Governo propõe prémio para centrais de biomassa sem incêndios na região envolvente

  • Lusa
  • 21 Janeiro 2018

Portugal propôs à Comissão Europeia uma remuneração à produção de energia com tarifa bonificada, que prevê a atribuição de um prémio relacionado com a não existência de incêndios na região.

O Governo quer que as novas centrais de biomassa criadas ao abrigo do regime especial, em vigor desde junho, recebam um prémio se não houver incêndios na região envolvente, com o objetivo de incentivar a limpeza da floresta.

De acordo com fonte oficial da secretaria de Estado da Energia, Portugal propôs à Comissão Europeia uma remuneração à produção de energia com tarifa bonificada, que prevê a atribuição de um prémio relacionado com a não existência de incêndios na região de implementação da central de biomassa.

Questionada pela agência Lusa sobre o processo de aprovação destas centrais, num total de 60 megawatts (MW), com preços apoiados, fonte oficial adiantou que está em curso a definição do regime remuneratório.

O Governo criou um regime especial e extraordinário – aprovado em março e em vigor desde 13 de junho de 2017 – para instalação e exploração de centrais de biomassa pelos municípios ou, por decisão destes, por comunidades intermunicipais ou por associações de municípios, potenciando o objetivo de assegurar aos produtores florestais o valor do material lenhoso.

A localização destas centrais terá que ter em conta a proximidade com zonas críticas de incêndio ou com povoamentos florestais e a proximidade em relação a outras centrais de biomassa florestal ou outras indústrias do setor florestal, consumidoras de biomassa florestal.

Outros dos fatores de peso na escolha da localização é a possibilidade de implantar, preferencialmente, em zonas ou parques industriais, áreas de localização empresarial ou outras zonas que permitam ou propiciem, complementarmente, o aproveitamento da energia térmica.

Em 2006 foram lançados concursos públicos para construir e explorar centrais de biomassa florestal residual, mas a iniciativa privada deixou por instalar 50% da potência de injeção então colocada a concurso e que agora o Governo quer atribuir. A potência de injeção na rede elétrica a atribuir, ao abrigo desta legislação, não deverá exceder um total de 60 MW e um máximo de 15 MW por central, as quais beneficiarão de medidas de apoio à venda da eletricidade.

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FT diz que Eurogrupo de Centeno ainda não vai libertar próxima tranche à Grécia

  • ECO
  • 21 Janeiro 2018

O Financial Times antecipa que na reunião agendada para esta segunda-feira, o Eurogrupo, liderado por Mário Centeno, aplauda a Grécia, mas ainda não liberte o financiamento.

Haverá elogios, mas ainda não vai haver dinheiro. Este domingo, o Financial Times antecipa que a reunião de amanhã do Eurogrupo, a primeira liderada pelo ministro das Finanças português Mário Centeno, vai aplaudir os avanços das autoridades gregas no cumprimento das medidas do terceiro programa de ajustamento, mas ainda não vai libertar a próxima tranche de financiamento. Na verdade, os ministros vão argumentar que os progressos verificados pela missão encerram a avaliação anterior, diz o jornal (acesso condicionado).

Esta segunda-feira, Mário Centeno vai estrear-se na condução dos trabalhos do Eurogupo, o grupo dos ministros das Finanças da moeda única. Um dos pontos fundamentais na agenda será a terceira avaliação do programa grego, com destaque para o grau de implementação das ações prioritárias para o desbloqueamento de uma nova tranche de financiamento, na ordem dos 6,7 mil milhões de euros.

Na quinta-feira passada, a Reuters escrevia que os ministros do euro estavam próximos de tomar a decisão de libertar o financiamento, podendo mesmo o aval chegar já amanhã, ou pouco depois. Contudo, este domingo o FT antecipa um travão por parte do Eurogrupo, que poderá mesmo dizer que será preciso uma nova avaliação, no início de fevereiro, para verificar se todas as ações prévias foram mesmo completadas e libertar então o dinheiro.

O jornal lembra que o próprio Mário Centeno desvalorizou as consequências de um eventual atraso na libertação da tranche de financiamento: “Houve um grande avanço nas ações prévias planeadas”, disse Centeno na segunda-feira passada. “Continuamos muito otimistas quanto às perspetivas de a Grécia avançar,” somou.

Seja como for, está já previsto que esta tranche de financiamento seja libertada às partes. O dinheiro será utilizado pelas autoridades gregas para pagar dívida, pagar aos fornecedores e para criar uma almofada de liquidez que lhe permita sair do terceiro programa de ajustamento com maior segurança.

Aliás, nota o FT, as condições da saída serão o próximo tema quente nas mãos do Eurogrupo, a par do debate sobre o excessivo endividamento do país e as possibilidades de aliviar o peso que a Grécia carrega às costas. Um perdão de dívida parece estar fora de questão, mas há dúvidas sobre se o país tem condições para se financiar sozinho nos mercados a preços sustentáveis sem serem tomadas quaisquer medidas neste campo. Alguns responsáveis na esfera europeia defenderam que poderia ser mais prudente explorar a possibilidade de um programa cautelar, negociado com o Mecanismo Europeu de Estabilidade. Mas, para isso, é preciso que os próprios gregos o queiram.

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PS à espera de consensos na descentralização e transparência

  • Lusa
  • 21 Janeiro 2018

Carlos César frisa que ignorar o problema da transparência só serve para "adensar suspeições".

O PS inicia na segunda-feira as suas jornadas parlamentares em Coimbra, com a descentralização e a transparência dos políticos na agenda, áreas em que espera consensualizar posições com o PSD e os restantes partidos.

Num momento em que o parlamento discute as propostas sobre a transparência política, como o alargamento das incompatibilidades ou a legalização dos lóbis, Carlos César alerta que “a transparência é fundamental” e que “é aos democratas que compete defender a democracia”.

“Estão muito enganados todos aqueles os que pensam que ignorar este problema [da transparência] é que o resolve ou que tratar este problema só adensa suspeições”, afirmou César aos jornalistas, antecipando a agenda das jornadas parlamentares, na segunda e na terça-feira.

O “estado de suspeição da política e dos políticos” tem que ser ultrapassado com reflexão, nos partidos e na sociedade, com soluções que devem ser consensualizadas. “A reflexão na sociedade deve ser transportada para o âmbito parlamentar onde se impõem decisões que hão de ser, certamente, consensualizadas entre todos os partidos”, acrescentou.

