Coronavírus já levou a “despedimentos” em Portugal

  • ECO
  • 18 Março 2020

Nos setores da hotelaria e da restauração registam-se vários casos de pessoas que perderam o emprego, já que devido à pandemia o movimento é muito inferior ao esperado.

Cerca de duas semanas depois de a pandemia do novo coronavírus ter chegado a Portugal, começam a registar-se casos de trabalhadores independentes ou com vínculos precários que perdem o emprego, avança a Renascença (acesso livre). É nos setores da hotelaria e da restauração, que esperavam um maior fluxo durante o período da Páscoa, que a situação mais se verifica.

Ainda não há dados oficiais, mas a CGTP e os Precários Inflexíveis sinalizam vários casos, nomeadamente com trabalhadores independentes ou com contratos a tempo. Com a falta de turistas e de atividade durante esta altura, há casos de pessoas no setor que são dispensadas durante o período experimental.

O dirigente dos Precários Inflexíveis, Daniel Carapau, sinaliza que os “despedimentos” estão também a afetar bolseiros e trabalhadores independentes que trabalham em “outsourcing. Haverá também casos de amas contratadas pelas IPSS que, perante a falta de crianças nas instituições, estão a ser dispensadas.

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BCP cai mais de 3% e pressiona Lisboa. Apesar dos estímulos, bolsas europeias desvalorizam

As praças europeias arrancaram a sessão desta quarta-feira no vermelho e Lisboa não foi exceção. O PSI-20 desvaloriza quase 2%, com o BCP e a energia a pressionarem.

Apesar dos estímulos anunciados pelos vários bancos centrais e pelos governos para combater os efeitos económicos da pandemia de coronavírus, as praças do Velho Continente estão a desvalorizar, esta quarta-feira. Lisboa arrancou a terceira sessão da semana a recuar quase 2%, com o BCP a pressionar. Os títulos do banco liderado por Miguel Maya já caem mais 3%. As cotadas do setor da energia também estão a pesar sobre a praça nacional.

O índice de referência nacional, o PSI-20, desvaloriza 1,64% para 3.772 pontos, seguindo a tendência de perdas registadas nas demais bolsas europeias. O Stoxx 600 arrancou a cair 1,4%, o francês CAC 40 a recuar 1,6%, o espanhol Ibex a descer 2,3% e o alemão DAX a recuar 3,7%.

Estes desempenhos estão a ser registados apesar dos pacotes de estímulos que têm sido anunciados pelos vários bancos centrais e governos, face à pandemia de coronavírus e aos seus efeitos na economia mundial. O Banco Central Europeu (BCE) anunciou menos juros, mais compra de ativos e menos requisitos para a banca, caminho que foi replicado pela Reserva Federal norte-americana, que no domingo anunciou um novo corte surpresa dos juros.

Por cá, na sessão desta quarta-feira, destaque para o BCP, cujas ações desvalorizam 3,14% para 0,1017 euros, pressionando a bolsa lisboeta. Também abaixo da linha de água estão as cotadas do setor da energia: os títulos da EDP caem 2,4% para 3,533 euros, os da EDP Renováveis recuam 3,05% para 9,85 euros e os da Galp Energia afundam 3,47% para 8,522 euros.

As maiores perdas estão, contudo, a ser protagonizadas pela Pharol, cujas ações caem 4,45% para 0,0644 euros. Destaque ainda para as papeleiras: os títulos da Altri recuam 2,81% para 3,114 euros, os da Semapa perdem 3,11% para 7,8 euros e os da Navigator desvalorizam 1,36% para 2,03 euros.

Do outro lado da linha de água e a travar maiores perdas na praça lisboeta, está a Jerónimo Martins, cujas ações somam 5,07% para 16,255 euros. E depois de ter anunciado um resultado líquido de 29,2 milhões de euros, os CTT estão a ver as suas ações subirem 1,94% para 2,1 euros.

(Notícia atualizada às 08h35)

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Hoje nas notícias: prestação da casa, emprego e AdC

  • ECO
  • 18 Março 2020

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

O Governo está a estudar, em conjunto com os bancos e com o Banco de Portugal, um mecanismo que isentará os portugueses do pagamento da prestação da casa, face à pandemia de coronavírus. Esse surto já está, por outro lado, a provocar cortes nos postos de trabalho e a levar milhares de emigrantes a quererem regressar a Portugal. A AdC deixará de receber o dinheiro das coimas e a Mota-Engil juntou-se ao chineses para um megaprojeto no México.

Suspensão do pagamento das prestações do crédito à habitação à vista?

O Executivo de António Costa deverá aprovar, um mecanismo que irá isentar os portugueses do pagamento da prestação da casa. Governo, bancos e Banco de Portugal estão a estudar um mecanismo que permitirá isentar as famílias que sofreram quebras de rendimento significativas face à pandemia de coronavírus. Tal pode passar por uma isenção completa de juros e capital, que depois será compensada pelo alargamento da maturidade do empréstimo. Por exemplo, se a isenção durar nove meses, o crédito seria estendido em nove meses para além do prazo inicial. Leia a notícia completa no Correia da Manhã (acesso pago).

