Moratórias permitem às famílias “poupar” mais de 50 milhões por mês

Face às mais de 240 mil famílias que já aderiram à moratória no crédito da casa, a "poupança" global conseguida em prestações ascenderá a mais de 50 milhões de euros por mês.

A moratória no crédito veio libertar muitas famílias portuguesas a braços com dificuldades financeiras resultantes da pandemia do “pesado fardo” da prestação da casa. Desde que foi lançado pelo Governo no final de março, a “poupança” global permitida por este regime ascenderá a mais de 50 milhões de euros por mês, segundo cálculos do ECO.

Para chegar a este valor, foi considerado o número total de famílias que já pediram moratória, bem como o valor da prestação média associada à globalidade dos contratos de crédito à habitação existentes em Portugal.

Os dados disponibilizados pelo Banco de Portugal indicam que, até ao final de abril, 241.142 agregados já tinham aderido às moratórias pública e privada do crédito da casa, esta última da iniciativa da Associação Portuguesa de Bancos (APB). Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), a prestação média do crédito da casa em Portugal ascendia a 249 euros, em março, 237 euros em abril, e 227 euros, em maio.

Multiplicando cada um destes valores da prestação média pelo número de moratórias já disponibilizadas, significa poupanças globais de 60 milhões, em março, 57 milhões, em abril, e 54 milhões, em maio, respetivamente.

Não sendo um valor exato, mas sim uma aproximação, estes valores permitem ter uma medida do impacto que a moratória do crédito está a ter no contexto atual e da dimensão do “balão de oxigénio” que permite a muitas famílias a braços com orçamentos mais curtos em resultado de perdas de rendimento ou de situações de desemprego devido ao novo coronavírus.

Outro aspeto que também não deve ser ignorado desta análise é o facto de esta não ser uma “borla”, já que as famílias terão de devolver aos bancos os montantes das prestações suspensas, findo o prazo da moratória, que entretanto foi alargado do final de setembro para o fim de março do próximo ano.

E essa devolução pode vir a ter de ser paga com um bónus extra para os bancos. Tal acontecerá no caso das moratórias que prevejam o não pagamento dos juros e a respetiva capitalização no total do montante ainda em dívida do crédito. Para esses casos, quando retomado o pagamento do crédito da casa em abril do próximo ano, o valor da prestação vem acrescido de um aumento de 1,2% face ao que se passava antes da pandemia.

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Dívida para recuperação da UE deverá ter juro próximo de 0%

Estados-membros ainda têm de concordar no plano de fundo de recuperação, o que irá determinar o rating conseguido. Mas têm, para isso, de ultrapassar a oposição dos frugais.

“Pela primeira vez rompe-se o mito de que não é possível a União Europeia endividar-se de forma coletiva. E isso é um passo extraordinário”. Foi assim que o primeiro-ministro António Costa se referiu à emissão de dívida conjunta que poderá ser levada a cabo pela União Europeia para financiar a recuperação da crise pandémica. A parecença às polémicas eurobonds já fez torcer vários narizes e nada está garantido, mas — se avançar — esta dívida deverá ter custos próximos de 0%.

O Conselho Europeu reúne-se esta sexta-feira em videoconferência para discutir a proposta de fundo de recuperação. Em cima da mesa estão 750 mil milhões de euros, dos quais 500 mil milhões de euros a atribuir através de subvenções (ou seja, a fundo perdido) e 250 mil milhões de euros através de empréstimos.

Caso o plano seja aceite, a ideia é ir aos mercados financeiros buscar dinheiro para a bazuca. “Estas obrigações serão emitidas pela própria União Europeia. É suposto que venham a ser reembolsadas com dinheiro do Orçamento da UE. Ou seja, vão ter as futuras contribuições dos Estados-membros como colateral implícito“, explica Eric Dor, diretor de estudos económicos da IESEG School of Management da Université Catholique de Lille.

"Estas obrigações serão emitidas pela própria União Europeia. É suposto que venham a ser reembolsadas com dinheiro do Orçamento da UE. Ou seja, vão ter as futuras contribuições dos Estados-membros como colateral implícito.”

Eric Dor

Diretor de estudos económicos da IESEG School of Management da Université Catholique de Lille

Nessa emissão, “a yield que os investidores vão pedir irá depender da confiança na capacidade da UE de receber dinheiro suficiente desses países”, segundo Dor. Essa perceção será avaliada pelas agências de rating, sendo que “como estas obrigações vão ser garantidas por todos os Estados-membros, deverão ter um rating elevado“, diz Carsten Brzeski, economista-chefe do ING.

Rating vai depender do quadro institucional

A União Europeia tem um rating AAA pelas principais agências de notação financeira, mas é difícil de comparar esta operação com outras emissões já realizadas pela instituição pois os montantes não se comparam aos 750 mil milhões de euros (a reembolsas entre 2028 e 2058) em causa. Assim, os analistas não dão como garantido que o rating se mantenha.

Brzeski antecipa que a taxa de juro fique “ligeiramente acima da Alemanha ou Holanda”, referindo-se a dois países que têm yields da dívida benchmark abaixo de zero. “Já existe dívida da UE, mas não se pode dizer que é uma base comparável. Diria que a dívida toda da UE a 30 anos seria um benchmark possível para quanto é que se poderia pagar“, acrescenta Filipe Silva, diretor de investimentos do Banco Carregosa.