A abertura à sociedade levou o PS a convidar, para um debate, nas jornadas, na terça-feira, o ex-ministro Guilherme d’Oliveira Martins, atual administrador da Fundação Calouste Gulbenkian, Susana Coroado, vice-presidente da Associação Cívica para a Transparência e Integridade, e o fiscalista João Taborda da Gama.

Carlos César espera avançar com descentralização até final do ano

A descentralização de competências para as autarquias é um tema do PS desde as eleições autárquicas do ano passado que será debatido no segundo dia por dois socialistas – um, Eduardo Cabrita, ministro da Administração Interna, responsável pelo “dossier” no Governo, e Manuel Machado, presidente da câmara de Coimbra e da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP).

Nesta área, César tem a expectativa de fazer avançar esta reforma até final do ano, em parte ou mesmo que se finalize o processo e, mais uma vez, estende o apelo ao PSD. “Será necessária, nesta área, um consenso amplo”, afirmou o presidente da bancada socialista, esperançado que a aplicação dos futuros fundos comunitários seja já feita com base na descentralização de competências.

Nos dois dias que passarem na região centro, um deles, a segunda-feira, será dedicado a visitas a vários concelhos de Coimbra, Viseu e Leiria, “atingidos rudemente pelos incêndios no ano transato”, nas palavras de Carlos César, e que fizeram mais de cem mortos e milhões de euros de prejuízos.

Os deputados, descreveu, vão ver quais as “dificuldades que ainda permanecem, o que está a ser feito para se reabilitarem esses espaços e trazer de novo a esperança às populações e reativar a economia”.

Carlos César e um grupo de deputados estarão na segunda-feira de manhã em Penacova, Coimbra, onde vai ver as áreas afetadas pelos fogos, enquanto os outros grupos vão deslocar-se a outros concelhos.

À noite, o secretário-geral do PS e primeiro-ministro, António Costa, discursa aos deputados num jantar, em Coimbra, em que também participa o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues.

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Deco registou média de quatro queixas por dia sobre comércio ‘online’ em 2017

  • Lusa
  • 21 Janeiro 2018

Das entidades visadas, o Portal da Queixa destaca a eDreams, com quase o dobro do segundo classificado na tabela das principais marcas com reclamações.

A Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (Deco) recebeu 1.642 reclamações sobre compras feita pela internet em 2017, numa média de quatro queixas por dia, número que sobe para 8.538 no caso da rede social Portal da Queixa.

Numa resposta escrita enviada à agência Lusa, a Deco explica que estas 1.642 reclamações incidem sobre questões como a “não entrega dos bens encomendados e pagos”, as “entregas muito atrasadas dos bens encomendados e pagos”, a falta de informações sobre artigos fora de ‘stock’ e ainda as “dificuldades em acionar em garantia do produto”.

Segundo esta associação, as queixas devem-se, essencialmente, às compras de telemóveis, computadores e acessórios eletrónicos, mas também vestuário e acessórios de moda, abrangendo “diversas as entidades”.

Questionada sobre a evolução, a Deco fala num “número crescente de reclamações dos consumidores”, observando, sem especificar, que “a aquisição de bens ‘online’ é cada vez mais uma prática reiterada entre os consumidores”, realidade que se deve à “economia de tempo” e à “possibilidade de comparar produtos e preços”.

Também questionada pela Lusa, a rede social Portal da Queixa informou que, em 2017, foram registadas 8.538 reclamações pelos consumidores referentes a compras ‘online’. O Portal da Queixa realça um “aumento de 136% face a 2016”, no qual se verificaram 3.615 reclamações.

As reclamações dizem, essencialmente, respeito aos setores da tecnologia, televisão e eletrodomésticos (45%), viagens, turismo e lazer (20%), moda, vestuário e bijuteria (7%), classificados (5%), supermercados ‘online’ (5%), produtos para animais (4%), livros (2%) e apostas ‘online’ (2%).

Portal da Queixa destaca eDreams como entidade visada

Das entidades visadas, o Portal da Queixa destaca “claramente a eDreams, com quase o dobro [763] do segundo classificado na tabela das principais marcas com reclamações”, seguindo-se a Pixmania (488), Audilar (443), Amazonite / Niwite (418), Worten ‘online (341), OLX (281) e Fnac (199), entre outras.

A plataforma aponta que, na internet, “a disponibilidade para a compra, por parte do consumidor, é maior e mais facilitada, sendo que a pode fazer a partir de qualquer dispositivo móvel com ligação à internet e em qualquer lugar, […] mesmo em horário laboral, evitando o constrangimento do trânsito e das longas filas de espera nos centros comerciais”.

Além de que, em alturas de descontos e promoções, “o consumidor encontrará ‘online’ as melhores ofertas de preços como também melhores condições de compra, tendo em conta a redução de custos que as marcas têm no processo de venda”, adianta.

A jurista da Deco Carolina Gomes recomenda que os consumidores verifiquem se a página onde fazem a compra é fidedigna”, comprem em ‘sites’ conhecidos, por exemplo de lojas oficiais, e guardem comprovativos da encomenda e fatura, para acionar a garantia.

Carolina Gomes aconselha ainda à utilização de “formas de pagamento mais seguras”, como à cobrança, por transferência bancária ou por multibanco, e a uma análise do preço, desconfiando se for muito abaixo do costume.

“No comércio ‘online’, [o consumidor] poderá fazer uso do direito de livre resolução, dispondo de um prazo de 14 dias seguidos para desistir da compra, sem necessidade de apresentar justificação”, adianta a jurista, explicando que isso não se a aplica a negócios entre particulares.

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Dinheiro grátis: A Finlândia já testou. E Portugal, pode estar a caminho?

Este mês, o primeiro projeto-piloto europeu a testar o Rendimento Básico Incondicional celebra um ano. O modelo secular está em voga em todo o mundo. Em Portugal, também já gera discussão e críticas.

E se, todos os meses, chegasse ao seu bolso um rendimento fixo, incondicional e em troca de… nada? A ideia de um Rendimento Básico Incondicional (RBI) tem mais de cinco séculos de existência e não só sobreviveu ao teste do tempo como também conquistou um novo vigor, no último ano. Este mês, o primeiro projeto-piloto europeu a testar este modelo celebra um ano. Em Portugal, a semente também já foi lançada, com o PAN a propor a sua implementação em Cascais, a Assembleia da República a acolher um congresso sobre a questão e o Partido Socialista a debater os contornos do conceito, na próxima semana.

