loaded” estava em 12,6%.

O rácio encolheu em 20 pontos base. “A geração orgânica de capital no trimestre teve um contributo positivo, mas a quebra deve-se, entre outros, ao desenvolvimento de modelos internos de risco de crédito que levaram a um incremento nas deduções ao rácio de capital após as provisões”, refere a instituição.

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Angola: fábrica da Sumol+Compal já está a produzir

  • Lusa
  • 2 Fevereiro 2017

A portuguesa Sumol+Compal investiu 47 milhões de euros numa fábrica para produção em Angola. Vendas de sumos e refrigerantes atingem os 88,3 milhões de euros em 2016.

A portuguesa Sumol+Compal investiu 51 milhões de dólares (47 milhões de euros) numa fábrica para produção em Angola dos sumos e refrigerantes da marca, alcançando em 2016 vendas locais de 90 milhões de dólares (88,3 milhões de euros).

A informação foi transmitida hoje, em declarações à Lusa, pelo administrador delegado da Sumol+Compal em Angola, António Casanova, que acrescentou que a fábrica foi construída na zona do Bom Jesus, em Luanda.

Apesar das restrições decorrentes do acesso a divisas em Angola, para a importação de matérias-primas, o que tem causado “grandes dificuldades nos pagamentos ao exterior”, o responsável admite que os resultados obtidos foram “razoáveis”.

António Casanova falava à margem de uma visita realizada hoje a fábricas de bebidas na província de Luanda pelo ministro da Economia e pelo secretário de Estado da Indústria, tendo referido que aquela unidade fabril está concluída e a operar, com três linhas de produção, duas delas alocadas à produção de sumos.

“Temos noção que há uma crise que causa aqui vários constrangimentos, até mesmo ao nível da procura, devido ao poder de compra reduzido das pessoas. Ainda assim acreditamos que temos aqui oportunidades grandes, diria que no médio prazo o futuro é promissor”, frisou.

Segundo António Casanova, um conjunto de matérias-primas diversificado é importado, salientando que em 2016 cerca de 70% dos materiais para a produção vieram do exterior e cerca de 30% foi adquirido localmente.

Para o responsável, a instalação destas indústrias, no caso concreto da Sumol+Compal e do setor das bebidas, “cria uma oportunidade do surgimento de uma fileira da fruta a montante, que possa abastecer as fábricas e reduzir aquilo que é o nível das importações e até da dependência em relação ao exterior de um conjunto de bens que hoje têm que ser importados”.

Adiantou que para este ano está prevista a ampliação da capacidade de produção atual, de cerca de 800 mil litros diários, com a instalação de mais duas linhas de enchimento.

De acordo com António Casanova, mais de 95% das vendas realizadas pelo grupo em Angola são de produção local, para abastecimento exclusivo do mercado angolano.

O arranque da fábrica, localizada na zona do Bom Jesus, nas proximidades do rio Kwanza, tinha inicialmente previsto a criação de cerca de 180 postos e trabalho, atualmente emprega cerca de 300 trabalhadores.

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Marcelo deixa recados aos partidos e parceiros

Partidos e parceiros sociais devem repensar-se, sugere o Presidente da República. O importante é garantir a proximidade das pessoas e da realidade.

Recados e mais recados. Os parceiros económicos e sociais devem ter cuidado “para não descolarem das bases”. Os partidos têm de ser “capazes de olhar para a realidade e reformularem-se”. Estes foram dois avisos à navegação que Marcelo Rebelo de Sousa deixou num momento em que os parceiros sociais estão prestes a assinar uma adenda ao acordo de concertação que ditou o aumento do salário mínimo e que foi posto em causa pelo Parlamento na vertente da descida da Taxa Social Única.

“Atenção aos parceiros económicos e sociais para não descolarem das bases: não terem sindicalizados ou não terem representantes a nível patronal”, disse o Presidente da República, no primeiro episódio do programa Fronteiras XXI, da RTP1, dedicado ao populismo. “Por isso é que a concertação social é importante, tal como é o repensar dos parceiro económicos sociais“, acrescentou.

Quanto ao poder político os recados foram dois: mais proximidade, mas também capacidade de adaptação. “É fundamental a proximidade do poder político das pessoas, por isso tenho falado tanto de poder local”, justifica Marcelo. Por outro lado, “é importante algum consenso político entre partidos, mas é mais importante que eles se repensem, porque às vezes pode ser útil, como hoje é, haver, tendencialmente, dois termos de alternativa diversos sobre a governação do país”. “É bom haver alternativas, que cubram várias realidades e vários anseios”, frisa o Chefe de Estado.

