Deputados britânicos votam hoje alternativas a saída da UE sem acordo

  • Lusa
  • 1 Abril 2019

Deputados regressam hoje ao Parlamento britânico para votar novas opções de saída da União Europeia. O Reino Unido tem até 12 de abril para encontrar um novo plano ou abandonar a UE sem acordo.

Os deputados britânicos voltam a debater nesta segunda-feira a saída do Reino Unido da União Europeia (‘Brexit’) e a votar de novo opções para esse longo processo.

Nenhuma das opções de saída propostas a votação no Parlamento britânico na passada quarta-feira obteve maioria.

O líder da Câmara dos Comuns, John Bercow, recordou, após o anúncio dos resultados das “votações indicativas” das oito propostas, que os deputados concordaram com “um processo em duas fases”, com tempo adicional para debater e votar de novo as opções apresentadas para tentar alcançar um consenso sobre uma alternativa ao Acordo de Saída do Governo da primeira-ministra conservadora, Theresa May, que já chumbaram três vezes (uma em janeiro e duas em março).

Das oito propostas submetidas a votação na quarta-feira, aquela que obteve maior apoio foi a quarta, que previa a permanência do Reino Unido numa união aduaneira com UE após o ‘Brexit’, rejeitada por apenas oito votos (264-272).

Das restantes sete, a primeira opção, uma saída sem acordo a 12 de abril, foi rejeitada com 160 votos a favor e 400 contra.

A segunda emenda, intitulada “Mercado Comum 2.0”, que previa uma adesão à Associação Europeia de Comércio Livre (EFTA), obteve 188 votos a favor e 283 contra.

A terceira hipótese, que propunha adesão à EFTA sem união aduaneira, obteve apenas 65 votos a favor e 377 contra.

Na quinta emenda apresentada, que previa uma união aduaneira com a UE e ligação ao mercado único, 237 deputados votaram a favor e 307 contra.

A revogação do Artigo 50.º se não houver acordo antes do dia da saída, a sexta hipótese colocada, foi rejeitada com 184 votos a favor e 293 contra.

Quanto à realização de um novo referendo sobre qualquer acordo de saída, a sétima opção apresentada, a Câmara dos Comuns pronunciou-se com 268 votos a favor e 295 contra.

Na oitava e última opção levada a votação, que previa acordos comerciais sem acordo de saída, 139 deputados britânicos votaram a favor e 422 votaram contra.

Antes das “votações indicativas” de quarta-feira passada, o Governo tinha prometido considerar o resultado, embora não-vinculativo, mas não se comprometeu a aplicá-lo, por entender que terá de ser analisada a concordância com as promessas do Governo e a possibilidade de negociação com a UE.

O Reino Unido tem até 12 de abril para encontrar um novo plano ou abandonar a UE sem acordo.

A votação de hoje coincide com o debate de uma petição ‘online’, lançada por Margaret Anne Georgiadou, que pede ao Governo britânico que renuncie à saída da União Europeia (‘Brexit’), que ultrapassou, com 5.989.480 de assinaturas o limite mínimo de 100 mil para levar uma petição ao Parlamento.

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Passes mais baratos custam mais 32 milhões do que o previsto

  • ECO
  • 1 Abril 2019

Quando foi apresentado, o programa de redução dos preços dos passes previa um investimento de 85,1 milhões de euros. Seis meses depois, o valor já é de 117,5 milhões.

O investimento na redução do preço dos passes subiu mais de 32 milhões de euros desde que o programa foi apresentado, há cerca de seis meses. O Programa de Apoio à Redução Tarifária (PART), incluído na proposta de Orçamento do Estado entregue pelo Governo no Parlamento em outubro passado, prevê agora uma dotação total de 117,5 milhões de euros, a cargo do Estado e dos municípios. Os novos passes entraram em vigor esta segunda-feira, 1 de abril.

Os cálculos foram feitos pelo Público (acesso condicionado). O jornal salienta que o PART previa, no momento em que foi apresentado, um contributo de 83 milhões de euros do Estado e de, pelo menos, 2,1 milhões de euros das autarquias, tendo em vista um calendário de nove meses para a captação de novos passageiros.

Mas o programa foi mudando e os valores foram subindo. Com isso, o valor do contributo do Estado aumentou para 104 milhões de euros. Uma vez que o contributo mínimo dos municípios é calculado em percentagem do contributo do Estado, o valor mínimo a dedicar pelos municípios também subiu, para 2,6 milhões de euros.

Contas feitas, o valor do programa de redução dos preços dos passes, em termos anualizados, é já de 117,5 milhões de euros, mais 32,1 milhões de euros do que o previsto há seis meses. E as contas só vão ser fechadas no final do ano.

Uma vez que a medida é para manter além de 2019, com redução gradual do apoio do Estado ao programa, o valor a pagar pelo Estado será de 138,6 milhões em 2020, com os municípios a contribuírem com um mínimo de 10%. Em 2021, esse mínimo vai ser de 20%.

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5 coisas que vão marcar o dia

Arranca o prazo para a entrega das declarações de IRS, no mesmo dia em que em Lisboa e Porto se começa a usar o novo passe social único, com preços mais acessíveis.

Já pode entregar a sua declaração de IRS. O prazo começa hoje e termina no final de junho. Se vive na região de Lisboa, ou na Área Metropolitana do Porto, e usa os transportes públicos, é hoje que entram em vigor os novos passes sociais, com preços mais acessíveis.

Já pode entregar a declaração de IRS

Começa hoje o prazo para a entrega das declarações de IRS. O prazo é único para todos os contribuintes e decorre até 30 de junho. O Governo espera demorar 11 dias para fazer o reembolso, sendo que, este ano, o prazo para as devoluções acaba no final de agosto. Mais uma vez, muitos contribuintes vão poder beneficiar do preenchimento automático dos documentos. Este ano, a funcionalidade foi alargada a contribuintes com aplicações em PPR.