Rendimento Básico Incondicional é uma ideia antiga que está atualmente em voga, e já chegou a Portugal.Fotomontagem: Ana Moreira

“Todos os cidadãos recebem um montante fixo de dinheiro de forma incondicional, que é acumulado com outros rendimentos. À partida, é um pagamento irrevogável”, explica ao ECO Gonçalo Marcelo, da Associação Rendimento Básico Incondicional – Portugal (RBIP). “Este é um debate que tem feito caminho noutros países e já foi objeto de um congresso em Portugal, no mês de setembro. Agora, o que nós pretendemos fazer é lançar o debate na sociedade“, sublinha Wanda Guimarães, deputada socialista e responsável pela abertura do evento que o partido organiza, no próximo sábado, dia 27 de janeiro, em torno deste tema.

Em 2017, a Finlândia consagrou-se o primeiro país europeu a experimentar o esquema referido, atribuindo a dois mil dos seus cidadãos (todos eles desempregados) 560 euros por mês. Em França, Benoit Hamon, candidato presidencial, usou esta medida como principal plataforma eleitoral e a OCDE considerou “positivos” estes primeiros testes, já que o atual sistema de proteção social “está a ficar obsoleto”. Apesar do recente mediatismo, o RBI goza de uma história já longa.

Se mantermos tudo como está, no sistema de proteção social, a desigualdade piorará. A alternativa é redesenhamos essas políticas com medidas como o RBI.

Gonçalo Marcelo

RBIP

Uma ideia com raízes profundas

Na Utopia de Thomas Moore, o navegador Rafael Hitlodeu explica ao arcebispo da Cantuária que garantir um rendimento mínimo aos pobres seria uma ideia muito mais eficaz para combater o roubo do que sentenciar os ladrões à morte. Foi, contudo, o seu amigo Johannes Vives a esclarecer ao detalhe o argumento subjacente ao modelo que viria a ser conhecido como RBI. Segundo o humanista, o dever do município é garantir a subsistência dos seus residentes, não por justiça, mas para que o princípio obrigatório da caridade seja cumprido.

Quase cinco séculos depois, porquê a manter a mesma ideia? “O desemprego tecnológico tenderá a aumentar e com isso crescerá a desigualdade. Mais: muitas profissões ficarão obsoletas, o que poderá gerar muita pressão sobre o sistema da Segurança Social”, adianta ao ECO Francisco Guerreiro, do PAN que, nas eleições autárquicas do ano passado, sugeriu a implementação de um projeto-piloto deste tipo em Cascais.

Além disso, segundo o representante da RBIP, este pagamento seria feito a muitas pessoas que, atualmente, apesar de precisarem de ajuda, não a recebem, por vergonha, estigma ou simplesmente por não cumprirem estritamente os requisitos do sistema. Marcelo avança também que, a longo prazo, a inversão da pirâmide demográfica na qual assenta a Segurança Social levará à procura de alternativas como esta. A aplicação do Rendimento Básico Incondicional permitiria, por outro lado, eliminar a burocracia ligada, nos dias de hoje, aos subsídios sociais, realça a mesma associação.

Ambos os defensores do RBI, deixam claro que esse projeto teria, contudo, de ser um pilar do Estado Social e não um substituto para ele, como advogam alguns ativistas e receiam alguns críticos.

Há vários modelos previstos para o financiamento do RBI.Pixabay

Todos recebem, todos pagam

Todos os meses, dois mil finlandeses têm visto cair nas suas contas 560 euros, livres de condições ou exigências. Nesse país, o Rendimento Básico Incondicional é, até ao final de 2018 (ano em que termina o projeto-piloto), assegurado pelos fundos da Segurança Social, mas esse não é o único modelo de financiamento.

Em Portugal, segundo conclui Ricardo Arroja, cada cidadão receberia 280 euros mensais (montante ajustado ao rendimento per capita). Se o RBI fosse pago doze vezes a todos os portugueses, o custo total da medida rondaria os 34 mil milhões de euros por ano, o que representa quase 20% do PIB nacional. Como suportar a despesa?

“Cortando os subsídios dados a indústrias altamente poluentes, como a da agropecuária, acedendo a fundos comunitários e apostando numa maior fiscalização da economia paralela”, começa Francisco Guerreiro. O político argumenta ainda que o RBI acabaria por substituir o subsídio de desemprego e o rendimento social de inserção, aliviando a pressão colocada sobre a Segurança Social.

Já Gonçalo Martelo propõe que o financiamento ou passaria por uma reforma fiscal (aumentar o número de escalões do IRS, aumentar o IVA, criar novas taxas) complementada pelo fim das prestações não contributivas ou através de um eurodividendo — conceito utilizado pelo economista Philip Van Parijs que consiste na entrega a nível europeu do rendimento básico

O antigo ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis — também ele defensor do RBI — apresenta, ainda, uma outra alternativa para financiar a medida: um imposto sobre o capital.

“Vamos avançar com a sugestão do projeto-piloto, em Cascais, quando as condições políticas estiverem reunidas”.

Francisco Guerreiro

PAN

Cascais pisca o olho ao RBI

Há doze meses que a Finlândia está a testar o Rendimento Básico Incondicional. Os resultados oficiais ainda não são conhecidos, mas as primeiras notícias dão conta da diminuição do stress dos participantes do projeto, bem como do aumento dos incentivos à procura de trabalho e ao empreendedorismo.

Em Portugal, Francisco Guerreiro quer replicar o ensaio, mas garante que quando o fizer — confirma, portanto, que os dois deputados municipais que o PAN conquistou na autarquia de Cascais vão mesmo lutar pela implementação desta medida — quer alterar as premissas. “Não queremos incluir só desempregados, para podermos realmente aferir o impacto sociológico”, esclarece o político.

O concelho de Cascais, diz Guerreiro, seria o sítio ideal para introduzir o RBI em Portugal, já que, apesar de ser visto como um concelho “rico e favorecido”, tem “muitas disfunções sociais e económicas”. Além disso, dispõe de um “orçamento municipal significativo”.

PAN defende o teste do RBI, mas também há quem critique o modelo.

RBI? Não tão depressa

Ricardo Arroja chama ao Rendimento Básico Incondicional um “oximoro ideológico”, já que atrai interesses de ambos os extremos do espetro político.

Na Finlândia, o projeto-piloto foi implantado pelo centro-direita e criticado duramente por um dos maiores sindicatos nacionais (representa 1/5 da população), considerando-o um “modelo impossivelmente caro” e prevendo o aumento do défice, caso seja aplicado à escala global.