 

Coronavírus já está a causar “despedimentos” em Portugal

Pouco mais de duas semanas depois dos primeiros casos de coronavírus terem sido registados em Portugal, a pandemia já começou a ter impacto no emprego. Os trabalhadores com vínculos precários e os trabalhadores independentes estão a ser os primeiros alvos dos cortes nos postos de trabalho, denunciam a CGTP e os Precários Flexíveis. A central sindical liderada por Isabel Camarinha não tem números oficiais, mas adianta que na hotelaria e na restauração há vários exemplos de pessoal que tinha sido contratado para fazer ao aumento da procura tradicional na Páscoa, mas que está agora a ser dispensado, durante o período experimental, face ao impacto do surto de Covid-19 no setor do turismo. Leia a notícia completa na Rádio Renascença (acesso livre).

AdC vai deixar de receber dinheiro das coimas

Até agora, o valor das coimas aplicadas pela Autoridade da Concorrência (AdC) era distribuído em 60% para o Estado e 40% para a entidade liderada por Margarida Matos Rosa, mas tal irá mudar a curto prazo. É que vai entrar em vigor, brevemente, uma diretiva europeia, que pretende reforçar a “independência funcional das autoridades administrativas nacionais da concorrência” face a “intervenções externas ou pressões políticas”, estipulando que as coimas em causa não poderão ser utilizadas para o próprio financiamento da AdC. A instituição de Matos Rosa pretende mesmo que tal regra se aplique a todas as coimas por infração ao regime jurídico da concorrência. Leia a notícia completa no Público (acesso condicionado).

Milhares de emigrantes em fuga para Portugal

Milhares de portugueses que estavam a viver no estrangeiro estão a regressar a Portugal face à pandemia de coronavírus. A falta de trabalho e o pânico resultantes do surto em causa estão entre as razões desse regresso. O coronavírus já provocou quase oito mil mortes em todo o mundo e infetou mais de 190 mil pessoas. Em Portugal, os primeiros casos foram registados a 2 de março, tendo esse número subido entretanto para 448, de acordo com os dados mais recentes da Direção-Geral de Saúde (DGS). Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (link indisponível).

 

Mota-Engil junta-se a chineses para megaprojeto no México

A portuguesa Mota-Engil está a liderar um consórcio com a chinesa CCC para concorrer a um dos maiores projetos ferroviários da atualidade. Em causa está o comboio turístico no México, que passará por cinco estados, com 1.500 quilómetros de linha e um investimento de cerca de 7,7 mil milhões de euros. Segundo adiantaram os responsáveis da Mota-Engil, cada lote envolverá 500 a 800 milhões de investimento. Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (link indisponível).

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Vírus custa mais de mil carros por dia às fábricas nacionais

Praticamente de um dia para o outro, Autoeuropa e PSA Mangualde, mas também a Renault Cacia e Toyota Caetano, fecharam portas por causa do vírus. Perde-se a produção de mais de mil automóveis por dia.

Depois do recorde no passado, a produção de automóveis arrancou o novo ano em quebra. Encolheu com o abrandamento da procura, fruto da desaceleração da economia mundial, mas agora vai travar a fundo. Com o Covid-19 a parar a maioria dos países europeus, Portugal incluído, as fábricas nacionais vão desligar os motores das linhas de produção. Uma decisão que irá certamente contagiar a economia.

Portugal produziu, em 2019, 345.688 veículos automóveis. Foi o melhor ano na história da indústria automóvel nacional, permitindo ao país entrar na primeira liga do setor. Conquistou o direito a entrar no estrito clube dos “países produtores de automóveis”, mas 2020 não está a correr bem. Primeiro foi o abrandamento da economia, levando a produção a recuar, nos primeiros dois meses, em 4,3% — para 60.108 unidades. Agora, no mês que fecha o trimestre, veio o verdadeiro travão.

Praticamente de um dia para o outro, Autoeuropa e PSA Mangualde, mas também a Renault Cacia e a Toyota Caetano, fecharam portas para se protegerem dos riscos do coronavírus. Só com a fábrica do Grupo Volkswagen perdem-se 890 automóveis por dia. A estas juntam-se mais cerca de 270 veículos produzidos diariamente na fábrica da Peugeot, Citröen e Opel, em Mangualde, isto além dos veículos da Toyota e dos componentes da unidade de Cacia.

Todas estas unidades, que contam com milhares de trabalhadores, suspenderam a produção, efetivando-se o desligar das máquinas, na maioria dos casos, esta quarta-feira, 18 de março. E a paragem vai durar. Para já, avançam as várias unidades, deixam de produzir até ao final deste mês, mas o retomar da produção poderá ficar em risco, isto caso se confirmem as expectativas para a evolução do surto que já infetou mais de quatro centenas de portugueses.

Motores tiram força à economia

Este travão à produção é particularmente negativo num contexto em que a atividade económica em praticamente todo o país está a desligar-se, com cada vez mais negócios fechados e famílias em confinamento. E é-o por causa do crescente peso que o setor automóvel tem assumido na economia portuguesa.