Passe único entra em vigor

Os novos passes da Área Metropolitana de Lisboa e do Porto entram em vigor esta segunda-feira. Os passes são mensais, o que significa que são válidos até ao fim do mês e não durante 30 dias seguidos, como acontecia até aqui. O passe único é válido para todos os concelhos das regiões (incluindo Lisboa/Porto) custa 30 euros. O passe único válido para todos os transportes da Grande Lisboa e Grande Porto vale 40 euros.

Preço da gasolina volta a subir

O custo por litro da gasolina volta a aumentar esta segunda-feira, dia em que a maioria das gasolineiras deverá atualizar os preçários em função da variação do preço do petróleo e da cotação do euro nos mercados internacionais. A gasolina vai ficar três cêntimos mais cara, para um preço médio em torno dos 1,516 euros por litro, o valor mais alto desde a segunda semana de novembro. O preço do gasóleo, o combustível mais usado no país, não deverá mudar.

Eurostat atualiza dados do emprego

O gabinete oficial de estatística da União Europeia (UE) vai atualizar esta segunda-feira a taxa de desemprego da Zona Euro relativa a fevereiro. Em janeiro deste ano, a taxa fixou-se em 7,8%, enquanto a taxa de desemprego média dos 28 Estados-membros da UE foi de 6,5%, o valor mais baixo desde janeiro de 2000, altura em que estes dados começaram a ser publicados.

Como evolui a inflação na Zona Euro?

O Eurostat atualiza também a estimativa rápida da taxa anual de inflação na Zona Euro relativa a março. Em fevereiro, a taxa foi de 1,5%, uma subida de 0,1 pontos percentuais em relação a janeiro. Numa altura em que o BCE já dá sinais de não querer voltar a subir os juros, os dados da inflação poderão servir de base ao discurso do banco central, face ao cenário de abrandamento da economia global que tem vindo a ser antecipado e que tem levado também a Fed, nos EUA, a emitir sinais de que também não tenciona mexer na taxa diretora.

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Vídeo: A postos para entrega do IRS? Atenção às mudanças

Arranca esta segunda-feira a entrega da declaração anual do IRS. Há algumas alterações que deve manter debaixo de olho, do alargamento do calendário à subida do mínimo de existência.

Começa esta segunda-feira a entrega das declarações anuais de IRS relativas aos rendimentos recebidos em 2018. Este ano, há algumas alterações a ter em conta: do prazo de apresentação do declaração à subida do mínimo de existência, que também passa a abranger os trabalhadores independentes. O ECO preparou um vídeo para que não escape nenhuma destas mudanças.

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Entrega do IRS já arrancou. É isto que tem de fazer para maximizar o reembolso

Quer maximizar o reembolso do IRS ou, pelo menos, minimizar o que terá de pagar às Finanças? Os fiscalistas ouvidos pelo ECO explicam como fazer as nuances da declaração trabalharem a seu favor.

Ainda que não haja uma fórmula mágica para engordar o reembolso do IRS, os fiscalistas asseguram que há uma série de nuances a ter em conta no momento da entrega da declaração anual de rendimentos que podem valer aos contribuintes alguns euros extra. E agora que o “tiro de partida” para a entrega destas declarações já foi dado, vale a pena manter essas dicas debaixo de olho.

Este ano, os contribuintes portugueses vão ter mais um mês do que o habitual para apresentarem a sua declaração de IRS, terminando o prazo em causa não em maio, mas em junho. Apesar desta mudança, o Executivo de António Costa espera manter o prazo médio dos reembolsos nos 11 dias, o mesmo período registado no ano passado. Isto para quem adira ao IRS automático. Para os contribuintes que procedam à entrega “tradicional” do Modelo 3, o prazo deverá rondar os 16 dias.

De notar que dos 5,1 milhões de agregados nacionais que entregam declarações anuais de rendimentos, cerca de 3,2 milhões estão potencialmente abrangidos pelo IRS automático. Este ano, esse universo cresceu, uma vez que esta possibilidade foi alargada também aos subscritores de Planos Poupança Reforma (PPR) e àqueles que fizeram donativos. Ainda assim, há contribuintes que não dispõem desta hipótese e que têm de seguir o caminho mais habitual, isto é, a entrega “manual” da declaração.

Caso não pertença a esse último grupo e tenha mesmo ao seu dispor a entrega automática, saiba que essa apresentação da declaração de rendimentos é considerada de forma individual, mesmo que seja casado, o que, segundo os fiscalistas ouvidos pelo ECO, é desvantajoso na grande maioria dos casos.

É sempre mais vantajoso em conjunto. Hoje em dia os contribuintes podem testar as várias possibilidades, mas aposto que é sempre melhor em conjunto.

Manuel Faustino

Antigo diretor do IRS

“Na esmagadora maioria dos casos, o regime da tributação conjunta é mais benéfico”, sublinha Luís Leon, partner da Deloitte. Manuel Faustino, antigo diretor do IRS, corrobora esta recomendação, embora note que os contribuintes devem sempre testar todas as possibilidades que estão à sua disposição antes de avançar na entrega.

E por falar em testes, Manuel Faustino explica que é aconselhável fazer “simulações em função da composição dos rendimentos, jogando com as taxas de tributação”. “Se a pessoa receber uma pequena renda, uma pensão e um outro rendimento da categoria B, deve verificar, por exemplo, se deve optar pela tributação autónoma dos rendimentos prediais ou pelo seu englobamento com os restantes”, explica o fiscalista.