Em mercado secundário, as obrigações da UE, do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) e do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) negoceiam 15 a 20 pontos base acima da Alemanha. Ou seja, também este indicador coloca o juro em níveis próximos de 0%.

"Yield está muito dependente do quadro institucional do fundo de recuperação, de como será apoiado o fundo, quais serão as garantias, qual o rating… Quanto mais forte for o quadro institucional, mais elevado o rating e melhor o preço.”

Jens Peter Sørensen

Analista chefe do Danske Markets

Os vários analistas ressalvam que serão os pormenores do fundo a determinar o preço desta dívida. “Está muito dependente do quadro institucional do fundo de recuperação, de como será apoiado o fundo, quais serão as garantias, qual o rating Quanto mais forte for o quadro institucional, mais elevado o rating e melhor o preço”, sumariza Jens Peter Sørensen, analista chefe do Danske Markets.

Coronabonds disfarçadas?

É nestes detalhes que os países terão de concordar com unanimidade. Vão tentar fazê-lo esta sexta-feira, mas o cenário não é favorável. O próprio presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, admitiu “divergências enormes” nas negociações dado que os chamados países “frugais” — Áustria, Dinamarca, Holanda e Suécia — são fortemente contra a subsidiação.

Porquê a oposição? É que estes títulos aproximam-se da (polémica) proposta das eurobonds, ou coronabonds como se chegou a falar para uma possível resposta à pandemia. “Não há realmente uma diferença”, refere Brzeski, enquanto Sørensen concorda, dizendo que “não há grande divergência”, apesar de “a nova opção parecer ter uma interpretação mais abrangente”.

"A questão é que tem de ser aprovado pelos 27. E os países do Sul querem uma opção e os frugais querem outra. O problema é que quando esta liquidez chegar às empresas, estas já não existem.”

Filipe Silva

Diretor de investimentos do Banco Carregosa

Dor clarifica que não é assim tão linear: estas obrigações seriam emitidas por uma organização multinacional, sem especificar à partida qual a parte que caberia a cada país. O pagamento seria feito de forma agregada pelo orçamento. Já as eurobonds seriam emitidas pelo conjunto dos países e seria cada Estado a arcar com uma parte (conhecida em antecipação) da responsabilidade no reembolso, mas com solidariedade dos restantes países em caso de incumprimento. “As obrigações conjuntas teriam baixo risco”, diz.

A diferença não é, no entanto, suficiente para convencer todos. Assim, o fundo de recuperação continua em aberto, enquanto os governos se desdobram em medidas para estimular a economia. “A questão é que tem de ser aprovado pelos 27. E os países do Sul querem uma opção e os frugais querem outra. O problema é que quando esta liquidez chegar às empresas, estas já não existem“, alerta Filipe Silva.

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“Jackpot” para Portugal? Pacote de biliões contra a crise vai a jogo na UE

  • Vasco Gandra, em Bruxelas
  • 19 Junho 2020

Conselho Europeu discute plano de recuperação económica. Portugal pode ambicionar receber "jackpot" de Bruxelas num total sonante de 48,5 mil milhões de euros, se as propostas forem aprovadas.

Os líderes dos 27 e das instituições comunitárias reúnem-se esta sexta-feira por videoconferência, pela primeira vez desde que a Comissão Europeia apresentou as propostas para criação de um Fundo de Recuperação económica e do orçamento europeu de longo prazo atualizado, para ajudar a Europa a sair da recessão anunciada.

Está muito em jogo nesta video-cimeira e nas intensas negociações das próximas semanas, não só para Portugal, mas para os vários Estados-membros muito atingidos pela pandemia. Neste encontro, os líderes europeus deverão discutir os princípios e a arquitetura do pacote. (Mas ainda não deverão fechar um acordo sobre tudo o que está em cima da mesa). Não deverão fechar um acordo esta sexta-feira, esperando-se que o presidente do Conselho Europeu apresente nas próximas semanas uma “negotiating box” com novas propostas e números.

As fichas do “jackpot”: QFP e FR

A principal ficha tem a sigla QFP. No âmbito do próximo Quadro Financeiro Plurianual (QFP) para o período 2021-2027 — de um total de 1,1 biliões de euros, proposto pela Comissão Europeia — Portugal poderá receber cerca de 33 mil milhões de euros ao longo dos sete anos, o que representa cortes em certas verbas relativamente ao atual período 2014-2020. São as propostas da Comissão mas o Quadro ainda tem que ser negociado pelos líderes e obter “luz verde” do Parlamento Europeu. Os valores podem, por isso, sofrer alterações.

Graças à outra ficha — FR, Fundo de Recuperação –, Portugal poderá arrecadar muito mais. O envelope proposto pela Comissão para o país no âmbito do novo fundo é de 15,5 mil milhões de euros em subvenções (a fundo perdido). “Dinheiro novo” que, a somar aos valores do QFP, atinge 48,5 mil milhões de euros (preços correntes). No âmbito deste Fundo, Portugal ainda pode recorrer a 10,8 mil milhões de euros mas sob a forma de empréstimos voluntários ainda que em condições favoráveis.

O montante total do Fundo de Recuperação para o conjunto da UE atinge o valor de 750 mil milhões de euros — 500 mil milhões em subvenções e 250 mil milhões em empréstimos. O grosso do apoio financeiro deverá ser canalizado para investimentos e reformas, incluindo o fomento das transições ecológica e digital, e para a resiliência das economias nacionais.

