Quanto ganha o ministro das Finanças? E o presidente do FMI?
Está tudo em aberto, mas se Centeno for nomeado diretor-geral do FMI o salto não será apenas na carreira do atual ministro das Finanças português. O seu vencimento deverá quase quintuplicar.
Mário Centeno, atual ministro das Finanças de Portugal, está na lista de candidatos a suceder Christine Lagarde no Fundo Monetário Internacional (FMI). O ministro ainda não falou sobre o assunto e continua tudo em aberto, mas caso Centeno seja nomeado o novo diretor-geral da instituição, será um salto enorme na carreira do português. E não é só o currículo de Centeno a enriquecer. As finanças pessoais do ministro também vão disparar largos milhares.
O ECO fez as contas ao atual salário do ministro das Finanças, que, tal como o de todos os outros ministros, é fixado através do vencimento do Presidente da República. Todos os meses, Marcelo Rebelo de Sousa recebe na sua conta 7.630,33 euros brutos, valor que é fixado por lei. De acordo com a Lei n.º 52-A/2005, “os ministros recebem mensalmente um vencimento correspondente a 65% do vencimento do Presidente da República”.
Quer isto dizer que o salário do ministro das Finanças ronda os 4.959,71 euros, valor ao qual ainda acresce um abono mensal para despesas de representação. Esse abono, segundo a lei, é 40% do respetivo vencimento, ou seja, mais 1.983,89 euros. Feitas as contas, no final de cada mês, o responsável pelas finanças do país recebe 6.943,60 euros e, ao final do ano, declara no IRS cerca de 97.210,40 euros de salários.
Mário Centeno deverá, assim, receber, enquanto ministro das Finanças, perto de 100 mil euros por ano. Mas, caso o ministro vá para o topo do Fundo Monetário Internacional, o seu salário deverá quase quintuplicar. Em 2011, quando Christine Lagarde assumiu funções como diretora-geral do FMI, a organização internacional divulgou o contrato de trabalho assinado com a francesa.
O documento estabelece um salário base de 467.940 dólares por ano, a que se junta uma verba para despesas de representação de 83.760 dólares. Tudo somado, o contrato estipula um vencimento anual de 551.700 dólares, o equivalente a cerca de 493.412 euros por ano, ou seja 35.243 euros por mês.
Comparando os salários anuais relativos ao cargo de ministro das Finanças em Portugal ao de diretor-geral do Fundo Monetário, a diferença é de quase 400 mil euros. Resta saber se as finanças pessoais de Mário Centeno vão mesmo dar este salto.
O ministro tem-se mantido em silêncio, mas a short list para o cargo deixado vago por Christine Lagarde — que já suspendeu funções no FMI para ir presidir ao Banco Central Europeu (BCE) — inclui o ministro das Finanças português, o ex-presidente das Finanças da Holanda Jeroen Dijsselbloem, o governador do banco central finlandês Olli Rehn e a ministra da Economia de Espanha Nadia Calviño, avançou o Wall Street Journal (acesso pago, conteúdo em inglês).
Poucos dias depois, em entrevista à Rádio Observador, o primeiro-ministro António Costa confirmou esta hipótese, mas, por outro lado, admitiu que não é uma prioridade. “Centeno no FMI é uma hipótese, mas não é um objetivo que tenhamos fixado. Sei também que não era um objetivo de vida pessoa [de Mário Centeno]”, revelou o chefe de Governo, recusando fazer previsões sobre o desfecho do processo. “É prematuro fixar e fazer juízos de probabilidade”, rematou.
Já Luís Marques Mendes, no seu habitual espaço de comentário na SIC, admitiu que o grau de probabilidade de Centeno ir para o FMI é “elevado”. Apesar de “ainda não ser certo”, “é bastante provável que Mário Centeno vá mesmo dirigir o Fundo Monetário Internacional”, afirmou, acrescentando que seria uma “vitória pessoal” para o responsável. Vitória essa que, tendo em conta os números, vai além do percurso profissional do ministro das “contas certas”.
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