Em Portugal, para a esquerda, o grande atrativo desta medida está na sua natureza inclusiva, mas o argumento de que pode, na verdade, ser uma estratégia encapotada da direita para delapidar a Segurança Social tem dado azo a dissidentes: Francisco Louçã é, por isso mesmo, um dos maiores críticos do RBI. “[O RBI] reduz os rendimentos dos desempregados, abate os salários, poupa nas pensões e anula as despesas públicas com a saúde e educação. O mercado, portanto, ganha em todos os campos”, escreve o histórico bloquista, no blog Tudo menos economia.

Na base desta objeção está a conclusão de que acabará por não haver dinheiro para tudo e, portanto, a perda de apoios e serviços sociais é inevitável. Louçã chama-lhe “prometer o céu de graça”.

Segurança Social à parte, há também quem acuse o RBI de promover a preguiça, de levar os cidadãos a desistirem de procurar trabalho, de pressionar os salários, de cortar os horários de trabalho. Por cá, esses e outros obstáculos serão discutidos, no próximo ano, num congresso, no qual participará o Centro de Ética, Política e Sociedade da Universidade do Minho em parceria com o UBI-Lab da Universidade de Stanford e a Hoover Chair da Universidade Católica de Lovaina.

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Altice explica passagem à reforma de 268 trabalhadores

  • ECO
  • 21 Janeiro 2018

A Altice confirma a passagem à reforma de 268 trabalhadores com acesso à pensão completa, mas recusa ter forçado a decisão.

A Altice garante que a passagem de 268 pré-reformados para a situação de reforma “com a pensão completa sem penalização completa a partir de 1 de janeiro de 2018” cumpriu a legislação laboral em vigor. Em comunicado, a companhia liderada por Alexandre Fonseca explica, além disso, que tomou uma iniciativa a que não estava obrigada, o aviso prévio aos referidos pré-reformados dessa possibilidade.

Depois da notícia do Público, que dava conta de que a Atice teria “empurrado” 268 trabalhadores para a reforma, a empresa decidiu fazer um comunicado a esclarecer o processo. “Dentro do universo de pré-reformados da Altice, apurou-se que 268 pessoas preenchiam estes requisitos e, como tal, estavam em condições de se reformar, com a pensão completa e sem qualquer penalização, a partir do dia 1 de janeiro de 2018. No início do mês de novembro de 2017, a Altice, tendo em vista o bem comum, avisou proativamente todos os colaboradores em pré-reforma e que reuniam os requisitos de idade e de carreira contributiva previstos na nova legislação, que deveriam requerer a reforma por velhice junto da Segurança Social; também nessa altura aproveitou para relembrar que existe essa obrigação nos termos dos contratos de pré-reforma assinados com a empresa, uma vez reunidas as condições para tal”.

O problema, como refere o Público, é a possibilidade denunciada pelos sindicatos de que se verifiquem casos de trabalhadores que fiquem sem vencimento e sem reforma enquanto a Segurança Social não difere o respetivo pedido. A Altice, no entanto, esclarece que, “logo em janeiro e para atenuar efeitos decorrentes de um eventual atraso no deferimento das pensões pelo Estado, colocou à disposição de todos os abrangidos o prémio de aposentação, devido a passagem à situação de reforma”. E assume o compromisso de “atenção especial” nos casos que requeiram atenção especial por atrasos duradouros alheios à empresa, embora sem especificar que soluções possam ser seguidas.

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Marcelo acelera calendário até às eleições de 2019. É preciso passar da reflexão à ação

Marcelo desafiou grupos como a Plataforma do Crescimento Sustentável a passarem da reflexão à ação. Especialmente por causa da negociação dos fundos comunitários. "Não basta verem mais longe".

Era ‘apenas’ mais um encerramento de mais uma conferência, desta vez promovida pela Plataforma do Crescimento Sustentável, mas Marcelo Rebelo de Sousa tinha outra ideia. Num discurso escrito – pouco usual no Presidente – enumerou nove pontos essenciais para o país, admitiu que um consenso na reforma do Estado é uma miragem, e provocou Jorge Moreira da Silva, o presidente daquela plataforma: É preciso passar da reflexão à ação e tem de ser até às eleições de 2019, especialmente por causa do novo quadro comunitário 2020/2030, cuja negociação começa neste início do ano. “Não basta verem mais longe”…

O encontro da Plataforma liderada por Moreira da Silva, um social-democrata sem militância partidária porque é um alto quadro da OCDE, tinha um propósito: A discussão de um relatório sobre a reforma do Estado e do sistema político, que foi apresentado no último painel do dia por Hélder Rosalino, antigo secretário de Estado da Administração Pública e atual administrador do Banco de Portugal. Marcelo já tinha feito o trabalho de casa e, além dos sete pontos que estiveram em discussão nos vários painéis, até identificou nove. Uns em que o país está adiantado, como a energia, outros a que já chegou, como os ‘Portugais esquecidos’ e a coesão territorial e outros ainda em que a situação política não permite qualquer consenso, como é o caso da reforma do Estado. “Que todos concordam, mas com visões opostos”, afirmou Marcelo. “Infelizmente, os consensos são um sonho adiado, e é uma pena que o sejam”.

Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, no Congresso organizado pela Plataforma para o Crescimento Sustentável.

Os problemas identificados por Marcelo são outros. E são dois: O tempo e a fórmula de passagem. “Muito do que se apresenta perde o seu vigor se não passa à prática rapidamente”, atirou. E tinha um calendário na cabeça, dirigido diretamente a Jorge Moreira da Silva. Já no início de fevereiro começa a discussão sobre o plano 2020/2030 relativo ao novo pacote de fundos europeus. “As melhores ideias, se não influenciarem já, ficarão à margem de Portugal”. Para o Presidente, o calendário é mesmo os próximos dois anos, até às eleições em 2019, porque terá de ficar tudo fechado em 2018 em Portugal e em 2019 na Europa.

Marcelo admite que há outros temas a suscitar a atenção dos portugueses, mas questiona se há coisas mais importantes do que definir 65% a 80% do investimento público, o que corresponde aos fundos comunitários. Marcelo reuniu esta sexta-feira o conselho de Estado, prescisamente para discutir os fundos europeus. E isso levou o Presidente a apontar o segundo ponto, numa espécie de provocação política a Moreira da Silva. Se já não tivesse passado as eleições do PSD, até poderia sugerir outra coisa… Mas o desafio fica também para Rui Rio, o novo presidente-eleito do PSD.

Marcelo desafiou a Plataforma para o Crescimento Sustentado, e particularmente, Jorge Moreira da Silva, a passar da reflexão para a ação. A plataforma é de ação, diz, seria uma pena que as ideias ficassem para “memória futura”. E cita um versão alterada de um adágio popular: “quem espera… nunca alcança”. “Onde, quando e como as vossas pistas podem chegar à vida dos nossos concidadãos?”, mas não pode ser “depois de depois de amanhã”.