A Comissão fará uso da sua sólida notação de risco para contrair empréstimos no montante dos 750 mil milhões nos mercados financeiros, o que será reembolsado durante um longo período de tempo, abarcando vários orçamentos da UE 2028-2058, e, portanto, sem impacto nas dívidas públicas dos Estados-membros.

Ao todo, o Fundo de Recuperação de 750 mil milhões de euros, a juntar ao orçamento europeu para 2021-2027, elevará o total do “poder de fogo” da UE para 1,85 biliões de euros.

Portugal, e restantes países, podem igualmente socorrer-se das ajudas das três redes de segurança já acordadas entre os 27: o programa de apoio ao emprego SURE, a linha cautelar do Mecanismo Europeu de Estabilidade (empréstimos equivalentes até 2% do PIB) e a linha de crédito do BEI (para empresas).

Dura negociação à vista

Na carta a convocar os líderes europeus para a reunião desta sexta-feira, o presidente do Conselho, Charles Michel, afirma que será possível dar um “passo crucial” rumo a um acordo mas deixa implícito que será necessário outra cimeira, eventualmente presencial, possivelmente em julho.

Como sempre acontece nas conversações europeias que envolvem dinheiro, prevê-se um duro exercício negocial entre os 27, que atingiu um momento de alta tensão ainda no pico da pandemia quando vários Estados-membros — sobretudo do sul, mas não só — reclamaram um plano de ajuda para fazer face aos efeitos económicos da Covid-19 bem como a emissão de dívida conjunta para financiar o pacote.

O plano de relançamento da Europa apresentado em maio por Angela Merkel e Emmanuel Macron (500 mil milhões de euros, essencialmente em subvenções, financiados por emissão de dívida por parte da Comissão) abriu caminho à ambiciosa proposta do executivo comunitário liderado por Ursula von der Leyen.

A negociação abrange várias vertentes: a dimensão do plano, a forma que assumem as ajudas — ou seja, a proporção de subvenções e de empréstimos –, a repartição entre países e os condicionalismos, a juntar ao orçamento de longo prazo.

Vários Estados-membros, auto-designados de “frugais” — Holanda, Áustria, Dinamarca e Suécia –, preferem globalmente a concessão de empréstimos aos países mais atingidos pela crise, não querem ouvir falar de mutualização da dívida nem o aumento das contribuições para as arcas comunitárias. Em vésperas da cimeira, os líderes destes países reafirmam, numa carta publicada pelo Financial Times, que os planos de ajuda devem ser reembolsados.

O plano de recuperação tem que ser aprovado por unanimidade e Quadro Financeiro Plurianual deverá receber luz verde do Parlamento Europeu que também exige estar envolvido no Fundo de Recuperação.

“Estamos todos conscientes da complexidade das propostas e do tempo necessário para lidar com elas”, afirma Charles Michel na sua carta.

As fichas estão na mesa, resta negociar.

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Elisa Ferreira espera “progressos” no plano de recuperação. “É importante não perder o momentum”

  • Vasco Gandra, em Bruxelas
  • 19 Junho 2020

Elisa Ferreira espera que os líderes europeus façam "progressos" nas negociações sobre o plano de recuperação económica e o orçamento europeu de longo prazo, lembrando a "urgência" de uma decisão.

Os líderes dos 27 reúnem-se esta sexta-feira por videoconferência, pela primeira vez desde que a Comissão propôs um fundo de recuperação económica para ajudar a Europa a sair da recessão provocada pela pandemia, bem como o reforço do orçamento europeu para 2021-2027. Dificilmente haverá um acordo, mas Elisa Ferreira espera “progressos”.

“Espero que o Conselho Europeu possa fazer progressos, no sentido de aproximar posições dos Estados-membros, que nos coloquem mais próximos de um acordo”, afirma a comissária da Coesão e Reformas numa declaração ao ECO.

Elisa Ferreira espera que os líderes europeus consigam aproveitar o “momentum” proporcionado pelas propostas do executivo comunitário que elevaram o “poder de fogo” da UE na resposta à crise provocada pela pandemia para um montante global de 1,85 biliões de euros.

"Espero que o Conselho Europeu possa fazer progressos, no sentido de aproximar posições dos Estados-membros, que nos coloquem mais próximos de um acordo.”

Elisa Ferreira

Comissária da Coesão e Reformas

“Depois das propostas ambiciosas e corajosas da Comissão Europeia, é importante não perder o momentum nem perder de vista a urgência de uma decisão”, diz a comissária portuguesa, referindo-se à forte recessão que já se faz sentir na região.

Bruxelas propõe um montante total para o Fundo de Recuperação de 750 mil milhões de euros — 500 mil milhões em subvenções e 250 mil milhões em empréstimos. A Comissão poderá contrair empréstimos naquele total nos mercados financeiros, a ser reembolsado durante um longo período de tempo, abrangendo vários orçamentos europeus entre 2028-2058. Para cobrir aquela dívida, Bruxelas também propõem criar novos recursos próprios.

Parlamento pressiona Conselho

O Parlamento Europeu tem um papel a desempenhar já que deverá aprovar (ou não) o Quadro Financeiro Plurianual e também pretende estar envolvido na elaboração e implementação do Fundo de Recuperação. Os principais grupos políticos já avançaram com algumas exigências. Numa carta dirigida aos chefes de Estado e de governo, os líderes das principais bancadas pedem um acordo antes do verão, um Fundo de Recuperação com um mínimo de 500 mil milhões de euros em transferências (a fundo perdido) e recursos próprios adequados para cobrir o plano.

