Associação Mutualista: Oposição a Tomás Correia faz primeiro ensaio público esta semana. Campos e Cunha presente

Luís Campos e Cunha, antigo ministro das Finanças, será um dos intervenientes nas Jornadas de Reflexão Mutualista que um grupo de membros da Associação Mutualista organiza esta semana.

Começa a ganhar forma a lista única que deverá concorrer contra Tomás Correia nas próximas eleições para a liderança da Associação Mutualista Montepio Geral. E o movimento alternativo conta agora com mais um nome de peso: Luís Campos e Cunha. O ex-ministro das Finanças será um dos oradores na primeira sessão das Jornadas de Reflexão Mutualista – Juntos pelo Montepio, que terá lugar esta quinta-feira, em Lisboa.

Esta sessão de debate será uma espécie de primeiro ensaio público para a formação de uma lista única alternativa ao atual presidente da Associação Mutualista e que incluirá membros das listas derrotadas nas últimas eleições, nomeadamente António Godinho, Bagão Félix, Eugénio Rosa, Manuel Rogério, entre outros associados descontentes.

Entre os nomes que agora se associam a este movimento estão o do antigo ministro das Finanças do Governo de José Sócrates e antigo vice-governador do Banco de Portugal, Luís Campos e Cunha. Será ele o moderador do debate que se realizará pelas 17h45, no Auditório Montepio Geral, em Lisboa. Mas há mais nomes relevantes se juntam ao debate. Fernando Ribeiro Mendes, administrador dissidente que defendeu um virar de página na Associação Mutualista, faz parte da lista de oradores que conta ainda com o vice-presidente da Cruz Vermelha Alexandre Abrantes, o economista Eugénio Rosa e ainda a advogada Lúcia Gomes.

“É o momento apropriado para refletirmos sobre os caminhos futuros do mutualismo e quais as formas como com independência, solidariedade e espírito de cidadania pretendemos fortalecer a ideia mutualista e o Montepio”, lê-se no convite enviado pelo Grupo de Reflexão Mutualista, composto pelos conselheiros António Pimenta, Carlos Areal, Viriato Silva, entre outros.

“Teremos oportunidade de ouvir diferentes perspetivas sobre o associativismo e sobre o mutualismo que se enquadram na necessidade de procurar novas soluções que sirvam os 620.000 associados e que permitam continuar a aumentar a importância do mutualismo no futuro”, acrescenta a nota.

Teremos oportunidade de ouvir diferentes perspetivas sobre o associativismo e sobre o mutualismo que se enquadram na necessidade de procurar novas soluções que sirvam os 620.000 associados e que permitam continuar a aumentar a importância do mutualismo no futuro.

Grupo de Reflexão Mutualista

Além da sessão em Lisboa, aquele grupo de conselheiros agendou um outro debate para o Porto, no dia 21. Terá lugar no Ateneu Comercial do Porto, também a partir das 17h45.

Os membros do Conselho Geral da Associação Mutualista, incluindo o presidente Tomás Correia, foram convidados a participar nestas jornadas, bem como todos os associados.

As eleições para os vários órgãos sociais da mutualista ocorrerão em dezembro. Nas últimas eleições, realizadas em 2015, Tomás Correia foi eleito presidente com 61% dos 57.800 associados que foram votar — isto de um universo de cerca de 630 mil associados.

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Esta é a máquina que produz os influenciadores

  • Juliana Nogueira Santos
  • 3 Junho 2018

Têm milhares de seguidores e ganham centenas de euros por cada publicação que fazem nas suas redes sociais. Mas por detrás de um grande influenciador está, provavelmente, uma máquina maior.

Do investimento das empresas, saem gostos. Mas já há agências no meio deste processo.Lídia Leão

Não é raro, se for um utilizador de redes sociais, deparar-se no seu feed com publicações parecidas com esta: uma rapariga jovem, bonita e cool bebe um sumo num dos rooftops mais populares da cidade. A descrição da imagem vem reiterar o que transparece a fotografia: “Com este sumo sinto-me como se estivesse no meio da praia. E sem sair da cidade.” Seguem-se os hashtags, em que se deverão incluir a marca da bebida.

Na verdade, tratar-se-á de um de dois casos: ou a rapariga está a gostar tanto do momento que está a viver e do produto que está a consumir ou este cenário foi produzido por uma marca para que assim pareça. E pode até surgir-lhe a dúvida: mas eu até conheço esta pessoa, ela não é uma celebridade. Pois não, mas este é um novo tipo de marketing, aquele que utiliza os “famosos” das redes sociais para difundir mensagens.

Chamam-lhes influenciadores: estão pelas fotografias do Instagram, nas publicações do Facebook, nos vídeos do YouTube e até a fazer a transição do digital para o analógico, transformando-se em verdadeiras celebridades, como se fossem atrizes, músicos ou políticos. São seguidos por milhões de pessoas nas plataformas digitais e têm agora este poder de influenciar as escolhas de quem os acompanha. E as marcas não querem deixar passar esta oportunidade de comunicar os seus produtos através deles.

"Este fenómeno vem do inicio do século passado e chamava-se Word Of Mouth, em que as pessoas confiavam mais naquilo que lhe era recomendado por pessoas que conhecem, nesta altura no offline.”

Francisco Ascensão

Diretor da Youzz

“Este fenómeno vem do inicio do século passado e chamava-se Word Of Mouth, em que as pessoas confiavam mais naquilo que lhe era recomendado por pessoas que conhecem, nessa altura no offline“, explica ao ECO Francisco Ascensão, diretor da agência Youzz. “Agora isto passou para o online, passámos a acreditar muito em quem seguimos.”

