Conflitualidade laboral baixou em 2017. Houve 216 greves

  • Lusa
  • 28 Janeiro 2018

Na função pública (administração central e local) realizaram-se 20 greves, das quais três ao trabalho extraordinário e três parciais.

A conflitualidade laboral voltou a baixar em 2017, com pouco mais de 200 greves realizadas em vários setores de atividade e mais de uma centena de manifestações e concentrações em todo o país. Segundo dados da CGTP, contabilizados pela agência Lusa, que os cruzou com o seu noticiário, foram realizadas ao longo ano que findou 216 greves, 38 das quais parciais.

Para demonstrar o seu descontentamento, os trabalhadores realizaram também 79 manifestações e concentrações e 19 plenários com expressão pública. Estes dados podem sempre pecar por defeito, tendo em conta a falta de dados oficiais. Em 2016 foram emitidos 488 pré-avisos de greves, segundo dados da Direção Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT), e em 2015 tinham sido registados 811 pré-avisos.

No entanto, é possível que o número de greves concretizadas nestes dois anos tenha sido inferior ao número de pré-avisos que deram entrada na DGERT, dado que algumas delas podem ter sido desconvocadas, como aconteceu ao longo de 2017. Em 2017 os trabalhadores do setor da hotelaria, restauração, cantinas, alimentação e bebidas fizeram 23 greves, uma das quais parcial, entre janeiro e dezembro, em defesa de aumentos salariais, dos direitos laborais e dos seus postos de trabalho.

Estes trabalhadores fizeram ainda sete concentrações junto às empresas e aos ministérios do Trabalho e da Economia. Os trabalhadores da indústria do vidro, cimento e da construção fizeram quatro greves, uma das quais parcial, e duas concentrações, por aumentos salariais. No setor do comércio e serviços foram feitas 25 greves, duas das quais parciais, e sete concentrações.

Na função pública (administração central e local) realizaram-se 20 greves, das quais três ao trabalho extraordinário e três parciais, concretizadas ao longo do ano pelos trabalhadores dos museus, da saúde, da educação, das autarquias, entre outros, que também protestaram em nove concentrações e vigílias.

A precariedade, os salários e o horário de trabalho foram os principais motivos dos protestos dos funcionários públicos que paralisaram a nível nacional em 26 de maio. Os professores também fizeram uma greve nacional em novembro.

O setor da saúde destacou-se na conflitualidade laboral geral, não tanto pelo número de paralisações, mas sobretudo pelo impacto destas no quotidiano dos utentes dos serviços. Por isso, o número de protestos realizados pelos profissionais da saúde não foi somado ao total da função pública, embora se tratem de trabalhadores da administração pública.

Os enfermeiros fizeram quatro greves, uma delas de zelo, e uma concentração. Mas só em outubro foram feitas greves nacionais, em dois períodos diferentes, num total de cinco dias. Além destas, é de salientar a greve dos enfermeiros de saúde materna e obstetrícia, que durou cerca de quatro meses, durante os quais estes profissionais suspenderam as suas funções de especialistas por não estarem a ser pagos como tal.

Os médicos fizeram três greves, a primeira das quais de dois dias. Os trabalhadores da saúde, da área do diagnóstico e da terapêutica, fizeram cinco greves por motivos relacionados com as carreiras. No dia 24 de novembro realizou-se uma greve geral dos trabalhadores da saúde (sem médicos e enfermeiros), que levou ao cancelamento de muitos serviços previamente agendados.

Os trabalhadores da indústria metalúrgica, gráfica, petrolífera, elevadores, elétrica e eletrónica, estaleiros navais e Autoeuropa, entre outros, fizeram 61 greves, 13 das quais parciais. Fizeram ainda 19 manifestações e concentrações junto a empresas e junto de vários ministérios para defender postos de trabalho, aumentos salariais e direitos.

No setor têxtil foram feitas sete greves, uma das quais parcial e quatro manifestações, maioritariamente contra salários em atraso. Nos transportes foram feitas 18 paralisações ao longo de 2017, 10 das quais parciais, e 14 manifestações em defesa do respetivo contrato coletivo de trabalho e de melhores salários.

Os trabalhadores dos correios fizeram seis greves, duas delas parciais, e quatro protestos de rua contra a falta de efetivos e a degradação do serviço prestado. Na área das telecomunicações foram concretizadas quatro greves e 15 manifestações em defesa dos postos de trabalho.

Os trabalhadores do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas e dos seus Serviços de Assistência Médico-Social fizeram duas greves e uma manifestação, em janeiro e março, pelo direito à negociação e pelo cumprimento do Acordo de empresa. No setor das limpezas e da vigilância foram feitas sete greves, uma delas aos feriados, e nove concentrações.

Os trabalhadores do Arsenal do Alfeite fizeram uma greve em outubro e os trabalhadores do setor da defesa realizaram uma greve nacional em maio. O pessoal de apoio da aviação civil, desde seguranças a operadores de bagagem, fez sete greves, uma delas parcial e outras ao trabalho extraordinário.

Os trabalhadores dos ‘call center’ (centros de atendimento) fizeram oito greves, duas delas parciais em defesa de melhores salários e contra a precariedade. Os trabalhadores da ASAE fizeram uma greve e os policias e guardas fizeram seis protestos de rua. Os guardas prisionais fizeram três greves, uma parcial, e uma vigília.

Os mineiros fizeram três greves, cada uma delas com vários dias. Os estivadores paralisaram em julho e os farmacêuticos em julho e agosto. A maior parte dos protestos realizados em 2017 foram promovidos por estruturas sindicais da CGTP. A central sindical promoveu uma única manifestação nacional, em novembro, em defesa da valorização do trabalho e dos trabalhadores, além da manifestação do 1.º de Maio, como é habitual.

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Bruxelas: Portugal tem dívida de alto risco. É dos que mais sofre com subida dos juros

A dívida portuguesa mantém-se sinalizada pelos peritos da Comissão Europeia como sendo de alto risco. Mesmo que o Governo preveja a maior quebra dos últimos 19 anos em 2017.