Os eurodeputados portugueses Margarida Marques (PS) e José Manuel Fernandes (PSD), membros da equipa de negociação do PE para o Quadro Financeiro Plurianual, evitam falar de “linhas vermelhas”. Preferem o termo “condições” para se referirem às reivindicações dos principais grupos da assembleia. Convergem na necessidade de manter o valor global de 500 mil milhões em subvenções (empréstimos significa endividamento).

José Manuel Fernandes sublinha ainda a importância de se manter a proporção proposta pela Comissão de subvenções e de empréstimos, enquanto Margarida Marques defende uma atenção particular a dar à condicionalidade macroeconómica agrafada ao financiamento.

O eurodeputado social-democrata diz que é necessário “uma verdadeira e rápida solução”, para ajudar a Europa a sair da recessão. “Mas já se percebeu que não vai ser rápida, possivelmente só em julho”. A eurodeputada socialista também não espera para esta reunião um acordo político, antes sim “uma clarificação das divergências entre os 27 e, eventualmente, uma aproximação de posições”. Mas acredita que há espaço para um acordo nas próximas semanas.

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5 coisas que vão marcar o dia

António Costa e os chefes de Estado da União Europeia vão discutir hoje o Fundo de Recuperação europeu. Por cá, continua a discussão do Orçamento Suplementar.

O destaque do dia vai para a reunião do Conselho Europeu: apesar de não ser expectável uma decisão, é aqui que arranca o debate oficial sobre o Fundo de Recuperação europeu de 750 mil milhões de euros proposto pela Comissão Europeia. Além disso, esta sexta-feira, o Instituto Nacional de Estatística (INE) e o Banco de Portugal medem o pulso à economia numa altura em que o país está numa fase mais avançada do desconfinamento.

Conselho Europeu começa a discutir Fundo de Recuperação

Após a apresentação da proposta da Comissão Europeia para o Fundo de Recuperação europeu pós-pandemia e o próximo Quadro Financeiro Plurianual (QFP 2021-2027), chega o momento do Conselho Europeu discutir o tema e tentar chegar a um acordo. Esta sexta-feira realiza-se uma videoconferência dos chefes de Estado dos Estados-membros da União Europeia, presidida por Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, que será focada neste tema.

INE e BdP medem pulso à retoma da economia

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga a síntese económica de conjuntura relativa a maio e o Banco de Portugal também vai divulgar os indicadores coincidentes desse mesmo mês, o que vai permitir medir o pulso à intensidade da recuperação da economia após a fase de estado de emergência. A síntese económica de conjuntura de abril revelou “uma forte contração da atividade económica”. Já os indicadores coincidentes, no mesmo mês, para a atividade económica e para o consumo privado apresentaram “reduções acentuadas” na sequência da crise pandémica.

E como estão as empresas após um mês inteiro de desconfinamento?

O último Inquérito Rápido e Excecional às Empresas feito pelo INE, em colaboração com o BdP, foi divulgado a 2 de junho e referia-se à segunda quinzena de maio, período em que decorriam as primeiras fases de desconfinamento em Portugal. Os resultados já mostravam uma “melhoria ligeira” da situação das empresas, “refletindo o levantamento progressivo das medidas de contenção da pandemia”. Esta sexta-feira é divulgado o inquérito relativo à primeira quinzena de junho, o qual deverá mostrar a dimensão dessa melhoria um mês após o desconfinamento ter começado.

Audições do Orçamento Suplementar e interpelação do PCP

Esta sexta-feira de manhã, o PCP faz uma interpelação ao Governo sobre “proteção, direitos e salários dos trabalhadores, no atual contexto económico e social”. De tarde, às 15h, os secretários de Estado do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social explicam o Orçamento Suplementar, que foi aprovado esta semana na generalidade, aos deputados numa audição na especialidade. Na próxima semana seguem-se os secretários de Estado do Ministério da Economia e os do Ministério das Finanças.

Acionistas da Nos aprovam dividendos

Os acionistas da Nos reúnem-se esta sexta-feira por videoconferência para aprovar dividendo de 27,8 cêntimos. A empresa de telecomunicações vai assim distribuir 143,2 milhões de euros em dividendos, mantendo a remuneração que tinha sido anunciada quando apresentou os resultados de 2019, independentemente da crise pandémica. No ano passado, o dividendo tinha sido de 35 cêntimos.

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Pode o luxo ser sustentável? Joias da Chopard são feitas de ouro 100% ético

Marca de joalharia de luxo, que usa ouro 100% ético nas suas peças, acaba de assinar parceira com Swiss Better Gold Association que visa obter ouro através de mineiros artesanais colombianos.

A Chopard, marca suíça de joalharia de luxo que todos os anos marca presença com as suas joias na passadeira vermelha dos Óscares, em Hollywood, e fabrica os troféus Palma de Ouro do festival de Cinema de Cannes, deu mais um passo no caminho rumo à sustentabilidade. Há dois anos que só usa ouro 100% ético nas suas coleções e em 2020 assinou uma parceria com a Swiss Better Gold Association com o objetivo de adquirir ouro através de mineiros artesanais colombianos, os Barequeros de El Chocó, na Colômbia.