O englobamento não é mais do que a aglomeração de todos os rendimentos num mesmo grupo ao qual se aplica a mesma taxa de IRS. No caso dos rendimentos capitais e dos referidos rendimentos prediais, essa opção poderá significar trocar a taxa autónoma (fixa) de 28% por uma taxa mais baixa, já que essa última é definida consoante a categoria de rendimento, variando entre os 14,5% e 48%.

É aconselhável que os contribuintes façam as contas. Há casos em que o englobamento é claramente vantajoso.

Luís Leon

Partner da Deloitte

“Esta opção existe para os rendimentos prediais, dividendos, juros, capitais. Compensa verificar qual das possibilidades [englobar ou não] é mais favorável”, reforça Anabela Silva, da EY.

Luís Leon exemplifica: “É aconselhável que os contribuintes façam as contas. Há casos em que o englobamento é claramente vantajoso. É o caso de um pensionista com rendimentos modestos de pensões e que recebe um rendimento predial. Se a pensão for de facto baixa provavelmente tem todo o interesse em englobar“.

Os fiscalistas deixam, contudo, claro que não há uma regra genérica e que o melhor mesmo é fazer muitas simulações, antes de prosseguir na entrega do IRS.

No caso dos rendimentos prediais, os fiscalistas lançam ainda outro alerta. É que esses rendimentos tanto podem ser considerados como pertencentes à categoria F (rendimentos prediais, onde se incluem rendas de prédios rústicos, urbanos e mistos) ou à categoria B (rendimentos obtidos por atividades de conta própria). Essa última opção é aplicável, desde a reforma do IRS que entrou em vigor em 2015, aos senhorios que exercem a atividade de arrendamento como atividade económica.

É importante salientar que, nesta opção, o englobamento é obrigatório, ou seja, se o rendimento predial for considerado na categoria B não poderá beneficiar da taxa autónoma, sujeitando-se à progressividade das taxas de IRS, o que pode ser particularmente pesado para os rendimentos mais avultados.

Pode apresentar faturas até ao último minuto

Pode apresentar despesas de educação até ao momento da entrega da declaração de IRS.Pixabay

Já está esgotado o prazo para verificar as despesas gerais familiares e os encargos com benefício por exigência de fatura, mas ainda vai a tempo para apresentar mais faturas nas restantes categorias, da saúde à formação e educação, passando pelos encargos com imóveis e lares.

“As despesas gerais e a dedução por requerimento de fatura são as únicas que estão indexadas no e-fatura. Essas, ou validei ou não. E se validei, então em princípio vou ter direito à dedução. As despesas de saúde, formação e educação, encargos com imóveis e com lares, não é obrigatório estarem no e-fatura. Os contribuintes desde que tenham os documentos comprovativos desses gastos, podem recusar os valores que aparecem pré-preenchidos e substituir por aqueles cujos comprovativos possuem“, realça Manuel Faustino.

Anabela Silva confirma este conselho, referindo que, ao recusar esses valores automaticamente apresentados, o contribuinte pode evitar perder benefícios a que tem direito.

Do mesmo modo, Luís Leon recomenda que os contribuintes se certifiquem que as despesas realizadas em 2018 são efetivamente apresentadas nesta declaração de rendimentos, se quiserem engordar o reembolso ou emagrecer o que terão de pagar às Finanças.

Recibo verde? Cuidado com as despesas

E por falar em despesas, o fiscalista da Deloitte frisa que, este ano, pela primeira vez, os trabalhadores que passam recibos verdes precisam de apresentar “despesas reais” para chegar aos 25% do seu rendimento que não é tributado.

Até agora, a Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) apenas considerava para fins de tributação 75% dos rendimentos obtidos pelos profissionais liberais, sendo a restante parcela (os tais 25%) assumidos automaticamente como despesa.

O Orçamento do Estado para 2018 mudou, no entanto, as regras do jogo, exigindo que sejam apresentadas faturas para justificar as despesas afetas à atividade. É nesse quadro que Luís Leon enfatiza que, não sendo os montantes pagos à Segurança Social reportados automaticamente, é preciso que esses contribuintes apresentem os valores em causa.

Anabela Silva lembra, porém, que só é possível deduzir as contribuições para a Segurança Social, quando estas excedam 10% dos rendimentos brutos.

Ainda no caso dos rendimentos da categoria B, a fiscalista da EY sublinha que, no primeiro ano de atividade, o contribuinte pode beneficiar de uma redução de cerca de 50% da tributação e de cerca de 25% no segundo ano, “mas não pode acumular esses rendimentos a outros da categoria A e H”. Esses últimos são relativos a trabalho dependente e pensões.

Que benefícios e incentivos deve manter debaixo de olho?

Fiscalistas consideram que não há muito benefícios fiscais, mas aconselham passar a pente fino os pouco que existem.

“Não há grandes benefícios fiscais para a generalidade dos portugueses”, comenta Luís Leon. Manuel Faustino sublinha, por sua vez, que é aconselhável ir ao anexo H do IRS e passar a pente fino a “lista de códigos de benefícios fiscais para as pessoas singulares, desde os PPR a contribuições individuais para o fundo de pensões e prémios de seguros”.

A propósito, este ano, pela primeira vez, os contribuintes que tenham subscrito PPR ou que tenham feito donativos passam a ter à sua disposição a entrega automática de IRS.

Além destes, há benefícios fiscais mais pontuais, como aquele implicado na aquisição de participações sociais pelos trabalhadores de micro e pequenas empresas que tenham sido constituídas há menos de seis anos e que desenvolvam atividades no setor da tecnologia.