Mário Centeno, ministro das Finanças, prometeu a maior quebra de dívida em percentagem do PIB dos últimos 19 anos em 2017.Paula Nunes / ECO

Quando olham para a dívida portuguesa, os técnicos de Bruxelas veem alto risco. Um desses riscos é um cenário onde a dívida portuguesa é afetada por uma subida da taxa de juro a que a República se financia nos mercados. Caso essa taxa suba um ponto percentual, a dívida pública de Portugal sofre um aumento de 7,4 pontos percentuais no final do horizonte de projeção (2028). Só a Itália veria a sua dívida agravar-se mais.

É esta a análise global que a Direção Geral dos Assuntos Económicos e Financeiros (ECFIN) faz à dívida pública portuguesa no relatório “Debt Sustainability Monitor 2017″. Portugal faz parte de um grupo de cinco países cuja dívida pública é de alto risco num cenário base (de políticas invariantes), ao lado de Itália, França, Bélgica e Espanha. A longo prazo, o risco de Portugal é baixo, mas os técnicos avisam que o mau histórico do país dá razões para desconfiar ou, pelo menos, colocar essa classificação em perspetiva.

As projeções para Portugal no cenário base

Fonte: DG ECFIN

A sustentabilidade de dívida portuguesa poderá ser afetada pela subida dos juros nos mercados. Os testes de sensibilidade dos peritos de Bruxelas aplicados ao período de 2018 a 2028 mostram que o rácio da dívida pública em Portugal poderá piorar 7,4 pontos percentuais perante um choque “permanente e padronizado” do aumento da taxa de juro do mercado em um ponto percentual. Apenas a Itália supera com um acréscimo de nove pontos percentuais.

O impacto [de uma subida nos juros] seria particularmente elevado nos países endividados, tais como Itália, Portugal, Espanha, Bélgica, França e Hungria”, lê-se no relatório. A vulnerabilidade dos Estados-membros perante este choque do aumento da taxa de juro depende da maturidade da dívida pública e das necessidades de financiamento projetadas para os próximos anos. Além disso, depende do cenário base usado: para Portugal os técnicos usam um PIB potencial médio de 0,9%, valor inferior àquele que é estimado para a economia portuguesa atualmente.

O aumento dos juros nos mercados internacionais poderá acontecer, por exemplo, se o Banco Central Europeu decidir subir a taxa de juro diretora. Neste momento, Mario Draghi tem afastado esse cenário: “Ainda não podemos declarar vitória”, afirmou o presidente do BCE, assinalando que vê poucas hipóteses de uma subida da taxa de juro ainda em 2018.

Mas há mais cenários de risco para além dos juros. O crescimento económico, por exemplo, também é um fator essencial para a evolução da dívida pública uma vez que o rácio se calcula com base no PIB. Num cenário em que o crescimento económico é inferior em 0,5 pontos percentuais face ao estimado, o rácio aumentará 7,1 pontos percentuais, tendo em conta o mesmo período de dez anos.

Países devem aproveitar agora para reforçar almofadas orçamentais

E se o saldo primário estrutural for reduzido para metade? Este cenário afetaria menos Portugal do que outros Estados-membros, segundo os técnicos de Bruxelas, mas mesmo assim aumentaria o rácio da dívida pública em 2,7 pontos percentuais. Os técnicos apontam para um saldo primário estrutural de 1,6% nos próximos anos — um valor abaixo dos 2,2% conseguidos em 2016 e dos 2,3% prometidos pelo Governo para 2018.

Para conseguir lidar com estes potenciais impactos, os técnicos aconselham que “as atuais condições económicas devem ser usadas [pelos países] para reconstruir as almofadas orçamentais a tempo de absorver tanto os novos choques quando eles chegarem, como também a previsível subida das taxas de juro“. Assinalando que há incertezas no cenário macroeconómico, os peritos dizem que “é necessário desenhar estratégias apropriadas, focadas no reforço da sustentabilidade orçamental, que não comprometam a retoma económica”.

No cenário base das projeções da Direção Geral dos Assuntos Económicos e Financeiros, o rácio da dívida pública portuguesa vai fixar-se em 119% em 2021, sendo que o Governo, em abril do ano passado, fixou a meta de 109,4%. E qual é a probabilidade da dívida não descer, mas sim aumentar em Portugal? 30%, avisam os técnicos, destacando que se o historial de Portugal voltasse a ser o normal a dívida voltaria aos 130%.

Este estudo é da autoria da Direção Geral dos Assuntos Económicos e Financeiros e não representa a opinião da Comissão Europeia. De referir que a Grécia é excluída deste relatório por ter avaliações específicas.

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Nova tabela da ADSE escapa à providência cautelar dos privados

  • ECO
  • 27 Janeiro 2018

Os hospitais privados interpuseram uma providência cautelar para suspender normas do atual regulamento da ADSE, mas a nova tabela de preços não está abrangida.

Os hospitais privados interpuseram uma providência cautelar tendo em vista a suspensão da aplicação de normas relacionadas com as convenções com a ADSE, mas não está diretamente relacionada com a nova tabela de preços apresentada pelo governo e já contestada pela associação do setor. O esclarecimento é da própria Associação Portuguesa de Hospitais Privados (APHP), liderada por Óscar Gaspar, depois da notícia do Expresso, que revelou que o Tribunal Administrativo de Lisboa aceitou aquele pedido de providência cautelar.

Segundo um comunicado da associação, a APHP apresentou uma providência cautelar de suspensão de normas do atual regulamento “regras, procedimentos e tabelas de preços da rede ADSE”. A ação, acrescenta a associação, deu entrada no Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa no passado dia 17 de janeiro, mas “a questão não está diretamente relacionada com a tabela e preços em discussão com a ADSE”, antes relaciona-se com questões específicas do atual regulamento em vigor, que a associação não detalha. “Como declarámos, a proposta apresentada é inaceitável, mas mantemos disponibilidade para chegar a um entendimento sobre uma “tabela e preços” atualizada e revista em consonância com a medicina moderna, em prol da sustentabilidade da ADSE e sem colocar em causa a relação de parceria com os operadores privado”.

A administração da ADSE – organismo tutelado pelo Ministério da Saúde e das Finanças, tem agora dez dias para responder àquele tribunal, explicando as razões que fundamentam as regras específicas que motivaram a providência cautelar. Outra questão será a negociação da nova tabela de preços, que deveria entrar em vigor no dia 1 de março, segundo foi anunciado pelo governo.

