5 coisas que vão marcar o dia

Banco de Portugal divulga dívida pública. Há conferência sobre o futuro da relação com a China, na véspera da visita do Presidente chinês a Portugal. E acionistas da Corticeira decidem dividendo.

O Banco de Portugal divulga as estatísticas sobre a evolução da dívida pública em outubro. Na véspera da visita do Presidente chinês a Portugal, Miguel Maya (BCP), António Mexia (EDP), Rodrigo Costa (REN) e Jorge Correia (Fidelidade), tudo companhias com acionistas chineses, vão discutir o futuro da relação entre Portugal e China. E os acionistas da Corticeira decidem dividendo.

Como vai a dívida pública?

O Banco de Portugal atualiza os dados relativos à evolução da dívida pública no mês de outubro. Em setembro, o endividamento público totalizava os 249 mil milhões de euros, após uma queda de 300 milhões face ao mês anterior. Já a dívida pública líquida de depósitos registou um decréscimo de 1,2 mil milhões de euros em relação ao mês anterior, para 223,7 mil milhões de euros.

O futuro da relação com a China

Na véspera da visita oficial de dois dias do Presidente chinês, Miguel Maya (BCP), António Mexia (EDP), Rodrigo Costa (REN) e Jorge Correia (Fidelidade), tudo companhias com acionistas chineses, vão discutir o futuro da relação entre Portugal e China, numa conferência organizada pela Global Media Group.

Ministros das Finanças da Zona Euro analisam orçamento italiano

Em Bruxelas, os ministros responsáveis pelas Finanças dos Estados-membros da zona Euro, sob a presidência de Mário Centeno, ministro das Finanças de Portugal, reúnem-se com um tema quente em cima da mesa: o Orçamento do Estado de Itália e a abertura de um Procedimento por Défice Excessivo por parte da Comissão Europeia.

AG vota dividendo extra da Corticeira Amorim

Os acionistas da Corticeira Amorim foram convocados para uma assembleia geral extraordinária esta segunda-feira para decidirem sobre a distribuição de um dividendo adicional de 8,5 cêntimos por ação. A empresa fechou os primeiros nove meses do ano com lucros de 58,6 milhões de euros.

OCDE faz análise aos sistemas de pensões

É a quarta edição do “OECD Pensions Outlook“, que fornece uma análise sobre as políticas e os sistemas de pensões nos vários países que fazem parte da organização e pretende ser uma ferramenta para os governos assegurarem que os cidadãos conseguem obter o máximo do sistema de pensões.

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PSOE tem vitória de pirro, extrema-direita entra no Parlamento da Andaluzia

  • Lusa
  • 3 Dezembro 2018

A extrema-direita entrou de forma fulgurante no Parlamento da Andaluzia, a comunidade mais populosa de Espanha. O PSOE ganhou, mas perdeu 14 deputados e não tem maioria.

O PSOE foi o partido mais votado, mas com os piores resultados da sua história, nas eleições deste domingo na região espanhola da Andaluzia, mas a principal notícia foi a chegada da extrema-direita ao parlamento regional, através do Vox.

Os partidos tradicionais espanhóis são os grandes derrotados da consulta, quando estão escrutinados 98% dos votos, com o PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) a passar de 47 deputados regionais (num total de 109) para 33, enquanto o Partido Popular (PP, direita) passa de 33 para 26. O ‘Ciudadanos’ foi o partido que mais subiu nas votações, passando de nove deputados regionais para 21, mantendo intacta a sua pretensão de vir a liderar a direita espanhola. Mas estas eleições marcam a entrada fulgurante da extrema-direita, que desde 1982 não tinha expressão eleitoral em Espanha, no parlamento regional através do Vox, que consegue 12 deputados regionais, um resultado inesperado.

O PSOE foi o mais votado, mas não vai ser fácil encontrar um parceiro para governar, depois de todos as forças políticas, durante a campanha eleitoral, terem recusado apoiar um executivo regional liderado pela socialista Susana Díaz, atual presidente.

O PP também foi muito penalizado, mas tem a consolação de se ter aguentado na segunda posição, não tendo sido ultrapassado pelo ‘Ciudadanos’ (direita liberal), que traçou esse cenário como o seu objetivo principal.

Um vídeo divulgado antes das eleições, com o título “Andaluzia pela Espanha”, que se tornou viral na internet, mostra o líder do Vox, Santiago de Abascal, a cavalgar com um grupo de outros membros do partido, numa referência à “Reconquista” espanhola nos séculos XIII-XV dos territórios muçulmanos, que agora seria feita a partir desta região para o norte.

A líder regional e candidata do PSOE, Susana Díaz, justificou, em setembro passado, a decisão de antecipar a ida às urnas com a falta de estabilidade do seu executivo, depois de o ‘Ciudadanos’ ter retirado o apoio que há três anos dava aos socialistas, acusando-os de não cumprirem as medidas negociadas de regeneração democrática.

O PSOE governa a maior e mais populosa das comunidades Autónomas espanholas desde 1982, há 36 anos. As eleições andaluzas são um teste importante para o Governo minoritário socialista, que chegou ao poder há seis meses, e também para as forças de direita, a alguns meses das eleições autárquicas, autonómicas e europeias de maio próximo. O executivo nacional, liderado por Pedro Sánchez, tem tido dificuldade em aprovar as suas políticas em Madrid e esperava ter agora um bom indicador de apoio popular.

A Comunidade Autónoma da Andaluzia, com mais de 87 mil quilómetros quadrados, é a segunda maior de Espanha (a primeira é Castela e Leão) e tem quase o tamanho de Portugal (92 mil).