De resto, Manuel Faustino lembra também que os sujeitos passivos com deficiência fiscalmente relevante têm condições especiais, que vale a pena ter em conta. Em causa estão os portugueses com um grau de incapacidade igual a superior a 60%. No caso desses contribuintes, o Fisco considera apenas 90% dos rendimentos obtidos nas categorias A, B e H para fins de tributação. A essa vantagem fiscal soma-se outra: os contribuintes portadores de deficiência relevante beneficiam de uma dedução à coleta de 1.900 euros (por cada sujeito passivo com deficiência).

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Bolsa de Lisboa ganha 10% no ano. Ainda há espaço para subir mais?

Dinheiro barato dos bancos centrais tem impulsionado, mas surpresas positivas poderão aproximar-se do fim. Analistas esperam ganhos no PSI-20, mas subidas demasiado rápidas poderão levar a estagnação.

O arranque de 2019 trouxe os traumas do ano anterior. Os receios com a desaceleração da economia global pairavam sobre os mercados, mas as boas notícias acabaram por se sobrepor e as bolsas europeias fecharam o melhor primeiro trimestre em quatro anos. Após um ganho de 10% do PSI-20, os analistas veem riscos para o segundo trimestre, mas consideram que a história será a mesma: se os desenvolvimentos internacionais forem menos desfavoráveis que o esperado, ainda há espaço para mais valorizações. A época de resultados poderá dar um impulso adicional.

“A variação trimestral do PSI-20 para os primeiros três meses de 2019 é a mais elevada desde o primeiro trimestre de 2015, tendo anulado a quase totalidade das perdas observadas no último trimestre de 2018 (-11,7%)”, diz Albino Oliveira, analista da Patris Corretora. Lembra, no entanto, que a evolução fica abaixo do ganho de 12,3% do índice pan-europeu Stoxx 600.

“Realizando a mesma análise para o Stoxx 600, poder-se-á concluir que a variação é também a mais significativa desde o primeiro trimestre de 2015, tendo o índice conseguido mesmo anular a totalidade das perdas registadas nos últimos três meses do ano passado (-11,9%)”, nota, destacando a subida de 16,2% da bolsa de Itália, “provavelmente reflexo de alguma redução nas preocupações dos investidores quanto à situação política no país”.

Bolsa de Lisboa ganhou 10% no primeiro trimestre. Subiu menos que a Europa

Entre as cotadas portuguesas, quem mais ganhou foram as empresas que mais caíram no ano passado: a Jerónimo Martins com um disparo de 27% e a Mota-Engil com uma valorização de 26,71%, brilharam. Os bons resultados apresentados por estas duas empresas em particular provaram aos investidores que o pessimismo demonstrado no ano passado terá sido algo excessivo“, afirma João Pisco, analista de mercados financeiros do Bankinter.

Tanto Oliveira como Pisco concordam que foram fatores externos a marcar as negociações, em especial a postura cautelosa dos bancos centrais nos EUA, Zona Euro e Japão. A Reserva Federal norte-americana alterou drasticamente o discurso tanto no que diz respeito às taxas de juro (sendo a expectativa atual dos membros do Comité de Política Monetária da Reserva Federal que não seja necessário realizar subidas este ano, face à expectativa anterior de dois aumentos), como no que se refere à redução da folha de balanço.

Bancos centrais não deverão trazer surpresas positivas

O Banco Central Europeu (BCE), por seu lado, cortou as projeções económicas e garantiu estar pronto para manter políticas expansionistas bem como juros em mínimos históricos enquanto fosse necessário. Lançou ainda uma nova ronda de operações de refinanciamento de prazo alargado (TLTRO III) para estimular a economia. Se as ações celebraram a continuação da era do dinheiro barato, os bancos foram penalizados por um programa de TLTRO com um prazo mais curto que nas anteriores duas séries e juro variável.

"Será difícil que os bancos centrais continuem a surpreender pela positiva, o fator que poderá revelar-se decisivo será ver até que ponto os dados económicos divulgados ao longo das próximas semanas irão permitir expectativas mais favoráveis por parte dos investidores para a evolução da economia global.”

Albino Oliveira

Analista da Patris Corretora

Apesar de terem fechado o trimestre no verde, os bancos europeus estiveram entre os piores performers e o português BCP não escapou, tendo subido apenas 0,35% entre janeiro e março. O fraco desempenho foi apenas melhor que o das duas cotadas portuguesas que desvalorizaram no acumulado dos três meses: Ibersol (-2%) e CTT (-12,4%).

No segundo trimestre, o espaço para a política monetária estimular os mercados acionistas poderá estar limitado. “Tendo em conta que será provavelmente difícil que os bancos centrais continuem a surpreender pela positiva, o fator que poderá revelar-se decisivo será ver até que ponto os dados económicos divulgados ao longo das próximas semanas irão permitir expectativas mais favoráveis por parte dos investidores para a evolução da economia global”, afirmou o analista da Patris Corretora.

Consoante evoluírem as expectativas, poderá haver espaço para um enquadramento mais favorável para “as áreas mais cíclicas do mercado (incluindo para o setor financeiro) ou para os segmentos mais defensivos“, na perspetiva de Albino Oliveira. A visão do Bankinter é semelhante e João Pisco avança que as ações prediletas, neste momento, são a Galp, o BCP, a Navigator, a REN e a Jerónimo Martins.

Além da política monetária, há outros fatores externos que influenciaram as bolsas no primeiro trimestre e deverão manter-se em foco. O menor confronto entre o Governo italiano e a Comissão Europeia, o afastamento de cenários mais negativos do Brexit e os sinais positivos nas negociações comerciais entre EUA e China ajudaram. Mas tanto o divórcio entre Reino Unido e UE como a guerra comercial continuam por resolver e os desenvolvimentos serão determinantes para as ações.