Para a entrada em vigor daquela tabela, deveria ter sido publicada no site da ADSE nesta sexta-feira, o que acabou por não suceder. De acordo com fontes contactadas pelo ECO, esta não publicação revela a disponibilidade do governo para se voltar a sentar à mesa das negociações, isto depois de ter publicado uma tabela de preços revista e diminuída sem um acordo com os hospitais privados. Foi no início do mês que a ADSE propôs mudanças na tabela de preços de forma a poupar 29,7 milhões de euros.

Não foi apenas a associação a reagir negativamente à referida revisão da tabela de preços. O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, também tinha criticado a intenção da ADSE. “Os preços que a ADSE tem praticado são absolutamente escandalosos. Existem alguns atos médicos, como as biopsias da próstata, endoscopias urológicas, entre outros, em que a remuneração paga pela ADSE nem sequer serve para cobrir as despesas do material que é utilizado para os exames”, disse.

Em reação à carta, o presidente da ADSE, Carlos Liberato Baptista, afirmou que “foram realizadas várias reuniões com diversas associações representativas de prestadores de cuidados de saúde, entre os quais a APHP”, mas notou igualmente que a ADSE “não negoceia qualquer tabela com prestadores individuais ou entidades coletivas” e que só adere quem está de acordo com ela. A guerra continuou nos números: a ADSE diz que as novas tabelas implicam corte de 6% na faturação, mas os privados falam em 10%.

Contudo, esta semana o presidente da ADSE admitiu que os preços poderão ser revistos, mas terá de haver cedências do outro lado, para que algumas práticas sejam revistas. Em causa estão “práticas de faturação menos corretas”, “situações que permitem faturações excessivas e abusivas”, e “incorreta faturação por parte da entidade convencionada”.

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Esta startup está a mudar a maneira como as marcas olham para os clientes

Como numa fábrica, startup transforma imagens recolhidas por câmaras de vigilância em dados. O objetivo? Tomar decisões mais conscientes, de maneira a ir ao encontro das necessidades dos clientes.

Joana Rafael, Vasco Portugal e Paulo Carreira, fundadores da portuguesa Sensei.Sensei/D.R.

No escritório luminoso bem perto do Marquês de Pombal, em Lisboa, há autocolantes verdes no chão que indicam o número da câmara a que correspondem no ecrã. Joana, Vasco e Paulo estão a desenvolver uma forma de usar as imagens de segurança captadas pelas câmara de vigilância das lojas, transformando-as em dados que podem ajudar os donos a tomar decisões sobre produtos, organização e vendas. Já há clientes para a tecnologia. E são grandes marcas mundiais.

A ideia da Sensei veio da memória: descendente da família que gere as marcas Dielmar e Wesley, Joana tem contacto quase diário com os desafios que advêm de manter uma rede de lojas de retalho. “Cresci no meio das lojas e do retalho, dos clientes da Dielmar — os clientes da parte industrial são todos retalhistas. No fundo, nasci um pouco no meio deste ambiente de retalho”, explica Joana, ao ECO. Depois de uma pós-graduação em Harvard, nos Estados Unidos, na área da gestão, Joana — que estudou arquitetura — decidiu dedicar-se completamente à área mais tecnológica.

Por isso, quando conheceu Vasco Portugal, que estudou design de produto e, depois, engenharia de sistemas — tendo mais tarde feito o Doutoramento no MIT — desafiou-o a pensarem juntos numa forma de otimizar esse esforço de conhecimento e perceção. Paulo Carreira, professor de engenharia de software, surgiu logo depois, já que era amigo de Vasco dos tempos da universidade.

“Apercebi-me que o desafio de gestão da nossa cadeia implica que haja uma monitorização diária do que se passa nas várias lojas, perceber a performance de cada loja em cada momento e, na verdade, de que não temos muitos dados das lojas físicas. Temos muito mais dados quando temos um canal online mas, numa loja física, temos de olhar um pouco para aquilo que são as vendas e o reporting que se faz”, justifica Joana sobre o desenvolvimento do negócio.

Foi dessa quase ausência de dados que ajudassem a tomar decisões que surgiu a ideia de criar a Sensei, uma ferramenta que transforma imagens de segurança recolhidas por câmaras de gravação já existentes — o que reduz o nível de investimentos dos interessados — em dados que ajudam a tomar decisões. “Já estávamos a trabalhar num projeto numa área parecida, relacionada com a otimização energética de espaço dependendo da ocupação, e pareceu-nos interessante o desafio”, conta Joana. Vasco detalha: “Numa primeira abordagem, tentámos perceber, no universo das tecnologias, o que era preciso fazer para capturar espaço”.

Depois, à medida que a ideia ia evoluindo, “fomos percebendo que as câmaras eram o sensor ideal porque, primeiro, já existiam — quase todos os espaços já têm câmaras — e, segundo, porque a quantidade de informação que se pode capturar de uma câmara é incomparavelmente superior àquilo que se pode capturar de um sensor. Um sensor visual dá um conjunto de informações como padrões de cor, comportamento, dimensões: há mil e uma coisas que se podem inferir através de um sensor visual”.

Dentro de uma Amazon, sabes o que as pessoas fizeram, o que compraram, o que estiveram a observar, o que repuseram no cesto, tens essas métricas todas. Se pensares que aquilo que vemos só representa 20% daquilo que é a atividade de loja, tudo o que tomas como decisão de base para encomendar produtos, escolher os produtos, colocação, é pouco representativo daquilo que é o comportamento da maioria dos teus clientes.

Joana Rafael

Cofundadora da Sensei

Os primeiros passos do produto que agora a Sensei desenvolve e vende foram dados durante os tempos livres deixados da empresa onde nasceu — a Meta Innovation Consulting Group. Vasco explica que, com uma “aberta durante o verão”, começaram a desenvolver a ideia em que andavam a pensar há algum tempo. “Achámos que era o período ideal para fazer a experiência”, confessa.