El Chocó é a segunda maior região produtora de ouro na Colômbia, mas também uma das mais pobres do país. Os Barequeros são mineiros artesanais, entre os quais 46% são mulheres. Na sua atividade, são usadas técnicas locais tradicionais de mineração com equipamentos manuais e, não usam mercúrio, protegendo assim a biodiversidade da região, que é uma das únicas do mundo.

Desde 2013, que a Chopard apoia a mineração artesanal através da iniciativa Journey to Sustainable Luxury e, em 2018 anunciou que ia usar apenas ouro 100% ético nas suas joias e relógios. A partir desta data, a Chopard anunciou a criação de uma cadeia de fornecimento de ouro 100% ético para todas as suas criações de relógios e joias. Foi a primeira casa de relojoaria e joalharia de luxo a apoiar diretamente as comunidades de mineração, fornecendo treino, bem-estar social e apoio ambiental.

A partir de julho de 2018, a Chopard assumiu mundialmente o compromisso de usar apenas ouro 100% ético em todas as suas joias e coleções de relógios. “Enquanto empresa empresa familiar, a ética sempre foi uma parte importante de nossa filosofia de trabalho”, disse nessa altura Caroline Scheufele, copresidente e diretora criativa da Chopard.

O ouro ético é aquele que vem de minas artesanais, com uma exploração de pequena escala. Estas minas são certificadas e obtêm o selo de qualidade “Fairmined”. Significa que nos processos de extração e transformação do ouro respeitam os direitos humanos, as condições de trabalho e o ambiente. Exploração infantil e o envenenamento por mercúrio são dois dos riscos associados à mineração de ouro, da qual dependem para sobreviver 100 milhões de pessoas no mundo.

“A sustentabilidade é um compromisso em movimento, é uma jornada que nunca termina. Hoje, mais do que nunca, deve ser a nossa prioridade proteger as pessoas que potenciam os nossos negócios. Sinto muito orgulho por termos conseguido fazer parte deste projeto extraordinário em parceria com a Swiss BetterGold Association (SBGA) e, espero vê-lo crescer ao longo dos anos”, refere Caroline Scheufele, copresidente e diretora criativa da Chopard.

“Tenho muito orgulho de fazer parte deste projeto responsável que reconhece o trabalho da mineração artesanal e, agradeço aos que compram o nosso ouro. Por ser fruto do trabalho das nossas mãos, cada grão de ouro é o resultado de muito esforço e ajuda na sustentação das nossas família“, explica Paola Córdoba, uma Barequera de Istmina, Chocó.

Os Barequeros necessitam de obter uma permissão especial que lhes permita produzir manualmente e vender 420 gramas de ouro por ano. Este programa assegura que os Barequeros receberão não apenas um preço competitivo, mas também, um incentivo especial de 70 cêntimos de dólar por cada grama. O objetivo é que usem este valor para melhorar as suas condições de vida e trabalho. Para além disso, esta cadeia de valor permite que os artesãos saibam o destino exato do seu ouro.

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Lloyd’s of London: Covid-19 impõe condições à reabertura em setembro

  • ECO Seguros
  • 18 Junho 2020

Os corretores têm-se dado bem com a plataforma eletrónica que manteve o histórico mercado londrino em operação virtual. Depois do fecho ditado pela pandemia, em março, as portas reabrirão em setembro.

Quando os funcionários e operadores do mercado Lloyd’s of London regressarem vão encontrar mudanças no icónico edifício: placas de acrílico transparente nos guichets e mesas de subscrição, câmaras térmicas para verificar a temperatura dos transeuntes e um serviço de take-away, por catering em modo click and collect.

Depois de a enorme sala de subscrição no átrio central do imóvel ter encerrado, em março, por causa da pandemia do coronavírus – um dos raros fechos de transações físicas em mais de 300 anos de história do mercado de seguros de característica marcadamente presencial – a sociedade gestora do Lloyd’s of London anunciou que a Underwriting Room vai reabrir as suas portas num ambiente transformado.

Para assegurar o distanciamento social, a lotação máxima irá diminuir para 45% o número de pessoas que antes podiam acotovelar-se no interior da sala. Haverá rondas regulares de limpeza afincada, filas de espera e sistemas de circulação unidirecionais para as pessoas – todos concebidos para limitar a potencial propagação do vírus (covid-19), adiantou John Neal, CEO do Lloyd’s of London, citado pela Reuters.

Segundo revelado, entre as novidades, a instituição prepara uma “sala virtual”, oferecendo funcionalidades digitais adicionais (atualmente em testes) para permitir a ligação de corretores e subscritores, indicou a fonte. Haverá um help desk, ou “balcão de conectividade” no rés-do-chão, cabines digitais com WiFi e ecrãs digitais no espaço de café e outras áreas para reuniões confidenciais e a conectividade de rede foi também melhorada.

Os mais de 90 membros do mercado Lloyd’s, que gerem separadamente negócios sob a égide do mercado, subscrevem muitos dos maiores seguros comerciais do mundo, cobrindo desde plataformas petrolíferas a concertos de música pop. Corretores e seguradoras há muito que se reúnem na sala de subscrição da torre da Lloyd’s, instalada na city (centro financeiro de Londres), para chegar a acordo sobre contratos selados solenemente, com carimbos das empresas e assinaturas a caneta de tinta permanente.