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As cinco ideias-chave do think tank de Moreira da Silva para um novo Estado

  • Margarida Peixoto
  • 20 Janeiro 2018

A Plataforma para o Crescimento Sustentável, um think tank presidido por Jorge Moreira da Silva, lançou este sábado um "grito de alerta" para o consenso político em torno da reforma do Estado.

É “um grito de alerta” em defesa de consensos nacionais, garante a Plataforma para o Crescimento Sustentável (PCS), sobre o manifesto que apresentou este sábado. No documento de 56 páginas, o think tank presidido pelo ex-ministro social-democrata Jorge Moreira da Silva apresenta um diagnóstico dos principais garrotes ao crescimento do país e deixa várias ideias para uma reforma do Estado e do sistema político. O ECO destaca as cinco ideias-chave fundamentais do manifesto, coordenado por Abílio Morgado e com uma participação ativa de Hėlder Rosalino.

O objetivo da PCS, uma associação que se afirma “independente, sem filiação partidária e sem fins lucrativos”, é “a consensualização de uma verdadeira estratégia nacional (que não unanimismo) para a dignificação da política e para a modernização do Estado,” lê-se, no documento. E este é “necessariamente um processo que requer um forte compromisso entre os agentes políticos, sociais e económicos” e uma “tão intensa quanto urgente, ampla e bem sucedida concertação social,” frisa o manifesto.

Jorge Moreira da Silva, no Congresso Portugal no Futuro, onde foi apresentado o Manifesto para um Estado moderno.

O apelo surge depois de a campanha interna do PSD ter ficado marcada pelo posicionamento dos dois candidatos a líder — Rui Rio e Santana Lopes — quanto à disponibilidade para um entendimento com um eventual futuro Governo socialista. Foi Rui Rio quem conquistou a liderança do partido e quem disse, durante a campanha, estar disponível para entendimentos.

Aqui ficam as ideias principais do manifesto.

O Estado português deve, por princípio, ser austero.

Plataforma para o Crescimento Sustentável

Manifesto para um Estado moderno

1 – Um estado mais pequeno e austero

Primeiro, a dimensão: o Estado não deve ser mínimo, mas tem de ser mais pequeno, e austero, defende a Plataforma. “A PCS é muito clara no sublinhar de que não perfilha uma opção por um Estado mínimo. Mas defende uma nova visão do Estado: um Estado mais pequeno, mas muito mais criterioso, transparente e eficaz”, lê-se no manifesto.

“O Estado português deve, por princípio, ser austero”, continua o documento, frisando a importância do “rigor” e da eliminação de desperdícios, ineficiências e “subsídios e protecionismos injustificados”.

2 – Funções de fomento económico, de soberania e sociais

Para a Plataforma, há três funções essenciais que o Estado deve cumprir. Deve fomentar a economia, preservar a soberania e implementar funções sociais.

E é precisamente no âmbito destas funções que “a concertação dos chamados acordos de regime mais adquire pertinência e mais deve congregar as vontades responsáveis e construtivas dos líderes políticos e dos parceiros sociais”, argumenta o documento. Ou seja, é sobre estes pontos basilares do Estado que a Plataforma defende que deve haver consenso.

E o que é que a Plataforma entende por cada uma das três funções sociais identificadas? No que toca ao fomento económico, trata-se de promover o investimento público através do aproveitamento dos fundos europeus para disponibilizar os equipamentos públicos estruturantes.

As funções de soberania, ou nucleares, “têm de ser garantidas e executadas pelo Estado, sem prejuízo das entidades reguladoras independentes” e são elas:

  1. Função normativa;
  2. Gestão tributária;
  3. Justiça;
  4. Diplomacia;
  5. Defesa, segurança e proteção e socorro.

Já as funções sociais “têm de ser garantidas pelo Estado”, mas o Estado não tem de o fazer em exclusividade, defende o manifesto. As funções em causa são:

  1. Saúde;
  2. Educação;
  3. Proteção social.

[Deve-se] incentivar fortemente o reinvestimento dos lucros empresariais não distribuídos, (…) caminhando no sentido de uma progressiva redução do IRC.

Plataforma para o Crescimento Sustentável

Manifesto para um Estado moderno

3 – O que fazer no âmbito da função de soberania?

A Plataforma entende que defender a soberania implica hoje muito mais do que ter apenas preocupações territoriais. Por isso, nesta função aborda as questões jurídicas, regulatórias, fiscais, de justiça e de segurança nacional. Estas são as sugestões deixadas para debate.

Reforçar capacidades jurídicas. A Plataforma defende que o Estado deve “reabilitar urgentemente as suas capacidades jurídicas próprias”, diminuindo a sua dependência de entidades externas. Esta capacidade interfere diretamente com “o âmago da decisão pública”, pelo que deve ser assegurada internamente.

Reforçar a regulação independente. Deve-se promover um “mercado plenamente concorrencial e regulado, independente”, frisa o manifesto. Dessa forma o Estado pode contribuir para uma “economia mais justa, mas também mais dinâmica e inovadora”.

Sistema fiscal orientado para o crescimento sustentável. Como? A Plataforma deixa algumas sugestões:

  1. “Fiscalidade verde”, em que se valorize a tributação ambiental, aliviando-se a estrutura suportada na tributação do rendimento;
  2. Evitar que a tributação do património se alargue para além do modelo atual;
  3. Incentivo forte ao reinvestimento dos lucros empresariais não distribuídos, caminhando-se no sentido de uma redução do IRC. O objetivo final seria que as empresas fossem “apenas tributadas autonomamente por algumas das suas despesas e por lucros acumulados não reinvestidos e em que os lucros seriam tributados, assim que distribuídos, exclusivamente na esfera dos sócios.

Novo órgão colegial para diminuir litigância tributária. A ideia passa por criar, “no seio da Autoridade Tributária, um órgão colegial de consulta, constituído por pessoas de reconhecida competência e gozando do estatuto de independência técnica”. Este novo organismo teria como função pronunciar-se “sem caráter vinculativo” sobre as reclamações ou situações litigiosas. O objetivo seria constituir uma base “sólida” de “fundamentação para o decisor”, dando-lhe “legitimidade acrescida e inquestionável opinião jurídica”.