Uma nova ligação entre influenciadores e marcas

A Youzz, de Francisco Ascensão, é uma das agências nacionais que faz a ponte entre marcas e influenciadores, mas está longe de ser a única. “E vão abrir cada vez mais, com o crescimento do negócio”, sublinha ao ECO, Sérgio Meireis, responsável pela Cheese Me, esta que se intitula “a primeira agência em Portugal” a focar-se apenas nos influenciadores de Instagram. Nasceu em 2016.

Algumas das campanhas organizadas pela Cheese Me.Cheese Me

“Criar esta empresa foi voltar às necessidades que tinha na minha antiga profissão, ligada ao marketing, em que faltava um canal relacional”, relembra o responsável pela Cheese Me. “Sentíamos que, quando fazíamos alguma comunicação offline ou online, havia resultados. Mas quando víamos mais resultados era quando um cliente nos recomendava.”

A emergência deste novo tipo de marketing levou a que, não só as agências tradicionais de publicidade e relações públicas fossem obrigadas a ver este como um fenómeno que tem de ser tido em conta, como também ao advento de um novo tipo de enquadramento mediático, com novos conceitos, novas estratégias e, até, novos orçamentos.

Na altura, as agências de publicidade e relações não estavam despertas para esta realidade, sendo que Sérgio conta que quando pedia orçamentos para ações de recomendações feitas por celebridades nacionais, os números eram, em média, maiores do que o que uma marca estava disposta a pagar. Mais tarde veio a perceber que mais vale mais pessoas menos famosas do que apenas uma pessoa amplamente conhecida. E surgiu a Cheese Me.

Sérgio Meireis é o líder da Cheese Me.Paula Nunes/ECO

“A primeira marca que teve interesse foi uma marca nacional de bebidas. E, a partir daí, começou uma jornada de aumentar marcas e influenciadores”, concretiza Sérgio. Hoje em dia, a agência conta com um portefólio de 50 marcas grandes, entre vários setores de atividade, e 500 influenciadores caracterizados como “muito relevantes”.

Celebridades ou meros desconhecidos?

Para mergulhar fundo no mundo dos influenciadores, os especialistas recorrem a um esquema em triângulo que começa pelos microinfluenciadores e sobe, passando pelos macroinfluenciadores até chegar às chamadas celebridades. Esta divisão é estabelecida não só pelo número de seguidores como pelo tipo de conteúdo produzido e a gratificação que recebem.

Escala de influenciadores e as suas diferenças

Fonte: Youzz

No caso dos microinfluenciadores, e como explica Sérgio Meireis, “somos todos influenciadores”. Ou seja, a partir do momento em que qualquer utilizador tem seguidores numa rede, pode ser considerado um influenciador numa abordagem micro. Estes têm até 10 mil seguidores e, habitualmente, ou não recebem nada por produzir o conteúdo ou é-lhes dada uma pequena gratificação — um produto, uma experiência — pelo seu feedback.

"Sentíamos que quando fazíamos alguma comunicação offline ou online havia resultados, mas quando víamos mais resultados era quando um cliente nos recomendava.”

Sérgio Meireis

Diretor da Cheese Me

É como esta camada que trabalha a Youzz. “Nós pegamos em pessoas com menos audiência mas mais credibilidade, ou seja, que não estão tão altas na pirâmide, e aplicamos a campanha a mais pessoas, o que faz com que se produza um efeito muito superior”, explica Francisco.

Através de questionários feitos diariamente aos inscritos na plataforma, a empresa vai “afinando o perfil” de cada um, para depois planear as campanhas à medida das empresas. Este modelo está já a ser aplicado noutros mercados, sendo que a Youzz já se viu a mãos com quase 700 marcas, de setores tão diferentes como a cosmética ou a alimentação.

Já no patamar acima, encontra-se a “relevância” de que Sérgio falava quando se referia aos influenciadores da sua comunidade. Os macroinfluenciadores são aqueles que têm entre os 10 mil e centenas de milhares de seguidores e que, habitualmente têm o conteúdo mais controlado pelas marcas, justificando-se um investimento maior. Ainda assim, a Cheese Me rege-se ainda pela regra de ter mais influenciadores pequenos a espalhar a mensagem da marca, de uma forma orgânica.

Francisco Ascensão (primeiro na fila superior) é o líder da equipa da Youzz.Youzz

No topo, estão as celebridades, ou as figuras de culto das redes sociais, cujos seguidores ultrapassam já a casa dos milhões — quer seja um milhão ou 100 milhões. Este é já um estatuto que equipara os influenciadores aos atores ou músicos que são, no sentido lato da palavra, celebridades, ainda que permita à empresa pôr menos zeros na fatura.

É no cruzamento entre os macroinfluenciadores e as celebridades que atua a Samyroad. A empresa espanhola, representada em Portugal por Francisco Morgado Véstia, não se assume como um meio de agenciamento de influenciadores, mas um agregador de perfis públicos, que apresenta as melhores propostas às marcas, conforme o seu plano.

“Não agenciamos, fazemos ligação das pessoas com valor de influência com marcas para utilizarmos as melhores pessoas para fazer aquele conteúdo”, explica Francisco, afirmando que juntam na sua base de dados as informações disponibilizadas pelos utilizadores de Instagram e YouTube que têm as suas contas abertas ao público. Com escritórios em quase uma dezena de países, a agência foi já responsável por projetos da Sagres, da Kia e até da Microsoft.

Um like = 10 mil milhões de dólares

Ainda que todos possam ser influenciadores, as marcas têm de ter uma garantia de que os seus investimentos são rentáveis, havendo então um perfil de pessoa que é mais suscetível a ser escolhida para representar uma marca. Nas palavras de Francisco Ascensão, este processo é uma “combinação de três pilares”.

“Tipicamente a primeira análise que se faz é a audiência, mas isto por si só não serve quando falamos de algoritmo e do impacto real que as pessoas podem ter. Falamos depois de ressonância, ou seja, o efeito que a pessoa tem na sua audiência, medida através do engagement, dos gostos e dos comentários, e das questões geográficas”, explica Francisco da Youzz. “Depois olhamos para a relevância, ou seja, a autoridade que alguém tem num tópico”.