É importante algum consenso político entre partidos, mas é mais importante que eles se repensem, porque às vezes pode ser útil, como hoje é, haver, tendencialmente, dois termos de alternativa diversos sobre a governação do país”. “É bom haver alternativas, que cubram várias realidades e vários anseios.

Marcelo Rebelo de Sousa

Presidente da República

Entre as suas “preocupações permanentes“, Marcelo Rebelo de Sousa colocou ainda um melhor funcionamento da Justiça, uma reformulação do Estado para estar mais próximo das pessoas, uma educação que assegure a vitalidade da democracia, um discurso político “que não seja politiquês”. Preocupações que talvez ajudem a explicar os elevados índices de popularidade do Chefe de Estado, caracterizado como o Presidente dos afetos.

E como o programa era sobre populismo, um fenómeno que tem ganhado lastro tanto na Europa como nos Estados Unidos, Marcelo elogia o facto da realidade portuguesa ser diferente face a outras europeias. “O nosso sistema politico, que é mais novo, tem uma plasticidade e uma capacidade de adaptação dos partidos, da realidade política e de algumas instituições, infelizmente não todas, para se ajustar”. Uma diferença que justifica “largamente”, pela “capacidade de rejuvenescimento” nacional e que permite ao Presidente “uma palavra de otimismo, não irritante”.

Marcelo defendeu ainda o populismo e as ruturas existentes nascem “da incapacidade de acompanhar novas realidade económicas, sociais, científicas e tecnológicas”. “As instituições são incapazes de se adaptar, funcionam mal” e tem um “distanciamento” muito grande entre o exercício do poder político das instituições e a realidade. “Era possível prever há já algum tempo a desatualização dos partidos, dos representantes dos parceiros económicos e sociais, da representação funcional”, defende. “Há desajustamento” que é necessário colmatar, alerta.

 

É inevitável EUA reconhecerem a importância da Europa

Os presidentes passam”. O alerta é de um Presidente. Marcelo Rebelo de Sousa, sem nunca se referir diretamente a Donald Trump, lembra que “há coisas que são inevitáveis”. “Podem demorar um mês, um ano, dois anos, três anos, mas são inevitáveis”.

A inevitabilidade a que Marcelo Rebelo de Sousa se refere é a de que os Estados Unidos vão inevitavelmente acabar por reconhecer a importância da Europa. O Presidente, assumindo o seu papel de professor, lembra que “na história ria dos EUA há muitos presidentes que começam por ser isolacionistas”, mas “volvido algum tempo convencem-se de que a Europa unida é melhor do que a Europa desunida”.

Questionado sobre se é essa a sua expectativa relativamente a Donald Trump, Marcelo frisa que “não é uma expectativa é uma certeza”.

“Os EUA precisam sempre da Europa como aliada fundamental. Seja o Presidente A, B, C, D ou E”, frisa Marcelo Rebelo de Sousa, alertando ainda que não se pode “confundir a conjuntura com a estrutura”. “Há coisas em que a Europa é insubstituível”, nomeadamente porque “percebe melhor” África, “a componente de Leste”, “a zona do Mediterrâneo, do Golfo e do Próximo e Médio Oriente”.

Os EUA precisam sempre da Europa como aliada fundamental. Seja o Presidente A, B, C, D ou E.

Marcelo Rebelo de Sousa

Presidente da República

E não é por a Europa ter ficado “parada a meio da ponte”, em termos de integração, que perdeu importância. Marcelo aponta o dedo ao facto de haver “dúvidas existenciais” sobre aqui que já integrou e de os vários países que integram o projeto europeu verem, “de formas completamente diferentes”, “o relacionamento com os vizinhos, a questão da segurança, do terrorismo, das migrações, dos refugiados, a evolução económico financeira”.

É verdade que “fazem um esforço para ter posições comuns, mas não basta”, alerta. “Devem ser posições comuns que respondam à resolução de problemas concretos de pessoas de carne e osso”, conclui.

 

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Fed manteve juros e Wall Street avançou

Os principais índices bolsistas norte-americanos terminaram a sessão em alta. O S&P 500 conheceu os primeiros ganhos em cinco sessões.