No entanto, desde o seu encerramento, os intervenientes do Lloyd’s e do London Market têm-se surpreendido com o bom desempenho das soluções tecnológicas. As videochamadas estão a substituir as muitas horas de viagem e milhas de avião a que obrigavam as reuniões em destinos como a América do Norte, região considerada o maior mercado do Lloyd’s.

A PPL (Placing Platform Ltd), uma plataforma de negociação eletrónica que já existia antes do fecho da atividade presencial em março, constituirá a base para uma das duas bolsas eletrónicas que a Lloyd’s pretende lançar no próximo ano para colocação de ofertas, negociação e fecho de contratos.

Em fevereiro deste ano, a gestora do mercado havia estabelecido como objetivo que todos os sindicatos autorizados a operar realizassem 80% da subscrição de risco através de plataformas digitais certificadas. De acordo com a imprensa, o número de transações concluídas na PPL quase duplicou na semana que terminou em 8 de junho, em comparação com quatro meses antes, para 3.040. Mas este volume fica aquém do recorde estabelecido a 31 de março, com mais de 5 600 subscrições de risco na sessão diária, segundo fonte oficial da Placing Plataform Limited.

De resto, com as vantagens já reconhecidas pela indústria e a tendência de adoção de soluções digitais certificadas (insurtech), a digitalização de operações é vista como novo mindset dos corretores e sindicatos que exercem no Lloyd’s of London, sugerem especialistas.

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Fidelidade e Via Verde lançam seguro com saldo para portagens

  • ECO Seguros
  • 18 Junho 2020

Os clientes da Via Verde que adiram a um seguro recebem 10% do valor da apólice em saldo de portagem, para usufruir nas autoestradas da rede Brisa.

A Fidelidade, em parceria com a Via Verde (Brisa), anunciou a disponibilização de uma “oferta competitiva e diferenciadora de seguros no mercado português, que reforça a posição enquanto marcas de confiança comprometidas com a segurança de quem anda todos os dias nas estradas portuguesas”.

Para além da oferta variada, “com valores competitivos, em seguros automóvel, mota e bicicletas”, esta parceria entre a Fidelidade e a Via Verde “vai muito além de um serviço convencional”, salientam as empresas. “Ao aderir a uma modalidade de seguro, o cliente recebe 10% do valor da apólice em saldo de portagem, para usufruir nas suas viagens pelo país, nas autoestradas da rede Brisa“, afirmam em comunicado.

A parceria entre a Brisa e a Fidelidade “resulta de um trabalho conjunto, desenvolvido no último ano, que tem como objetivo reforçar a confiança do cliente num seguro consistente, com assistência 24h/dia, em qualquer local, e com a segurança através da Via Verde e da Fidelidade”, explicam as parceiras.

Numa primeira fase desta parceria foi lançada a aplicação, Smart Drive, premiada no Portugal Digital Awards, que disponibiliza um serviço de telemática, com o objetivo de dar a conhecer ao cliente a forma como conduz e como pode melhorar.

Para que o cliente possa fazer uma simulação e a adesão deve aceder a www.viaverde.pt e ver qual a oferta mais adequada ao seu perfil. “Para usufruir de todas as vantagens trazidas por este seguro, basta aderir ao programa Viagens & Vantagens da Via Verde”, explica o comunicado conjunto.

 

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Governo ameaça retaliar contra países que impedem entrada de portugueses

  • ECO e Lusa
  • 18 Junho 2020

Países como a Dinamarca e a Áustria impedem os portugueses de entrarem no seu território por causa da pandemia. O Governo critica essa posição e admite reciprocidade nessa decisão.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros afirmou esta quinta-feira que a decisão de alguns Estados-membros da União Europeia de proibir a entrada de portugueses foi tomada “ao arrepio das decisões tomadas pela União Europeia”, argumentando que Portugal tem mais casos por ter realizado “muito mais testes do que a maioria dos países europeus”. A ameaça do Governo é aplicar o “princípio da reciprocidade”, ou seja, proibir os cidadãos desses países de entrar em território nacional.

O gabinete do ministro Augusto Santos Silva é direto: “As restrições às ligações aéreas com origem em determinados Estados-membros limitam esta abertura e contrariam flagrantemente não só o espírito de solidariedade entre países europeus como também a decisão das instituições europeias de repor a livre circulação no espaço europeu a partir do dia 15 de junho”. Em causa estão países que proíbem como a Dinamarca, Eslováquia, Espanha, Chipre, Áustria, Lituânia e Letónia, mas também países como Bulgária, Chipre, Estónia, Grécia, Letónia que impõe condições.

O Governo argumenta que “a política de testagem prudente e transparente deve ser vista como um facto positivo” e critica que estes países apenas liguem ao critério do número de novos casos diários de doentes infetados por cada mil habitantes. Na argumentação, o gabinete de Augusto Santos Silva aponta ainda a capacidade do SNS e a percentagem de casos ativos, que diz ser inferior à de outros países europeus. “Naturalmente, mantendo-se a atual situação, Portugal reserva-se o direito de aplicar o princípio da reciprocidade“, conclui.

O MNE acrescentou que Portugal “tem enviado informação sistemática e atualizada” sobre a evolução da pandemia no país e que as restrições impostas por países, como, por exemplo, a Dinamarca, apenas estão baseadas “num único critério”, esquecendo “todos os outros critérios tão ou mais reveladores da incidência” da doença. Relativamente “ao levantamento das restrições aplicadas” pela UE “a países terceiros”, o ministério referiu que vai iniciar-se “agora a discussão sobre abertura das fronteiras externas” da União.

