BdP identifica 24 freguesias ameaçadas pela redução dos balcões e ATM
Portugueses privilegiam as moedas e notas. Estudo mostra que residentes de 24 freguesias do interior poderão ter dificuldades no acesso a numerário com o fecho de balcões e caixas automáticas.
Portugal dispõe de uma “ampla” cobertura da rede de balcões e caixas automáticas, mas a contração da rede expectável nos próximos anos poderá vir a colocar dificuldades, “em breve”, no acesso a numerário em 24 freguesias. Num país em que as moedas e notas continuam a ser o principal instrumento de pagamento, o Banco de Portugal admite intervir para mitigar o impacto do “estrangulamento na rede de distribuição de numerário”, sobretudo nos segmentos mais vulneráveis da população: idosos, baixos rendimentos e residentes fora dos grandes centros urbanos.
De acordo com o supervisor, as freguesias ameaçadas pela redução da rede localizam-se sobretudo em zonas do interior do país, mais concretamente nos municípios de Chaves (1), Vinhais (8), Miranda do Douro (1), Mogadouro (7), Idanha-a-Nova (1), Ourique (1), Mértola (4) e Alcoutim (1).
“Estas freguesias encontram-se atualmente a mais de 15 quilómetros do ponto de acesso a numerário mais próximo ou, encontrando-se a mais de dez quilómetros, pertencem a municípios onde cada caixa automático serve, em média, mais de 100 quilómetros quadrados de território”, refere o Banco de Portugal no estudo publicado esta terça-feira sobre a “Avaliação da Cobertura da Rede de Caixas Automáticos e Balcões de Instituições de Crédito”
Freguesias em risco de acesso a numerário
Nos últimos anos, os bancos tem vindo a redimensionar a sua rede de balcões, medidas que visam cortar os custos e dar resposta à digitalização dos serviços bancários, obtendo-se ganhos de eficiência. As regiões do interior e com menor densidade populacional foram as mais atingidas.
Dados do Banco de Portugal indicam que, na última década, em Portugal, ocorreu uma redução de 40% do número de agências bancárias e um decréscimo de mais de 20% do parque instalado de caixas automáticos.
Resposta necessária… já, diz regulador
Face à expectável contração no futuro, o regulador liderado por Mário Centeno diz que é “necessário estruturar, desde já, uma resposta que permita salvaguardar o acesso da população a notas e moedas, dado que o numerário continua a ser o instrumento de pagamento mais usado em Portugal“. “É, por outro lado, o único instrumento de pagamento utilizado por segmentos mais vulneráveis da população. Mesmo no contexto da pandemia de COVID-19, e apesar da forte quebra registada nos levantamentos, a circulação de notas em Portugal aumentou, o que constitui um indício relevante da importância do numerário como reserva de valor”, frisa o Banco de Portugal no mesmo estudo.
Neste cenário, o Banco de Portugal “ponderará a utilização de ferramentas para mitigar os previsíveis efeitos decorrentes da existência de pontos de estrangulamento na rede de distribuição de numerário”, mantendo a posição de neutralidade perante os diferentes instrumentos de pagamento.
Adianta que essa estratégia poderá prever a realização de iniciativas de literacia financeira para promover o acesso a outros meios de pagamento e a canais bancários alternativos.
"É necessário estruturar, desde já, uma resposta que permita salvaguardar o acesso da população a notas e moedas, dado que o numerário continua a ser o instrumento de pagamento mais usado em Portugal.”
O estudo do Banco de Portugal mostra ainda que quase oito em cada dez portugueses (78% da população) dispõem de um caixa automático ou de um balcão a menos de um quilómetro da freguesia de residência e 98% a menos de cinco quilómetros.
Adicionalmente, em média, uma freguesia sem caixa automático ou balcão dista três quilómetros do caixa automático ou balcão mais próximo, sendo que a distância máxima identificada entre uma freguesia e o ponto de acesso a numerário mais próximo é de 17 quilómetros, em linha reta.
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