As bolsas norte-americanas encerraram em alta, com o S&P 500 a conhecer os primeiros ganhos após o pior ciclo de perdas desde a vitória de Donald Trump nas presidenciais de novembro. Este avanço acontece no mesmo dia em que a Reserva Federal dos Estados Unidos decidiu não mexer nos juros, com os principais índices norte-americanos a receberem com agrado os resultados empresariais.

O índice S&P 500, que agrega as 500 maiores capitalizações bolsistas norte-americanas, fechou a valorizar 0,02%, para os 2.279,26 pontos. Já o industrial Dow Jones e o tecnológico Nasdaq avançaram 0,14% e 0,5%, respetivamente, para os 19.890,94 e os 5.642,65 pontos.

Um dos marcos do dia de hoje foi a reunião da Fed que, tal como era esperado, optou por não mexer nas taxas de juro de referência, ao mesmo tempo que reconheceu o aumento da confiança dos consumidores e empresários após a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais. A taxa de juro da maior economia do mundo ficou assim no intervalo entre 0,5% e 0,75%. Na primeira reunião de política monetária do ano, os responsáveis da Fed reiteraram ainda as suas expectativas relativamente a um crescimento económico moderado e a “algum fortalecimento adicional” no mercado de trabalho.

O mercado valorizou isto, mas também aplaudiu ainda os resultados acima do previsto apresentados. Foi o que aconteceu na terça-feira com a Apple, que bateu as estimativas de vendas graças aos modelos mais caros do iPhone. Os investidores aguardavam ainda a divulgação de contas por parte do Facebook. Logo após o fim da sessão, a empresa liderada por Mark Zuckerberg apresentou resultados acima do esperado, apoiados na publicidade.

A empresa de social media anunciou que as suas vendas dispararam 51%, para 8,81 mil milhões de dólares. Já os lucros fixaram-se em 1,41 dólares por ação, acima da estimativa dos analistas que apontava para 1,31 dólares por ação. Por sua vez os utilizadores ativos mensalmente alcançaram 1,86 mil milhões de pessoas, superando também o esperado.

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Construtoras desesperam por mais obras

Os níveis historicamente baixos do investimento público em construção e as autarquias com prazos de pagamento muito longos deixam as construtoras numa situação difícil.

Os níveis historicamente baixos do investimento público em construção estão a deixar as empresas do setor com a corda na garganta. Se a isso se acrescentar a dilatação nos prazos de pagamento por parte das autarquias, o cenário agrava-se.

De acordo com os dados do Banco de Portugal, em 2016, o investimento em construção ascendeu a 13,13 mil milhões de euros, uma quebra de 1,6% face a ano anterior. Excetuando o ano de 2014, quando o volume de investimento foi de apenas 12,81 mil milhões, é preciso recuar a 1987 para ter um valor tão baixo (13,1 mil milhões).

Por outro lado, a Direção Geral das Autarquias Locais revelou que 81 dos 294 municípios com informação validada têm prazos de pagamento superiores a 60 dias, no último trimestre de 2016. Se por um lado, Elvas e Moita levam 63 e 62 dias em média, Portimão e Nazaré têm prazos de pagamento de 1.683 e 1.649 dias, respetivamente.

Investimento em construção muito longe dos máximos

Fontes: INE Banco de Portugal (Valores em milhões de euros)
Fontes: INE Banco de Portugal (Valores em milhões de euros)

“No setor autárquico há obras com financiamento comunitário que ainda não arrancaram e que decorrem do processo de mapeamento”, reconhece ao ECO, Manuel Machado. O presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) e presidente da Câmara de Coimbra refere-se assim à lista de obras que já estão identificadas que as várias câmaras podem fazer até 2020 com financiamento comunitário. Quanto aos atrasos nos prazos de pagamento, Manuel Machado prefere sublinhar as melhorias no indicador já que a larga maioria das câmaras paga a menos de 60 dias, além de que “a generalidade dos municípios está em condições de fazer face à contrapartida nacional” que lhes cabe assegurar nas obras com apoios comunitário.

O presidente da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas do Norte (AICCOPN) tem uma leitura diferente: “Temos conhecimento que muitas câmaras nem sequer têm financiamento correspondente à contrapartida nacional”, disse ao ECO.