Por outro lado, é a mais populosa região de Espanha, com mais de oito milhões de habitantes (Portugal tem mais de 10 milhões), fazendo fronteira com os distritos portugueses de Beja e Faro.

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Presidente chinês visita Portugal com a sombra da OPA à EDP

  • ECO e Lusa
  • 3 Dezembro 2018

Há uma sombra a pairar sobre a visita do Presidente chinês a Portugal. A OPA da China Three Gorges sobre a EDP está longe de estar assegurada.

A visita do Presidente chinês, Xi Jinping a Portugal nos próximos dias 4 e 5 de dezembro, decorre quando há incertezas sobre as possibilidades de sucesso da OPA à EDP da China Three Gorges (CTG), depois de ter sido anunciado o recurso aos tribunais internacionais para contestar medidas do Estado.

A CTG, que há seis anos se tornou a principal acionista da elétrica, está disposta a pagar 10 mil milhões de euros, o valor máximo associado às ofertas anunciadas em maio pela totalidade da EDP e da sua subsidiária, a EDP Renováveis, para assegurar o controlo acionista e impedir que potenciais interessados na elétrica avancem. Mas para a oferta chegar ao mercado, a maior ofensiva de capitais chineses em curso em Portugal, a CTG tem que obter autorizações dos reguladores nos vários mercados em que a EDP está presente, nomeadamente dos Estados Unidos, num ambiente de guerra comercial à China, e de Bruxelas, onde já se iniciaram contactos no sentido de uma pré-notificação do negócio.

Já depois de ter anunciado a Oferta Pública de Aquisição (OPA), a CTG, que detém 23,27% do capital social da EDP – no ano passado reforçou -, foi um dos acionistas que decidiu no final de setembro que vai contestar nos tribunais internacionais o pagamento de 285 milhões de euros por alegada sobrecompensação no cálculo da disponibilidade das centrais que operavam em regime CMEC (Contratos de Manutenção do Equilíbrio Contratual).

“O Conselho Geral de Supervisão da EDP, do qual fazem parte os acionistas de referência da empresa, pronunciou-se hoje, por unanimidade, no sentido de que a adequada defesa dos interesses dos acionistas justifica o recurso à arbitragem internacional ao abrigo dos tratados de proteção do investimento estrangeiro em vigor”, lê-se no comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários em 27 de setembro, sendo este um de vários processos anunciados pela elétrica contra o Estado, mas o primeiro dos acionistas (e não do Conselho de Administração Executivo) e na esfera internacional.

Apesar da guerra nos tribunais, no anúncio preliminar da operação, o grupo chinês afirmou que só lançará a OPA sobre a EDP se o Governo português não se opuser à oferta, e recebeu desde logo ‘luz verde’ do primeiro-ministro, António Costa, que disse que não ter “nenhuma reserva a opor” à operação. Uma declaração ainda antes de ser publicado o referido anúncio.

Entretanto, aguarda-se a posição final da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) sobre o requerimento apresentado pela China Datang Overseas Investment Co. Ltd., sobre uma projetada operação de aquisição da Novenergia Holding Company S.A. (que controla a Generg), que será tomada até 12 de dezembro, uma vez que pode dar um sinal sobre a própria OPA da CTG à EDP e as respetivas condições de sucesso da oferta.

Na quinta-feira, a ERSE esclareceu que a sua posição “não sendo, nem podendo ser, apta a viabilizar ou obstaculizar o negócio em causa, circunscrever-se-á às possíveis consequências para a certificação de independência dos Operadores das Redes de Transporte (REN – Rede Elétrica e REN Gasodutos), em função dos termos em que aquela operação de aquisição se venha a concretizar”.

A tomada de controlo da EDP pela CTG tem ainda que ultrapassar a questão do preço oferecido, de 3,26 euros por ação, que o Conselho de Administração Executivo da EDP considerou que não reflete adequadamente o valor da EDP e que o prémio implícito na oferta é baixo, considerando a prática pelas empresas europeias do setor.

O Presidente chinês, Xi Jinping, realiza uma visita oficial a Portugal entre 04 e 05 de dezembro.

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ISCTE sobe 17 posições no ranking do FT. Católica e SBE mantêm-se no top 30

Católica, Nova SBE, Porto e ISCTE. São estas as únicas escolas de gestão portuguesas classificadas no ranking do Financial Times e duas delas mantiveram-se mesmo entre as 30 melhores da Europa.

Nas 95 posições do ranking do Financial Times das melhores escolas de Gestão da Europa, só aparecem quatro nomes portugueses: dois deles figuram logo nos 30 melhores lugares e um outro galgou, este ano, 17 degraus de uma só vez.

Nova SBE mantém-se no top 30.

No segundo ano consecutivo em que se classificou nesta lista, a ISCTE Business School (IBS) disparou 17 lugares, fixando na 63ª posição. Imediatamente acima, ficou a Porto Business School. A instituição da Invicta aparece no 62º lugar, o que reflete uma descida homóloga de três posições. Igual evolução registaram as alfacinhas Católica Lisbon School of Business and Economics e Nova School of Business and Economics (SBE), que ainda assim se mantiveram no top 30.

A nível nacional, a melhor classificada foi a Católica, que surge na 28ª posição (estava na 26ª, no ano passado). Esta instituição, que detém a liderança lusa neste ranking há mais de uma década, foi a primeira em Portugal a integrar a lista do Financial Times.