Com o financiamento obtido através de uma grant do Fiware — um programa de aceleração europeu que, em Portugal, é gerido pelo IPN — o projeto foi crescendo e o processo de bootstap durou até a equipa ter conseguido integrar o programa de aceleração dedicado ao retalho, que junta o Techstars ao grupo alemão Metro, dono da Makro em Portugal.

“Entretanto, começámos a ter tração, a ter interesse de clientes, e fizemos o spin-off“, conta Joana. Agora, é uma empresa por si só, na fase de procura de clientes. A sala de Lisboa, com o chão de madeira colorido por autocolantes verdes, “é basicamente um simulacro daquilo que é uma loja”. “Usamos as câmaras de vigilância absolutamente normais para capturar tudo o que é atividade dentro do espaço”. O resultado é depois transformado em dados — partilhados com os clientes. As imagens, que guardam dados de identidade dos clientes, são destruídas em seguida, garantindo a confidencialidade dos clientes das lojas.

“Dentro de uma Amazon, por exemplo, sabemos o que as pessoas fizeram, o que compraram, o que estiveram a observar, o que repuseram no cesto, tens essas métricas todas. Se pensarmos que aquilo que vemos só representa 20% daquilo que é a atividade de loja, tudo o que se toma como decisão de base para encomendar produtos, escolher os produtos, colocação, é pouco representativo daquilo que é o comportamento da maioria dos clientes. O que damos é exatamente isso: perceber o que distingue uma loja que tem muito tráfego de outra que tem muito pouco. É muito difícil tomar decisões sem bases factuais para o fazer. É essa componente de inteligência que nós trazemos às lojas. E queremos ir mais além“, explicam os fundadores.

Já a trabalhar com um grande cliente internacional de luxo na área do retalho, a Sensei está ainda a negociar parcerias com outros clientes de retalho e da grande distribuição. O objetivo? Consolidar a “equipa de sete pessoas, um escritório em Lisboa e outro em Castelo Branco” e apontar o produto para dois alvos específicos. “Trabalhamos para high level, marcas que valorizam muito a experiência de cliente, de loja, e também com grossistas, como a Metro, num conceito diferente. Temos dois de cada, são projetos grandes e ambiciosos e, por agora, é suficiente”, acrescenta Vasco. “Temos quatro clientes fundamentais e globais, projetos com redes de distribuição muito grandes, e é nesses que vamos focar este ano. É o que nos dá mais visibilidade e posiciona-nos melhor na nossa rota de crescimento”.

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Providência cautelar trava nova tabela de preços da ADSE

  • ECO
  • 27 Janeiro 2018

O Tribunal Administrativo de Lisboa aceitou o pedido de providência cautelar da revisão da tabela de preços da ADSE interposto pelos hospitais privados. As alterações ficam assim suspensas.

Foi no início do mês que a ADSE propôs mudanças na tabela de preços de forma a poupar 29,7 milhões de euros. Os privados reagiram e entregaram uma providência cautelar de forma a suspender a aplicação da nova tabela. Esta sexta-feira o Tribunal Administrativo de Lisboa deu luz verde ao pedido, segundo o Expresso.

A administração da ADSE tem agora dez dias para responder explicando as razões que fundamentam a nova tabela de preços para os prestadores privados. As alterações que o subsistema de saúde quer fazer tinham como objetivo aliviar os beneficiários em 12,6 milhões de euros. Estas novas tabelas ainda não foram publicadas, mas a data de entrada em vigor planeada era 1 de março. Contudo, com a providência cautelar esta data pode não ser cumprida.

A providência cautelar foi entregue pela Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP). Há duas semanas, os hospitais privados enviaram uma carta ao Governo a falar em “perdas incomportáveis” que podiam pôr em causa o acesso dos beneficiários aos cuidados de saúde, além da sua qualidade. Apresentar um “documento unilateral”, que altera “de forma substancial a relação com os prestadores privados, é uma metodologia que claramente não pretende assumir os prestadores como parceiros”, argumentava a APHP na carta.

O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, também tinha criticado a intenção da ADSE. “Os preços que a ADSE tem praticado são absolutamente escandalosos. Existem alguns atos médicos, como as biopsias da próstata, endoscopias urológicas, entre outros, em que a remuneração paga pela ADSE nem sequer serve para cobrir as despesas do material que é utilizado para os exames”, disse.

Em reação à carta, o presidente da ADSE, Carlos Liberato Baptista, afirmou que “foram realizadas várias reuniões com diversas associações representativas de prestadores de cuidados de saúde, entre os quais a APHP”, mas notou igualmente que a ADSE “não negoceia qualquer tabela com prestadores individuais ou entidades coletivas” e que só adere quem está de acordo com ela. A guerra continuou nos números: a ADSE diz que as novas tabelas implicam corte de 6% na faturação, mas os privados falam em 10%.

Contudo, esta semana o presidente da ADSE admitiu que os preços poderão ser revistos, mas terá de haver cedências do outro lado, para que algumas práticas sejam revistas. Em causa estão “práticas de faturação menos corretas”, “situações que permitem faturações excessivas e abusivas”, e “incorreta faturação por parte da entidade convencionada”.

Dias depois, um discurso do líder da APHP, Óscar Gaspar, sugeria que os privados poderiam atender os beneficiários da ADSE, mas a preços mais elevados. “Esta posição da ADSE não é aceitável. A prestação de cuidados de saúde não pode ser instrumento para cortes cegos e administrativos de preços – neste caso com impacto de cerca de 42 milhões de euros – e, sobretudo, sem qualquer critério clínico subjacente”, afirmou Óscar Gaspar num discurso a que o ECO teve acesso.

Confrontado com a possibilidade avançada pelos privados de atenderem os beneficiários nas mesmas condições mas fora do regime convencionado, o ministro da Saúde afirmou que isso não passa de uma “tática negocial. “Só poderemos avaliar o que acontece no final de fevereiro e ver o que está em cima da mesa em termos de negociação”, disse Adalberto Campos Fernandes. “Alguns agentes, incompreensivelmente, procuram fazer a negociação pelos jornais. Não é correto, não faz sentido, mas é um direito que lhes assiste”, adiantou.