Reis Campos frisa que “há falta de obras, porque não há investimento público”. “Antes concorriam 20 empresas por cada concurso. Agora os concursos estão vazios”, acrescenta. Além disso, “as empresas até podem ter falta de obras, mas não concorrem porque os preços não são compatíveis. São demasiado baixos”.

Esta é uma das grandes preocupações do responsável que defende a necessidade de mudar as regras porque o sistema atual “não leva a lado nenhum”. “Há oito anos que alertamos para esta situação”. “À primeira vista parece que o Estado está a poupar, mas está a dar cabo do tecido empresarial”, acrescenta, precisando que “as câmaras também não ajudam” neste ponto porque querem fazer obra ao valor mais baixo possível ainda que isso depois possa resultar num “aumento da litigância”.

À primeira vista parece que o Estado está a poupar [com os preços anormalmente baixos nos concursos públicos], mas está a dar cabo do tecido empresarial.

Reis Campos

Presidente da AICCOPN

“A cumplicidade” que existia entre construtoras e câmaras, “era mutuamente benéfica porque resolvia problemas no passado”, frisou ao ECO Ricardo Pedrosa Gomes. As construtoras aceitavam, por vezes, fazer um trabalho, porque “havia a expectativa de que a seguir a um trabalho viria outro”, explica o presidente da Associação de Empresas de Construção e Obras Públicas e Serviços (AECOPS). “Uma espécie de business plan das autarquias baseado na capacidade financeira do empreiteiro. Agora só as construtoras que têm atividade internacional é que o podem fazer”, reconhece.

Ricardo Pedrosa Gomes identifica ainda um outro problema. Com a falência de tantas construtoras, nas regiões mais interiores do país, por vezes, não há empresas para fazer os trabalhos e os concursos acabam por ficar desertos. O presidente da AECOPS também está preocupado com a quebra do nível de investimento e receia que “as perspetivas para 2017 não sejam muito melhor”.

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Rui Moreira no ECO Talks para falar dos desafios que o Porto tem pela frente

O autarca já anunciou a recandidatura à Câmara do Porto. Os empresários esperam que, em caso de reeleição, Rui Moreira tenha como prioridade atrair investimento e criar emprego.

A pouco mais de nove meses das eleições autárquicas, Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto continua em estado de graça na cidade. O independente (apoiado pelo CDS local) que derrotou Manuel Pizarro do PS e Luís Filipe Menezes do PSD soube unir a cidade e têm-se assumido como a voz do Norte, em defesa dos interesses não só do Porto, como de toda a região. Mas será que este estado de graça se vai prolongar até ao fim do mandato? Será capaz Rui Moreira de voltar a surpreender na noite eleitoral? Será o Porto capaz de aprofundar a recuperação urbana de modo a responder a dois eixos estratégicos: o reforço da componente turística da cidade e a criação emprego, sobretudo qualificado?

Rui Moreira estará esta quinta-feira, 2 de fevereiro, na terceira edição do ECO Talks, a primeira a realizar no Porto, para responder a estas e outras questões.

Já se sabe que Rui Moreira se vai recandidatar e sobretudo já se sabe que terá o apoio do PS, com quem fez uma coligação invulgar e com quem conseguiu montar uma estratégia para a cidade, e repete o apoio do CDS-PP. Mas falta saber as linhas mestras do seu novo mandato. E sobretudo os desafios que tem pela frente. A avaliar pelos empresários contactados pelo ECO, a prioridade máxima tem que ser a atração de investimento.

Atração de investimento

Um dado é certo, a cidade tem que continuar a atrair investimento, capaz de gerar emprego e sobretudo emprego qualificado para fixar os jovens que as Universidades formam. Aliás, os empresários contactados pelo ECO apontam mesmo estas como as prioridades da autarquia e os principais desafios de Moreira para o que resta deste mandato e as bandeiras da campanha que se avizinha.

Rui Moreira, que tem como uma das principais características ser bom ouvinte, sabe-o melhor do que ninguém. A InvestPorto, que o autarca diz que tem feito um trabalho notável, é uma criação do seu mandato, e tem feito inúmeros contactos com potenciais investidores.

Manuel Ferreira da Silva, administrador do BPI, realça que a “atração de investimento tem que se manter como bandeira, mas há já vários casos confirmados nesta matéria”. De resto Ferreira da Silva diz que “Rui Moreira conhece muito bem a cidade e isso é uma enorme vantagem para perceber o que deve ser feito”.