Estagnação pode seguir-se a aceleração demasiado rápida

A nível interno, a ocasião mais esperada pelos analistas é a próxima época de resultados. As contas das cotadas do PSI-20, relativas a 2018, foram “mistas, quando comparadas com as expectativas do mercado”, diz Oliveira, que considera que o efeito não terá sido “decisivo” para a evolução do índice. As grandes exceções foram os CTT — que assistiu a quedas nos lucros, cortou o dividendo, apresentou projeções mais negativas para a evolução do tráfego de correio postal e viu as ações renovarem mínimos históricos –, e a EDP.

Os lucros da empresa liderada por António Mexia tombaram 53% para 519 milhões de euros, em 2018 face ao ano anterior. A EDP atribuiu a queda ao impacto adverso da provisão de 285 milhões de euros devido às sobrecompensações dos CMEC. Mas o foco foi mesmo o plano estratégico 2019-2022, que prevê um investimento de sete mil milhões de euros para renováveis, três mil milhões de euros em dividendos e um corte na dívida de dois mil milhões de euros.

A elétrica somou 15% no trimestre e a EDP Renováveis ganhou 9,3%. No entanto, aproximam-se tempos incertos. A oferta pública de aquisição (OPA) lançada pelo China Three Gorges continua em “modo de espera” e ganhou um novo fator de incerteza: um acionista ativista. O fundo Elliott não só se pronunciou no início do ano contra a OPA e sobre a estratégia da EDP, como pediu na semana passada que seja votada, na assembleia-geral de dia 24 de abril, a limitação de 25% nos direitos de voto dos acionistas para por fim imediato à operação.

Embora continuemos a ver algum potencial de valorização no PSI-20, temos alertado para o risco de termos um ano rápido e curto.

João Pisco

Analista do Bankinter

Aparte deste tema de exceção, o analista da Patris Corretora considera que, a nível doméstico, “o período de apresentação de resultados do primeiro trimestre de 2019 poderá rapidamente colocar-se no centro das expectativas dos investidores” até porque permitirá perceber em que medida está a desaceleração da economia a afetar as empresas. Apesar de verem potencial de valorização, ambos os analistas mostram-se conservadores sobre quanto espaço terá ainda a bolsa de Lisboa para crescer.

“Embora continuemos a ver algum potencial de valorização no PSI-20, temos alertado para o risco de termos um ano rápido e curto. Ou seja, caso no início do segundo trimestre a tendência de ganhos se mantenha ao ritmo do primeiro trimestre, poderá cumprir-se o famoso Sell in May and go way, com os investidores a realizarem as mais-valias geradas até essa altura, levando a uma eventual estagnação ou até ligeira correção das bolsas”, acrescentou João Pisco, do Bankinter.

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Prova dos 9: Paulo Rangel não fez trabalho no PE, como diz Pedro Marques?

Pedro Marques critica Paulo Rangel por não ter atividade política no Parlamento Europeu no mandato que agora vai terminar. O ECO foi fazer a Prova dos 9.

Paulo Rangel é, pela terceira vez, o cabeça de lista do PSD às eleições europeias. Eurodeputado, Rangel está exposto à avaliação do seu trabalho no Parlamento Europeu. E, segundo o ex-ministro das Infraestruturas e número um da lista do PS às europeias, Rangel fez pouco ou nada. Pedro Marques escreve que o eurodeputado social-democrata fez, nesta legislatura, “um relatório legislativo e um relatório não legislativo”, assinalando que está na posição 597 da lista global de eurodeputados, que é “de mais de 750 deputados”. O ECO fez a Prova dos 9.

A frase

“Paulo Rangel não fez trabalho no PE (…) Isso significa que dos mais de 750 deputados, Paulo Rangel está no brilhante lugar 597 em trabalho no PE”, escreveu o cabeça de lista às eleições europeias, Pedro Marques, na sua conta de twitter.

Os factos

Em primeiro lugar, é preciso esclarecer que há mesmo rankings de trabalho parlamentar dos eurodeputados (uma ideia que deveria ser levada à prática no Parlamento português), uma forma de escrutínio do que cada um dos 750 eurodeputados. Em segundo lugar, há um ranking global e rankings por tipo de intervenção. E é também possível avaliar quais os grupos parlamentares (leia-se famílias políticas) com mais intervenções e, até por país de origem. E desde novembro de 2017, passou a haver uma avaliação mais fina do exercício de mandato no Parlamento Europeu.

Para se perceber melhor a afirmação de Pedro Marques, é preciso detalhar os vários rankings de avaliação do trabalho parlamentar dos eurodeputados. Quais são?

  1. Perguntas (por escrito)
  2. Moções
  3. Relatórios
  4. Opiniões
  5. Discursos
  6. Declarações
  7. Assiduidade no Plenário
  8. Pedido de recontagem de votos

É o conjunto destas listas que permite chegar ao ranking global da atividade parlamentar dos eurodeputados. Neste momento, o primeiro lugar na lista é do italiano Antonio Tadjani, do Partido Popular Europeu (precisamente a família política em que está Paulo Rangel), com um score global de 335 pontos.

O eurodeputado português com melhor score no ranking global é… o deputado do PSD, José Manuel Fernandes, que está no 33º lugar, com um score de 133 pontos, claramente à frente de todos os outros. Paulo Rangel, por seu lado, tem um score global de 73,80 pontos. Qual é afinal, a sua posição?

Prova dos 9

 

 

Paulo Rangel está efetivamente na posição 597 do ranking, mas apenas em um dos oito critérios avaliados, o dos relatórios. No entanto, ao contrário do que escreve Pedro Marques, o ranking global da atividade parlamentar de Paulo Rangel mostra que o eurodeputado social-democrata está na posição 150ª e é o 6º na lista dos eurodeputados portugueses. Portanto, o candidato socialista usa um critério apenas (e esse correto) para passar uma mensagem errada.

