Governo avalia “pertinência” de inquérito à Função Pública suspenso a dias das eleições
Ministério da Administração Pública diz que "em função de um conjunto de novas orientações de política pública resultantes do programa de governo" está "a avaliar da pertinência do questionário"
O Governo está a avaliar “a pertinência” de um questionário lançado em julho, que foi suspenso antes das eleições legislativas de 6 de outubro, no qual se perguntava se os funcionários públicos estavam mais motivados do que há cinco anos.
Em causa está a segunda edição de um inquérito sobre fatores motivacionais lançado em julho pela Direção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP) que podia ser respondido pelos funcionários públicos até 30 de setembro, a poucos dias das eleições legislativas de 6 de outubro.
Porém, a 8 de agosto, o Ministério das Finanças, que tutelava então a Administração Pública, anunciou a “suspensão temporária” do inquérito dirigido aos funcionários públicos, por considerar que “a elevada visibilidade” do tema em período pré-eleitoral podia “comprometer a fiabilidade dos resultados”, remetendo a sua continuidade para depois das eleições.
Hoje, em resposta à Lusa sobre o assunto, fonte oficial do Ministério da Modernização do Estado e da Administração Pública diz que “em função de um conjunto de novas orientações de política pública resultantes do programa de governo [e da própria orgânica ministerial], aquele serviço encontra-se a avaliar da pertinência do questionário e do próprio estudo que este questionário serviria”.
“Em função de um conjunto de projetos internacionais nos quais a DGAEP participa, o questionário será retomado oportunamente“, acrescenta o gabinete da ministra Alexandra Leitão.
A segunda edição do inquérito gerou alguma polémica não só pelo momento em que foi lançado, mas também pelo teor de algumas perguntas que eram direcionadas aos funcionários públicos e que acabavam por levar a uma comparação entre o impacto de medidas de austeridade tomadas no período da ‘troika’, quando o Governo PSD/CDS estava em funções, e medidas tomadas pelo atual Executivo.
Entre as quatro partes que integravam o questionário, a última convidava os trabalhadores a assinalar o seu grau de acordo ou desacordo relativamente a 38 temas, nomeadamente se “o período da ‘troika’ influenciou negativamente” a sua motivação no trabalho e se a “reposição dos salários afetou positivamente” essa motivação.
As duas últimas questões procuravam saber se “o descongelamento progressivo das carreiras é motivador” e se o trabalhador se sente “hoje mais motivado no trabalho do que há cinco anos”. A 8 de agosto, o inquérito foi então suspenso “temporariamente” pelas Finanças.
“Considerando que a elevada visibilidade do assunto em período pré-eleitoral pode comprometer a fiabilidade dos resultados, inviabilizando todo o inquérito e a comparabilidade com os resultados obtidos em 2015 [na primeira edição], o Governo determinou a suspensão temporária do inquérito e que o preenchimento dos questionários e as fases subsequentes sejam retomados após as eleições legislativas marcadas para dia 06 de outubro”, avançou na altura o gabinete do ministro das Finanças.
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