Uma ideia partilhada por Estela Barbot, administradora da REN. Para a economista, “o principal desafio de Rui Moreira é continuar a apresentar um projeto ambicioso assente na atração do investimento e do turismo, o que de resto tem sido feito e com sucesso”.

"Rui Moreira conhece muito bem a cidade e isso é uma enorme vantagem para perceber o que deve ser feito”

Manuel Ferreira da Silva

Administrador do BPI

O facto da cidade do Porto estar na moda tem ajudado a essa captação de investimento. A par disto, a autarquia tem apostado em “ser um laboratório para a inovação“, de modo a tornar “o Porto num território fértil” nas palavras de Moreira, no que respeita ao empreendedorismo.

"o principal desafio de Rui Moreira é continuar a apresentar um projeto ambicioso assente na atração do investimento e do turismo, o que de resto tem sido feito e com sucesso”

Estela Barbot

Administradora da REN

Rafael Campos Pereira, vice-presidente da AIMMAP (Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal), põe também a tónica na inovação e sobretudo na industria 4.0. “É importante que o presidente do Porto prossiga o trabalho que tem feito e na lógica das empresas que consiga atrair mais investimento para o Porto e, sobretudo criar um hub na área das novas tecnologias e particularmente na industria 4.0”. Para o vice-presidente da AIMMAP, “é importante que a segunda cidade e o segundo polo económico do país se afirme como líder nesta área”. Uma forma, salienta Campos Pereira, de “suportar o crescimento dos setores tradicionais (calçado, têxtil e metalomecânica) tão presentes na região”.

"É importante que consiga atrair mais investimento para o Porto e sobretudo criar um hub na área das novas tecnologias e particularmente na industria 4.0”

Rafael Campos Pereira

Vice-presidente da AIMMAP

Gestão da STCP

Na questão da mobilidade avizinham-se também novos desafios. A autarquia irá assumir, dentro de mais ou menos um mês, a gestão da STCP, uma empresa que tem vindo a perder clientes e é preciso reverter a situação. A par disso, a autarquia bateu-se pela criação do terminal intermodal de Campanhã.

Ainda ao nível da mobilidade, o autarca sempre defendeu a criação de novas linhas para o Metro do Porto, e ao que tudo indica terá aqui uma “mão” do Governo. O Executivo de António Costa deverá anunciar na próxima semana a criação de novas linhas para o metro do Porto, para o período compreendido entre 2018/2020.

Reabilitação da Campanhã

Uma das grandes apostas do Executivo é a reabilitação de Campanhã e de toda a zona oriental da cidade do Porto. É uma aposta de longo prazo e que não se esgota nem num, nem em dois mandatos. Rui Moreira aposta num modelo semelhante ao da Baixa do Porto. O plano é que toda a zona oriental do Porto possa ser considerada num prazo de 20 anos uma nova centralidade da cidade. O investimento deverá rondar os 75 milhões de euros e inclui não só o terminal intermodal como duas fortes áreas empresariais. E ainda a reconversão em polo cultural do antigo Matadouro em Campanhã.

Um projeto que Eduardo Rangel, presidente do grupo Rangel considera vital. “É importante que se continue a reavaliar a parte urbana e no caso concreto da zona oriental tive oportunidade de visitar a zona com o presidente da Câmara e considero que há ali um trabalho importante a desenvolver , sobretudo no segundo mandato, que penso que vencerá”

Turismo

A visibilidade do Porto a nível internacional tem sido notória e os números refletem isso mesmo. Em 2016, e segundo números provisórios do Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP) a cidade registou 6,8 milhões de dormidas, um crescimento de 10,7% face a 2015, e atingindo valores muito próximos aos objetivos traçados para 2020. Mas aqui levanta-se um problema. Há já quem fale na massificação do turismo no Porto e na impossibilidade das famílias se fixarem nas zonas consideradas históricas, onde prolifera o alojamento local destinado a turistas e a preços proibitivos. Para o presidente do Porto, que chamou a si o pelouro do turismo da autarquia a que juntou ainda a presidência da Associação de Turismo do Porto, os impactos negativos estão a ser controlados e relembra que o turismo é também sinónimo de desenvolvimento económico, emprego e reabilitação desde que regulado.