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Dow volta a cair. Nasdaq sobe e acumula cinco sessões de ganhos

O Dow Jones voltou a fechar em terreno negativo ao passo que o índice tecnológico resistiu às perdas e voltou a fechar em alta pela quinta sessão consecutiva.

Os índices norte-americanos repetiram no fecho da sessão a divergência registada na sessão anterior: o Dow Jones fechou em baixa ao passo que o Nasdaq subiu. Os investidores continuam divididos entre as boas e as más notícias sobre a recuperação económica e a evolução da pandemia nos EUA.

O Dow Jones desceu 0,15% para os 26.080,1 pontos, influenciado pelas cotadas cíclicas que estão mais expostas à crise pandémica. Já o Nasdaq, que é formado pelas cotadas “big tech”, voltou a subir: somou 0,33% para os 9.943,05 pontos, acumulando cinco sessões de ganhos. O S&P 500 ficou perto da linha de água ao subir 0,06% para os 3.115,34 pontos.

O pessimismo dos mercados veio da segunda onda de despedimentos nos EUA que manteve os pedidos de subsídios de desemprego em alta, dando mais motivos para os investidores acreditarem que a economia enfrenta uma recuperação mais lenta do que o esperado. O número de pedidos foi de 1,5 milhões na semana passada, abaixo dos 1,56 da semana anterior, mas acima dos 1,3 milhões esperados pelos economistas consultados pela Reuters.

O mercado está à espera do seu próximo grande impulso“, antecipa o analista Chuck Carlson, CEO da Horizon Investment Services, à Reuters, referindo que existem muitas notícias contraditórias que podem levar o mercado tanto para terreno positivo como negativo.

Ontem os índices norte-americanos já tinham descido, com a exceção do Nasdaq, devido ao aumento de casos relacionados com o coronavírus, principalmente em seis estados norte-americanos, o que levou à especulação sobre uma nova onda de medidas de contenção da pandemia, tal como está a acontecer em partes da China. Tal limitaria a capacidade de recuperação da economia mundial, nomeadamente numa retoma em “V”, ou seja, tão rápida quanto a quebra registada no início da pandemia.

De notar ainda a subida superior a 12% das ações do Spotify, após a empresa sueca, cotada em Nova Iorque, ter revelado que chegou a acordo com a DC e a Warner Bros para a criação de podcasts exclusivos com a narração de episódios de comics como o Superman, Wonder Woman e o Batman, além de ter anunciado uma parceria com Kim Kardashian West.

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Insurance Europe aponta excesso normativo nos PPR europeus

  • ECO Seguros
  • 18 Junho 2020

A federação europeia de seguros pede ao regulador europeu do setor clarificação e simplificação das normas que se aplicarão ao reporte e supervisão do novo produto individual de reforma pan-europeu.

Em resposta a consulta pública lançada pela autoridade europeia de supervisão (EIOPA) a patronal europeia de seguros manifesta preocupação pelo excesso de normas técnicas que se colocam para o quadro de supervisão do Produto Individual de Reforma Pan-Europeu (PEPP na sigla anglo-saxónica, às vezes também referenciados como PPR europeus ou PIRPE).

Em comunicado (que responde à consulta), a federação europeia das associações de seguros (Insurance Europe) sugere que a Autoridade Europeia dos Seguros e Pensões Complementares de Reforma (EIOPA) deve simplificar e clarificar os requisitos de reporte destes produtos por forma a evitar uma sobrecarga – desproporcionada e com custos acrescidos – para as seguradoras.

A consulta da EIOPA versa sobre normas técnicas de implementação para apresentação de relatórios de supervisão, a cooperação e o intercâmbio de informações entre autoridades para os PEPP. Segundo argumenta a organização da indústria, as seguradoras já estão sujeitas a um controlo especial no âmbito do quadro regulatório de Solvência II.

Assim, com referência à frequência de reportes de informação sobre os novos produtos de poupança, a organização europeia de seguros considera que um reporte anual seria o bastante para a supervisão dos PEPP. Por isso, a Insurance Europe solicita que a EIOPA defina com exatidão qual o quantitativo de informação que deve ser remetido à supervisão.

Ainda, de acordo com a Insurance Europe, a granularidade de informação exigida (ao nível dos PEPP) mostra-se excessivamente pesada e arrisca conflituar com o quadro normativo setorial aplicável aos prestadores e com o próprio regulamento europeu dos PEPP.

Com base neste conjunto de observações, a patronal europeia de seguros pede que a EIOPA clarifique diversos elementos do regulamento no que refere à supervisão dos PPR europeus de modo a garantir segurança jurídica e uma implementação coerente dos novos produtos por toda a União Europeia.

Um PEPP é um produto individual de reforma não profissional, subscrito voluntariamente por um aforrador em PEPP com vista à reforma. Dado que um PEPP deverá prever uma acumulação de capital a longo prazo, as possibilidades de levantamento antecipado de capital deverão ser limitadas e poderão ser penalizadas”, institui o Regulamento da União Europeia que criou os PPR europeus.

A implementação deste produto na UE está a ser acompanhada pela supervisão portuguesa (ASF), que integra a EIOPA, e a respetiva criação é objeto de um regulamento aprovado pela Conselho Europeu em julho de 2019.