“Para além da posição que ocupamos nos rankings, que muito nos honra, é motivo de grande orgulho verificar o impacto positivo daquilo que fazemos“, sublinha o diretor da Católica Lisbon School of Business & Economics, em comunicado. Nuno Fernandes defende que a “qualidade do ensino” da sua escola serve de “rampa de lançamento do brilhante futuro profissional dos alunos”.

Logo atrás da Católica — ou melhor, dois degraus abaixo — surge a Nova SBE, que este ano desceu cinco posições na lista: do 25º lugar para o 30º.

“Estamos no top 30 das melhores escolas de Gestão da Europa. A escola quadruplicou a sua procura nos seus mestrados, nos últimos setes anos, [sendo mais de] 40% deles internacionais. A mudança para o novo campus em Carcavelos promete um futuro de melhoria, um futuro que irá reforçar a nossa principal missão de atrair talento, produzir e partilhar conhecimento”, reforça, por sua vez, Daniel Traça, dean da escola em questão. Recorde-se que a Nova SBE trocou, no início deste ano letivo, as suas históricas instalações em Campolide por um novo campus à beira-mar, em Carcavelos.

Bem mais abaixo na tabela em causa, mas a protagonizar a quarta subida mais expressiva do ranking, surge a IBS, que saltou do 80º lugar para o 63º lugar. “Muitos fatores têm contribuído para esta afirmação internacional, mas não podemos esquecer que a IBS é a única escola de gestão pública, acreditada internacionalmente, no concelho de Lisboa, tirando o máximo partido da atratividade atual da cidade”, assinala José Paulo Esperança, dean da instituição.

Imediatamente acima desta escola lisboeta, está a Porto Business School, que desce da 59ª posição para a 62ª posição e fecha o quarteto lusitano.

Depois de França (com 25 escolas), do Reino Unido (com 22 escolas), da Alemanha (com sete escolas) e da Bélgica (com cinco escolas), Portugal é o país com uma maior representação nesta lista.

A liderar o ranking mantém-se, à semelhança dos anos anteriores, a britânica London Business School. Os restantes lugares do pódio são ocupados pela HEC Paris e pela Insead, que salta do quinto lugar conquistado em 2017 para o terceiro.

Quem tem o melhor mestrado?

IBS subiu 17 lugares só este ano.Paula Nunes / ECO

Além da classificação geral das escolas de negócios, o Financial Times organiza ainda os melhores MBA Globais, MBA Executivos, programadas de formação de executivos e mestrados em Gestão.

No que diz respeito à primeira e à segunda categoria, a Católica e a Nova SBE dividem a melhor classificação a nível nacional (estão empatadas na 22ª, no MBA Global, e na 54ª posição, no MBA Executivo). Isto porque os programas em causa resultam de uma parceira entre estas escolas. A IBS surge, na segunda categoria, na 57ª posição e a Porto Business School no 58º lugar.

Quanto aos mestrados em Gestão, Católica e Nova SBE surgem no 24º lugar e a IBS no 65º. Por fim, na formação de executivos, a primeira ocupa a 25ª posição, a segunda a 27ª, a terceira na 41ª e a Porto Business School a 34ª.

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O que a Suíça tem e nós não? Formação profissional

Portugal situa-se na 45º posição no indicador que mede a qualidade do ensino profissional, no Global Competitiveness Report. Na Suíça, dois terços dos jovens escolhem esta opção.

O que determina o sucesso dos jovens? Em alguns países, uma licenciatura numa universidade é vista como essencial para desenvolver uma carreira, mas o caso não é igual em todo o lado. A Suíça destaca-se como o país com a formação profissional com mais qualidade, que coexiste com uma das taxas de desemprego jovem mais baixas da UE.

Já Portugal situa-se na 45º posição no indicador que mede a qualidade deste tipo de ensino, no Global Competitiveness Report. A opção ainda é vista por muitos como “uma via mais fácil” para concluir os estudos, aponta Pedro Castro, técnico informático que tirou um curso profissional na Escola do Comércio de Lisboa.

O jovem, de 26 anos, tirou o curso de informática, instalação e gestão de redes. O programa inclui “formação em contexto de trabalho” durante os três anos letivos, em empresas do setor, nacionais e em países da UE. O último estágio que fez foi na Cofina, onde acabou por ficar a trabalhar. A integração no mundo de trabalho foi, portanto, imediata. Mas mesmo que não tivesse ficado, diz que “os melhores alunos começam logo a ser contactados por empresas”.

“Quando senti que tinha mais para aprender fora da empresa, comecei a enviar currículos”, conta. As respostas não tardaram a chegar, e conseguiu arranjar trabalho rapidamente. Nas entrevistas, não notou que o facto de ter feito um curso profissional tivesse afetado a perceção dos empregadores. “Mas também pode ser da minha área, que é mais recente”, e portanto existe mais procura.

Uma das críticas apontadas por Pedro é que o ensino não está modernizado, e ainda são aplicadas técnicas e matérias antigas para temas que serão trabalhados no contexto atual. No curso de multimédia, ainda é pedido aos alunos a utilização de uma câmara VHS, exemplifica.

Para além disso, a falta de motivação de alguns dos estudantes afeta o ambiente das aulas, tornando a aprendizagem mais difícil, acrescenta o ex-aluno. Marta Santos, que tirou também um curso profissional, na área de Marketing, é da opinião de que este fator é dos que mais prejudica a reputação do curso.

“É um ciclo vicioso, as pessoas veem o profissional como última opção, então vão para lá com baixas expectativas e não se esforçam”, aponta. “Depois o desempenho nos estágios não é exemplar, e afeta a imagem que passa para as empresas que aceitam os alunos“, explica.