"O Porto tem feito um trabalho notável ao nível da cultura e do turismo, mas falta trazer as empresas e a economia para a cidade”

António Mota

Presidente da Mota-Engil

Uma opinião partilhada pelo empresário e presidente da Mota-Engil. António Mota diz que “o Porto tem feito um trabalho notável ao nível da cultura e do turismo”. Mas “falta trazer as empresas e a economia para o Porto”.

Ainda no turismo, o autarca mantém o suspense sobre a taxa turística, tendo inclusive já referido que esse vai ser um tema para a campanha eleitoral.

Mercado do Bolhão

Foi uma das promessas eleitorais do autarca. Rui Moreira queria reabilitar o Mercado do Bolhão, torná-lo num verdadeiro mercado municipal de frescos, e voltar a dar ao espaço o traço distintivo de há 30/ 40 anos. Hoje o concurso está lançado, e o autarca espera conseguir adjudicar a obra ainda neste mandato.

Palácio de Cristal

O futuro do Palácio de Cristal/Pavilhão Rosa Mota passa pela concessão pelo prazo de 20 anos ao consórcio “Porto Cem por Cento Porto” com uma renda mensal de 20 mil euros. A minuta do contrato foi aprovada em assembleia municipal já este ano, mas falta ainda o visto do Tribunal de Contas. O pavilhão deverá ser transformado em centro de congressos.

Centralismo

O combate ao centralismo tem sido uma das bandeiras de Rui Moreira. Já o era antes de entrar para a autarquia e manteve-se com mais destaque desde então. As suas posições levam-no mesmo a assumir uma certa liderança em toda a área metropolitana em assuntos como o dossier da TAP, a legislação do arrendamento comercial, entre outros. Rui Moreira é um combatente feroz da forma como as políticas públicas são geridas. Para o autarca, apesar de o Norte ser o grande motor das exportações é constantemente esquecido em prol de Lisboa. Moreira diz mesmo que “Portugal é macrocéfalo” e esse é um desafio que seguramente vai marcar o(s) seu(s) mandatos.

Ainda no combate ao centralismo, o autarca defende que o Estado devia devolver competências aos municípios.

Cultura

A cultura era a par, com a coesão social e a economia, os pilares da candidatura do presidente da Câmara do Porto. E aqui há unanimidade em afirmar que esta é uma aposta ganha pelo autarca e seguramente o aspeto mais fraturante entre o mandato de Rui Moreira e o seu antecessor Rui Rio. Moreira abriu as portas da câmara à cultura, tendo começado por resolver a questão do Teatro Rivoli, que voltou a ser um teatro municipal. Hoje, como gosta de dizer o autarca, a cultura está em locais em que era impensável e sobretudo tem público.

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Reino Unido: Theresa May já pode desencadear o Brexit

O Parlamento do Reino Unido votou no sentido de dar à primeira-ministra britânica Theresa May o poder de desencadear o Brexit. Saída da União Europeia está nas mãos do governo.

O Parlamento britânico deu à primeira-ministra Theresa May o poder de invocar o artigo 50 do Tratado de Lisboa e, assim, dar o pontapé de saída no processo que resultará na saída do Reino Unido da União Europeia. Segundo o jornal The Guardian, 498 deputados votaram a favor e 114 votaram contra. Já a moção dos nacionalistas da Escócia para travar o processo foi chumbada.

A esmagadora maioria dos deputados escolheram, assim, prosseguir com a vontade dos britânicos de desvincular o Reino Unido de Bruxelas, expressa em referendo público no ano passado. Recorde-se que o Parlamento teve de ser envolvido no processo por decisão do Supremo Tribunal no passado dia 24 de janeiro.

Theresa May, anteriormente pela permanência, já anunciou ter optado pela via do hard Brexit, o processo pelo qual o país corta os laços com a União Europeia na totalidade. Terá de comunicar oficialmente essa intenção à Comissão Europeia e o quando está agora nas mãos do governo. Esta quinta-feira, deverá ser revelado o relatório com as linhas orientadoras do processo de saída.

Atualizado às 20h12 com mais informação.

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Do perfume ao nuclear. Inovar a metalomecânica

Encher frascos de perfume, boiões de comida de bebé, válvulas para controlar fluidos nas centrais nucleares... Para cada cliente uma solução. É a regra da T.S.F.

A T.S.F., uma empresa de metalurgia de precisão, produz 90% para exportação, mas só para a Europa. A empresa faz o que o cliente quer, não produz grandes séries e não tem produto próprio. Aos fundos comunitários já os trata por ‘tu’. Pedro Sousa conta o ECO que na próxima semana vão pedir o reembolso e vistoria do último projeto que estão a desenvolver com o apoio do Portugal 2020.