Com a produção a disparar nos últimos anos, muito em resultado do sucesso do T-Roc, produzido na Autoeuropa, esta indústria tem ajudado a puxar pelo PIB, colocando-o a cima da média da Zona Euro. “97,3% dos veículos fabricados em Portugal [em 2019] têm como destino o mercado externo, o que, sublinhe-se, contribui de forma significativa para a balança comercial portuguesa”, salientou, recentemente, a ACAP.

A crescente produção de automóveis, e consequente exportação destes, levou mesmo a que no ano passado, a Autoeuropa tivesse passado a ser a maior exportadora do país, destronando a Petrogal, que liderava o ranking há dez anos.

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Bancos vão permitir adiamento nas prestações de crédito

  • ECO
  • 18 Março 2020

O mecanismo está a ser discutido entre o Governo, a banca e reguladores. Pode passar por uma moratória nos créditos.

O Governo está a discutir com a banca e reguladores um mecanismo para permitir o não pagamento das prestações de crédito para famílias e empresas que sofrerem quebras no rendimento devido à pandemia do novo coronavírus, avança o Correio da Manhã (acesso pago), o Jornal de Negócios (acesso pago) e o Jornal Económico (acesso pago).

A medida ainda está em estudo, mas deverá recair sobre uma moratória no pagamento de empréstimos à habitação, como aconteceu em Espanha. As negociações envolvem o Ministério das Finanças, o Banco de Portugal, a Associação Portuguesa de Bancos (APB) e alguns bancos comerciais, nomeadamente a CGD e o BCP, sendo que a intenção já terá sido comunicada aos parceiros sociais.

Ainda não estão definidos todos os detalhes, mas o mecanismo poderá passar por uma isenção completa de juros e capital, que depois será compensada pelo alargamento da maturidade do empréstimo. A banca quer garantir que os empréstimos não sejam considerados NPL (em risco de incumprimento).

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5 coisas que vão marcar o dia

No dia em que o Conselho de Estado vai reunir para avaliar a necessidade do estado de emergência, o Governo vai anunciar um pacote de medidas económicas para combater o impacto do coronavírus.

Tal como tem acontecido até agora, esta quarta-feira vai ser marcada pelo coronavírus, que continua a infetar cada vez mais pessoas em todo o mundo. Em Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa reúne o Conselho de Estado para avaliar se decreta o estado de emergência, numa altura em que já se somam quase 500 infetados a nível nacional. Ainda esta quarta-feira, o Governo vai anunciar medidas para empresas e famílias, de forma a mitigar o impacto do vírus na economia.

Estado de emergência? Marcelo reúne Conselho de Estado

Com o coronavírus a infetar cada vez mais portugueses, Marcelo Rebelo de Sousa vai reunir o Conselho de Estado por forma a analisar a possibilidade de decretar o estado de emergência. Portugal está em estado de alerta — estando Ovar em estado de calamidade devido ao aumento exponencial de casos –, mas poderá passar para o de emergência, tendo este de ser decretado pelo Presidente da República. Marcelo fará uma comunicação ao país às 15h00.

Governo apresenta medidas contra coronavírus

Estava previsto para esta terça-feira, mas tendo em conta o Conselho Europeu Extraordinário, foi adiado para esta quarta-feira o anúncio de um pacote de medidas que visam dar resposta às necessidades tanto das empresas como das famílias neste contexto de pandemia. Caberá aos ministros da Economia e das Finanças o anúncio das medidas que, nas palavras de António Costa, se traduzirão num “grande pacote de medidas de sustentação ao emprego”.

INE publica Síntese Económica de Conjuntura e dados sobre produção industrial

O Instituto Nacional de Estatística (INE) vai publicar esta quarta-feira a Síntese Económica de Conjuntura em fevereiro, que permitir avaliar o estado atual da economia e prever a sua evolução a curto prazo. Assim, serão divulgados dados sobre a produção, a procura, o emprego e os preços na União Europeia, Estados Unidos e Japão. Além disso, o INE vai ainda publicar dados sobre os preços na produção industrial.

Portugal vai ao mercado para se financiar até 1.500 milhões

Com os mercados em grande sobressalto, a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP realiza um leilão de duas linhas de bilhetes do Tesouro esta quarta-feira para se financiar entre 1.250 milhões e 1.500 milhões de euros. A agência que faz a gestão da dívida pública vai emitir títulos de dívida a seis e 12 meses.

Eurostat divulga inflação de fevereiro

O Eurostat publica esta quarta-feira os dados relativos à inflação no mês de fevereiro. Recorde-se que, em janeiro, a taxa de inflação na Zona Euro desceu para 1,4% em janeiro, representando a taxa mais baixa desde abril do ano passado. Por sua vez, em Portugal, este indicador subiu de 0,4% para 0,8%, com o país a ter a taxa mais baixa de toda a União Europeia.

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📹 O que é o estado de emergência? Perguntou ao Google, nós respondemos

Marcelo Rebelo de Sousa convocou o Conselho de Estado para discutir a possibilidade de declarar estado de emergência nacional. Em que consiste e como funciona? Veja o vídeo.

