Jerónimo Martins corta dividendos em 40%. Admite compensar acionistas se crise passar
A Jerónimo Martins reviu em baixa a proposta de remuneração acionista. "Para já", propõe distribuir 30% dos lucros, em vez da metade previamente anunciada. O valor passa para 20,7 cêntimos por ação.
A administração da Jerónimo Martins decidiu rever em baixa a proposta de distribuição de dividendos aos acionistas, relativos aos lucros de 2019. A empresa tenciona pagar 130,1 milhões de euros, sendo que esta nova proposta representa um corte de 40% (ou menos 86,7 milhões de euros) face à anterior remuneração acionista prevista de 216,8 milhões de euros.
“Para já”, segundo o grupo, a proposta corresponde ao pagamento de um dividendo bruto de 20,7 cêntimos por cada título, em vez dos 35 cêntimos propostos antes da pandemia. O valor representa payout de 30% dos lucros que contrasta com os 50% anteriores, de acordo com informação presente no relatório de contas da empresa referente ao primeiro trimestre, enviado esta quarta-feira à CMVM.
“Dado o atual contexto mundial e a elevada incerteza prevalecente, o Conselho de Administração decidiu propor na Assembleia Geral, a realizar a 25 de junho, a distribuição, para já, de dividendos no montante de 130,1 milhões de euros, revendo a distribuição de 216,8 milhões de euros anunciada a 20 de fevereiro de 2020. Esta distribuição corresponde a um dividendo bruto de 0,207 euros por ação”, avançou a empresa.
Como avançou o ECO em meados de abril, o grupo retalhista estava a decidir o que fazer aos dividendos dado o atual contexto de recessão no horizonte, provocada pelo choque económico da pandemia. “Ainda estamos a discutir entre nós”, tinha dito aos jornalistas Pedro Soares dos Santos, presidente executivo da Jerónimo Martins, depois de uma reunião com o Presidente da República, nessa altura.
"Neste momento, existe ainda uma visibilidade muito reduzida sobre a escala e a profundidade que os efeitos desta pandemia poderão assumir.”
Grupo admite compensar acionistas se crise passar
Numa altura em que o país tenta uma reabertura gradual da economia, todas as atenções estão postas sobre a possibilidade de uma segunda vaga da pandemia. Uma hipótese que tem levado a uma maior cautela da parte das gestões de algumas empresas.
No caso da Jerónimo Martins não é diferente. A empresa retém agora este valor, para reforçar as reservas em plena pandemia, mas não exclui pagar o payout total dos 50% inicialmente propostos, caso se verifique um alívio da situação e uma recuperação.
“O Conselho de Administração não exclui a possibilidade de vir a propor, com base nas reservas livres da sociedade, a distribuição, até ao final do ano, do valor da diferença para o payout de 50% inicialmente previsto, se a evolução da situação epidemiológica e os seus impactos o permitirem”, indica também a empresa.
Segundo a informação divulgada esta quarta-feira, os lucros da dona do Pingo Doce caíram 43,8% no trimestre, para 35 milhões de euros. “Os primeiros impactos da crise sanitária mundial começaram a fazer-se sentir — ainda que com intensidades diferentes consoante o estádio de evolução da situação epidemiológica e cada país”, reconhece Pedro Soares dos Santos numa mensagem aos acionistas.
“Neste momento, existe ainda uma visibilidade muito reduzida sobre a escala e a profundidade que os efeitos desta pandemia poderão assumir. Num contexto que é de elevada incerteza, garantiremos todo o apoio às nossas pessoas”, remata o gestor português.
(Notícia atualizada pela última vez às 18h14)
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