Em 2016, 41% dos alunos em Portugal estavam inscritos no ensino profissional, o que é um valor ligeiramente abaixo da média da OCDE (44%) e da UE23 (47%), segundo os dados do “Education at a Glance“, da OCDE. O valor fica ainda aquém do necessário para atingir a meta definida pelo Governo, de chegar aos 50% em 2020.

O Executivo português tem demonstrado a intenção de apostar no ensino profissional. O apoio a esta modalidade de ensino deverá ser reforçado com 350 milhões de euros, depois de esgotadas as verbas inicialmente destinadas no âmbito do Programa Operacional Capital Humano.

O relato de como o sistema funcionava há alguns anos não é muito diferente. Alexandra Trindade fez o curso de contabilidade e gestão na agora extinta Veiga Beirão, no final dos anos 80. O curso de três anos terminou com um estágio numa instituição bancária, onde foi convidada a ficar a trabalhar. Passados mais de 20 anos, ainda se mantém na banca.

A decisão de ir para o curso prendeu-se com a vontade de ir para gestão. “Achei que era a melhor forma de me preparar para a faculdade”, explica Alexandra. Mas como a oferta de emprego apareceu, os planos do ensino superior ficaram para trás.

Mas segundo testemunhos de alguns profissionais numa situação semelhante, tendo começado a trabalhar depois de um curso profissional, existe uma certa pressão das chefias para prolongar os estudos. No caso de algumas empresas, uma licenciatura ou mestrado pode ser um fator determinante para a atribuição de uma promoção.

Podemos aprender com a Suíça?

Portugal não chega ao top 30 na maioria das categorias dentro do pilar que avalia as competências dos habitantes, no Global Competitiveness Report, exceto no conjunto de competências dos finalistas e no tempo médio de escola. Os países que estão em primeiro nos indicadores desta área são famosos pelo seu sistema de ensino, nomeadamente a Finlândia, a Alemanha e a Suíça.

O país da neutralidade é dos que mais se destaca neste setor. A escolaridade obrigatória na Suíça é até ao 9º ano, pelo que quando terminam o terceiro ciclo têm a opção de escolher entre ensino secundário ou profissional (VET) — dois terços dos jovens do país escolhe a segunda opção, de acordo com o Instituto Federal Suíço de Educação e Formação Profissional. Existem vários exemplos de pessoas que começaram uma carreira de sucesso com ensino profissional, nomeadamente o CEO da UBS, Sergio Ermotti.

Mais à frente existe também a escolha entre ensino superior ou profissional. Para Lukas Unterschütz, jovem suíço que está atualmente a viver em Portugal, uma das vantagens do sistema é que oferece uma “ampla variedade de caminhos”. A porta do ensino superior não fica fechada, tanto que é vista como uma escolha para qualquer idade.

A duração dos cursos profissionais é variável, mas oscila entre os dois e quatro anos, e no fim os estudantes ficam com um diploma ou um certificado federal, sendo ambos reconhecidos em todo o país. Os cursos preveem também estágios em empresas da área, onde é incentivada a aprendizagem “com as mãos na massa”. Aproximadamente 30% das empresas suíças aceitam jovens inseridos neste programa.

Este tipo de formação especializada “é muito bem vista”, relata Lukas, e são até dados incentivos para prosseguir por este caminho. “Os empregos de artesãos e na construção têm uma boa reputação e, com a devida educação, as pessoas também são bem remuneradas nesses campos”, conta.

A oferta suíça é de cerca de 250 programas de VET. As carreiras mais populares são para a área comercial e de retalho, prestação de cuidados de saúde, assistência social, eletricista, cozinheiro e especialista em Tecnologias de Informação (TI).

Mais especialização, menos desemprego

O sistema de educação suíço, que permite uma alta especialização dos jovens, é apontado pelos especialistas como uma das principais razões para os baixos níveis de desemprego. A inserção no mercado de trabalho acontece mais cedo e com mais facilidade.

Portugal e Suíça encontram-se em espetros opostos na taxa de desemprego jovem, segundo mostram os dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). O desemprego entre a população jovem, dos 15 aos 24 anos, fixou-se nos 8,1% na Suíça, no ano passado. Já em Portugal a taxa chegou aos 23,9%, uma das mais altas da OCDE.

Na altura de encontrar emprego, Lukas Unterschütz refere que ter feito um curso profissional é uma mais-valia. “Se saíres da universidade sem experiência de trabalho, terás muito mais dificuldade em encontrar bons empregos”, indica. “A maioria das pessoas já reuniu muita experiência prática por essa fase, então quem esteve apenas a estudar está em desvantagem”, explica.

Taxa de desemprego jovem na OCDE em 2017OCDE

 

O que eles têm e nós não?

Portugal podia ser um país mais competitivo? Podia. Como? Se imitasse os melhores. Seríamos os primeiros se tivéssemos a percentagem de utilizadores de Internet da Islândia, um serviço de saúde igual a Espanha, uma oferta de comboios idêntica à da Suíça, o sistema judicial da Finlândia ou uma tolerância ao risco das startups semelhante a Israel. E há mais, muito mais.

Para assinalar os dois anos do ECO, olhamos para Portugal no futuro. Estamos a publicar uma série de artigos, durante três semanas, em que procuramos saber o que o país pode fazer, nas mais diversas áreas, para igualar os melhores do mundo.

Segundo o World Economic Forum, Portugal está em 34.º no ranking da competitividade de 2018. Vamos “visitar” os mais competitivos do mundo, nas mais diversas áreas, e tentar perceber “O que eles têm e nós não?”. Clique aqui para ver todos os artigos da série.