O Conselho de Estado reúne-se esta quarta-feira para discutir a possibilidade de declarar estado de emergência nacional por causa da pandemia. Atualmente, o país está em estado de alerta, procurando assim conter a propagação do vírus.

Depois de consultar o Conselho de Estado, caberá ao Presidente da República tomar a decisão de elevar o estado do país para um nível que limitará os direitos dos cidadãos.

Mas, afinal, em que consiste o estado de emergência? E como pode modificar a vida dos portugueses? Veja o vídeo.

http://videos.sapo.pt/oGFoGs48Mwv8K8yDY2yo

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OutSystems cria comunidade para apoiar criação de 20 apps de combate ao Covid-19

Unicórnio com ADN português criou plataforma para ajudar 20 projetos a desenvolverem as suas apps de combate ao coronavírus utilizando tecnologia OutSystems.

O unicórnio OutSystems acaba de lançar uma comunidade dedicada à criação de 20 aplicações de combate ao coronavírus, com a tecnologia da empresa. Em 24 horas, os membros da comunidade submeteram mais de uma centena de ideias.

“Estamos todos empenhados em ajudar a combater esta pandemia”, explica Paulo Rosado, CEO e fundador da OutSystems. “Fomos inspirados por pedidos e sugestões da nossa comunidade global de developers e pelos nossos colaboradores para ajudarmos na luta contra o coronavírus. Em todo mundo, as pessoas estão a pensar em formas de como os sistemas digitais podem ajudar a facilitar as adversidades causadas pelo Covid-19.”

Fomos inspirados por pedidos e sugestões da nossa comunidade global de developers e pelos nossos colaboradores para ajudarmos na luta contra o coronavírus.

Paulo Rosado

CEO e cofundador da OutSystems

Entre as ideias apresentadas, avança a empresa em comunicado, há desde soluções para a monitorização de material médico, um jogo de lavagem de mãos, uma forma de facilitar a entregas de alimentos, um calendário para o planeamento de voluntariado em farmácias ou chatbots para perguntas frequentes sobre o vírus.

O programa permite o acesso ao software low-code da empresa, que é líder nesse setor. Qualquer membro da comunidade OutSystems pode apresentar ideias que, posteriormente, serão votadas pela própria comunidade. Depois, os projetos serão avaliados por uma equipa da OutSystems e as 20 finalistas serão selecionadas para desenvolvimento e produção.

Para mais informações sobre a comunidade e o programa, podem visitar a página Covid-19 Community Response Program.

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Estado de alerta, calamidade ou emergência. O que prevê cada um?

Portugal está em estado de alerta. António Costa defende a situação de calamidade, mas Marcelo decide esta quarta-feira se decreta o estado de emergência. O que prevê cada uma desta situações?

O Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, durante uma audiência ao primeiro-ministro indigitado do XXII Governo Constitucional, António Costa, no Palácio de Belém, em Lisboa, 15 de outubro de 2019.

Portugal está em “estado de alerta” desde a passada sexta-feira, mas a rápida propagação do coronavírus no país vai obrigar a medidas mais dramáticas e restritivas do ponto de vista da liberdade da população para travar o surto. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, reúne com o conselho de Estado esta manhã para decidir se decreta ou não o “estado de emergência”. O primeiro-ministro tem dúvidas. Para António Costa, as pessoas já estão a recolher “responsável e voluntariamente” às suas casas e decretando o “estado de calamidade” — menos gravosa do que o estado de emergência — já seria ser possível impor restrições de forma generalizada. O que representa cada um?

Em entrevista à SIC, António Costa disse: “O estado de emergência é uma medida extraordinariamente grave e as pessoas não têm bem a consciência do que significa o estado de emergência. Para já, sinto que portugueses, responsável e voluntariamente, têm confinado os seus movimentos. Mesmo sem estado de emergência, no tal estado de calamidade é possível impor de uma forma mais generalizada essas restrições.

É fácil de perceber qual é o entendimento do primeiro-ministro. Mas António Costa também disse que, se Marcelo Rebelo de Sousa assim o entender, o Governo dará parecer positivo a uma declaração do estado de emergência, algo que não se verifica no país desde 1975.

Quais as implicações do estado de alerta?

O Governo anunciou na semana passada o “estado de alerta” por causa do coronavírus — já o tinha feito aquando da greve dos motoristas de matérias perigosas em agosto. Embora as implicações sejam sérias, são muito menos restritivas do que numa situação de estado de calamidade ou de emergência.

O estado de alerta significa que “os meios de proteção civil e as forças e serviços de segurança estão em prontidão” para restabelecer a ordem pública — foi por isso que vimos militares a conduzirem camiões no verão.

O Governo também fica com poderes alargados para fazer face a um “acidente grave e catástrofe”, sendo que todas as decisões e atos legislativos produzem efeitos imediatos.

Não há qualquer restrição na liberdade de circulação das pessoas — embora a recomendação das autoridades seja de evitar o contacto social, ficando em casa, procurando conter a propagação do vírus.

E o estado de calamidade?

