Créditos de famosos do Novobanco vendidos ao fundo Deva
Carteira Harvey tinha nomes de grandes devedores como o Grupo Lena e a Urbanos de Alfredo Casimiro e um valor inicial de 640 milhões. Novobanco vendeu créditos tóxicos ao fundo Deva.
O Novobanco decidiu vender uma carteira de crédito malparado de cerca de duas dezenas de grandes devedores ao fundo Deva, de acordo com as informações recolhidas pelo ECO. Em causa está o chamado “Projeto Harvey”, que o banco liderado por António Ramalho colocou no mercado no verão, e que incluía (na versão inicial) dívidas de clientes conhecidos do grande público, como a construtora Grupo Lena (180 milhões de euros) e a Urbanos de Alfredo Casimiro (nove milhões de euros).
Esta carteira tinha inicialmente o valor contabilístico bruto de 640 milhões de euros (sem contar com imparidades), mas o perímetro final terá sido alterado por decisão do Fundo de Resolução, ao abrigo dos poderes que lhe foram conferidos no âmbito do acordo de capital contingente.
O Jornal Económico avançou na semana passada que o crédito concedido ao construtor José Guilherme terá sido retirado desta carteira. A dívida do empreiteiro que ficou conhecido pela “liberalidade” de 14 milhões a Ricardo Salgado, antigo presidente do BES, ascendia a 200 milhões de euros, segundo a auditoria especial da Deloitte.
A Deva apresentou-se a este processo com a Arrow, que deverá ser o servicer deste portefólio, isto é, ficará com a gestão destas dívidas. Este consórcio venceu a corrida à Davidson Kempner, que, como o ECO já avançou, acabou de entrar em negociações exclusivas com um conjunto de bancos para comprar uma carteira de hotéis de luxo em Portugal, entre outros ativos imobiliários, que estavam a ser geridos pela sociedade ECS. O negócio estará avaliado em 900 milhões.
O Novobanco não quis comentar esta operação. Além do Harvey, o banco tem outro processo de malparado em curso: o chamado “Projeto Orion”, que tem o valor facial de cerca de 200 milhões de euros.
Estas vendas de carteiras de NPL (non performing loans) inserem-se na estratégia de redução do rácio de malparado para níveis abaixo de 5% nos próximos anos. Este indicador atingiu os 7,3% em setembro — chegou a ter 33% de rácio de NPL. Depois de anos de prejuízos milionários, a instituição leva lucros de 159 milhões de euros até setembro, com António Ramalho a destacar o “virar de página” rumo a uma rota de crescimento e resultados positivos.
Além do Novobanco, outras instituições também estão no mercado a vender carteiras de créditos em situação de incumprimento. O Banco Montepio colocou à venda o “Projeto Gerês”, no valor de 265 milhões e a Caixa Geral de Depósitos (CGD) acabou de vender o “Projeto Mercury”, no valor de 130 milhões, ao fundo CRC.
De acordo com um relatório da Prime Yield, os bancos nacionais vão vender 3,5 mil milhões de euros em crédito malparado em 2021, o triplo do valor vendido no ano passado, mas ainda abaixo dos níveis registados antes da pandemia.
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