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CX-5: Alma desportiva num grande SUV

Na Mazda, o SUV de referência tem um motor à medida. Traz um 2.2 litros a gasóleo cheio de alma que não pesa muito nos consumos, mas acaba por fazer mossa na carteira de quem o quer comprar.

A Mazda demorou cinco anos a dar uma nova vida ao seu SUV, mas foi tempo bem gasto. Esteticamente, o novo CX-5 ganhou uma imagem bem mais atual, com linhas simples, fluidas, mas ao mesmo tempo bastante atraentes. E no lado da mecânica, manteve-se um 2.2 a gasóleo que dá ao modelo japonês uma alma bem desportiva.

Visto de fora — de dentro, vê-se muitas cabeças a rodar para perceber que automóvel estamos a conduzir –, o CX-5 brilha na dianteira onde se destaca a grelha de grandes dimensões, mas também o friso que une os faróis (agora mais esguios) a apresentar um efeito 3D. Na traseira, o spoiler cria o ambiente para um look bem mais conseguido que o do seu antecessor.

A linha reta da parte inferior aproxima o novo SUV da Mazda do chão o que, em conjunto com a afinação da suspensão, transmite uma sensação de estabilidade para quem vai ao volante. Sentado nos bancos de pele, num interior de aspeto “clean”, não há aquele rolar de carroçaria que acontece em muitos destes SUV. É conforto puro, mesmo a velocidades mais elevadas.

Consumos comedidos, preço… nem por isso

Ao contrário do que é habitual neste segmento, o CX-5 traz um 2.2 litros a gasóleo com 150 cv (há uma versão com 175 cv, mas só com tração integral), motor que responde à altura das exigências do pé direito. Impressiona pela capacidade de resposta, algo que não se sente muito nos consumos (em torno dos sete a 7,5 litros aos 100 km).

Poupado no combustível, mas menos no preço final devido ao motor de maiores dimensões que acaba por ser penalizado pela fiscalidade. O CX-5 está disponível com preços a partir de 33.285 euros no caso do 2.2 de 150 cv, na versão Essence. O Excellence, o mais vendido, tem um preço de 40.378 euros.

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Desempenho económico explica “maior receita fiscal de sempre”, diz Governo

  • Lusa
  • 27 Janeiro 2018

António Mendonça Mendes sublinhou que a receita fiscal registada em 2017 é "a maior receita fiscal de sempre e que resulta de um contexto em que não houve nenhum aumento de impostos".

O secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, António Mendonça Mendes, afirmou este sábado, em Coimbra, que o bom comportamento da economia explica o facto de em 2017 se ter registado “a maior receita fiscal de sempre”. António Mendonça Mendes comentava os dados de Execução Orçamental de 2017, divulgados na quinta-feira, que revelam que o Estado arrecadou 42,18 mil milhões de euros em impostos em 2017, mais 1,937 mil milhões de euros (4,8%) do que em 2016.

“Os dados da receita fiscal o que demonstram é um comportamento muito positivo da receita ao longo de 2017”, disse o secretário de Estado, que falava à agência Lusa antes de participar no XX Encontro Nacional da Associação Portuguesa dos Administradores Judiciais, que decorre no Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra.

António Mendonça Mendes sublinhou que a receita fiscal registada em 2017 é “a maior receita fiscal de sempre e que resulta de um contexto em que não houve nenhum aumento de impostos”.

Dois dos impostos que mais contribuem para este resultado que é o IVA [Imposto sobre o Valor Acrescentado] e o IRC [Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Coletivas]”.

António Mendonça Mendes

Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais

Portanto, argumenta o membro do executivo, a evolução positiva da receita deve-se a “um bom comportamento da economia, como aliás demonstra dois dos impostos que mais contribuem para este resultado que é o IVA [Imposto sobre o Valor Acrescentado] e o IRC [Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Coletivas]”. A receita com o IVA aumentou 5,9% em 2017 e o IRC registou um crescimento de 9,9%.

Para este ano, o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais sublinhou que o Governo está confiante “nos objetivos e no cenário macroeconómico” traçado, que serviu de base para o Orçamento do Estado para 2018.

Segundo a Síntese de Execução Orçamental, divulgada pela Direção-Geral do Orçamento (DGO), os impostos diretos (IRS, IRC e outros) totalizaram 18.331,6 milhões de euros, mais 583,9 milhões de euros (3,3%) do que em 2016. A entidade liderada por Manuela Proença diz que o aumento dos impostos diretos se deve sobretudo ao “desempenho de IRC [mais 9,9% para 5.748,7 milhões de euros] que permitiu fazer face à quase estagnação da receita de IRS [+0,1% para 12.231,5 milhões de euros]”.

De acordo com a síntese de execução orçamental divulgada na quinta-feira, para a variação dos outros impostos diretos contribuiu o adicional ao IMI (Imposto Municipal sobre Imóveis) com 129,9 milhões de euros, cobrado pela primeira vez em 2017, “que absorveu a menor cobrança registada pela Contribuição Extraordinária sobre o setor energético (-52,1 milhões de euros) e pela Contribuição sobre o setor bancário (-34,6 milhões de euros)”.

Já no que diz respeito aos impostos indiretos, o Estado arrecadou 23.848,8 milhões de euros, mais 1.353,3 milhões de euros do que em 2016. Esta subida de 6% ficou acima da previsão do Governo de 5,6% e foi principalmente explicada pelo crescimento da receita de IVA (5,9%), que totalizou 15.976,7 milhões de euros (mais 894,2 do que no conjunto de 2016).

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Há poucos bebés. Well’s, Galp e outras empresas querem ajudar a resolver o problema

Espera ter um bebé em 2018? As estatísticas dizem que há cada vez menos a sair das maternidades, mas algumas empresas estão a lançar campanhas que vêm dar uma mãozinha.

Em Portugal, enquanto os óbitos crescem, o número de nascimentos é cada vez mais pequeno. A diferença entre os dois extremos do ciclo da vida é a maior desde 2000, diz a Associação Portuguesa de Demografia. As empresas não estão alheias a este problema e, da Galp à Well’s, há campanhas acabadas de nascer que vêm dar uma ajuda aos pais de 2018.