Para mostrar as implicações que a “situação de calamidade” podem ter no país, vale a pena ver o que foi declarado esta terça-feira em relação ao concelho de Ovar, que regista 30 casos confirmados e 440 contactos em monitorização. “Estamos perante um elevado número de casos numa área geográfica restrita, e que pode indiciar uma transmissão comunitária ativa“, explicou a ministra da Saúde, Marta Temido, sobre as razões da decisão.

O que acontece em Ovar, acontecerá de uma forma geral a todo o país se também for decretado a situação de calamidade pelo Governo. “Significa essencialmente a criação de uma situação de cerca sanitária aplicável a todo o município e o estabelecimento de uma série de restrições à atividade económica e à circulação de pessoas dentro do município”, explicou o ministro da Administração Interna.

Os ovarenses só poderão sair à rua em situações de necessidade: para ir ao supermercado, à farmácia, ao banco ou abastecer o carro na bomba ou para ir para o trabalho. Toda a atividade económica é encerrada: restaurantes, oficinas, cabeleireiros, entre outros estabelecimentos comerciais. Apenas podem manter portas abertas padarias, supermercados, farmácias, bancos e postos de combustíveis.

Ninguém poderá entrar nem sair do município, salvo algumas exceções como profissionais de saúde, autoridades de segurança ou residentes a regressarem à sua residência habitual. “Para dar um exemplo, a linha do Norte que atravessa o município de Ovar continuará a operar, mas nas estações situadas nesse município não haverá entrada nem saída de passageiros“, disse Eduardo Cabrita.

A declaração da situação de calamidade é o que António Costa assume ser mais adequado para todo o país. Pode estabelecer a “fixação, por razões de segurança dos próprios ou das operações, de limites ou condicionamentos à circulação ou permanência de pessoas, outros seres vivos ou veículos“, a “fixação de cercas sanitárias e de segurança” ou a “racionalização da utilização dos serviços públicos de transportes, comunicações e abastecimento de água e energia, bem como do consumo de bens de primeira necessidade”, segundo a lei.

Do ponto de vista financeiro, também traz responsabilidade para o Estado, dado que a situação de calamidade deve prever “apoios destinados à reposição da normalidade das condições de vida”.

Terá de haver “legislação especial relativa a prestações sociais, incentivos à atividade económica e financiamento das autarquias locais estabelece as disposições aplicáveis à situação de calamidade, tendo em vista a reposição da normalidade das condições de vida nas áreas afetadas”.

E se Marcelo decretar o estado de emergência?

Está nas mãos do Presidente da República decretar o estado de emergência. António Costa já disse que o Governo dará parecer positivo se Marcelo assim decidir — após a reunião do Conselho de Estado — e, depois, caberá à Assembleia da República aprovar a proposta presidencial.

“É o Presidente que define em concreto, tendo em conta a ameaça, quais as liberdades, direitos e garantias serão suspensos, em que medida devem ser suspensos e a duração dessa suspensão”, expôs esta terça-feira o primeiro-ministro. A execução da declaração do estado de emergência compete ao Governo.

Como funciona o estado de emergência?

http://videos.sapo.pt/oGFoGs48Mwv8K8yDY2yo

Num “estado de emergência”, a lei prevê apenas os limites das medidas a ser implementadas, dando margem para a sua definição concreta. Mas sendo uma questão sobretudo sanitária e de ameaça à saúde pública, as medidas a adotar deverão ser sobretudo restritivas da mobilidade e liberdade dos cidadãos, podendo implicar a quarentena e isolamento forçados para todos.

De qualquer forma, a lei prevê que na declaração do estado de emergência apenas pode ser determinada a suspensão parcial do exercício de direitos, liberdades e garantias, prevendo-se, se necessário, o reforço dos poderes das autoridades administrativas civis e o apoio às mesmas por parte das Forças Armadas. Algo que nenhum outro estado (alerta ou calamidade) prevê.

Tudo vai depender do que decidir Marcelo. Mas as medidas não serão muito diferentes destas: os portugueses não poderão sair de casa; haverá algumas exceções para prever saídas absolutamente necessárias: compra de bens essenciais, ida ao banco; todos os estabelecimentos serão encerrados, excetuando supermercados, farmácias e bancos — um pouco como Espanha decretou no passado fim de semana. Quem não cumprir, incorre em crime de desobediência, determina a lei.

Este estado de emergência não se pode prolongar por mais de 15 dias, sem prejuízo de eventuais renovações, por um ou mais períodos, com igual limite. O Presidente da República tem de fixar a sua duração mencionando o dia e hora do seu início e da sua cessação. A declaração pode ser revogada se as circunstâncias assim determinarem.

De acordo com a sociedade SRS Advogados, aquando da declaração do estado de emergência, deverão ser determinadas medidas de apoio financeiro a empresas e trabalhadores.

Caso sejam implementadas medidas de quarentena e/ou isolamento obrigatórios, as empresas terão de recorrer obrigatoriamente ao teletrabalho para assegurarem a continuação da sua atividade profissional, uma vez que os trabalhadores não poderão deslocar-se para o seu local de trabalho”, diz a sociedade de advogados.