De acordo com considerações introdutórias do regulamento aprovado pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho de ministros da UE, mais de 11 milhões de cidadãos da União em idade ativa (20-64 anos de idade) residiam – em 2015 – num Estado-Membro diferente do Estado-Membro de que são nacionais, e 1,3 milhões desses cidadãos trabalhavam num Estado-Membro distinto do seu país de residência.

Um Produto Individual de Reforma Pan-Europeu (PEPP, do inglês pan-European Personal Pension Product) portável com uma natureza de reforma a longo prazo aumentará a sua atratividade enquanto produto, em especial para os jovens e os trabalhadores móveis, e ajudará a facilitar ainda mais o direito dos cidadãos da União a viver e trabalhar em toda a União”, realça o documento legislativo das instituições europeias.

 

 

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Banco de Portugal escolhe Deloitte para nova auditoria ao Novo Banco

  • Lusa
  • 18 Junho 2020

Deloitte é a mesma consultora que está a fazer a auditoria especial aos atos de gestão do BES/Novo Banco referente ao período entre 2000 e 2018.

O Banco de Portugal propôs ao Governo que seja a consultora Deloitte a fazer a auditoria ao Novo Banco na sequência da injeção de capital feita em maio, disse à Lusa fonte oficial do banco central.

“Na sequência da solicitação feita pelo Governo, e tal como está previsto na Lei n.º 15/2019, o Banco de Portugal propôs ao Governo a designação da Deloitte para a realização da auditoria especial que decorre do pagamento realizado em maio pelo Fundo de Resolução”, respondeu o Banco de Portugal à Lusa.

A Deloitte é a mesma consultora que está a fazer a auditoria especial aos atos de gestão do BES/Novo Banco referente ao período entre 2000 e 2018 (ou seja, abarcando quer o período antes quer depois da resolução do BES e criação do Novo Banco), que deverá ser conhecida em julho.

Foi esta auditoria que em maio esteve na base de uma crise política entre o primeiro-ministro, António Costa, o então ministro das Finanças, Mário Centeno, e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, depois de o chefe do Governo ter dito que a injeção do Novo Banco só seria feita depois de conhecida a auditoria quando essa já tinha sido realizada (no valor de 1.035 milhões de euros).

Quanto à nova auditoria esta é obrigatória por lei. Segundo a legislação aprovada no ano passado no parlamento, quando um banco é recapitalizado com fundos públicos (como é o caso da injeção de capital do Fundo de Resolução no Novo Banco), “o Governo manda realizar uma auditoria especial por entidade independente, por si designada sob proposta do Banco de Portugal, a expensas da instituição auditada”.

Nascido na resolução do BES (em 3 de agosto de 2014), 75% do Novo Banco foi vendido em outubro de 2017 ao fundo de investimento norte-americano Lone Star, mantendo 25% o Fundo de Resolução bancário, numa solução acordada entre Banco de Portugal e Governo.

O Lone Star não pagou qualquer preço, tendo injetado 1.000 milhões de euros no Novo Banco. Além disso, foi acordado um mecanismo de capital contingente, que previa que durante oito anos o Fundo de Resolução compensasse o Novo Banco por perdas de capital num conjunto de ativos ‘herdou’ do BES até 3.890 milhões de euros.

Desde então e até hoje, o Fundo de Resolução já injetou 2.976 milhões de euros e ainda poderá colocar mais de 900 milhões de euros, valores que em cada ano têm impacto nas contas públicas uma vez que o Fundo de Resolução é uma entidade da esfera do Estado.

Na última injeção de capital, referente a 2019, o Novo Banco requereu ao Fundo de Resolução uma injeção de capital de 1.037 milhões de euros, mas o Fundo transferiu 1.035 milhões de euros. Segundo noticiou o Expresso, o valor de dois milhões de euros não transferido corresponde aos bónus dos membros do Conselho de Administração Executivo liderado por António Ramalho, a serem pagos no futuro, mas correspondentes a 2019.

O Novo Banco voltou a ser tema esta semana depois de, numa entrevista conjunta ao Jornal de Negócios e à Antena 1, o presidente executivo, António Ramalho, ter dito que a instituição vai precisar de mais capital do que o previsto para este ano, face ao impacto de Covid-19, mas sem revelar números.

Estas declarações levaram o Presidente da República a declarar ter ficado “estupefacto” e o ministro das Finanças, João Leão, disse que o Governo, à semelhança de Marcelo Rebelo de Sousa, também ficou estupefacto com as declarações sobre uma possível nova injeção no banco.

O novo ministro das Finanças, João Leão, admitiu ainda esta semana, no parlamento, que o Estado poderia também intervir no Novo Banco “enquanto acionista”, numa intervenção estatal direta.

Segundo Leão, no âmbito do mecanismo contingente o máximo que o Fundo de Resolução pode injetar no Novo Banco são 3,89 mil milhões de euros”, mas acrescentou que existe “uma questão diferente” que é o Estado poder ter de intervir no capital em caso de “eventos extremos”.

Para aprovar a venda do Novo Banco ao fundo de investimento norte-americano Lone Star, em 2017, a Comissão Europeia exigiu um plano de reestruturação do banco e que o Estado português garantisse a sua viabilidade, abrindo a porta a uma intervenção pública direta.

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