Enquanto este negócio se desenvolve nas palmas das mãos de todos nós, está longe de ter uma dimensão proporcional. Neste momento, o mercado do marketing de influência está avaliado em dois mil milhões de dólares. No entanto, três anos serão o suficiente para que este valor quintuplique para os 10 mil milhões de dólares.

E é fácil perceber porquê. O Instagram tem agora mais de 800 milhões de utilizadores sendo, ao mesmo tempo, a rede favorita tanto dos influenciadores como dos millennials. De acordo com a mesma fonte, o site Statatista, o Facebook tem 2,2 mil milhões de utilizadores e o YouTube conta com 1,5 mil milhões.

Por outro lado, os meios de comunicação tradicionais têm perdido audiência, com os utilizadores a terem muito mais oportunidade de escolher o que querem e o que não querem ver. As receitas de publicidade (ou a falta delas) têm arrastado jornais e televisões para a falência, enquanto plataformas como o WordPress e o Netflix têm concentrado os olhos de milhões.

Mesmo os canais de publicidade que tinham sucesso até então, como a internet ou os cartazes, parecem estar já a fraquejar. Enquanto no primeiro campo, quase 30% dos utilizadores web usam aplicações para bloquear anúncios nas páginas, na vida real é o nosso próprio comportamento a bloquear os estímulos publicitários.

“Há uma probabilidade muito grande de alguém passar por um múpi e ir a olhar para o telemóvel, as pessoas andam na rua a olhar para o telemóvel, arriscam-se a conduzir a olhar para o telemóvel”, diz Sérgio da Cheese Me.

Equipa nacional da Samyroad com o country manager, Francisco Morgado Véstia.Samyroad

Já a Activate, uma das maiores agências de influenciadores do mundo, afirma na sua visão anual do mercado que o esforço dos criadores de conteúdo e a confiança dos consumidores vai fazer com que este mercado chegue a lugares nunca antes atingidos.

“O objetivo do marketing de influência não é apenas pagar a alguém para regurgitar a mensagem pré-embalada da marca”, pode ler-se no State of Influencer Marketing. Em vez disso, quer estabelecer relações bidirecionais com influenciadores, de forma a que a mensagem patrocinada atinja um nível que passe a ser storytelling“.

"Há uma probabilidade muito grande de alguém passar por um múpi e ir a olhar para o telemóvel, as pessoas andam na rua a olhar para o telemóvel, arriscam-se a conduzir a olhar para o telemóvel.”

Sérgio Meireis

Diretor da Cheese Me

As marcas estão então a abrir os cordões das bolsas reservadas à comunicação e marketing e a canalizar o dinheiro para estas novas plataformas, e vão cada vez abri-los mais, como apontam as previsões da Mediakix.

Previsão dos gastos das empresas com marketing de influência

Fonte: Mediakix

Mas afinal, dá para viver das redes sociais?

Parece então a vida perfeita. Criar conteúdo, receber produtos e ainda ser pago para isso. Ainda assim, ser um influenciador não implica só publicar conteúdo, em especial quando se quer fazer da influência uma profissão. Segundo as agências, o segredo é a coesão e dedicação.

“Um influenciador tem de se identificar com as marcas para percorrerem juntos um caminho de credibilidade”, aponta ao ECO Sérgio Meireis, apontando que se um influenciador se quiser destacar numa área, tem de ser coerente. “Esta credibilidade só será alcançada se no decorrer as coisas sejam bem feitas, sem atalhos”.

Para além disto, os marketeers que estiveram à conversa com o ECO apontaram como futuro da área a especialização. “Vamos começar a seguir a pessoa dos sapatos, a pessoa das viagens, e a confiar nelas nesses assuntos”, diz-nos o responsável da Samyroad. Será a partir deste ponto que os influenciadores atingem uma monetização relevante — ou seja, receitas através da publicação de conteúdos.

E por fim, resta falar de números porque, para se viver de alguma atividade, tem de ser possível subsistir com os lucros dela retirados. Como agência de microinfluenciadores, a Youzz afirma que os seus agenciados recebem gratificações em produtos ou serviços, ou seja, o lucro não é substancial.

Na Cheese Me, cada caso é um caso, como explica Sérgio: “Podemos ter um influenciador que está a começar e vai receber menos por um post ou outro que tem já trabalhou com dezenas de marcas e tipicamente pratica valores de 300, 400, 500 euros por publicação“. Em comparação, as celebridades cobram, tipicamente cinco a oito vezes mais.

Já a Samyroad, tem a sua tabela fixada: “O valor que oferecemos tem a ver com o histórico das campanhas, mas também com o benchmark que aplicamos no mundo inteiro, e um rácio do valor aplicado à publicidade”. Contas feitas, a resposta não é conclusiva. Mas mesmo que agora muitos não possam fazer da influência vida, corre muito dinheiro nesta máquina cada vez mais bem oleada.

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Merkel diz que quer aproximar-se e trabalhar com novo Governo Italiano

  • Lusa
  • 3 Junho 2018

A chanceler alemã, Angela Merkel, disse este domingo que quer aproximar-se e trabalhar com o novo Governo italiano, sem “fazer especulações sobre as suas intenções”.

A chanceler alemã, Angela Merkel, disse este domingo que quer aproximar-se e trabalhar com o novo Governo italiano, sem “fazer especulações sobre as suas intenções”.

Questionada sobre as recentes declarações do ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, que afirmou que os italianos “não são escravos” da Alemanha e da França, Merkel vincou que “é melhor manter o foco na discussão dos problemas da Itália”.

A chanceler garantiu ainda que a Alemanha está interessada em salvaguardar a habilidade da Europa agir e fazer-se ouvir, numa altura em que a ordem global está a sofrer alterações.