No ano passado, a diferença entre o número de mortes e de recém-nascidos chegou aos 24 mil — uma fasquia sem par desde 2000, nota a Associação Portuguesa de Demografia, que acaba de lançar os dados provisórios, avançados pelo Público esta segunda-feira. A tendência não é novidade, mas a dimensão surpreende.

No dia em que surgem estes dados, a Galp reage com uma nova campanha: “Durante todo o ano de 2018, os bebés nascidos no dia 1 de cada mês podem receber um mês de eletricidade“. A “cegonha” traz esta oferta no bico e leva-a não só até àqueles que já são clientes, mas também de quem agora se queira juntar a esta casa.

A nossa intenção principal com esta medida é promover uma reflexão conjunta sobre este problema. As empresas podem e devem ter um papel ativo na discussão de medidas que promovam uma melhor sociedade e sustentabilidade para todos”, justifica, em comunicado, a diretora de marketing e comunicação da Galp, Joana Garoupa.

O universo da responsabilidade social empresarial tem vindo a crescer, reconhece Ana Paula Araújo, professora no Instituto Português de Administração de Marketing (IPAM). A questão coloca-se “sobretudo nas organizações de maior dimensão”, explica ao ECO. O objetivo, como em qualquer ação de marketing, “é sempre conquistar mais consumidores e aumentar as vendas”, garante.

O objetivo é sempre conquistar mais consumidores e aumentar as vendas.

Ana Paula Araújo

Professora no IPAM

Os profissionais destas áreas estão sempre atentos às oportunidades de comunicação“, diz, e nada melhor do que aproveitar as temáticas que estão na agenda do dia, como é o caso da natalidade. Os clientes vão “agradecer e ter melhor vontade para com a marca”, esclarece, pois tendo em conta a falta de incentivos da parte do Estado, “qualquer mecanismo que venha facilitar o corte das despesas é bem-vindo”. Isto, ressalvando que “não é um chamariz deste tipo que convence os consumidores a ter filhos”, conclui a professora.

Mas a Galp não é a única que começou o ano a dirigir-se às famílias. “A Well’s vai oferecer a cada bebé nascido em 2018 um conjunto de seis produtos Baby Well’s e uma surpresa para a mãe“, anuncia a marca. Uma vez que tenham o rebento nas suas mãos, os novos pais só têm de se registar no site e ir até à loja mais próxima receber o presente.

“Queremos falar ao coração dos portugueses, através de uma mensagem simples que tem como objetivo fazê-los pensar sobre a natalidade. Queremos incentivá-los, celebrando todos os nascimentos de 2018”, explica Marta Casto, responsável de marketing da Well’s, em comunicado. Para o Diretor Geral, João Cília, “este é um tema fundamental para o país” e, portanto, justificará o investimento, que ultrapassa o um milhão de euros se chegarem apenas a metade dos bebés que nascem por ano em Portugal.

Esta campanha cresce, mas não cresce sozinha. Faz parte de um projeto de responsabilidade social mais alargado, que vai também dar apoio a cinquenta famílias carenciadas, cobrindo todas as necessidades de alimentação, puericultura e higiene no primeiro ano de vida dos bebés, e que custará à marca mais cerca de 300.000 euros. Estes custos deixam de fora o investimento em comunicação, também significativo.

Lá fora, as campanhas ligadas à natalidade vão mais longe. A IKEA convida as grávidas a urinarem numa página do catálogo… e, caso o teste imbuído no fundo da folha comprove a gravidez, o berço ilustrado na mesma pode ser adquirido com um desconto. Basta mostrar o catálogo — com a prova — na loja.

Para já, esta iniciativa ainda não chegou a Portugal. Ana Paula Araújo diz desconhecer o impacto da campanha, mas sublinha que os consumidores portugueses são bastante diferentes dos suecos. “Não sei se Portugal aderiria. Somos mais conservadores”, comenta.

Já na perspetiva da secretária-geral da Associação Portuguesa de Famílias Numerosas (APFN), Ana Cid Gonçalves, as campanhas que promovem a natalidade são importantes na medida em que “estão a lançar o tema” e “dão sinais positivos” às famílias, diz ao ECO. Contudo, avisa que “tem de haver uma ação concertada” para que estas iniciativas surtam o efeito desejado. “Têm de ser acompanhadas por políticas e também por benefícios das próprias empresas para os colaboradores. Há cada vez mais empresas a adotarem práticas internamente”, realça. Isto é importante numa altura em que “as famílias em Portugal desejam ter mais filhos“, garante, “em média mais um”, e um dos maiores obstáculos à natalidade é conciliar a vida profissional e pessoal.

A própria APFN tem algumas parcerias com empresas que pretendem dar colo às famílias. “São cerca de 700”, informa a associação, “e vamos acrescentando”. A iniciativa vem tanto de uma parte como da outra, mas a APFN procura, sobretudo, alianças nas áreas que considera terem maior relevância para os associados.

[Estas campanhas] têm de ser acompanhadas por políticas e também por benefícios das próprias empresas para os colaboradores

Ana Cid Gonçalves

Secretária-Geral da Associação Portuguesa de Famílias Numerosas

Uma das mais antigas e de “maior significado”, segundo Ana Cid, é a aliança com os supermercados Recheio, disponível para os sócios. Se fizer uma compra superior a 250 euros (excluindo o IVA) o supermercado devolve 35 euros, que serão descontados na primeira compra a partir de 15 de janeiro do ano seguinte. 35 euros é precisamente o preço da quota anual de sócio desta associação. O único critério para fazer parte desta família é ter três ou mais filhos — anteriormente, a fasquia estava nos quatro, mas já desceu.

Outro dos requisitos para usufruir destas promoções é, geralmente, aderir aos cartões da loja em questão. A Fnac também faz parte do pacote de descontos da ANPF, e, neste caso, os benefícios vão da secção de papelaria à secção de brinquedos. Ser sócio dá 20% de desconto em Cartão Fnac em compras de papelaria, aos quais se somam 10% de desconto imediato. Na secção dos brinquedos, os sorrisos são espoletados nos rostos dos mais crescidos, com 10% de desconto em Cartão Fnac que acumula com os 5% do Programa de Fidelização.

