BCE aliviou exigências de capital ao Novo Banco. Mas António Ramalho esperava mais
António Ramalho disse aos trabalhadores que BCE baixou as exigências de capital ao banco, mas não na dimensão que estava à espera para compensar impacto negativo da venda de malparado e imóveis.
O Banco Central Europeu (BCE) baixou as exigências de capital do Novo Banco, mas não numa dimensão que António Ramalho estava à espera. Ainda assim, o presidente do banco destacou que “melhoria da situação geral do banco acabará por se refletir” num alívio destas exigências no futuro.
“É verdade que a descida previsível dos rácios de capital impostos pelo supervisor ao banco não foi tão elevada quanto o esperado, sendo de novo absorvido pelo fim do período transitório que terminou em dezembro. Mas a melhoria da situação geral do banco acabará por se refletir quer nestas exigências, quer na notação de rating pretendida”, declarou António Ramalho na mensagem de Ano Novo transmitida aos trabalhadores e a que o ECO teve acesso.
"É verdade que a descida previsível dos rácios de capital impostos pelo supervisor ao banco não foi tão elevada quanto o esperado.”
O banco esperava que os requisitos obrigatórios ao nível do capital no âmbito do SREP (processo que avalia banco a banco e tem em conta variáveis como o modelo de negócio, fundos próprios e liquidez para determinar os requisitos de capital) fossem reavaliados pelo BCE na segunda metade do ano passado, resultando num alívio dos rácios que lhe são exigidos por causa da melhor situação em que se encontra atualmente. O supervisor baixou os requisitos obrigatórios, mas António Ramalho esperava um alívio maior do que veio realmente a beneficiar.
Até setembro, o Novo Banco apresentou prejuízos de 420 milhões de euros, mas viu a margem comercial subir pela primeira vez na sua história, isto enquanto procedeu à limpeza do seu balanço com a venda de ativos tóxicos, como o crédito em incumprimento.
Recentemente, o banco vendeu um portefólio de 9.000 imóveis por 700 milhões de euros e uma carteira de malparado no valor de 2,15 mil milhões de euros, operações que vão ter impacto nos rácios. “Todas estas iniciativas representaram um enorme esforço humano e representarão um esforço de capital”, reconheceu António Ramalho na mensagem. De resto, adiantou que o Novo Banco vai terminar 2018 com menos de três mil milhões de euros em malparado.
Com esta descida dos requisitos de capital por parte do BCE o Novo Banco contava para compensar efeitos negativos destas alienações de carteiras de imobiliário e de malparado. Assim evitava assim um maior recurso ao Fundo de Resolução para repor os rácios. O banco previa em meados deste ano vir a pedir ao Fundo de Resolução mais 726 milhões de euros.
Para 2019, António Ramalho revelou que vai reforçar a aposta no digital, “através de um programa detalhado que já está a dar passos decisivos com a criação do Novo Banco Digital”, liderado por João Dias. E anunciou a criação de duas novas unidades autónomas: a Real Estate Financing (imobiliário) e Principal Lending (crédito), “que estão em fase de implementação”.
Ramalho termina a sua mensagem dizendo que 2019 será o ano em que “se terminará a fase de resolução dos maiores problemas do passado e onde serão cada vez mais visíveis as linhas estratégicas do Novo Banco”.
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