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Cinco números que mostram a utilização da internet em Portugal

Os portugueses estão cada vez mais adeptos da internet. Utilizam-na fora de casa, para fazer compras, trocar emails e, inclusive, para manter as contas debaixo de olho.

A internet já é uma das melhores amigas dos portugueses. Já lá vai o tempo em que era preciso estar em casa, sentado à secretária, para navegar no google ou abrir emails. Agora, em qualquer lado, através do smartphone, os portugueses utilizam a internet para fazer compras — seja de roupa ou de um bilhete para um concerto –, para trocar emails e, inclusive, para manter as suas contas debaixo de olho.

Conheça os cinco números, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), que mostram como é que os portugueses utilizam, hoje em dia, a internet.

75% dos portugueses utilizam a internet, mas na Europa já são 85%

Em Portugal, três em cada quatro pessoas são utilizadoras de internet. Segundo os número do INE, publicados durante a semana, “75% dos residentes em Portugal — entre os 16 e os 74 anos — referem ter usado a internet nos 12 meses anteriores à entrevista”. O número confirma a tendência de crescimento face ao início da década, quando apenas 53% população portuguesa, compreendida no intervalo de idades supracitado, utilizava a internet.

Contudo, olhando para a média dos 28 Estados-membros da União Europeia (UE), Portugal não está assim tão avançado. Embora a evolução se vá fazendo num sentido positivo, a utilização de internet é, ainda, distante da média da Europa. Em 2017, Portugal ainda registava uma diferença de dez pontos percentuais comparativamente à média da UE.

 

A ligação estende-se para fora de casa e do local de trabalho: 81% acede à internet em mobilidade

Já lá vai o tempo em que usar a internet era sinónimo de estar em casa, sentado à secretária à frente de um monitor gigante e pesado. Agora, as pessoas acedem à internet em qualquer sítio e têm à sua disposição um leque cada vez maior de equipamentos para fazê-lo.

O acesso à internet em mobilidade — ou seja, fora de casa, do local de trabalho e em equipamentos portáteis — é referido por 81% dos utilizadores de internet. A percentagem registada este ano duplica a proporção de há cinco anos.

79% acede à internet no smartphone, mas só 67% instala apps

Os utilizadores de internet estão a crescer e, paralelamente, a optar por outro tipo de equipamentos que permitam o acesso em qualquer lugar. O smartphone ou o telemóvel já são os principais equipamentos utilizados quando o acesso é feito em mobilidade. Enquanto o telemóvel é o meio escolhido por 79% dos usuários, o computador portátil assume apenas 36% das escolhas.

Mas, no que diz respeito à instalação de aplicações, a história já muda de figura. Entre as pessoas que acedem à internet através do smartphone, apenas 67% utiliza ou instala aplicações. As percentagens mais elevadas dizem respeito aos mais jovens, aos mais escolarizados e aos estudantes.

 

Roupa e equipamentos desportivos. Estes são os artigos que os portugueses mais compram online

Os portugueses estão cada vez mais adeptos do comércio eletrónico, sobretudo os homens e o grupo etário entre os 25 e 34 anos. Se, em 2017, o número de compradores online se situava nos 34%, em 2018, esse valor aumentou três pontos percentuais, para os 37%. Há dez anos apenas 15% das pessoas faziam compras através da internet, o que confirma a tendência de evolução.

Ainda assim, e mais uma vez, comparando com a União Europeia, os valores de Portugal seguem sendo inferiores. Aliás, a taxa da utilização de comércio online “tem vindo a ser persistentemente inferior à taxa de utilização na UE 28”. Em 2017, enquanto Portugal estava nos 34%, a média da União Europeia já se situava nos 57%.

Na internet, os portugueses preferem comprar roupa ou equipamentos desportivos (60%), seguindo-se as reservas de alojamento (48%), os artigos para casa (36%) e os bilhetes para espetáculos ou eventos culturais ou desportivos (30%). E os produtos e serviços que compram vêm, sobretudo, de fornecedores nacionais, sendo que 79% dos utilizadores de comércio eletrónico recorre a vendedores portugueses. Quando os fornecedores não nacionais, os portugueses preferem comprar a vendedores oriundos de países pertencentes à União Europeia.

No local de trabalho, 61% abre emails. Em casa, 52% utiliza net banking

Esta é daquelas tarefas que quase todas as pessoas, no âmbito da sua rotina profissional, acabam por fazer. Aliás, abrir o correio eletrónico é a primeira ação de muitos portugueses quando se sentam na cadeira do local de trabalho. De acordo com o INE, trocar emails é a atividade — que requer o uso de internet — mais transversal aos portugueses quando estão no seu emprego (61%).

Uma vez fora do local de trabalho, os portugueses estão a utilizar, cada vez mais, a internet para manter as suas contas debaixo de olho. Mais de metade dos utilizadores de internet (52%), entre os 16 e os 74 anos, já é adepto do banco online. Este número, que continua abaixo da média da UE, revela um aumento de dez pontos percentuais relativamente a 2017.

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Jorge Bleck: “Não há nada que mais me arrependa que ter sido administrador da PT”

  • Lusa
  • 2 Dezembro 2018

Jorge Bleck foi administrador da Portugal Telecom entre 2002 e 2006. Em entrevista à Lusa, diz que "não há nada mais" de que se arrependa que ter dito 'sim' a esse cargo.

O advogado Jorge Bleck foi administrador não executivo da Portugal Telecom (PT) entre 2002 e 2006 e afirma, em entrevista à Lusa, que ter aceitado esse cargo é a única coisa de que se arrepende profissionalmente.