Curiosamente, a Galp também figura na lista dos parceiros da APFN. “A empresa procurou-nos”, recorda Ana Cid. Os descontos oferecidos pela petrolífera variam consoante o número de litros abastecidos. Abastecimentos até 30 litros terão um alívio de quatro cêntimos por litro e, no caso de igualar ou superar esta fasquia, o desconto é de seis cêntimos por cada litro. Se, no mês anterior, o tanque tiver consumido mais de 120 litros carregados nestas bombas, o desconto chega aos sete cêntimos.

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João Galamba: “Em 2019 dificilmente haverá aumentos salariais” na Função Pública

  • ECO
  • 27 Janeiro 2018

Dar mais rendimentos ou aumentar o investimento público? Para o deputado socialista é claro: subir os gastos nos serviços públicos. O porta-voz do PS garante que o crescimento económico é sustentável.

O porta-voz do Partido Socialista garante que a redução do défice é para manter e, por isso, não vê que se possa fazer aumentos salariais no Orçamento de Estado para 2019, ano de eleições legislativas. Em entrevista este sábado ao Dinheiro Vivo e TSF, João Galamba diz preferir um reforço do investimento nos serviços públicos. O mais importante para o socialista é não se “pôr em perigo os passos que já se deram”.

“Eu diria que dificilmente poderá haver em cima disto aumentos salariais em 2019”, afirma o deputado do PS, ressalvando que a questão terá de ser avaliada. Até porque, “se for possível, esses aumentos devem existir“. E se não for? “Os funcionários públicos compreenderão que já muito foi feito e não se pode fazer tudo ao mesmo tempo, porque a pior coisa é pôr em perigo os passos que já se deram”, responde.

Em causa está o Orçamento do Estado para 2019, aquele que se espera o mais difícil de negociar dado que se refere a um ano de eleições legislativas. Além disso, várias das medidas implementadas nos três orçamentos anteriores têm impactos faseados e que tornam as contas de 2019 mais pesadas, seja do lado do aumento da despesa seja do lado da perda de receita. Para João Galamba o equilíbrio entre a devolução de rendimento e a redução do défice “terá de se manter”.

“Na minha opinião, depois deste desdobramento dos escalões e de todas as medidas que já foram tomadas a nível do IRS, deveria manter-se como está [a carga fiscal]”, explica, destacando que tem uma preferência: “Preferia que os recursos fossem canalizados para reforço dos serviços públicos“. Ou seja, um aumento do investimento público que continua em níveis historicamente baixos. “O investimento público neste ano deve crescer 40%, mas é preciso mais”, alerta o socialista.

Quanto à sustentabilidade do défice e da economia, Galamba não concorda com a avaliação dos críticos do Governo. “Temos hoje em todas as áreas ganhos de emprego, crescimento das exportações e Portugal tem condições para manter um crescimento bastante mais elevado do que tinha na primeira década”, argumenta, discordando de quem pensa que não é sustentável. Também por causa disso o deputado socialista recusa falar em “reforma do Estado”, preferindo colocar a tónica em “políticas reformistas”.

“As pessoas que mais falam da reforma do Estado o que na verdade querem é desmantelar o Estado (…) Quem fala dessa reforma do Estado o que quer é o que a direita liberal sempre quis: desregular, privatizar e reduzir o peso do Estado”, ataca João Galamba. Para o porta-voz do PS “reduzir o peso do Estado não faz sentido”. Pode-se, no entanto, “melhorar, tornar mais eficaz as respostas que existem”. “A reforma mais importante é continuar a apostar nas condições que permitem alterar estruturalmente o nosso tecido económico”, conclui.

Galamba admite nacionalização dos CTT

João Galamba admitiu na mesma entrevista que o Governo poderá ter de nacionalizar os CTT. Mas logo a seguir explicou que isso é “difícil”. Para o socialista, o Executivo “devia primeiro perceber junto dos regulador se as condições contratuais da privatização estão a ser cumpridas”. E se não estiverem? “Deve estudar todos os mecanismos ao seu dispor para garantir que esse contrato é cumprido”, responde.

Contudo, o deputado socialista vai mais longe: “Em última instância, eventualmente a reversão da nacionalização – embora isso seja um pouco difícil”, admite. Isto porque o serviço postal é agora feito por concurso público — tendo os CTT a concessão — e só os CTT têm, neste momento, a capacidade de fornecer esse serviço.

Mas também “nada obriga” a que o serviço seja operacionalizado pelos CTT. “O que está em causa não é tanto a nacionalização dos CTT mas a garantia de que o serviço público é prestado adequadamente“, concluiu, recusando fazer comentários sobre se o contrato da empresa com o Estado está ou não a ser cumprido.

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Marcelo diz que haverá “grande investimento” em Viseu de uma tecnológica

  • Lusa
  • 27 Janeiro 2018

O Presidente da República disse que os investimentos tecnológicos não são só em Lisboa e no Porto, referindo que Viseu receberá um "grande investimento". Mas Marcelo quer ainda mais para o interior.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, fez este sábado votos de que apareçam no interior do país investimentos da área tecnológica como os da Google ou da Amazon.

No final da sessão de abertura do XVI congresso da Associação Nacional de Freguesias (Anafre), que decorre em Viseu, Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado pelos jornalistas sobre o investimento da Google em Oeiras e a possibilidade de investimento da Amazon no Porto. “Têm sido notícias muito boas as que têm chegado”, respondeu.

No que respeita ao interior do país, exemplificou que ainda hoje o presidente da Câmara de Viseu, Almeida Henriques, lhe falou de “um grande investimento para Viseu também nesse domínio, da nova onda tecnológica, o que quer dizer que não é só Lisboa e Porto”. “Pelo menos hoje tive essa notícia em Viseu. Mas era preciso que houvesse mais notícias também no chamado interior”, frisou.

Ao discursar na sessão de abertura do congresso da Anafre, Almeida Henriques tinha pedido ajuda ao Presidente da República para resolver a situação do Itinerário Principal (IP) 3, considerando ser “uma atitude criminosa” mantê-lo como está.

Em declarações aos jornalistas, Marcelo Rebelo de Sousa mostrou-se otimista na resolução do problema, até porque há acordo entre Almeida Henriques e o presidente da Câmara de Coimbra e da Associação Nacional dos Municípios Portugueses (ANMP), Manuel Machado.

