Pela primeira vez, Merkel admite emissão de dívida comum na Zona Euro
Pela primeira vez, a chanceler alemão demonstrou abertura para que seja emitida dívida pública europeia. Posição surge em plena pandemia, com a economia dos vários países da região em forte travagem.
Há muitos anos que alguns países europeus pedem para que se avance com a mutualização da dívida dos países europeus, mas essa ideia nunca foi vista com bons olhos por parte de alguns governos. A Alemanha sempre se mostrou contra, mas agora sinaliza alguma abertura. Com a Europa a encaminhar-se para uma recessão, fruto do coronavírus, Angela Merkel não diz que sim, mas também não rejeita a possibilidade.
As Eurobonds voltaram a estar em cima da mesa na reunião do Conselho Europeu extraordinário, realizado por videoconferência. E foi levantada, segundo a Bloomberg, por Giuseppe Conte, primeiro-ministro daquele que está a ser o país mais fustigado pela pandemia do Covid-19, vírus que surgiu na China no final do ano passado. O chefe do governo italiano não ficou sem resposta. Aos jornalistas, Merkel mostrou abertura.
Angela Merkel afirmou que perante o pedido de Conte, solicitou ao seu ministro das Finanças para analisar a situação para que a Alemanha possa fazer parte desta potencial operação de emissão de dívida de vários países do euro. E remeteu o tema para a “reunião dos ministros das finanças”, ou seja, o Eurogrupo.
É a primeira vez que a chanceler admite esta dívida comum, que implicaria custos de financiamento mais baixos para muitos países do euro. É que havendo dívida alemã, mas também francesa, neste “bolo” — as duas maiores potências da região –, o apetite por estes títulos seria elevado num contexto de juros em mínimos históricos, fazendo baixar as taxas exigidas pelos investidores nos mercados internacionais.
A abertura da Alemanha surge numa altura em que vários países do euro, como Itália, Espanha e Portugal, veem os juros da sua dívida agravar-se nos mercados. Sendo países com elevados níveis de endividamento, a perspetiva de um forte impacto do vírus nas suas economias faz aumentar a desconfiança dos investidores, levando-os a exigirem taxas mais elevadas para os financiarem. A taxa de Portugal a 10 anos está já acima de 1%.
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