Reforma do sistema de justiça. A Plataforma defende como princípios básicos para esta reforma a atuação da justiça independente de meios económicos e com qualidade em todo o território. Para isso, argumenta que é necessário o redesenho amplo das competências dos tribunais em termos de território, matéria, valor e hierarquia.

Criar um conceito estratégico de segurança nacional. O objetivo é ir mais longe do que ter apenas um conceito de defesa nacional, na medida em que estariam incluídas questões como o abastecimento alimentar, hídrico, medicamentar, energético e de matérias-primas. Mas não só: também estariam incluídas questões de funcionamento de instalações críticas, de preservação ambiental, disseminação nuclear, liberdade de circulação, o equilíbrio demográfico e migratório, o desempenho económico-financeiro, entre outras.

Formas Armadas com capacidade de intervenção interna. A Plataforma defende que esta é “uma lacuna grave, que requer suprimento imediato”. As Forças Armadas devem ter a possibilidade de intervir militarmente dentro do país, a par das forças e serviços de segurança, face a ameaças como terrorismo, criminalidade organizada, imigração ilegal, entre outras.

[Há que] redesenhar o modelo de financiamento do SNS, de um modelo contabilístico, centrado no pagamento dos atos, para um modelo centrado nos resultados e nos ganhos para a saúde.

Plataforma para o Crescimento Sustentável

Manifesto para um Estado moderno

4 – O que fazer no âmbito das funções sociais?

No que toca às funções sociais, a Plataforma destaca três: a educação, a saúde e o sistema de pensões. Aqui ficam as ideias deste think tank para estas três áreas.

Liberdade de escolha das escolas. A ideia fundamental que é defendida no manifesto é a da liberdade de escolha da escola por parte dos cidadãos. Esta é considerada uma “poderosa alavanca de melhoria e concorrência dos projetos educativos”.

Liberdade de escolha na saúde. O princípio da liberdade de escolha deve ser repetido na área da saúde, argumenta a plataforma. Esse será o modo de assegurar mais concorrência no sistema, que deve ter uma política de preços que estimule a competitividade.

Redesenhar o modelo de financiamento do SNS. A plataforma defende que o modelo de financiamento do Serviço Nacional de Saúde deve passar de “contabilístico”, centrado no pagamento dos atos, para um “modelo centrado nos resultados e nos ganhos para a saúde.”

Liberdade nas pensões. A Plataforma defende ainda que o problema da falta de justiça intergeracional — na medida em que, argumenta, as gerações trabalhadoras atuais sustentam as pensões dos reformados atuais sem garantia de que venham elas mesmas a beneficiar de direitos equivalentes — deve ser abordado. Estabelece três princípios: deve ser revisto de forma sistémica, sem separar a segurança social da Caixa Geral de Aposentações, estrutural e de forma equilibrada e proporcional. O manifesto defende que as pensões a pagamento não devem ser alteradas, mas argumenta que deve ser aceite a “opção por contas individuais de capitalização”.

Importará considerar a necessidade de outros instrumentos (…) entre os quais rescisões por mútuo acordo, novas formas de gestão da organização do trabalho (como a adaptabilidade e o banco de horas) e mobilidade geográfica.

Plataforma para o Crescimento Sustentável

Manifesto para um Estado moderno

5 – Como revalorizar a Administração Pública?

O manifesto argumenta a favor de algumas alterações no âmbito da administração pública, que devem ser colocadas na agenda “para além dos ciclos eleitorais”, incluir a aprendizagem com os exemplos de outros países, evitar objetivos contraditórios e identificar de forma clara o público-alvo.

Reduzir o número de funcionários públicos. A Plataforma defende que se deve determinar quantos funcionários devem fazer parte das administrações públicas, aproveitando possibilidades de racionalização. Seja como for, diz que o controlo de admissões deve continuar, nomeadamente através das aposentações, uma vez que só com a redução do número de funcionários será possível “acomodar a redução sustentada dos custos com pessoal” sem ter de optar pelo corte ou contenção de salários. Para prosseguir este objetivo, devem utilizar-se também como ferramentas as rescisões amigáveis, a adaptabilidade, o banco de horas e a mobilidade.

Rever salários. “Deverá ser consensualizada e concretizada uma revisão da política remuneratória da Administração Pública, assente no alinhamento gradual com as práticas remuneratórias do setor privado”, lê-se no manifesto. Por outras palavras, isto quer dizer salários mais baixos para os trabalhadores com funções menos complexas e mais elevados para os níveis de maior responsabilidade. A Plataforma também defende que seja possível atribuir prémios e reconhecer o mérito dos trabalhadores.

Cortar laço entre recrutamento e ciclo eleitoral. O objetivo é consolidar as regras de recrutamento de dirigentes da Administração Pública por forma a garantir a dissociação temporal entre a duração dos seus mandatos e os ciclos políticos.

Aproximar contrato de trabalho público do privado. O manifesto defende que o contrato de trabalho em funções públicas se deve continuar a aproximar do contrato abrangido pelo Código do Trabalho, nomeadamente no que diz respeito à flexibilidade na organização dos tempos de trabalho.

Promover a inovação e digitalização. “Urge concretizar soluções inovadoras na relação entre o Estado e os cidadãos e na utilização eficiente dos recursos”, lê-se no documento, que argumenta a favor da digitalização e desmaterialização dos processos.

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SnapCity: Uma das cinco melhores app de turismo do mundo é portuguesa

Esta startup nacional põe-no em contacto com residentes de determinada cidade, para receber as melhores dicas e sugestões sobre os locais a visitar.

Provavelmente já deu por si em modo turista, num determinado país, a procurar na Internet os melhores locais para visitar, um bar para beber um copo ou até um sítio para comer. Esta startup portuguesa veio tornar esse processo bastante mais fácil e dinâmico, através de uma plataforma de chat que o põe em contacto com os residentes locais.

A SnapCity chegou recentemente ao mercado mas já conta com mais de 12 mil membros. Entre eles estão alemães, britânicos, espanhóis e, claro, portugueses. A ideia passa por “ligar instantaneamente, e em tempo real, quem está a viajar, ou quem precisa de informações e conselhos sobre uma localicação, às pessoas que vivem nessa cidade e que a conhecem melhor do que ninguém”, explica André Dias, o fundador da app, ao ECO. A ideia surgiu numa viagem com uns amigos pela Ásia e resultou da necessidade de ter alguém para dar as melhores dicas sobre a cidade, sem ter de recorrer a pesquisas online.