Fui administrador da PT sim, coisa de que me arrependo. Não há nada na minha vida profissional de que eu mais me arrependa. Aliás, acho que a única [coisa] de que me arrependo é ter aceitado isso [o cargo]”, refere.

Jorge Bleck foi convidado pelo então primeiro-ministro, Durão Barroso, e iniciou funções em julho de 2002. Era então Murteira Nabo presidente do Conselho de Administração da operadora de telecomunicações (1996-2003).

“Fui convidado pelo Durão Barroso e disse-lhe: ‘Se queres um comissário político há 10 mil tipos que o podem fazer e melhor do que eu. Eu nunca vou ser um comissário político. Se queres um tipo independente, etc., está ok, tenho muito gosto em aceitar’. Foi um disparate porque só criei inimigos e só me causou problemas”, disse, em entrevista à Lusa.

Jorge Bleck sublinha, no entanto, “em honra” do antigo primeiro-ministro, que “nunca José Manuel Durão Barroso, nem ninguém do seu Governo”, lhe fez “um qualquer tipo de telefonema para que tomasse um qualquer tipo de decisão”.

Não obstante, em 2006, o advogado renunciou ao cargo, sendo comunicada a sua saída ao mercado pela PT no mesmo dia em que a Sonae lançou uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre a totalidade do capital social da operadora de telecomunicações, em 06 de fevereiro.

A informação do lançamento desta operação foi o mote que, dias antes, tinha levado o advogado a decidir sair.

Questionado porque considera que ter aceitado o cargo lhe trouxe “um dano enorme”, conta: “Porque toda a vida fui advogado do Santander. Fiz as principais operações todas do banco, pelo menos, enquanto o Horta Osório e o Nuno Amado estiveram como presidentes e num sábado ‘maldito’ recebo um telefonema do Elias da Costa – ex-secretário de Estado, mas na altura já administrador e número 1 do Santander na área da banca de investimento – a dizer-me que precisava de falar comigo e que não podia ser por telefone. Encontrámo-nos e ele lança-me a bomba. Queria saber se a Linklaters [o escritório de advogados onde era sócio] estava disponível para os assessorar numa oferta à PT”.

“Sempre disse quando aceitei [ser administrador] que a minha vida é ser advogado. E pensei [na altura]: ‘Jorge, isto vai ser uma bomba e tu não podes estar na PT, mas o teu primeiro dever é com a Linklaters. Não é com a PT nem com o Durão Barroso”, afirma.

O advogado falou “imediatamente” com os sócios da Linklaters. “Disse-lhes:’há este problema, eu não posso obstaculizar e isto é exclusivamente pessoal. Antes de mais, sou sócio desta casa, é aqui que está a minha vida, é aqui que quero fazer a minha vida’. E aí decido de imediato falar com o Ernâni Lopes [na altura, presidente do Conselho de Administração da PT]”, refere.

“Julgo que o Henrique Granadeiro estava apontado para CEO [presidente da Comissão Executiva] e vou falar com ele, dizendo-lhe que iria ser dramático, pois ir-me-iam perguntar porquê [que saía] e eu não lhes poderia dizer. E ainda por cima tinha outro problema. Na quinta-feira antes, tinha tido um Conselho de Administração e ninguém ia acreditar que eu não estava lá já a saber. O meu nome ia ficar pela lama, mas eu não via como poderia tomar outra decisão. Lá tomo essa decisão e recebo duas cartas elogiosas do Ernâni e eu a saber que eles iriam achar o pior de mim dali a uma ou duas semanas. E isso é uma coisa que me afeta”, sublinha.

Jorge Bleck lembra-se que quando formalizou a decisão, o responsável da PT a reagir pior foi o então vice-presidente, Zeinal Bava. “Ainda me quis pôr uma ação [em tribunal] e mais não sei o quê”, relembra.

O Henrique Granadeiro portou-se muito bem comigo e eu sempre lhe disse, quer a ele, quer ao Ernâni, que lhes assegurava por tudo o que podia assegurar que só soube disto uma semana antes da oferta ser lançada. E, como é obvio, jamais transmiti o que quer que fosse. O Santander era banqueiro da PT, eles tinham 10 vezes mais informações do que eu poderia ter alguma vez na vida [sobre a empresa]. Os conselhos de administração eram muito vagos, digamos assim”, assegura Jorge Bleck.

Instado a comentar como eram os trabalhos na maior operadora de telecomunicações de Portugal, o então administrador diz que o “impressionou muito sempre” a “enorme preocupação dos acionistas sentados à mesa, à exceção do BPI e da Telefonica, em controlar o ‘capex’ [investimento]”.

“Por razões óbvias, menos ‘capex’ mais libertação de fundos, maior o dividendo. E dizia cá para os meus botões: isto é fantástico, esta malta está-se absolutamente a ralar para o desenvolvimento tecnológico de uma empresa que requer brutalidades de ‘capex’. Ou seja, a visão desta gente é estritamente de curto prazo, não estão aqui para o desenvolvimento da PT”, conclui.

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Parfois investe 70 milhões até 2020. Quer abrir mais 450 lojas

  • ECO
  • 2 Dezembro 2018

Até ao final da década, a Parfois quer abrir mais 450 lojas, reforçar a sua presença na Europa e na Ásia, duplicar os seus escritórios e melhorar o seu centro logístico. Vai investir 70 milhões.

Até 2020, a Parfois vai investir 70 milhões de euros, avança este domingo o Dinheiro Vivo. A marca portuguesa de acessórios pretende, assim, abrir mais 450 novas lojas, duplicar os seus escritórios e melhorar o seu centro logístico.