Por comparação com os parlamentares que vão novamente a votos, Pedro Silva Pereira, que está no 3º lugar na lista do PS, aparece na posição 298º do ranking global, com um score de 44,70, e é o 12º entre os deputados portugueses. Já Nuno Melo, do CDS, é o 19º na lista dos portugueses e é o 463º no ranking global (25,50). No top cinco dos eurodeputados portugueses, depois de José Manuel Fernandes, aparecem Miguel Viegas (PCP), Marinho e Pinto, João Ferreira e Ricardo Serrão Santos.

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Número de africanos na pobreza caiu pela primeira vez em março desde dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável

  • Lusa
  • 31 Março 2019

De acordo com o World Data Lab, em março deste ano o número de pessoas que saíram da situação de pobreza extrema por dia suplantou em 367 o número de pessoas que caíram nesta situação.

O número de africanos que conseguiram sair da pobreza extrema ultrapassou em março, pela primeira vez desde que foram definidos os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), o número de pessoas que entraram nesta situação.

De acordo com o World Data Lab, uma empresa de estatísticas que trabalha com a UNICEF, entre outras organizações, na compilação de dados e projeção de tendências demográficas, em março deste ano o número de pessoas que saíram da situação de pobreza extrema por dia suplantou em 367 o número de pessoas que caíram nesta situação.

“O ritmo desta redução líquida da pobreza ainda é, hoje em dia, muito pequeno, apenas 367 pessoas por dia, mas no final deste ano a taxa pode aumentar para mais de três mil pessoas por dia, resultando numa redução de um milhão de pessoas que estão em situação de pobreza extrema em 2020”, lê-se num artigo publicado pelo norte-americano Brookings Institute e assinado por três peritos da World Data Lab: Kristofer Hamel, Baldwin Tong e Martin Hofer.

“África é a última fronteira do mundo na luta contra a pobreza extrema; hoje, um em cada três africanos – 422 milhões de pessoas – vive abaixo da linha de pobreza e [os africanos] representam mais de 70% das pessoas mais pobres do mundo“, acrescenta-se no artigo.

Se esta tendência continuar, em 2030 África vai ter conseguido reduzir o número de pessoas extremamente pobres em 45 milhões e a pobreza relativa vai cair dos 33,5%, hoje, para 24%, lê-se no texto, que dá conta de que, ainda assim, o continente não vai conseguir atingir os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, erradicando a pobreza até 2030.

Hoje em dia, há aproximadamente 377 milhões de africanos que ainda vivem com menos de 1,90 dólares por dia, lê-se no artigo, com o título “Pobreza em África está agora a cair – mas ainda não suficientemente depressa”.

“Angola está a passar por um curto período em que a pobreza está a aumentar; isto começou em setembro de 2017, mas as previsões do World Data Lab antecipam que em 2021 a pobreza extrema vai cair novamente e em 2030 a pobreza extrema estará nos 3,5%, o que significa que se esta tendência puder ser revertida mais cedo, então o país terá uma hipótese maior de cumprir os ODS 1”, conclui o artigo.

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Presidente da Soares da Costa reafirma querer “honrar compromissos” com trabalhadores

  • Lusa
  • 31 Março 2019

Esclarecimento acontece depois de, no sábado, um grupo de 70 funcionários ter afirmado que irá pedir a insolvência da empresa por falta de pagamento das prestações previstas no PER.

A Soares da Costa reiterou o “firme propósito de honrar os compromissos com os trabalhadores”, admitindo que os pagamentos previstos no Processo Especial de Revitalização (PER) “estão atrasados”, mas que todas as verbas recebidas “têm sido destinadas a salários”.

Num esclarecimento enviado aos trabalhadores na sequência de um “suposto plenário de trabalhadores” promovido no sábado pelo Sindicato da Construção de Portugal, o presidente executivo da construtora admite que os pagamentos dos salários em atraso aos colaboradores estipulados no PER “estão atrasados”, mas garante que “não é verdade que desde outubro não ocorram pagamentos a trabalhadores em Portugal”, conforme avançado pelo sindicato.

“Os trabalhadores sabem que não é verdade e mais não precisamos dizer. Todos os recebimentos e transferências que têm ocorrido têm sido destinados a salários”, sustenta Joaquim Fitas na comunicação enviada no sábado à noite aos trabalhadores e a que a agência Lusa teve hoje acesso.

Segundo o responsável, “os trabalhadores em Moçambique têm a situação regularizada” e em Angola, até maio, os salários também “ficarão em dia”. Já em Portugal, a administração da Soares da Costa diz continuar “a desenvolver as ações necessárias para que os pagamentos ocorram, o que acontecerá, como todos os intervenientes sabem, assim que ocorram as transferências de fundos de Angola e Moçambique que se encontram, desde o início, previstas no plano”.

“As contingências daqueles países têm atrasado os processos, mas os mesmos continuam em curso e com elevadas probabilidades de resolução em breve”, refere, adiantando que “as interações com as entidades e instituições de ambos os países continuam a decorrer de forma positiva”.

Voltando a acusar o Sindicato da Construção de “proferir disparates e mentiras” e de ser “responsável, entre outras situações, por várias rescisões de contratos de empreitada em Portugal e embaraços delicados noutros países”, Joaquim Fitas nota que “em Moçambique e em Angola, onde a empresa não é perseguida incompreensivelmente por pessoas como o senhor Albano Ribeiro [presidente do sindicato], o volume de negócios está a aumentar e a mobilização de colaboradores também”.

“Mantemos, tal como o fizemos desde a primeira hora, o firme propósito de honrar os compromissos com os trabalhadores, assim não existam situações que de forma incompreensível levem a que não tenhamos tempo para tal. Como sempre, agradecemos o empenho e a capacidade dos colaboradores no dia-a-dia, tendo como objetivo recuperar um grupo empresarial de uma situação da qual não fomos responsáveis”, lê-se no esclarecimento enviado aos colaboradores.