O click deu-se no regresso a Portugal. Após falar com vários amigos, André pensou: “Porque não criar uma aplicação que permitisse um chat imediato, e em tempo real, entre quem está a viajar e quem vive nas cidades?”. E foi exatamente isso que fez, juntamente com um antigo colega do Instituto Superior Técnico. A ideia inicial era criar uma revista digital direcionada para hosts do Airbnb, para que estes pudessem comunicar melhor com os hóspedes que recebiam. “Mas, por uma questão de custos, vimos que o projeto não seria rentável, que seria muito difícil. Também já estávamos um bocado ‘fisgados’ a fazer algo na área do turismo e que lidasse diretamente com as pessoas que estão a visitar as cidades”, conta.

Com pouca experiência na área — André especializado em marketing digital e Manuel Figueiredo, o sócio, na área de gestão de projetos –, foram à procura da equipa perfeita para desenvolver a aplicação. “Tinham de ser developers bastante jovens, bons e com uma mentalidade um ‘bocado fora da caixa’ para se envolverem numa coisa destas”, explica. Equipa feita, cinco elementos, mas os três meses estimados para a conclusão da app foram substituídos por nove. “É um conselho que eu dou a quem estiver a começar, multiplicar por dois ou por três o tempo estimado. É uma grande batalha conseguir ter a aplicação pronta e funcional“, conta André.

Está pronta! Mas como funciona?

A ideia é bastante simples: supondo que está em Londres e quer descobrir os melhores sítios para visitar. Entra na SnapCity e são-lhe sugeridas um conjunto de perguntas habituais, como “Onde comer um brunch?” ou “Onde estão os melhores jardins e parques?”. No entanto, André explica que “a parte gira é fazer uma pergunta livre“. Posto isto, seleciona a pergunta que mais lhe interessar e, de imediato, vão surgir-lhe londrinos disponíveis para lhe dar recomendações. Nessa altura terá de escolher um desses “locals” e será iniciado um chat, onde poderá trocar as melhores dicas e sugestões.

“Em Barcelona provamos o nosso próprio veneno, como turistas. Perguntamos onde havia um bar de jazz com música ao vivo, é uma coisa improvável de encontrar no habitual Google. Houve um local que disse que nos podia ajudar, entramos em chat e recomendou-nos uma série de bares. A parte gira é que a pergunta acaba por ser um motivo para entrar em conversação e, a partir daí, podem falar do que quiserem, durante o tempo que quiserem“, diz o marketeer.

Para ser um local é necessário fazer o registo na plataforma. Inicialmente, a equipa trata de selecionar algumas pessoas mais especializadas no assunto, como guias turísticos ou com especialização na área, de modo a garantir que há uma maior confiança na partilha de dicas. A partir daí, a “vaga” é aberta a qualquer pessoa. Há três motivações para ser um local da SnapCity, explica André. A primeira está relacionada com a “paixão e o gosto pela cidade” e outra com os prémios e experiências na cidade que pode ganhar conforme as avaliações que receber. A startup tem parcerias com várias marcas portuguesas, de forma a premiar os melhores locals. Há jantares oferecidos pela Zomato, passeios de Tejo e pequenos lanches pelo Hotel Tivoli. “São ofertas simbólicas mas que podem motivar os locals a estarem na aplicação“.

A terceira motivação são as tips: gratificações monetárias oferecidas no final de cada conversa. Mas calma, não são obrigatórias. “No final do chat, se ficarem realmente satisfeitos, os turistas podem oferecer uma gratificação entre 0 e 10 euros“. São raros os casos em que isso acontece, mas já houve cerca de 50 tips oferecidas. Ainda assim, os sócios acreditam que essa cultura da gratificação seja mais comum em países como o Reino Unido ou os Estados Unidos. No entanto, tudo pode ser uma questão de hábito. “Não vamos enganar os locals e deixá-los pensar que podem tirar um ordenado com tips, não podem. Mas podem ter, às vezes, um pocket money interessante“.

Projeto de turismo mais inovador do país

O ano passado, a equipa da SnapCity candidatou-se aos World SummitAwards (WSA), um concurso de startups a nível mundial. Apesar de ser um dos muitos concursos que existem atualmente para startups, este foi escolhido “por ser uma escala um bocadinho diferente, era a nível mundial, com mais de 400 empresas de 180 países e tinha um júri à prova de bala, com peritos internacionais. Para além disso, tinha a chancela das Nações Unidas“, conta André.

A SnapCity foi a vencedora a nível nacional, na categoria Travel&Culture, conseguindo um lugar nos cinco primeiros a nível mundial, na mesma categoria. O próximo passo é uma viagem a Viena para receber o prémio, onde planeiam expor o projeto a potenciais investidores. Neste momento, André conta que a startup está numa fase decisiva de negociação, preparada para uma segunda ronda de investimentos, que poderá facilmente chegar aos 500 mil euros. “Chegou a altura de dar o salto. Um objetivo para o ano de 2018 é começar a escalar a todo o gás. O nosso plano passa por ser rapidamente o serviço e o player mais relevante nesta área”.

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Incêndio consome fábrica de capacetes Nexx em Anadia

  • ECO e Lusa
  • 20 Janeiro 2018

Um incêndio está a consumir a fábrica de capacetes Nexx desde cerca das 15 horas, em Amoreira da Gândara, Anadia, distrito de Aveiro.

Um incêndio deflagrou este sábado, pelas 15 horas, na fábrica de capacetes da Nexxpro, em Amoreira da Gândara, Anadia, Aveiro, avançou o jornal Público. Até ao momento não há registo de feridos, mas o fogo foi considerado “de grandes dimensões” por fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro.

O jornal adianta que estavam no local 56 operacionais e 18 veículos terrestres a apoiar no combate às chamas. Segundo a Sic, os trabalhos ainda deverão demorar até serem dados como concluídos, uma vez que o combate às chamas está a ser dificultado pelo facto de os produtos utilizados na fábrica serem altamente inflamáveis — por exemplo, resinas, plásticos e fibras.

Ainda não há qualquer indicação sobre as causas do incêndio, mas o estado de devastação da fábrica permite antecipar que os prejuízos serão avultados.

A presidente da Câmara de Anadia, Teresa Cardoso, que se deslocou ao local do incêndio, disse à Lusa que “ainda é cedo” para saber se a Nexxpro está em condições para retomar a produção a curto prazo, o que poderá deixar em risco 150 posto de trabalho.

“O dono da fábrica [o empresário Hélder Loureiro] está a tentar avaliar se é possível recuperar algum equipamento”, explicou a autarca. Esclarecendo que apenas um “módulo de produção” (pavilhão) foi atingido pelas chamas. Teresa Cardoso aproveitou para deixar uma palavra de “solidariedade e incentivo” aos trabalhadores e proprietários da empresa.