Na sexta-feira, o jurista Giuseppe Conte jurou como novo primeiro-ministro de Itália perante o chefe de Estado, Sergio Mattarella, apoiado pelo Movimento Cinco Estrelas (M5S, antissistema) e a Liga (extrema direita). Giuseppe Conte foi seguido pelos vice-presidentes, o líder do M5S, Luigi di Maio, também ministro do Desenvolvimento Económico e do Trabalho, e do da Liga, Matteo Salvini, que assumirá a pasta do Interior.

O ato foi depois seguido por 18 ministros.

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Greve dos ferroviários na segunda-feira já está a provocar perturbações

  • Lusa
  • 3 Junho 2018

A greve dos trabalhadores ferroviários da CP, Medway e Takargo, agendada para segunda-feira já está a fazer efeitos neste domingo na circulação com a supressão de alguns comboios.

A greve dos trabalhadores ferroviários da CP, Medway e Takargo, agendada para segunda-feira já está a fazer efeitos neste domingo na circulação com a supressão de comboios constatou a Lusa no Entroncamento.

De acordo com José Luís Sousa, passageiro que esta manhã comprou um bilhete no Entroncamento com destino a Castelo Branco “sem qualquer aviso” por parte do funcionário da bilheteira de transtornos na circulação, foram, pelo menos, três comboios suprimidos naquela estação, dois intercidades e um regional.

“Comprei um bilhete para um comboio regional que iria acontecer daí a uma hora e não tive qualquer tipo de aviso de que havia problemas na circulação. O comboio para Castelo Branco chegou a ser anunciado, mas era ‘fantasma’ já que não havia composição nenhuma na linha”, disse à Lusa.

José Luís Sousa explicou que, entretanto, começaram a existir anúncios repetidos na estação de perturbações na circulação “por motivos de greve” e, no entanto, continuavam a passar gravações de que os comboios iam sair da linha.

O passageiro acrescentou ainda que na estação do Entroncamento se encontravam várias pessoas que tinham comprado já hoje bilhete em Lisboa e as quais também não tinham sido alertadas para quaisquer constrangimentos nas ligações ferroviárias.

Contatado pela Lusa, José Manuel Oliveira, coordenador da Federação Sindical dos Transportes e Comunicações (FECTRANS), uma das seis estruturas envolvidas na greve, explicou a “imprevisibilidade” de se saber quantas comboios estão a ser suprimidos “por não se conhecerem as escalas”.

“É possível que aqueles trabalhadores em viagens de longo curso já estejam abrangidos pela greve dado que têm de pernoitar fora da sede [do seu local de trabalho], já que tinham de fazer o retorno”, disse.

O sindicalista acrescentou ainda que, ao longo do dia, e “quanto mais para final da tarde” a situação deverá “piorar” com supressão de comboios, apesar da greve só ter início segunda-feira.

Os trabalhadores ferroviários da CP, Medway e Takargo vão estar em greve na segunda-feira contra a possibilidade de circulação de comboios com um único agente, o que deverá causar perturbações a partir de domingo. Os sindicatos subscritores do pré-aviso de greve preveem que a paralisação tenha “um grande impacto na circulação de comboios” e a CP admite que deverão ocorrer “fortes perturbações na circulação”.

Apesar de a paralisação estar marcada para segunda-feira, os primeiros efeitos do protesto deverão surgir a partir das 22:00 de domingo, quando se iniciam os primeiros turnos.

A Lusa contactou a CPl, mas, até ao momento, não obteve resposta.

Segundo a informação colocada na sua página online, a CP lembra que não foram definidos serviços mínimos, e que não serão disponibilizados transportes alternativos.

Governo diz que greve não tem justificação

O Governo diz que a greve “não tem justificação material” e explica que os sindicatos marcaram a paralisação contra um regulamento que existe desde 1999, que nunca foi alterado e nem vai ser.

“Não conseguimos perceber, o Governo não fez nenhuma alteração nestes dois anos e meio e não conta fazer nenhuma alteração”, disse hoje aos jornalistas o secretário de Estado das Infraestruturas, Guilherme d´Oliveira Martins a propósito da greve dos trabalhadores ferroviários da CP, Medway e Takargo agendada para segunda-feira.

Oliveira Martins explicou que a norma faz parte do RGS, de 1999, que nunca foi alterado nem por este nem por governos anteriores “e que mantém como regra os dois agentes e, em algumas exceções, admite, com restrições e sujeito a fiscalização, o agente único”. Além disso, acrescentou o responsável, a CP tem uma norma interna que apenas permite os dois agentes em circulação, “não admitindo agente único”.

Portanto, há aqui uma falta de justificação” e vai haver um prejuízo para os utentes por algo que o Governo entende que não se justifica, disse o secretário de Estado.

(Artigo atualizado com as reações do secretário de Estado Guilherme d´Oliveira Martins)

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Jerónimo considera “inaceitável” corte de verbas comunitárias para a agricultura

  • Lusa
  • 3 Junho 2018

O líder comunista lamentou a “tese peregrina” do ministro da Agricultura que reagiu à proposta da Comissão para a PAC após 2020 como sendo “boa para a agricultura e má para o Orçamento nacional.

O secretário-geral do PCP considerou este domingo “inaceitável” que o corte nas verbas comunitárias para a agricultura, no período 2021/2027, “exija um esforço imenso do Orçamento do Estado” português, como propõe a Comissão Europeia.

Jerónimo de Sousa falava durante uma visita à 55.ª Feira Nacional da Agricultura, que decorre até dia 10 no Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA), em Santarém, tendo este ano por tema o olival e o azeite.

O líder comunista lamentou a “tese peregrina” do ministro da Agricultura, Capoulas Santos, que reagiu à primeira versão da proposta da Comissão para a Política Agrícola Comum (PAC) após 2020 como sendo “boa para a agricultura e má para o Orçamento” nacional. “Revela uma contradição e consideramos que é inaceitável”, declarou o líder comunista.