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Da luz ao gás, até às comunicações e banca. Empresas ajudam portugueses a superar o vírus

Perante o cenário de pandemia que está a parar o país, algumas empresas de serviços básicos decretaram medidas de "alívio" aos consumidores. Conheça as "borlas" anunciadas nos últimos dias.

O surto do coronavírus já está a dificultar a vida a muitas famílias, obrigando trabalhadores a ficarem em casa para cuidarem dos filhos ou prestarem assistência a doentes. Mas os impactos económicos da pandemia também ameaçam gerar disrupção no emprego e, consequentemente, nos rendimentos dos portugueses.

Perante este cenário, algumas empresas de serviços básicos decidiram implementar medidas para o alívio dos consumidores, como a oferta de serviços, flexibilidade nos pagamentos ou maior tolerância às dívidas. Conheça algumas dessas “borlas” que foram anunciadas pelas respetivas companhias nos últimos dias.

EDP, Endesa e Goldenergy

A EDP Comercial, fornecedora de energia da EDP no mercado liberalizado, tem vindo a comunicar aos clientes a possibilidade de flexibilizarem o prazo e modo de pagamento das faturas, “sempre que seja manifestada essa necessidade”. Ao mesmo tempo, a empresa anunciou que deixará de realizar cortes de luz a clientes com faturas por pagar.

“O caráter extraordinário da situação que vivemos exige um acompanhamento permanente da nossa empresa e estamos totalmente comprometidos com a necessidade de agir e decidir rápido”, reconheceu a empresa, que também reduziu o pessoal nas lojas e implementou acesso controlado às mesmas para travar a propagação do vírus.

Na mesma linha, a Endesa anunciou a suspensão de todos os cortes de luz e gás que estivessem programados por falta de pagamento desses clientes. A comercializadora de energia justificou a decisão com “as dificuldades que podem surgir nos próximos dias para o pagamento normal das faturas”.

Além desta medida, a comercializadora de luz e gás natural reforçou também a capacidade de resposta dos respetivos canais digitais. Uma medida que visa evitar as deslocações dos clientes às lojas de Lisboa e Porto.

No mesmo sentido, a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) decidiu fixar “condições excecionais” a este tipo de empresas, no sentido de travar os cortes do fornecimento de eletricidade, gás natural e de gases de petróleo liquefeito canalizado, possibilitando também o pagamento das faturas em frações.

Ainda neste setor, a Goldenergy, comercializadora de gás natural e eletricidade, decidiu “criar um fundo de 300 mil euros para ajudar” os clientes que venham os rendimentos afetados pela pandemia, sobretudo nesta altura em que, por estarem mais tempo em casa, terão “um consumo energético mais elevado”.

“Através deste fundo, a Goldenergy vai pagar um mês de gás e/ou eletricidade aos clientes que na presente situação extraordinária comprovem que estão a ser mais afetados pelas consequências económicas derivadas da pandemia Covid-19”, informou a empresa num comunicado. A medida tem algumas condições, mas os interessados podem ligar “para a linha telefónica gratuita 800 500 292”, a partir da qual serão dadas instruções.

EPAL e Águas do Porto

Da energia para a água, a Empresa Portuguesa de Águas Livres (EPAL), que é responsável pelo abastecimento da cidade de Lisboa, também decidiu suspender os cortes no fornecimento de água durante a atual pandemia, no caso dos clientes que não consigam pagar a fatura.

A EPAL recordou que dispõe de uma aplicação móvel e de um site onde os clientes podem “resolver qualquer questão relacionada com o serviço prestado” sem terem de sair de casa. Esta medida visa dar resposta às recomendações de isolamento social emitidas pelas autoridades portuguesas de saúde.

Rumo ao norte do país, e à semelhança da EPAL, a Águas do Porto decidiu alargar o prazo de pagamentos e suspender todas as ações coercivas nesta fase da pandemia.

Meo, Nos e Vodafone

Numa decisão inédita, as três maiores operadoras de telecomunicações uniram-se para oferecerem 10 GB de dados móveis a todos os clientes que os solicitem. Os clientes podem solicitar esta oferta até dia 31 de março, sendo que o tráfego adicional manter-se-á em vigor por um período de 30 dias contínuos a partir da data de subscrição.

Desta forma, Meo, Nos e Vodafone pretendem “facilitar o cumprimento pelos cidadãos das medidas de prevenção e controlo de infeção pelo Covid-19, dando resposta às necessidades acrescidas de comunicação por se encontrarem em casa em regime de teletrabalho, de prevenção ou de assistência a familiares”, justificaram, num comunicado conjunto.

Mas há mais: as três empresas também tomaram a decisão de, juntamente com a Sport TV, Benfica TV e Eleven Sports, não cobrarem a mensalidade a novos e a atuais clientes destes canais desportivos premium. Esta medida mantém-se durante o período excecional de suspensão da maioria das competições desportivas, que costumam ser emitidas por estas estações.

EMEL, Empark e Eporto

A EMEL, que gere o estacionamento em Lisboa, anunciou que vai deixar de cobrar parquímetros durante a semana e todo o dia durante os fins de semana e feriados, uma medida temporária que estará em vigor até 9 de abril. Se o surto continuar a evoluir desfavoravelmente, a empresa municipal admite prolongar a medida, ou cancelá-la caso surjam notícias mais positivas.