Atualmente, a empresa já conta com quase mil lojas em 65 países, mas até ao final da década quer reforçar a sua presença no Velho Continente (especialmente em França e Itália) e abrir uma nova frente internacional na Ásia.

Queremos replicar em Itália e na França o caminho que traçamos em Espanha, o nosso principal mercado, onde temos 318 lojas e somos claramente líderes de mercado”, conta ao jornal o diretor executivo da empresa. No caso italiano, a empresa liderada por Sérgio Marques comprou uma marca de calçado em falência, que dispunha de uma rede de retalho própria que será aproveitada pela Parfois.

Além disso, no próximo ano, a Parfois vai contratar 360 trabalhadores (destes, 130 em Portugal), que se irão juntar à equipa atual, que já conta com 3.100 colaboradores em todo o mundo.

Quanto aos escritórios, o crescimento dos últimos anos tornou as instalações de Gondomar insuficientes, pelo que a área logística será “deslocalizada” para Vila Nova de Gaia. No próximo ano, arrancarão também as obras de construção de um open space com o dobro da dimensão do atual. Já o centro logístico, situado em Canela, vai receber um reforço dos seus equipamentos, sobretudo na separação de produtos.

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Macron quer que Governo francês reúna com “coletes amarelos”

  • Lusa
  • 2 Dezembro 2018

Depois da violência de sábado, Emmanuel Macron quer que Governo francês reúna com os representantes dos "coletes amarelos", que protestam contra tributação dos combustíveis e subida do custo de vida.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, solicitou ao primeiro-ministro, Edouard Philippe, que receba os líderes dos partidos com assento parlamentar e os representantes dos manifestantes, depois dos episódios de violência registados à margem do protesto dos ‘coletes amarelos’.

Segundo informação da Presidência, a iniciativa, cuja data não foi divulgada, responde à “preocupação constante pelo diálogo” do executivo.

Durante uma reunião de emergência deste domingo, no Eliseu, o chefe de Estado também notou a necessidade de que uma “reflexão seja conduzida pelo ministro do Interior [Chistophe Castaner] para a adaptação do dispositivo de manutenção da ordem no futuro”.

O gabinete de Macron tinha já informado que o Presidente não iria falar publicamente, este domingo, sobre os protestos dos ‘coletes amarelos’, franceses de rendimentos baixos, que se têm concentrado, aos milhares, nas ruas de França para exigir alterações nas políticas.

Depois de violentos desacatos no sábado, nomeadamente em Paris e o registo de vandalismo do Arco do Triunfo, foi marcada uma reunião de emergência para este domingo, horas depois do regresso de Macron da cimeira de líderes do G30, em Buenos Aires.

Macron deslocou-se, este domingo, ao Arco do Triunfo e foi vaiado por vários manifestantes. O monumento que é símbolo emblemático de Paris e da própria França foi pintado, o seu museu saqueado e uma estátua partida, à margem dos protestos.

Os últimos dados sobre sábado indicam que 136 mil pessoas se juntaram à mobilização dos ‘coletes amarelos’ e que houve 263 feridos. No sábado da semana passada tinham saído às ruas 166 mil pessoas.

Em Paris, 412 pessoas foram interpeladas pelas forças de segurança e 378 detidas, segundo um balanço da polícia local, que registou 133 feridos.

Durante a noite, um condutor motorista morreu em Arles (sudeste de França) depois de embater num veículo pesado numa fila de trânsito provocada por uma coluna de ‘coletes amarelos’.

Este acidente aumentou para para três o número de mortes relacionadas com os protestos iniciados há três semanas por pessoas que envergam coletes amarelos florescentes.

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Braga de Macedo: “Centeno tem capacidade de dizer ‘não’ sem lhe darem uma bofetada”

Braga de Macedo considera a relação entre o atual primeiro-ministro e o titular da pasta das Finanças como "única" e marcada pelo peso de Mário Centeno. É a razão do sucesso do Governo, diz.

“Única” e “original”. As duas palavras são usadas por Jorge Braga de Macedo para classificar a relação entre António Costa e Mário Centeno. O antigo ministro das Finanças do segundo governo de Cavaco Silva vê nela um elemento-chave para o sucesso do atual executivo, considerando que o poder de Mário Centeno lhe permite “dizer ‘não’ sem lhe darem uma bofetada“.

Este ponto de vista foi defendido por Braga de Macedo num debate para marcar o segundo aniversário do ECO que juntou, na passada terça-feira, três antigos titulares da pasta das Finanças. O antigo governante começou por explicar que “o poder do ministro das Finanças no processo orçamental é determinante” na gestão do jogo de forças entre os diferentes ministros dos governos com vista a garantir o sucesso orçamental.

O economista contextualiza que o ministro das Finanças, em sentido lato, é o único que no processo orçamental não é ‘spending minister‘, enquanto os titulares das restantes pastas tendem a assumir que a totalidade dos impostos arrecadados lhes é destinada. E por isso tendem também a exigir mais.

“A maneira como se tenta utilizar o primeiro-ministro nessas arbitragens é nada mais do que dramática”, explica Braga de Macedo. Se em causa estiver um ministro das Finanças com pouco poder, o processo orçamental tende a ser mais fragmentado, comprometendo o sucesso final alcançado.

E, neste âmbito, a história nunca terá jogado muito a favor da realidade portuguesa. “O processo orçamental português foi definido pelo FMI, em 2004, como dos mais fragmentados da OCDE”, refere Braga de Macedo. Mas o olhar que tem sobre o atual Governo é diferente. “Estou convencido de que a solução atual é original“, diz.