“Eu descobri logo ali (na sessão de abertura), até pela reação favorável do secretário de Estado (das Autarquias Locais), que não iria haver problema e que isso mais dia menos dia ia ser encarado”, afirmou.

O XVI Congresso da Anafre, que se realiza em Viseu, entre hoje e domingo, vai eleger os órgãos para o mandato de 2017-2021 e debater temas como a descentralização de competências para as autarquias, a revisão da Lei das Finanças Locais, a reorganização territorial das freguesias e o estatuto do eleito local.

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Governo e Ministério Público confirmam buscas no Ministério das Finanças

O Ministério Público confirmou ao ECO que fez buscas no Ministério das Finanças esta semana. Para já o inquérito não tem arguidos e está em segredo de justiça.

O Ministério das Finanças foi alvo de buscas esta semana para recolha de prova documental no âmbito de um inquérito em investigação no Ministério Público. O inquérito do DIAP de Lisboa não tem arguidos constituídos e está em segredo de justiça, revelou a Procuradoria-Geral da República ao ECO. Além disso, o MP esclarece que as buscas não foram ao gabinete de Mário Centeno. Segundo o Público, as buscas estão relacionadas com a suspeita de favorecimento a empresa dos filhos do presidente do Benfica.

“Confirma-se a realização de buscas para recolha de prova documental no âmbito de um inquérito em investigação no DIAP de Lisboa”, esclarece fonte oficial da Procuradoria-Geral da República este sábado, assinalando que “o inquérito não tem arguidos constituídos e está em segredo de justiça”.

Já o Público revela este sábado que a investigação está relacionada com a atribuição de isenção de IMI a um prédio da família de Luís Filipe Vieira. Esta isenção aconteceu uma semana depois de o ministro das Finanças, Mário Centeno, ter pedido ao presidente do Benfica para assistir a um jogo na tribuna presidencial — uma relação causal que o Governo já rejeitou. Ministério Público tinha dito que estava a avaliar, mas terá agora avançado com o inquérito.

O Governo também já confirmou a realização das buscas. Questionado pelo ECO, fonte oficial do Ministério das Finanças “confirma a realização de ações inspetivas na passada sexta feira e colabora de forma franca e totalmente disponível com qualquer investigação judicial, colocando à disposição das autoridades judiciárias todos os elementos solicitados”. “É esta a postura do Ministério das Finanças em todos os processos para os quais é chamado a colaborar, respeitando o segredo de justiça“, garante o gabinete de Mário Centeno.

A notícia tinha sido avançada este sábado pelo Correio da Manhã que revelava que as buscas tinham sido conduzidas pelos magistrados da 9.ª secção do DIAP, a que lida com o crime económico. Segundo o jornal, as buscas realizaram-se na quinta-feira de manhã e tiveram como alvo o gabinete do ministro das Finanças, Mário Centeno. Contudo, a PGR nega esta versão: “As buscas foram no Ministério das Finanças, não no gabinete do Ministro”, esclareceu fonte oficial do Ministério Público.

Fonte oficial do Ministério das Finanças disse ao CM que as buscas não estão relacionadas com os processos de privatização que se encontram em investigação nem com o anterior Governo. O jornal recorda que estão em investigação vários processos como o caso da Operação Ciclone, que envolve a EDP e a REN e os polémicos CMEC, mas também as viagens dos ex-membros do Governo ao Euro 2016 pagas pela Galp, ainda que estes já tenham sido constituídos arguidos.

(Notícia atualizada às 16h26 com mais informações)

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Governo responde a Rio: “Não há apoios públicos envolvidos na instalação da Google”

  • Lusa
  • 27 Janeiro 2018

Perante as críticas de Rui Rio, o ministro-adjunto garante que esta foi "uma decisão empresarial que a Google tomou sem qualquer espécie de intervenção do Governo".

O ministro Adjunto, Pedro Siza Vieira, reafirmou este sábado que a decisão da Google de instalar um centro de serviços (‘hub tecnológico’) em Oeiras, distrito de Lisboa, foi uma decisão empresarial, “sem qualquer espécie de intervenção do Governo”.

A decisão da Google “é uma decisão empresarial que a Google tomou sem qualquer espécie de intervenção do Governo”, frisou Pedro Siza Vieira, quando questionado pela agência Lusa sobre as críticas que o líder do PSD, Rui Rio, teceu no Expresso quanto à escolha da região de Lisboa para a instalação do centro de serviços da tecnológica americana.

No semanário Expresso de hoje, Rui Rio considera que se perdeu uma oportunidade para o Governo ser coerente com o discurso da descentralização e da desconcentração de serviços. Pedro Siza Vieira sublinha que “não há apoios públicos envolvidos na instalação da Google em Portugal” e que esta multinacional tomou a sua decisão de localização do ‘hub tecnológico’ em função “dos critérios que entendeu relevantes”.

Não há apoios públicos envolvidos na instalação da Google em Portugal.

Pedro Siza Vieira

Ministro-adjunto

O ministro-adjunto vincou que as empresas não tomam essas decisões “sempre necessariamente no mesmo sentido”, sublinhando que, “muito recentemente”, houve “decisões de instalação de empresas internacionais noutras regiões do país, inclusivamente no Porto”.

“Aquilo que temos de ter a certeza é que o país está preparado para acolher da melhor maneira as intenções de investimento de empresas estrangeiras que surjam. É sempre uma boa notícia quando há uma empresa estrangeira que decide instalar um centro de valor acrescentando no nosso país”, salientou o membro do executivo, que falava aos jornalistas após ter participado no XX Encontro Nacional da Associação Portuguesa dos Administradores Judiciais, que decorre em Coimbra.

Para Pedro Siza Vieira, o Governo deve é trabalhar no sentido de diversificar e capacitar “as várias partes do território nacional para acolherem essas intenções”. “Temos tido muito boas novidades, nos últimos tempos, a propósito de instalação de empresas estrangeiras em vários pontos do país e o Governo tem estado a trabalhar no sentido de os sistemas de incentivos públicos poderem estimular a instalação de empresas, designadamente em territórios do interior”, disse.

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