Ao mesmo tempo, a Empark alargou ao dia inteiro a validade das avenças noturnas dos 1.500 residentes que as têm na capital. Até aqui, estas vigoravam apenas das 18h às 9h durante a semana, mas passam a funcionar durante todo o dia útil, fins de semana e feriados. A ideia é agilizar a mobilidade das pessoas neste período de dificuldades.

“Há famílias e trabalhadores em quarentena voluntária que preferem sempre recorrer ao uso do seu próprio transporte e evitar riscos de contágio. Entendemos que esta medida é muito positiva no sentido de facilitar a vida dos residentes de Lisboa que se encontram nesta fase a trabalhar desde casa”, explicou Paulo Nabais, diretor-geral da Empark.

No caso da cidade do Porto, o presidente da Câmara Municipal desta autarquia, Rui Moreira, já tinha anunciado na semana passada o fim das tarifas de estacionamento à superfície. Este estacionamento é gerido pela Eporto, participada da Empark.

Carris e Metro do Porto

Depois da Carris, em Lisboa, ter suspendido a venda de tarifas de bordo “por tempo indeterminado”, passando “as validações por parte dos passageiros a serem facultativas”, o metropolitano do Porto optou também por deixar de cobrar as viagens a partir desta quarta-feira. A decisão passa por deixar de exigir a validação e o carregamento dos títulos Andante.

“A partir de 18 de março, todas as máquinas de venda de títulos e todos os validadores da rede do Metro do Porto estão desligados”, escreveu a empresa no Facebook. “O carregamento e a validação do Andante deixa de ser necessário e obrigatório”, acrescentou, apontando que esta medida ficará em vigor “até indicação em contrário”.

Novo Banco e BBVA

A pandemia do coronavírus também está a suscitar medidas excecionais no setor bancário. O Novo Banco foi um dos primeiros a avançar com alívios nas comissões, comunicando aos clientes, na última sexta-feira, que “um conjunto de transações essenciais” através da internet “ficarão, temporariamente, isentas de comissões”.

Entre esses serviços estão as transferências interbancárias, os pagamentos de serviços, o cash-advance e as transferências MB Way. O banco também isentou os clientes da primeira anuidade nos novos cartões de débito e pré-pago ou substituições.

O BBVA também se juntou à onda. No sentido de apelar “ao uso de canais digitais”, o banco decidiu que “não vai cobrar comissões a partir de 17 de março”, enquanto “vivermos este cenário pandémico”, explicou. A isenção abrange clientes particulares e empresas.

O BCP, por seu lado, decidiu apoiar as empresas. O banco decidiu eliminar a comissão mínima aplicada nas transações realizadas em terminal de pagamento automático (TPA) através da Rede Multibanco, uma medida que durar por três meses.

(Notícia atualizada às 11h13 com mais informação)

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Procura de papel higiénico dispara. Renova aumenta produção e deixa de produzir papel higiénico preto

Numa altura de pandemia global, o ECO foi bater à porta dos gestores que estão em teletrabalho em casa para uma conversa por telefone ou videochamada. O presidente da Renova foi o primeiro.

O presidente executivo da Renova está de quarentena, mas isso não o impede de gerir as várias fábricas de produção de papel higiénico, o produto do momento. Paulo Pereira da Silva é um dos muitos portugueses que está a trabalhar a partir de casa e o primeiro a ser entrevistado na nova rubrica diária do ECO chamada Gestores em teletrabalho.

O contacto com uma pessoa infetada com Covid-19 forçou-o a ficar fechado em casa em isolamento profilático. “Mas já só falta um dia para cumprir a quarenta de 14 dias“, conta ao ECO com satisfação. Sem exibir quaisquer sintomas, o responsável gosta de pensar que está a dar o exemplo, já que muita gente na empresa está a trabalhar a partir de casa. Os telefones e os computadores tornam tudo possível, garante.

Mas a peça fundamental são mesmo as centenas de colaboradores que asseguram o “funcionamento das fábricas 24 horas por dia, sete dias por semana”, com a máxima eficiência possível. “Foi preciso fazer algumas adaptações”, reconhece Paulo Pereira da Silva, seja para proteger os trabalhadores, seja para responder à procura desenfreado pelo produto.

“Ainda se vão escrever teses sobre isto”, diz. “Isto” é o fenómeno mundial de procura de papel higiénico. Não foi apenas em Portugal que a chegada do surto do coronavírus foi acompanhada de um esvaziar nas prateleiras dos supermercados. Nos Estados Unidos e Canadá, a venda de pacotes é limitada por pessoa, no Reino Unido o produto chegou a esgotar, tal como na China, Hong Kong e Austrália. No país dos coalas, os supermercados contrataram seguranças para vigiar os clientes.