Jerónimo de Sousa afirmou que o seu partido se vai bater contra os cortes propostos, num combate em que contará com os deputados do PCP no Parlamento Europeu e na Assembleia da República.

“Todos os esforços vão ser poucos para alterar o que é o objetivo das instituições europeias. Mas essa teoria de fazer voz grossa, é como quem diz. É preciso muito mais que voz grossa. É preciso argumentos, fundamentos e posicionamentos políticos que visem uma outra negociação e outras verbas que ajudem Portugal a desenvolver a sua produção nacional”, disse.

Para o líder comunista, Portugal “tem sido dos países mais prejudicados” em relação à distribuição das verbas comunitárias para o setor, lembrando o “histórico” da PAC, que levou à “liquidação de cerca de 400.000 unidades produtivas na agricultura” e representa atualmente “uma ameaça” para os cereais e, particularmente, para o leite, de que o país já foi autossuficiente, “em nome da PAC”.

“E agora, que chegou o momento da distribuição desse orçamento comunitário, Portugal vai sofrer um corte substancial, que, para responder aos problemas dos agricultores e da agricultura, exigiria um esforço tremendo do próprio Orçamento do Estado português para colmatar esse corte. Ora isso é inaceitável”, acrescentou.

Jerónimo de Sousa encabeça uma delegação do Partido Comunista Português, na qual se inclui o deputado eleito pelo círculo de Santarém, António Filipe, numa visita que disse visar “dar visibilidade a um certame de grande importância, que revela todas as potencialidades e possibilidades que existem no país para responder, designadamente, ao défice agroalimentar”. “Portugal não é um país pobre e aqui se demonstra essas possibilidades reais de desenvolvimento, de reforço do aparelho produtivo, da produção nacional e, consequentemente, da capacidade de resolver um dos défices estruturais que temos no país”, sublinhou.

A proposta inicial da Comissão Europeia propõe uma verba de cerca de 7,6 milhões no próximo quadro financeiro plurianual 2021/2027 e prevê a passagem da contribuição nacional no segundo pilar (desenvolvimento rural) dos 15% para os 30%.

O tema dominou também o discurso na inauguração do certame, sábado, com o Presidente da República a frisar a “grande colaboração nacional” no sentido de conseguir melhorar o quadro financeiro comunitário para o setor

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China avisa EUA de que não haverá acordo em caso de tarifas

  • Lusa
  • 3 Junho 2018

Aviso foi feito no final de uma reunião entre as delegações norte-americanas e chinesas. Se Trump avançar com aumento das taxas sobre produtos importados da China, não há acordo.

A China alertou este domingo após uma nova ronda de conversações sobre uma disputa comercial com Washington, que nenhum acordo “entrará em vigor” se o presidente norte-americano, Donald Trump, avançar com o aumento das tarifas sobre produtos chineses.

O aviso foi feito no final de uma reunião entre as delegações lideradas pelo secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross, e o principal responsável económico da China, o vice-primeiro-ministro Liu He, sobre a promessa de Pequim de reduzir seu excedente comercial.

Wilbur Ross disse que foram discutidas as exportações americanas específicas que a China poderia comprar, mas as negociações terminaram sem uma declaração conjunta e nenhum dos lados divulgou detalhes.

A Casa Branca colocou a reunião em causa na terça-feira, ao renovar a ameaça de impor tarifas de 25% sobre produtos chineses de alta tecnologia no valor de 50 mil milhões de dólares, como resposta a queixas de que Pequim roubava ou pressionava empresas estrangeiras para entregarem tecnologia. O encontro prosseguiu apesar disso, mas Pequim disse que se reservava o direito de retaliar.

O anúncio de terça-feira reavivou o receio de que o conflito entre as duas maiores economias possa diminuir o crescimento global ou encorajar outros governos a levantar as suas próprias barreiras às importações.

“Se os EUA introduzirem sanções comerciais, incluindo um aumento de tarifas, todas as conquistas económicas e comerciais negociadas pelas duas partes não terão efeito”, segundo o comunicado chinês, divulgado pela agência oficial de notícias Xinhua. O processo de negociação deve ser “baseado na premissa” de não travar uma “guerra comercial”, acrescenta o comunicado. A embaixada americana em Pequim não quis comentar.

Donald Trump está a pressionar Pequim a reduzir o seu excedente comercial com os EUA, que atingiu o recorde de 375,2 mil milhões de dólares no ano passado.

As tensões diminuíram depois de a China prometer, a 19 de maio, “aumentar significativamente” as compras de produtos agrícolas, energia e outros bens e serviços, no final da última ronda de negociações em Washington. O secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, disse que a disputa estava “em espera” e que a tarifa seria adiada.

Esta trégua pareceu terminar com o anúncio surpresa de terça-feira, segundo o qual a Casa Branca imporá ainda restrições aos investimentos e compras chinesas de produtos de alta tecnologia dos EUA e a vistos para estudantes chineses.

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Desenhos de Tintim vendidos por 364 mil euros em leilão

  • Lusa
  • 3 Junho 2018

Desenhos originais de um livro de banda desenhada das Aventuras de Tintim, “Carvão no Porão”, foram este sábado leiloados por 364 mil euros em Dallas, Texas, nos EUA.

Desenhos originais de um livro de banda desenhada das Aventuras de Tintim, “Carvão no Porão”, foram este sábado leiloados por 422 mil dólares (364 mil euros) em Dallas, Texas, divulgou a casa de leilões Heritage Auctions.

As duas tiras de banda desenhada, assinadas pelo “pai de Tintim” Hergé, foram adquiridas por um colecionador de Bruxelas que “deseja permanecer anónimo”, indicou, em declarações à agência noticiosa francesa France Presse (AFP), um porta-voz da leiloeira, Eric Bradley. Hergé, cujo verdadeiro nome era Georges Remi, era oriundo da capital belga.