Fundada em 2001, a Nexxpro produz capacetes e acessórios para motociclismo, tendo sido a primeira empresa em Portugal a usar tecnologia para a produção de capacetes em fibra. Um dos seus produtos de maior sucesso é um capacete para motas forrado em ganga (denim).

Ao longo dos anos, a Nexxpro desenvolveu parcerias com diversas marcas internacionais, como a Hugo Boss e a Swarovski, tendo iniciado em 2015 uma participação na alta competição, com a entrada no Mundial FIM de Superbikes.

Atualmente, a marca é representada em 56 países espalhados pelo mundo “com perspetivas de a curto prazo estender a sua representação a novos mercados”.

(Notícia atualizada às 18h22 com mais informação)

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Operação Marquês: MP diz que estão reunidas condições para contar o prazo para fase de instrução

  • Lusa
  • 20 Janeiro 2018

Como noticia o Público, o juiz Carlos Alexandre deveria ter decidido na sexta-feira se prolongava o tempo concedido às defesas para estudarem o processo antes da abertura da fase de instrução.

O Ministério Público considera que estão reunidas as condições para se iniciar a contagem do prazo para requerer a instrução, remetendo para o juiz a decisão da prorrogação pedida pelos arguidos, disse fonte da Procuradoria-Geral da República.

Esta informação surge na sequência da divulgação de que os ficheiros com as escutas da Operação Marquês entregues aos advogados estavam infetados com vírus informáticos, o que veio constituir mais um obstáculo ao avanço do processo judicial.

Contudo, a PGR esclareceu que “neste momento, a cópia de ficheiros informáticos de prova, solicitada pelos arguidos, encontra-se concluída”. Desse modo, “o Ministério Público considera que estão reunidas as condições para se iniciar a contagem do prazo para requerer a instrução”, disse à Lusa fonte da Procuradoria-Geral da República (PGR).

A mesma fonte acrescentou que “uma vez que vários arguidos solicitaram a prorrogação do prazo legalmente fixado para a abertura da fase de instrução, caberá agora ao juiz decidir essa questão”.

No início do mês, o Ministério Público solicitou ao tribunal que só no dia 19 decidisse o início da contagem do prazo para a abertura de instrução da ‘Operação Marquês’, alegando que a entrega de ficheiros informáticos de prova aos arguidos é demorada.

Assim, o juiz Carlos Alexandre deveria ter decidido na sexta-feira se prolongava, como lhe pediram os advogados, o tempo concedido às defesas para estudarem o processo antes da abertura da fase de instrução, mas a contaminação dos ficheiros com vírus informáticos levou-o a adiar a decisão, segundo noticia o “Público”.

Por norma, o prazo previsto não pode ultrapassar os 50 dias, mas a excecional dimensão do processo poderia ditar um alargamento desse prazo. No entanto, o Ministério Público considera que estão reunidas as condições para o início da contagem do prazo.

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Blog do Financial Times diz que lei da resolução dos bancos pode morrer em Portugal

O Alphaville, um blog do FT, afirma que o "interesse público", a justificação usada pelo BdP para transferir dívida do Novo Banco para o BES, está a 'matar' a lei da resolução bancária em Portugal.

“A seleção das referidas emissões de obrigações fundamentou-se em razões de interesse público e teve em vista salvaguardar a estabilidade financeira e assegurar o cumprimento das finalidades da medida de resolução aplicada ao Banco Espírito Santo.” Foi esta a justificação apresentada pelo Banco de Portugal (BdP) quando decidiu transferir dívida do Novo Banco para o BES “mau”, em dezembro de 2015. Uma decisão que impôs perdas elevadas a vários investidores que, em reação, o levaram para tribunal. Conseguirá defender-se? Se o “interesse público” sair vitorioso, a lei da resolução bancária pode ‘morrer’ em Portugal, diz o Alphaville, o blog do Financial Times.

A seleção das referidas emissões de obrigações fundamentou-se em razões de interesse público e teve em vista salvaguardar a estabilidade financeira e assegurar o cumprimento das finalidades da medida de resolução aplicada ao Banco Espírito Santo.

Banco de Portugal (dezembro de 2015)

“O que é claro no caso do Novo Banco é a importância do ‘interesse público’, que é promovido por órgãos tecnocráticos, que trabalham muitas vezes de forma confusa entre si (basta olhar para os papéis sobrepostos do FROB, do Banco da Espanha, do BCE e o SRB no caso do Banco Popular). Este princípio convida claramente ao conflito com as convenções em torno da lei e dos processos judiciais”, lê-se no artigo de opinião assinado por Thomas Hale no Alphaville (acesso condicionado/conteúdo em inglês).

Neste sentido, o autor refere que o processo do Novo Banco, em conjunto com o do Popular, “deve criar precedentes extremamente importantes em relação à capacidade de o ‘interesse público’ subjugar as reivindicações contratuais ou os benefícios dos processos judiciais”. É por isso que o Banco de Portugal “terá de provar que agiu em nome do ‘interesse público’, independentemente do que isso signifique” quando decidiu transferir dívida do banco “bom” para o banco mau”.

"O Banco de Portugal terá de provar que agiu em nome do ‘interesse público’, independentemente do que isso signifique.”

Thomas Hale

Alphaville

“O problema inevitável de usar obrigações como principal ferramenta de estabilidade de um banco é que as obrigações são, no seu núcleo, uma conceção legal, e os seus detentores vão usar a lei, com os poderes governamentais associados, para defenderem os seus interesses”, refere o blog.

“Se a justificação do ‘interesse público’ funcionar, a lei [da resolução bancária] vai ser ainda mais questionada (este é um dos motivos por que o site dos detentores de dívida está tão determinado em demonstrar que a decisão [do BdP] prejudica Portugal)”, nota Thomas Hale. Os grandes investidores lesados pela decisão do BdP de transferir, em dezembro de 2015, dívida do Novo Banco para o BES “mau” criaram um site onde disponibilizam vários documentos relativos a esta transferência.

O Novo Note Group, constituído pela Attestor Capital, BlackRock, CQS e Pimco, tem vindo a pressionar o banco central liderado por Carlos Costa, alertando a entidade dos custos que a decisão tomada naquele verão tem para o país. Estes grandes fundos têm boicotado as emissões de dívida tanto da República, como de alguns bancos, como é o caso do BCP e da Caixa Geral de Depósitos. Têm aproveitado estes eventos para marcarem a sua posição e pressionarem as autoridades portuguesas a retomarem as conversações.

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