O presidente do Sindicato da Construção disse no sábado à agência Lusa que 70 trabalhadores da Soares da Costa, reunidos na manhã desse dia em plenário na sede do sindicato, no Porto, decidiram “por unanimidade” pedir a insolvência da construtora por incumprimento dos pagamentos previstos no PER.

“A partir de segunda-feira os trabalhadores vão começar a vir ao sindicato para o nosso advogado tratar do assunto”, afirmou Albano Ribeiro, salientando que “os trabalhadores estão cansados de tantas mentiras da atual administração” da construtora, que “deveria ter começado a cumprir o PER em outubro de 2018, mas não efetuou ainda o pagamento de nenhuma das prestações” devidas aos funcionários, num total que o sindicato diz ascender a mais de 45 milhões de euros.

“Como presidente do sindicato não defendo a insolvência, mas nesta situação, em que há trabalhadores com dez e mais meses de salários em atraso, é muito complicado”, afirmou o dirigente sindical. O PER da Soares da Costa atualmente em curso foi aprovado pelos credores em dezembro de 2017, com 79,5% de votos a favor e 16,1% contra, e transitou em julgado em junho de 2018.

O plano prevê uma redução da dimensão do perdão de dívida face a um primeiro PER apresentado pela construtora e que tinha sido chumbado em maio de 2017 pelo tribunal: para a dívida não garantida a instituições de crédito e a fornecedores, na ordem dos 607 milhões de euros, a Soares da Costa obteve um perdão de 50%, enquanto aos trabalhadores (cujos créditos rondam os 50,2 milhões de euros) o pagamento terá de ser integral.

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Da reforma europeia à guerra comercial. As cinco mensagens de Marcelo Rebelo de Sousa

  • ECO
  • 31 Março 2019

O Presidente da República defende que a Europa está hoje mais preparada para uma nova crise, mas enfrenta desafios. Em entrevista ao Público, falou ainda do Brexit e de populismo.

Marcelo Rebelo de Sousa considera que a União Europeia (UE) está hoje mais bem preparada para uma nova crise, mas existem desafios. Em entrevista ao jornal Público (acesso condicionado), o Presidente da República abordou uma série de temas que foram desde as eleições europeias aos populismos, passando pelo Brexit ou a guerra comercial. Estas foram as cinco principais mensagens deixadas.

  • Lições da crise aprendidas

A União Europeia cometeu erros, mas aprendeu as lições, saindo reforçada para novas crises, especialmente no que diz respeito à vertente preventiva, segundo o Presidente. “A União Europeia está mais atenta à aproximação de sinais de crise e a prova é que o Banco Central Europeu tem estado muito cuidadoso. Podia ter sido mais afoito em matéria de criar condições para uma ligeira mudança de orientação, mas preferiu prosseguir na mesma linha…”, disse, ao Público. “Está-se hoje muito atento para não deixar arrefecer a economia, mas sem convites indiscriminados e radicais ao que pode pôr em causa os equilíbrios orçamentais”.

  • Riqueza dos Estados depende da integração

Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou, no entanto, que o equilíbrio orçamental não pode ser o único foco e é preciso para a economia enquanto um todo. A integração é, segundo o presidente, uma peça-chave para o crescimento económico dos países da UE. “Quando o G7 se reunir daqui por 10 ou 20 anos, se a Europa não levar por diante o seu projecto de integração, não haverá praticamente países europeus nessas cimeiras”, afirmou. E deixou claro que é preciso avançar já: “O que faz sentido é dar os passos imediatos na União Económica e Monetária em vários domínios que é preciso decidir agora, antes das eleições europeias, porque significa perder tempo e, em alguns domínios, perdê-lo irreversivelmente“.

  • “Ideal” era adiar o Brexit até 2020

Os desafios que ainda se apresentam após a crise, não só financeiros mas também sociais, incluem o Brexit, que foi proporcionado também pela revolta social. Marcelo Rebelo de Sousa considera que é preciso “tentar remendar as consequências, para uns e outros, do exercício respeitável — porque legítimo — da soberania britânica, mas que tem consequências óbvias”. Sublinha a importância de ganhar tempo: “quanto mais tempo melhor — o ideal seria até ao fim do ano que vem —, para permitir mais reflexão no Reino Unido com a colaboração da União Europeia”.

  • Populismo ainda é um risco

Questionado pelo Público sobre se o caos político no Reino Unido é mais um sinal da crise das democracias liberais, o chefe de Estado respondeu que “a crise dos sistemas políticos e sociais cobre o Reino Unido e todas as democracias”. Vê fatores relacionados com a dificuldade de a democracia representativa se ajustar a tempos acelerados e espaços globalizados. “Concebida para ter filtros e intermediações, ter agora de ajustar-se a um panorama mediático com a democracia eletrónica e o convite ou, pelo menos, o sonho da intervenção permanente, instantânea e determinante de todos na decisão de tudo, quando os seus mecanismos democráticos estão concebidos para o oposto. As instituições europeias fecham em agosto — é o contraste total com a realidade. Há mercados a funcionar em agosto, há crises em agosto, há problemas políticos, económicos sociais em agosto. Mas também é um problema nacional”, defendeu.