"As credenciais europeias são determinantes, ele [Mário Centeno] tem responsabilidade europeia e, portanto, tem poder por essa via.”

“Embora possa até não ter grande poder comparado com o que acontece na maior parte dos países, dado que Mário Centeno representa a Europa (e ainda por cima agora é presidente do Eurogrupo), acaba por ter uma capacidade de dizer não sem ‘lhe darem uma bofetada’ em termos políticos, muito maior“, defende Braga de Macedo, salientando que “as credenciais europeias são determinantes” e que Mário Centeno “tem poder por essa via”.

Ainda assim, o antigo governante social-democrata considera tratar-se de um “sucesso aparente”, salientando que “os problemas estruturais mantêm-se e a carga fiscal é anómala”.

Está tudo contente e rindo, a começar pelo próprio titular [Mário Centeno]”, num governo que é suportado por aquilo que considera ser uma “coligação bizarra“.

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Crédito da casa dispara em outubro. Banco de Portugal diz que não foi nova concessão

O "bolo" total dos empréstimos para a compra de casa disparou ao ritmo mais elevado em quase oito anos, em outubro. A subida é de 757 milhões de euros, a maior desde o início de 2011.

O travão do Banco de Portugal (BdP) ao crédito está ou não a funcionar? Os últimos dados sobre o crédito à habitação colocam dúvidas. Após um abrandamento do ritmo de crescimento da nova concessão nos últimos meses, os dados de outubro dão “pistas” para uma eventual aceleração. O “bolo” total dos empréstimos para a compra de casa disparou ao ritmo mais elevado em quase oito anos. Contactado pelo ECO, o BdP diz que a resposta para esse salto não está na nova concessão de empréstimos para a compra de casa. Mas também não avançou uma razão específica que possa justificar a variação observada.

A subida recorde do crédito foi dada a conhecer na passada quarta-feira pelo Banco Central Europeu, dia em que a entidade liderada por Mário Draghi atualizou as estatísticas sobre a evolução do saldo de empréstimos às famílias. Os dados mostram que, em outubro, o stock do crédito à habitação cresceu 757 milhões de euros, para se fixar nos 94.551 milhões de euros.

Só por si, o facto de o saldo dos empréstimos ter crescido não é uma surpresa. Habitualmente, e grosso modo, é um sinal de que os novos créditos dados num certo mês superam os montantes das amortizações feitas nesse mesmo período.

Evolução do saldo do crédito à habitação

Fonte: BCE

Mas no mês de outubro, em concreto, o que surpreende é a dimensão da subida. Em setembro, agosto e julho, o stock de crédito à habitação tinha aumentado, mas bastante menos — nove, 17 e 28 milhões de euros, respetivamente — antecipando a tendência de crescimento que os dados da nova concessão relativos àquele mês divulgados mais tarde acabariam por confirmar. O aumento registado em outubro é de tal ordem que é necessário recuar até janeiro de 2011 para ver uma quantia superior: 890 milhões de euros.

Contudo, o BdP afasta o cenário de a subida do stock de crédito à habitação se dever a uma aceleração da nova concessão.

“A variação do stock não permite por si só avaliar a concessão de novo crédito porque podem existir certas operações (vendas, titularizações, aquisições de créditos…) ou outras variações dos saldos do crédito (variações de preço, cambiais, abatimentos ao ativo,…) que alteram o stock total mesmo sem ter havido efetivamente qualquer nova concessão de crédito”, começou por explicar o Banco de Portugal questionado pelo ECO.

"A evolução observada no stock de outubro face a setembro deve-se sobretudo a uma destas situações, observando-se um aumento que não tem por base a concessão efetiva de novos empréstimos.”

Banco de Portugal

A entidade liderada por Carlos Costa diz assim que “a evolução observada no stock de outubro face a setembro deve-se, sobretudo, a uma destas situações“, afastando a possibilidade de tal resultar de novos financiamentos. É “um aumento que não tem por base a concessão efetiva de novos empréstimos“, especifica o BdP, não apontando contudo uma razão específica para justificar o incremento observado.

Apenas a 11 de dezembro, será possível o “tira-teimas”. É nessa data que o BdP divulga os dados sobre a concessão de novos empréstimos à economia e, em específico, para a compra de casa relativos ao mês de outubro.

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Euro2020. Portugal defronta Ucrânia, Sérvia, Lituânia e Luxemburgo na qualificação

  • Lusa
  • 2 Dezembro 2018

A seleção das quinas vai enfrentar a Ucrânia, Sérvia, Lituânia e Luxemburgo no grupo B, na fase de qualificação para o Euro2020.

A seleção portuguesa de futebol, atual campeã europeia, vai defrontar Ucrânia, Sérvia, Lituânia e Luxemburgo no Grupo B da fase de qualificação para o Euro2020, ditou o sorteio o realizado, este domingo, em Dublin.

Por ter vencido o seu grupo na Liga das Nações, Portugal ficou integrado num dos quatro grupos com cinco equipas, num apuramento em que os dois primeiros de cada ‘poule’ garantem a presença na fase final.

A qualificação do Euro2020 realiza-se entre 21 de março e 19 de novembro de 2019, com as últimas quatro vagas a serem decididas num ‘play-off’, entre 26 e 31 de março de 2020, entre os vencedores dos agrupamentos da Liga das Nações, nos quais se inclui Portugal, se não conseguirem o apuramento direto. No caso de conseguirem, as vagas nos ‘play-offs’ serão ocupadas por ordem da classificação na Liga das Nações.

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