O leilão foi transmitido em direto em vários locais, nomeadamente na sede da casa de leilões holandesa Heritage Auctions, perto de Utrecht, no centro da Holanda.

Dias antes do leilão, a Heritage Auctions antevia que as ilustrações, desenhadas à mão por Hergé em 1957, uma a lápis (35,2 x 50 cm) e a outra a tinta da china (30,7 x 47,7 centímetros), poderiam render entre 720 mil e 960 mil dólares (entre 618 mil e 825.mil euros). O valor alcançado no leilão de sábado acabou por estar abaixo destas expectativas.

As tiras de banda desenhada leiloadas representam a página 58 das aventuras do famoso repórter, no 19.º álbum do Hergé, publicado em 1958.

Nas tiras divididas em doze vinhetas, vê-se o Tintim, o Capitão Haddock, o seu fiel companheiro Milou e o piloto estónio Piotr Szut com uma pala preta no olho, a olhar para o mar. Sob os seus pés, nas profundezas do oceano, um mergulhador tenta prender uma mina ao navio, antes de ser atingido por uma âncora, que o deixa inconsciente.

É raro os desenhos originais de Hergé serem colocados no mercado, porque o artista não os ofereceu, senão ocasionalmente, como presentes, a amigos próximos, segundo a Heritage Auctions.

No início deste mês, uma aguarela rara de 1939 do álbum “O Ceptro de Ottokar” foi vendida por mais de 600 mil euros na Christie’s, em Paris.

Tintim é uma estrela incontestada dos leilões. Um desenho em tinta da china para as capas dos álbuns publicados de 1937 a 1958 foi vendido por 2,65 milhões de euros em 2014, o que foi considerado um recorde mundial.

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Justiça brasileira arresta 200 milhões em bens ao GES

  • ECO
  • 3 Junho 2018

Foram arrestados bens do Grupo Espírito Santo no Brasil no valor superior a 200 milhões de euros, na sequência de um pedido do Ministério Público português ao Brasil.

A Justiça brasileira arrestou o património do Grupo Espírito Santo (GES) no Brasil, incluindo bens móveis, imóveis e valores mobiliários de 28 empresas do grupo. O arresto preventivo foi feito a pedido do Ministério Público português. O valor património arrestado será superior a 200 milhões de euros.

O Correio da Manhã (acesso pago), que avança com a notícia, cita um acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa onde se adianta que o património dessas entidades foi arrestado em outubro de 2016, depois de uma carta rogatória expedida pelo Ministério Público português, no âmbito da investigação ao GES.

Entre as 28 empresas do grupo identificadas pelo acórdão datado de julho de 2017estão a Rioforte, Property Brasil, Luzboa, Companhia Agrícola Botucatu e Companhia Brasileira de Agropecuária Cobrape. Ainda assim, não são identificados os bens que foram arrestados.

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UE pede reforço de meios para SEF e Comissão de Proteção de Dados

  • ECO
  • 3 Junho 2018

Inspetores detetaram falhas na fiscalização da proteção de dados no Sistema de Informações Schengen e recomendam a Portugal um reforço dos meios para o SEF e Comissão Nacional de Proteção de Dados.

Uma equipa de inspetores da União Europeia detetou falhas na fiscalização da proteção de dados pessoais no Sistema de Informações Schengen e, num relatório aprovado há uma semana no Parlamento europeu, foi recomendado um reforço de meios da Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) e do Serviço de Estrangeiros e Fronteira (SEF) para conseguirem cumprir as exigências europeias a nível de fiscalização e segurança das informações neste sistema.

De acordo com o Diário de Notícias (acesso pago), o governo português tem três meses para apresentar um plano de ação. As recomendações a Portugal não se ficam apenas pelo reforço de meios humanos. Em relação à CNPD, recomenda que seja dada maior “autonomia financeira” na gestão das suas ações de fiscalização. No caso do SEF, o relatório de avaliação aponta para um reforço de verbas para a “monitorização e controlo efetivo” da utilização deste sistema de informações.

O Sistema de Informações Schengen compreende informação sensível a que as autoridades — GNR, Polícia Judiciária, PSP e SEF — têm acesso, nomeadamente dados sobre pessoas alvo de mandatos de detenção, proibidas de entrar no espaço Schengen e sob vigilância das policias de algum dos estados membros. Tem ainda registos das pessoas desaparecidas e bens roubados ou extraviados, como armas e carros, explica aquele diário.

O relator do documento de avaliação foi o eurodeputado português Carlos Coelho, que garante que “não foi detetada em Portugal nenhuma falha grave na proteção de dados pessoais no Sistema de Informações Schengen”.

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Governo admite incentivos fiscais, taxas ou sinalética nas lojas para reduzir plásticos

  • Lusa
  • 3 Junho 2018

Secretário de Estado do Ambiente admite que podem vir a ser introduzidos incentivos fiscais ou taxas para mudar comportamentos e reduzir a utilização de plástico nas embalagens.

As medidas para reduzir a utilização de plástico nas embalagens podem incluir incentivos fiscais ou taxas, visando mudar comportamentos, sinalética para lojas com boas práticas ou partilha de utensílios entre cafés, segundo o secretário de Estado do Ambiente.

“Tentaremos consensualizar legislação complementar”, afirmou Carlos Martins em entrevista à agência Lusa, mas também contratualizar com os operadores que têm atividade relacionada com o consumo de plástico e ver em que medida no Orçamento do Estado para 2019 o que for matéria de natureza fiscal “pode estar refletido, quer seja de incentivo a outras alternativas, quer seja uma taxação para reduzir” a utilização daquele material.

Os incentivos teriam como objetivo a mudança de comportamentos entre os consumidores e a incorporação de novas alternativas tecnológicas entre os produtores ou distribuidores de bens.