Mas se de início as brincadeiras até eram bem recebidas, “agora já não”, admite Paulo Pereira da Silva. “Ter humor é bom, mas já não acho muita graça tendo em conta todo o nosso trabalho nas diferentes fábricas”, conta. Para responder a tanta procura foi necessário, por exemplo, deixar cair um dos produtos icónicos da marca — o papel higiénico preto. “Não estamos a fazer papel higiénico preto. Não nos vamos pôr a fazer um produto híper sofisticado onde até podemos ter uma margem enorme. Não faz sentido”, sublinha o empresário formado em Física. “Temos a linhas a trabalhar com a maior capacidade possível e estamos focados em produtos de enorme produtividade, que vão ao encontro das carências do mercado”, acrescenta.

Mas para responder à procura voraz do mercado foi também necessário desenvolver “um grande trabalho com os clientes” e “otimizar as cadeias de logística”, em todos os países em que a marca está presente, mas sobretudo em Portugal, Espanha e França. Podem sair mais camiões das fábricas, mas o facto de as paletes irem todas carregadas com o mesmo produto também ajuda. “Tem havido um enorme contacto com os nossos fornecedores e toda a cadeia de logística para simplificar as coisas e os transportes serem mais eficazes”.

Ciente de que nada era possível sem as equipas que diariamente asseguram que toda a máquina permanece oleada — nas fábricas, nos escritórios, nos centros de logística ou nas lojas —, Paulo Pereira da Silva até recorreu às redes sociais para agradecer o esforço de todos.

Nas fábricas o segredo foi tomar medidas de prevenção desde cedo, assim que se percebeu que Portugal não iria escapar incólume. Há cerca de um mês que foram proibidas as visitas às fábricas, assim como as viagens ao estrangeiro, ou as visitas de técnicos estrangeiros e partes das equipas estão a funcionar em teletrabalho. Para além das recomendações que a Direção Geral de Saúde direcionadas às empresas, que passam pelos avisos para a lavagem frequente das mãos, o uso de álcool gel, foi necessário adaptar a cantina, entre outras mudanças, para diminuir o contacto social e, consequentemente, os riscos.

Mas além das mudanças na sua equipa, Paulo Pereira da Silva antecipa fortes mudanças na sociedade, decorrentes desta “experiência diferente”. O surto da epidemia que já escalou a pandemia, e que “não tem fronteiras”, “vai ter um impacto brutal na economia e, provavelmente, na vida das pessoas”, antecipa o gestor. Qual a profundidade dessa mudança? “Ainda é muito cedo para avaliar”. Mas será “um fenómeno global que vai ser tão importante para esta geração como foi a Segunda Guerra Mundial para os nossos pais e avós”.

“Estas coisas precisam de uma grande união a nível internacional e não de gente a pensar que uma pessoa sozinha pode resolver alguma coisa. Gostaria que algumas entidades supra nacionais pudessem ajudar a gerir as coisas do ponto de vista técnico, como há um banco europeu, mas para assuntos ligados à saúde e ao bem-estar”, sugere.

Numa nota mais positiva, o físico, empresário e inventor espera que depois desta crise, as pessoas passem a “dar mais importância à família” e às coisas que são verdadeiramente importantes. “A verdade é que nunca falei com tanta gente e com tantos amigos como agora. Pode ser que a mudança seja nesse sentido…”

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China anuncia vacina para o Covid-19. Está preparada para avançar com testes em humanos

Ministério da Defesa chinês diz que está preparado para começar a fazer testes clínicos seguros em humanos, embora não indique quando vai arrancar com os mesmos.

A China anunciou que já tem uma vacina para o novo coronavírus. Diz que está preparada para começar a fazer testes clínicos seguros em humanos, estando já a recrutar pessoas saudáveis para o efeito.

De acordo com a EFE, que o Ministério da Defesa chinês anunciou que aprovou os ensaios clínicos em humanos de uma vacina contra o Covid-19 que foi desenvolvida pela Academia Militar de Ciências da China. Esta vacina foi desenvolvida pela equipa de investigação liderada por Chen Wei, desta academia.

Esta vacina foi, segundo o especialista chinês, desenvolvida “de acordo com as normas internacionais e a regulação local”, estando a China preparada para a produção “em larga escala” de forma “segura e eficaz”.

O país está já a “recrutar” pessoas que queiram participar nos testes em humanos. Procura 108 pessoas saudáveis para testes que vão arrancar em abril, isto numa altura em que os novos casos de Covid-19 na China começam a encolher. Os testes vão ser realizados até 31 de dezembro, segundo informação da Academia Militar de Ciências Médicas, citada pela Reuters.

O novo coronavírus matou pelo menos 7.813 pessoas em todo o mundo desde seu surgimento em dezembro passado, segundo um relatório compilado esta terça-feira, até às 17h00, pela agência noticiosa AFP através de fontes oficiais. De acordo com os dados, mais de 189.680 casos de infeção foram comunicados em 146 países. Depois da China, Itália é o país mais fustigado pela pandemia.

Na Europa, a Comissão Europeia anunciou um apoio de até 80 milhões de euros ao laboratório alemão que está a trabalhar numa potencial vacina para o novo coronavírus, isto depois de uma alegada oferta da administração norte-americana ao dono da CureVac. A perspetiva de Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, é a de que esta vacina esteja no mercado até ao outono.

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