Foram 2,14 milhões de euros de apoio, para um investimento de 3,1 milhões de euros destinado a desenvolver uma nova área de negócio de alto valor acrescentado. Mas o que é que isto significa exatamente? “Desenvolver a construção de uma máquina para a Michelin, para a indústria nuclear e para perfumaria”, explica Pedro Sousa. Perdão? “As máquinas para encher os frascos de perfume são feitas aqui”, precisa. Perfumes franceses, leia-se. “E fazemos as válvulas que controlam os fluidos das centrais nucleares, nomeadamente do Reino Unido e da China”, acrescenta. Neste caso o cliente é a francesa Areva que depois fabrica as centras completas.

Pedro Sousa precisa um pouco melhor o modelo de negócio da empresa: “Somos uma metalúrgica de precisão, fazemos as peças técnicas para as máquinas e equipamentos e, nalguns casos, até montamos as máquinas aqui. Depois a componente informática é acrescentada pelo fabricante”. “A T.S.F. não faz grandes séries, não trabalha para a indústria automóvel, mas antes para um mercado pequeno e exigente de pequenas séries ou peças únicas, o que nos permite estar em clientes de valor acrescentado”. Mas, se por um lado, esta é uma mais-valia para a empresa, por outro exige um investimento sistemático. “E os nossos investimentos são caros”, reconhece o responsável por esta pequena empresa de Vila Nova de Famalicão.

Instalações da T.S.F. Metalúrgica de precisão, em Vila Nova de Famalicão.

E é aqui que os fundos comunitários desempenham um papel determinante. Já com o QREN, o quadro comunitário anterior ao Portugal 2020, Pedro Sousa conta que o utilizaram por duas vezes: primeiro foi um projeto de 900 mil euros para a Nestlé, em França, para controlar o enchimento de boiões de comida de bebé e garrafas de água, que ainda hoje é usada pela marca. Depois seguiu-se um projeto de maior envergadura de 1,75 milhões de euros para equipamento produtivo.

Apesar da sua pequena dimensão, a empresa está a crescer de vento em popa. Os dois mil metros quadrados iniciais da fábrica já foram, entretanto, alargados para quatro mil. “Mas estamos a pensar fazer mais”, admite o responsável. Esta empresa de Vila Nova de Famalicão registou o ano passado um volume de negócios de 5,7 milhões de euros, sendo que este ano a ambição é chegar aos seis milhões.

Já com o pé na indústria 4.0 lançada com pompa esta semana, Pedro Sousa explica que tudo já é informatizado na empresa para dar a melhor resposta possível aos clientes. “A cada projeto novo o cliente pergunta se somos capazes de o fazer e isso, muitas vezes, implica fazer novos investimentos que tentamos que depois sejam também uma mais-valia para os outros”, acrescenta.

Pedro Sousa admite que a empresa não tem muitos clientes — “são necessários dois a quatro anos para desenvolver a confiança dos clientes, é um processo” — mas não deixa de participar em feiras nomeadamente na Alemanha, Suécia, Holanda, França para tentar encontrar novos, mesmo em mercados onde já está presente. A aposta, não esconde, está sobretudo nos países nórdicos que têm bons prazos de pagamento. Mas “no Reino Unido já há contactos com dois ou três clientes“. E Brexit? “Não é um problema para nós”, garante.

Com um resultado líquido de 180 mil euros em 2015, um valor que deverá ter crescido em 2016, garante, Pedro Sousa conta que a T.S.F. foi crescendo só com clientes portugueses, mas o tempo que perdiam a tentar receber era tempo que não usavam no desenvolvimento do negócio. “Foi assim que fomos para fora. Bendita a hora”, diz. Agora vendem maioritariamente em França, Alemanha, Suécia, Dinamarca, Suíça, Áustria e Itália.

Para o futuro próximo, já estão a a ser pensados novos concursos ao Portugal 2020 até porque Pedro Sousa não tem qualquer razão de queixa. “Ouço muita coisa, mas connosco tem corrido 100%. O maior problema é a aprovação dos projetos que tem um prazo maior, mas é dentro do aceitável, foram quatro meses. Mas já pedi reembolsos por duas vezes e 30 dias depois o dinheiro estava na minha conta”, conclui.

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