As mudanças de comportamento, apontou, “não se fazem por um estalar de dedos, as pessoas não conseguem alterar as suas rotinas de uma forma radical só porque sai uma lei ou uma orientação, precisam de tempo para se adaptar [como] as indústrias, os restaurantes, os próprios distribuidores e produtores”.

“Gostaríamos de dar sinais claros de que pode haver agravamentos fiscais no futuro, que pode haver benefícios fiscais, por outro lado”, incentivos a melhor ‘ecodesign’, por exemplo, avançou Carlos Martins.

"Gostaríamos de dar sinais claros de que pode haver agravamentos fiscais no futuro, ou que pode haver benefícios fiscais.”

Carlos Martins

Secretário de Estado do Ambiente

O grupo de trabalho criado para debater formas de enfrentar o problema da poluição dos plásticos, através da redução da sua utilização e da substituição por outro tipo de materiais, reúne entidades de várias áreas, dos consumidores, aos fabricantes, a distribuição, a restauração, organizações ambientalistas ou centros de investigação e inovação.

Carlos Martins avançou que o resultado será apresentado a 8 de junho, numa cerimónia para a qual foi convidado um representante da Comissão Europeia. Foi há pouco tempo definida uma estratégia da Europa para enfrentar esta problemática, tendo Portugal “antecipando as reflexões” dos organismos europeus, embora tendo em conta o seu alinhamento.

O secretário de Estado explicou que, além deste trabalho, outros contactos têm sido feitos, nomeadamente com a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) ou a Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED), dois setores com um papel relevante no consumo de embalagens plásticas.

Recentemente, a AHRESP lançou uma campanha de sensibilização para a redução de plásticos, resultado de uma candidatura ao apoio do Fundo Ambiental para “Repensar os Plásticos na Economia: Desenhar, Usar, Regenerar”.

Aquela associação, bem como a dos hiper e supermercados, segundo o governante, já transmitiram disponibilidade para avaliar a definição de acordos voluntários que conduzam a ações concretas, com base em boas práticas, até ao final do ano.

“Há ideia de vir a criar uma sinalética própria para os estabelecimentos que adotarem e cumprirem essas boas práticas de maneira a que cada um, quando vai a um estabelecimento, [saiba] que nessa unidade são cumpridos princípios”, na área dos plásticos, ou outras práticas ambientais “reconhecidas, validadas e auditadas”, explicou Carlos Martins.

"Há ideia de vir a criar uma sinalética própria para os estabelecimentos que adotarem e cumprirem essas boas práticas de maneira a que cada um, quando vai a um estabelecimento, [saiba] que nessa unidade são cumpridos princípios.”

Carlos Martins

Secretário de Estado do Ambiente

O Fundo Ambiental poderá avançar com algum apoio para que as áreas de restauração das grandes superfícies introduzam alterações, por substituição de materiais ou por uma maior partilha de utensílios que possam voltar a ser utilizados.

O governante exemplificou com a instalação de uma zona de lavagem coletiva de copos, facas, garfos, colheres, pratos de materiais que possam ser reutilizáveis, resultando na redução da quantidade de plástico.

“Esta abertura pode vir a ter sucesso até ao final do ano, em um ou dois casos mais emblemáticos, mas gostaríamos que essa prática depois se estendesse”, apontou.

Outra possibilidade poderá ser um projeto em colaboração com a Câmara Municipal de Lisboa, contemplando experiências piloto em zonas da cidade com mais bares, para “um tipo de abordagem mais criativa”, disse ainda Carlos Martins, embora reconheça que, muitas vezes, a substituição de materiais pode não ser recomendável, por questões de segurança.

O plástico tornou-se um problema ambiental já que o seu consumo aumentou substancialmente nos últimos anos e permanece entre 50 a 200 anos na natureza, causando danos, nomeadamente nos oceanos, matando peixes e aves que confundem fragmentos de plástico com alimento.

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Autoeuropa: Os acordos que marcam quase um ano de tumulto

  • Marta Santos Silva
  • 3 Junho 2018

As diferenças na Autoeuropa começaram no verão do ano passado. Perante a mais recente proposta da administração para novos horários, os trabalhadores poderão voltar a fazer greve.

A Autoeuropa foi durante muitos anos o exemplo paradigmático de um diálogo bem-sucedido entre as estruturas dos trabalhadores, representados por uma comissão eleita, e a administração da empresa, num modelo que a Volkswagen cultiva nas suas fábricas por todo o mundo. No verão passado, porém, o conflito começou a estalar na fábrica de Palmela, e sucederam-se os acordos chumbados e as mudanças na Comissão de Trabalhadores.

Agora, a administração tem uma nova proposta que já fez alguns trabalhadores expressar o seu descontentamento. O que implica esta proposta, e qual o caminho que foi trilhado até agora?

Linha de montagem da fábrica Volkswagen em Palmela.

A Autoeuropa, num comunicado interno enviado aos trabalhadores ao qual o ECO teve acesso, afirma que um novo horário com 19 turnos semanais, — ou seja, em regime de laboração contínua com trabalho ao fim de semana e trabalho noturno nos dias de semana, — será implementado após o encerramento anual da fábrica em agosto. “As quatro equipas de trabalho já estão identificadas e as cartas com os respetivos turnos serão entregues até ao final da próxima semana”, acrescenta o comunicado.

Não é a primeira proposta que os trabalhadores da Autoeuropa veem com descontentamento no último ano. Quando o horário de trabalho foi alargado para incluir os sábados, no início de 2018, a alteração teve de acontecer sem o aval dos trabalhadores, já que os pré-acordos atingidos com duas CT diferentes foram rejeitados em referendo.

