Mutualista Montepio tenta estancar fuga de associados. Paga jóia de 9 euros
Mutualista Montepio lançou campanha para travar fuga de associados. Está a oferecer jóia de admissão no valor nove euros até final do mês. Nos últimos quatro anos instituição perdeu 27 mil sócios.
A Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) lançou uma campanha de captação de novos associados em que está a oferecer a jóia de entrada no valor de nove euros a quem se inscrever na instituição até final do mês, num esforço para tentar estancar a fuga de sócios que se tem acentuado sobretudo nos últimos dois anos.
“Torne-se associado até 30 de novembro e oferecemos-lhe a jóia de admissão”, assinala a mutualista numa campanha que está a ser efetuada através do envio de e-mails dirigidos a ex-associados da instituição e não só. “Por 2€/mês — o valor da quota associativa — beneficie de um leque abrangente de vantagens e descontos junto de parceiros”, destaca ainda na mensagem de correio eletrónico.
O ECO contactou a AMMG no sentido de perceber o contexto desta ação comercial, mas não obteve uma resposta até à publicação do artigo. O plano de ação para este ano já previa a captação de novos clientes sobretudo por via de outros canais que o não o banco, o principal ponto de contacto da mutualista com o mercado.
Esta iniciativa comercial surge num contexto de perda de associados que a mutualista liderada por Tomás Correia tem observado desde 2016. Os associados representam a principal fonte de receita da instituição através das quotizações e subscrições de produtos mutualistas.
Nos últimos quatro anos, a AMMG viu sair quase 27 mil associados em termos líquidos, isto é, já contando com as entradas. Este movimento intensificou-se sobretudo nos últimos dois anos, coincidindo com o período de maior turbulência mediática em torno da vida interna da instituição — com notícias sobre a sua situação financeira delicada, nomeadamente na questão dos capitais próprios negativos que foram colmatados com o crédito fiscal de 800 milhões de euros — e do próprio presidente — que foi alvo este ano de uma multa do Banco de Portugal e que está agora de saída da liderança.
Por outro lado, a própria instituição também tem justificado a perda de associados com o facto de o Banco Montepio estar a vender carteiras de crédito malparado. Nestas operações são alienados contratos de empréstimos em situação de incumprimento a empresas especialistas na recuperação de crédito e o cliente deixa de ser cliente do banco e associado da AMMG.
Saldo entre entradas e saídas de associados
Fonte: AMMG. Dados de 2019 relativos até ao mês de agosto.
No ano passado, a AMMG registou um ritmo de saídas na ordem dos 1.000 associados por mês. Este ano, segundo dados revelados por Eugénio Rosa, antigo dirigente da mutualista, a tendência de fuga de associados mantinha-se nos primeiros oito meses de agosto: até ao final daquele mês a instituição tinha menos 6.600 associados do que tinha no início do ano. A AMMG tinha em agosto 606 mil associados.
Ao nível financeiro, ter menos associados a entrar do que a sair expõe a mutualista a uma situação de maior desequilíbrio. E tem uma consequência direta na margem associativa, que tem sido negativa desde 2015 e tem exigido um maior esforço da AMMG para pagar resgates e reembolsos a quem partiu e com menos dinheiro porque estão a entrar menos associados.
Margem associativa no vermelho há quatro anos
Fonte: AMMG
Em 2018, a mutualista registou uma margem associativa negativa 191 milhões de euros, o que representou até uma melhoria face a 2017: nesse ano, o saldo entre proveitos de associados e custos de associados fixou-se em -373,5 milhões de euros.
Segundo Eugénio Rosa, citando o plano de ação para 2019, previa-se que o número de associados aumentasse para 636.000 no final deste ano, mas o que tem acontecido é o contrário e está cada vez mais longe do sonho de um milhão de associados que Tomás Correia sempre almejou. A margem associativa deveria chegar ao final do ano com saldo positivo no montante de 121,3 milhões de euros, mas foi nula nos oito primeiros meses de 2019.
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