  • Relações entre UE e EUA ou China mudaram

O mundo mudou e as relações entre regiões também. Marcelo Rebelo de Sousa falou ainda da China e dos Estados Unidos, defendendo que as relações internacionais mudaram e arrefeceram, trazendo desafios acrescidos. “A guerra comercial com a China tem efeitos colaterais, no caso de haver mesmo uma guerra; e tem efeitos se não houver guerra, porque a Europa fica exposta como adversária principal no discurso oficial norte-americano. A guerra comercial com a Europa, essa, tem efeitos diretos imediatos. E isto é novo. É também um pouco novo o facto de a China ter hoje um peso que não tinha naquela altura e estar muito interessada no que se passa na Europa. Antes, a China olhava a Europa como um mero aliado tático objetivo no confronto com os EUA e na diferenciação em relação à Rússia. Pensava que era bom que a Europa não se dividisse, que não se fragilizasse. Agora, é mais do que isso. A China quer avançar na Europa”, acrescentou o Presidente, ao Público.

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Um Jaguar bebé, mas cheio de genica

A Jaguar ganhou vida nova. Depois de anos agarrada à Ford, renasceu pela mãos da Tata. Voltou aos automóveis desportivos, mas também se aventura nos SUV.

É cada vez mais comum os grandes SUV servirem de base para modelos mais pequenos, mais apropriados para o dia-a-dia das grandes cidades. É que em “equipa que ganha não se mexe”, daí que do F para o E se tenha apenas uma sensação de “Querida encolhi…” o SUV. E ainda bem. O E mantém as linhas arrojadas do pai, com óticas rasgadas na dianteira e esguias na traseira. E uma linha de cintura elevada, com “músculos” a agarrar bem as grandes rodas.

O conjunto funciona muito bem. No processo não se perdeu o espírito do pai, nem no exterior nem no interior (e há espaço quanto baste para ocupantes e a bagagem). Há, quando se abre a porta, aquela sensação de solidez que é reforçada pela qualidade da montagem e dos materiais utilizados no habitáculo. Do tablier aos bancos, sente-se que estamos num automóvel de gama superior.

Há obviamente muitos elementos que são importados do irmão Evoque — Jaguar e Land Rover são do mesmo dono. Mostradores são iguais, sendo que poderiam já ser um pouco mais avançados. E o sistema de infotainment também é o mesmo que se encontra nos Land Rover, sendo que neste caso isso é um must. Completo, bem arrumado e, claro, de grandes dimensões. E bem encaixado no centro do tablier.

Ao lado está o botão que faz o Jaguar ronronar. O Start dá vida ao motor diesel 2.2 de 190 CV, um bloco com provas dadas tanto em termos de desempenho como de consumos — no ensaio realizado a média cifrou-se nuns 7 litros/100 km, isto numa condução despreocupada. Suave dentro da cidade, beneficiando da caixa automática de nove velocidades, mas voraz quando se imprime maior pressão no acelerador.


O E-Pace ganha velocidade sem esforço, oferecendo uma sensação de estabilidade em qualquer situação. Por vezes nem parece que estamos a conduzir um SUV, não fosse a vista por cima do volante ser o tejadilho de alguns utilitários que resistem nas estradas cada vez mais repletas de automóveis deste segmento.

fazia falta uma insonorização um pouco mais cuidada para ficar perfeito. Afinal, estamos a falar de um SUV compacto de gama alta, com um preço base em torno dos 40 mil euros. Mas também, de outra forma não ouviríamos o “ronron” do bicho. É um Jaguar after all.

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FMI sobre ajuda financeira a Portugal: “Programa foi bastante bem sucedido”

  • ECO
  • 31 Março 2019

Diretor do departamento europeu do fundo Poul Thomsen defende, em entrevista ao Público, que o regresso de Portugal ao financiamento nos mercados revela o sucesso da ajuda financeira durante a crise.

Poul Thompsen, que representou o Fundo Monetário Internacional em Portugal durante o resgate financeiro e que atualmente lidera o departamento europeu do fundo, defende que o programa aplicado ao país foi “bem-sucedido”. Em entrevista ao Público (acesso condicionado), o dinamarquês alerta que Portugal tem de reforçar a resiliência da economia a potenciais choques.

Portugal mostrou algo fundamental para aquilo que eu ainda penso ter sido um programa bem sucedido: o consenso político. Que, por exemplo, faltou na Grécia. Quando a crise chegou a Portugal, houve claramente um sentido de unidade dentro do corpo político. Quando negociei o programa aqui com o governo socialista, ao mesmo tempo discuti discretamente – mas com o total conhecimento do Governo – com o então principal partido da oposição. E houve um claro entendimento sobre o que é que a maioria política em Portugal poderia apoiar”, revelou Thompsen, ao Público.

O diretor do departamento europeu do FMI considera que foi o consenso político que permitiu que, quando o PS de António Costa chegou ao Governo, não se houvesse “praticamente” mudanças no programa acordado com a troika. “Houve esse sentimento de que o país tinha tido, em termos económicos, o seu momento Pearl Harbor em que era preciso unir-se para fazer aquilo que era necessário. O caso português confirma que os países assumirem os programas como seus é fundamental”, afirmou.

O dinamarquês sublinha que o principal objetivo era trazer Portugal de volta aos mercados, o aconteceu “bastante mais rápido” que o esperado, apesar de a impossibilidade de desvalorizar a moeda tornar os programas mais difíceis para a sociedade e mais longos, como reconhece.

No entanto, Thompsen não deixa de fazer alertas sobre Portugal e considera que o país não pode confiar somente nas mudanças à união monetária para combater futuras crises. “Mesmo na melhor das circunstâncias não vai haver mudanças na arquitetura do euro que mudem de forma fundamental a situação que Portugal irá enfrentar se houver um choque. Por isso é que é tão importante que se construa uma economia mais resiliente, garantindo que existem almofadas orçamentais e que se aumenta a produtividade. E é nisto que os decisores políticos em toda a Europa, não só em Portugal, têm sido muito complacentes”, acrescentou, em entrevista ao Público.

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