A administração optou por dar início, em fevereiro, a um horário de trabalho que incluía o sábado mas mantinha o domingo como folga garantida. Além disso, haveria uma folga rotativa adicional por semana, que seria consecutiva ao domingo uma vez a cada dois meses, além de se garantirem quatro fins de semana completos de folga a cada dois meses.

Depois de agosto, quando se iniciará um novo horário intitulado AE19, a administração anunciou no comunicado enviado aos trabalhadores que o domingo passará, como já se previa, a ser um dia de trabalho, começando a laboração contínua. Em contrapartida, a cada quatro semanas há a garantia de dois fins de semana completos, e ainda de uma folga semanal adicional. As duas folgas semanais serão consecutivas, acrescenta ainda a direção da empresa.

Atualmente, de acordo com o modelo que entrou em vigor em fevereiro, quem trabalhe ao sábado recebe um prémio adicional de 25% do pagamento diário por cada dia trabalhado, que é pago trimestralmente de acordo com o cumprimento do volume previsto para o trimestre.

A partir de agosto, propõe a administração no comunicado enviado, o prémio de 25% pago trimestralmente passa a ser por cada dois turnos de fim de semana trabalhados (ou seja, um sábado e domingo, ou dois sábados), e acrescenta-se o pagamento, no final do mês, de uma diária adicional por cada dois turnos ao fim de semana que o trabalhador tenha cumprido.

Alguns trabalhadores já manifestaram o seu desagrado perante o comunicado da administração. O sindicato SITE-Sul, que tem estado próximo dos trabalhadores da Autoeuropa e ao qual são filiados alguns dos membros da Comissão de Trabalhadores, assinalou no seu próprio comunicado que os trabalhadores podem, se assim entenderem, fazer greve no dia 9 de junho, visto que a federação sindical do setor já emitira um pré-aviso de greve para esse dia.

E os salários?

O acordo salarial negociado pela Comissão de Trabalhadores e aprovado com 73% dos votos na empresa vigorará até ao final de 2018. Para 2019, poderá ser negociada uma nova proposta.

Quando o acordo foi aprovado em fevereiro, os trabalhadores viram um aumento de 3,2%, com um mínimo de 25 euros para os salários que não alcançassem esse valor com um aumento da percentagem definida. O acordo incluiu ainda prémios entre os 100 e os 200 euros pela produtividade, atribuídos em abril, entre dois e três dias extra de descanso em 2018, e a integração nos quadros de 250 trabalhadores com contratos a termo até ao final do ano.

Além disto, as tabelas salariais foram alteradas, removendo os escalões mais baixos de entrada. Isto significa que um operário que antes entraria para a empresa no nível A0, a ganhar 660 euros de salário base bruto, passou a entrar diretamente para o escalão A, cujo salário base é de 715 euros. Também houve alterações para os especialistas, que serão admitidos diretamente no segundo nível de integração.

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Ministros das Finanças do G7 preocupados e desiludidos com tarifas impostas pelos EUA

  • Lusa
  • 2 Junho 2018

A decisão recente do Presidente dos EUA, Donald Trump, de impor taxas sobre as importações de aço e alumínio marcou a reunião dos ministros das Finanças do G7.

A maioria dos ministros das Finanças do G7 mostrou este sábado a sua preocupação e desilusão aos Estados Unidos perante a imposição de tarifas sobre as importações de aço e alumínio à União Europeia (UE), Canadá e México.

“Os ministros das Finanças e os governadores dos bancos centrais pediram ao secretário de Estado do Tesouro de Estados Unidos, Steven Mnuchin, que informe [a Casa Branca] da sua preocupação e desilusão unânimes”, disse o ministro de Finanças do Canadá, Bill Morneau, numa conferência de imprensa.

A decisão recente do Presidente dos EUA, Donald Trump, de impor taxas sobre as importações de aço e alumínio marcou a reunião dos ministros das Finanças do G7 (grupo de que fazem parte a Alemanha, o Canadá, França, Itália, o Japão, os EUA e o Reino Unido), que hoje terminou em Whistler, no Canadá.

Bill Morneau considerou que a decisão norte-americana “não é construtiva” e pressupõe um “desafio” para os outros países, que põe em perigo a colaboração comercial.

As tarifas impostas aos parceiros comerciais dos EUA – UE, Canadá e México – são o passo mais agressivo dado até agora por Trump na sua posição face ao sistema global de livre comércio, já que é o primeiro direcionado diretamente contra alguns de seus aliados mais próximos.

Numa conferência de imprensa paralela, o ministro francês de Economia, Bruno Le Maire, exigiu a Trump que dê “sinais positivos” imediatos aos seus parceiros do G7 para evitar uma escalada na guerra comercial, que já fizeram a UE e o Canadá denunciarem os EUA à Organização Mundial do Comércio (OMC).

O objetivo do encontro era que os ministros das Finanças e os governadores dos bancos centrais esboçassem acordos antes da reunião do G7, que se realiza entre 8 e 9 de junho na região de Charlevoix, no Canadá.

Esta nova tensão comercial será um dos principais tópicos da reunião do G7, onde o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se reunirá com o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o Presidente francês, Emmanuel Macron.

Na sexta-feira entraram em vigor as taxas às importações de aço (de 25%) e alumínio (de 10%) da União Europeia (UE), Canadá e México, uma decisão que fez disparar as tensões comerciais e gerou palavras de condenação e represálias. A UE e o Canadá denunciaram a decisão dos Estados Unidos junto da OMC, organismo que se tornou o árbitro deste diferendo, já caracterizado como uma guerra comercial.

O Governo canadiano, liderado por Justin Trudeau, ameaçou impor direitos alfandegários à entrada de produtos norte-americanos por uma soma semelhante de 16,6 mil milhões de dólares canadianos (11 mil milhões de euros).

O ministro das Finanças do Canadá disse esperar que a ameaça de retaliação contra os EUA convença a Administração Trump a recuar nestas novas tarifas.

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